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PARTE I
I. Periodificação Adotada pelos Profs. Ruy e Martim de Albuquerque
Período Pluralista (1140-1415) – várias fontes de Direito
Período Monista (1415-Hoje) – Estado concentra em si o poder
legislativo
PARTE II
I. Justiça
Na época medieval, a justiça era o fundamento da vida social e tudo o que existe
tem origem divina (acima do mundo dos Homens está o mundo de Deus), assim,
esta era mais importante que a própria noção de direito (mera ferramenta na busca
da justiça).
Também se entendia que a salvação das almas era a maior prioridade e só poderia
ser concretizada através da virtude (hábito de praticar o bem). Ao invés, existe o
vício, o hábito de praticar o mal. Assim, entende-se que a virtude era uma garantia
da própria justiça e esta acabava por ser a defesa do bem comum.
X. Direito Canónico
O Direito Canónico é um conjunto de normas jurídicas relativas à Igreja, ou seja, é
um complexo de cânones aprovados, estabelecidos ou propostos pela Igreja, sendo
que a divisão das suas fontes segundo os modos de formação pode ser em fontes
essendi (causas, origem e autoria das normas) e segundo modos de revelação
fontes cognoscendi (textos ou documentos onde se regista o direito).
Fontes Essendi
Sagradas Escrituras (Bíblia) – engloba o Antigo Testamento
(preceitos cerimoniais, judiciais e morais) e o Novo Testamento (faz-
se o decalque do direito divino, ou seja, o direito revelado por Deus,
do direito divino-apostólico, ou seja, o desenvolvimento pelos
apóstolos do direito divino, e do direito apostólico, ou seja, normas
criadas pelos apóstolos;
Tradição – conhecimento translático, escrito ou oral, que se transmite
pelas gerações, podendo ser inhesiva (explicitamente nas Sagradas
Escrituras), declarativa (implicitamente nas Sagradas Escrituras) e
constitutiva (posterior às Sagradas Escrituras);
Costume – usos próprios da comunidade eclesiástica, tendo de ter
antiguidade, racionalidade e consensualidade
Decretos – normas que o Papa determina por conselhos de cardeais
sem que qualquer questão lhe tenha sido colocada, para eliminar
cânones discordantes;
“Corpus Iuris
Canonici” Decretais – normas que o Papa determina sozinho ou com os
cardeais para um questão que lhe tenhha sido colocada, destinada à
generalidade dos fiéis (Decreto Geral) ou a um círculo limitado de fiéis
(Decreto Especial);
Cânones – determinações feitas pelo Papa em concílio (assembleias
eclesiásticas alargadas) ou em cúria (assembleias restritas), para
emitir leis com força obrigatória para a Igreja;
Doutrina – trabalho interpretativo dos juristas, sendo que os doutores
canonistas dividiam-se em decretistas (escrevem sobre o Decreto de
Graciano) e decretalistas (escrevem sobre decretais). Com a aliança
entre a lei secular e a lei canónica surge o “Utrumque Ius” (produto
da separação da concorrência ou rivalidade das duas grandes ordens
jurídicas medievais);
Concórdias – acordos celebrados entre rei e clero nacionais
(natureza local);
Concordatas – acordos entre rei e Santa Sé, representada pelo Papa,
ou seja, acordos de caráter internacional para estabelecer direitos e
obrigações de cada uma das partes envolvidas.
Cúria de Coimbra (1211) – integração do direito canónico em Portugal, que
levou à supremacia na aplicação nos tribunais com força obrigatória geral.
Beneplácito Régio – insituto jurídico que limita a aplicação do direito canónico,
visto que, D. Pedro I, ao criá-lo, pretendia instituir que as regras apostólicas só seriam
publicadas através da aprovação do rei. Assim sendo, ocorreu uma contestação por
parte do clero, que foi colmatada por D. Pedro I ao argumentar que este garantia a
autenticidade dos textos canónicos e evitava a entrada de letras apostólicas falsas. Após
múltiplas diligências por parte da Igreja para a revogação pelos monarcas portugueses,
apenas com D. João II foi efetuada esta revogação.
