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Fraude à Credor

A fraude contra credores, pode ser também denominada de fraude paulatina, tratasse de um instituto
do Direito Material e está disposto nos artigos 158 ao 165 do Código Civil de 2002. Conceitua-se fraude
contra credores como sendo a pratica delituosa do devedor que encontrando-se em insolvência ou na
iminência de ser tornar insolvente, aliena, transfere de modo gratuito ou oneroso seus bens, tendo como
objetivo impossibilitar que seu patrimônio seja utilizado pelos credores para quitar suas dívidas. É
válido salientar, que o patrimônio do devedor responde pelas suas dívidas.
Portanto, se o devedor alienar o seu patrimônio, automaticamente o credor não conseguirá cobrar o seu
crédito, visto que, o pagamento da dívida é o patrimônio do credor. Dessa forma, ao diminuir o seu
patrimônio o devedor se torna insolvente, pois não tem patrimônio suficiente para se garantir o
pagamento de suas dívidas. Para evitar que isso aconteça, o credor irá ajuizar uma ação denominada
Ação Paulina ou Revocatória, com o intuito de anular os atos fraudulentos cometidos pelo devedor. Ao
anular esses atos, os bens do devedor retornam para o seu patrimônio para que ocorra o pagamento de
suas dívidas.
Existem dois requisitos essenciais para verificar se aconteceu fraude contra credores, são eles:
Eventus Damni e Consilium Fraudis.
1°) Eventus Damni (dano): fica caracterizado quando o ato fraudulento, que se pretende
anular, causou a insolvência do devedor e trouxe prejuízo ao recebimento do crédito do credor.
O importante é comprovar que os atos de alienação dos bens, realizados pelo devedor, causaram
insolvência e que por este motivo, houve a frustação do credor em receber o seu crédito.
2°) Consilium Fraudis: é a intenção fraudulenta bilateral (entre alienante e adquirente). O
devedor age de má-fé transferindo seus bens e o adquirente desses bens também age de má -fé,
visto que, tem ciência, ou deveria ter, da insolvência do devedor. As partes agem de forma
fraudulenta, com o objetivo de fraudar o credor.
É válido salientar, que o art. 159 do CC prevê duas possibilidades do Consilium Fraudis, ou
seja, a má-fé, vejamos o que dispõe referido artigo: “Serão igualmente anuláveis os contratos
onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser
conhecida do outro contratante”.

As duas possibilidades tratam-se de quando:

- a insolvência for notória, portanto, quem adquiriu sabia da situação e agiu em conluio;

- houver motivo para ser conhecida de outro contratante, como por exemplo, venda realizada a
irmão, parente próximo.
Fraude a Execução
Fraude à execução é um ato de maior gravidade, visto que, é cometida no curso do processo de execução
e confronta de modo direto a autoridade da jurisdição, e por essa razão deve ser eliminado. Nesse tipo
de fraude, fica nítido o intuito do devedor de prejudicar o credor, visto que, o devedor começa a praticar
fraudes com o intuito de viabilizar o sucesso da demanda, já com a ação de execução em andamento,
este transfere seus bens, que deveriam ser entregues ao credor, não dispondo de outros bens passiveis
de penhora, consequentemente, lesando o credor, uma vez que não possuirá mais bens que possam
quitar o crédito. O instituto da fraude à execução está atualmente disposto na Lei n° 13.105/2015,
código de processo civil.
É válido salientar, que a fraude de execução está tipificada como crime, como prevê o art. 179 do Código
Penal, que dispõe: “Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou
simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa”.

Fraude à execução X Fraude contra credores

Diante das informações acima, é preciso, sempre, distinguir a fraude à execução da fraude contra
credores. Vejamos, portanto, algumas diferenças, fraude contra credores é um instituto do direto
material, estando previsto no código civil. Compõe-se de atos realizados pelo devedor, que tem por
objetivo prejudicar o credor em tempo futuro, é caracterizado pelos pressupostos do Eventus Damni e
Consilium Fraudis, ocorrendo antes do ajuizamento da ação competente, aqui o devedor dispõe seus
bens a título gratuito ou oneroso impossibilitando que seu patrimônio seja utilizado pelo credor pra
sanar sua dívida, porém, esses atos realizados em fraude contra credores podem ser anulados mediante
uma ação apropriada, denominada de ação pauliana que tem como objetivo preservar e defender os
direitos do credores. Os bens somente poderão retornar ao patrimônio do devedor e ficando sujeitos à
penhora, depois de julgada procedente a ação pauliana.
A fraude à execução é regida pelo direito processual civil, este tipo de fraude também abrange lesões
aos interesses do credor, este tipo de fraude realiza-se no curso de um processo que está em fase de
execução. No que tange ao vício social, o maleficio é do credor. É válido salientar, que o referido,
fraude acarreta em dano à coletividade, considerando-se ato atentatório à dignidade da justiça.

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