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CASO 2 – VIDA LONGA LETÍCIA FAGUNDES

c. Uso de vários agasalhos


OBJETIVOS d. Menor exposição voluntária ao sol
Relembrar a fisiologia do musculo esquelético, abordando o e. Maior tempo em interiores
processo de envelhecimento f. Pele envelhecida, sob idêntica exposição solar,
produz menor quantidade de vitamina D
Entender a importância da atividade física para a saúde do
idoso, identificando as principais recomendações para essa O envelhecimento diminui a produção da 1α-hidroxilase
faixa etária renal, enzima responsável pela introdução da segunda
hidroxila no 25(OH)D, originando o calcitriol, sua forma mais
Conceituar qualidade de vida, compreendendo o impacto da ativa
atividade física no envelhecimento saudável
Por conseguinte, os idosos, tendo uma reduzida produção
Conhecer a necessidade de uma avaliação médica, endógena do calcitriol, passam a depender mais das fontes
identificando os principais pontos de avaliação alimentares. Entretanto, o que se observa é que, anos de
uma monotonia alimentar quase sempre parca no consumo
ENVELHECIMENTO DO SISTEMA de alimentos ricos em vitamina D, além da depressão,
OSTEOARTICULAR acabam por estabelecer, com frequência, os déficits
encontrados na velhice
OSSO
CARTILAGEM ARTICULAR (CA)
O tecido ósseo é um sistema orgânico em constante
remodelação, consequência dos processos de formação É formada pelos condrócitos, sendo composta por matriz de
pelos osteoblastos e reabsorção pelos osteoclastos. colágeno tipo II, altamente hidratada, com agregados de
proteoglicanos – principalmente o agrecano (que possuem
Nas duas primeiras décadas de vida, predomina a formação um rápido ritmo metabólico, ao contrário do colágeno). A
e há um incremento progressivo da massa óssea; com um composição e a organização desses dois tipos de estruturas
“pico de massa óssea”, ocorrendo aproximadamente aos 25 são responsáveis pelas características de resistência,
anos de idade, com pequenos incrementos até a quarta elasticidade e compressibilidade da CA
década de vida. A partir daí, praticamente, estabiliza-se a
taxa de formação, enquanto a de reabsorção aumenta. Por
Os condrócitos de idosos têm menor capacidade de
conseguinte, passa a ocorrer perda progressiva, absoluta, da proliferação e possibilidade reduzida de formar tecido
massa óssea até então presente: é a “osteopenia novo → ocorre um decréscimo tanto da atividade mitótica
fisiológica”. e maior atividade da β-galactosidase, um marcador de
senescência, comprovando a associação entre idade e
Essa atrofia óssea com o envelhecimento não se faz de modo osteoartrite.
homogêneo, pois, antes dos 50 anos, perde-se sobretudo
osso trabecular/medular (aquele encontrado na porção O envelhecimento cartilaginoso traz consigo menor poder
interna dos ossos longos, corpos vertebrais e pelve, sendo o de agregação dos proteoglicanos, aliado a menor resistência
mais ativo metabolicamente) e, após essa idade, osso mecânica da cartilagem. O colágeno adquire menor
cortical/compacto. hidratação, maior resistência à colagenase e maior afinidade
pelo cálcio → A rede colágena torna-se cada vez mais rígida.
A perda da massa óssea ocorre principalmente na mulher
pós-menopausa (a falta de estrogênio libera os osteoclastos) Nos discos intervertebrais a degeneração aumenta com o
e nos idosos de ambos os sexos, e tem como mecanismo envelhecimento
predominante a menor formação óssea, em um contexto no
qual sobressaem o paratormônio e a hipovitaminose D A osteoartrite (OA), no passado conhecida como
osteoartrose, é uma doença altamente prevalente
VITAMINA D principalmente na população acima dos 60 anos, e que
A vitamina D é obtida por meio de uma alimentação leva a alterações na funcionalidade dos indivíduos que por
adequada e principalmente por produção endógena da pele ela são acometidos. OA é considerada como insuficiência
sob exposição solar. Porém, no idoso, encontramos fatores da articulação, com o comprometimento de todas as
que diminuem essa exposição solar, tais como: estruturas que a formam.

a. Institucionalização A patogenia da OA envolve os processos de destruição e


b. Menor mobilidade reparação da cartilagem, sendo a remodelação um
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processo contínuo na cartilagem normal. Os elementos da 30% após esse período. Esse declínio muscular-idade é mais
matriz são constantemente degradados por enzimas evidente nos membros inferiores, o que interfere no
autolíticas e repostas por novas moléculas pelos equilíbrio, ortostase e marcha dos idosos.
condrócitos. Na OA este processo é alterado;
consequentemente, há um desequilíbrio entre a formação Além disso, o envelhecimento está associado a uma
e a destruição da matriz, com um aumento desta última diminuição da altura, do peso e do IMC.

