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25/11/2023, 13:23 Filosofia da Arte

FILOSOFIA DA ARTE

FILOSOFIA DA ARTE
NO MUNDO MODERNO
Autoria: Me. Helder Manuel da Silva de Oliveira
Revisão Técnica: Dra. Patrícia Sant’Anna

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Introdução

Olá, estudante! Nesta unidade, estudaremos e teremos contato com quatro dos
grandes filósofos que produziram escritos relacionados à arte e à estética, entre
o final do século XVIII e final do século XIX, a saber, Immanuel Kant (1724-1804),
Friedrich Schiller (1759-1805), Georg Hegel (1771-1831) e Friedrich Nietzsche
(1844-1900).
Ao longo deste período, a arte se transformou e gerou diversos movimentos, que
não mais acompanhavam longos períodos históricos. Neoclassicismo,
romantismo, realismo, impressionismo, pós-impressionismo, entre outros,
ocuparam um espaço temporal, de cerca de 150 anos. O ideal de beleza na arte
mudou a relação com a realidade e a noção de imitação também se
transformou. A nova vida civilizada, de crescente industrialização e urbanização,
levou a um questionamento sobre a domesticação de nossos impulsos para a
vida.
Kant demonstrou que a beleza não mais residia no objeto, mas, sim, na
experiência estética que cada sujeito estabelece com ele. O prazer
desinteressado nos leva a uma discussão sobre o gosto e como ele se relaciona
com os objetos do mundo natural e, embora, menos importante para o filósofo,
com a arte.
Schiller que, tendo Kant como referência, pensa em uma educação estética
como autonomia do sujeito, em processo, no qual arte é um jogo lúdico entre os
impulsos sensível e formal.
Hegel, que discorda de Kant, discorre sobre a superioridade do belo artístico
sobre o belo natural, já que o primeiro – o belo artístico –, faz uma passagem
pelo espírito, pelo homem, que guiado pela sensibilidade, a concretiza na obra de
arte. Ao mesmo tempo, Hegel nos sinaliza sobre um “fim da arte”, que a
transforma, em um processo de superação, a caminho de sua própria autonomia.
Por fim, Nietzsche, que ao retomar a tragédia grega, estabelece duas forças
importantes para a criação artística: o apolíneo e o dionisíaco. Em conjunto,
permitem estabelecer o homem como uma força da natureza que tem na vida, a
possibilidade de criar arte, mesmo que este viva em uma sociedade que procura
arrefecer a sua sensibilidade e os seus ímpetos.
Nestes quatro filósofos, a estética se desdobrou em possibilidades que
permitiram a investigação da arte e como esta se modificou em um período de
intensa transformação da sociedade do ponto de vista político, social, cultural e
tecnológico.

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Bons estudos!

Tempo estimado de leitura: 30 minutos.

3.1 Kant e a Crítica do Juízo

Immanuel Kant (1724-1804) é considerado um dos mais importantes filósofos


da estética moderna. Em seu livro Crítica da faculdade de julgar (ou Crítica do
juízo, 1790), Kant busca compreender o que faz um sujeito julgar algo belo e
acaba por trazer uma ideia nova sobre a condição da beleza, ao afirmar que ela
não se encontra no objeto, mas, sim, na experiência estética do sujeito. Alguns
filósofos ligados à estética são:
- Immanuel Kant (1724-1804);
- Friedrich Schiller (1759-1805);
- Georg Hegel (1771-1831);
- Friedrich Nietzsche (1844-1900).

