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Projeto: 1º SEMESTRE 2024 Disciplina: LETRAMENTOS E ALFABETIZAÇÃO

Ementa: Alfabetização e Letramento na perspectiva histórica. O construtivismo e a construção da escrita.


Fundamentos teóricos, metodológicos e legais da alfabetização e letramento na Educação Básica. Práticas e
intervenções didáticas no ciclo da alfabetização na Educação Básica. O letramento e o papel da
interdisciplinaridade em contextos escolares e não escolares.

Objetivo Geral: Conhecer os fundamentos teóricos e metodológicos do processo de alfabetização e letramentos


e suas implicações, considerando as práticas adequadas a um processo que promova a apropriação,
construção/reconstrução, autonomia e protagonismo dos estudantes.

Objetivos Específicos:
 Conhecer e entender o processo de letramentos e da alfabetização para analisar os aspectos históricos e legais
que respaldam a atuação do professor alfabetizador.
 Distinguir a postura do professor alfabetizador para compreender a importância do seu papel na mediação das
habilidades que serão construídas no processo de leitura e de escrita.
 Compreender e identificar a prática do letrar e do alfabetizar para analisar as melhores modalidades,
procedimentos didáticos e recursos pedagógicos que atendam as necessidades deste processo de aquisição.

O alfabetizador intermedia um processo


fundamental, tanto para a escolarização quanto para a vida do
indivíduo.

ALFABETIZAÇÃO: PERSPECTIVA HISTÓRICA


Escritas sintéticas
Escrita: uma revolução social

Elementares.
As pinturas rupestres

Escritas analíticas Escritas fonéticas

Exigiu uma grande evolução no estoque de sinais

 Representam uma grande evolução


para o sistema de escrita

Escrita: uma revolução social

 Diferentes suportes: argila, pedra, metais, papiro.


 O desenvolvimento da escrita está atrelado aos avanços da história das civilizações.
 Estudiosos afirmam que a escrita surgiu por volta do ano 4000 a.C. na Mesopotâmia. Aproximadamente em
3.000 a.C. surgiu a escrita hieróglifos egípcia.
 Arranjos para a comunicação.

Alfabetização na idade certa


Análise de indicadores

Prova Brasil

ANA

Situação-problema

 Uma classe de alfabetização de jovens e adultos precisa organizar uma exposição para um evento escolar.
 A professora da turma precisa usar a criatividade e pensar em uma forma de motivar seus alunos, pois não
escrevem de forma convencional.
 Quais seriam as melhores opções perante o medo de exporem seus textos?

Alfabetização e Criatividade

1° Estudo da história da escrita e suporte subjetivos já usados.


2° Após o estudo, ela estimulou os alunos a criarem textos não convencionai s, utilizando tecidos, objetos,
carvão e pincéis.
3° A partir deste encaminha mento metodológico os alunos organizaram uma pequena exposição de artes.

HISTÓRIA DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL

Sucesso e Fracasso escolar :

TAXA ANALFABETISMO
FORMAÇÃO
EQUIPARAÇÃO DO PISO

 A alfabetização é o mais complexo e evidente problema no que se refere à qualidade do processo educativo.
 A discussão sobre os métodos ganhou papel central.
 Mortatti (2006) define quatro momentos históricos.
Estágio/Estádios: Sensório motor; Pré-operacional;
Operacional ,concreto e Operações formais.

 Ao terem contato com o mundo da leitura e da escrita, os aprendizes desenvolvem ideias sobre como esses
objetos funcionam.
 Há aprendizagem até mesmo antes do processo de escolarização formal.
 A criança não é refém do conhecimento sistemático e gradual.
 Emília Ferreiro utiliza escritas espontâneas para conhecer as hipóteses.

EXPLORANDO OS NÍVEIS DA ESCRITA

Características:
Todos os estudantes passam pelas mesmas etapas em tempos diferentes.
Pré-silábica - Silábica - Silábico-alfabética – Alfabética
O professor deve analisar e ajudar o aprendiz a progredir.
Situação-problema
Lucas é uma criança que entrou na escola aos 6 anos. Ele tinha acesso a muitos livros e revistas e brincava
muito com esse material. Todos os dias, sua avó lia muitas histórias. Quando chegou à escola e a professora lhe
deu papel e lápis para desenho livre, o menino escreveu muitas coisas. A professora, intrigada, perguntou-lhe o
que havia escrito em um dos trechos e ele respondeu: cavalo, onde estava grafado “XAO”. A professora
observou que a escrita de Lucas apresentava uma coerência interna, pois, em geral, ele utilizava uma letra para
representar cada sílaba.

Problematizando SP2
Agora reflita: Com base na psicogênese da língua escrita, o que a escrita desse aluno representa?

Possibilidades de resolução
 Representa a formulação de hipóteses sobre a escrita.
 Hipótese silábica sem valor sonoro.
 A elaboração de hipóteses não tem início apenas com a entrada da criança na escola.
 Importância do acesso a cultura letrada.

Exemplificando

O tempo que o aluno leva para aprender é também repensado, não como uma deficiência, mas como uma
fase de construção do aprendizado. Pensar a alfabetização como um processo de construção de hipóteses
modifica a visão tradicional e o foco da aprendizagem passa a ser o sujeito cognoscente

APRENDIZAGEM SISTEMÁTICA DA LEITURA E DA ESCRITA

Metodologias e os recursos utilizados em sala


Vamos pensar qual a didática da professora da história?

Alfabetização no Brasil a partir da década de 1980


O Aluno aprende a ler e escrever por meio do contato com o material
escrito, e esse contato pode se dar em qualquer lugar social, inclusive fora da
escola.

Letramento
A partir disso, o aluno constrói hipóteses e avança no seu processo de aprendizagem. Ou seja, a escola não é
o único lugar de aprendizado, pois vivemos em uma sociedade letrada.

A Escola É importante pensar que a escola é o lugar de aprendizado sistematizado, é o lugar no qual as
intervenções didáticas devem ser realizadas de forma qualitativa.

Segundo Ferreiro (2011), o sistema de escrita é uma reconstrução


interna, e não uma recepção de conhecimento pré-elaborado.

CONTEXTUALIZAÇÃO

 É possível ler/escrever, mas não compreender?


• Qual a função da leitura e da escrita?
• Qual é o papel do professor alfabetizador?

SABERES DOCENTES

Alfabetização na perspectiva do(s) letramento(s)

Freire (1988, p. 9) nos alerta que: “A leitura do mundo


precede a leitura da palavra”.

O que seria a “leitura de mundo”? Sob qual ótica o


mundo pode ser “lido”?

Vygotsky : O desenvolvimento da linguagem escrita é


resultante de uma construção social, ou seja, da
interação dos indivíduos entre si e com o meio, num processo contínuo.

A escrita é um sistema de representação simbólica do real.

Como compreender o fenômeno da aquisição da escrita a partir dos múltiplos olhares se sua funcionalidade do
registro está ligada à experiências e necessidades do indivíduo?

ELUCIDAR ALGUNS CONCEITOS

ALFABETIZAÇÃO:

Ferreiro (2011) Alfabetização: está ligada à competência de codificar/decodificar a leitura e a escrita.


Letramento é um fenômeno intrínseco à alfabetização.