ARTICULAÇÃO DIARTRODIAL É a esse declínio muscular idade-relacionado que


As articulações diartrodiais apresentam membrana sinovial. caracteriza a sarcopenia, termo que denota o complexo
O líquido sinovial lubrifica e desempenha importante papel processo do envelhecimento muscular associado a
na nutrição da cartilagem articular. Seu principal diminuições da massa, da força e da velocidade de
constituinte é o ácido hialurônico que intervém na contração muscular. A sarcopenia contribui para outras
regularização de várias atividades celulares alterações idade associadas como, por exemplo, menor
densidade óssea, menor sensibilidade à insulina e menor
A membrana sinovial com o envelhecimento aumenta a capacidade aeróbica.
quantidade de colágeno. Com relação ao líquido sinovial,
observou-se que as concentrações dos sulfatos de
ATIVIDADE FÍSICA
condroitina (C6S e C4S), do ácido hialurônico (AH) e da razão
C6S:C4S variam com a idade. Os maiores valores são Segundo dados da OMS, a inatividade física constitui o 4º
encontrados dos 20 aos 30 anos e decrescem fator de risco de mortalidade em todo o mundo, superado
progressivamente com o envelhecimento por hipertensão arterial, tabagismo, diabetes melito. O
sobrepeso e a obesidade representam cerca de 5% da
NERVO mortalidade mundial.

O envelhecimento diminui a velocidade de condução


CONCEITOS IMPORTANTES
nervosa → Há um aumento do balanço postural, diminuição
dos reflexos ortostáticos e aumento do tempo de reação. 1. Atividade física

O centro de gravidade das pessoas idosas muda para trás do Pode ser definida como qualquer movimento corporal, que
quadril e ocorre uma disfunção dos nervos periféricos produzido pelos músculos esqueléticos, resulte em gasto
(comprometendo a força distal e a sensação espacial, além energético superior aos valores de repouso
de determinar ataxia e hipotrofia muscular, causando
anormalidade da marcha) 2. Exercício físico

