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MEFLU Mecânica de Fluidos

Apontamentos das Aulas Teóricas

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt, Gabinete F326

Departamento de Engenharia Mecânica


ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto
Introdução
Introdução

O que é a mecânica dos fluidos


• Inclui a hidrostática e a dinâmica dos fluidos
• Disciplina pilar da Engenharia Mecânica (eg. Máquinas de Fluxo, Transferência
de Calor, Fenómenos de Transferência, Mecânica de Fluidos Computacional,
AVAC, Combustão, etc.)
• Abrange imensas áreas: aerodinâmica, energia, motores de combustão interna,
engenharia naval, biologia, etc.

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Introdução

O que é a mecânica dos fluidos


• Inclui a hidrostática e a dinâmica dos fluidos
• Disciplina pilar da Engenharia Mecânica (eg. Máquinas de Fluxo, Transferência
de Calor, Fenómenos de Transferência, Mecânica de Fluidos Computacional,
AVAC, Combustão, etc.)
• Abrange imensas áreas: aerodinâmica, energia, motores de combustão interna,
engenharia naval, biologia, etc.

Duas dificuldades
• As equações que descrevem o movimento dos fluidos são demasiado
complexas para serem facilmente aplicadas a geometrias complexas
• =⇒ as equações têm de ser resolvidas numericamente nesses casos usando
dinâmica de fluidos computacional (CFD)
• A viscosidade dos fluidos pode provocar o fenómeno caótico da turbulência:
ainda um dos grandes problemas da física moderna.

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Introdução

Conceito de fluido
• Na mecânica de fluidos só há dois estados: sólidos e fluidos
• A distinção entre os dois prende-se com a sua resistência a tensões de corte, τ

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Introdução

Conceito de fluido
• Na mecânica de fluidos só há dois estados: sólidos e fluidos
• A distinção entre os dois prende-se com a sua resistência a tensões de corte, τ
• Um sólido pode ter uma deformação estática

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Introdução

Conceito de fluido
• Na mecânica de fluidos só há dois estados: sólidos e fluidos
• A distinção entre os dois prende-se com a sua resistência a tensões de corte, τ
• Um sólido pode ter uma deformação estática
• Um fluido entra em movimento
• =⇒ quando um fluido se encontra em repouso, τ = 0

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Introdução

Líquidos e Gases
• Há 2 tipos de fluidos: líquidos e gases
• A diferença entre eles prende-se com as forças de coesão entre as moléculas.
• Um líquido tem forças de coesão maiores e as moléculas, mais próximas umas
das outras formam superfícies livres quando sujeitas a um campo gravitacional

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Introdução

Líquidos e Gases
• Há 2 tipos de fluidos: líquidos e gases
• A diferença entre eles prende-se com as forças de coesão entre as moléculas.
• Um líquido tem forças de coesão maiores e as moléculas, mais próximas umas
das outras formam superfícies livres quando sujeitas a um campo gravitacional
• Os gases têm moléculas mais espaçadas e expandem-se até atingir uma parede
sólida que os retenha ⇐⇒ não têm volume definido, nem formam uma
superfície livre.

• os líquidos são fluidos


praticamente incompressíveis
(massa volúmica, ρ, constante)
• os gases são fluidos
compressíveis
(massa volúmica variável)

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Introdução

Líquidos e Gases
• Para efeitos da Engenharia, os fluidos podem ser considerados meio contínuos,
onde todas as “quantidades” variam suavemente no espaço (figura a) -
podemos usar cálculo diferencial no estudo dos fluidos.

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Introdução

Líquidos e Gases
• Para efeitos da Engenharia, os fluidos podem ser considerados meio contínuos,
onde todas as “quantidades” variam suavemente no espaço (figura a) -
podemos usar cálculo diferencial no estudo dos fluidos.
• A nível molecular essas variações não são tão suaves, mas o volume limite em
que as propriedades atingem valores médios suaves são muito pequenos
quando comparados com aplicações de engenharia (figura b)

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Introdução

Escoamento
• Por escoamento designamos o movimento do fluido. Assim, quantidades como
caudal, rotação ou vorticidade são propriedades do escoamento, enquanto que
temperatura, viscosidade ou massa volúmica são propriedades do fluido.

