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ATIVIDADE ESCRITA 3 AUTOR

DISCUTIDO: PIERRE BOURDIEU

Nome: Maria Luiza Azevedo Simão


Curso: Química

Prezados e prezadas,
Para esta atividade será necessário reunir elementos para além da aula. São eles:
Texto Básico e o Filme Que Horas ela volta.
Total de pontos: 15

Com base no texto indicado


https://www.scielo.br/j/es/a/wVTm9chcTXY5y7mFRqRJX7m/?format=pdf&lang=pt
aulas e no filme “Que horas ela volta? (2015) https://www.youtube.com/watch?
v=qFHhD_0u4ak responda as questões:

Texto de apoio para pesquisa:


https://periodicos.unesc.net/ojs/index.php/pedag/article/view/7247/6151

1- Explique a contribuição de Bourdieu para a Sociologia da Educação (2 pontos)


De acordo com o autor, a grande contribuição da Sociologia da
Educação de Pierre Bourdieu foi a de ter fornecido as bases para um
rompimento frontal com a ideologia do dom e com a noção moralmente
carregada de mérito pessoal. A partir de Bourdieu, tornou-se
praticamente impossível analisar as desigualdades escolares
simplesmente como frutos das diferenças naturais entre os indivíduos.
Além disso, Bourdieu desenvolveu uma análise crítica da relação entre
herança familiar e desempenho escolar, mostrando como a escola
reproduz e legitima as desigualdades sociais. No entanto, o texto
também aponta para as limitações dessa abordagem quando se busca
a compreensão de casos particulares

2- Defina Capital econômico, Capital Social e Capital Cultural ( em suas três formas) a
partir de exemplos do filme (2 pontos)
O capital econômico é um dos componentes objetivos da bagagem
familiar que pode ser posta a serviço do sucesso escolar. Ele é definido
em termos dos bens e serviços a que ele dá acesso. Em outras
palavras, o capital econômico se refere à riqueza material que uma
família possui e que pode ser utilizada para garantir melhores
condições de vida e de educação para seus membros. No contexto da
Sociologia da Educação de Bourdieu, o capital econômico pode ser um
meio auxiliar na acumulação do capital cultural, permitindo o acesso a
determinados estabelecimentos de ensino e a certos bens culturais
mais caros, como as viagens de estudo. No entanto, o benefício escolar
extraído dessas oportunidades depende sempre do capital cultural
previamente possuído.
1. Capital financeiro: Refere-se aos recursos financeiros disponíveis
para investimento e geração de renda. Isso inclui dinheiro, ativos
financeiros, como ações e títulos, bem como recursos obtidos por meio
de empréstimos ou financiamentos.
2. Capital humano: Refere-se ao conjunto de habilidades,
conhecimentos, experiência e capacidades de trabalho de um
indivíduo. O capital humano é construído por meio da educação,
treinamento e experiência profissional e desempenha um papel
fundamental na capacidade de uma pessoa contribuir para a economia
e gerar renda.
3. Capital social: Refere-se à rede de relacionamentos sociais,
conexões e interações de uma pessoa ou organização. O capital social
envolve o valor das relações e a capacidade de aproveitar essas
conexões para obter benefícios econômicos, como oportunidades de
negócios, acesso a recursos e informações.
o capital social é outro componente objetivo da bagagem familiar que
pode ser posta a serviço do sucesso escolar. Ele é definido como o
conjunto de relacionamentos sociais influentes mantidos pela família.
Em outras palavras, o capital social se refere às redes de contatos e
relações que uma família possui e que podem ser utilizadas para
garantir melhores condições de vida e de educação para seus
membros. No contexto da Sociologia da Educação de Bourdieu, o
capital social pode ser um instrumento de acumulação do capital
cultural, uma vez que pode proporcionar acesso a informações e
recursos que não estão disponíveis para todos.
1. Capital social estrutural: Refere-se aos recursos sociais que um
indivíduo ou grupo possui por meio de suas conexões com estruturas e
organizações sociais. Isso inclui afiliação a grupos comunitários,
associações, organizações profissionais e outras redes sociais formais.
2. Capital social relacional: Diz respeito aos recursos sociais que um
indivíduo ou grupo obtém por meio de relacionamentos pessoais, como
amizades, laços familiares, parcerias de negócios e outras formas de
interação social. Esse tipo de capital social é baseado em confiança,
cooperação e reciprocidade entre as pessoas.
3. Capital social cognitivo: Refere-se aos recursos sociais que um
indivíduo ou grupo obtém por meio do conhecimento, habilidades e
informações compartilhadas em uma determinada rede social. Isso
inclui acesso a informações, conhecimentos especializados e
capacidades cognitivas que são valorizadas em determinados
contextos sociais.
O capital cultural é o elemento da bagagem familiar que teria o maior
impacto na definição do destino escolar. Ele é definido como o conjunto
de conhecimentos, habilidades e disposições que uma pessoa adquire
ao longo da vida, por meio da socialização familiar e escolar. O capital
cultural pode ser dividido em três formas: o capital cultural
institucionalizado, formado basicamente por títulos escolares; o capital
cultural objetivado, que se refere a objetos culturais como livros, obras
de arte, instrumentos musicais, entre outros; e o capital cultural
incorporado, que se refere aos conhecimentos, habilidades e
disposições que uma pessoa adquire e internaliza ao longo da vida. No
contexto da Sociologia da Educação de Bourdieu, a posse de capital
cultural favoreceria o desempenho escolar na medida em que facilitaria
a aprendizagem dos conteúdos e códigos escolares. As referências
culturais, os conhecimentos considerados legítimos (cultos,
apropriados) e o domínio maior ou menor da língua culta, trazidos de
casa por certas
crianças, facilitariam o aprendizado escolar na medida em que
funcionariam como uma ponte entre o mundo familiar e a cultura
escolar.
1. Capital Cultural Incorporado: O capital cultural incorporado se refere
às habilidades, conhecimentos e competências adquiridos por meio da
educação formal e da socialização. No filme, a personagem principal,
Val, é uma empregada doméstica que não teve acesso à educação
formal, mas demonstra uma grande capacidade de trabalho,
habilidades de organização e uma compreensão intuitiva das dinâmicas
sociais.
2. Capital Cultural Objetivado: O capital cultural objetivado diz respeito
aos objetos e recursos culturais que uma pessoa possui, como livros,
obras de arte, instrumentos musicais, entre outros. No filme, a
personagem Val trabalha na casa de uma família rica, que possui uma
série de objetos e artefatos culturais que refletem seu alto status social,
como uma vasta biblioteca e uma casa espaçosa.
3. Capital Cultural Institucionalizado: O capital cultural institucionalizado
é adquirido por meio do reconhecimento e legitimação por parte das
instituições sociais, como escolas, universidades e outros espaços de
prestígio. No filme, a personagem Jéssica, filha de Val, representa uma
mudança na dinâmica do capital cultural, já que ela estuda para o
vestibular e tem acesso à educação de qualidade, o que lhe
proporciona oportunidades diferentes das de sua mãe.
3- Explique as relações que o autor estabelece entre Desigualdade Social e
Desigualdade Escolar, estabelecendo relações com o texto e o filme (3 pontos)

