Você está na página 1de 101

JUR0292_v1.

TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL
E ADUANEIRA
Autoria
Prof. Maurício Pchiliani

Revisão
Prof. Juliana Caramigo Gennarini

Como citar este documento


PCHILIANI, Maurício. Tributação Internacional e Aduaneira.
Valinhos: 2018.

© 2018 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A.


Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.

Editora e Distribuidora Educacional S.A.


Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL E
ADUANEIRA

SUMÁRIO

Apresentação da disciplina 4

Tema 01 - Processo administrativo 5

Tema 02 - Processo judicial tributário 21

Tema 03 - Tutelas especiais 60

Tema 04 - Execução fiscal 81

Tributação Internacional e Aduaneira 3


Apresentação da disciplina

Nesta disciplina, vamos estudar todos os aspectos que envolvem a tri-


butação internacional e aduaneira. Inicialmente, partiremos da análise e
da compreensão da Teoria Geral do Comércio Internacional, analisando
como os principais contatos comerciais entre diferentes povos desenvol-
veram marcos iniciais para essa teoria.

Na sequência, passaremos ao estudo dos tributos aduaneiros, identifi-


cando os principais tributos incidentes no comércio exterior brasileiro, e
procurando compreender as hipóteses de incidência, fato gerador, base
de cálculo e alíquotas de cada um desses tributos.

Veremos, ainda, a tributação de operações no exterior e, por fim, vamos


estudar os tratados internacionais, ressaltando a importância deles em
nosso ordenamento jurídico e para os demais Estados que a eles aderem.

Os conceitos didáticos serão abordados de forma objetiva e prática, pro-


curando trazer os estudos doutrinários para a atividade profissional do
aluno, consolidando a compreensão dos institutos.

4 Tributação Internacional e Aduaneira


TEMA 1
TEORIA GERAL DO COMÉRCIO
INTERNACIONAL

Objetivos

• Esta aula tem como objetivo principal demonstrar


como é estabelecida a tributação internacional e
aduaneira, iniciando pela teoria geral do comércio
internacional que é composta de marcos históricos,
desde os tempos remotos em que inúmeras civiliza-
ções já questionavam de diversas formas os contatos
comerciais existentes à época.

• Abordaremos ainda os principais tributos incidentes


no comércio exterior, demonstrando que o legis-
lador pátrio, com respaldo constitucional, instituiu
numerosas espécies tributárias destinadas a onerar
a importação de mercadorias do exterior. Veremos
como essas operações são feitas no exterior e, ainda,
como os tratados internacionais solucionam contro-
vérsias oriundas dessa relação.

Tributação Internacional e Aduaneira 5


~- Resumo da aula

Inicialmente, será estudada a Teoria Geral do Comércio Internacional com


os principais marcos históricos que originaram essa teoria. Visto isso,
abordaremos os tributos aduaneiros incidentes sobre o comércio exte-
rior, com isso trataremos das operações tributárias no exterior e, conse-
quentemente, estudaremos os tratados internacionais que versam sobre
essas relações do comércio exterior.

~- Introdução

A Teoria do Comércio Internacional é um dos mais antigos assuntos ob-


jeto de observações do pensamento econômico e político. Diversas civili-
zações, desde os tempos remotos, já indagavam as relações comerciais.

Com a criação de navios mercantes de grande porte, foi iniciado o chama-


do comércio ultramarino, ocasionando uma grande expansão do comércio
internacional em meados do século XVI.

A descoberta das Américas, por exemplo, gerou o comércio de novas


mercadorias, como o tabaco e espécies de árvores raras. No entanto, foi
com a exploração espanhola de ouro e prata, no Peru e no México, que o
comércio internacional ganhou força.

A Europa passou a deter a propriedade de commodities1 largamente esti-


madas em todo o Oriente, o que incentivou o comércio à distância e apro-
ximou economias distintas.

Com o surgimento dessa nova forma de negociação, surgiram também


novas formas de organização comercial, por exemplo, a criação das

1
Commodities significa mercadoria. O termo é usado, sobretudo, com referência aos produtos de base em
estado bruto (matérias-primas) ou com pequeno grau de industrialização, de qualidade quase uniforme, pro-
duzidos em grandes quantidades e por diferentes produtores.

6 Tributação Internacional e Aduaneira


companhias marítimas, que se arriscavam em empreitadas através dos
mares e oceanos.

Perceba que com as novas formas de negociação, as barreiras existentes


foram derrubadas, possibilitando a negociação comercial entre diversas
classes de mercadores, todos com acesso ao comércio internacional.

Neste sentido, a globalização aflorada no cenário mundial exigiu maiores


regulamentações acerca das atividades comerciais, dos assuntos políti-
cos, legais e fronteiriços entre países. Essas regulamentações versaram
desde acordos bilaterais, multilaterais, bem como a execução de amplos
Tratados, que visavam regulamentar, além dos temas citados, o campo
tributário, financeiro, como meio de ampliar os negócios, permitindo as-
sim maior cooperação internacional e desenvolvimento econômico, alia-
do aos interesses de proteção nacional de cada país.2

1. Políticas comerciais no comércio internacional

As políticas comerciais internacionais dividem-se em duas grandes cor-


rentes: O Liberalismo e o Protecionismo.

O liberalismo possui como características o aumento da oferta gerando


redução dos preços, o controle da inflação, o aumento da competitivida-
de, a satisfação do consumidor e a não interferência do Estado.

Por outro lado, temos o protecionismo, marcado pela preservação da


indústria nacional, maior oferta de empregos, distribuição de renda, res-
trição às importações, gerando impacto positivo na balança comercial e
controle estatal.

O grande obstáculo no comércio internacional habita no interesse pró-


prio dos diversos blocos econômicos, que em algumas situações adotam
2
AMARAL, Antônio Carlos Rodrigues do. Tratados Internacionais na Ordem Jurídica Brasileira. Lex Editora:
São Paulo, 2005, p. 09-10.

Tributação Internacional e Aduaneira 7


uma postura mais fechada, prejudicando a política liberal, ou seja, aca-
bam criando obstáculos para a abertura de fronteiras e para a diminui-
ção ou eliminação de barreiras tarifárias e não tarifárias (medidas que se
constituem nos maiores fatores de políticas comerciais protecionistas).

As barreiras tarifárias consistem em imposição de gravames tributários


que dificultam as operações de comércio exterior, já as barreiras não tari-
fárias consistem em qualquer medida que não as barreiras tarifárias, por
exemplo, a concessão de subsídios.

Em síntese:

Barreiras Tarifárias Barreiras Não Tarifárias


Consistem em qualquer medida
que não as barreiras tarifárias, por
Consistem na imposição de grava-
exemplo, a concessão de subsídios,
mes tributários.
imposição abusiva de barreiras téc-
nicas, sanitárias e fitossanitárias.

Se compararmos essas duas formas protecionistas, podemos considerar


como “preferível” a forma de barreiras tarifárias, uma vez que são passí-
veis de serem conhecidas previamente por todos os interessados.

Outra política comercial muito relevante no comércio internacional é o


mercantilismo, que se desenvolveu na Europa entre os séculos XVI e me-
ados do século XVIII, e possui como principal característica o acúmulo de
riquezas através de metais preciosos.

Note que a Europa não possuía recursos minerais disponíveis, mas através
da exploração de colônias e de negociações comerciais internacionais, ad-
quiriu metais preciosos que contribuíram para sua política mercantilista.

Para o mercantilismo, o que interessava era a busca incessante de uma


balança comercial favorável a qualquer custo, motivo pelo qual o aumen-
to das exportações se tornou essencial aos países europeus.

8 Tributação Internacional e Aduaneira


Em resumo, no mercantilismo imperavam as práticas intervencionistas
com vistas à tributação agressiva frente aos produtos estrangeiros nos
quais se vislumbrava forte concorrência em relação aos nacionais. Além
disso, tais práticas mercantilistas promoveram a busca por novas fontes
de riqueza, para melhor abastecimento interno e atração comercial.

Características do mercantilismo:

MERCANTILISMO

1
Acúmulo de metais Saldo Balança Forte intervenção
preciosos Comercial favorável estatal

Vale ressaltar que a prática do mercantilismo não foi homogênea na


Europa, em razão dos diversos níveis econômicos existentes, por exem-
plo, pelo fato de que nem todos os países europeus possuíam colônias de
onde advinham os metais preciosos.

Com o avanço das práticas mercantilistas, mais se via a necessidade de


regulamentação e da realização de transações comerciais seguras, pauta-
das em acordos e convenções entre países. A fundamental característica
destes acordos situava-se justamente na informalidade, onde buscava-se,
principalmente, o fluxo rápido e a liberdade contratual, sem invocar inter-
venções estatais. Essa informalidade assemelha-se muito com uma práti-
ca bastante utilizada pelas hastes comerciais internacionais: a arbitragem.

No fim do período mercantilista, surge um filósofo escocês, chamado


David Hume, que defendia que o poder de compra da moeda seria pro-
porcional à sua quantidade.

Portanto, para um país, o acúmulo de metais preciosos levaria, no decor-


rer do tempo, a um aumento dos preços, dificultando as exportações e,
por consequência, diminuindo o saldo positivo da balança comercial. Esta

Tributação Internacional e Aduaneira 9


tese baseia-se na teoria econômica chamada Mecanismo de Fluxo-Preço-
Espécie e tida como uma das bases da economia clássica.

Neste mesmo período histórico, o economista Adam Smith escreve o li-


vro A Riqueza das Nações, em 1776, cujo teor era diametralmente oposto à
teoria protecionista do mercantilismo. A partir de então, surge a primeira
das Teorias Clássicas do Comércio Internacional, a chamada Teoria das
Vantagens Absolutas.

Para Smith, o comércio livre traria benefícios para todos os envolvidos,


além de propiciar a necessária especialização para que se alcançassem
economia de escala, eficiência e crescimento3.

Perceba que o pensamento de Smith inaugurou os conceitos de mercado


livre e laissez-faire, bem como influenciou a economia britânica na prática
desses conceitos, de tal modo que a Inglaterra, na segunda metade do
século XIX, já havia banido todos os resquícios da era mercantilista, o que
em pouco colaborou para seu posicionamento como potência econômica
e financeira da época4.

A Teoria das Vantagens Absolutas determina que a vantagem absoluta de


um país na produção de um bem decorre da maior produtividade, desta
forma, utilizavam-se menos fatores de produção.

Para Smith, cada país deveria se concentrar na produção de bens que lhe
oferecessem vantagem absoluta, de forma que o excedente ao consumo
interno seria exportado, e a receita correspondente, empregada na im-
portação de bens do outro país. O fator determinante para as escolhas
seria o custo de produção, ou seja, a capacidade de produzir com a menor
alocação de insumos5.

A Teoria das Vantagens Absolutas tem como características marcantes:

3
CAPARROZ. Roberto. Comércio Internacional e Legislação aduaneira. São Paulo: Saraiva,2017, p. 40.
4
CAPARROZ. Roberto. Comércio Internacional e Legislação aduaneira. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 40.
5
CAPARROZ. Roberto. Comércio Internacional e Legislação aduaneira. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 41.

10 Tributação Internacional e Aduaneira


Teoria das Vantagens
Absolutas

Quase meio século depois de A riqueza das nações, David Ricardo deu uma
nova leitura à Teoria das Vantagens Comparativas, à luz da sua Teoria dos
Custos de Oportunidade.

David Ricardo percebeu que o mundo das relações comerciais não era
harmônico, mas, sim, palco de uma declarada guerra de interesses cujos
vencedores, em sua opinião, já estavam escolhidos6.

Com base nessa constatação, ele deixou ao mundo uma brilhante e evi-
dente contribuição, nas palavras de Heilbroner: “Despira-se de seus as-
pectos não essenciais, deixando-o exposto ao exame de todos. Na sua
própria irrealidade estava a sua força, pois a estrutura nua de um mundo
grandemente simplificado não somente revelava as leis da renda, como
elucidava também as questões vitais do comércio externo, do dinheiro,
impostos e política econômica. Construindo um mundo modelo, Ricardo
deu à economia a poderosa ferramenta da abstração, ferramenta essen-
cial para superarmos a confusão da vida diária e compreender o seu me-
canismo adjacente”7 .

Em síntese, Ricardo defendia que a eficiência não depende da capacidade


absoluta de produção, mas sim da capacidade de produção desse bem
em relação a outro.

Frieden destaca a importância da teoria para o comércio internacio-


nal: “O princípio da vantagem comparativa tem claras implicações no
6
CAPARROZ. Roberto. Comércio Internacional e Legislação aduaneira. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 43.
7
HEILBRONER, R. L. Introdução à história das ideias econômicas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1981, p. 88.

Tributação Internacional e Aduaneira 11


livre-comércio. Uma vez que um país sempre se beneficia ao seguir as
suas vantagens comparativas, e as barreiras comerciais impedem que ele
seja capaz de fazê-lo, a proteção comercial nunca é benéfica à economia
como um todo. Políticas governamentais que evitam a importação sim-
plesmente forçam os países a produzir mercadorias fora de suas vanta-
gens comparativas”8.

Vejamos um exemplo hipotético da teoria desenvolvida por Ricardo e suas


implicações no comércio internacional:

Exemplo 19: Digamos que os trabalhadores do país A podem produzir


uma pizza em 6 horas e um litro de azeite de oliva em 3 horas. Em contra-
partida, os trabalhadores do país B conseguem produzir uma pizza em 1
hora e um litro de azeite em 2 horas, o que significa que são mais produ-
tivos. À primeira vista, parece-nos que o país B, por ser mais eficiente nos
dois produtos, não tem vantagem alguma em negociar com o país A.

O que não é verdade. Se o preço da pizza for o mesmo do litro de azeite,


os dois países ganharão com o comércio e a especialização. A produção
de uma pizza exige metade das horas de trabalho no país B, que irá se
especializar nesse produto. Ao contrário, o país A se especializará no azei-
te de oliva, pois a produção de pizza, no seu território, exige o dobro de
horas daquele produto.

Perceba que, neste cenário, ambos terão vantagens, pois B produz ape-
nas ½ litros de azeite em 1 hora, a qual poderia ser utilizada para produzir
pizza, que seria trocada por um litro de azeite com A. Do mesmo modo,
o país A pode utilizar 1 hora de trabalho para produzir 1/6 de pizza, mas
é mais vantajoso empregar essa hora para produzir 1/3 de azeite, que
poderá ser trocado por 1/3 de pizza. Isso significa que os recursos foram
utilizados pelos países A e B de forma duas vezes mais eficiente, apenas
porque decidiram comercializar em vez de produzir.
8
FRIEDEN, Jeffry A. Capitalismo global: história econômica e política do século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
2008, p 47.
9
Exemplo retirado do livro: CAPARROZ, Roberto. Comércio Internacional e Legislação Tributária. São Pau-
lo: Saraiva, 2017, p. 43.

12 Tributação Internacional e Aduaneira


As obras de Adam Smith e David Ricardo marcaram as fundações da cha-
mada economia clássica, que possui aplicação no comércio internacional
até os dias de hoje, além de oferecer uma análise sobre os reflexos nos
sistemas de tributação ao longo dos tempos.

E ao longo do tempo, com o significativo avanço das relações comerciais


e com o alto desenvolvimento econômico, foi nascendo o fenômeno glo-
balização. O capitalismo, pai da globalização, foi o precursor da produção
em larga escala, da mente empreendedora, da maximização dos lucros e
da revolução econômica que marcam a globalização.

Através dela, a política e economia passaram a caminhar sempre juntas


e aliadas às tecnologias, especialmente através da internet, demonstra-
vam que conquistariam cada canto do globo terrestre. E conquistaram.
Promoveram, inclusive, o surgimento do modelo neoliberal, restringindo
a intervenção estatal e privatizando empresas.

Tudo isso proporcionou a abertura dos mercados internos, que recebiam


cada vez mais investimentos e participavam cada vez mais de alianças
econômicas. Porém, tanta sede por dinheiro e por desenvolvimento foi
buscada em detrimento da qualidade de vida e do bem-estar social, le-
vando à extrema degradação ambiental e às crises econômicas sobre as
quais já estamos tão familiarizados.

Para tanto, foi criada, em 1994, a Organização Mundial do Comércio (OMC),


com início das atividades em 01 de janeiro de 1995, com vistas à regular
a atividade comercial de seus 164 membros, entre eles o Brasil, como
membro fundador. A OMC sucedeu o então Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio (GATT), precursor da redução das barreiras tarifárias.10

Conforme já explicado nesta seção, as barreiras tarifárias representam


encargos tributários aplicados na entrada de um produto no âmbito in-
terno do país, isto é, através da importação. Mesmo que a nomenclatu-
ra utilizada remeta à aplicação de “tarifas”, esta se deve tão somente à
10
BAPTISTA, Luiz Olavo; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Direito Internacional Econômico. Coleção Doutrinas
Essenciais: Direito Internacional. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012, p. 172-173.

Tributação Internacional e Aduaneira 13


terminologia aplicada, estando a atividade antes realizada pelo GATT inti-
mamente ligada ao aspecto tributário.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


(ESAF – 2001 – Adaptada)

A transnacionalização é um fenômeno distinto que, sutilmente, rele-


ga a internacionalização comercial quase a um segundo plano. Este
fenômeno começou a ser percebido em meados dos anos sessen-
ta, quando o valor da produção das subsidiárias dos grandes con-
glomerados industriais no estrangeiro começou a superar o valor do
comércio internacional. O auge da inversão estrangeira direta, que
alentou a instalação destas sucursais, deveu-se a múltiplos fatores: a
reconstrução e recuperação de um mundo destruído pela guerra, o
descobrimento da possibilidade de dividir o ciclo produtivo de manei-
ra muito mais fina do que no passado e a compreensão de que era
possível ter acesso às vantagens comparativas (relativas) peculiares
que ofereciam os diversos países e regiões do mundo.

O grande mérito de um economista foi mostrar que o comércio também


seria proveitoso para dois países, mesmo que um deles tivesse vanta-
gem absoluta sobre o outro na produção de todas as mercadorias; mas
sua vantagem seria maior em alguns produtos do que em outros.

Qual o economista em questão?