Corresponde a uma sequência sistematizada de movimentos


MÚSCULO ESQUELETICO
de diferentes segmentos corporais, planejadamente
É a maior massa tecidual do corpo humano responsável pela executados para obtenção de um objetivo programado.
postura e pelo movimento. Com o envelhecimento, começa
a apresentar uma lenta e progressiva diminuição de sua 3. Equivalente metabólico (MET)
massa, que passa a ser substituído por colágeno e gordura,
É a unidade utilizada para estimar o gasto metabólico, isto é,
diminuindo a força muscular do indivíduo. Essa perda é
o consumo de oxigênio, da atividade física, sendo que 1 MET
expressa:
corresponde ao consumo metabólico em repouso de
a. Pela excreção de creatinina urinaria aproximadamente 3,5 mℓ de O2 por quilograma de peso por
b. Pela TC → Após os 30 anos, ocorre uma diminuição minuto
da secção transversal dos músculos, maior
4. Capacidade funcional (ABVD E AIVD)
densidade muscular e maior conteúdo gordurosos
intramuscular, principalmente em mulheres É a expressão do trabalho realizado e que depende
c. Histologia: detecta-se uma atrofia muscular à custa essencialmente da eficiência biomecânica. É a habilidade do
de uma perda gradativa e seletiva das fibras idoso de executar atividades que permitam cuidar de si
esqueléticas, principalmente das fibras musculares próprio e viver independente em seu meio e depende da
tipo II e em indivíduos sedentários integração entre os sistemas cardiovascular, pulmonar e
musculoesquelético.
Dados longitudinais indicam que a força muscular diminui ±
15% por década até a 6ª ou a 7ª década e aproximadamente 5. Consumo máximo de oxigênio (VO2 máx)
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É a maior quantidade de oxigênio que uma pessoa consegue O objetivo dos exercícios físicos é melhorar a capacidade
extrair do ar inspirado, no esforço máximo, expressando a funcional do idoso. Uma atividade física bem efetiva reduz o
quantidade de O2 transportado e usado para o metabolismo risco de hipertensão arterial, doença coronariana, AVE,
celular. Esse consumo vai diminuindo com o diabetes melito, câncer de mama e cólon, depressão e risco
envelhecimento, o que diminui a capacidade máxima de de quedas. Acrescente-se ainda, melhora da saúde óssea e
realizar um trabalho. funcional, além de eficaz controle de peso. Todos esses
fatores são os principais responsáveis pela incapacidade e
O VO2 máx é a principal variável considerada na avaliação da dependência dos idosos, maiores adversidades de saúde
capacidade funcional, sendo limitado pela presença de associadas ao envelhecimento
doenças pulmonares graves e difusas, doenças
cardiovasculares, alterações musculares e metabólicas. Além disso, a atividade física corretamente orientada, tanto
em idosos saudáveis como em cardiopatas, altera
ALTERAÇÕES CARDIO-VASCULARES FISIOLOGICOS favoravelmente o metabolismo lipídico e dos carboidratos,
DO ENVELHECIMENTO induz o aumento dos níveis de lipoproteínas de alta
densidade (HDL), tem efeito benéfico sobre a distribuição do
1. Aumento da massa cardíaca, da espessura da
tecido adiposo e melhora a sensibilidade insulínica, sendo
parede posterior do VE e da espessura do septo
importante na redução do risco cardiovascular.
interventricular → Essas alterações estão ligadas à
maior rigidez da aorta, determinando aumento na Porém, apesar dos inúmeros benefícios, algumas situações
impedância ao esvaziamento do VE, com clinicas contraindicam o início da reabilitação
consequente aumento da pós-carga. cardiovascular: infecções sistêmicas, tromboembolismo,
2. Deposição de tecido colágeno principalmente na endocardite, doenças musculoesqueléticas, insuficiência
parede posterior do VE, aumentando a rigidez do cardíaca descompensada, miocardites e pericardites,
coração hipertensão arterial não controlada, arritmias complexas,
3. Redução da complacência ventricular, com prejuízo distúrbios metabólicos descompensados e fase precoce de
da função diastólica cirurgia cardíaca
4. Espessamento e calcificação do aparelho valvular
Qualidade de vida
ALTERAÇÕES VASCULARES DO ENVELHECIMENTO
De acordo com a OMS, qualidade de vida é “a percepção
a. Aumento da resistência vascular periférica do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da
b. Diminuição da elasticidade e distensibilidade da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em
aorta → o que favorece o aumento da pressão relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
sistólica nos idosos preocupações”. Envolve o bem estar espiritual, físico,
c. Infiltração de colágeno, mucopolissacaridios, mental, psicológico e emocional, além de
relacionamentos sociais, como família e amigos e,
deposição de Ca ++ → Paredes da aorta mais
também, saúde, educação, habitação, saneamento básico
grossas e outras circunstâncias da vida.
d. Descontinuação de lâminas elásticas
e. Aumento da velocidade da onda de pulso
AVALIAÇÃO MÉDICA
f. Diminuição da resposta vasodilatadora endotélio-
dependente Todos os pacientes devem ser submetidos a uma avaliação
médica, que passa por história e exame clínico, não
REPERCUSSÕES DO ENVELHECIMENTO deixando de incluir nessa análise: fatores de risco
CARDIOVASCULAR cardiovasculares, cognição, independência, aptidão física
1. Menor aptidão cardiorrespiratória prévia, acuidades visual e auditiva e estado emocional.
2. Recuperação mais lenta
Como exame complementares, temos que pedir um
3. Frequência cardíaca mais baixa e PA mais alta
eletrocardiograma em repouso e posterior teste
4. Diminuição progressiva de força
ergométrico (em todos os idosos antes de realizarem suas
5. Atipia de sintomas clínicos
atividades físicas).
6. Extremidades frias