Soares (2016) Alfabetização: enfoque somente no sistema de escrita alfabética não garante que o sujeito se
aproprie de todas as funções da escrita.
UNESCO 1958 – alfabetizado lê e escreve frases simples.
UNESCO 1980 – alfabetismo funcional. Consegue interpretar textos em diversos contextos.

ROJO (2009) Alfabetismo: estado ou condição de quem sabe ler e escrever.

Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa:


• Analfabetos • Alfabetizados de nível rudimentar • Alfabetizados de nível básico • Alfabetizados de nível pleno

PERSPECTIVAS DO ALFABETIZAR LETRANDO


Como surgiu o conceito de letramento?

 A partir da década de 80.


 O sujeito letrado, para além da competência leitora e escritora, detém, utiliza e articula a
funcionalidade de cada recurso comunicativo de acordo com suas necessidades individuais e sociais.
(SOARES, 2016).

HETEROGENEIDADE DAS PRÁTICAS


 São muito variados os contextos, as comunidades, as culturas
 Variadas as práticas e eventos letrados
 Deixamos de falar em “letramento” e passamos a falar em “letramentos”

MULTILETRAMENTOS
 Formas de emprego da leitura e da escrita como a linguagem midiática, da informática, internet e tantos
outros fenômenos sociolinguísticos.
 Conceito abrangente, pois trata das diversas formas e práticas diante da leitura e da escrita.

A discussão sobre a alfabetização vem sendo realizada desde o final do século XIX, sendo intensificada nas
últimas décadas. Num primeiro momento, restringia-se aos métodos de alfabetização a seguir.

A partir da perspectiva construtivista, fica claro que a criança elabora hipóteses sobre a escrita. Como partir
das hipóteses dos alunos para alfabetizar letrando?

Desenvolvimento do sujeito em relação à leitura escrita

Para Ferreiro e Teberosky (1991, p. 26), a criança se constitui como “um sujeito que aprende basicamente
através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo, e que constrói suas próprias categorias de
pensamento ao mesmo tempo em que organiza seu mundo”.

Gêneros textuais
Letra de canção Receita culinária Bilhete Fábula Carta pessoal Regras de brincadeiras

LETRAMENTOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E EJA: ORIENTAÇÕES OFICIAIS


“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 1988)

“A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação
da família e da comunidade.”(BRASIL, 1996, s.p.)

RCNEI

Diretrizes Curriculares Nacionais

BNCC

Campos de experiências

O letramento está presente no currículo da educação Infantil?

“[...] um adulto pode ser analfabeto, porque é marginalizado social e economicamente, mas, se vive em um
meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um
alfabetizado, se recebe cartas que outros leem para ele [...] esse analfabeto é, de certa forma, letrado, porque
faz uso da escrita, envolvesse em práticas sociais de leitura e de escrita. (SOARES apudCURY, 2000, p. 6)

Em relação à educação de jovens e adultos

“a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no
ensino fundamental e médio na idade própria.” (BRASIL, 1996, [s.p])

A luta ideológica e social tem sido personificada nas legislações e documentos educacionais, enfrentando a
exclusão social característica desse ensino.

Situações Reais de Comunicação


 Narrar fatos que aconteceram no dia-a-dia;
 Formular perguntas cujas respostas exijam do aluno manifestação de opiniões;
 Convidar constantemente os alunos a expressarem suas dúvidas oralmente;
 Organizar debates sobre temas escolhidos;
 Organizar recitais de poesias, repentes e canções. (BRASIL, 2001, p. 63)

Estratégias de leitura

 Ler em voz alta para eles


 Apresentando previamente a temática
 Organizar pequenas bibliotecas na sala de aula
 Viabilidade de informações
 Potencializa e ampliação de conhecimentos
 Favorece interação
 Escrita significativa
 Necessidades sociais
 Ambiente envolvido
 no momento em que os alunos estão escrevendo, esclarecendo dúvidas, dando sugestões e informações
individualmente;
 revisando os textos posteriormente, fazendo correções de acordo com as possibilidades de assimilação de
quem o escreveu;
 fazendo correções coletivas dos textos dos alunos;
 reproduzindo-os integral ou parcialmente no quadro, pedindo sugestões dos colegas, conferindo a
ortografia, a sintaxe e a pontuação. (BRASIL, 2001, p. 75).

Situação-problema
A professora apresenta as normas da nova escola e um aluno pergunta: E onde é o parquinho para
brincarmos?" Então, como agir diante dessa demanda dos pequenos? Ouvi-las ou seguir com o programa já
planejado? O planejamento não é de responsabilidade do professor? Como dar conta do currículo proposto
pela escola e as demandas que as crianças trazem?

Resolvendo a SP: Brincar e aprender, Ludicidade e Ensino fundamental.

ORIENTAÇÕES OFICIAIS PARA O CICLO DA ALFABETIZAÇÃO

Divergências, Experiências, Conceitos ,Concepções, Currículo da educação básica, Ciclo da alfabetização

Segundo Sacristán (2000), o conceito de currículo se caracteriza da seguinte maneira: “um projeto seletivo de
cultura, cultural, social, política e administrativamente condicionado, que preenche a atividade escolar e que
se torna realidade dentro das condições da escola tal como se acha configurada” (SACRISTÁN, 2000, p. 36).

Currículo
 Eixo central
 Influenciar qualidade das experiências
 Com finalidade

Atribuições e denominações

Currículo prescrito: experiências, interpretações e saberes das crianças, professores e demais sujeitos a partir
do currículo, ou seja, a transposição dos conteúdos para o cotidiano.

Currículo real: refere-se aos conhecimentos vivenciados e que, necessariamente, não são planejados, mas
possibilitam trocas e aquisição de outras tantas aprendizagens.

Currículo oculto: refere-se às aprendizagens que ultrapassam a gestão da unidade escolar e do docente e que,
por vezes, passam despercebidas, mas têm uma ação formadora (positiva ou negativa) muito intensa.

ENTRADA DE 6 ANOS NA ESCOLA E A LINGUAGEM ESCRITA

 A alteração dos Artigos 29, 30, 32 e 87 da Lei 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), por
meio da Lei 11.274/2006.

Você já pensou sobre os processos de adaptação e construção cognitiva, afetiva e psicológica pelos quais passa
uma criança ao mudar de etapa, escola e metodologias? A educação infantil dialoga com os contextos do
ensino fundamental? A criança deixa de ser criança ao mudar de etapa?

Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade

Conhecendo as indicações da Base Nacional Comum Curricular

 Leitura ,Produção de texto , Oralidade e Linguística semiótica

ALFABETIZAR LETRANDO
A professora da turma já sabe da necessidade de levar em consideração as diferentes experiências das
crianças, seus processos de aquisição da linguagem oral e escrita e as competências diante das práticas sociais
relacionadas à escrita. A professor acredita ser muito difícil “alfabetizar letrando”. Que possibilidades didático-
metodológicas poderiam auxiliar a professora diante desse dilema?

Possibilidades de resolução

Duplas produtivas, em que as crianças em níveis diferentes de alfabetização ou letramento podem produzir
textos juntas; produção de textos coletivos, sendo o professor ou outra criança alfabetizada o escriba; a
utilização de diferentes portadores e gêneros textuais; e a visita a espaços em que a comunicação escrita seja
verificada em toda sua funcionalidade (o cartaz na portaria do cinema, por exemplo)

Ciclo de alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental: Práticas e intervenções didáticas

Contextualização Sistema de escrita alfabética

Propriedades do SEA que o aprendiz precisa reconstruir para se tornar alfabetizado.