Resposta: O economista em questão é David Ricardo, responsável,


de forma pioneira, a “adaptar” a ideia de Adam Smith e apresentar a
teoria das vantagens comparativas. Perceba que a questão, apesar
de extensa, trata da teoria das vantagens (inclusive cita o nome da
teoria), bastando apenas recordar o nome do economista criador da
teoria das vantagens comparativas.

14 Tributação Internacional e Aduaneira


VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 01
1. ESAF - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil/
Aduana/2003
Sobre o protecionismo, em suas expressões contemporâne-
as, é correto afirmar que:

a) tem aumentado em razão da proliferação de acordos


de alcance regional que mitigam o impulso liberali-
zante da normativa multilateral.

b) possui expressão eminentemente tarifária desde


que os membros da OMC acordaram a tarifação das
barreiras não tarifárias.

c) assume feições preponderantemente não tarifárias,


associando-se, entre outros, a procedimentos admi-
nistrativos e à adoção de padrões e de controles
relativos às características sanitárias e técnicas dos
bens transacionados.

d) vem diminuindo progressivamente à medida que as


tarifas também são reduzidas a patamares historica-
mente menores.

e) associa-se a estratégias defensivas dos países em


desenvolvimento frente às pressões liberalizantes
dos países desenvolvidos.

2. ESAF - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil/2009


A participação no comércio internacional é importante di-
mensão das estratégias de desenvolvimento econômico dos
países, sendo perseguida a partir de ênfases diferenciadas

Tributação Internacional e Aduaneira 15


quanto ao grau de exposição dos mercados domésticos à
competição internacional. Com base nessa assertiva, e con-
siderando as diferentes orientações que podem assumir as
políticas comerciais, assinale a opção correta:

a) As políticas comerciais inspiradas pelo neomercanti-


lismo privilegiam a obtenção de superávits comerciais
notadamente pela via da diversificação dos merca-
dos de exportação para produtos de maior valor
agregado.

b) Países que adotam políticas comerciais de orientação


liberal são contrários aos esquemas preferenciais,
como o Sistema Geral de Preferências, e aos acordos
regionais e sub-regionais de integração comercial
celebrados no marco da Organização Mundial do
Comércio, por conterem, tais esquemas e acordos,
componentes protecionistas.

c) A política de substituição de importações valeu-


-se preponderantemente de instrumentos de
incentivos à produção e às exportações, tendo o pro-
tecionismo tarifário importância secundária em sua
implementação.

d) A ênfase ao estímulo à produção e à competitividade


de bens de alto valor agregado e de maior poten-
cial de irradiação econômica e tecnológica a serem
destinados fundamentalmente para os mercados
de exportação caracteriza as políticas comerciais
estratégicas.

e) As economias orientadas para as exportações,


como as dos países do Sudeste Asiático, praticam

16 Tributação Internacional e Aduaneira


políticas comerciais liberais em que são combatidos
os incentivos e quaisquer formas de proteção seto-
rial, privilegiando antes a criação de um ambiente
econômico favorável à plena competição comercial.

3. ESAF - Analista de Comércio Exterior/Grupo 1/2012


A imposição de tarifas às importações exerce importantes
efeitos sobre a renda internamente. Acerca desses efeitos, é
correto afirmar que:

a) a renda do governo e dos produtores domésticos


beneficiados com a proteção tarifária aumenta, ao
mesmo tempo em que se reduz o poder aquisitivo
dos consumidores.

b) não há efeitos significativos decorrentes da taxa-


ção das importações sobre a renda, pois os ganhos
auferidos pelos setores beneficiados pela proteção
tarifária tendem a ser anulados pelo aumento sub-
sequente dos preços relativos e pela contração da
demanda no mercado doméstico.

c) exerce efeito concentrador na medida em que ali-


menta a transferência de renda dos consumidores
para os produtores.

d) em virtude da contração das importações e do


favorecimento da produção doméstica, o efeito con-
centrador inicial tende a se reverter em razão do
crescimento da produção e da renda nacional em um
segundo momento.

e) a renda do governo diminui, e aumenta, concomitan-


temente, a renda dos produtores domésticos.

Tributação Internacional e Aduaneira 17


4. ESAF - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil/
Aduana/2000.
Julgue as opções abaixo e assinale a correta.

a) O livre-cambismo é uma doutrina de comércio estabe-


lecida através de tarifas protecionistas, a subvenção
de créditos, a adoção de câmbios diferenciados.

b) O livre-cambismo só beneficia os países em desenvol-


vimento que apresentam uma pauta de exportações
onde a maioria dos produtos possui demanda
inelástica.

c) O livre-cambismo é uma doutrina pela qual o gover-


no não provê a remoção dos obstáculos legais em
relação ao comércio e aos preços.

d) O livre-cambismo defende a adoção de tarifas em


situação de defesa nacional.

e) O livre-cambismo rege que a livre troca de produtos


no campo internacional, os quais seriam vendidos a
preços mínimos, em um regime de mercado, aproxi-
mar-se-ia ao da livre concorrência perfeita.

5. ESAF - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil/


Aduana/2000
As Barreiras Não Tarifárias (BNT) são frequentemente apon-
tadas como grandes obstáculos ao comércio internacional.
Podem vir a se constituir Barreiras Não Tarifárias (BNT) todas
as modalidades abaixo, exceto:

a) Direitos Aduaneiros.

b) Normas de segurança.

18 Tributação Internacional e Aduaneira


c) Quotas.

d) Sistemas de Licença de Importação.

e) Medidas fitossanitárias.

Referências Bibliográficas

AMARAL, Antônio Carlos Rodrigues do. Tratados Internacionais na Ordem Jurídica


Brasileira. Lex Editora: São Paulo, 2005.
BAPTISTA, Luiz Olavo; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Direito internacional econô-
mico. Coleção Doutrinas Essenciais: Direito Internacional. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2012.
CAPARROZ. Roberto. Comércio Internacional e Legislação aduaneira. Saraiva, 2017.

Gabarito – Tema 01

Questão 1 – Resposta: C

Resolução: A alternativa correta é a letra “C”. Com a redução de tari-


fas, o protecionismo tornou-se não tarifário, em virtude das suces-
sivas rodadas de negociação que levaram à redução do nível das
tarifas.

Questão 2 – Resposta: D

Resolução: A alternativa “D” está correta. Perceba que as políticas


comerciais estratégicas se caracterizam pelo impulso à produção e
competitividade de bens de alto valor, na maioria das vezes, destina-
dos às exportações.

Questão 3 – Resposta: A

Tributação Internacional e Aduaneira 19


Resolução: A alternativa “A” está correta. Repare que, mesmo que os
tributos do comércio internacional possuam caráter extrafiscal, aca-
bam gerando arrecadação, contribuindo com a renda do governo.
Por outro lado, o aumento dos preços das importações (fruto da não
existência de concorrência com o mercado interno) diminui o poder
aquisitivo do consumidor.

Questão 4 – Resposta: E

Resolução: A alternativa “E” está correta. Com a livre circulação de


mercadorias, ocorre o aumento da oferta de produtos, levando a
uma redução de preços.

Questão 5 – Resposta: A

Resolução: A alternativa “A” está correta. As barreiras tributárias são


os direitos aduaneiros, também chamadas de tarifas de importações.

20 Tributação Internacional e Aduaneira


TEMA 02
TRIBUTOS ADUANEIROS

Antes de iniciar a presente seção, importante tecer algu-


mas considerações quanto à nomenclatura aduaneira e al-
fandegária. A aduana é composta pela alfândega, isto é, a
última refere-se a uma repartição governamental que con-
trola a entrada e a saída de mercadorias de um país e essas
repartições alfandegárias compõem a primeira, e dentro
dela aplicam normas e assim controlam as importações e
exportações realizadas. Estas são controladas pela OMA –
Organização Mundial Aduaneira, quando disser respeito às
alfândegas dos países -membros da ONU.

Objetivos

• Neste capítulo passamos a analisar os tributos adua-


neiros. O Brasil é um dos países com maior quantidade
de tributos sobre o comércio exterior, em sua maioria
com o objetivo de onerar a importação.

• Os principais tributos incidentes no comércio exterior


brasileiro são: Imposto de Importação, Imposto de
Exportação, IPI, ICMS, PIS, COFINS, AFRMM (adicional

Tributação Internacional e Aduaneira 21


de Frete para renovação da Marinha Mercante), CIDE, ISS, Taxa de
utilização dos SISCOMEX, entre outros, por exemplo, o IOF incidente
sobre as operações de câmbio.

• Cumpre ressaltar que o rol de tributos aduaneiros mencionado é


exemplificativo, isto é, há outros tributos que em razão da menor
aplicação acabam sendo menos visualizados na seara internacio-
nal. Este dado evidencia o quão melindroso é o desenvolvimento do
comércio exterior brasileiro, barrado cada vez mais por uma política
que cuida fortemente da imposição tributária internacional.

Introdução

No âmbito federal, os principais impostos são: Imposto de Importação,


Imposto de Exportação, IPI, PIS e COFINS; no âmbito estadual temos como
principal o ICMS, já no âmbito municipal podemos destacar como princi-
pal imposto o ISS. Vamos analisar cada uma destas espécies tributárias.

1. Imposto de importação e imposto de exportação

I. Imposto de importação

Inicialmente cabe ressaltar que ambos os impostos são eminentemente


extrafiscais, podendo suas alíquotas sofrer alterações para corrigir dis-
torções econômico-financeiras, de forma a permitir a implementação das
diretrizes de política econômica e cambial do país11.

A função primordial deste imposto, típico das relações comerciais inter-


nacionais, reside na necessidade de regulamentar e melhor controlar as
11
CAPARROZ. Roberto. Comércio Internacional e Legislação aduaneira. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 736.

22 Tributação Internacional e Aduaneira


relações externas e assim contrabalancear a economia interna. Assim, há
o que se pode chamar de nivelamento das duas faces da economia, per-
mitindo que os produtos locais tenham espaço e possam assim concorrer
com os produtos que são importados.

Este imposto segue as regras impostas pelo GATT - Acordo Geral sobre
Tarifas e Comércio, Acordo imperioso na fiscalização da aplicação dos tri-
butos aduaneiros, como, por exemplo, na observância dos valores decla-
rados pelo importador em consonância com suas normas e princípios.

O Imposto de Importação (I.I) e o Imposto de Exportação (I.E) são im-


postos de competência da União, conforme determina o art. 153, da
Constituição Federal.

Os dispositivos reguladores do Imposto de Importação também estão pre-


vistos no Código Tributário Nacional em seus artigos 19 a 22, bem como
através do Decreto nº 6.759/09.

O artigo 153 da CR/88 faculta ao Poder Executivo a alteração das alíquo-


tas do Imposto sobre Importação, desde que atendidas as condições e
os limites estabelecidos em lei, em flagrante mitigação ao princípio da
estrita legalidade. Neste sentido, impera uma ameaça à proteção legal,
pois permite que seja feito um controle político pelo Poder Executivo, que
dele usa deliberadamente, e assim pode prejudicar o propósito inicial de
criação do imposto, levando a uma considerável desestabilização da se-
gurança jurídica das relações externas e internas do país.

Cumpre destacar a existência da CAMEX – Câmara de Comércio Exterior,


presidida pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior e também composta pelos Ministros-Chefes da Casa Civil, do
Orçamento, das Relações Exteriores, do Planejamento, da Fazenda, da
Agricultura, Pecuária, Abastecimento e da Gestão. Tem por função tutelar
questões tributárias aduaneiras e arrecadatórias e, assim, como integran-
te do Conselho do Governo, tem por precípua atuação a de estipular

Tributação Internacional e Aduaneira 23


as alíquotas dos impostos aduaneiros, a qual não é mais definida pela
Presidência da República.

Referidas alíquotas manejadas pela CAMEX são impostas através de


Resoluções e não mais por decretos como antes ocorria, sendo esta
Câmara um órgão extensor da Presidência para, tecnicamente, tutelar a
aptidão constitucionalmente atribuída ao Poder Executivo cuja atuação foi
considerada efetivamente constitucional pelo Supremo Tribunal Federal
através do RE 570.680/RS.

O Imposto de Importação tem como fato gerador a entrada de mercado-


ria estrangeira no território nacional, conforme prevê o art. 1º do Decreto-
lei 37/66.

Art. 1º - Decreto-lei 37/66: O Imposto sobre a Importação incide sobre


mercadoria estrangeira e tem como fato gerador sua entrada no terri-
tório nacional.

Note que, no caso de mercadoria despachada para consumo, conside-


ra-se como fato gerador a data do registro da mercadoria na repartição
aduaneira, da declaração apresentada à respectiva autoridade, conforme
art. 44, do Decreto-lei nº 37/66.

O fato gerador poderá ser presumido, quando em razão do extravio ou na


falta da mercadoria não puder ser identificado o fato gerador. Assim, confor-
me enuncia o artigo 72 do Decreto-Lei nº 37/66, considera-se ocorrido o fato
gerador quando da entrada no território aduaneiro da mercadoria que cons-
te como importada e cujo extravio foi apurado pela administração aduaneira.

Art. 44 Decreto-lei 37/66: Toda mercadoria procedente do exterior por


qualquer via, destinada a consumo ou a outro regime, sujeita ou não ao
pagamento do imposto, deverá ser submetida a despacho aduaneiro,
que será processado com base em declaração apresentada à repartição
aduaneira no prazo e na forma prescritos em regulamento.

24 Tributação Internacional e Aduaneira


Como regra geral, considera-se estrangeira a mercadoria nacional ou na-
cionalizada exportada que retornar ao país, tendo que recolher o impos-
to, no entanto, esta regra comporta as seguintes exceções:

a) Enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado.

b) Devolvida por motivo de defeito técnico, para reparo ou


substituição.

c) Por motivo de modificações na sistemática de importações por


parte do país importador.

d) Por motivo de guerra ou de calamidade.

e) Por outros fatores alheios à vontade do exportador.

ATENÇÃO: Em regra, as bagagens são isentas do recolhimento do Imposto


de Importação, desde que atendidas as condições do artigo 13 do Decreto-
lei nº 37/66, assim como alguns bens de interesse para o desenvolvimen-
to econômico previsto no artigo 14 do mesmo diploma legal.

Além disso, existem proibições e restrições na importação de certos pro-


dutos, os quais infrinjam normas internas de segurança do país, como
drogas, produtos químicos, armas ou certos tipos de medicamentos.
Estas proibições podem ser permanentes ou temporárias, tendo em vista
a transitoriedade de determinada situação.

Importante sistema de licenciamento de mercadorias importadas no Brasil


é o SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior. Através dele o
Importador declarará a mercadoria importada, emitindo a “Declaração de
Importação”, mesmo quando o produto não necessitar de licenciamento,
já que com a emissão da declaração mencionada é então proferido o des-
pacho aduaneiro.

O SISCOMEX é gerenciado por dois órgãos governamentais: a Secretaria


da Receita Federal do Brasil – SRFB e pela Secretaria de Comércio
Exterior – SECEX.

Tributação Internacional e Aduaneira 25


Com relação à base de cálculo do Imposto de Importação, esta deve obe-
decer ao artigo VII da GATT – Acordo sobre Tarifas e Comércio, e ser as-
sim aplicada em obediência a quatro princípios: a neutralidade, equidade,
uniformidade e publicidade, no momento em que é determinada através
da declaração do importador. Assim se desenvolve o cálculo do Imposto
de Importação, que se revela pela aplicação de dois tipos de alíquotas,
conforme prevê o artigo 2º do Decreto-lei nº 37/66:

~ . ' • •

.. '
As alíquotas do Imposto sobre a Importação equivalem ao dobro da mé-
dia mundial. Assumem duas formas: ad valorem e específicas. As primei-
ras são assim chamadas por serem atribuídas percentualmente e assim
aplicadas à base de cálculo do imposto, que é o valor aduaneiro, e es-
tão presentes na Lei nº 3.244/57, especialmente em seu artigo 5º. As se-
gundas representam a quantia fixada em moeda nacional ou estrangei-
ra e incidem sobre uma base de cálculo particularizada, como é o caso
dos cigarros.

O valor do imposto devido será calculado pela simples aplicação das alí-
quotas previstas na Tarifa Aduaneira sobre a base de cálculo aplicável à
mercadoria.

O valor declarado deverá corresponder ao da realização da transação,


disposição que é trazida pelo artigo 1º do Acordo de Valoração Aduaneira
do GATT, que prevê acerca dos procedimentos de valoração aduaneira, o
qual se consubstancia pelo “preço efetivamente pago ou a ser pago pelas
mercadorias de uma importação”.

26 Tributação Internacional e Aduaneira


Após a ocorrência da Declaração, efetuando-se o lançamento do Imposto
de Importação, haverá a revisão da mesma por um setor especializado,
para a apuração da regularidade do recolhimento, o qual deverá realizar-
-se no prazo decadencial de 05 (cinco) anos a contar da data do registro
da Declaração.

Importante ressaltar que integram o valor aduaneiro, independentemen-


te do método de valoração utilizado, o custo de transporte da mercadoria
até o porto ou aeroporto alfandegado de descarga ou ponto de frontei-
ra alfandegado, bem como os gastos com a carga, descarga, manuseio e
seguro da mercadoria, pelo que estabelece o artigo 77 do Regulamento
Aduaneiro - Decreto nº 6.759/2009.

São contribuintes do Imposto de Importação, conforme o Decreto-Lei


37/66, em seu artigo 31:

a) O importador, assim considerada qualquer pessoa que promova


a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional.

b) O destinatário de remessa postal internacional indicado pelo res-


pectivo remetente.

c) O adquirente de mercadoria entrepostada, isto é, aquele que não


importou e acaba por adquirir a mercadoria.

Ressalta-se que a importação pode ocorrer por conta própria do importa-


dor, isto é, quando ele mesmo age para trazer o produto importado para
o exterior, ou por conta e ordem, ou seja, quando há a “terceirização da
importação”, e assim o adquirente contrata uma empresa especializada
neste tipo de importação como prestadora de serviços para executar to-
das as tarefas necessárias à importação, desde o deslocamento da mer-
cadoria do exterior até à providência da declaração e do consequente
despacho aduaneiro.

