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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

Fluminense Campus Itaperuna,RJ

Licenciatura em Química

Pilar Hygino

Resumo sobre solubilidade


apresentado à disciplina
Química Analítica I ,
lecionada pelo professor
Murilo Souza.

Fevereiro de 2022
Solubilidade de precipitados e equilíbrio de solubilidade

● O que é solubilidade?

Refere à concentração ou a quantidade máxima de uma substância que pode ser


colocada em um solvente para formar uma solução estável.

A solubilidade de uma substância química depende da natureza da substância e


do solvente. Em geral, o processo de colocar uma substância em outra envolve alterar
forças moleculares ( forças não covalentes).

Pode-se concluir que a solubilidade é essas forças intermoleculares predominantes


entre o soluto e o solvente. Quanto maior a força molecular predominantes, maior a
solubilidade.

● O que são forças intermoleculares?

São as formas como as moléculas dos compostos (polares ou apolares) formados


por ligações covalentes interagem entre si.

Perceber a existência das diferentes forças intermoleculares (interações) é simples,


já que na natureza podemos encontrar uma mesma matéria em diferentes estados físicos.

→ Forças de London ou dipolo-induzido

É o tipo de força que ocorre entre moléculas apolares, ou seja, moléculas que não
apresentam polos (positivo e negativo), pois os elétrons estão distribuídos de forma
uniforme em sua eletrosfera, como na imagem abaixo:

Distribuição uniforme dos elétrons em uma molécula apolar

Porém, em certo instante, os elétrons podem acumular-se em uma região de uma


molécula, criando nela um polo negativo e outro positivo. Como essa molécula está próxima
à outra, esse dipolo temporário acaba induzindo os elétrons da outra molécula a se
agruparem em uma extremidade e assim sucessivamente:
Formação de um dipolo temporário em uma molécula apolar

Assim, as moléculas que eram apolares passam a ter um dipolo que foi induzido.

A interação de moléculas apolares ocorre de forma induzida

Alguns exemplos de substâncias cujas moléculas interagem por esse tipo de força
são: gás carbônico (CO2), gás metano (CH4), gás etano (C2H6) e gás hidrogênio (H2).

→ Força dipolo permanente ou dipolo-dipolo

É um tipo de força intermolecular que ocorre entre moléculas polares (com exceção
daquelas que apresentam o elemento hidrogênio ligado diretamente a flúor, oxigênio ou
nitrogênio). Alguns exemplos de substâncias cujas moléculas interagem por dipolo-dipolo
são o ácido clorídrico (HCl), dióxido de enxofre (SO2), ácido bromídrico (HBr) e ácido
cianídrico (HCN).

Como as moléculas são polares (apresentam polos positivo e negativo), elas


interagem de forma que o polo negativo de uma una-se ao polo positivo da outra e assim
sucessivamente:

Representação do dipolo permanente entre moléculas do ácido clorídrico

Em virtude da presença do dipolo, já que as moléculas são polares, a interação


dipolo-dipolo é mais intensa do que a dipolo induzido.
→ Ligações de hidrogênio

É um tipo de força intermolecular que também ocorre em moléculas polares, mas


apenas se o átomo de hidrogênio estiver ligado diretamente a um dos três elementos
químicos (Flúor, Oxigênio e Nitrogênio) mais eletronegativos da Tabela Periódica.

Alguns exemplos de moléculas que interagem por ligações de hidrogênio são: ácido
fluorídrico (HF), amônia (NH3) e água (H2O).

Fórmulas estruturais as substâncias ácido fluorídrico, amônia e água

Como a ligação de hidrogênio ocorre em moléculas cuja diferença de


eletronegatividade entre os átomos é muito grande, trata-se de uma força intermolecular de
alta intensidade (maior que a dipolo-dipolo e a dipolo induzido).

Veja uma representação dessa interação:

Representação das ligações de hidrogênio entre moléculas de água


Interações eletrostáticas que levam moléculas ou espécies químicas separadas,
mas vizinhas, a atraírem uma à outra ou se repelem (interação iônica).