 Características. (pág. 94)


 O professor precisa criar situações sistemáticas de ensino desse sistema porque as normatizações e
as convenções do nosso sistema de escrita dificilmente serão apreendidas de modo espontâneo pela
criança.

“os grafemas representam os sons da fala, e o sistema de escrita alfabético foi inventado como um
sistema de representação”. (SOARES, 2016)

 Para a autora, “a alfabetização – faceta linguística da aprendizagem inicial da língua escrita – focaliza,
basicamente, a conversão da cadeia sonora da fala em escrita” . (SOARES, 2016)
Reflexão: [...] ensinar o sistema de escrita alfabética proporcionando às crianças experiências de leitura e de
produção de texto que façam parte do seu dia a dia, de sua cultura, de suas necessidades de comunicação
etc. (SOARES, 1998).
Consciência Fonológica

Reflexão fonológica e gráfica de palavras

Entendemos consciência fonológica como um “vasto conjunto de habilidades que nos permitem
refletir sobre as partes sonoras das palavras” (BRASIL, 2012, p. 20).
Quando a criança reflete sobre os segmentos das palavras, “ela está pondo em ação a consciência
fonológica” (BRASIL, 2012, p. 21).

Atividades de consciência fonológica:

Outras possibilidades de alfabetizar letrando -------- Atividade 1:

Atividade com crachá com nome próprio A professora confecciona um crachá de mesa para todos
os alunos conforme figura a seguir:
LUCIANA
 Uma criança procurar e entregar o crachá para outra.
 Pode também pedir para uma criança localizar todos os crachás cujos nomes comecem com a
letra “L”, ou que, por exemplo, terminem com a letra “A”.

Outras possibilidades de alfabetizar letrando ---- Atividade 2: Jogo da memória figura-palavra

Atividade 3: Recital de parlendas e leitura de parlendas


Atividade 4 - Bingo de letras ou de sílabas

Atividade 5 - Bingo de sílabas conforme palavras ditas

Atividade 6 – Letras móveis embaralhadas

Como se aprende a ler?


Lendo! No contato com textos reais, de circulação na cultura a criança compreende a função social
da escrita.
É lendo que nos tornamos leitor.

Antecipar sentidos e ativar conhecimentos prévios relativos ao texto:

Antes da leitura realizada pelo professor:


Sobre o que o livro vai falar?
Por que ou para que esse texto foi escrito?
O que aprendemos ao ler esse texto?
O texto tem relação com o título e/ou com as figuras?

Professor mediador na leitura


O professor é um modelo de leitor.
A leitura feita por outros é importante para familiarizar a criança.
As características do texto escrito são diferentes da oralidade.

Ler “é compreender e que compreender é sobretudo um processo de construção de


significados sobre o texto que pretendemos compreender. É um processo que envolve
ativamente o leitor, à medida que a compreensão que realiza não deriva da
recitação do conteúdo em questão” (SOLÉ,1998, p. 44).
SITUAÇÕES DIDÁTICAS DE PRODUÇÃO DE TEXTO

Produção de texto com ajuda de escriba

Para crianças que ainda não se apropriaram do sistema


de escrita alfabética.
 Professor apresenta o gênero textual, por exemplo, carta.
 Escolher um motivo para a produção da carta, um destinatário, como essa carta vai
começar, como ela vai ser desenvolvida e como ela vai terminar.
 O professor escreve na lousa.

Produção de texto de memória

 A produção de um texto de memória sempre tem como fundamento um texto (pode ser
letra de música, cantiga, trava-língua, etc.) que a criança sabe de cor, que ela consegue
recitar ou cantar com autonomia.
• A professora ou o professor podem propor que cada criança escreva o trecho (ou a letra
toda) de uma música que elas gostem muito.

Construindo significado a partir do registro escrito

O que é produzir um texto?

[...] a materialização em sequência linguística (texto verbal) ou por meio de diferentes formas de
expressão, como as imagens ou melodias (texto não verbal), do que se quer comunicar. É resultado
de uma produção que faz sentido numa situação específica de interlocução. O texto seria, assim, o
elemento mediador no processo de interação verbal estabelecido entre os interlocutores, numa
dada situação de interação. (BRASIL, 2012, p. 26)
Quando a criança produz um texto?

Os textos orais e a linguagem oral precisam ocupar mais espaço no currículo dos primeiros anos do
ensino fundamental. Ao compreendermos a oralidade como conteúdo de ensino, entendemos que
ela demanda, por parte das professoras e dos professores, o planejamento de atividades/situações
didáticas nas quais a criança possa falar, escutar e refletir sobre a língua.

As práticas pedagógicas permitem que as crianças se expressem?


O trabalho com a oralidade na escola permite às crianças compreenderem que o "falar" também
possui diversas finalidades e diversas estruturas e é também “por meio da oralidade [que] as
crianças participam de diferentes situações de interação social e aprendem sobre elas próprias,
sobre a natureza e sobre a sociedade” (LEAL; ALBUQUERQUE; MORAIS, 2007, p. 70).

Leitura para quem já lê

Situações Reais de Comunicação

A professora Júlia também precisa planejar atividades de leitura para crianças de sua turma que já
se apropriaram do sistema de escrita alfabética e que já conseguem ler com certa autonomia.
Vamos ajudá-la a planejar essas atividades.

1. Ordenando palavras numa frase

Cada criança (ou dupla de crianças) recebe uma frase dentro de um envelope e precisa colocá-la
na ordem correta. Uma estratégia de leitura que a criança pode utilizar é encontrar a palavra que
contém o ponto final e já saber que ela é a última palavra da frase.

2. Ordenando frases de um texto

Exemplo: colocar um diálogo na ordem correta

Práticas com jogos e brincadeiras

Possibilidades de prática
Modalidades organizativas
Quatro crianças da turma do segundo ano da professora Júlia ainda não estão na
hipótese alfabética de escrita: uma encontra-se na hipótese silábica sem valor e três na
hipótese silábica com valor.. De que modo ela pode investigar os conhecimentos de
escrita particulares de cada criança, mesmo que estejam na mesma hipótese de escrita?
Quais mediações Júlia pode realizar para que essas crianças avancem nos seus processos
de alfabetização?
Júlia pode organizar as crianças em duplas, conforme os critérios a seguir:
Dupla A: criança na hipótese de escrita silábica sem valor sonoro com a criança na hipótese
de escrita silábica com valor que utiliza apenas vogais.
Dupla B: criança na hipótese de escrita silábica com valor sonoro, com rico repertório de
letras, com criança na hipótese de escrita silábica com valor sonoro, com repertório restrito
de letras.
Recursos didáticos na alfabetização

Sistematizar e consolidar os
conteúdos/temas/assuntos aprendidos.
• Promover a aprendizagem de
conceitos que foram objetos de ensino.
• Elaborar resumo/resenha de um
determinado texto.
• Localizar, selecionar e interpretar
informações sobre determinado
assunto/tema.