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Introdução

Campo de velocidade
• O campo de velocidade de um escoamento é, na maioria dos casos, a
informação mais importante de um escoamento que se quer descobrir.
A partir do campo de velocidade muita informação pode ser derivada.

V(x, y, z, t) = iu(x, y, z, t) + jv(x, y, z, t) + kw(x, y, z, t)

• Infelizmente, a obtenção do campo de velocidade de escoamentos com


interesse prático continua a ser um dos problemas mais complicados da Física
Clássica - o problema é a Turbulência, que iremos mais tarde tentar conhecer as
suas origens e as dificuldades que introduz.

z, w

• sistema de eixos cartesiano (x, y, z)


• componentes cartesianas da velocidade (u, v, w) y, v

x, u

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Introdução

Duas estratégias para estudar o campo de velocidade de um escoamento:

Descrição Lagrangeana do Campo de Velocidade


• Os escoamentos são estudados seguindo parcelas de fluido que são
“libertadas” em pontos estratégicos. Mais utilizada na Mecânica dos Sólidos.
Com excepção de alguns casos, como é o caso dos estudos de dispersão de
poluentes, na Mecânica dos Fluidos não estamos interessados em acompanhar
a evolução de parcelas de fluido específicas.

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Introdução

Duas estratégias para estudar o campo de velocidade de um escoamento:

Descrição Lagrangeana do Campo de Velocidade


• Os escoamentos são estudados seguindo parcelas de fluido que são
“libertadas” em pontos estratégicos. Mais utilizada na Mecânica dos Sólidos.
Com excepção de alguns casos, como é o caso dos estudos de dispersão de
poluentes, na Mecânica dos Fluidos não estamos interessados em acompanhar
a evolução de parcelas de fluido específicas.

Descrição Euleriana do Campo de Velocidade


• Os escoamento são estudados analisando a variação de quantidades relevantes
em volumes de controlo - volume imaginário que contém a região do
escoamento que pretendemos estudar. É esta descrição que é mais adequada
para o nosso estudo da Mecânica dos Fluidos.

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Introdução

Campo de velocidade: aceleração


• A derivada total em ordem ao tempo, t, do campo de velocidade é:
dV du dv dw
a= =i +j +k (1.1)
dt dt dt dt
• Como cada componente escalar (u,v,w) depende de (x,y,z,t) então tem-se para
cada um,
du(x, y, z, t) ∂u ∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂z
= + + + (1.2)
dt ∂t ∂x ∂t ∂y ∂t ∂z ∂t
• nas 3 componentes cartesianas obtém-se,
du ∂u ∂u ∂u ∂u
= +u +v +w
dt ∂t ∂x ∂y ∂z
dv ∂v ∂v ∂v ∂v
= +u +v +w (1.3)
dt ∂t ∂x ∂y ∂z
dw ∂w ∂w ∂w ∂w
= +u +v +w
dt ∂t ∂x ∂y ∂z

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Introdução

Campo de velocidade: aceleração


• Voltando a uma representação vetorial
!
dV ∂V ∂V ∂V ∂V ∂V
a= = + u +v +w = + (V · ∇)V (1.4)
dt
|{z} ∂t
|{z} ∂x ∂y ∂z ∂t
| {z }
total local convectiva

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Introdução

Caudal volúmico
• O caudal volúmico (ou volumétrico) que passa através de uma superfície S , é
calculado integrando as velocidades normais à superfície, ao longo da área S ,
Z
Q= (V · n) dA (1.5)
S

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Introdução

Caudal volúmico
• O caudal volúmico (ou volumétrico) que passa através de uma superfície S , é
calculado integrando as velocidades normais à superfície, ao longo da área S ,
Z
Q= (V · n) dA (1.5)
S