Pode ainda ocorrer da mercadoria importada ser “encomendada”, isto é,


quando o adquirente da mercadoria a importa para revendê-la a quem

Tributação Internacional e Aduaneira 27


encomendou. Há também a importação paralela consubstanciada na
aquisição de mercadorias importadas por uma empresa, por exemplo,
para montagem de um produto que se torna “nacional”, o que é conside-
rado ilegal se não há autorização do titular da propriedade industrial.

São responsáveis tributários pelo Imposto de Importação:

a) O transportador, quando transportar mercadoria procedente do


exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno.

Jurisprudência STJ:

TRANSPORTADOR. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. EXTRAVIO. AVARIA.


MERCADORIAS IMPORTADAS.
O transportador não responde, no âmbito tributário, por extravio ou
avaria de mercadorias importadas sob o regime de suspensão de im-
postos e destinadas à comercialização em loja franca (duty free). É que
tais mercadorias permanecerão com suspensão do pagamento de
tributos até a sua venda, quando, então, a suspensão converter-se-á
automaticamente em isenção de tributos (art. 15, §§ 2º e 3º, do DL n.
1.455/1976). Assim, caso a internação se realizasse normalmente, não
haveria tributação em razão da isenção de caráter objetivo incidente
sobre as mercadorias importadas. Logo, como houve extravio, não há
responsabilidade subjetiva do transportador em virtude da ausência de
prejuízo fiscal. Precedentes citados: REsp 726.285-AM, DJ 6/3/2006; AgRg
no REsp 1.127.607-SP, DJe 20/11/2009, e AgRg no REsp 1.090.518-RJ, DJe
24/8/2011. REsp 1.101.814-SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado
em 22/5/2012.

b) O depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da


custódia de mercadoria sob controle aduaneiro.

Respondem solidariamente pelo recolhimento do imposto de importação:

a) O adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isen-


ção ou redução do imposto;

28 Tributação Internacional e Aduaneira


b) O representante, no país, do transportador estrangeiro;

c) O adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso


de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio
de pessoa jurídica importadora;

d) O adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso


de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio
de pessoa jurídica importadora;

e) O encomendante predeterminado que adquire mercadoria de


procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora.

Súmulas sobre o Imposto de Importação:

Súmula 124: A taxa de melhoramento dos portos tem base de cálcu-


lo diversa do imposto de importação, sendo legítima a sua cobrança
sobre a importação de mercadorias de países signatários do GATT, da
ALALC ou ALADI.

Súmula 569: Na importação, é indevida a exigência de nova certidão ne-


gativa de débito no desembaraço aduaneiro, se já apresentada a com-
provação da quitação de tributos federais quando da concessão do be-
nefício relativo ao regime de drawback.

II. Imposto de exportação

Conforme já citado anteriormente, o artigo 153, I, da Constituição Federal


estabelece a competência da União para instituir imposto sobre a ex-
portação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados. O
presente tributo é também disciplinado, além do Código Tributário
Nacional, pelo Decreto-Lei nº 1.578/77, pelo Regulamento Aduaneiro –
Decreto nº 6.759/09, bem como pela Resolução da Secretaria da Receita
Federal nº 28/94.

Tributação Internacional e Aduaneira 29


O sujeito passivo é considerado, nos termos do artigo 27 do CTN, como
“o exportador ou quem a lei a ele equiparar”.

Conforme art. 1º, §1º do Decreto-Lei nº 1.578/77, determina-se que o Imposto


de Exportação é lançado por homologação com base nas informações pres-
tadas pelo devedor na Guia de Exportação ou documento equivalente.

A incidência deste imposto ocorre sobre a mercadoria nacional ou nacio-


nalizada que é destinada ao exterior, pelo que estabelece o artigo 212 do
Decreto-Lei nº 1578/77.

O fato gerador se configura, conforme prevê o art. 1º, do Decreto-lei nº


1.578/77, com a saída de produtos nacionais ou nacionalizados do ter-
ritório nacional, considerando-se como tal o momento da expedição da
guia de exportação ou documento equivalente, conforme expõe o §1º do
artigo 1º do Decreto-Lei nº 1.578/11. Portanto, da mesma forma que o
Imposto de Importação, será reputada a ocorrência do fato gerador do
I.E. com o registro da exportação no SISCOMEX – Sistema Integrado de
Comércio Exterior. Através dele será lavrado o despacho de exportação
para averiguação da regularidade dos dados e documentos apresentados
pelo exportador, o qual será instruído pelos documentos descritos no ar-
tigo 16 da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº 28/94.

Referido registro de exportação estará dispensado quando se tratar de


mala diplomática ou consular e poderá ainda ser dispensada, antes de
ser submetida ao despacho de importação, a mercadoria a ser devolvida
para o exterior. Importa dizer que a dispensa refere-se à inexigibilidade
do registro, mas não exime a declaração dos dados da mala diplomática
através do SISCOMEX.

A partir do despacho de exportação será então gerada a Declaração de


Exportação, a qual deverá ser apresentada à unidade da Secretaria da
Receita Federal.

A base de cálculo é o preço normal que o produto alcançaria, ao tem-


po da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência

30 Tributação Internacional e Aduaneira


no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo Poder
Executivo, mediante ato da CAMEX, conforme artigo 2º, do Decreto-lei
nº 1.578/77.

O artigo 24 do CTN explica que a base de cálculo se evidenciará de duas


formas, conforme as alíquotas incidentes. Se específicas, será considera-
da como base de cálculo a unidade de medida adotada pela lei tributária.
Se ad valorem, será o preço normal que o produto alcançaria ao tempo da
exportação em uma venda em condições de livre concorrência.

Prossegue o artigo 25 do CTN estipulando que a lei poderá considerar


como base de cálculo a parcela do valor ou do preço que forem exceden-
tes de valor básico.

Ressalta-se que o Imposto de Exportação é exceção ao princípio da legali-


dade, podendo ter suas alíquotas modificadas pelo Poder Executivo, con-
forme disposição contida no artigo 26 do CTN. No entanto, na ausência
de fixação pelo Executivo, a alíquota do Imposto de Exportação é de 30%,
conforme art. 3º do Decreto-lei nº 1.578/77. Note que, conforme disposi-
ção legal, é vedada em qualquer hipótese sua majoração para patamar
superior a 150%.

Diferentemente do que ocorre com o Imposto sobre Importação, o paga-


mento do I.E. é feito para o Banco Central do Brasil e não para a Receita
Federal, constituindo-se reserva monetária, que poderá ser aplicada
na forma estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (artigo 9º do
Decreto-Lei nº 1.578/77. Inclusive, o prazo e a forma do pagamento do
Imposto sobre a Exportação serão estipulados pelo Ministro de Estado da
Fazenda, nos termos do artigo 4º do Decreto-Lei já citado.

1.2 Imposto sobre produtos industrializados (IPI)

O IPI é um tributo de função fiscal arrecadatória, no entanto, também é


utilizado como ferramenta extrafiscal, na medida em que suas alíquotas
são seletivas em razão da essencialidade do produto, ou seja, trata-se de

Tributação Internacional e Aduaneira 31


um instrumento utilizado pelo governo federal para baratear ou encare-
cer produtos de acordo com sua importância social12.

Conforme prevê o art. 153, §3º, I da Constituição Federal, o IPI será seleti-
vo em função da essencialidade do produto.

Desta forma, a norma constitucional proíbe o legislador de instituir uma


alíquota unificada no IPI, ou seja, suas alíquotas deverão ser variáveis em
razão da relevância social do item tributado.

Neste sentido, o STJ já decidiu:


TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRÉDITO
PRESUMIDO DE IPI. LEI 9.363⁄96. MIGRAÇÃO EXTEMPORÂNEA PARA O
REGIME PREVISTO NA LEI 10.276⁄01. IMPOSSIBILIDADE.

1. O contribuinte, dentro do prazo legal, pode escolher pela manutenção


do sistema original de cálculo do crédito presumido de IPI previsto na Lei
9.363⁄96 ou pela migração para o regime alternativo preconizado pela Lei
10.276⁄01. Entretanto, realizada a opção para determinado exercício, ela
não pode vir a ser retificada para atingir esse exercício e os anteriores.
Precedentes: AgRg no REsp 1.119.893⁄RS, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, DJe 01⁄08⁄2013; REsp 1.002.855⁄SC, Rel. Ministro Castro
Meira, Segunda Turma, DJe 15⁄04⁄2008. 2. Agravo regimental não provido.
(AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.239.867 - RS (2011⁄0046206-5)).

O IPI será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada


operação com o montante cobrado nas anteriores, conforme art. 153,
§3º, II, CF.

Questiona-se acerca da aplicação da alíquota quando esta é modifi-


cada no interstício do registro e do desembaraço aduaneiro. Quando isso
ocorrer será considerado o disposto no artigo 144 do CTN, que estabelece
o valor da alíquota devido à época do fato gerador, pela lei até então vi-
gente, mesmo que esta tenha sido modificada ou revogada.13

12
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva. 2017, p. 467.
13
GUEIROS, Haroldo. Fato Gerador no Registro da D.I e não na data do desembaraço. Disponível em:
<http://enciclopediaaduaneira.com.br/imposto-de-importacao-parte-iii-hg/>. Acesso em: 26 jul. 2018.

32 Tributação Internacional e Aduaneira


No entanto, cuidado, pois o STF já decidiu que o princípio da não cumu-
latividade não constitui cláusula pétrea dentro do texto constitucional na
medida em que inexistiria garantia individual ou direito fundamental do
contribuinte (ADIn939).

ATENÇÃO: O IPI constitui exceção ao princípio da legalidade, eis que é


facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites da lei
alterarem suas alíquotas.

Não temos a incidência do IPI sobre produtos industrializados destinados


ao exterior, conforme preceitua o art. 153, §3º, III da Carta Magna.

O IPI terá ainda seu impacto reduzido sobre a aquisição de bens de capital
pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.

O fato gerador deste imposto ocorre nas seguintes hipóteses:

a) O seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência


estrangeira;

b) A sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo úni-


co do artigo 51;

c) A sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado


a leilão.

Deve-se sempre lembrar que o IPI incide sobre as operações de importa-


ção e não sobre produtos industrializados que sejam destinados ao exte-
rior, já que o artigo 153, §3º da Constituição Federal, em seu inciso III, pa-
tenteou referida imunidade na intenção de desonerar a produção do país.

Registra-se que o presente tributo não é exigido no momento da decla-


ração da importação, pois sua incidência ocorre efetivamente com o de-
sembaraço aduaneiro (fato gerador), existindo, assim, uma antecipação
do pagamento do tributo. Caso o desembaraço aduaneiro não ocorra, em
virtude de um extravio, por exemplo, o valor pago pelo contribuinte deve-
rá ser então restituído.

Tributação Internacional e Aduaneira 33


São contribuintes do IPI:

a) O importador ou quem a lei a ele equiparar;

b) O industrial ou quem a lei a ele equiparar;

c) O comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça


aos contribuintes definidos no inciso anterior;

d) O arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, leva-


dos a leilão.

Muito importante ressaltar que o STJ já decidiu no sentido de que “a exi-


gência de IPI na importação de bem para uso próprio por pessoa não contri-
buinte do tributo implica violação ao princípio da não cumulatividade”, en-
tendimento este firmado no RE 694718/RS, rel. Min Ricardo Lewandowski,
18.12.2012.

Conforme o Decreto 7.212/2010 em seu art. 24, parágrafo único, “consi-


dera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador,
industrial ou comerciante, em relação a cada fato gerador que decorra de
ato que praticar”.

Além dos contribuintes já citados, há no IPI-importação a figura do contri-


buinte de fato e de direito. As pessoas físicas que trouxerem produtos do
exterior estão sujeitas ao pagamento do IPI em decorrência do desemba-
raço aduaneiro, atuando assim como substitutos tributários do exporta-
dor situado no estrangeiro. Já que deste não cabe a exigência do imposto,
referido encargo será então suportado por um “não-contribuinte”, que ao
trazer o produto do exterior para o seu próprio consumo, acaba sofrendo
com a “falha” do regime da não-cumulatividade, falha esta que não pode
ser confundida com inconstitucionalidade.

Tem se posicionado o Supremo Tribunal Federal no sentido de ratificar o


entendimento de que é devida a exação do IPI em caso de veículo adqui-
rido pelo consumidor, mesmo que para o seu uso próprio. Confira-se:

34 Tributação Internacional e Aduaneira


EMENTA DIREITO TRIBUTÁRIO. ICMS E IPI. IMPORTAÇÃO DE BENS PARA
USO PRÓPRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO
CPC/1973. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTS. 150, I, 153, § 3º, I e II, e 155, § 2º, I,
DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA
COM A JURISPRUDÊNCIA CRISTALIZADA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015. 1. O entendimento
assinalado na decisão agravada não diverge da jurisprudência firmada no
Supremo Tribunal Federal. O Plenário do Supremo Tribunal Federal deci-
diu, em sede de repercussão geral, que incide o Imposto sobre Produtos
Industrializados na importação de bens para uso próprio, sendo neutro o
fato de tratar-se de consumidor final 2. As razões do agravo não se mos-
tram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada,
mormente no que se refere à ausência de ofensa a preceito da Constituição
da República. 3. Ausente condenação anterior em honorários, inaplicável o
art. 85, § 11, do CPC/2015. 4. Agravo interno conhecido e não provido, com
aplicação da penalidade prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, calculada
à razão de 1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa.14

Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS

PIS e COFINS incidentes sobre a importação de produtos e serviços estão


regulamentados nos artigos 149, parágrafo 2º, inciso II, e do inciso IV e
artigo 195 da CF/88.

O PIS e a COFINS são contribuições sociais que possuem os mesmos fa-


tos geradores, contribuintes, bases de cálculo e regras para utilização
de créditos.

O fato gerador destes tributos encontra amparo legal no artigo 3º da Lei


nº 10.865/04, a qual estabelece:
Art. 3o O fato gerador será:

I - a entrada de bens estrangeiros no território nacional; ou

II - o pagamento, o crédito, a entrega, o emprego ou a remessa de valores


14
RE 1089465 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 07/05/2018, PROCESSO ELE-
TRÔNICO DJe-096 DIVULG 16-05-2018 PUBLIC 17-05-2018.

Tributação Internacional e Aduaneira 35


a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação por servi-
ço prestado.

§ 1o Para efeito do inciso I do caput deste artigo, consideram-se entrados


no território nacional os bens que constem como tendo sido importados e
cujo extravio venha a ser apurado pela administração aduaneira.

Referida lei prossegue afastando a incidência do PIS/PASEP e COFINS-


Importação, nos extravios de malas e de remessas postais internacionais,
bem como de mercadorias importadas a granel, devido às condições de
manuseio na descarga, a qual se sujeita a quebra ou decréscimo não su-
perior a 1% (um por cento).

Da mesma forma que os demais impostos estudados, reputa-se ocorrido


o fato gerador, ao ser efetuado o registro da declaração de importação
das mercadorias, mesmo que estejam suspensas à tributação do Imposto
sobre Importação, bem como na data do vencimento do prazo de perma-
nência dos bens em recinto alfandegado, quando em caso de abandono
da mercadoria.

A base de cálculo será o valor aduaneiro, quando se tratar da importa-


ção de bens, ou ainda o valor pago, creditado, entregue, empregado ou
remetido para o exterior, antes que seja retido o Imposto de Renda, con-
siderando-se o acréscimo do ISS e do valor das contribuições em caso de
importação de serviços (artigo 7º da Lei nº 10.865).

Importante disposição desta lei cuida da incidência dessas contribuições


sobre o prêmio de resseguro cedido ao exterior. O artigo 7º define a base
de cálculo no citado caso como sendo o percentual de 15% sobre o valor
pago, creditado, entregue, empregado ou remetido.

Já o artigo 8º da Lei traz quais as alíquotas devidas nos seguintes casos.


Confira-se:
1) Na hipótese de importação de bens:

a) 2,1% para a Contribuição para o PIS/Pasep-Importação; e

36 Tributação Internacional e Aduaneira


b) 9,65% para a Cofins-Importação.

2) Na hipótese de importação de serviços:

a) 1,65% para a Contribuição para o PIS/Pasep-Importação; e

b) 7,6% para a Cofins-Importação.

Nem só de incidências vive um tributo. Haverá casos em que a alíquota


do PIS/PASEP e do COFINS-Importação será 0 (zero). Estas serão aplicadas
no caso da venda de papéis, livros, gás natural para geração de energia
elétrica, aeronaves e suas partes e serviços relacionados, material de em-
prego militar, equipamentos destinados aos portadores de necessidades
especiais, produtos utilizados na área de saúde, adubos ou fertilizantes,
defensivos agropecuários, sementes e mudas, corretivo de solo de ori-
gem mineral, inoculantes agrícolas, feijão, arroz, vacinas para medicina
veterinária, farinha, grumo, sêmolas e grãos de milho, pintos de um dia,
leites, queijos, soro de leite, trigo e farinha de trigo, pre-misturas para fa-
bricação de pão comum, produtos hortícolas, frutas, ovos, sêmens e em-
briões, massas, carnes bovina, suína, caprina e de aves, peixes e carnes de
peixes, café, açúcar, óleos vegetais, manteiga e margarina.

Além disso, a alíquota zero se aplicará no caso de valores empregados


a adimplir aluguéis, arrendamento de máquinas e equipamentos, bem
como embarcações, aeronaves que sejam utilizados em atividade empre-
sarial no exterior.

Os contribuintes dos referidos tributos são, nos termos do artigo 5º da Lei


nº 10.865/04:

a) o importador, assim considerada a pessoa física ou jurídica que


promova a entrada de bens estrangeiros no território nacional;

b) a pessoa física ou jurídica contratante de serviços de residente ou


domiciliado no exterior; e

c) o beneficiário do serviço, na hipótese em que o contratante tam-


bém seja residente ou domiciliado no exterior.

Tributação Internacional e Aduaneira 37


Equiparam-se ao importador o destinatário de remessa postal interna-
cional indicado pelo respectivo remetente e o adquirente de mercadoria
entrepostada.

