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A INTEGRAÇÃO

DA PSICANÁLISE
COM AS
NEUROCIÊNCIAS

ALEXANDRE GODINHO
INTRODUÇÃO

Cé r e b r o e p e r s o n a l i d a d e s ã o
inextricáveis (não dissociáveis,
inseparáveis), o que torna claro que
o objeto de estudo da psicanálise
está de algum modo ligado ao objeto
de estudo das neurociências.
O primeiro pesquisador a explorar
essa relação foi o próprio Freud.
FREUD E A MEDICINA INTERNA
Independentemente dos seus correlatos clínico-
anatômicos, Freud concluiu que as síndromes psicológicas
precisavam ser descritas e explicadas em seus próprios
termos psicológicos.
O ASPECTO
TOPOGRÁFICO DAS
NEUROSES
Era óbvio para Freud que os fatores
essenciais na etiologia e os
mecanismos das neuroses originavam-
se de dinâmicas funcionais complexas
e que, portanto, nunca poderiam ser
localizados anatomicamente.
FREUD EM “A
INTERPRETAÇÃO
DOS SONHOS (1900)

"Desprezarei inteiramente o fato de que o mecanismo mental em que estamos aqui


interessados também nos é conhecido sob a forma de preparação anatômica e evitarei
cuidadosamente a tentação de determinar a localização psíquica por qualquer modo
anatômico. Permanecerei no campo psicológico e proporei simplesmente seguir a sugestão
de que devemos representar o instrumento que executa nossas funções mentais como
semelhante a um microscópio composto, a um aparelho fotográfico, ou a algo desse tipo.
Nessa base, a localização psíquica corresponderá a um ponto do aparelho em que surge
uma das etapas preliminares de uma imagem. No microscópio ou no telescópio, como
sabemos, isso ocorre em pontos ideais, em regiões nas quais não se acha situado nenhum
componente tangível do aparelho."
ANDAIMES E
CONSTRUÇÃO
Freud reconheceu, durante toda a
sua vida científica, que o modelo
do aparelho mental que criara para
justificar suas observações clínicas
era um construto provisório, um
sistema de relações funcionais que
deveria estar representado de
algum modo nos tecidos do
cérebro.
FREUD EM 1939
(ano de sua morte)
"A topografia psíquica que aqui desenvolvi
nada tem a ver com a anatomia do cérebro e,
na realidade, entra em contato com ela
apenas num ponto.

O que é insatisfatório nesse quadro – e estou


ciente disso tão claramente quanto qualquer
um – se deve à nossa completa ignorância da
natureza dinâmica dos processos mentais”.
O PAI DA NEURODINÂMICA
A fim de identificar as diferentes partes que,
juntas, compõem os sistemas funcionais
complexos do aparelho mental humano,
Alexander Luria criou um novo método de
correlação clínico-anatômica, conhecido como
“localização dinâmica”.
O método de Luria marca um passo
importante para o futuro, porque possibilita
identificar a organização neurológica de
qualquer função mental, não importa quão
complexa seja, sem contradizer os
pressupostos fundamentais sobre os quais a
psicanálise foi construída.
A TESE DE LURIA
A maioria dos pesquisadores que examinaram
o problema da localização cortical entendeu o
termo função como significando a “função de
um tecido particular”. [...] É perfeitamente
natural considerar que a secreção da bile é
uma função do fígado e a secreção de insulina
é uma função do pâncreas. É igualmente lógico
considerar a percepção da luz como uma
função dos elementos fotossensíveis da retina
e dos neurônios altamente especializados do
córtex visual associados. [Vocês lembrarão,
este era o tipo de função que Freud acreditava
que podia ser localizada.]
A TESE DE LURIA
Entretanto, essa definição não satisfaz todos os
usos do termo função. Quando falamos da
“função de respiração”, isto, evidentemente,
não pode ser entendido como a função de um
tecido particular. O objetivo final da respiração
é fornecer oxigênio para que os alvéolos dos
pulmões o transportem para o sangue através
de suas paredes. Todo o processo é realizado
não como uma simples função de um tecido
particular, mas, antes, como um sistema
funcional completo, reunindo muitos
componentes pertencentes a diferentes níveis
dos aparelhos secretor, motor e nervoso.
A FUNÇÃO Com base na
DO SONHO pesquisa sobre
sonhos, propomos
um modelo da
função do sonhar em
que cada detalhe é
acessível à
verificação empírica
por uma variedade
de métodos
neurocientíficos.
CONSIDERAÇÕES

A “neuro-psicanálise". Pode ser


considerada uma nova escola
psicanalítica?

As idéias de Freud têm algo a ver com


isso? As neurociências têm avançado
significativamente, sob mercê de
modernos recursos tecnológicos -
principalmente os de imagens cerebrais
e de estudos de lesões e experimentos
neurológicos.
BIBLIOGRAFIA:
Houzel, H.S. - O cérebro Nosso de cada dia, 4ª. ed.
Viera & Lent, 2002.
Persicano, M.L.S. - Criatividade e Subjetivação do
cérebro e arte na criação humana. Em Psicanálise,
Arte e Estética. Organizadora Giovanna Bartucci.
Imago, 2002.
Soussumi, Y. - Neuropsicanálise - A busca do
Intercâmbio entre Neurociência e a
Psicanálise. Revista Brasileira de Psicoterapia 3,
2001.

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