• No caso de um escoamento entre placas ou numa conduta, o caudal volúmico


pode ser calculado usando a velocidade normal média,
Z
1
Q = Vn A em que Vn = |V · n| dA (1.6)
A S

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Introdução

As propriedades de um fluido podem dividir-se em:

Propriedades termodinâmicas
• pressão, p
• massa volúmica, ρ
• temperatura, T
• energia interna, û
• entalpia, h = û + p/ρ

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Introdução

As propriedades de um fluido podem dividir-se em:

• peso específico,
Propriedades termodinâmicas γ = ρg
• pressão, p
• massa volúmica, ρ • gravidade específica,
• temperatura, T Gases:
ρ
S Ggás =
• energia interna, û ρar
• entalpia, h = û + p/ρ Líquidos:
ρ
S Glíq =
ρágua

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Introdução

As propriedades de um fluido podem dividir-se em:

• peso específico,
Propriedades termodinâmicas γ = ρg
• pressão, p
• massa volúmica, ρ • gravidade específica,
• temperatura, T Gases:
ρ
S Ggás =
• energia interna, û ρar
• entalpia, h = û + p/ρ Líquidos:
ρ
S Glíq =
ρágua
Propriedades de transporte
• viscosidade dinâmica, µ
• condutividade térmica, k

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Introdução

Relações entre propriedades termodinâmicas


• A equação dos gases perfeitos é quase sempre uma boa aproximação à
equação de estado de um gás,
p = ρRT em que R = c p − cv = const. (1.7)

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Introdução

Relações entre propriedades termodinâmicas


• A equação dos gases perfeitos é quase sempre uma boa aproximação à
equação de estado de um gás,
p = ρRT em que R = c p − cv = const. (1.7)

• A energia total de um fluido resulta da soma das energias interna, potencial e


cinética,
etotal = û + ecin + epot (1.8)

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Introdução

Pressão, p
• Pressão é a tensão de compressão a que uma parcela de fluido está sujeita.
É uma das variáveis mais importantes a seguir à velocidade.
• Numa parcela de um fluido em repouso atua em todas as direcções com a
mesma magnitude, em superfícies sólidas actua na perpendicular à superfície.

• símbolo: p
• unidades: Pa (pascal),
Pa=N·m−2
• pressão atmosférica,
pa ≈ 101325 Pa

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Introdução

Pressão, p
• Pressão é a tensão de compressão a que uma parcela de fluido está sujeita.
É uma das variáveis mais importantes a seguir à velocidade.
• Numa parcela de um fluido em repouso atua em todas as direcções com a
mesma magnitude, em superfícies sólidas actua na perpendicular à superfície.

• símbolo: p
• unidades: Pa (pascal),
Pa=N·m−2
• pressão atmosférica,
pa ≈ 101325 Pa
• As diferenças (gradientes) de pressão são frequentemente causadoras de
escoamentos de fluido. Está-se muitas vezes interessado em diferenças de
pressão e não em valores absolutos. Estes últimos são relevantes quando:
• se quer calcular forças de fluidos sobre sólidos
• em líquidos, a pressão é de tal forma baixa que leva à formação de bolhas de vapor
(cavitação)
• há escoamentos de gases (compressíveis) a altas velocidades

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Introdução

Massa volúmica, ρ
• Massa volúmica (por vezes designada de densidade) é a massa do fluido por
unidade de volume.
• No caso de líquidos, este valor é aproximadamente constante e estes fluidos
são tratados como incompressíveis. Por exemplo, a massa volúmica da água só
aumenta 1% se multiplicarmos a pressão atmosférica por 220.
• No caso de gases, há maiores variações, mas em muitos problemas de
engenharia que não envolvam velocidades ou pressões muito elevadas, o uso
de uma massa volúmica constante é uma boa aproximação.

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Introdução

Massa volúmica, ρ
• Massa volúmica (por vezes designada de densidade) é a massa do fluido por
unidade de volume.
• No caso de líquidos, este valor é aproximadamente constante e estes fluidos
são tratados como incompressíveis. Por exemplo, a massa volúmica da água só
aumenta 1% se multiplicarmos a pressão atmosférica por 220.
• No caso de gases, há maiores variações, mas em muitos problemas de
engenharia que não envolvam velocidades ou pressões muito elevadas, o uso
de uma massa volúmica constante é uma boa aproximação.