Serão ainda responsáveis solidariamente ao pagamento destas contri-


buições, nos moldes do artigo 6º da Lei supracitada:

a) o adquirente de bens estrangeiros, no caso de importação rea-


lizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica
importadora;

b) o transportador, quando transportar bens procedentes do exte-


rior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno;

c) o representante, no País, do transportador estrangeiro;

d) o depositário, assim considerado qualquer pessoa incumbida da


custódia de bem sob controle aduaneiro; e

e) o expedidor, o operador de transporte multimodal ou qualquer


subcontratado para a realização do transporte multimodal.

Quanto às isenções de tais contribuições, estas se encontram nos ar-


tigos 9º a 12º da Lei nº 10.865/04, e, como exemplo de algumas delas,
tem-se as importações realizadas pelos entes federativos, pelas Missões
Diplomáticas e Repartições Consulares, por organismos internacionais,
bem como nas hipóteses de amostras e remessas postais internacionais,
sem valor comercial, bagagens de viajantes procedentes do exterior, ob-
jetos de arte recebidos de doação, e bens trazidos do exterior advindos
do comércio característico de cidades fronteiriças, os quais se destinam à
manutenção da unidade familiar dos seus residentes.

1.3 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

Previsto no art. 155, II da Carta Magna, trata-se de imposto de competên-


cia dos Estados e Distrito Federal, no qual possui função essencialmente
fiscal (arrecadatória), embora possa se falar, de forma secundária, que o

38 Tributação Internacional e Aduaneira


imposto possui caráter extrafiscal, em razão das alíquotas seletivas do
ICMS (art. 155, §2º, III, CF).

Tem como fato gerador basicamente três atividades:

a) Operações relativas à circulação de mercadorias;


b) Prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal;
c) As operações e as prestações se iniciem no exterior.

A regra está contida na Lei Complementar nº 87/96, a qual determina a


ocorrência do fato gerador no momento em que há a entrada da mer-
cadoria no país. Assim, o fato gerador do ICMS-Importação se dá com o
desembaraço aduaneiro da mercadoria, considerando-, assim, como cri-
tério espacial, o local onde é encontrada a mercadoria aguardando o des-
pacho aduaneiro.

E se não houver o desembaraço aduaneiro? É entendido pela Receita


Federal que, em caso de entrega da mercadoria, mesmo sem o compro-
vante do pagamento do ICMS antecipado, restará assim configurada a
ocorrência do fato gerado, como um “desembaraço aduaneiro tácito”, ain-
da que não realizada a conferência.

Muita atenção, pois conforme determina o art. 3° da Lei 87/96, não incide
ICMS nas seguintes hipóteses:

a) Operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado à


sua impressão;
b) Operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias,
inclusive produtos primários e produtos industrializados semiela-
borados ou serviços;
c) Operações interestaduais relativas à energia elétrica e petróleo,
inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele deri-
vados, quando destinados à industrialização ou à comercialização;
d) Operações com ouro, quando definido em lei como ativo financei-
ro ou instrumento cambial;

Tributação Internacional e Aduaneira 39


e) Operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se
destinem a ser utilizadas na prestação, pelo próprio autor da
saída, de serviço de qualquer natureza definido em lei comple-
mentar como sujeito ao imposto sobre serviços, de competência
dos municípios, ressalvadas as hipóteses previstas na mesma lei
complementar;

f) Operações de qualquer natureza de que decorra a transferência


de propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou de
outra espécie;

g) Operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia,


inclusive a operação efetuada pelo credor em decorrência do ina-
dimplemento do devedor;

h) Operações de arrendamento mercantil, não compreendida a ven-


da do bem arrendado ao arrendatário;

i) Operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de


bens móveis salvados de sinistro para companhias seguradoras.

É contribuinte do ICMS qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com


habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações
de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte in-
terestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e
as prestações se iniciem no exterior.

A base de cálculo deste imposto é o valor da operação no momento da


saída da mercadoria ou do preço do serviço (nos casos de comunicação,
transporte interestadual e transporte intermunicipal). O valor fixado como
base de cálculo compreenderá o valor aduaneiro da mercadoria, soma-
do ao montante compreendido do Imposto sobre Importação, IPI, PIS e
COFINS-Importação, bem como das demais despesas que sejam cobradas
ou debitadas ao adquirente do bem, estas consideradas até o momento
do desembaraço aduaneiro.

40 Tributação Internacional e Aduaneira


Não integra a base de cálculo do imposto o montante do Imposto sobre
Produtos Industrializados quando a operação, realizada entre contribuin-
tes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização,
configurar fato gerador de ambos os impostos.

As alíquotas do ICMS são fixadas pelo legislador estadual e podem ser


seletivas em função da essencialidade do produto ou serviço.

ATENÇÃO: É facultado ao Senado Federal (conforme art. 155, §2°, V, CF):


a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas; b) fixar alíquo-
tas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que
envolva interesse de Estados.

O pagamento do ICMS é regulado por meio de convênio firmado entre a


Secretaria da Receita Federal e pela Secretaria de Estado da Unidade da
Federação responsável pelo ICMS. Assim, o pagamento poderá ser feito
através de débito automático na conta bancária indicada pelo importador
(artigo 53 da Instrução Normativa da SRF nº 680/2006).

Da mesma forma que os demais impostos, deverá ser registrada a de-


claração no SISCOMEX para que esta seja então submetida ao despacho
de importação. Dessa forma, os dados da mencionada declaração serão
fornecidos à SRF, que em seguida irá transferi-los à Unidade da Federação
indicada pelo importador, em virtude da existência do convênio acima
mencionado.

Assim como os demais, o lançamento do ICMS-Importação é realizado


por homologação.

Diferentemente do que ocorre com o IPI, o ICMS não incidirá sobre ope-
rações em que o importador não seja o contribuinte do tributo. O afasta-
mento desta exação está consolidado na Súmula 660 do Supremo Tribunal
Federal, o qual explica que admissão deste tipo de incidência violaria o
princípio da não-cumulatividade. Confira-se:

Tributação Internacional e Aduaneira 41


Súmula 660 STF: Não incide ICMS na importação de bens por pessoa física
ou jurídica que não seja contribuinte do imposto.

A razão de ser da presente Súmula está no entendimento exarado pelo


STF em julgado como o do RE nº 203.075-9/DF:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO – CONSTITUCIONAL – TRIBUTÁRIO – PESSOA


FÍSICA – IMPORTAÇÃO DE BEM – EXIGÊNCIA DO PAGAMENTO DO ICMS POR
OCASIÃO DO DESEMBARAÇO ADUANEIRO – IMPOSSIBILIDADE.

1. A incidência do ICMS na importação de mercadoria tem como fato ge-


rador operação de natureza mercantil ou assemelhada, sendo inexigível o
imposto quando se trata de bem importado por pessoa física.

2. Princípio da não-cumulatividade do ICMs. Pessoa física. Importação de


bem. Impossibilidade de se compensar o que devido em cada operação
com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou
pelo Distrito Federal. Não sendo comerciante e, como tal, não estabelecida,
a pessoa física não pratica atos que envolvam circulação de mercadoria.
Recurso extraordinário não conhecido.15

1.4 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)

Compete aos Municípios e ao Distrito Federal instituir o Imposto sobre


Serviços de Qualquer Natureza, nos termos de lei complementar federal.
Este imposto possui finalidade arrecadatória e por essa razão é conside-
rado como tributo de função fiscal.

O fato gerador do ISS é a prestação de serviço elencada em lista anexa à


Lei Complementar 116/2003, incidindo-se também sobre o serviço pro-
veniente do exterior do país ou cuja prestação tenha se iniciado no exte-
rior do País.

O contribuinte do ISS é o prestador de serviços, conforme art. 5º da


LC 116/2003.

15
STF – Sessão Plenária, RE n. 203.075-9-DF, Rel. Min. Ilmar Galvão. J. 5/8/98, maioria de votos; RSTF 256/167.

42 Tributação Internacional e Aduaneira


A responsabilidade tributária é então imposta pelo artigo 6º da mencio-
nada LC, aos tomadores intermediários de serviços provenientes do ex-
terior, bem como àqueles que, mediante lei e que de modo expresso, o
Município e o Distrito Federal atribuírem, já que vinculados ao fato gera-
dor, assim excluindo a responsabilidade do contribuinte, o qual será res-
ponsabilizado subsidiariamente em relação àquele.

A lei ainda estende a permissão de os Municípios e o Distrito Federal tri-


butarem serviços que sejam prestados por pessoas jurídicas que este-
jam estabelecidas no exterior, se tal pessoa tiver conexão no território
brasileiro.

A base de cálculo do ISS varia de acordo com o tipo de contribuinte16:

1. No caso de prestação de serviços na forma de trabalho pessoal, o


valor do imposto é fixo (art.9º, §1º, do Decreto-lei n. 406/68);
2. No caso de prestação de serviços por empresas, a base de cálculo é
o preço de serviço (art. 7º, da Lei Complementar n. 116/2003);
3. No caso de prestação de serviços por sociedades profissionais, o
valor é calculado multiplicando o montante fixo do tributo pelo
número de profissionais que a integram (art. 9º, §3º, do Decreto-lei
nº 406/68).

Com relação às alíquotas, cada município é competente para defini-las,


porém, o legislador municipal deve respeitar as alíquotas mínimas de 2%
(art. 88 do ADCT) e máxima de 5% (art. 8º da Lei Complementar 116/2003).

Muito cuidado nas hipóteses de não incidência do ISS, vamos a elas:

a) Serviços não arrolados na listagem anexa à Lei Complementar n.


116/2003;
b) A remuneração do próprio trabalho quando se tratar de prestação
de serviços sob a forma de trabalho pessoal do próprio contri-
buinte (art. 9º, §1º, Decreto-lei n 406/68)
16
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 31 ed. Rev. Atual. Ampl. Editora Malheiros: São Pau-
lo, 2010, p. 427.

Tributação Internacional e Aduaneira 43


c) Serviços de transporte interestadual, transporte intermunicipal e
de comunicação (art. 155, II da CF)

d) Locação, conforme súmula vinculante 31 (Súmula Vinculante 31:


É inconstitucional a incidência do imposto sobre serviços de qual-
quer natureza - ISS sobre operações de locação de bens móveis).

O artigo 2º da Lei nº 116/03 afasta a incidência do ISS sobre a exportação


de serviços para o exterior, quando o efeito do serviço prestado se dê no
exterior, assim dispondo:
Art. 2º. O imposto não incide sobre:

I – as exportações de serviços para o exterior do País;

Parágrafo único. Não se enquadram no disposto no inciso I os serviços de-


senvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se verifique, ainda que o paga-
mento seja feito por residente no exterior.

Será considerada prestação de serviço exportada e isenta do ISS aquela


que for realizada fora do território brasileiro, ainda que o contribuinte re-
sida no Brasil, assim destinado para tomador residente no exterior, bem
como aquela que, realizada no território brasileiro, tenha seu resultado
concretizado no exterior.

Atente-se para o fato de que, caso o serviço tenha sido realizado no terri-
tório brasileiro, por contribuinte que resida no Brasil e para tomador re-
sidente no exterior, e o resultado tenha sido configurado no território
brasileiro, haverá a incidência do ISS.

1.5 CIDE Combustíveis

A CIDE combustíveis, criada pela Lei nº 10.336/01, encontra amparo le-


gal também no art. 298 do Decreto-Lei nº 6.759/09, o qual prevê que a
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incide sobre a impor-
tação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus
derivados, e álcool etílico combustível.

44 Tributação Internacional e Aduaneira


A CIDE-Combustíveis tem como fato gerador as operações de im-
portação de:

• Gasolinas e suas correntes;

• Diesel e suas correntes;

• Querosene de aviação e outros querosenes;

• Óleos combustíveis;

• Gás liquefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e


de nafta; e

• Álcool etílico combustível.

O contribuinte da CIDE-Combustíveis, pelos termos do artigo 300 do


Regulamento Aduaneiro – Decreto nº 6.759/09, é o importador, a pessoa
física ou jurídica dos combustíveis acima elencados.

Como responsável solidário, prossegue o artigo 301 do Regulamento im-


putando a condição ao adquirente de mercadoria de procedência estran-
geira, quando esta for realizada por sua conta e ordem, por intermédio de
pessoa jurídica importadora.

A base de cálculo da CIDE-Combustíveis é a unidade de medida estabe-


lecida para os produtos considerados como combustível pelo artigo 299
(artigo 302 do Regulamento Aduaneiro).

Será calculada pela aplicação de alíquotas específicas, conforme estabe-


lecido em ato normativo específico (Lei nº 10.336/01) e reduzida pelas dis-
posições do Decreto nº 4.940/03.

ATENÇÃO: O pagamento da CIDE-Combustíveis será efetuado na data do


registro da declaração de importação.

Constituem-se como isenções desta contribuição, pelos termos do artigo


305 do Regulamento Aduaneiro:

Tributação Internacional e Aduaneira 45


• I – a nafta petroquímica importada, destinada à elaboração, por cen-
tral petroquímica, de produtos petroquímicos não incluídos no art.
303, nos termos e condições estabelecidos pela Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Lei no 10.336, de 2001, art.
5o, § 4o); e

• II – os bens dos tipos e em quantidades normalmente consumidos


em evento esportivo oficial (Lei no 11.488, de 2007, art. 38, inciso II).

• Parágrafo único. A isenção de que trata o inciso II somente será


concedida se satisfeitos os termos, limites e condições estabeleci-
dos nos arts. 183 a 185, no que couberem (Lei no 11.488, de 2007,
art. 38, caput).

Importante citar a decisão exarada pela Receita Federal do Brasil acerca


de questionamento sobre a incidência da CIDE no uso de software:
– SOLUÇÃO DE CONSULTA N. 128 DA DIVISÃO DE TRIBUTAÇÃO DA 7ª
REGIÃO FISCAL

EMENTA – CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNICO ECONÔMICO


(CIDE) – INCIDÊNCIA DE USO DE SOFTWARE – Os valores pagos, creditados,
entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residente ou domici-
liado no exterior, a título de royalties, em virtude de contrato de licencia-
mento de software, sofrem a incidência da Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico (CIDE) instituída pelo art. 2º da Lei n. 10.168/2000, por
caracterizem pagamentos por “licença de uso”. Em consequência estão su-
jeitos, como regra, ao pagamento do IRRF e da CIDE, às alíquotas de 15% E
10%, respectivamente.

1.6 AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha


Mercante)

O Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM)


foi instituído pelo Decreto-lei nº 2.404/1987 e disciplinado pela Lei nº

46 Tributação Internacional e Aduaneira


10.893/2004. Com as alterações trazidas pelas Leis nº 12.599/2012 e
12.788/2013, a administração das atividades relativas à cobrança, fiscali-
zação, arrecadação, restituição e ressarcimento do AFRMM passou a ser
de responsabilidade da Receita Federal do Brasil (RFB). Em 30 de maio
de 2014 foi publicado o Decreto nº 8.257, de 29 de maio de 2014, regu-
lamentando os dispositivos legais relativos ao exercício da competência
pela RFB17.

O AFRMM destina-se a atender aos encargos da intervenção da União no


apoio ao desenvolvimento da Marinha Mercante e da indústria de cons-
trução e reparação naval brasileiras, e constitui fonte básica do Fundo da
Marinha Mercante (FMM)18.

A mencionada Lei nº 10.863/04 encarregou-se de revogar quase todos os


artigos do Decreto-Lei nº 2.404/87, restando vigentes tão somente os arti-
gos 1º e 7º deste diploma.

O AFRMM possui natureza idêntica à da CIDE e, assim como ela, na carac-


terística de contribuição parafiscal, distinguindo-se do imposto e da taxa,
aplica-se o disposto no artigo 149 da Constituição Federal, por ser tributo
de competência da União. Neste sentido, é o entendimento do Supremo
Tribunal Federal:
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ADICIONAL AO FRETE PARA RENOVAÇÃO
DA MARINHA MERCANTE - AFRMM: CONTRIBUIÇÃO PARAFISCAL OU
ESPECIAL DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO C.F. ART. 149, ART.
155, § 2º, IX. ADCT, ART. 36. I. - Adicional ao frete para renovação da marinha
mercante - AFRMM - é uma contribuição parafiscal ou especial, contribuição
de intervenção no domínio econômico, terceiro gênero tributário, distinta
do imposto e da taxa. (C.F., art. 149). II. - O AFRMM não é incompatível com a
norma do art. 155, § 2º, IX, DA Constituição. Irrelevância, s o aspecto tributá-
rio, da alegação no sentido de que o Fundo da Marinha Mercante teria sido
extinto, na forma do disposto no art. 36, ADCT. III. - Recurso extraordinário
não conhecido.19
17
Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/afrmm>. Acesso em: 04 set. /2017.
18
Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/afrmm>. Acesso em: 04/ set. 2017.
19
STF - RE: 177137 RS, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento: 24/05/1995, Tribunal Pleno, Data de

Tributação Internacional e Aduaneira 47


Prosseguindo na interpretação do tributo em comento, o STF entendeu
pela dispensabilidade de lei complementar para sua criação.20

O fato gerador do AFRMM inicia-se com a operação de descarregamento


da embarcação em porto brasileiro, conforme os termos do artigo 4º da
Lei nº 10.893/04, não incidindo sobre a navegação fluvial e lacustre. Este,
reputa-se como ocorrido no momento em que há a entrada do navio no
porto de descarga.

Tem por base de cálculo a remuneração do transporte aquaviário, remu-


neração esta que é composta pelo transporte da carga conjuntamente
com as despesas portuárias de manipulação da carga (artigo 5º da Lei nº
10.893/04). Sobre a base de cálculo são aplicadas as seguintes alíquotas:

a) 25% na navegação de longo curso (configurada como a realizada


entre portos brasileiros e portos estrangeiros, sejam marítimos,
fluviais ou lacustres);

b) 10% na navegação de cabotagem (consubstanciada na realizada


entre portos brasileiros, utilizando exclusivamente a via marítima
ou a via marítima e as interiores);

c) 40% na navegação fluvial e lacustre (aquela realizada entre portos


brasileiros, utilizando exclusivamente as vias interiores), quando
transporte de granéis líquidos nas regiões Norte e Nordeste.

São contribuintes do AFRMM o consignatário/destinatário constante do


conhecimento de embarque. Quando não houver referido conhecimento,
será considerado contribuinte o proprietário da carga transportada.

Em termos de responsabilização solidária, esta se imputa ao proprietário


da carga transportada.