À medida que sobe a seta, as forças são mais fortes umas às outras. Logo, quanto
mais forte for a interação do soluto com o solvente utilizado maior é a solubilidade.

● Formação de uma solução

Para que possamos dizer que existe uma solução, esse meu soluto precisa estar ali
dissolvido, solúvel, no meu solvente. A formação de uma solução envolve a quebra de
interação entre as moléculas ou íons individuais no sólido que está sendo dissolvido.
Isso também requer interromper algumas das forças intermoleculares entre moléculas
vizinhas de solvente, e abrir espaço para a dissolução química.

Então, essas novas forças intermoleculares entre o soluto dissolvido e solvente são
formadas, e quanto mais fortes forem essas forças mais favorecidos esse processo de
solubilidade.

● Água

Mundialmente, a água é um solvente universal. Na maioria dos casos a química


analítica vai empregá-la como um solvente.
Possui a característica de ter um momento dipolo permanente alto e que também
formam ligações de hidrogênio fortes. Isso significa que outras substâncias polares, ou as
que podem formar ligações de hidrogênio, devem ser facilmente dissolvidas em água e tem
uma alta solubilidade neste solvente.

“Semelhante dissolve semelhante”.

As ligações intermoleculares da água, quando misturo um soluto neste solvente com


características semelhantes, vão ter ligações muito fortes das anteriores que possuíam.

Quando estiver lidando com solutos com características apolares, vou poder
observar o fato de ter uma grande dificuldade de dissolver em água. Visto que ela possui o
momento dipolar, e se meu soluto não tiver esse momento, a formação da ligação
intermolecular desse soluto apolar com água é mais fraca, ou seja, ocorre uma menor
dissolução. Como por exemplo o octano, tem uma característica apolar ( não tem momento
dipolo e não forma ligações de hidrogênio).

● Mudança global de energia

Explicando de um forma termodinâmica, a solubilidade nada mais é do que uma


mudança global de energia

Uma mudança de entropia, é um fenômeno que ajuda a avaliar a dissolução do meu


soluto e do meu solvente. Então, uma mudança de entropia também ocorre durante a
solubilização.

Entropia é a medida do grau de uma desordem de um sistema. Quando tenho o meu


soluto, como por exemplo o cloreto de sódio no estado sólido e a medida que jogo na água
começa a se dissolver com maior facilidade. A entropia dele, o grau de desordem dos íons
dissociados no solvente água é muito grande. Uma vez que era sólido, quando jogo em
água começa desordenar em toda a água, ou seja, aumenta a ordem e aumenta a entropia
do sistema.

Observando a fórmula:

Se aumentar a entalpia, vamos supor que a variação de entropia e a temperatura


estão constantes, o que pode ocorrer é que o termo da temperatura fica negativo e como a
variação de entropia é constante, ele vai ser subtraído. O valor do delta Gº fica muito
negativo e ocorre a espontaneidade. O sistema fica espontâneo.
O aumento da entalpia faz com que o sistema seja espontâneo, por isso que a
solubilidade para uma grande parte do soluto seja espontânea.

Ao adicionar cloreto de sódio em água, ele se dissolve facilmente, porque ocorre de


forma espontânea.

Alguns solutos adicionados em água, não tem essa característica de


espontaneidade. É necessário adicionar um aquecimento ou fazer um outro tratamento no
meu sistema, nesse caso a água, para que possa provocar uma maior solubilidade desses
compostos. Por que isso ocorre? Devido a alguns solutos precisarem de ser avaliados
pela entalpia. Nesse caso do cloreto de sódio, como citado, ele é solúvel porque aumenta a
desordem do sistema, tornando o delta Gº negativo, ou seja, espontâneo.

Com isso, a solubilidade do cloreto de sódio é favorecida entropicamente.

Resumo:

Solubilidade (soluto no solvente) = sistema menos ordenado (mistura sempre


favorável). No entanto, o processo de quebra e formação de novas forças intermoleculares
exigirá um insumo de energia.

É esse equilíbrio devido a variação de energia devido a entropia e à alteração nas


forças intermoleculares que determina a mudança total de energia quando misturamos
soluto e solvente.