Costume – fonte de direito de geração espontânea, que surge e se desenvolve
fora da atividade e da fiscalização do Estado, protegendo as liberdades e direitos do
povo face aos abusos das classes mais priviliegiadas (direito não escrito). Quanto ao
valor jurídico do costume, na falta de lei, este aplicava-se como lei, podendo funcionar
como intérprete da lei e ser integrado nas lacunas dos foros, corrigi-los e revogá-los.
Requisitos:
Antiguidade – tinha que ser plural e antigo, para ter caráter de prática reiterada,
repetida e condição de obrigatoriedade (10 anos);
Racionalidade – conforme direito natural;
Consensualidade – tinha de ter o consenso da comunidade e do legislador.
XIX. A Realeza
Os reis iniciaram uma luta para se tornarem monopolistas do poder, em que o
príncipe é livre da lei e a sua vontade tem força de lei, sendo que a sua atividade
legislativa aumentou com o Direito Romano.
Por outro lado, o rei administrava a justiça, estatuía o direito e aplicava-o (fonte
última e exclusiva da juridicidade) mas, no entanto, estava subordinado à lei divina
e ao Direito Natural.
Através da ideia de S. Paulo de que rei é o vigário de Deus, foi possível concluir que
Deus não só é dono do reino como também executa na Terra a vontade de Deus
(pautar pela conduta divina e prestar contas a Deus). Em Portugal, a fórmula vigário
de Deus aparece como fim a cumprir, sendo que o rei tem de cumprir o direito e a
justiça, ser exemplo de Deus e prestar contas. Assim, surge o officium, que indica
que o rei tem de agir de acordo com o objetivo da sua existência (realização do bem
comum).
Cúria Régia – junção dos grandes oficiais da Coroa, familiares e magnatas
eclesiásticos e seculares à governação do rei (Cúria do Conde D. Henrique).
Oficiais de Coroa – mordomo-mor, alferes-mor, escriba, notário régio e vedor (fim
do reinado de D. Afonso Henriques).
Sucessão Régia – a transmissão do poder na Alta Idade Média fazia-se através de
herediatariedade (o sangue como facto designativo) e eleição (povo escolhe o
príncipe). Em Portugal, optou-se pela sucessão hereditária, sendo que na bula em
que o Papa reconhece o novo reino, afirmou-se o princípio da hereditariedade
(preferência da linha masculina e da primogenitura).
Investidura Régia – ato pelo qual o poder passa de um governante para outro,
sendo que a cerimónia se chama levantamento (ratificação dos direitos do novo rei).
Em Portugal, a autoridade do rei é tão abstrata que não a concebe com a separação
dos símbolos representativos: espada (vitória sobre os inimigos); ceptro
(autoridade). O ato de elevação mais importante foi o juramento régio, em que o rei
se compromete a guradar os foros, usos e costumes do reino, governar bem os
povos e ministrar-lhes a justiça.
XX. As Cortes
As Cortes tiveram origem na Cúria Régia, que era o órgão consultivo do rei em
matéria administrativa e judicial, sendo o mais alto tribunal do país, sendo que, em
1385, o rei já fora designado pelas Cortes.
As sessões podiam ser restritas e em permanência (rei, membros da família real,
grandes oficiais régios e magnatas eclesiásticos e civis – cúria ordinária, que é a
base de conselho do rei, com funções administrativas e judiciais) ou alargadas e
especiais (convocadas pelo rei para assuntos de maior importância – cúria
extraordinária, que é a base das Cortes, com funções políticas e legislativas).
As Cortes eram os parlamentos, assembleias convocadas pelo rei, com pessoas por
ele escolhidas e para fins por ele marcados, servindo apenas para o aconselhar e
não para limitar a sua atuação, com regularidade, nomeadamente para votar
impostos. Em Portugal, as Cortes surgiram após a assembleia de Leiria de 1254,
em que D. Afonso III teve o auxílio de bispos, próceres, prelados, ordens militares e
homens bons dos concelhos do reino, sendo que, nas Cortes de 1261, os
representantes do povo exerceram direito em matéria tributária.