• símbolo: ρ [’ró’]
• unidades: kg·m−3
• massa volúmica da água,
ρ = 998 kg·m−3
• massa volúmica do ar,
ρ ≈ 1.225 kg·m−3 ao nível
do mar

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Introdução

Massa volúmica, ρ
• Massa volúmica (por vezes designada de densidade) é a massa do fluido por
unidade de volume.
• No caso de líquidos, este valor é aproximadamente constante e estes fluidos
são tratados como incompressíveis. Por exemplo, a massa volúmica da água só
aumenta 1% se multiplicarmos a pressão atmosférica por 220.
• No caso de gases, há maiores variações, mas em muitos problemas de
engenharia que não envolvam velocidades ou pressões muito elevadas, o uso
de uma massa volúmica constante é uma boa aproximação.

• símbolo: ρ [’ró’]
• às vezes também se usa o
• unidades: kg·m−3
peso específico, γ [’gama’]
• massa volúmica da água,
• i.e. peso por unidade de
ρ = 998 kg·m−3 volume
• massa volúmica do ar,
• unidades: N·m−3
ρ ≈ 1.225 kg·m−3 ao nível
do mar • =⇒ γ = ρ · g

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Introdução

Coeficiente de viscosidade dinâmica, µ


• Um fluido oferece resistência ao movimento. O coeficiente de viscosidade
dinâmica de um fluido, ou simplesmente viscosidade, determina a relação entre
a velocidade que o fluido adquire e as forças/tensões aplicadas ao fluido

δuδt
tan δθ =
δy
limδθ→0 tan δθ = δθ
dθ du
τ=µ =µ
dt dy
du
é a taxa de deformação
dy

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Introdução

Coeficiente de viscosidade dinâmica, µ


• Um fluido oferece resistência ao movimento. O coeficiente de viscosidade
dinâmica de um fluido, ou simplesmente viscosidade, determina a relação entre
a velocidade que o fluido adquire e as forças/tensões aplicadas ao fluido

Tensão de corte
• símbolo: τ [’tau’]
• unidades: N·m−2
Viscosidade dinâmica
• símbolo: µ [’mú’]
• unidades: kg·m−1 ·s−1 ≡ N·s·m−2
δuδt
tan δθ =
δy
limδθ→0 tan δθ = δθ
dθ du
τ=µ =µ
dt dy
du
é a taxa de deformação
dy

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Introdução

Coeficiente de viscosidade dinâmica, µ


• Um fluido oferece resistência ao movimento. O coeficiente de viscosidade
dinâmica de um fluido, ou simplesmente viscosidade, determina a relação entre
a velocidade que o fluido adquire e as forças/tensões aplicadas ao fluido

Tensão de corte
• símbolo: τ [’tau’]
• unidades: N·m−2
Viscosidade dinâmica
• símbolo: µ [’mú’]
• unidades: kg·m−1 ·s−1 ≡ N·s·m−2
δuδt
tan δθ =
δy µ
limδθ→0 tan δθ = δθ Viscosidade cinemática ν =
dθ du
ρ
τ=µ
dt

dy • símbolo: ν [’nú’]
du • unidades: m2 ·s−1
é a taxa de deformação
dy

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Introdução

Valores de viscosidade e massa volúmica para fluidos comuns

• NB: os valores da 4ª coluna (ν, viscosidade cinemática) são iguais à divisão da


3ª pela 2ª (i.e. ν = µ/ρ)

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Introdução

Valores de viscosidade e massa volúmica para fluidos comuns

• NB: os valores da 4ª coluna (ν, viscosidade cinemática) são iguais à divisão da


3ª pela 2ª (i.e. ν = µ/ρ)

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Introdução

Caso particular: escoamento de Couette


• O escoamento de Couette é uma idealização de um escoamento laminar
estacionário de um fluido Newtoniano entre placas planas