3.1.1 O juízo estético


A partir de uma proposta muito simples que está vinculada à frase “Isto é belo!”,
Kant buscou compreender como as percepções sensíveis ocorrem no sujeito
que diz que algo é belo. Kant estabelece que, no juízo estético, “o objeto é
relacionado com um fim subjetivo, ou seja, com o sentimento de eficácia sentido
pelo homem diante desse objeto” (CHAUÍ, 1996, p. 17). Isso significa que o juízo
estético está vinculado à experiência estética (subjetiva) ocorrida em quem
reconhece a beleza em um objeto.
Ao retirar a “função” de belo do objeto e passá-la para o sujeito fruidor (aquele
que vê o objeto), Kant mudou o sentido do belo relacionando-o ao “gosto”. O juízo
de gosto (resultante da experiência com as formas belas da natureza ou da arte)
era tanto subjetivo quanto individual e racional. A arte, assim como a beleza,
resulta de um prazer desinteressado, “o que significa que não está em questão a
posse do objeto que nos propicia o prazer, mas tão somente uma vivência
sensível específica...” (DUARTE, 2012, p. 29).

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VOCÊ QUER LER?


Baudelaire foi um dos maiores poetas franceses da modernidade. Os
textos de Baudelaire nos apresentam uma visão do poeta sobre a
modernidade e as transformações da sociedade, da cultura e da arte, em
Paris, em meados do século XIX.

Acesse
(https://teoriadoespacourbano.files.wordpress.com/2013/03/baudelaire-
charles-sobre-a-modernidade-pdfrev.pdf)

Deste modo, a estética de Kant proclamará a experiência do homem e sua


relação com a natureza, concebendo uma formulação sobre o sublime, na qual
permanece o desinteresse e a “finalidade sem fim”. Aqui, há “um desprazer
inicial, que se liga especialmente ao reconhecimento da pequenez humana
diante das forças da natureza, desprazer que, por sua vez, é redimido pela
autoconsciência da essência suprassensível que habita em cada um de nós”
(DUARTE, 2013, p. 138).

3.1.2 As Belas Artes


As Belas Artes constituem objeto de contemplação e só podem ser avaliadas do
ponto de vista estético, uma vez que se baseiam nos mesmos fundamentos do
juízo estético.

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VOCÊ QUER VER?


Dois grandes artistas que produziram seus trabalhos com propostas
diferentes: Jacques-Louis David (1748-1825) e William Turner (1775-
1851). O primeiro, é francês e busca em sua pintura a questão da
racionalidade. O segundo é inglês e possui um trabalho no qual a emoção
é a sua fonte. Ambos apresentam, como podemos ver no documentário O
Poder da Arte - Turner, possibilidades de produção artística, decorrentes
de um mundo que entra na modernidade.

Acesse (https://www.dailymotion.com/video/x13xpqo)

Deste modo, Kant concebe que o juízo estético sobre a arte “não pode estar
condicionado por normas e regras objetivas, que determinem previamente o
valor daquilo que a arte produz” (NUNES, 1991, p. 52) e, sim, a partir da atração
que ela exerce nas pessoas.

3.2 Schiller e a educação estética

Em 1795, Friedrich, publicou Sobre a educação estética do homem, seu mais


conhecido trabalho. Tomando emprestado de Kant a importância da relação da
sensibilidade com o entendimento, Schiller concebe uma oposição, conhecida
em Platão, “entre o sensível e o inteligível, o material e o espiritual” (NUNES,
1991, p. 54) que é superada com o impulso lúdico, pois este se “exerce acima
das necessidades Schiller naturais da vida e independentemente dos interesses
práticos” (NUNES, 1991, p. 55) e levará ao jogo estético.

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Figura 1 - Bertel Thorvaldsen, Memorial Friedrich Schiller, 1839, bronze, Stuttgart, Alemanha
Fonte: Claudio Divizia, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Escultura em bronze de corpo inteiro do filósofo
alemão Friedrich Schiller sobre uma base em
pedra e céu azul ao fundo.

Para Schiller, as obras serão consideradas artísticas quando nos deslumbrarem


como se fossem uma criação da natureza e, da mesma maneira, a beleza natural
mantiver um aspecto que mostre que foi trabalhada artisticamente.

3.2.1 Jogo estético e formação humana


Schiller, que é contemporâneo de Kant, desenvolve uma ideia de beleza cuja
qualidade é fugaz, ou seja, “um mero aparecer que não pertence aos objetos que
vemos como belos e, portanto, não como uma propriedade estável do objeto

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artístico” (ROSENFIELD, 2006, p. 36).