Importante
A organização das crianças em grupos para jogar precisa levar em consideração os conhecimentos
que elas já têm sobre a língua escrita: crianças com saberes diferentes, porém próximos, devem
permanecer no mesmo grupo.
[...] poderosos aliados para que os alunos possam refletir sobre o sistema de escrita, sem, necessariamente,
serem obrigados realizar treinos enfadonhos e sem sentido. Nos momentos de jogo, as crianças mobilizam
saberes acerca da lógica de funcionamento da escrita, consolidando aprendizagens já realizadas ou se
apropriando de novos conhecimentos nessa área. Brincando, elas podem compreender os princípios de
funcionamento do sistema alfabético e podem socializar seus saberes com os colegas (BRANDÃO et al.,
2008, p. 13-14).

O que é produzir um texto?


[...] a utilização do jogo potencializa a exploração e construção do conhecimento, por contar
com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de
estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em
outras situações que não jogos (KISHIMOTO, 2003, p. 37-38).
Papel do livro didático na alfabetização
Lição de casa

Júlia precisa elaborar duas atividades de lição de casa para o segundo ano do ciclo de alfabetização,
que vão compor o “Banco de lição de casa do segundo ano”. Você precisa ajudá-la a elaborar essas
atividades de acordo com o que foi estudado nesta seção. Agora é com você!

Resolvendo a SP2
Atividade 1: Brincadeira preferida. As crianças devem escolher uma brincadeira preferida e: 1.
Desenhar, escrever o nome e regras
Atividade 2: Música que gosto. Escolher e escrever.
Atividade 3: Invenção de comida, escrever a receita e desenhar.
Atividade 4: Como eu nasci. Atividade 5: Por que tenho esse nome?
Fundamentos Teórico- Metodológicos do Processo de Alfabetização
Situação-problema

Joana foi aprovada para trabalhar em uma escola pública, em uma cidade do interior de São Paulo.
Trabalhar com a alfabetização sempre foi seu sonho, pois seus pais não sabem ler e escrever. No entanto, no
momento em que foi conhecer a turma do terceiro ano do ciclo para a qual lecionaria, teve uma surpresa:
grande parte dos alunos não sabiam ler nem escrever.

Vamos refletir sobre o caso de Joana, pensando sobre a escrita, os métodos de alfabetização e as políticas
públicas?

A escrita

O surgimento da escrita permitiu uma nova organização dentro das civilizações, pois a lei passou a ser
escrita, bem como a religião, etc. A tradição e a cultura oral perderam sua centralidade. É importante
lembrar que antes da escrita a humanidade utilizou diversos meios para comunicação: sinais de tambor,
linguagem dos gestos, envio de flechas e objetos, envio de mensageiros, etc. A escrita é muito mais que um
instrumento. Ela não apenas expressa o pensamento, ela o organiza. A escrita permanece e atravessa o
tempo, ela comunica e também tem seu desenvolvimento atrelado aos inúmeros avanços na história das
civilizações.

Políticas públicas: as políticas públicas são organizadas pelo Estado e são expressas em forma de leis,
planejamentos e financiamentos. Um bom exemplo de uma política pública na área da educação é o
Plano Nacional de Educação (PNE), um conjunto de metas que devem ser alcançadas em um prazo de
dez anos.
Momentos da escrita

Métodos de alfabetização utilizados no Brasil

O ensino da leitura e escrita, no Brasil, foi permeado por alguns métodos ou ideias:
Contribuições da psicogênese da língua escrita

Iniciaremos mais uma seção de estudos. O tema desta seção, as contribuições da psicogênese da
língua escrita, é essencial para o professor compreender o processo de alfabetização. Na última
seção, tratamos um pouco dos métodos de alfabetização no Brasil. O último período, citado por
Mortatti (2010), tratava da influência das ideias construtivistas no Brasil. Nesse período, o foco do
processo de ensino e aprendizagem deixou de ser o método e passou a ser o sujeito que aprende

Situação-problema: Assim que Joana iniciou o trabalho com sua turma, percebeu que seus alunos
tinham conhecimentos diferenciados sobre o processo de escrita entre si: alguns não escreviam,
outros escreviam com muitos erros. A fim de conseguir realizar um trabalho de qualidade, ela pediu
ajuda à sua orientadora pedagógica. Você poderia exercer o papel dessa orientadora pedagógica e
guiar a professora no início dessa trajetória?

As concepções da escrita e seus desdobramentos

De acordo com Emília Ferreiro (2011, p.3):

"Ao concebermos a escrita como um código de transcrição que converte as unidades sonoras em
unidades gráficas, coloca-se em primeiro plano a discriminação perceptiva nas modalidades
envolvidas (visual e auditiva). Os programas de preparação para a leitura e a escrita que derivam
desta concepção centram-se, assim, na exercitação da discriminação, sem se questionar sobre a
natureza das unidades utilizadas”. Por outro lado, quando concebemos a leitura e a escrita como uma
representação da linguagem, condicionamos sua aprendizagem à compreensão e à construção de um
sistema.

Precisamos ainda pensar que a invenção da escrita foi um processo histórico de construção. Logo,
não é natural que o aprendizado desse processo seja uma codificação, conforme escreve Ferreiro
(2011, p.16-17):

“No caso dos dois sistemas envolvidos no início da escolarização (o sistema de representação dos
números e os sistemas de representação da linguagem), as dificuldades que as crianças enfrentam
são dificuldades conceituais semelhantes às da construção do sistema e, por isso, pode-se dizer, em
ambos os casos, que a criança reinventa esses sistemas. Bem entendido: não se trata de que as
crianças reinventam as letras nem os números, mas que, para poderem se servir desses elementos
como elementos de um sistema, devem compreender o seu processo de construção e as suas regras
de produção”.

A partir da análise das escritas infantis, Ferreiro (2010) chegou a algumas conclusões. Clique nos
botões para conhecê-las.
As fases de construção e aprendizado da escrita propostas por Emília Ferreiro

Agora que você conheceu um pouco sobre a psicogênese da língua escrita, você poderá:

• Avaliar, de forma significativa, o desempenho e o aprendizado dos alunos.

• Observar que o aprendizado da escrita é um processo de construção social que modifica a forma
de planejamento do professor.

• Refletir sobre a importância de olhar a escrita infantil como um processo de construção de


hipóteses.

Contribuições da psicogênese da língua escrita: refletindo sobre ideias construtivistas

A escrita infantil, segundo a psicogênese. As ideias construtivistas, verificando que elas não são
traduzidas especificamente em nenhum método de alfabetização.

Situação-problema

Uma professora que dava aula para o primeiro ano do ciclo aposentou-se e Joana foi incumbida de
assumir a classe. Ao conversar com a coordenadora da escola, Joana ficou sabendo que a professora
que se aposentou era tradicional e utilizava cartilha e método fônico para a alfabetização. Ela ficou
apreensiva, pois tinha bastante experiência de trabalho dentro das concepções construtivistas.

Qual deveria ser, na sua opinião, a primeira atitude de Joana em relação ao processo de alfabetização
dos seus alunos? Você acredita que seria sensata a modificação da organização do processo
pedagógico?