Uma das relações estabelecidas pelo autor é a forma como a


desigualdade social afeta diretamente a desigualdade educacional. O
filme retrata a personagem principal, Val, interpretada por Regina Casé,
como uma empregada doméstica que trabalha em uma casa de uma
família rica em São Paulo. Val é uma mulher de baixa renda e possui
pouca educação formal.
No contexto do filme, a personagem de Val teve que deixar sua filha,
Jéssica, no Nordeste do Brasil quando ela era criança, enquanto Val
procurava emprego na cidade grande. Quando Jéssica cresce, ela
decide ir para São Paulo para prestar o vestibular de uma renomada
universidade. A partir daí, o filme aborda a desigualdade escolar,
mostrando como a falta de oportunidades educacionais para pessoas
de classes sociais mais baixas pode afetar suas perspectivas e
ambições.
Ao explorar essas relações, o filme aborda a interseção entre a
desigualdade social e a desigualdade educacional, destacando como
as oportunidades educacionais desiguais perpetuam a desigualdade de
classe. O autor chama a atenção para a importância de uma sociedade
mais igualitária, onde todos tenham acesso a uma educação de
qualidade, independentemente de sua origem socioeconômica.
De acordo com o texto, Bourdieu argumenta que existe uma forte
correlação entre as desigualdades sociais, sobretudo culturais, e as
desigualdades ou hierarquias internas ao sistema de ensino. Essa
correlação não é casual e nem se explica exclusivamente por
diferenças objetivas, como as econômicas, de oportunidade de acesso
à escola. Segundo Bourdieu, por mais que se democratize o acesso ao
ensino por meio da escola pública e gratuita, continuarão existindo
desigualdades escolares que refletem as desigualdades sociais. Isso
ocorre porque a escola dissimuladamente valoriza e exige dos alunos
determinadas qualidades que são desigualmente distribuídas entre as
classes sociais, notadamente o capital cultural e uma certa naturalidade
no trato com a cultura e o saber que apenas aqueles que foram desde
a infância socializados na cultura legítima podem ter. Em outras
palavras, a escola reproduz as desigualdades sociais ao valorizar e
exigir um tipo específico de capital cultural que é mais comum nas
classes sociais mais privilegiadas, o que acaba por favorecer essas
classes em detrimento das menos privilegiadas. Portanto, as
desigualdades sociais e as desigualdades escolares estão intimamente
relacionadas, e a escola pode ser vista como uma instituição que
contribui para a reprodução das desigualdades sociais
4- No Filme, as personagens Jéssica e Val possuem uma mesma origem econômica.
Considerando isso, por que Val ‘se ajusta’ às regras e Jéssica não? Elas possuem o
mesmo capital cultural? Por que Val está tão interessada em manter os valores e o
lugar de subordinação? (3 pontos)

As personagens Jéssica e Val são retratadas como tendo origens


econômicas semelhantes. Ambas vêm de origens humildes e Val
trabalha como empregada doméstica na casa de uma família rica,
enquanto Jéssica é sua filha que vive em outra cidade e decide visitar a
mãe.