PARTE II
I. A Lei
Na primeira parte do período monista, a lei passa a ser um preceito autoritário e
norma/regra obrigatória imposta pela vontade do superior (imperador, reis, príncipes
e comunidades não submetidas ao império), sendo que a lei, para ser válida,
necessita de obedecer a certos requisitos. Em matérias de índole financeira e
tributária, a lei é prerrogativa das Cortes, ou seja, admite-se que algumas leis são o
cerne da sociedade e do aparelho político, não podendo ser derrogadas ou
alteradas, chegando-se então à noção de lei fundamental, verdadeiro precedente da
lei constitucional.
O fortalecimento da posição do legislador atinge o seu cume com D. José I, sendo
que a lei passa a depender da vontade do legislador, podendo este pôr as condições
que quiser.
Forma de Redação:
Cartas – duravam mais de 1 ano e utilizava-se o nome próprio;
Alvarás – tinham força de lei, efetuam-se dentro do ano e utiliza-se o nome
do soberano;
Provisões – diplomas expedidos pelos tribunais;
Decretos – não levavam no princípio o nome do rei, dirigiam-se a ministro ou
tribunal e estabeleciam coisa singular a respeito de pessoa /negócio ou
interpretar a lei;
Cartas Régias;
Resoluções – determinações do rei, em que ele respondia às consultas que
os tribunais lhe faziam;
Portarias e Avisos dos Secretários de Estado – ordens expedidas por estes
em nome do rei.
Requisitos:
Observância do bem comum (justiça da norma);
Em Portugal, Diogo Lopes Rebelo indica que a lei deve ser honesta, justa e
possível conforme à natureza (final do século XV).
Condições para uma lei ser fundamental (D. Rodrigo Pinheiro):
Fim tem de ser o bem comum;
Agente não pode exceder autoridade do legislador;
Matéria não pode proibir a virtude;
Forma: na concessão de honras e imposição dos encargos a lei guarda
proporção que se observa nos súbditos.
Distinção de Luís Cerqueira:
Tirano Quod Titulum – leis não têm legislador legítimo e não obrigam em
consciência;
Tirano Quod Dominium – leis ordenadas por tirano e justas obrigam em
consciência.
Publicação – registo nos livros da Chancelaria Régia e notificação a certas autoridades.
Nas Ordenações Manuelinas, o Chanceler Mor tinha de publicar as leis e nas
Ordenações Filipinas o Chanceler Mor tinha de publicar as leis no próprio dia da emissão
e enviá-las aos Corregedores. Os principais tribunais tinham registos próprios,
nomeadamente a Casa da Suplicação com o Livro de Posses e Livrinho da Relação, e
a Casa do Cível com os Livros das Esferas.
Vigência – efetividade no país após 3 meses da publicação na Chancelaria da Corte.
Dispensa de Lei – como a lei é uma manifestação da vontade do príncipe, este pode
isentar/dispensar o seu cumprimento, sendo o requisito para tal a justa causa
(racionalidade e realização do bem comum).
Regimento Quatrocentista da Casa da Suplicação – simples escrito particular com
regulamentação interna do mais alto tribunal do país. Está dividido em duas partes:
competência orgânica e funcional da Casa da Suplicação e alegações gerais para julgar.
O autor do regimento indica que o rei mandava pôr nas sentenças a lei, ou dito de
Bártolo, declaração ou lei do reino.
II. Ordenações
As ordenações são compilações ou coletâneas das leis do reino que tinham como
objetivo acentuar a prevalência da lei face a outras fontes de Direito, não
obedecendo a uma ordem sistemática de organização, chegando a ter leis
contraditórias enão obedeciam a 3 requisitos para serem considerados um código:
científico, sistemático e sintético.
- Ordenações Afonsinas -
Estas ordenações tinham um total de 5 livros: I. Cargos Públicos; II. Igreja, clérigos,…;
III. Processo Civil; IV. Direito Civil; V. Direito Penal. Também havia uma distinção entre
o I e os restantes Livros.
D. João I encarregou João Mendes da ordenação das leis mas, após a morte deste
último, o Doutor Rui Fernandes concluiu a obra em 1446, sendo o Infante D. Pedro quem
as mandou rever. Por sua vez, em 1447, o trabalho de revisão foi concluído.