• Se o fluido é Newtoniano,
∂u ∂u τ
τ=µ ⇐⇒ = (1.9)
∂y ∂y µ

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Introdução

Caso particular: escoamento de Couette


• O escoamento de Couette é uma idealização de um escoamento laminar
estacionário de um fluido Newtoniano entre placas planas

• Se o fluido é Newtoniano,
∂u ∂u τ
τ=µ ⇐⇒ = (1.9)
∂y ∂y µ

integrando a equação ??,


τ
u(y) = y + C1
µ
aplicando condição de fronteira,
na parede, u(0) = 0 =⇒ C1 = 0
Logo, a velocidade varia linearmente en-
∂u V
tre as placas, = , pelo que,
∂y h
V V
=⇒ u(y) = y e τ = µ = constante
h h

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Introdução

Figura: Experiência demonstrando escoamento de Couette

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Introdução

Exemplo 1
Uma placa fina é separada de duas placas fixas por líquidos com viscosidades altas
µ1 e µ2 , como mostra a figura. As distâncias entre as placas, h1 e h2 , não são iguais.
A área de contacto entre a placa central e cada fluido é A.

• Considerando uma distribuição linear de velocidade em cada fluido, deduza


uma expressão para a força necessária para puxar a placa central com
velocidade V

h1 µ1
F, V
h2 µ2

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Introdução

Exemplo 2
Pretende-se determinar a viscosidade dinâ-
mica de um fluido através de um viscosímetro, Tubo
que consiste num eixo em rotação dentro de estacionário
um tubo estacionário, ambos com L = 40 cm
de comprimento, como mostra a figura. O eixo
tem raio R = 6 cm enquanto que o espaça- ℓ
mento entre eixo e a parede interior do tubo R
é ℓ = 1.5 mm. É aplicado um binário de 1.8 N·m
ao eixo para o manter a rodar a uma velocidade N = 300 rpm
N = 300 rpm. Eixo

• Determine a viscosidade dinâmica do


fluido, µ, assumindo um perfil de Fluido
velocidade linear do fluido entre eixo e
tubo.

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Introdução

Variação da viscosidade com a temperatura


• A variação da viscosidade com a pressão é reduzida, sendo muito mais
significativa a variação da viscosidade com a temperatura.

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Introdução

Variação da viscosidade com a temperatura


• A variação da viscosidade com a pressão é reduzida, sendo muito mais
significativa a variação da viscosidade com a temperatura.
• De uma forma geral, a viscosidade dos gases aumenta com a temperatura. Para
além de informação em tabelas e gráficos existem alguns modelos:
 T !n




 lei de potência


 T0






µ 
 (T/T 0 )3/2 (T 0 + S )
≈ lei de Sutherland (1.10)
µ0 

 T +S








 em que µ0 é uma viscosidade conhecida à temperatura T 0 , e S e n



são parâmetros determinados experimentalmente para cada fluido

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Introdução

Variação da viscosidade com a temperatura


• A variação da viscosidade com a pressão é reduzida, sendo muito mais
significativa a variação da viscosidade com a temperatura.
• De uma forma geral, a viscosidade dos gases aumenta com a temperatura. Para
além de informação em tabelas e gráficos existem alguns modelos:
 T !n




 lei de potência


 T0






µ 
 (T/T 0 )3/2 (T 0 + S )
≈ lei de Sutherland (1.10)
µ0 

 T +S








 em que µ0 é uma viscosidade conhecida à temperatura T 0 , e S e n



são parâmetros determinados experimentalmente para cada fluido

• De uma forma geral, a viscosidade dos líquidos diminui com a temperatura.


Para além de informação em tabelas e gráficos existem alguns modelos:
µ T   T 2
0 0
ln ≈a+b +c (1.11)
µ0 T T
h i
Para a água: µ0 = 0.001792 kg · m−1 · s−1 , a = −1.94, b = −4.80, c = 6.74

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Introdução

Variação da viscosidade com a taxa de deformação


• Fluidos newtonianios são fluidos que não apresentam variação da viscosidade
com a taxa de deformação, ∂u/∂y.
Água, ar, óleos minerais, gasolina, etc. são exemplos de fluidos Newtonianos.