O pagamento do AFRMM deverá ocorrer em até 30 (trinta) dias, a contar


da data do início efetivo da operação de descarregamento da embarcação,

Publicação: DJ 18-04-1997 PP-13788 EMENT VOL-01865-05 PP-00925.


20
AI 739.715-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 26-5-2009, Segunda Turma, DJE de 19-6-2009.

48 Tributação Internacional e Aduaneira


isto é, antes da mercadoria ser liberada pela Secretaria da Receita Federal,
através do “Sistema MERCANTE” – Sistema de Controle de Arrecadação do
Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante. Tal pagamento
deverá ser acrescido da TUM – Taxa de Utilização do Mercante, devida em
razão da emissão do Conhecimento Eletrônico Mercante.

Dessa forma, a Lei nº 10.893/04, em seu artigo 12º, proíbe o desembaraço


da mercadoria pela SRF sem que haja a prova do pagamento.

O artigo 14º da Lei nº 10.893/04, bem como o artigo 3º da Lei da Copa – Lei
nº 12.350/10, o artigo 4º da Lei nº 12.431/12, o artigo 17° da Lei nº 9.432/97
cumulado com o disposto no artigo 11º da Lei nº 11.482/07, expõem as
isenções de cargas do pagamento do AFRMM.

1.7 IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros)

O IOF caracteriza-se pela sua função extrafiscal, isto é, tem o propósito de


regular o mercado, além da inerente função de arrecadação.

São contribuintes do IOF as pessoas físicas e as pessoas jurídicas que efe-


tuarem operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos ou
valores mobiliários.

Por câmbio, entende-se a operação de troca de moeda nacional com mo-


eda de outro país, algo que acontece quando um brasileiro viaja para o
exterior e, necessitando de moeda estrangeira, dirige-se até um agente
autorizado pelo Banco Central do Brasil e assim “compra” moeda estran-
geira, por exemplo.

O fato gerador do IOF, nesse caso, reputa-se ocorrido no momento em


que há a entrega da moeda nacional ou estrangeira, de documento que a
represente, ou ainda pela sua colocação à disposição do interessado.

Pelo critério temporal, o fato gerador ocorrerá no momento em que liqui-


dada a operação de câmbio, no momento em que liberadas as parcelas,
na data do adiantamento ao depositante, na data do registro efetuado

Tributação Internacional e Aduaneira 49


em conta devedora por crédito liquidado no exterior, na data em que se
verificar excesso e limite, na data da novação, composição, consolidação,
confissão de dívida e negócios semelhantes e também, na data do lança-
mento contábil.

Os contribuintes do IOF são os compradores ou os vendedores da moeda


estrangeira, conforme já explicado no início deste estudo. A cobrança e
o recolhimento do imposto são efetuados pelo responsável tributário: a
pessoa jurídica que conceder o crédito; as instituições autorizadas a ope-
rar em câmbio; as seguradoras ou as instituições financeiras a quem estas
encarregarem da cobrança do prêmio de seguro; as instituições autoriza-
das a operar na compra e venda de títulos ou valores mobiliários21.

A base de cálculo consubstancia-se no valor do montante de moeda na-


cional recebido, entregue ou colocado à disposição, o qual seja equivalen-
te ao valor da moeda estrangeira utilizada na operação.

A alíquota máxima imposta ao cálculo do IOF equivale ao percentual de


25%. No entanto, o artigo 15-B do Decreto nº 6.306/2007 estabelece várias
hipóteses de modificação da alíquota, como a redução da alíquota em 6,38%
nas “operações de câmbio destinadas ao cumprimento de obrigações de
administradoras de cartão de crédito ou de débito ou de bancos comerciais
ou múltiplos na qualidade de emissores de cartão de crédito decorrentes
de aquisição de bens e serviços do exterior efetuada por seus usuários, ou
ainda a aplicação da alíquota 0%, como “nos casos de operações de câmbio
relativas ao ingresso, no País, de receitas de exportação de bens e serviços
e operações de câmbio de natureza interbancária entre instituições inte-
grantes do Sistema Financeiro Nacional autorizadas a operar no mercado
de câmbio e entre estas e as instituições financeiras no exterior”.

As alíquotas do IOF podem ser alteradas pelo Poder Executivo, respeita-


das as condições e os limites estabelecidos em lei. Ressalta-se que sobre
esse imposto, não são aplicados os princípios da anterioridade nonagesi-
mal e anual.
21
Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/afrmm>. Acesso em: 04 set. 2017.

50 Tributação Internacional e Aduaneira


Já a isenção do IOF é configurada nos seguintes casos:

a) realizadas para pagamento de bens importados;

b) em que o comprador ou o vendedor da moeda estrangeira seja a


entidade binacional Itaipu;

c) em que os compradores ou os vendedores da moeda estrangeira


sejam missões diplomáticas e repartições consulares de carreira; e

d) contratadas por funcionário estrangeiro de missão diplomática


ou representação consular, exceto os que tenham residência per-
manente no Brasil.

O recolhimento do IOF ocorrerá quando liquidada a operação de câmbio,


através do pagamento de DARF, até o 3º dia útil subsequente aos dez
dias da cobrança, sobre os seguintes códigos: Operação de câmbio – en-
trada de moeda – Código 4290 e Operação de câmbio – saída de moeda
– Código 5220. O valor será ainda acrescido de juros de mora através da
correção da taxa SELIC, quando se tratarem de títulos federais, e de multa
de mora, com a aplicação da taxa de 0,33% ao dia, a iniciar no dia seguinte
ao do vencimento.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


FGV - OAB UNIFICADO - Nacional/XXII Exame/2017 (adaptada)

A pessoa jurídica A realizou a importação de peças para utilização no


processo de fabricação de equipamentos eletrônicos. Diante da cons-
tatação de que a contribuinte não havia recolhido o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a liberação das merca-
dorias importadas foi condicionada ao pagamento do referido tribu-
to, tendo, ainda, sido determinada a interdição do estabelecimento
da pessoa jurídica A.
Diante desse panorama, responda ao item a seguir.
A cobrança do ICMS pelo Fisco está correta?

Tributação Internacional e Aduaneira 51


Resposta: A cobrança está correta, pois é legítima a cobrança de ICMS
como condição para liberação de mercadorias importadas, conforme
art. 12, IX da lei 87/96: Considera-se ocorrido o fato gerador do im-
posto no momento: IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias
ou bens importados do exterior, portanto, correta a cobrança.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA E GABARITO


TEMA 02
1. ESAF - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil/Tecnologia
da Informação/2005
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), de compe-
tência da União,

a) terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens


de capital pelo contribuinte do imposto, mediante
ato do Poder Executivo.

b) poderá incidir sobre produtos industrializados desti-


nados ao exterior.

c) poderá ser seletivo, em função da essencialidade do


produto.

d) constitui exceção ao princípio da legalidade, eis que


é facultado ao Poder Executivo, atendidas as condi-
ções e os limites da lei, alterar suas alíquotas.

e) poderá ser não cumulativo, compensando-se o que


for devido em cada operação com o montante cobra-
do nas anteriores.

52 Tributação Internacional e Aduaneira


2. ESAF - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil/
Auditoria/2003
Avalie o acerto das afirmações adiante e marque com V as
verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a op-
ção correta.

( ) Os encargos cambiais pagos pelo importador ou dele exi-


gíveis não se incluem na base de cálculo do imposto sobre
produtos industrializados, no caso de importação de produ-
to de procedência estrangeira.

( ) A base de cálculo do imposto sobre produtos industrializa-


dos, em se tratando de produto de procedência estrangeira
apreendido ou abandonado e levado a leilão, é o preço da
arrematação, acrescido do valor dos demais tributos exigí-
veis na importação regular do produto.

( ) O imposto de importação não integra a base de cálcu-


lo do Imposto sobre Produtos Industrializados, no caso de
importação de produto de procedência estrangeira.

a) V, V, F.

b) V, F, V.

c) V, V, V.

d) F, V, F.

e) F, F, F.

3. ESAF - Analista Tributário da Receita Federal do Brasil/2003


O IPI, de acordo com a Constituição Federal, deve atender a
dois princípios:

a) não cumulatividade e progressividade, em função de


o produto ser considerado supérfluo.

Tributação Internacional e Aduaneira 53


b) diferenciação de alíquotas, em função dos títulos dos
capítulos e posição, e a não cumulatividade.

c) não cumulatividade e superficialidade.

d) seletividade, em função da essencialidade do produ-


to, e a cumulatividade.

e) seletividade, em função da essencialidade do produ-


to, e a não cumulatividade.

4. ESAF - Analista Tributário da Receita Federal do Brasil/2002


Constituição Federal, artigo 153, parágrafo 3º: § 3º - O
imposto previsto no inciso IV: (Imposto Sobre Produtos
Industrializados) I - será seletivo, em função da essencialida-
de do produto;

Em face do enunciado, assinale a opção correta.

a) Seletividade quer dizer discriminação ou sis-


tema de alíquotas diferenciais por espécies de
mercadorias. Trata-se de dispositivo programático
endereçado ao legislador ordinário, recomendando-
-lhe que estabeleça as alíquotas em razão inversa da
imprescindibilidade das mercadorias de consumo
generalizado. Quanto mais sejam elas necessárias à
alimentação, ao vestuário, à moradia, ao tratamento
médico e higiênico das classes mais numerosas, tan-
to menores devem ser.

b) Seletividade quer dizer discriminação ou sistema de


alíquotas diferenciais por espécies de mercadorias.
Trata-se de dispositivo programático endereçado ao
legislador ordinário, recomendando-lhe que estabele-
ça as alíquotas em razão direta da imprescindibilidade

54 Tributação Internacional e Aduaneira


das mercadorias de consumo generalizado. Quanto
menos sejam elas necessárias à alimentação, ao ves-
tuário, à moradia, ao tratamento médico e higiênico
das classes mais numerosas, tanto menores devem
ser.

c) Seletividade quer dizer discriminação ou sistema de


alíquotas homogêneas por espécies de mercadorias.
Trata-se de dispositivo programático endereça-
do ao legislador ordinário, recomendando-lhe que
estabeleça as alíquotas em razão direta da impres-
cindibilidade das mercadorias de consumo supérfluo.
Quanto mais sejam elas necessárias à alimentação,
ao vestuário, à moradia, ao tratamento médico e
higiênico das classes mais numerosas, tanto maiores
devem ser.

d) Seletividade quer dizer não discriminação ou sis-


tema de alíquotas homogêneas por espécies de
mercadorias. Trata-se de dispositivo programático
endereçado ao legislador ordinário, recomendando-
-lhe que estabeleça as alíquotas em razão inversa da
imprescindibilidade das mercadorias de consumo
generalizado. Quanto mais sejam elas necessárias à
alimentação, ao vestuário, à moradia, ao tratamento
médico e higiênico das classes mais numerosas, tan-
to menores devem ser.

e) Seletividade quer dizer discriminação ou sistema de


alíquotas diferenciais por espécies de mercadorias.
Trata-se de dispositivo programático endereçado
ao legislador constitucional, recomendando-lhe que

Tributação Internacional e Aduaneira 55


estabeleça as alíquotas em razão inversa da impres-
cindibilidade das mercadorias de consumo supérfluo.
Quanto mais sejam elas necessárias à alimentação,
ao vestuário, à moradia, ao tratamento médico e higi-
ênico das classes menos numerosas, tanto menores
devem ser.

5. ESAF - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil/


Auditoria/2002
Assinale a resposta correta.

(i) O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incide


sobre produtos industrializados estrangeiros?

(ii) O campo de incidência do IPI abrange os produtos com


alíquota zero?

a) (i) Sim, porque para efeito de IPI não há distinção em


relação à procedência dos bens. (ii) Não, porque alí-
quota zero equivale à ausência de alíquota.

b) (i) Sim, porque se o produto é industrializado, esse


imposto substitui o de importação. (ii) Sim, porque
alíquota zero não impede que o produto siga o regi-
me geral do imposto.

c) (i) Sim. A lei assim o diz. (ii) Sim, porque a lei deter-
mina que seu campo de incidência abrange todos os
produtos com alíquota.

d) (i) Não, porque haveria bis in idem, já que sobre eles


incide o imposto de importação. (ii) Sim, porque o
campo de incidência desse imposto abrange todos
os produtos industrializados.

56 Tributação Internacional e Aduaneira


e) (i) Não, porque o IPI não é um tributo aduaneiro.
(ii) Não, porque o campo de incidência advém da
Constituição e esta não previu a hipótese.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966). Disponível em: <http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172Compilado.htm>. Acesso em: 04 set. 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em 04 set. 2017.
BRASIL. Receita Federal. Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/
cidadao/irpf/2017>. Acesso em: 04 set. 2017.
CAPARROZ. Roberto. Comércio Internacional e Legislação aduaneira. São Paulo:
Saraiva,. 2017.
GUEIROS, Haroldo. Enciclopédia Aduaneira. Disponível em: <http://enciclopediaa-
duaneira.com.br/>. Acesso em: 28 jul. 2018.
LAURIANO, Paulo. IOF – Imposto sobre operações de crédito, câmbio, seguros e
títulos ou valores mobiliários. Disponível em: <http://www.iob.com.br/newsletteri-
mages/iobstore/sumarios/2015/jun/LIV21277.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2018.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2017.

Gabarito – Tema 02

Questão 1 – Resposta: D

Resolução: O gabarito corresponde à letra “D”, pois o IPI constitui


exceção ao princípio da legalidade, eis que é facultado ao Poder
Executivo, atendidas as condições e os limites da lei, alterar suas
alíquotas.

Tributação Internacional e Aduaneira 57


Questão 2 – Resposta: E

Resolução: Todas as afirmativas são falsas.

( ) Os encargos cambiais pagos pelo importador ou dele exigíveis


não se incluem na base de cálculo do Imposto sobre Produtos
Industrializados, no caso de importação de produto de procedência
estrangeira.

Falsa, pois a base de cálculo é preço normal que o produto alcançaria


ao tempo da importação, conforme estabelece o art. 47, I do CTN.

( ) A base de cálculo do Imposto sobre Produtos Industrializados, em


se tratando de produto de procedência estrangeira apreendido ou
abandonado e levado a leilão, é o preço da arrematação, acresci-
do do valor dos demais tributos exigíveis na importação regular do
produto.

Falsa, é o preço da arrematação, sem qualquer acréscimo, conforme


art. 47, III, CTN.

( ) O imposto de importação não integra a base de cálculo do Imposto


sobre Produtos Industrializados, no caso de importação de produto
de procedência estrangeira.

Falsa, o imposto de importação integra a base de cálculo do Imposto


sobre Produtos Industrializados, no caso de importação de produto
de procedência estrangeira.

Questão 3 – Resposta: E

Resolução: O IPI segue os princípios da seletividade e da não cumu-


latividade, conforme preceitos constitucionais, correta, portanto, a
alternativa “E”.

Questão 4 – Resposta: A

Resolução: A alternativa correta é a letra “A”, pois a seletividade trata


exatamente da discriminação de alíquotas diferenciais por espécies

58 Tributação Internacional e Aduaneira


de mercadorias.

Questão 5 – Resposta: C

Conforme art. 46, do CTN, o IPI tem como fato gerador o seu desem-
baraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira.

Com relação ao campo de incidência, o IPI abrange os produtos com


alíquota zero (a lei determina que seu campo de incidência abranja
todos os produtos, ainda que com alíquota zero) relacionados na ta-
bela TIPI. Desta forma, correta a alternativa “C”.

Tributação Internacional e Aduaneira 59


TEMA 03
TRIBUTAÇÃO DE OPERAÇÕES NO
EXTERIOR

Objetivos

• Veremos nesta aula como são realizadas as ope-


rações de tributação no exterior, analisando cada
hipótese específica.

60 Tributação Internacional e Aduaneira


~- Introdução

Vamos analisar em especial o despacho de importação, desembaraço


aduaneiro e os regimes específicos de tributação, bem como analisare-
mos o Regime de Tributação Unificada (RTU).

1. Despacho de importação

Constitui-se importante documento, pois ele institui a obrigação tributá-


ria em termos aduaneiros, já que através dele são então fornecidos os da-
dos do importador, o qual apenas assumirá essa qualidade se registrar a
Declaração no SISCOMEX (e assim lhe será atribuída a regularidade fiscal).

Todas as mercadorias procedentes do exterior estão sujeitas ao despa-


cho de importação, ainda que não paguem imposto.

No entanto, existem exceções, como as dispostas no Regulamento


Aduaneiro – Decreto n 6.759/09, dentre as quais, a entrada de mala diplo-
mática, isto é, a mala que contenha apenas documentos diplomáticos e
objetos destinados a uso oficial.

ATENÇÃO: mesmo mercadorias imunes e/ou isentas passarão pelo des-


pacho de importação.

O despacho de importação pode ser feito em zona primária ou secun-


dária. Por zona primária, entende-se a zona constituída pelas seguintes
áreas demarcadas pela autoridade aduaneira local:

a) a área terrestre ou aquática, continua ou descontinua, nos portos


alfandegados;

b) a área terrestre ocupada pelos aeroportos alfandegados; e

c) a área terrestre que compreende os pontos de fronteira;

Tributação Internacional e Aduaneira 61


São, portanto, as faixas internas de portos e aeroportos e pontos habilita-
dos nas fronteiras terrestres.

Já a zona secundária compreende a parte restante do território nacional,


nela incluída as águas territoriais e o espaço aéreo correspondente, ex-
cluindo-se tudo o que for zona primária.

Podemos conceituar despacho de importação, nas palavras do prof.


Roberto Caparroz, como procedimento mediante o qual é verificada a exa-
tidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria im-
portada, aos documentos apresentados e à legislação específica, pelo que
evidencia o artigo 542 do Decreto nº 6.759/09 – Regulamento Aduaneiro.

Através dele, a autoridade fiscal averigua a realização do lançamento tri-


butário, confirmando a ocorrência do fato gerador através do dia em que
fora registrado do Despacho de Importação e, assim, identificar qual a lei
aplicável no momento em que o sujeito passivo concretizou a subsunção
da hipótese de incidência ao mundo real. Se as informações não estive-
rem de acordo, serão então lançadas pelo fisco as diferenças e assim apli-
cadas as multas que forem devidas.