Essa ideia aparece em seu poema O ideal e a vida. Schiller ficou fascinado com a
proposta de Kant que tinha, no prazer subjetivo, um elemento importantíssimo.
De acordo com o poeta, a beleza nos permite ter uma sensação de liberdade e,
assim, um efeito moral. A capacidade ética e pedagógica, nos dizeres de Schiller,
conferem uma significativa função para a arte.

Figura 2 - Caspar David Friedrich, Dois homens contemplando a lua, de 1825-30, óleo sobre tela, 35 cm x 44
cm, Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, Estados Unidos
Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Pintura com dois homens parados um ao lado do
outro, de costas para o espectador. O da
esquerda tem um braço sobre o ombro esquerdo
do homem da direita, estão localizados no canto
esquerdo do quadro e possuem uma escala
pequena em relação à paisagem na qual estão.
Estão olhando uma luz difusa que é a Lua. Os
homens são: à direita, o próprio pintor Friedrich
e, à esquerda, seu colega, Heinrich August. A
obra possui uma atmosfera de contemplação
religiosa exercida pela luz do luar e os tons são
todos acastanhados.

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O mais significativo nos escritos de Schiller reside na compreensão do impulso


lúdico “como atividade formadora do sujeito, que ordena, através da matéria
sensível, impregnada de sentimento, a própria Natureza da qual se desprendeu”
(NUNES, 1991, p. 58).

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VOCÊ SABIA?
Entre o século XVIII e XIX (de Kant a Nietzsche), a arte apresentará dois
movimentos importantes e transformadores para a época em que
surgiram: o Neoclassicismo, que retomou os valores da arte greco-romana
e os ensinava na Academia e o Impressionismo, que abandonaria todas
as regras para a produção artística estabelecidas pelo Neoclassicismo.

Título: Jacques-Louis David, As Sabinas que interrompem o combate entre


Romanos e Sabinos, 1794-99, óleo sobre tela, 386 cm x 520 cm. Museu do
Louvre, Paris, França.

Fonte: Aleks, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer: pintura que apresenta Hersília, filha do líder dos sabinos,


entre seu marido e seu pai, com seus filhos, ao centro, em uma cena de
batalha entre os romanos e os sabinos, com uma arquitetura e uma rocha,
ao fundo.

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Título: Claude Monet, Nenúfares, 1919, óleo sobre tela, 101 x 200 cm. The
Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, Estados Unidos

Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer: pintura que mostra nenúfares em floração parecendo


discos dourados púrpuras e verdes em águas turvas.

Friedrich Schiller, por exemplo, apresenta a arte como um estado estético que
converge para a autonomia dos indivíduos, por isso somente a educação
estética torna possível uma autêntica emancipação do sujeito. A arte é assim
compreendida como uma investida lúdica que harmoniza os impulsos sensível e
formal.

TESTE SEUS CONHECIMENTOS


(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)

Leia o excerto abaixo:


“O grande poeta contemporâneo (...), Friedrich Schiller, por
exemplo, compôs, certa vez, um poema com o título “O ideal e a
vida”, em que desenvolve a ideia da beleza como um
acontecimento fugaz, um mero aparecer que não pertence aos
objetos que vemos como belos e, portanto, não como uma
propriedade estável do objeto artístico” (ROSENFIELD, 2006, p.
36).
Fonte: ROSENFIELD, K. H. Estética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
Quanto aos questionamentos que discorrem sobre o sentido da
beleza em Schiller, analise as assertivas a seguir e assinale V
para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s):

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I. ( ) O conceito de beleza de Schiller tem influência de Kant.