● Solvatação

Então, esse fenômeno de dissolução ou solvatação é um mecanismo em que os


íons negativos e positivos ficam envoltos por moléculas do solvente.

Ela encapsula os íons, como por exemplo, eu tenho o cloreto de sódio quando
jogado em água dissociando-se das moléculas englobam os dois íons. E, uma vez que a
molécula de água solvato esses dois íons, o que ocorre com as cargas positivas do sódio e
negativa do cloreto é criar uma certa barreira entre a água.

Quando estou lidando com o solvente água a solvatação é chamada de hidratação.

O processo de solvatação requer um gasto de energia, que é empregada no


rompimento tanto das ligações entre os íons do soluto quanto das interações das moléculas
do solvente.

Esse gasto que deve ser imposto para quebrar a ligação do soluto-soluto, antes de
dissolver, e formar nova solvatação a partir da água com os novos íons, novas ligações
intermoleculares ali, requer certas energias como: para quebrar a ligação que inicialmente
era soluto-soluto e uma liberação de energia para formar as novas ligações.

Sendo assim, essas duas primeiras etapas do sistema são endotérmicas, ou


seja, absorvem as energias para romper as ligações do soluto-soluto e também
romper as ligações do solvente-solvente. Em contrapartida, há uma liberação de energia
(exotérmica), devido a formações das interações do soluto com o solvente.

Então, uma vez que quebrou as ligações soluto-soluto, solvente-solvente e começou


a ligar o solvente no soluto isso libera energia. Energia que foi ganhada e energia que foi
liberada, a variação entre elas é o que chamamos de delta Hº = variação de entalpia.

Essa variação de entalpia também vai dizer a respeito da solubilidade do meu


composto, porque se essa variação de entalpia no caso for muito positiva + , a ponto de
suprimir o valor da entropia, a solubilidade do meu sistema, delta Gº da positivo, não ocorre
a solubilidade espontânea. Vai ocorrer a necessidade de um aumento da temperatura, uma
variação na pressão ou um outro fator externo para aumentar a solubilidade.

Quando algumas substâncias são submetidas ao calor para a solubilização do


soluto, está ocorrendo um jogo entre entalpia e entropia, tentando tornar o delta Gº mais
negativo, ou seja, mais espontânea a solução. Impor algo para que a solubilidade aconteça.

Resumo:

A energia livre de Gibbs (delta Gº), é uma grandeza termodinâmica definida como a
diferença entre a variação de entalpia (delta Hº) e a temperatura (T) vezes a variação de
entropia (delta Sº) em uma reação. De acordo com a equação abaixo:

Solutos e solventes semelhantes em polaridade e em interações produziram uma


variação menor de energia (devido às forças intermoleculares) e darão origem a uma
solubilidade maior.

Devidos aos momentos entálpicos, pode ocorrer de não ter uma alta solubilidade.

● Precipitado = não consegue ser solúvel

A precipitação trata-se de um processo quando uma porção de uma substância não


consegue ser dissolvida e deixa a solução para formar um sólido.

O precipitado vem de algo que não foi solubilizado, ou seja, por mais que o processo
seja feito de forma espontânea para parte do soluto no caso do sulfato de bário, não tem
uma solubilidade total em água, ao contrário do cloreto de sódio.
Isso significa que se adicionarmos o suficiente desse sal à água, acabaremos
atingiremos um ponto que parte do sulfato de bário se dissolverá e no restante manterá um
sólido em contato com a solução.

Um termo intimamente ligado a solubilidade é a precipitação.

Se esse material dissolvido for sólido, ele será chamado de precipitado.

Insaturada- É quando eu coloco uma quantidade de soluto em água como no


exemplo e ocorre a solubilização completa.

Saturada- É a solução na qual coloca-se a máxima quantidade de cloreto de sódio,


como por exemplo, que se dissolve na água.

Saturada com corpo de fundo- Uma solução em que coloca-se uma maior
quantidade de soluto que a solução consiga dissolver, ou seja, vai dissolver somente os 36g
e os 4g que sobraram vai ficar na forma de corpo de fundo. O cloreto de sódio é totalmente
solúvel, só deixa de ser solúvel quando excede a quantidade que consigo dissolver,
ultrapassando a saturação dele.