Este despacho poderá ser para consumo, quando se tratar de mercadoria


ingressada no país com o benefício de drawback – regime instituído pelo
Decreto-Lei nº 37/66. Tal consiste na suspensão ou eliminação de tribu-
tos incidentes sobre insumos importados para a utilização em produto
exportado, reduzindo os custos da produção exportável, para assim pos-
sibilitar maior competitividade no mercado internacional.

Será também para consumo quando destinada à Zona Franca de Manaus,


à Amazônia Ocidental ou à Área Livre de Comércio, quando a mercadoria
estiver contida em remessa postal internacional ou conduzida por viajan-
te, bem como quando admitida em regime aduaneiro especial ou aplica-
do em áreas especiais.

Além disso, poderá ser evidenciado sobre quatro modalidades:

62 Tributação Internacional e Aduaneira


• Definitivo ou comum: o mais utilizado, seguindo as regras gerais
para a emissão do despacho aduaneiro, para casos em que as mer-
cadorias pertencentes a um nacional sejam então apossadas pelo
importador, que promoverá o despacho para consumo, ou seja, o
despacho que visa nacionalizar a mercadoria importada;

• Despacho suspensivo: quando há a suspensão para facilitação da


importação ou exportação;

• Despacho simplificado: quando a Secretaria da Receita Federal


estabelecer procedimentos simplificados pela sua conveniência
administrativa (artigo 578 do Regulamento Aduaneiro);

• Despacho antecipado à descarga: quando registrada a Declaração


de Importação antes da chegada da mercadoria, para a realização
da conferência documental de forma antecipada quando necessá-
rio o desembaraço imediato.

Cumpre registrar que a cada conhecimento de carga deverá correspon-


der uma única Declaração de Importação, salvo as exceções estipuladas
pela Secretaria da Receita Federal (artigo 495 do Regulamento Aduaneiro
– Decreto nº 6.759/09). Poderá ser também de admissão em regime adu-
aneiro especial, ou aplicado em áreas especiais, dependendo da merca-
doria que ingressar no País nessa condição.

O despacho será promovido, nos termos do artigo 31 do Decreto-Lei nº


37/66, pelos contribuintes, dentre os quais, o importador, o destinatário
de remessa postal e o adquirente de mercadoria entrepostada.

No Siscomex realizamos o registro da DI (declaração de importação), e a


partir desse registro inicia-se um procedimento chamado de despacho
aduaneiro.
I. São prazos para início do despacho aduaneiro:

II. Até noventa dias da descarga, se a mercadoria estiver em recinto al-


fandegado de zona primária;

Tributação Internacional e Aduaneira 63


III. Até quarenta e cinco dias após esgotar-se o prazo de permanência da
mercadoria em recinto alfandegado de zona secundária; e

IV. Até noventa dias, contados do recebimento do aviso de chegada da


remessa postal.

Reputa-se efetivado o despacho aduaneiro quando:

I. verificada a regularidade cadastral do importador;

II. após o licenciamento da operação de importação, quando exigí-


vel, e a verificação do atendimento às normas cambiais, conforme
estabelecido pelos órgãos e agências da administração pública
federal competentes;

III. após a chegada da carga, exceto na modalidade de registro ante-


cipado da DI, previsto no art. 17;

IV. após a confirmação pelo banco da aceitação do débito relativo


aos tributos, contribuições e direitos devidos, inclusive da Taxa de
Utilização do Siscomex;

V. se não for constatada qualquer irregularidade impeditiva do registro.

Importante:

- Malas diplomáticas estão dispensadas do despacho de importação.

- Urnas funerárias são despachadas em caráter prioritário e mediante


rito sumário.

Outro ponto importante a ser ressaltado é que a importação de merca-


doria está sujeita, na forma da legislação específica, a licenciamento por
meio do SISCOMEX.

A declaração de importação é o documento base do despacho de importação.

Podemos conceituar declaração de importação como o conjunto de infor-


mações anexadas em um sistema que a receita divulga, que é o SISCOMEX.

64 Tributação Internacional e Aduaneira


A DI é um documento eletrônico.

A declaração de importação deverá conter:

a) A identificação do importador; e

b) A identificação, a classificação, o valor aduaneiro e a origem da


mercadoria.

A conferência aduaneira na importação tem por finalidade identificar o


importador, verificar a mercadoria e a correção das informações relativas
à sua natureza, classificação fiscal, quantificação e valor, e confirmar o
cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão
da importação.

Na verificação da mercadoria poderão ser adotados critérios de seleção


e amostragem, conforme o estabelecido em ato normativo da Secretaria
da Receita Federal do Brasil.

Uma vez registrada a declaração de importação e iniciado o procedimen-


to de despacho aduaneiro, a DI é submetida à análise fiscal e selecionada
para um dos canais de conferência. Tal procedimento de seleção recebe
o nome de parametrização.

Os canais de conferência são quatro: verde, amarelo, vermelho e cinza.

A importação selecionada para o canal verde é desembaraçada automa-


ticamente sem qualquer verificação.

O canal amarelo significa conferência dos documentos de instrução da


DI e das informações constantes na declaração.

OBS: é comum para os casos de isenção.

No caso de seleção para o canal vermelho, há, além da conferência do-


cumental, a conferência física da mercadoria.

Finalmente, quando a DI é selecionada para o canal cinza, é realizado


o exame documental, a verificação física da mercadoria e a aplicação de

Tributação Internacional e Aduaneira 65


procedimento especial de controle aduaneiro, para verificação de elemen-
tos indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado da
mercadoria.

Os órgãos que intervêm na emissão do despacho aduaneiro são os


seguintes:

• Secretaria da Receita Federal;

• COANA – Cooperativa Agrícola Nova Aliança;

• MDIC – Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;

• SECEX – Secretaria de Comércio Exterior;

• CAMEX – Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior;

• Banco Central.

2. Desembaraço aduaneiro

Podemos conceituar o desembaraço aduaneiro como ato pelo qual é re-


gistrada a conclusão da conferência aduaneira, pelos termos do Artigo
571 do Regulamento Aduaneiro – Decreto nº 6.759/09. É com o desem-
baraço aduaneiro que é autorizada a efetiva entrega da mercadoria ao
importador e é ele o último ato do procedimento de despacho aduaneiro.

Não serão desembaraçadas mercadorias que sejam consideradas, pelos


órgãos competentes, nocivas à saúde, ao meio ambiente ou à segurança
pública, ou que descumpram controles sanitários, fitossanitários ou zoos-
sanitários, ainda que em decorrência de avaria, devendo tais mercadorias
ser obrigatoriamente devolvidas ao exterior ou, caso a legislação permita,
destruídas, sob controle aduaneiro, às expensas do obrigado.

A autoridade aduaneira poderá cancelar declaração de importação já re-


gistrada, de ofício ou a pedido do importador, observadas as condições

66 Tributação Internacional e Aduaneira


estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil.

O cancelamento da declaração não exime o importador da responsabili-


dade por eventuais infrações.

3. Bagagem e regimes específicos de tributação

Podemos conceituar bagagem como bens novos ou usados que um via-


jante, em compatibilidade com as circunstâncias de sua viagem, puder
destinar para seu uso ou consumo pessoal.

Vejamos:

Bagagem acompanhada é aquela que o viajante traga consigo, no mesmo


meio de transporte em que viaje, desde que não amparada por conheci-
mento de carga ou documento equivalente;

Bagagem desacompanhada é aquela que chega ao país, amparada por


conhecimento de carga ou documento equivalente. Vinculada ao passa-
geiro, mas ela não vem com ele, pode vir antes ou depois.

Importante: guarde o conceito de bens de uso ou consumo pessoal


como sendo os artigos de vestuário, higiene e demais bens de caráter
manifestamente pessoal.

Estão excluídos do conceito de bagagem:

a) os veículos automotores em geral, as motocicletas, as motonetas,


as bicicletas com motor, os motores para embarcação, as motos
aquáticas e similares, as casas rodantes, as aeronaves e as embar-
cações de todo tipo;

b) as partes e peças (de veículos) desses bens, exceto os bens uni-


tários, de valor inferior aos limites de isenção, relacionados em

Tributação Internacional e Aduaneira 67


listas específicas que poderão ser elaboradas pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil.
c) bens cuja quantidade, natureza ou variedade configure importa-
ção ou exportação com fim comercial ou industrial;
d) cigarros e bebidas de fabricação brasileira, destinados à venda
exclusivamente no exterior (crime de contrabando);
e) bens adquiridos pelo viajante em loja franca, por ocasião de sua
chegada ao país.

Importante!

Os bens trazidos como bagagem poderão ser importados com isenção


de tributos, pelo regime de tributação especial ou, ainda, pelo regime de
tributação comum, destinado às mercadorias em geral.

Na bagagem acompanhada são isentos:

1. Roupas e outros objetos de uso ou consumo pessoal;


2. Livros, folhetos e periódicos (na verdade, trata-se de imunidade);
3. Outros bens, observados simultaneamente o limite de valor global
(cota de isenção) e o limite quantitativo, aplicável o limite de valor
global corresponde a:
a) US$ 500,00 (quinhentos dólares) ou o equivalente em outra moeda,
quando o viajante ingressar no país por via aérea ou marítima; e
b) US$ 300,00 (trezentos dólares) ou o equivalente em outra moeda,
quando o viajante ingressar no país por via terrestre, fluvial ou
lacustre. Países vizinhos.

Atenção!

Os bens trazidos como bagagem não podem ser vendidos ou comercia-


lizados, salvo se houver o pagamento do imposto devido e dos acrésci-
mos legais.

68 Tributação Internacional e Aduaneira


Existem ainda limites quantitativos abarcados pela isenção, os quais por
via aérea ou marítima:

a) bebidas alcoólicas: 12 litros, no total;

b) cigarros: 10 maços, no total, contendo, cada um, 20 unidades;

c) charutos ou cigarrilhas: 25 unidades, no total;

d) fumo: 250 gramas, no total;

e) bens não relacionados nos itens “a” a “d” (souvenirs e pequenos


presentes), de valor unitário inferior a US$ 10,00: 20 unidades, no
total, desde que não haja mais do que 10 unidades idênticas; e

f) bens não relacionados nos itens “a” a “e”: 20 unidades, no total,


desde que não haja mais do que 3 unidades idênticas.

E por via terrestre:

a) bebidas alcoólicas: 12 litros, no total;

b) cigarros: 10 maços, no total, contendo, cada um, 20 unidades;

c) charutos ou cigarrilhas: 25 unidades, no total;

d) fumo: 250 gramas, no total;

e) bens não relacionados nos itens “a” a “d” (souvenirs e pequenos


presentes), de valor unitário inferior a US$ 5,00: 20 unidades, no
total, desde que não haja mais do que 10 unidades idênticas;

f) bens não relacionados nos itens “a” a “e”: 10 unidades, no total,


desde que não haja mais do que 3 unidades idênticas.

Não existe cota de isenção para bagagem desacompanhada, de forma


que qualquer outro bem estará sujeito à tributação com alíquota de 50%.

Os bens devem chegar ao país nos 3 (três) meses anteriores ou 6 (seis)


meses posteriores à chegada do viajante, sob pena de serem encaminha-
dos ao regime de importação comum.

Tributação Internacional e Aduaneira 69


Registre-se que, a cota de isenção só poderá ser utilizada uma vez a cada
30 (trinta) dias, sendo de caráter pessoal e intransferível. Quanto à exce-
ção da cota isenta, esses valores excedentes deverão ser então declara-
dos através da e-DBV – Declaração Eletrônica de Bens de Viajante.

Assim como já citado anteriormente, farão jus à isenção os integrantes


de representações diplomáticas e consulares (inclusive para automó-
veis), com base nas Convenções de Viena sobre Relações Diplomáticas e
Consulares, bem como os integrantes de organismos internacionais com
exercício de atividades no Brasil, como é o caso da ONU e Mercosul, por
exemplo, com exceção do funcionário consular honorário.

Acerca do regime de tributação especial é permitido o despacho de


bens integrantes de bagagem mediante a exigência somente do Imposto
de Importação, calculado pela aplicação da alíquota de 50% sobre o valor
do bem, assim considerado o seu valor de aquisição.

A apresentação de declaração falsa ou inexata implica multa de 50% so-


bre o valor excedente ao limite de isenção.

Se os bens trazidos como bagagem foram vendidos ou colocados no co-


mércio, aplica-se a multa de 200%.

No regime de tributação simplificada, é permitido ainda a classificação


genérica, para fins de despacho de importação, de bens integrantes de
remessa postal internacional, mediante a aplicação de alíquotas diferen-
ciadas do Imposto de Importação e isenção do Imposto sobre Produtos
Industrializados, da contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da
COFINS-Importação;

A alíquota do Imposto de Importação é de 60% para remessas até o valor


de US$ 3.000,00, e os bens trazidos poderão ser tributados pelo ICMS,
conforme legislação específica de cada Estado.

Características do regime de tributação simplificada:

• O regime não se aplica a bebidas alcoólicas, fumo e derivados.

70 Tributação Internacional e Aduaneira


• No caso de medicamentos destinados à pessoa física, com receita
médica, a alíquota do Imposto de Importação será zero.

• A base de cálculo para a cobrança do Imposto de Importação será o


valor aduaneiro dos bens integrantes da remessa, assim considera-
do o valor de aquisição dos bens acrescido do custo de transporte,
bem como do seguro relativo a esse transporte até o local de des-
tino no país.

Os bens integrantes de remessa postal internacional de valor não supe-


rior a US$50,00 cujos remetentes e destinatários sejam pessoas físicas,
sendo submetidos a despacho aduaneiro com a aplicação do Regime de
Tributação Simplificada - RTS, estão isentos do Imposto de Importação.

O Regime de Tributação Unificada (RTU) foi instituído pela Lei nº


11.898/2009 e permite a importação, por microempresa importadora va-
rejista habilitada, de determinadas mercadorias procedentes do Paraguai,
por via terrestre, na fronteira Ciudad Del Este/Foz do Iguaçu, mediante o
pagamento unificado dos impostos e contribuições federais devidos, com
despacho aduaneiro simplificado.

Existe uma lista das mercadorias que podem ser importadas ao amparo
do regime, com alíquota única de 25% para todos os tributos federais
(não inclui o ICMS).

Atenção!

• A empresa deve ser optante do SIMPLES Nacional;

• As importações deverão respeitar o limite máximo anual de valor


(R$110.000,00) e os limites trimestrais de valor (R$18.000,00 para
o 1º e o 2º trimestres, e de R$37.000,00 para o 3º e o 4º trimestres).

• O regime não poderá será aplicado a mercadorias que não sejam


destinadas ao consumidor final: armas e munições, fogos de arti-
fício e explosivos; bebidas (inclusive alcoólicas); cigarros; veículos
automotores em geral e embarcações de todo tipo (inclusive suas

Tributação Internacional e Aduaneira 71


partes e peças, como pneus); medicamentos; bens usados; e bens
com importação suspensa ou proibida no Brasil.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


ESAF - Ajudante de Despachante Aduaneiro/2014 (adaptada)

Quais são canais de conferência aduaneira no Despacho de Exportação?

Resposta: Os canais de conferência são quatro: verde, amarelo, ver-


melho e cinza. A importação selecionada para o canal verde é desem-
baraçada automaticamente sem qualquer verificação. O canal ama-
relo significa conferência dos documentos de instrução da DI e das
informações constantes na declaração. Para o canal vermelho há,
além da conferência documental, a conferência física da mercadoria.
Finalmente, quando a DI é selecionada para o canal cinza, é realizado
o exame documental, a verificação física da mercadoria e a aplicação
de procedimento especial de controle aduaneiro para verificação de
elementos indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao preço
declarado da mercadoria.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA E GABARITO


TEMA 03
1. ESAF - Ajudante de Despachante Aduaneiro/2017
Sobre o despacho de importação, assinale a opção correta.

a) A autorização para entrega antecipada da mercado-


ria não poderá ser condicionada à verificação física
ou à retirada de amostras, no caso de mercadoria
que está sujeita à confirmação, por exame técnico-
-laboratorial, de atendimento a requisito de norma
técnica para sua comercialização no país.

72 Tributação Internacional e Aduaneira


b) Nas importações por via terrestre, será permitida a
entrega fracionada da mercadoria que, em razão do
seu volume ou peso, não possa ser transportada em
apenas um veículo ou partida e quando for efetuado
o registro de uma única declaração para o despacho
aduaneiro, correspondente a uma só importação e a
um único conhecimento de carga.

c) A mercadoria não poderá ser desembaraçada quan-


do a conclusão da conferência aduaneira dependa
unicamente do resultado de análise laboratorial.

d) Para retirar as mercadorias do recinto alfandegado, o


importador deverá apresentar ao depositário, entre
outros documentos, o Comprovante de Importação.

e) No caso de entrega fracionada, a entrada no territó-


rio aduaneiro de toda a mercadoria declarada deverá
ocorrer dentro dos quinze dias úteis subsequentes
ao do registro da declaração, sendo que, no caso
de descumprimento do referido prazo, será exigida
a retificação da declaração no Siscomex, tendo por
base a quantidade efetivamente entregue, devendo,
o saldo remanescente, ser objeto de devolução ao
exterior.

2. ESAF - Ajudante de Despachante Aduaneiro/2017


Sobre a retificação da Declaração de Importação, assinale a
opção correta.
I. A retificação da declaração somente será efetivada
após a sua aceitação, no Siscomex, pela fiscalização adu-
aneira, inclusive no que se refere aos dados relativos à

Tributação Internacional e Aduaneira 73


operação cambial.

II. Quando da retificação resultar importação sujeita a li-


cenciamento, o despacho será cancelado, devendo o im-
portador registrar uma nova declaração de importação.

III. A retificação após o desembaraço, por solicitação do im-


portador, será efetuada na unidade da SRF onde foi efe-
tuado o despacho aduaneiro da mercadoria, no caso de
correção da quantidade ou da natureza de mercadoria
admitida no Regime Aduaneiro Especial de Entreposto
Industrial sob Controle Informatizado (Recof).

IV. A retificação de informações prestadas na declaração,


ou a inclusão de outras a qualquer momento, ainda que
por exigência da fiscalização aduaneira, será feita pelo
importador no Siscomex.