Métodos de alfabetização versus Construtivismo

Antes de tudo, é necessário diferenciar métodos de alfabetização de concepção construtivista:

“[...] Pretendemos demonstrar que a aprendizagem da leitura, entendida como questionamento a


respeito da natureza, função e valor deste objeto cultural que é a escrita, inicia-se muito antes do que
a escola imagina (...). Além dos métodos, dos manuais, existe um sujeito que busca a aquisição de
conhecimento (...), e não simplesmente um sujeito disposto ou maldisposto a adquirir uma técnica
particular. (FERREIRO; TEBEROSKY, 1986, p. 11, adaptado)

É necessário desmistificar a ideia de que o construtivismo é um método de alfabetização. Ele é uma


teoria do conhecimento, que entende a criança como sujeito cognoscente.
É preciso atentar-se ao fato de que não trataremos de um método que prevê uma linearidade e uma
igualdade de desenvolvimento na forma de ensinar os conhecimentos da língua materna.

As pesquisas de Emília Ferreiro partiram de análises de textos produzidos por crianças. Para a autora,
o que importa nesse processo de avaliação são as produções infantis e os esquemas de construção
mental que podem ser apreendidos nesse processo. As produções traduzem o nível de elaboração
entre o aprendiz e o objeto do conhecimento.

Conheça um caso concreto identificado nas pesquisas de Ferreiro (2011), explorando a galeria a
seguir

Escrita pré-silábica
Utiliza letras para escrever, embora não haja
qualquer correspondência entre letra e som.

Houve aumento na variedade de letras, mas a escrita


ainda permaneceu no nível pré-silábico.
Embora tenha realizado imensos progressos, a criança não chegou ao final do ano escolar
com uma escrita alfabética.

Por que é importante acompanhar e fazer uma avaliação da escrita das crianças como fez Ferreira?

Ferreira (2011) afirma que o fundamental na avaliação que se faz da escrita da criança é identificar formas de
intervenção didática que facilitem a passagem na mudança dos esquemas interpretativos do aprendiz. Como
vimos, Emília Ferreiro trouxe uma excelente contribuição para a área da alfabetização com suas pesquisas,
pois salientou que a criança que aprende a ler e escrever desenvolve um constante esforço cognitivo no
sentido de recriar o sistema de escrita. Essa recriação mostra o quanto a pessoa que aprende é ativa e deve
ter suas expressões valorizadas, a fim de que possa ser um real usuário do sistema de escrita

Escrita como função culturalmente mediada:

Durante muito tempo, a condição de leitor se constituía a partir da competência em


codificar/decodificar letras e palavras, sendo a divisão entre alfabetizados e analfabetos o único
critério para distinguir os que tinham a competência de ler e escrever.

Porém, como Paulo Freire nos alerta, a competência leitora e escritora perpassa outras nuances para
além da codificação / decodificação, sendo construídas possibilidades de contextos leitores diversos a
partir dos significados e funções de cada objeto / situação / fenômeno.

Ferreiro (2011) entende o processo de alfabetização como uma vivência pontual, ou seja, está ligado
à competência de codificar/decodificar a leitura e a escrita. Para a estudiosa, o letramento é um
fenômeno intrínseco à alfabetização, já que considera os aspectos sociais na composição dos
conhecimentos linguísticos.

A partir da década de 1980, o termo “alfabetismo funcional” foi adotado, sendo utilizado para indicar
indivíduos que conseguiam interpretar textos, gráficos, sinais e mensagens. No Brasil, o instituto
Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa realizam uma pesquisa denominada Indicador Nacional
de Alfabetismo Funcional (INAF), que tem como objetivo mensurar e analisar as competências de
leitura e escrita, sendo articulada em quatro níveis:

Analfabetos: não conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases.

Alfabetizados de nível rudimentar: localizam informações em textos curtos e familiares.

Alfabetizados de nível básico: compreendem textos de média extensão, resolvem problemas e têm
noção de proporcionalidade.

Alfabetizados de nível pleno: leem textos mais longos, avaliam informações, realizam inferências e
sínteses, e interpretam tabelas, mapas e gráficos.

Assim, o sujeito letrado, para além da competência leitora e escritora, detém, utiliza e articula a
funcionalidade de cada recurso comunicativo, de acordo com suas necessidades individuais e sociais.

A dimensão individual do letramento é vista como um conjunto de habilidades linguísticas


demonstradas a partir do registro de unidades de som até a possibilidade de transmitir ideias
realizadas pelo indivíduo, de posse unicamente dele.
Já a dimensão social do letramento é entendida sob duas vertentes: como fenômeno que possibilita
o funcionamento de uma sociedade já instaurada (versão fraca) ou como um fenômeno
potencializador para a transformação das relações e contextos sociais injustos (versão forte).

Letramentos na educação infantil e a alfabetização e letramentos na educação de jovens e adultos

Situação problema

Numa escola pública, a professora de uma turma de alfabetização precisou se ausentar, e o único
docente disponível para a substituição era um professor especialista em Matemática. A coordenadora
pedagógica solicitou ao professor que assumisse a turma, podendo trabalhar conteúdos de
matemática.

O professor, embora estivesse um pouco inseguro, entendia que os alunos não poderiam ser
prejudicados em suas aulas de Língua Portuguesa, já que se tratava de uma turma de alfabetização.

Diante desse impasse, como o professor poderia solucionar a questão? Quais possibilidades didático-
metodológicas poderiam ser utilizadas na solução desse desafio?

Procedimentos didáticos para os letramentos na educação infantil: o que dizem as orientações


oficiais

Entre os documentos que se constituem a partir da concepção de criança como sujeito de direitos, os
Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI) têm como função orientar e
subsidiar educadores na constituição de vivências e experiências no contexto da educação infantil,
enfatizando os elementos do letramento nessa fase.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil foi elaborado conforme as diretrizes e
concepções apresentadas na LDB (Lei nº 9.394/1996). Está organizado em três volumes: Introdução,
Âmbito de Formação Pessoal e Social e Âmbito de Conhecimento de Mundo.

Os RCNEIs apresentam a linguagem oral e escrita como parte integrante da rotina das crianças, sendo
que os contextos de aprendizagem dessa linguagem se concretizam nas interações realizadas. Assim,
segundo os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil, a ação pedagógica ancora-se nas
seguintes práticas:

 Uso da linguagem oral para conversar, brincar, comunicar e expressar desejos, opiniões e
sentimentos.
 Participação em situações que envolvem a necessidade de explicar e argumentar suas ideias e pontos
de vista.
 Relato de experiências vividas e narração de fatos em sequência temporal e causal.
 Reconto de histórias conhecidas, com aproximação às características da história original.
 Conhecimento e reprodução oral de jogos verbais, como trava-línguas, parlendas, adivinhas,
quadrinhas, poemas e canções.

Outro documento importante na constituição das reflexões e práticas relacionadas à leitura e à


escrita são as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil (2010), que se estabelecem como uma
proposta orientadora dos projetos pedagógicos das escolas de educação infantil, levando em conta
as variações culturais, econômicas e sociais de cada região brasileira ou mesmo de cada território /
comunidade.
Do mesmo modo, o documento Base Nacional Comum Curricular, ainda em construção, trata das
aprendizagens infantis através das diferentes vivências e experiências, possuindo cinco eixos
norteadores. São eles:

O eu, o outro e o nós.


Corpo, gestos e movimentos.
Traços, sons, cores e imagens.
Escuta, fala, linguagem e pensamento
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

Orientações oficiais para o ciclo da alfabetização

Situação-problema

No início do ano letivo de uma turma do 1ª ano do ensino fundamental, os pais e a professora se
reuniram para conversar sobre como será o ano para as crianças. Nesse contexto, uma mãe
perguntou quais serão os conteúdos a serem trabalhados e os prazos para que as crianças dominem
as competências elaboradas. Como a professora, cuja compreensão de currículo está ancorada em
um contexto emancipatório, poderia responder a essa questão?