Nestas ordenações, o Livro I foi escrito num estilo legislativo (forma de redigir a lei como
se estivesse a ser criada naquele momento, sendo um estilo mais perfeito do ponto de
vista técnico). Por outro lado, os restantes Livros foram escritos num estilo compilatório
(transição da norma jurídica, incluindo versões anteriores, comentários e anotações,
sendo um estilo mais perfeito do ponto de vista histórico).
Estas ordenações tiveram grande importância pois revestiram a tentativa de reduzir o
direito pátrio a um corpo devidamente sistematizado e ordenado.
Fontes:
1. Principais – lei do reino, estilo da Corte e costume antigamente utilizado no
reino. Caso não resolvessem o caso, recorrer-se-ia às fontes subsidiárias.
2. Subsidiárias – o Alvará de 1425 levou à redefinição do sistema de fontes
subsidiárias, sendo que D. João I valorizou a Opinião de Bártolo devido à Carta
Régia de 1426. O Regimento da Casa da Suplicação deu prioridade ao direito
nacional face ao Direito Romano e ordenou os valores das opiniões de Acúrsio
e Bártolo. Deste modo, iniciava-se conjuntamente com o Direito Canónico e
Direito Romano, remetendo para o Utrumque Ius, sendo que o Direito Canónico
tratava de questões espirituais e temporais de pecado, e o Direito Romano
tratava de questões temporais, exceto se, contrariando o Direito Canónico,
originasse matéria de pecado. Se estas fontes não resolvessem, passaríamos à
Glosa de Acúrsio e, caso também não resolvesse, à Opinião de Bártolo,
independentemente da opinião contrárias dos outros doutores (primazia face à
opinião destes), pois era algo já usado. Se a Opinião de Bártolo não determinar
o caso, aplicava-se a resolução régia, que valeria para casos futuros
semelhantes.
- Ordenações Manuelinas -
D. Manuel confiou a vários jurisconsultos o trabalho de reformar e ampliar as
Ordenações. Em 1512/13 foram redigidos os Livros I e II por Valentim Fernandes e em
1514 todos os 5 Livros por Pedro de Bonhomini. Por fim, em 1521, D. Manuel ordena a
revisão definitiva e impressa.
Quanto à técnica legislativa utilizada, houve um progresso pelo facto dos preceitos
terem sido redigidos em estilo decretorial, Estas seguem as Afonsinas dos pontos de
vista sistemático e de conteúdo e diferenciam-se pela supressão de disposições que já
não vigoravam e pela introdução de outras. Existem 2 versões destas ordenações
devido à expulsão dos mouros de Portugal e devido à evolução da dinâmica legislativa
acelerada nessa época. Esta evolução levou à criação da Legislação Extravagante (leis
não incluídas nos grandes corpos legais, mas com força de lei).
Fontes:
1. Principais – mantiveram;
2. Subsidiárias – introduziram a opinião comum dos doutores como critério filtro
de utilização e de tutela da Glosa de Acúrsio (apenas utilizada se não pudesse
ser contrariada opinião comum dos doutores proferida em momento posterior à
Opinião de Bártolo, sendo uma limitação à mesma) e da Opinião de Bártolo.
Outra alteração, recaiu sobre o Direito Canónico e o Direito Romano, deixando-
se de utilizar a distinção entre questões de natureza espiritual e temporal para
determinar a sua aplicação em concreto. Assim, o critério de pecado era a forma
de prevalência do Direito Canónico sobre o Direito Romano.
- Ordenações Filipinas -
Com a criação da Relação do Porto, Lei da Reformação da Justiça e reforma das
Ordenações, D. Filipe I renovou o campo do Direito. Em 1595, as ordenações estavam
terminadas e, em 1603, viram a sua vigência em Portugal com Filipe II de Portugal.
Estas Ordenações mandavam cessar todas as leis extravagantes menos as
Ordenações da Fazenda, Artigos das Sisas e leis do Livro da Casa da Suplicação. Não
obstante, com a reforma filipina, houve necessidade de cortar a ligação entre poder
temporal (Direito Romano) e poder espiritual (Direito Canónico).