V. A retificação após o desembaraço, por solicitação do


importador, será efetuada na unidade da SRF com ju-
risdição para fins de fiscalização dos tributos incidentes
no comércio exterior sobre o domicílio do importador,
quando decorrente de transferência de propriedade de
automóvel importado com isenção.

a) Somente a assertiva III está correta.

b) Todas as assertivas estão incorretas.

c) Somente as assertivas I, II e IV estão incorretas.

d) Somente as assertivas I, III e IV estão incorretas.

e) Somente a assertiva V está correta.

3. ESAF - Ajudante de Despachante Aduaneiro/2017


Sobre o despacho de importação, assinale a opção correta.

74 Tributação Internacional e Aduaneira


a) Poderão ser desembaraçados sem conferência física
os bens de caráter cultural submetidos a despacho
por entidade promotora de evento notoriamente
reconhecido, através de autorização, a requerimento
do interessado pelo auditor-fiscal responsável pelo
despacho aduaneiro.

b) Na ausência do importador ou de seu representan-


te na data e horário previstos para a conferência,
a mercadoria depositada em recinto alfandegado
poderá ser submetida à verificação física na presença
do depositário ou de seu preposto que, nesse caso,
representará o importador, exceto para firmar termo
que verse sobre a quantificação, a descrição e a iden-
tificação da mercadoria.

c) As mercadorias retiradas a título de amostra são


dedutíveis da quantidade declarada.
d) As exigências formalizadas pela fiscalização aduanei-
ra e o seu atendimento pelo importador, no curso
do despacho aduaneiro, deverão ser registradas no
Siscomex, sendo que, na hipótese de a exigência
referir-se a crédito tributário ou direito comercial,
o importador somente poderá efetuar o pagamen-
to correspondente após formalização de processo
administrativo fiscal.

e) A DI selecionada para canal verde, no Siscomex, não


poderá ser objeto de conferência física ou documental.

4. ESAF - Ajudante de Despachante Aduaneiro/2014


Nas operações de exportação, entende-se por data de em-
barque da mercadoria:

Tributação Internacional e Aduaneira 75


a) nas exportações por via aérea, a data do voo.

b) nas exportações por via marítima, a data do desem-


baraço aduaneiro da declaração de exportação.

c) nas exportações por via terrestre, fluvial ou lacustre,


a data do carregamento da mercadoria no veículo
que efetuará o transporte internacional.

d) nas exportações por via fluvial, a data da saída da


embarcação do porto de origem.

e) nas exportações pelas demais vias de transporte, nas


destinadas a uso e consumo de bordo e nas trans-
portadas em mãos ou por meios próprios, a data do
registro da declaração de exportação eletrônica.

5. Ano: 2012/Banca: CESGRANRIO Órgão: Petrobras Prova:


Técnico de Comercialização Logística Júnior-2012
Constitui o último ato do procedimento de despacho adua-
neiro de importação o(a):

a) registro da Declaração de Importação (DI).

b) desembaraço aduaneiro.

c) seleção parametrizada.

d) conferência dos documentos de instrução da


Declaração de Importação (DI).

e) conferência física da mercadoria.

76 Tributação Internacional e Aduaneira


Referências Bibliográficas

BRASIL. Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966). Disponível em: <http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172Compilado.htm>. Acesso em: 04 set. 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em: 04 set. 2017.
BRASIL. Receita Federal. Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/
cidadao/irpf/2017>. Acesso em: 04 set. 2017.
CAPARROZ. Roberto. Comércio Internacional e Legislação Aduaneira. São Paulo:
Saraiva, 2017.
GUEIROS, Haroldo. Enciclopédia Aduaneira. Disponível em: <http://enciclopediaa-
duaneira.com.br/>. Acesso em: 28 jul. 2018.

Gabarito – Tema 03

Questão 1 – Resposta: B

Resolução: Conforme prevê o artigo 61 da IN 680: Nas importações


por via terrestre será permitida a entrega fracionada da mercadoria que,
em razão do seu volume ou peso, não possa ser transportada em apenas
um veículo ou partida e quando for efetuado o registro de uma única
declaração para o despacho aduaneiro, correspondente a uma só im-
portação e a um único conhecimento de carga.

Portanto, correta a alternativa “B”.

Questão 2 – Resposta: E

Resolução: I. A retificação da declaração somente será efetivada após


a sua aceitação, no Siscomex, pela fiscalização aduaneira, inclusive
no que se refere aos dados relativos à operação cambial.

Tributação Internacional e Aduaneira 77


Incorreta, conforme art. 44 da IN 680: Art. 44. A retificação de informações
prestadas na declaração, ou a inclusão de outras, no curso do despacho
aduaneiro, ainda que por exigência da fiscalização aduaneira, será feita,
pelo importador, no Siscomex. § 1º A retificação da declaração somente
será efetivada após a sua aceitação, no Siscomex, pela fiscalização adua-
neira, exceto no que se refere aos dados relativos à operação cambial.

II. Quando da retificação resultar importação sujeita a licenciamen-


to, o despacho será cancelado, devendo o importador registrar uma
nova declaração de importação.

Incorreta, conforme art. 44, §2º da IN 680: Art. 44. A retificação de in-
formações prestadas na declaração, ou a inclusão de outras, no curso do
despacho aduaneiro, ainda que por exigência da fiscalização aduaneira,
será feita, pelo importador, no Siscomex. § 2º Quando da retificação re-
sultar importação sujeita a licenciamento, o despacho ficará interrompi-
do até a sua obtenção, pelo importador.

III. A retificação após o desembaraço, por solicitação do importa-


dor, será efetuada na unidade da SRF onde foi efetuado o despacho
aduaneiro da mercadoria, no caso de correção da quantidade ou da
natureza de mercadoria admitida no Regime Aduaneiro Especial de
Entreposto Industrial sob Controle Informatizado (Recof).

Incorreta, conforme art. 46 da IN 680: Art. 46. A retificação, por solici-


tação do importador, será efetuada: I - na unidade da SRF com jurisdição
para fins de fiscalização dos tributos incidentes no comércio exterior, so-
bre o domicílio do importador, quando decorrentes de: b) correção da
quantidade ou da natureza de mercadoria admitida no Regime Aduaneiro
Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado (Recof);

IV. A retificação de informações prestadas na declaração, ou a inclu-


são de outras a qualquer momento, ainda que por exigência da fisca-
lização aduaneira, será feita pelo importador no Siscomex.

78 Tributação Internacional e Aduaneira


Incorreta, conforme art. 44 da IN 680: Art. 44. A retificação de informações
prestadas na declaração, ou a inclusão de outras, no curso do despacho
aduaneiro, ainda que por exigência da fiscalização aduaneira, será feita,
pelo importador, no Siscomex. § 1º A retificação da declaração somente
será efetivada após a sua aceitação, no Siscomex, pela fiscalização adua-
neira, exceto no que se refere aos dados relativos à operação cambial.

V. A retificação após o desembaraço, por solicitação do importador,


será efetuada na unidade da SRF com jurisdição para fins de fiscali-
zação dos tributos incidentes no comércio exterior sobre o domicílio
do importador, quando decorrente de transferência de propriedade
de automóvel importado com isenção.

Correta, conforme art. 46, I da IN 680: Art. 46. A retificação, por solici-
tação do importador, será efetuada: I - na unidade da SRF com jurisdi-
ção para fins de fiscalização dos tributos incidentes no comércio exterior,
sobre o domicílio do importador, quando decorrentes de: c) transferên-
cia de propriedade de automóvel importado com isenção;

Questão 3 – Resposta: A

Resolução: Correta a alternativa “A”. Conforme dispõe o art. 38 da IN 680:


Art. 38. Poderão ser desembaraçados sem conferência física:

I - os bens de caráter cultural submetidos a despacho por:

c) entidade promotora de evento notoriamente reconhecido; ou

§ 1º Na hipótese de que trata o inciso I, a dispensa de conferência física


será autorizada, a requerimento do interessado, pelo AFRFB respon-
sável pelo despacho aduaneiro, aplicando-se especialmente aos bens
que, pela natureza, antiguidade, raridade ou fragilidade, exijam condi-
ções especiais de manuseio ou de conservação.

Questão 4 – Resposta: A

Conforme dispõe art. 39 da SRF 28/94:

Tributação Internacional e Aduaneira 79


Art. 39. Entende-se por data de embarque da mercadoria:
II - nas exportações por via aérea, a data do voo;
III - nas exportações por via terrestre, fluvial ou lacustre, a data da
transposição de fronteira da mercadoria, que coincide com a data de
seu desembaraço ou da conclusão do trânsito registrada no Sistema
pela fiscalização aduaneira;
IV - nas exportações pelas demais vias de transporte, nas destinadas a
uso e consumo de bordo e nas transportadas em mãos ou por meios
próprios, a data da averbação automática do embarque, pelo Sistema,
que coincide com a data do desembaraço aduaneiro.

Questão 5 – Resposta: B

O último ato do despacho aduaneiro de importação é o desembara-


ço aduaneiro que consiste no ato pelo qual é registrada a conclusão
da conferência aduaneira.

É com o desembaraço aduaneiro que é autorizada a efetiva entrega


da mercadoria ao importador, sendo ele o último ato do procedi-
mento de despacho aduaneiro.

80 Tributação Internacional e Aduaneira


TEMA 04
TRATADOS INTERNACIONAIS

Objetivos

• Nesta aula vamos analisar os tratados internacionais,


seu conceito, classificação, formação e estrutura,
além de seus procedimentos internos e condições
de validade.

Tributação Internacional e Aduaneira 81


Introdução

No decorrer da história do Direito Internacional houve uma tentativa de


se estabelecer uma legislação que direcione a elaboração dos tratados,
ou seja, um código sobre tratados.

Essa preocupação se dá porque o direito internacional público sempre


teve como base normativa os costumes. Na medida em que os tempos
passaram, houve uma necessidade de se transformar esses costumes em
regras escritas, de tal forma que muitos costumes passaram a ser sedi-
mentados como tratados internacionais.

Este cenário fez com que surgisse uma necessidade de criar, no âmbito
internacional, um conjunto de regras que estabeleça como devem ser ela-
borados, como devem ser estruturados os tratados, ou seja, tratados que
regem tratados.

A Constituição Federal estabelece em seu artigo 5º, §2º que os direitos e


garantias nela estabelecidos não excluirão outros decorrentes do regime
de princípios por ela adotados ou dos tratados internacionais dos quais a
República Federativa do Brasil for parte.

Prosseguindo no §3º, a Constituição estabelece o tratamento igualitá-


rio dado às normas constitucionais a tratados de direitos humanos que,
aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, assim assumirem a natureza
de emenda constitucional.

O Congresso Nacional, pelos termos do artigo 49 da Constituição


Republicana, tem a competência de resolver definitivamente sobre tra-
tados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou com-
promissos gravosos ao patrimônio nacional e será também responsável,
conjuntamente com auxílio do Tribunal de Contas, a procedência da fisca-
lização das contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital

82 Tributação Internacional e Aduaneira


social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do trata-
do constitutivo.

O Presidente da República, na função precípua de Chefe de Estado, tem


prerrogativa constitucional para celebração de tratados, convenções e atos
internacionais que serão então referendados pelo Congresso Nacional.

Nas questões atinentes ao processamento e julgamento de causas funda-


das em tratados ou contratos da União com Estado estrangeiro ou orga-
nismo internacional, bem como em relação a crimes neles previstos que
executados inicialmente no país, o resultado tenha ocorrido ou devesse
ocorrer no estrangeiro, e causas relativas à violação de direitos humanos,
é constitucionalmente atribuída a competência à Justiça Federal (Artigo
109, incisos III, V, V-A, e §5º da CR/88).

Nesse sentido, podemos citar a existência de dois importantes tratados


dos quais o Brasil faz parte:

• Convenção de Havana sobre Tratados - 1928;


• Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados - essa Convenção
foi assinada em 1969.

1. Conceito de tratado

Tratado é um ato jurídico por meio do qual se manifesta o acordo de von-


tades entre dois ou mais sujeitos de direito internacional. Nas palavras
da professora Luciana Romano Morilas, “é um acordo internacional con-
cluído por escrito entre estados ou organizações internacionais e regido
pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de
dois ou mais instrumentos conexos qualquer que seja sua denominação
específica”.22
22
MORILAS, Luciana Romano. Tratados Internacionais: conceito e nomenclatura, validade no Brasil, es-
trutura. Direito Internacional. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2620447/mod_re-
source/content/1/Aula_2_-_Tratados.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2018.

Tributação Internacional e Aduaneira 83


Estes sujeitos internacionais podem ser organizações internacionais, in-
tergovernamentais ou interestaduais, como organizações que são cria-
das por Tratados Internacionais, como a ONU, OEA, FMI, OMC, etc., ou
não-governamentais, criadas por contratos entre particulares, como o
Greenpeace, a FIFA e a Cruz Vermelha.

Várias são as denominações para este tipo de ato jurídico internacional.


Tratado é a expressão genérica que significa “acordo internacional escri-
to”. A nossa Constituição Federal sempre vai se utilizar da expressão tra-
tado para se referir às normas de direito internacional em sentido amplo.

Outra expressão utilizada é a palavra “convenção”, que é utilizada para


atos jurídicos oriundos de Convenções Internacionais e dizem respeito a
acordos multilaterais.

Também se usa a expressão “acordo”, que é uma expressão genérica,


mas que normalmente diz respeito a tratados que têm um número muito
reduzido de Estados participantes. Existem ainda “acordos do executivo”,
os quais são aprovados sem a anuência do Congresso Nacional.

Outra denominação é “protocolo”, que é normalmente utilizada quando


se diz respeito à complementação de um tratado ou convenção anterior;
um aditamento a um tratado. É muito utilizada nas questões ambientais.

Também “carta” é a denominação que se dá para os tratados hierarquica-


mente superiores. É como se fosse uma reverência a um tratado históri-
co. Ex.: Carta de São Francisco.

Por último, a denominação “concordata”, que é o nome que se utiliza para


todos os tratados em que a Santa Sé é parte (todos os tratados celebra-
dos com a Santa Sé).

É importante não confundir alguns atos unilaterais com tratados. Portanto,


uma declaração da Assembleia Geral da ONU não é tratado.

84 Tributação Internacional e Aduaneira


2. Classificação dos tratados

Quanto ao número de partes ou número de sujeitos de direito interna-


cional envolvidos, os tratados podem ser classificados como bilaterais ou
multilaterais.

• Bilaterais: Tratado celebrado apenas por dois Estados.

• Multilaterais: Tratado celebrado por muitos Estados. Hoje há uma


prevalência dos tratados multilaterais, vez que a dinâmica interna-
cional exige a participação de muitos Estados.

Os Tratados Internacionais bilaterais são raros, mas existem. Os Estados


Unidos são um exemplo de Estado que assina tratados desse tipo.

Quanto ao procedimento, os tratados são classificados como em sentido


estrito ou forma simplificada:

• Tratados em sentido estrito: São os tratados que apresentam mais


de uma fase entre a assinatura e a ratificação. Normalmente, essa
fase é um “ato parlamentar”.

• Tratados de forma simplificada: Tratado que tem apenas uma fase,


ou seja, a assinatura já torna o tratado obrigatório. Tratados que
uma vez assinados já passam a ter vigência, tornam-se obrigatórios.

Quanto à natureza do objeto, os tratados são classificados em tratados


contratos e tratados lei:

• Tratados contratos: Tratados que visam à regulação de interesses


recíprocos. Por exemplo, é um tratado que trate da questão migra-
tória; regulam questões ambientais, ou seja, dizem respeito a um
objeto específico.

• Tratados lei: O tratado lei não vai regular o interesse entre as par-
tes. Eles fixam norma de direito internacional. Não tem um objeto
específico. Ex.: Convenção de Viena.

Tributação Internacional e Aduaneira 85


3. Formação dos tratados

Neste tópico vamos analisar as principais fases que formam os Tratados


Internacionais.

A primeira fase consiste na negociação, nela as partes buscam elaborar


um texto convencional.

Caso a fase de negociação seja positiva, passamos para a fase de assina-


tura, que consiste no ato que autentica o texto do tratado, mas ainda não
o torna obrigatório. No entanto, essa é a regra. A exceção fica por conta
dos tratados de forma simplificada. Para os tratados simplificados, a assi-
natura significa ratificação.

A fase seguinte consiste na Ratificação do Tratado. Trata-se de proce-


dimento interno, no qual o Brasil, por meio de seus diplomatas (repre-
sentantes brasileiros no âmbito internacional – Poder Executivo), negocia
os pontos do tratado e o assina. Este tratado é traduzido e encaminhado
através de uma mensagem, pela Presidência da República,ao Congresso
Nacional. No Congresso, o tratado passará por um procedimento de
aprovação pelas duas casas (Senado e Câmara) e, uma vez aprovado o
texto desse tratado, será elaborado um decreto legislativo. Emitido o de-
creto legislativo, significa que o Parlamento brasileiro autorizou o Poder
Executivo a ratificar o tratado. A ratificação se dá no âmbito internacional.

A ratificação é ato formal do Estado pelo qual indica o seu consentimento


em estar submetido a um determinado tratado.

Diferença entre assinatura e ratificação: A assinatura do texto é o


compromisso do Estado com o texto e a ratificação é o compromisso
jurídico do Estado no âmbito internacional.

Atenção! A ratificação é um ato jurídico irretratável.

86 Tributação Internacional e Aduaneira


Em seguida temos a fase de promulgação, que significa que as disposi-
ções do tratado serão aplicadas no território nacional, ou seja, o tratado
passa a ter vigência interna. A promulgação se faz através de um instru-
mento jurídico chamado decreto presidencial. O tratado passa a ser di-
reito interno.

Posteriormente, temos a publicação do tratado mediante decreto presi-


dencial. Após, ocorre o Registro do Tratado, que consiste no ato de levar o
tratado para ser arquivado no Secretariado das Nações Unidas. Todos os
Tratados Internacionais ficam depositados no Secretariado da ONU.

4. Estrutura dos tratados

Os tratados são compostos por preâmbulo, dispositivo, anexos e


assinatura.

O título é onde reside o nome do tratado.