II. ( ) Schiller usou o conceito de beleza emprestado de Hegel.
III. ( ) A beleza, para Schiller, está presente nos objetos.
IV. ( ) Kant, assim como Schiller, defendia uma beleza resultante
da experiência estética.
É correto o que se afirma em:

a. F-F-V-V.

b. V-F-F-V.

c. F-V-F-V.

d. V-V-F-V.

e. V-F-V-F.

VERIFICAR

3.3 Hegel e a Estética

Em 1835, foi publicada a primeira edição dos Cursos de Estética, de Hegel. Esse
empreendimento é resultado de suas aulas sobre Estética, na Universidade de
Berlim (Alemanha), nos anos de 1920.

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Figura 3 - Jakob Schlesinger, O filósofo Georg Friedrich Wilhelm Hegel, 1831, óleo sobre tela, 36 cm x 28,8 cm,
Alte Nationalgalerie, Berlim
Fonte: Wikimedia Commons, 2021.

#PraCegoVer
Pintura do retrato do rosto do filósofo Hegel, em
idade madura. A expressão de seu rosto é de
placidez e olhos azuis claros que fitam o
observador são diretos.

Observamos que, nesses escritos, Hegel desvalorizou o belo natural em


detrimento do belo artístico.

3.3.1 O belo em Hegel


A Estética de Hegel se tornou uma significativa mudança no modo de ser pensar
a experiência estética. Enquanto Kant investiga a questão entre a experiência da
beleza e os interesses com o conhecimento, com a ética e com o sensorial,

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Hegel procurava responder dois pontos levantados por Kant:

O primeiro ponto dizia respeito à importância dada a


subjetividade da experiência estética com o belo.

O segundo ponto dizia respeito o belo e tinha que ter


relação com o contexto e, no caso da arte, considera-se a
cultura e da visão de mundo vigentes mais do que de uma
percepção subjetiva, para qualificar o belo.

O segundo, sobre a predominância do belo natural sobre o artístico. Hegel


postula que o belo natural não se sobrepõe ao belo artístico, mas ao contrário, o
belo só tem sentido se “além de ser sensível, foi objeto de intervenção humana –
o próprio ato de criação –, a qual caracteriza a passagem do espírito pela coisa
que pode ser considerada bela” (DUARTE, 2013, p. 138).

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VOCÊ O CONHECE?
O crítico estadunidense Clement Greenbeg (1909-1994), partiu de Kant e
seu livro Crítica do Juízo, para criar um discurso sobre a pintura moderna.
Esta teria como particularidade, uma análise reflexiva e autocrítica, que se
desdobraria em uma eliminação dos elementos que não fossem
característicos dela, restando a superfície plana, a forma do suporte e as
propriedades do pigmento (ver figura).

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Título: Franz Kline, Sabro, 1956, óleo sobre tela, 202 x 120 cm, Museu
Coleção Berardo, Lisboa, Portugal

Fonte: Por Pedro Ribeiro Simões from Lisboa, Portugal - Sabra (1966) -
Franz Kline (1910-1962), CC BY 2.0. Licenciado sob domínio público, via
Wikimedia Commons.

#PraCegoVer: Pintura abstrata feita com grossas pinceladas pretas no


sentido horizontal e uma no sentido vertical, de grande carga “matéria”,
que forma uma mancha, sobre fundo branco.

Nesse sentido, vemos em Hegel a sua recusa na ideia da arte como imitação da
natureza, pois a primeira faz parte do espírito e a segunda é apenas “espírito em
si” (DUARTE, 2012, p. 138).

3.3.2 O fim da arte


Para Hegel, a arte é “uma peça capital num sistema cultural. Para ele, a arte
define-se pela Ideia, é a manifestação ou a aparência sensível da Ideia” (BAYER,
1993, p. 305). Ela possui uma sensibilidade que não termina em si própria e a
beleza é um atributo dela, mesmo que opere como um intermediário do
movimento do espírito.