A diferença na forma como Val e Jéssica se ajustam às regras e


expectativas sociais pode ser atribuída a fatores como o capital cultural
e a experiência de vida. O capital cultural refere-se ao conhecimento,
habilidades e valores adquiridos por meio da socialização e educação,
que podem ser diferentes para cada indivíduo.

Val, por estar inserida na casa da família rica há muitos anos, aprendeu
a se ajustar às regras e a adotar os valores daquele ambiente. Ela
entende que, para manter seu emprego e garantir sua estabilidade
financeira, precisa seguir as normas e se manter em um lugar de
subordinação. Val internalizou esses valores e vê seu papel como
empregada doméstica como uma forma de sustento e progresso social
para si e para sua família.

Jéssica, por outro lado, é uma personagem mais jovem e rebelde. Ela
não foi exposta ao mesmo ambiente por tanto tempo quanto Val e não
internalizou os mesmos valores de subordinação. Jéssica possui um
capital cultural diferente, adquirido através de suas experiências fora do
ambiente da casa em que Val trabalha. Ela questiona as normas e
regras impostas a ela e se recusa a se submeter a elas, buscando uma
maior independência e liberdade.

Portanto, embora Val e Jéssica tenham a mesma origem econômica,


suas diferentes trajetórias de vida, experiências e capital cultural
moldaram suas perspectivas e atitudes em relação às regras e aos
valores estabelecidos na sociedade retratada no filme.
5- Cite e explique cenas do filme (pelo menos 1) em que podemos perceber a
ocorrências de violência simbólica. ( 2 pontos)

Uma cena emblemática que retrata a violência simbólica ocorre quando


a personagem principal, Val, é convidada a sentar-se à mesa com a
família rica para a qual trabalha como empregada doméstica. Durante o
jantar, a mãe da família, Barbara, elogia Val por seus serviços e sua
lealdade, tratando-a com um falso senso de camaradagem. No entanto,
mesmo que Barbara seja amigável e aparentemente bem-intencionada,
suas palavras e atitudes revelam a existência de uma hierarquia de
poder clara e opressiva.

Barbara faz comentários como "você é como uma segunda mãe para
meu filho" e "você é da família", tentando estabelecer uma proximidade
e uma conexão afetiva com Val. No entanto, essas afirmações são
contraditórias à realidade, pois fica evidente que Val é tratada como
uma subordinada, com pouca autonomia e marginalização dentro do
espaço doméstico.

A violência simbólica é revelada nas entrelinhas dessas afirmações,


pois elas reforçam a posição de Val como uma empregada, limitando
sua identidade e sua importância aos serviços domésticos que ela
realiza. Ao mesmo tempo, a família rica se apropria de sua força de
trabalho e de sua intimidade, tratando-a como uma "segunda mãe",
mas sem lhe conferir reconhecimento e dignidade social igualitária.

Essa cena demonstra como a violência simbólica opera de maneira sutil,


muitas vezes mascarada por palavras gentis e aparentes boas intenções.
No entanto, a desigualdade e a hierarquia subjacentes são reafirmadas,
perpetuando a opressão e a marginalização de Val. O filme "Que Horas Ela
Volta?" levanta questões importantes sobre as relações de poder na
sociedade brasileira e destaca como a violência simbólica pode ser uma
forma de opressão tão prejudicial quanto a violência física.

6- Bourdieu afirma que a escola/universidade também é um espaço de violência


simbólica. Explique com suas palavras o argumento do autor, relacionando-o com o
conceito de capital cultural trazendo elementos do texto de pesquisa (apoio) e do
filme (4 pontos)
Bourdieu argumenta que a escola/universidade é um espaço de violência
simbólica, ou seja, um espaço onde as relações de poder são naturalizadas e
legitimadas por meio de símbolos e discursos que são internalizados pelos
indivíduos. Essa violência simbólica se manifesta na forma como a
escola/universidade valoriza e exige um tipo específico de capital cultural que
é mais comum nas classes sociais mais privilegiadas, o que acaba por
favorecer essas classes em detrimento das menos privilegiadas. Isso ocorre
porque a escola/universidade tende a reproduzir a distinção entre dois modos
básicos de se relacionar com a cultura: um primeiro, desvalorizado, se
caracterizaria pela figura do aluno esforçado, estudioso, que busca compensar
sua distância em relação à cultura legítima por meio de uma dedicação tenaz
às atividades escolares; e um segundo, valorizado, representado pelo aluno
tido como brilhante, talentoso, inteligente, muitas vezes precoce, que atende
às exigências da escola/universidade sem demonstrar traços de um esforço
laborioso ou tenso. O sistema de ensino, sobretudo nos seus ramos mais
elevados, valorizaria e cobraria dos alunos essa segunda postura, o que acaba
por naturalizar e legitimar as desigualdades sociais.

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