O Preâmbulo é uma introdução. Nesta parte ainda não há um compro-


metimento internacional, mas é um instrumento muito importante para
interpretação do tratado. Os dispositivos serão analisados conforme o
preâmbulo.

Os considerandos são as intenções dos Estados no tratado e o articu-


lando é a parte do tratado em que se encontram os artigos, em ordem
cronológica.

No dispositivo haverá os compromissos avençados pelas partes (o que as


partes se comprometem a fazer). A parte de dispositiva é redigida como
se fosse um texto legal. É a parte normativa do tratado.

No anexo ficará toda a parte técnica do tratado, a parte numérica. É tão


importante quanto o dispositivo, vez que complementa o dispositivo.

A assinatura é um ato emanado pelo representante do Estado,

Tributação Internacional e Aduaneira 87


concordando com o seu conteúdo. A Constituição Brasileira, no art. 84,
VIII, vai estabelecer que quem tem competência para assinar o tratado é
o Presidente da República. O Ministro das Relações Exteriores também
poderá assinar. Demais pessoas somente poderão assinar se portarem a
carta de negociação.

O fecho é onde se encontra o local e a data, anterior à assinatura e ao


selo de lacre, que atesta a originalidade do tratado.

Importante! A assinatura traz como consequências:

• Torna o texto imutável;

• Reafirma que o que está no texto foi o negociado;

• Inicia-se o prazo para a ratificação;

• Obriga os Estados signatários a não fazerem atos contrários ao esta-


belecido no tratado, criando um compromisso do Estado com o texto.

5. Procedimento interno do tratado

O Brasil, através de seus diplomatas (representantes brasileiros no âmbi-


to internacional – Poder Executivo), ou do Chefe de Estado – Presidente
da República, negocia os pontos do tratado pela manifestação unilate-
ral, expressando sua pré-disposição em celebrá-lo no futuro para, após,
proceder à assinatura, que se consubstancia no aceite capaz de atestar a
conclusão do tratado.

Este tratado é traduzido e encaminhado, através de uma mensagem, pela


Presidência da República ao Congresso Nacional. No Congresso, o tratado
passará por um procedimento de aprovação pelas duas casas (Senado
e Câmara – na Câmara pelas Comissões de Constituição e de Relações
Exteriores, bem como pelo Plenário, por maioria simples) e em seguida
analisado pelo Supremo Tribunal Federal.

88 Tributação Internacional e Aduaneira


Uma vez aprovado o texto desse tratado, será elaborado um decreto
legislativo que deverá ser promulgado e então publicado. Emitido o de-
creto legislativo, significa que o Parlamento brasileiro autorizou o Poder
Executivo a ratificar o tratado (há um diálogo entre os poderes).

A ratificação se dá no âmbito internacional e significa a plena e definitiva


aceitação ao tratado pelo Presidente.

Se o tratado não for aprovado pelo Congresso Nacional (art. 49, CF), o
Presidente da República não estará autorizado a ratificar o tratado. O
Congresso Nacional não pode emendar o Tratado Internacional.

Aprovado o texto pelo Congresso Nacional, há a possibilidade de o Poder


Executivo assinar o tratado, mas isso não significa que haverá uma obri-
gação em assinar.

Internamente, o tratado é promulgado (insere-se no âmbito nacional pela


promulgação).

Resumindo, a recepção do tratado passa por duas fases:

• Fase internacional: que é composta pelas negociações prelimina-


res e pela assinatura dos representantes estatais com a consequente
ratificação pelo Presidente;

• Fase nacional: quando há o referendo pelo Congresso Nacional


e a criação de um decreto legislativo pelo Presidente do Senado,
com a posterior promulgação e publicação do mesmo no Diário
Oficial da União.

Tratado que já foi aprovado passa a ser lei? Não! Tratado e lei são coi-
sas diferentes. Entretanto, do ponto de vista interno, o tratado ocupa o
mesmo patamar hierárquico que lei ordinária. O tratado é equiparado à
lei ordinária.

Obs.: Existem alguns tratados que não passam por esse procedimento, deno-
minados Acordos Executivos, pois tratam apenas de questões burocráticas.

Tributação Internacional e Aduaneira 89


6. Valor normativo dos tratados

Neste subcapítulo elencamos os principais valores normativos dos trata-


dos, vejamos:

1. Em geral, têm força de norma infraconstitucional.

2. Os Tratados de Direitos Humanos, quando aprovados na forma de


projeto de emenda constitucional, têm força de norma constitucional.

3. Tratados, em geral, revogam normas de direito interno anteriores


que lhe sejam contrárias.

4. Tratado ratificado e internalizado não é lei, mas integra o


direito interno.

5. Lei posterior, que suspende a eficácia de um tratado, fará com que


o Brasil incida em responsabilidade internacional.

6. Se o tratado contrariar a Constituição Federal, não terá eficácia, ou


seja, ele poderá ter a sua constitucionalidade apreciada. Está sujeito
a controle de constitucionalidade.

7. O respeito aos tratados é exigido sob pena de Recurso Especial. A


violação ao tratado poderá ser objeto de Recurso Especial – art. 105,
III, CF. Competência: STJ.

7. Condições de validade dos tratados

Para que os tratados tenham validade é necessário:

1. Capacidade das partes contratantes: Somente serão capazes os


chefes de Estado ou o Ministro de Estadas Relações Exteriores. Além
desses, apenas aquele que tenha a carta de plenos poderes. A cele-
bração de tratados é competência da União.

90 Tributação Internacional e Aduaneira


2. Consentimento mútuo: Conforme art. 11 da Convenção de Viena,
o tratado deve ter um acordo de vontades e o texto expressar efeti-
vamente o que pretendem as partes. São cabíveis ao Tratado todos
os vícios de consentimento, sobretudo a coação, o dolo e o erro.

3. Objeto lícito e possível: O objeto de um tratado não deve violar


o jus cogens, que são normas de direito já consagradas em trata-
dos multilaterais amplamente aceitos. Não poderá violar os direitos
humanos. Não poderá ser contra a cooperação internacional. Não
poderá ser em desfavor da soberania do Estado. Não ingerência nas
questões de outros Estados.

8. Principais tratados comerciais

Neste capítulo reunimos os principais tratados comerciais existentes, a


fim de traçar as principais características e objetivos.

a) A expressão união aduaneira simboliza uma associação de um


grupo de países que se caracteriza por dois pontos: a adoção de
uma tarifa externa comum (TEC) e a livre circulação das mer-
cadorias oriundas dos países associados.

Umd d~">Uc.idt)iu dl'! urn yrupu til'! pdi~~


Unitio • Adoção de uma tarifa externa comum
Aduaneira (TEC);
• Livre circuloção dos mercodorios.

• Os países passam a adotar uma política comercial uniforme em


relação às importações provenientes de fora da União.

• Criação de uma Tarifa Externa Comum.

• Formação de comissões parlamentares conjuntas, aproximan-


do-se o Poder Executivo dos Estados nacionais de seus respectivos
Legislativos.

Tributação Internacional e Aduaneira 91


• Países deste bloco devem legislar de forma convergente (em prol
da uniformidade do bloco/nos moldes do que foi negociado).

Exemplo de União Aduaneira: Mercado Comum do Sul.

O Mercado Comum do Sul é uma união aduaneira com políticas comuns


de regulamentação de produtos e com liberdade de circulação de todos
os três fatores de produção (pessoas, serviços e capitais).

• Eliminação de restrições aos fatores produtivos: capital


e trabalho.

• Livre circulação, intrabloco, de bens, serviços e fatores de produção.

• Coordenação de políticas macroeconômicas (política fiscal, câm-


bio e taxa de juros).

b) A União Econômica e Monetária é marcada por:

• Adoção de políticas econômicas, monetárias e fiscais unificadas.

• Criação de moeda própria.

• Banco Central comunitário.

Adoç..)o de polihcd-s oconõtnica~.,


monetarias e fiscais unificadas.
Uniêio Económica
• Cri~o dt" rno e d .i prôprid.
· Banco Cultral comunítario.

Exemplo: União Europeia

A União Europeia possui como origem:

• Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA - 1951).

• Comunidade Econômica Europeia (CEE – 1957) – Tratado de Roma.

• Tratado de Maastricht (1993).

92 Tributação Internacional e Aduaneira


ATENÇÃO: Processo de integração na Europa se inicia em 1957, porém a
atual União Europeia surgiu em 1993.

c) Zona de livre comércio: Os países integrantes resolvem eliminar,


progressiva e reciprocamente, entraves e restrições ao comércio,
tarifários ou não, sem, no entanto, acordarem em relação a mer-
cadorias provenientes de terceiros países.

Exemplo: NAFTA.

O NAFTA foi assinado em 1992, com vigência a partir de 1994, composto


por México, Estados Unidos e Canadá.

Objetivos do NAFTA:

• Eliminar obstáculos ao comércio e facilitar a circulação transfron-


teiriça de bens e serviços entre os territórios das Partes;

• Promover condições de competição leal na zona de livre comércio;

• Aumentar substancialmente as oportunidades de investimento nos


territórios dos Contratantes;

• Proteger e fazer valer, de maneira adequada e efetiva, os direitos de


propriedade intelectual no território de cada um dos Membros;

• Criar procedimentos eficazes para a aplicação e cumprimentos dos


dispositivos do Acordo, para sua administração conjunta e para a
solução de controvérsias;

• Estabelecer uma base de cooperação trilateral, regional e multilate-


ral para expandir e melhorar os benefícios gerados pelo Acordo.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO


CESPE - Advogado da União/2002 (adaptada)

Tendo em vista o entendimento do direito internacional, bem como

Tributação Internacional e Aduaneira 93


a prática brasileira acerca de tratados internacionais, responda o
item a seguir:

O tratado internacional é um acordo celebrado por escrito entre su-


jeitos de direito internacional que produz efeito jurídico, qualquer
que seja sua denominação particular?

Resposta: Correto. De acordo com a redação do art. 2º da Convenção


de Viena de 1969, o tratado designa um acordo internacional con-
cluído por escrito entre Estados e regido pelo direito internacional,
quer esteja consignado num instrumento único, quer em dois ou
mais instrumentos conexos e qualquer que seja a sua denominação
particular;

As reservas e declarações interpretativas podem ser apresentadas


durante formulação do tratado?

Resposta: Sim. Um Estado pode, no momento da assinatura, da ratifi-


cação, da aceitação, da aprovação ou da adesão a um tratado, formu-
lar uma reserva, a menos que (art. 19º da Convenção de Viena):

a) A reserva seja proibida pelo tratado;

b) O tratado apenas autorize determinadas reservas, entre as


quais não figure a reserva em causa; ou

c) Nos casos não previstos nas alíneas “a” e b””, a reserva seja
incompatível com o objeto e o fim do tratado.

94 Tributação Internacional e Aduaneira


VERIFICAÇÃO DE LEITURA E GABARITO
TEMA 03
1. CESPE - Procurador do Banco Central do Brasil/2009
O chefe de missão diplomática do país A no país B, por cer-
ca de dois anos, negociou um tratado bilateral entre os dois
Estados. Pouco antes de um novo governo assumir o poder
no país B, o texto desse tratado foi adotado. Agora, o país B
alega que o chefe da missão diplomática de A não possuía
competência para tal ato.

Com relação a essa situação hipotética, assinale a op-


ção correta.

a) O argumento de B é correto, pois o chefe da missão


diplomática de A necessitava de plenos poderes.

b) O argumento de B é correto, pois a Convenção de


Viena sobre Direito dos Tratados prescreve que qual-
quer novo governo pode contestar a competência
para concluir tratados.

c) O argumento de B é incorreto, pois a competência


para concluir tratados somente pode ser contestada
em tratados multilaterais.

d) O argumento de B é incorreto, pois chefes de missões


diplomáticas podem adotar textos, assinar e ratificar
quaisquer tratados entre o Estado acreditante e o
Estado acreditado, sem a necessidade de apresenta-
ção de plenos poderes.

e) O argumento de B é incorreto, pois chefes de mis-


sões diplomáticas podem adotar o texto de um

Tributação Internacional e Aduaneira 95


tratado entre o Estado acreditante e o Estado acredi-
tado, sem a necessidade de apresentação de plenos
poderes.

2. CESPE - Auditor da Receita Estadual (AC)/2006


Conceitua-se o tratado internacional como um acordo for-
mal concluído entre sujeitos de direito internacional público
cuja finalidade é a produção de efeitos jurídicos. O tratado
internacional é, em si mesmo, um simples instrumento, iden-
tificado pelo seu processo de produção e por sua forma final.

Em face dessa assertiva, assinale a opção correta.

a) O tratado internacional, embora estribado em termos


puramente formais, pode prescindir da escritura, já
que lhe basta a consubstanciação de uma declaração
unilateral de vontade de seus plenipotenciários legí-
timos, como ocorre com os costumes internacionais.

b) O tratado internacional só pode prescindir de sua


forma escrita quando sustentado formalmente
pelo texto convencional produzido pelas instâncias
últimas do Conselho de Segurança e do Colegiado
Recursal do Tribunal Penal Internacional.

c) O tratado, um acordo formal que se manifesta em


um determinado momento histórico, exprime com
precisão e contornos bem definidos o seu teor, não
podendo prescindir da forma escrita.

d) Tanto os tratados quanto os costumes internacionais


possuem uma dupla dimensão que os qualifica e os
determina: ambos compartilham aspectos orais e tex-
tuais, embora os tratados sejam predominantemente

96 Tributação Internacional e Aduaneira


textuais, mas sem prescindir dos elementos orais
que lhes dão suporte, e os costumes sejam eminen-
temente orais.

3. ESAF - Analista de Comércio Exterior/2002


Em relação aos tratados internacionais, assinale a opção
incorreta.

a) Em regra, a ruptura de relações diplomáticas ou


consulares entre as partes, em um tratado, afeta
as relações jurídicas estabelecidas entre elas pelo
tratado.

b) O consentimento de um Estado em obrigar-se por


um tratado pode-se dar, entre outros, pela assinatu-
ra, troca de notas, ratificação, aprovação ou adesão.

c) Na hipótese de conflito entre as obrigações dos


membros das Nações Unidas (ONU) previstas no
tratado constitutivo da Organização e as obrigações
resultantes de qualquer outro tratado internacional,
prevalecerão as obrigações assumidas em relação à
ONU.

d) Eventual emenda a tratado internacional em vigor


no Brasil deverá passar pela aprovação congressio-
nal para que o chefe do Executivo possa vincular a
República ao novo texto no plano externo.

e) Uma pessoa é considerada representante de um


Estado para expressar o consentimento do Estado
em obrigar-se por um tratado se as circunstâncias
indicarem que a intenção do Estado era considerar
essa pessoa como seu representante para esse fim.

Tributação Internacional e Aduaneira 97


4. CESPE - Juiz Federal (TRF 2ª Região)/2013/XIV
Acerca do direito dos tratados internacionais, como regido
pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de
1969, assinale a opção correta.

a) A necessidade de forma escrita está expressa na defi-


nição de tratado presente na Convenção de Viena.
b) Na regra geral de interpretação dos tratados, está
previsto o recurso aos trabalhos preparatórios.
c) A mudança fundamental de circunstâncias é causa
de nulidade de um tratado.
d) O rompimento de relações diplomáticas gera, por si
só, a suspensão da execução de um tratado.
e) A adesão somente é possível quando expressamente
disposta no tratado.

5. CESPE - Juiz Federal (TRF 5ª Região)/2011/XI


No texto da Convenção de Viena de 1969, tratado internacio-
nal é definido como:

a) acordo de vontades entre particulares de diferentes


nacionalidades.
b) negócio jurídico lícito, tal como previsto no Código
Civil brasileiro.
c) acordo internacional concluído por escrito entre
Estados e regido pelo direito internacional.
d) sentença prolatada por tribunal internacional.
e) ato unilateral de imposição de uma norma de um
país a outro.

98 Tributação Internacional e Aduaneira


Referências Bibliográficas

BRASIL. Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966). Disponível em: <http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172Compilado.htm>. Acesso em: 04 set. 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em: 04 set. 2017.
BRASIL. Receita Federal. Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/
cidadao/irpf/2017>. Acesso em: 04 set. 2017.
BRASIL. Convenção de Viena. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2009/decreto/d7030.htm> Acesso em: 04 set. 2017.
CAPARROZ. Roberto. Comércio Internacional e Legislação Aduaneira. São Paulo:
Saraiva, 2017.
MORILAS, Luciana Romano. Tratados Internacionais: conceito e nomenclatura,
validade no Brasil, estrutura. Direito Internacional. Disponível em: <https://edis-
ciplinas.usp.br/pluginfile.php/2620447/mod_resource/content/1/Aula_2_-_Tratados.
pdf>. Acesso em: 28 jul. 2018.

Gabarito – Tema 04

Questão: 1 – Resposta: E

Resolução: Alternativa correta, conforme o artigo 7º da Convenção


de Viena de 1969, que determina que os agentes estatais possuem
capacidade para celebrar tratados independentemente da apresen-
tação da carta de plenos poderes.

Questão 2 – Resposta: C

Resolução: Correta, conforme redação do art. 2º da Convenção de


Viena de 1969, tratado designa um acordo internacional concluído por
escrito entre Estados e regido pelo direito internacional, quer esteja

Tributação Internacional e Aduaneira 99


consignado num instrumento único, quer em dois ou mais instru-
mentos conexos e qualquer que seja a sua denominação particular;

Questão 3 – Resposta: A

Resolução: A afirmativa “A” está incorreta, devendo ser assinalada.


Em regra, a ruptura de relações diplomáticas ou consulares entre as
partes, em um tratado, não afeta as relações jurídicas estabelecidas
entre elas pelo tratado, exceto se essa relação diplomática ou consu-
lar for indispensável à aplicação do tratado.

Questão 4 – Resposta: A

Resolução: Correta a alternativa A. O tratado designa um acordo in-


ternacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo direito
internacional.

Questão 5 – Resposta: C

Correta. Um acordo internacional concluído por escrito entre Estados


e regido pelo direito internacional, quer esteja consignado em um
instrumento único, quer em dois ou mais instrumentos conexos e
qualquer que seja a sua denominação particular.

100 Tributação Internacional e Aduaneira


Bons estudos!

Tributação Internacional e Aduaneira 101

Você também pode gostar