O conceito de currículo se caracteriza da seguinte maneira: “um projeto seletivo de cultura, cultural,
social, política e administrativamente condicionado, que preenche a atividade escolar e que se
torna realidade dentro das condições da escola tal como se acha configurada” (SACRISTÁN, 2000, p.
36).

O currículo é o eixo central da ação educativa, já que poderá influenciar a qualidade das
experiências escolares. Sua finalidade engloba delimitar atividades, conteúdos, experiências dos
alunos e também de seus professores.

Para tanto, o currículo apresenta uma série de atribuições e denominações, conforme a


especificidade à qual está atrelado. Clique nas abas e conheça os tipos de currículos:
Entrada da criança de seis anos na escola e a aprendizagem da linguagem

escrita

A alteração de artigos da Lei nº 9.394/96, por meio da Lei nº 11.274/06, dispõe sobre

a duração de nove anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a

partir dos seis anos de idade. Diz respeito também ao currículo do ensino

fundamental, principalmente aquele direcionado aos contextos de aprendizagens

realizados no 1º ano do ensino fundamental.

O currículo do 1º ano do ensino fundamental de nove anos não deve coincidir com o

da antiga 1º série do ensino fundamental de oito anos. Lembremos que as de seis

anos possuem características específicas e que é preciso repensar conteúdos e

práticas conforme as necessidades dessa faixa etária..

Currículo no ciclo da alfabetização: conhecendo as indicações da Base Nacional Comum

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem como finalidade a orientação e elaboração
de propostas curriculares para as diversas etapas da educação básica dos estados brasileiros,
do Distrito Federal e dos municípios. Ela define quatro eixos de formação, com a finalidade
de articulação do currículo em todas as etapas. São eles:
 Letramentos e capacidade de aprender Ética e pensamento crítico
 Solidariedade e sociabilidade
 Leitura do mundo natural e social

O documento preceitua que os contextos de aprendizagem devem levar em conta as
especificidades de cada criança, bem como os conhecimentos que já possuem. Clique nas abas e
conheça os objetivos de aprendizagem organizados em quatro eixos:

Eixo da leitura: se refere às práticas de linguagem existentes na relação do leitor com o texto
escrito.
Eixo da escrita: se refere práticas de linguagem em que o sujeito interage e/ou é autor dos
registros ocultos.
Eixo da oralidade/sinalização: se refere às práticas de linguagem presentes nas situações de
oralidade ou de sinalização (por exemplo, os estudantes que têm a Libras como 1° língua).
Eixo de conhecimento sobre a língua e sobre a norma: se refere às aprendizagens relacionadas as
aquisições gramaticais, de regras e convenções da utilização da língua. Entre elas estão a
gramática, a ortografia, a acentuação, a pontuação, o sistema alfabético, etc.

Situação-problema
Júlia, em sua primeira experiência como professora, assumiu uma turma do primeiro ano do
ensino fundamental, com 24 alunos. Os dados da sondagem de escrita revelaram que 15 alunos
já se encontravam na hipótese de escrita alfabética e 8 ainda não compreendiam como a escrita
se organizava. Entre essas 8 crianças, 2 encontravam-se na hipótese de escrita pré-silábica, 3
encontravam-se na hipótese de escrita silábica e 3 encontravam-se na hipótese de escrita silábica
alfabética. A coordenadora pedagógica da escola sugeriu que Júlia planejasse um conjunto de
atividades com níveis diferentes de dificuldade para ajudar cada um dos alunos a compreender
como a escrita se organiza. No entanto, Júlia está desesperada, pois não sabe por onde começar
e também não quer demonstrar para a coordenadora as suas fragilidades.
Como podemos ajudá-la?

Letramento e a escrita

O letramento diz respeito às experiências da criança nos usos da leitura e da escrita nas práticas sociais
(SOARES, 2016). A criança vivencia o letramento de forma espontânea. Já o sistema de escrita alfabética é
um “conjunto de caracteres com regras, que definem rigidamente como aqueles símbolos funcionam para
poder substituir os elementos da realidade que notam ou registram” (adaptado de BRASIL, 2012, p. 11). A
aquisição da escrita não acontece naturalmente, razão pela qual precisa de um processo de
aprendizagem.

Partindo da teoria da psicogênese da língua escrita (FERREIRO; TEBEROSKY,


1986), entendemos que a criança pode passar por quatro níveis de aprendizagem.
Clique nas abas para conhecê-los.

Nível pré-silábico: Quando a criança se encontra na hipótese de escrita pré-


silábica, ela já utiliza letras ‘para escrever’, mas essas letras não apresentam uma
correspondência com a pauta sonora da palavra e nem se encontram
‘divididas/organizadas’ em sílabas. A criança ainda não compreende que as palavras
contêm ‘pedaços (sílabas)’, por isso ela está num nível pré-silábico.

Nível silábico: A criança, nesse nível, consegue entender que a palavra se ‘divide’
em ‘pedaços’ menores, as sílabas, e que uma letra representa uma sílaba. Algumas
crianças atribuem letras ‘aleatórias’ para cada sílaba, sem uma correspondência
sonora com a palavra – essas crianças estão na hipótese de escrita silábica sem
valor sonoro -, ao passo que outras crianças já atribuem um valor sonoro para cada
letra que escreve – essas crianças estão na hipótese de escrita silábica com valor
sonoro.

Nível silábico alfabético: Nesse nível, a criança começa a entender que


“[...] o que a escrita nota ou registra no papel tem a ver com os pedaços sonoros das
palavras, mas que é preciso 'observar os sonzinhos no interior das sílabas'. [...] Ao
notar uma palavra, ora a criança coloca duas ou mais letras para escrever
determinada sílaba, ora volta a pensar conforme a hipótese silábica e põe apenas
uma letra para uma sílaba inteira.” (BRASIL, 2012, p. 14)
Nível alfabético: Apesar de já ter se apropriado do sistema de escrita alfabética, a
criança ainda não pode ser considerada alfabetizada, porque a condição de
alfabetizado
“pressupõe a possibilidade de participar de práticas letradas que implicam a
capacidade de ler e compreender textos curtos, bem como de produzir textos
também com curta extensão.” (MORAIS, 2012, p. 149)

PRÁTICAS E INTERVENÇÕES DIDÁTICAS NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO: LEITURA

Situação-problema

A professora Júlia ainda tem muitas dúvidas sobre como planejar atividades/situações

de leitura para as crianças do 1º ano que ainda não se apropriaram do Sistema de

Escrita Alfabética. Como podemos ajudá-la?

O que é ler?

Ler é construir significado a partir do registro escrito. Esse entendimento está

fundamentado na ideia de que ler “é compreender e que compreender é sobretudo

um processo de construção de significados sobre o texto que pretendemos

compreender. É um processo que envolve ativamente o leitor, à medida que a

compreensão que realiza não deriva da recitação do conteúdo em questão” (SOLÉ,

1998, p. 44).

Como é que a criança que ainda não se apropriou do Sistema de Escrita


Alfabética vai conseguir aprender a ler lendo?