Resumo:

Se esse material não estiver dissolvido, for sólido, ele será chamado de precipitado.

Se esse sólido se formar lentamente, o sólido resultante será relativamente puro e


terá um alto grau de ordem em sua estrutura. Se a precipitação ocorrer rapidamente, muitas
vezes produzirá pequenas partículas sólidas que têm menor ordem que os cristais
(dificuldade para filtração).
Para que a solubilidade e precipitação são importantes em química análise
química?

● Método gravimétrico, em que medições das massas de um precipitado puro são


usadas para medir um analito contido nesse precipitado.
● Titulação de precipitação, em que a quantidade de analito é determinada pela
medição do volume de um reagente necessário para uma precipitação completa do
analito a partir de uma solução. (INDÚSTRIA DO PETRÓLEO)
● Marcha analítica; determinação de cátions por meio de precipitação.
● Extração: usa a diferença de solubilidade de uma substância química entre dois
líquidos para isolar ou analisá-la.

Equilíbrio de solubilidade pode ser chamado de equilíbrio de precipitação, onde


tenho um soluto sólido formando os íons em solução.
Resumo:

Kº termodinâmico - atividade química

Posso apresentar de forma de concentração, se considerar que a atividade é


parecida com a concentração. Porém, o coeficiente de atividade será o valor próximo da
concentração, atividade = concentração. O Kps será sem a bolinha (º) do termodinâmico.

Coeficiente de atividade = 1 . Todos os sólidos terão esse valor, na fórmula não


interfere no valor e fica igual a 1.

DÚVIDA SOBRE OS 1,15 mg/L do ex. - máxima solubilidade


Químico analítico quer saber quantidade e qualidade também. A partir do Kps
consigo saber o quanto de sulfato e do bário eu vou obter em solução.
Resumo:

Imagina-se que tenho a solução só tinha água, joguei uma quantidade muito
pequena de sulfato de bário, vai ficar solúvel devido a muita água, se for colocado até um
ponto em que toda concentração de bário presente e a de sulfato vai chegar um momento
que não irá suportar ficar solúvel em solução. Esses íons vão começar a formar o
precipitado.

Atingir o produto de solubilidade é quando a multiplicação das duas concentrações,


que consigo solubilizar em solução. Quando a concentração dos dois íons é máxima, atinge
o Kps, permanecendo solúvel até que precipite.

A multiplicação dos íons em solução atinge o valor do Kps e começa a formar o


precipitado.
Resumo:

No caso em que tenho uma substância pouco solúvel em meu solvente, devemos
utilizar a constante do produto de solubilidade para realizar qualquer cálculo.

Vimos que em ácido/ base forte não utilizam a constante de equilíbrio, pois
dissociam-se completamente em água, no caso do sal funciona da mesma forma.

Ex: Cloreto de sódio não precisa usar a constante de equilíbrio Kps, pois dissocia-se
completamente em água. Não forma equilíbrio químico entre a parte sólida e ele dissolvido
em solução. Por isso que não preciso usar Kps para cloreto de sódio e sais solúveis em
água.

Agora em ácido/ base fraca precisa-se utilizar a constante de equilíbrio, porque eles
são fracos e não se ionizam completamente. Por isso utiliza-se a constante de equilíbrio,
saber quanto foi e quanto não foi ionizado. Mesma coisa é aplicada para os sais.

Sais que são poucos solúveis em água também tem que utilizar a constante de
equilíbrio Kps. Está tudo interligado.
A solubilidade do cromato de prata é a mesma coisa que a concentração de
cromato, porque um mol dele forma um mol de cromato.

Se eu consigo obter a concentração do cromato em solução, digo que ele é a


solubilidade.

Cromato de prata é um sal pouco solúvel em água, quando o exercício entrega o


valor de Kps= pouco solúvel em água.
O estudo de solubilidade é gigantesco, em química analítica foca no iônico. Existem
outros tipos importantes.

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