∂u
τ=µ (1.12)
∂y

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Introdução

Variação da viscosidade com a taxa de deformação


• Fluidos newtonianios são fluidos que não apresentam variação da viscosidade
com a taxa de deformação, ∂u/∂y.
Água, ar, óleos minerais, gasolina, etc. são exemplos de fluidos Newtonianos.

∂u
τ=µ (1.12)
∂y

• Fluidos não-Newtonianos são fluidos cuja viscosidade varia com a taxa de


deformação, !
∂u ∂u
µ= f = f (ζ) , τ = f (ζ) (1.13)
∂y ∂y

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Introdução

Variação da viscosidade com a taxa de deformação

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Introdução

Variação da viscosidade com a taxa de deformação

Resistência à deformação
aumenta com o aumento
da tensão de corte

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Introdução

Variação da viscosidade com a taxa de deformação

Resistência à deformação
aumenta com o aumento
da tensão de corte

Resistência à deformação
diminui com o aumento da
tensão de corte

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Introdução

Figura: Fluidos não-Newtonianos

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Introdução

Tensão superficial

• Moléculas que se encontrem na interface de dois fluidos não possuem o mesmo


equilíbrio mecânico que o existente em moléculas ”interiores”.
• As moléculas da interface encontram-se sujeitas a uma tensão superficial, que
actua no plano da interface.
ATENÇÂO: A tensão superficial é uma força por metro [N·m−1 ], e não área.

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Introdução

Tensão superficial
Tensão superficial
• símbolo: Υ [’úpsilon’]
• unidades: N·m−1

• Moléculas que se encontrem na interface de dois fluidos não possuem o mesmo


equilíbrio mecânico que o existente em moléculas ”interiores”.
• As moléculas da interface encontram-se sujeitas a uma tensão superficial, que
actua no plano da interface.
ATENÇÂO: A tensão superficial é uma força por metro [N·m−1 ], e não área.

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 25/100


Introdução

Tensão superficial
• Se for efetuado um corte de dimensão dL em uma interface, vai ser exposta
nesse corte uma força de magnitude:

F = Υ dL (1.14)
• Valores de tensão superficial para interfaces comuns:
• Υ = 0.073 N·m−1 , interface água-ar
• Υ = 0.480 N·m−1 , interface mercúrio-ar

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Introdução

Tensão superficial
• Se for efetuado um corte de dimensão dL em uma interface, vai ser exposta
nesse corte uma força de magnitude:

F = Υ dL (1.14)
• Valores de tensão superficial para interfaces comuns:
Υ ≡ σs
• Υ = 0.073 N·m−1 , interface água-ar
• Υ = 0.480 N·m−1 , interface mercúrio-ar

Gota de água:

2πR · Υ = ∆p · πR2 =⇒ ∆p =
R

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Introdução

Tensão superficial
• Se for efetuado um corte de dimensão dL em uma interface, vai ser exposta
nesse corte uma força de magnitude:

F = Υ dL (1.14)
• Valores de tensão superficial para interfaces comuns:
Υ ≡ σs
• Υ = 0.073 N·m−1 , interface água-ar
• Υ = 0.480 N·m−1 , interface mercúrio-ar

Gota de água: Bolha de sabão:


2Υ 4Υ
2πR · Υ = ∆p · πR2 =⇒ ∆p = 2 × 2πR · Υ = ∆p · πR2 =⇒ ∆p =
R R

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Introdução

Tensão superficial: ângulo de contacto


• O ângulo de contacto é o ângulo que a superfície do interface forma com a
parede do sólido. Tal como a tensão superficial, depende das relações
físico-químicas do interface sólido-líquido.

• Se θ < 90◦ , diz-se que o fluido molha o sólido.