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ESTUDO DE CASO
A ideia de “fim da arte” abordada por Hegel foi retomada pelo filósofo
estadunidense Arthur Danto (1924-2013), a partir de seu contato com a
obra Brillo Box (caixa de embalagens de sabão da marca Brillo), 1964, de
Andy Warhol (1928-1987). A inspiração em objetos do cotidiano resultou
em uma obra, que só faz sentido como arte quando analisada pelo próprio
sistema da arte.

Título: Andy Warhol, Caixas de sabão Brillo, 1964. Exposição na Tate


Modern, Londres, 24 de outubro de 2020

Fonte: Wirestock Creators, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer: fotografia de caixas de sabão em pó da marca Brillo. As


caixas são de madeira, com a marca Briilo escrita em azul e vermelho
sobre fundo branco, azul e vermelho, dispostas em uma pilha desigual.

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Segundo Rosenfield (2006, p. 39), “Hegel diagnostica, nesse domínio espiritual


de si e do mundo, o ‘fim da arte’, isto é, uma superação da imediatez da
experiência estética”. Isto é, o fim da arte ocorreria quando sua realização
sensível, no mais alto grau, não corresponde mais como um meio de levar o
sujeito a outra dimensão (que não àquela física). Porém, devemos nos lembrar
que isso não representa um fim de fato, antes, se trata de uma transformação no
sentido de levar a arte a uma certa autonomia.

TESTE SEUS CONHECIMENTOS


(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)

Leia o excerto abaixo:


“Kant investiga tão somente a experiência da _________, ao passo que Hegel trata
da _______ como um fenômeno histórico e como articulação lógica do espírito. A
Estética de Hegel não é uma simples aplicação prática da ___________, é uma
guinada delicada que muda totalmente o lugar atribuído ao __________e à
experiência estética por Kant” (ROSENFIELD, 2006, p. 38).
Fonte: ROSENFIELD, K. H. Estética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.
Complete as lacunas da sentença e assinale a alternativa que
contém a sequência correta sobre a relação entre Kant e Hegel,
na Estética:

a. arte – beleza – experiência – objeto artístico.

b. beleza – arte – contemplação – mundo natural.

c. estética – mimese – arte – juízo de gosto.

d. beleza – arte – teoria estética – juízo de gosto.

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e. imitação – beleza – arte – mundo natural.

VERIFICAR

3.4 Nietzsche e o nascimento da tragédia

Apesar de Nietzsche não ter se dedicado propriamente à confecção de uma


estética ou filosofia da arte, seus escritos, a exemplo de O nascimento da
tragédia, publicado em 1872, acabaram por influenciar essa área da produção
filosófica.

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Figura 4 - Teatro de Odeão de Herodes, 171, Atenas, Grécia


Fonte: Georgios Tsichlis, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Figura de um teatro grego de formato
semicircular, cuja borda apresenta o local da
plateia e está em primeiro plano. O palco está
em um plano intermediário, com uma paisagem,
ao fundo, à esquerda, urbana, e à direita,
natural.

A ideia de criação como uma força da natureza e seu “diagnóstico de crise da


cultura” (DUARTE, 2012, p. 36) acabaram por contaminar os questionamentos
sobre a produção artística, em uma sociedade que domestica as emoções,
deixando-a incapaz de perceber a verdadeira beleza.

3.4.1 Apolíneo e dionisíaco como estética


Em O nascimento da tragédia, Nietzsche apresenta Apolo e Dionísio como
“pulsões artísticas da natureza” (HAAR, 2007, p. 68) que se concebe “no homem
pelos dois estados criativos por excelência, o sonho e a embriaguez” (HAAR,
2007:68). O apolíneo é o equilíbrio dos contrastes, o arrefecimento dos
confrontos latentes.

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Figura 5 - Apolo Belvedere, 120-140, mármore, 224 cm, Museu Pio-Clementino, Cidade do Vaticano (cópia
romana de um bronze grego)
Fonte: legacy1995, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Escultura em corpo inteiro de mármore do deus
grego Apolo. A escultura tem o pé direito
encostado em um tronco. À frente do pé
esquerdo, o braço esquerdo dela está levantado
na altura do ombro e segura um tecido que
também está envolto no pescoço. A cabeça está
levemente levantada e seu rosto possui uma
expressão plácida.