As principais fontes principais e subsidiárias mantiveram-se, mas introduziram-se
conceitos mais específicos que recaiam sobre o estilo da Corte, que passou a ter
correspondência com o costume judiciário (prática reiterada nos tribunais superiores e
seguiram, posteriormente, pelos tribunais inferiores), tinha de ser plural (usado por mais
de um tribunal), antigo (pelo menos 10 anos) e conforme à razão e à lei. Para ser fonte
principal, o costume tinha de ser plural, antigo (mais de 100 anos) e conforme à razão
e à lei. As fontes hierárquicas mantiveram a sua hierarquia, menos a Opinião de Bártolo,
que ficou mais reforçada devido à valorização das suas opiniões na prática jurídica.
Estas ordenações eram uma cópia atualizada e retocada, mas, por vezes, o trabalho
dos compiladores foi pouco claro, sendo que não ficou isento de contradições e falta de
inovação fizeram com que estes defeitos fossem denominados “filipinos”.
- Código Penal –
No século XIX, o Direito Penal português tinha na sua base no Livro V das
Ordenações Afonsinas (delitos e penas). A pena de morte era muito utilizada, sendo
que, a prisão, tinha caráter preventivo, podendo ser natureza repressiva. As penas
são de aplicação desigual conforme a condição social do réu e até mesmo
transmissíveis e, não obstante, a tortura é admitida como prova, começando-se a
legislar para colmatar estas situações.
A pena deve ser conforme aos casos, sendo que uma lei de 1606, uma carta de lei
de 1639 e um Decreto de 1668 (é mais favorável a brevidade na imposição da pena),
complementando-se em 1671 (linha do absolutismo político
Também é possível afirmar que houve um- a grande influência do Humanitarismo
Jurídico na execução das penas (abertura a novas doutrinas), sendo que em 1759
já existiam disposições,
Freire de Mello critica o estado caótico da legislação e o obscurantismo da lei, que
não garante a univocidade da sua interpretação (ordenações são condenadas,
rejeitando formas gravosas de reação social). Em 1821, nomeou-se uma comissão,
com sede em Coimbra, para elaborar “Código de Delitos e Penas e da Ordem do
Processo Criminal.
Em 1836 foi introduzida a pena de morte mas, a sua vigência só será quando as
Cortes Gerais não aprovarem um projeto melhor (caráter de transitoriedade). Devido
ao constante fracasso, em 1845 uma comissão foi encarregue de redigir os projetos
do Código Civil e Penal mas, pela mesma razão, em 1853 foi elaborada uma nova
comissão, para o código ser revisto e aperfeiçoado.
À reforma de 1867, associa-te à Reforma Penal (1884) e, em 1886, foi elaborado o
Código Penal.
- Código Civil –
Em 1821 foi constituída uma comissão de justiça civil e foi oferecido às Cortes um
projeto de Bentham. Em 1822, Bastos apresentou às Cortes um código que devia
ser dividido em duas partes (código civil e processo civil) mas, com a Vilafrancada,
a dissolução das Cortes deitou por terra o concurso.
Coelho da Rocha descreve as insuficiências das reformas pombalinas, que
pretenderam substituir o método analítico ligado às tradições da escolástica e o
método de ensino ligado à prática jurídica.
Em 1826, procedeu-se a uma tentativa de elaboração de um Código Civil, nomeando
uma comissão que publicou, em 1827, o seu parecer seguido de um projeto de lei
(moroso).
Em 1828, a legislatura terminou com a reação dos absolutistas, retomando o
assunto através de projeto de lei preparado por uma comissão parlamentar de
legislação, atribuindo prémios pecuniários a quem apresentasse um novo projeto
até 1837. No entanto, tal foi sancionado por D. Maria em 1835.
Em resposta, Correa Telles apresentou às Cortes um projeto de Código Civil, que
acabou por ser remetido à comissão de legislação. Em 1845, foi constituída uma
comissão para redigir os projetos dos códigos civil e penal. Em 1867, deu-se a
elaboração do primeiro Código Civil português e a sua aprovação e publicação.
- Direito Processual –
Este direito é consequência da necessidade de dirimir conflitos resultantes da
violação do direito substantivo ou da insusceptibilidade de determinar o seu real
alcance. Com a Reforma Judiciária de 1832, Nova Reforma Judiciária em 1837,
Novíssima Reforma Judiciária de 1841, contêm disposições relativas à organização
judiciárias (tribunais). Em 1876 surge o primeiro Código de Processo Civil.