Jollibert (1994, p.14) entende que “é lendo que nos tornamos leitor e não

aprendendo primeiro para poder ler depois: não é legítimo instaurar uma defasagem,

nem no termo, nem na natureza da atividade, entre ‘aprender a ler’ e ‘ler’”. Sobre

isso, Piccoli e Camini (2012, p. 64) afirmam que “não é porque a criança ainda não

consegue ler o texto em sua totalidade que ela não é capaz de produzir sentidos

para ele, baseada em alguns indícios que ela recolheu no contato com o texto”.
A partir de quando a professora pode ensinar estratégias de leitura para um
aluno?

A professora ou o professor quando lê para as crianças já pode ensinar estratégias

de leitura. Nesse caso, as crianças não estão lendo, mas estão participando de uma

situação intencional de leitura e aprendem sobre como ler, sobre as estratégias de

leitura.

Antecipar sentidos e ativar conhecimentos prévios relativos ao texto, reconhecer

finalidades do texto, localizar informações explícitas em textos, realizar inferências

em textos, estabelecer relações lógicas entre partes de textos, relacionar textos

verbais e não verbais são estratégias de leitura que a criança aprende quando a

professora ou o professor faz perguntas do tipo:


Sobre o que fala o título da história?
A capa do livro traz tais figuras. Sobre o que o livro vai falar?
Nós vamos ler esse texto para quê?
Por que ou para que esse texto foi escrito?
O que aprendemos ao ler esse texto?

Por que é importante que a professora ensine gêneros textuais para as crianças?

É importante ensinar os gêneros textuais para as crianças para que elas possam

aprender que a leitura pode ser útil para muitas coisas. Quando uma pessoa precisa

produzir um texto, oral ou escrito, ela se baseia nos gêneros textuais e nos suportes

textuais que já conhece. Daí advém a necessidade de a professora e o professor

apresentar às crianças as características dos diversos gêneros textuais, em

diferentes suportes textuais, em circulação na nossa cultura.

Leia o livro didático para aprofundar o seu estudo sobre letramentos e alfabetização

e para conhecer algumas situações didáticas de leitura no ciclo de alfabetização.

Situação-problema

Nesta seção, continuaremos acompanhando a professora Júlia e, dessa vez, a

ajudaremos a esclarecer suas dúvidas em relação ao planejamento de

atividades/situações didáticas de produção de texto para crianças que ainda não se

apropriaram do Sistema de Escrita Alfabética.


O que significa “produzir um texto”?

Partindo de uma concepção de texto como “a materialização em sequência


linguística (texto verbal) ou por meio de diferentes formas de expressão, como as
imagens ou melodias (texto não verbal), do que se quer comunicar” (BRASIL, 2012,
p.26), pode-se dizer que a criança produz um texto quando fala, quando conta uma
história, quando explica uma situação que aconteceu com ela, etc. Destaca-se aqui
a importância da oralidade para o desenvolvimento da criança, pois é – na maioria
das vezes – por meio dela que a criança consegue se comunicar e formular
pensamentos e ideias.

Como trabalhar com produção de texto com crianças que ainda não se
apropriaram do Sistema de Escrita Alfabética?

Conforme visto anteriormente, a produção textual pode ser oral ou escrita. Clique

nas abas a seguir para saber mais sobre cada um dos tipos:

Oral
Para a realização de atividades que envolvam textos orais, o Ministério da Educação
destaca cinco dimensões da oralidade que precisam ser trabalhadas com as
turmas de alfabetização: a valorização dos textos de tradição oral, a oralização do
texto escrito, as relações entre fala e escrita, a produção e compreensão de gêneros
orais e as relações entre oralidade e análise linguística.

Escrita
Ao trabalhar com produção textual escrita, o professor precisa explicar para as
crianças que a escrita representa a língua, e não a fala, porque, quando falamos
em Sistema de Escrita Alfabética, estamos falando da representação gráfica de uma
língua, e não da fala em si. Uma das atividades que podem ser desenvolvidas é a
produção de texto com a ajuda de um escriba, que pode ser o professor ou uma
dupla que já tenha se apropriado do Sistema de Escrita Alfabética.

A professora Julia trabalhou com uma turma de primeiro ano no ano passado e,
neste ano, ela assumiu a mesma turma, mas agora ministrando no segundo ano.

Seu novo desafio será planejar atividades que ajudem essas crianças a avançar em
seu aprendizado no segundo ano do ensino fundamental.

A coordenadora pedagógica orientou Julia a elaborar um projeto de leitura para a

turma, ainda nos primeiros meses do ano letivo.

A intenção desse projeto é fazer com que as crianças aprimorem a compreensão e a

fluência leitora.
Quando o professor do ciclo de alfabetização seleciona um conteúdo de ensino a ser
trabalhado com as crianças, ele precisa decidir de que modo esse conteúdo vai ser
executado.
Esse “modo a ser executado" é compreendido como modalidade organizativa, pois
é a modalidade – a forma ou o modo – que organiza o que vai ser trabalhado com as
crianças e como isso acontecerá.

Para que se entenda melhor o que é uma modalidade organizativa,


seguem três exemplos:
ATIVIDADE PERMANENTE: Como o próprio nome já diz, é a atividade que
acontece com certa regularidade ou que sempre acontece. Essa regularidade pode
ser diária, semanal, quinzenal ou mensal.
Exemplos de atividades: rodas de conversa, exploração de calendário, registro de
rotina, leitura diária, curiosidades científica, hora da notícia (comentário de notícia da
semana).

SEQUÊNCIAS DIDÁTICA: Corresponde a um conjunto de atividades planejadas


e organizadas em uma sequência didática – em uma ordem – sem a necessidade de
haver um produto final ou uma conclusão sobre algo que estava sendo investigado.

TRABALHOS COM PROJETOS: Os projetos são elaborados e executados para


as crianças aprenderem a estudar, a pesquisar, a procurar informações, a exercer a
crítica, a duvidar, a argumentar, a opinar, a pensar, a gerir as aprendizagens, a
refletir coletivamente e precisam ser elaborados e executados com as crianças e
não para as crianças (BARBOSA; HORN, 2008, p. 34).

Outros aspectos da rotina do professor alfabetizador


Quatro crianças da turma do segundo ano da professora Julia ainda não estão na
hipótese alfabética de escrita: uma encontra-se na hipótese silábica sem valor e
três na hipótese silábica com valor.

Julia entende que as crianças da hipótese de escrita silábica com valor podem
possuir conhecimentos diferentes sobre a língua escrita.

• De que modo Julia pode investigar quais são os conhecimentos de escrita que

cada criança possui mesmo estando na hipótese de escrita igual?

• Quais mediações Julia pode realizar para que essas crianças avancem em seus

processos de alfabetização?

O professor alfabetizador, ao sondar a respeito das aprendizagens ou dificuldades

de aprender das crianças, precisa realizar uma avaliação diagnóstica dos

conhecimentos prévios delas sobre o Sistema de Escrita Alfabética.

Como realizar essa avaliação diagnóstica?

Em experiências com a alfabetização, são observados dois instrumentos de


avaliação diagnóstica:

• O ditado mudo ou autoditado (BRASIL, 2012) e


• O ditado de palavras de um mesmo campo semântico.

A partir da teoria da Psicogênese da Língua Escrita, de Emília Ferreiro e Ana


Teberosky (1986), encontra-se a fundamentação teórica para a utilização de
palavras de um mesmo campo semântico e com número de sílabas diferentes para
a realização da avaliação diagnóstica sobre a hipótese de escrita das crianças.