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O dionisíaco é a tendência para o êxtase, para a embriaguez dos sentimentos


intensos que manifestam o encanto espiritual, em uma necessidade de
amalgamar-se ao todo.

Figura 6 - Michelangelo, Dionísio/Baco, 1496-1497, mármore, 203 cm, Museu de Bargello, Florença
Fonte: Gilmanshin, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Escultura de corpo inteiro, que projeta no
espaço, de frente para o observador. Ela está
apoiada com as pernas entreabertas, com o
braço direito dela levantado e segurando uma
taça larga, como se brindasse com o observador.

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Sobre o fenômeno estético: “Como fenômeno estético, a realidade que, em si


mesma, é irracional, e destituída de valor” (NUNES, 1991, p. 68).
Este homem é habitado por estas potências, que consegue criar, “derivando de
um desses impulsos ou de ambos, as artes, [que] para Nietzsche, surgem da
própria vida" (NUNES, 1991, p. 67).

3.4.2 Arte e a filosofia trágica


A ideia de arte em Nietzsche, que passa pela tragédia grega, pensa nos
elementos apolíneos e dionisíacos como impulsos no homem para se tornar
“uma obra de arte viva da natureza que ele recebe a capacidade de criar” (HAAR,
2007, p. 69). A origem do fenômeno trágico que religa o teatro em geral à uma
experimentação de metamorfose, principalmente, em Dionísio, está pautada
nessa passagem de natureza à arte.
Segundo Haar (2007, p. 69), “Um grupo de pastores celebrando Dionísio vê-se de
súbito metamorfoseado em ‘sátiros’ (...), um primeiro remédio artístico a este
desgosto pela vida e pelo mundo civilizado”. O drama ou a tragédia presente no
teatro é, em sua origem, o sofrimento, do sujeito-espectador que ao experimentar
sentimentos hediondos e funestos, sinta o terror, mas também o prazer.

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VAMOS PRATICAR?

Pesquise na Internet como foi a produção


artística, entre meados do século XVIII e fim do
século XIX, dividindo-a em três partes: na
primeira, identifique os eventos histórico-
culturais do período; na segunda, indique quais
movimentos artísticos estão relacionados ao
período; e, na terceira parte, verifique quais são
os artistas mais importantes dentro desses
movimentos.

Feito isso, relacione as três partes da pesquisa e


escreva um texto dissertativo sobre como elas
se relacionam as ideias de estética e filosofia da
arte desenvolvida, por Kant, Schiller, Hegel e
Nietzsche.

CONCLUSÃO

Os filósofos tratados nesta unidade contribuíram com investigações sobre a arte


e a estética em um mundo marcado pelas revoluções burguesas e pela
revolução industrial. Essa nova forma de estar no mundo mudou muitos dos
preceitos da produção artística, a ponto de a arte criar um afastamento com
seus valores tradicionais de interpretação e de produção.
O “belo desinteressado”, de Kant, o “fim da arte”, de Hegel, a “educação estética”,
de Schiller e “os impulsos apolíneo e dionisíaco”, de Nietzsche, decorrem dessas
transformações do fenômeno artístico e de sua imbricação em uma sociedade

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cada vez mais civilizada, cada vez mais industrialização e, na qual, tanto a
beleza, quanto a arte, parecem pertencer às esferas apartadas da verdadeira
relação com a vida.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

aprender sobre estética e Filosofia da arte no século XVIII


e XIX;

compreender as percepções sobre a arte do período;

entender as noções de beleza do período;

analisar as relações entre arte e filosofia no período;

Clique para baixar conteúdo deste tema.

Referências
BAYER, R. História da estética. Lisboa: Estampa, 1993. Disponível em:
(https://br1lib.org/book/5583791/5a835a?
id=5583791&secret=5a835a)https://br1lib.org/book/5583791/5a835a?
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