Ex. água e vidro limpo, θ ≈ 0◦
• Se θ > 90◦ , diz-se que o fluido não molha o sólido.
Ex. mercúrio e vidro limpo, θ ≈ 130◦

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Introdução

Tensão superficial: altura capilar


• A tensão superficial é responsável pela subida (ou descida) do fluido dentro de
pequenos tubos. A essa altura chama-se de altura capilar, geralmente
designada por h. O seu valor está relacionado com o equilíbrio entre a tensão
superficial e o peso do volume de fluido deslocado.
• O facto do fluido subir (h > 0) ou descer (h < 0) depende do ângulo de contacto,
i.e. se o menisco é côncavo (θ < 90◦ ) (ex. água) ou convexo (θ > 90◦ ) (ex.
mercúrio).

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Introdução

Tensão superficial: determinar a altura capilar


O peso do volume deslocado tem de ser
igual à força devido à tensão superficial:

hπR2 ·ρg = |{z}


|{z} 2πR ·Υ cos θ
volume perimetro

2Υ cos θ
∴h=
ρgR
Análise idêntica deve ser feita se h for
negativo, balanceando a força da tensão
superficial com o peso do fluido ausente
dentro do tubo.

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 29/100


Introdução

Exemplo 3

Um tubo de vidro de secção quadrada de lado


a = 5 mm, é inserido num reservatório de mer-
cúrio (S G = 13.6) formando-se uma depressão
capilar de altura h. Se o ângulo de contacto
entre a superfície do mercúrio e o vidro for
h
θ = 130° e a tensão superficial Υ = 0.48 N·m−1 ,
determine o valor de h.

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 30/100


Introdução

Cavitação
• A pressão de vapor de um líquido,pv , é a pressão a que o líquido começa a
ferver para uma dada temperatura.
• Por exemplo, ao nível do mar, à pressão atmosférica pa ≈ 101300 Pa, a água ferve
a 100◦ porque a essa temperatura pv = 101300 Pa. No topo do Evereste (8848 m
de altitude), a pressão atmosférica é apenas pa ≈ 31480 Pa, pelo que a água
ferve a 70◦ , quando pv = pa .
• Num escoamento, a formação de bolhas de vapor pode ocorrer se o
número de cavitação,
p − pv
Ca = (1.15)
2 ρV
1 2

estiver abaixo de um valor crítico.

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 31/100


Introdução

Cavitação
• Número de cavitação,
p − pv
Ca =
2 ρV
1 2

• O número de cavitação pode ser reduzido diminuindo a pressão p (p.ex. por


ação de uma bomba), aumentando a pressão de vapor pv (por aumento da
temperatura), ou aumentando a energia cinética (p.ex. na ponta das pás de uma
turbina).

• Abaixo de um valor crítico de


Ca formam-se bolhas de
vapor no líquido que
colapsam quando chegam a
zonas de mais alta pressão
num processo designado de
cavitação.

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 32/100


Introdução

Danos provocados por cavitação

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 33/100


Introdução

Figura: Exemplo de cavitação em hélice

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 34/100


Sumário.

• Conceito de fluido. Distinção entre líquidos e gases


• Descrições lagrangeana e euleriana
• Principais propriedades termodinâmicas de um fluido
∂u
• Distinguir fluidos newtonianos τ=µ
∂y
!
∂u ∂u
de não-newtonianos µ= f = f (ζ), τ = f (ζ)
∂y ∂y
• Tensão superficial F = Υ dL e ângulo de contacto
p − pv
• Número de cavitação Ca = 1
2 ρV
2

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 34/100


Sumário.

• Conceito de fluido. Distinção entre líquidos e gases


• Descrições lagrangeana e euleriana
• Principais propriedades termodinâmicas de um fluido
∂u
• Distinguir fluidos newtonianos τ=µ
∂y
!
∂u ∂u
de não-newtonianos µ= f = f (ζ), τ = f (ζ)
∂y ∂y
• Tensão superficial F = Υ dL e ângulo de contacto
p − pv
• Número de cavitação Ca = 1
2 ρV
2

Carlos Silva Santos, cmi@isep.ipp.pt 34/100


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