As avaliações diagnósticas sobre hipótese de escrita também são conhecidas no


meio escolar como “sondagem de escrita”.

Acompanhar as aprendizagens dos alunos em relação ao Sistema de Escrita


Alfabética implica a realização de diagnósticos periódicos (não só no início, mas
também ao longo do ano letivo) dos seus conhecimentos em relação à apropriação
daquele sistema e à consolidação do conhecimento das correspondências som-
grafia de nossa língua (SILVA, 2012, p.8).
O professor pode organizar um portfólio individual, ou mesmo da turma, sobre o
avanço do processo de alfabetização das crianças.

Por exemplo, pode ser usado um caderno, onde haverá a separação de algumas
folhas para cada criança, a fim de que a professora consiga colar as sondagens de
escrita e registrar comentários sobre o desenvolvimento de cada uma delas.
Dessa forma, esse caderno passará a ser um rico registro do processo de
aprendizagem e de desenvolvimento das crianças, podendo ser apresentado aos
familiares como uma documentação pedagógica.
Para compreender melhor o papel da mediação docente na aprendizagem das
crianças, é importante relembrar o conceito de zona de desenvolvimento proximal,
de Vygotsky (1984) que pode ser entendido como o espaço entre o que a pessoa já
sabe e o que a pessoa pode vir a saber por meio da mediação de alguém que saiba
mais do que ela.
Nesse contexto, há o entendimento de que ensinar é criar zonas de
desenvolvimento proximal e mediar o caminhar das crianças nessa zona, pois “o
aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe
em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam
impossíveis de acontecer” (VYGOTSKY, 1984, p. 101).
A pesquisadora Ana Teberosky (1987) estudou a importância de o professor
alfabetizador organizar as crianças em agrupamentos, de acordo com a proximidade
do nível de conhecimento delas sobre a escrita, a fim de que pudessem interagir e
refletir sobre o Sistema de Escrita Alfabética.

Surge, portanto, a pergunta: se as crianças têm conhecimentos diferentes, porém


próximos, para que organizá-las em grupos?

No contexto da heterogeneidade de conhecimento das crianças de uma mesma


turma, em que cada uma pode estar em hipóteses de escrita diferentes, o professor
precisa planejar atividades que permitam a todas as crianças avançarem em seus
processos de alfabetização. Por isso, a organização das crianças em grupos
contribui para que atividades diferenciadas sejam oferecidas às crianças de acordo
com suas necessidades de aprendizagem.
Corrobora-se a ideia de que a organização das crianças em grupos de trabalho
contribui para suas aprendizagens e que essa organização permite ao professor
circular pela sala de aula, oferecendo as mediações necessárias para que cada
criança avance em seu processo de alfabetização.

Essa organização torna-se ainda mais importante quando voltam-se as atenções


para os contextos das escolas públicas, em que se vê um grande número de
estudantes em uma única sala de aula.
RECURSOS DIDÁTICOS NA ALFABETIZAÇÃO

Os recursos didáticos disponíveis para os professores do ciclo da alfabetização são


muito valiosos no momento do planejamento das atividades a serem propostas para
as crianças, porque contribuem diretamente para o ensino sistemático da língua
escrita. Nesse contexto, o livro didático assume papel de destaque, pois ele tem sido
muito utilizado pelos professores dos anos iniciais do ensino fundamental desde
meados do século XX (FREITAG; MOTTA; COSTA, 1987; FARIA, 1984).

Como o livro didático nas salas de aula do ensino fundamental assumiu um papel de
destaque na rotina pedagógica, o Ministério da Educação criou o Programa Nacional
do Livro Didático, em 1995 (SANTOS; MENDONÇA, 2007).

Em relação à escolha do livro didático, que aspectos Julia e os demais professores


devem considerar ao analisarem os livros de algumas editoras, principalmente no
que diz respeito ao trabalho com compreensão e produção de textos?

Com as experiências na alfabetização, vê-se a utilização cada vez mais frequente


pelos professores dos jogos como um “método” para a compreensão e a aquisição
do Sistema de Escrita Alfabética.
Com os jogos, as crianças conseguem comunicar suas dúvidas e reflexões para as
outras crianças, propiciando uma interação reflexiva entre elas. Muitas vezes, são as
próprias crianças que realizam as mediações necessárias relativas às regras dos
jogos.

Há jogos de todos os tipos e de todas as formas, como:

• A Caixa de Jogos de Alfabetização, elaborada pelo Centro de Estudo em Educação


e Linguagem (CEEL), da Universidade Federal de Pernambuco.

• Conjunto de dez jogos de alfabetização, do Projeto Trilhas, elaborado pelo Instituto


Natura. Tanto o CEEL quanto o Instituto Natura realizaram parceria com o MEC para
que este pudesse disponibilizar os jogos para as escolas públicas de todo o Brasil.

Compreendendo a importância dos livros didáticos na organização da prática


pedagógica do professor e da professora, e reconhecendo que muitos deles se
distanciavam das propostas curriculares e dos projetos elaborados pelas Secretarias
de Educação, além de serem desatualizados e apresentarem erros inaceitáveis, o
MEC passou a desenvolver, desde 1995, o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD) (MORAIS, 2007, p.8).

Para ajudar as escolas na escolha dos livros didáticos, no contexto do PNLD, o MEC
organiza periodicamente um Guia de orientações.

O Guia oferece a análise de vários livros de diversas editoras.

Há obras: recomendadas, recomendadas com ressalvas e não recomendadas. Essa

avaliação é feita por especialistas, os quais se pautam nos seguintes princípios

gerais:

O desenvolvimento da linguagem oral e a apropriação e desenvolvimento da

linguagem escrita, especialmente no que diz respeito a demandas básicas oriundas,

seja de situações e instâncias públicas e formais de uso da língua, seja do próprio

processo de ensino-aprendizagem escolar.


O pleno acesso ao mundo da escrita e, portanto, às práticas de letramento
associadas a diferentes formas de participação social e ao exercício da cidadania.
Os objetos específicos de Língua Portuguesa configuram-se como essencialmente
procedimentais, envolvendo quatro eixos básicos de ensino-aprendizagem: 1.
leitura; 2. produção de textos; 3. oralidade; 4. análise e reflexão sobre a língua, com
a construção correlata de conhecimentos linguísticos (BRASIL, 2015, p.13-14).

O Guia PNLD 2016 (BRASIL, 2015) ajuda a refletir sobre quais aspectos devem
estar presentes nos livros didáticos do 1º ao 3º ano, relativos à leitura e à produção
de textos escritos e orais e aos conhecimentos linguísticos.

No contexto do letramento digital, os recursos digitais na alfabetização ganham


importância, pois entende-se que o processo de alfabetização e de letramento
alfabético pode acontecer simultaneamente ao processo de letramento digital.

Os recursos digitais contribuem com o processo de alfabetização das crianças, ao

mesmo tempo em que promovem o letramento digital delas. Tais recursos devem

ser considerados como recursos didáticos importantes, ao lado de outros como os

jogos de alfabetização e os livros didáticos.

É preciso salientar que não há um único recurso didático mais importante no

processo de alfabetização. Quanto maior for a variedade dos recursos, maior será o

acesso das crianças às atividades, as quais promovem a reflexão sobre a língua

escrita.

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