7. Aumento da frequência de arritmias e dispneia aos O TE é um procedimento no qual o indivíduo é submetido a
esforços um esforço programado e individualizado com a finalidade
de se avaliar as respostas clínica, hemodinâmica,
BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA metabólica, autonômica, eletrocardiográfica e
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eventualmente ventilatória ao exercício. O objetivo é avaliar 10. Ingerir boa quantidade de líquido durante e após os
a segurança do programa a ser instituído, bem como auxiliar exercícios
a prescrição dos exercícios.
TIPOS DE ATIVIDADE
Nos casos de atividades recreativas em idosos saudáveis,
principalmente em locais com menos recursos ou análise de A atividade física pode levar a lesões osteoarticulares, mais
grandes grupos, os pacientes podem ser liberados após frequentes nos pacientes idosos, em especial nas mulheres,
avaliação clínica e eletrocardiograma devendo ser evitados os exercícios de alto impacto. Nesses
indivíduos, a atividade física deve ser iniciada
ASPECTO PRÁTICO NA PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS progressivamente, possibilitando gradual adaptação ao
esforço muscular e ao impacto articular.
A estratégia de implantação e manutenção do programa de
reabilitação cardiovascular deve seguir normas bem A indicação de caminhada representa uma solução prática
estabelecidas, sendo consideradas: frequência, duração, para idosos e sedentários, mantendo-se o critério do
intensidade e supervisão controle da FC antes e imediatamente após. É aconselhável,
entretanto, a associação de exercícios com pesos e de
Tem sido consenso que os idosos devem fazer pelo menos: flexibilidade com duração de 15 min, gerando melhor
condicionamento físico. Nos idosos, os exercícios com
▪ 150 min (2 h e 30 min) de atividade física moderada
pequenos pesos colaboram para melhorar o tônus muscular
por semana (em uma escala de esforço de 0 a 10,
e para preservar a massa óssea, enquanto os exercícios de
em que 10 fosse o esforço máximo possível, a
alongamento são importantes para melhorar a flexibilidade
intensidade moderada ficaria entre 5 e 6) OU
▪ 75 min (1 h e 30 min) de intensidade física mais EXERCICIOS DE CONTRARRESISTÊNCIA NOS IDOSOS
vigorosa por semana naqueles mais habilitado
(nível de alcance ficaria entre 7 e 8 na escala de Esses exercícios visam aumentar a força, potência e aptidão
esforço) muscular nos pacientes idosos. Com isso, haverá aumento
do equilíbrio e coordenação, independência, autoestima,
Regra geral: 2 minutos de atividade moderada equivalem
diminuição das quedas, resultando em menor prevalência de
a 1 minuto de atividade vigorosa (os exercícios devem ter
depressão, ou melhor, em controle da mesma.
uma frequência de 3 a 5 vezes/semana, com duração de
30 min), obedecendo à intensidade estabelecida Devem ser realizados 2x/semana, com 1 a 3 séries de 10 a 15
previamente pelo TE repetições, procurando utilizar os principais grupos
musculares.
Atividades de fortalecimento dos principais músculos
(costas, abdômen, braços e pernas) e de equilíbrio devem Nos indivíduos mais frágeis, podemos iniciar exercícios
ser realizadas de duas a três vezes por semana em dias contra a própria resistência, aproveitando situações do
alternados, principalmente, para melhorar a capacidade de cotidiano, como sentar e levantar da cadeira ou da cama,
fazer as atividades do dia a dia e prevenir quedas podendo evoluir para os exercícios formais com peso em
grande parte desses pacientes.
Algumas recomendações para a realização de exercícios são:
Nos indivíduos submetidos à cirurgia de revascularização
1. A atividade física deve ser precedida por uma fase miocárdica, esses exercícios devem ser retardados por 6 a 8
de aquecimento, incluindo alongamento, semanas, período de calcificação do esterno e momento em
mobilidade articular e caminhada que a dor com os movimentos, principalmente de rotação,
2. Realizar somente quando houver bem-estar físico estará mais branda
3. Usar roupas e sapatos adequados
4. Evitar tabagismo e uso de sedativos ➔ Contraindicações dos exercícios de contra
5. Alimentação até duas horas antes resistência
6. Respeitar os limites pessoais e informar quaisquer o Angina de peito instável
sintomas o Doença orovalvar grave (estenótica ou
7. Ajustar os exercícios à temperatura regurgitante)
8. Iniciar a atividade lenta e gradativamente para o Sinais de insuficiência cardíaca
permitir adaptação o Arritmias refratarias à terapêutica
9. Reduzir o ritmo em atividades mais intensas o PAS em repouso de 160 e diastólica de 100
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o Outras entidades clinicas que piorem


durante o exercício (doenças
osteoarticulares importantes)

EXERCICIOS DE FLEXIBILIDADE

O declínio da flexibilidade associada a redução da força


muscular contribui de forma importante para diminuição na
capacidade do paciente idoso em realizar as atividades
diárias. É recomendável que os programas de atividade física
para pessoas idosas possam enfatizar o alongamento
apropriado para todas as principais articulações,
especialmente naquelas em que já se observa redução da
amplitude dos movimentos.

O alongamento de um músculo visa basicamente ao


aumento do comprimento das unidades musculotendinosas,
mantendo um comprimento persistente do músculo e uma
redução na tensão passiva.

Os exercícios de alongamento, quando bem executados,


podem ajudar a melhorar e manter a amplitude de um
movimento em uma articulação e em uma série de
articulações. Os movimentos de ioga, Tai Chi e Pilates podem
ser bastante úteis.

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