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Alfabetizar

Letrando
Sueli Julioti

E-book oferecido pelo


Centro Educacional Sete de Setembro
O QUE É SONDAGEM?

A sondagem é uma das estratégias a que o professor


pode recorrer para reconhecer as hipóteses que os
alunos, em fase de alfabetização, estão com relação à
escrita alfabética.

COMO REALIZAR?

Para tal, necessitamos que ela faça parte de sua prática em


sala de aula. Ela é imprescindível para o planejamento de
atividades. Assim vamos conhecer como realizar e também
quais são as quatro hipóteses iniciais de escrita.

1. As sondagens deverão ser feitas no início das aulas


(em fevereiro), início de abril, final de junho, ao final de
setembro e ao final de novembro.

2. Ofereça papel sem pauta para as crianças.

3. Faça a sondagem individual, portanto o restante da


turma precisará estar envolvidos com outras atividades
que não solicitem tanto sua presença.

4. Dite normalmente as palavras e a frase, sem silabar.


5. Observe as reações dos alunos enquanto escrevem.
Anote aquilo que eles falarem em voz alta, sobretudo o
que eles prenunciarem de forma espontânea (não
obrigue ninguém a falar nada).

6.Quando terminarem peça para lerem aquilo que


escreveram. Anote em uma folha à parte como eles
fazem essa leitura, se apontam com o dedo cada
uma das letras ou não, se associam aquilo que falam à
escrita, etc.

7.Faça um registro da relação entre a leitura e a escrita.


Por exemplo, o aluno escreveu FMA e associou cada
uma das sílabas dessa palavra a uma das letras que
escreveu. Registre abaixo:

FMA
(FOR) (MI) (GA)
AS QUATRO HIPÓTESES

Ferreiro e Teberosky observaram que, na tentativa de


compreender o funcionamento da escrita, as crianças
elaboram verdadeiras "teorias” explicativas que se
desenvolvem nas quatros hipóteses:
✓ Pré-silábica;
✓ Silábica;
✓ Silábico alfabética;
✓ Alfabética.
Cada uma dessas hipóteses tem características próprias,
que pedem intervenções específicas.

Hipótese ou Nível de Escrita Pré-Silábica

No início, quando ainda não percebem a escrita como uma


representação do que é falado, constroem a chamada
hipótese pré-silábica.

Nesta fase, ela expressa sua escrita através de desenhos,


rabiscos e letras usadas aleatoriamente, sem repetição.
EXEMPLOS DE ESCRITA PRÉ-SILÁBICA

Hipótese ou Nível de Escrita Silábica

Os alunos que estão nessa hipótese passam por uma


significativa evolução, pois compreendem que a escrita é a
representação da fala e estabelecem relação entre
grafemas e fonemas, percebendo os sons da sílaba e
atribuindo a cada sílaba uma letra, que pode ou não ter o
valor sonoro convencional.

Portanto essa hipótese se apresenta em dois níveis: O


silábico sem valor sonoro e o silábico com valor sonoro.

EXEMPLOS DE ESCRITA SILÁBICA SEM VALOR


SONORO
EXEMPLOS DE ESCRITA SILÁBICA COM VALOR
SONORO

Hipótese ou Nível de Escrita Silábico Alfabética

Nessa hipótese silábico-alfabética, os alunos que antes


representavam cada emissão sonora com apenas uma
letra não se contentam mais com isso, e nessa construção
do conhecimento passam agregar mais letras para
representar uma determinada emissão sonora.

EXEMPLOS DE ESCRITA SILÁBICO ALFABÉTICA


Hipótese ou Nível de Escrita Alfabética
Já os alunos na hipóteses alfabética compreendem o
sistema de escrita alfabético, entendendo que cada um dos
caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro
menor do que a sílaba. Suas preocupações e
questionamentos são agora de ordem ortográfica e
textuais.

EXEMPLOS DE ESCRITA ALFABÉTICA


CAMPO SEMÂNTICO

Somos sensíveis a pensar a leitura do ponto de vista da


experiência da criança, situando a aprendizagem. Assim, é
importante o cuidado com a escolha dos campos semânticos
que quando vinculado com o mundo infantil, acontece a ligação
de sua realidade e linguagem, assim a criança aprende a
relação de sua linguagem com o mundo.

Primeiramente, vamos definir o que é semântica para facilitar o


entendimento de campo semântico.

Semântica: é o estudo das significações das palavras, ou seja,


do significado de cada vocábulo existente na língua.

O QUE É CAMPO SEMÂNTICO?

Campo semântico é um conjunto de palavras unidas pelo


sentido. Assim como um exemplo, para melhor entendimento, a
palavra jardim pode evocar involuntariamente as palavras
árvores, flores, banco, encontro etc. e a palavra horta, as
palavras batata, cebola, pá.

A educação é entendida deste modo como criação de condições


para que cada criança possa ler e escrever a sua própria
história, enredar-se na vida e reinventar cenários, personagens
como releitura do cotidiano e suas várias ligações.
O conceito de campo semântico ajuda a enlaçar as palavras
que são escolhidas pelos alunos em seu contexto e no desejo
de aprender e interagir.

O campo semântico escolhido a partir do contexto dos alunos


facilita compreender melhor cada palavra, que indica não
somente um objeto determinado como provoca uma série de
enlaces complementares.

A palavra evoca uma rede de imagens e os complexos


significados que a ela se associam, constituem seus campos
semânticos. O movimento perceptivo, constituído pela análise
e síntese do objeto perceptível, permite a construção de
hipóteses e decisões.

Nessa perspectiva, o processo pedagógico deveria ser um


trabalho de reconstrução e enriquecimento constante dos
universos de referência dos alunos. A quantidade de
experiências que se podem proporcionar aos alunos a partir da
ideia de que as palavras e os conceitos formam redes
associativas é infindável

EXEMPLOS DE CAMPOS SEMÂNTICOS


LISTA DE PALAVRAS

Na sondagem, a escolha certa das palavras e da frase (e da ordem em


que elas serão ditadas) é essencial.

O ideal é preparar uma lista de termos de um mesmo campo


semântico, ou seja, agregados por uma unidade de sentido, e uma frase
adequada ao contexto desse grupo.

Evite as palavras tenham vogais repetidas em sílabas próximas, como


ABACAXI, por exemplo, por causar um grande conflito para as
crianças em fase de alfabetização, cuja hipótese de escrita talvez faç̧a
com que creiam ser impossível escrever algo com duas ou mais letras
iguais. Por exemplo: um aluno com hipótese silábica com valor sonoro
convencional, que utiliza vogais, precisaria escrever AAAI.

Os monossílabos ficam para o fim do ditado. Esse cuidado deve ser


tomado porque, no caso de as crianças escreverem segundo a hipótese
do número mínimo de letras, poderão se recusar a escrever se tiverem
de começar por ele.
A sondagem quando oferecida diante de uma situação comunicativa,
facilita muito. É possível, por exemplo, propor a escrita de uma lista
de animais que podem visitar em um passeio ao zoológico; ou uma
lista de frutas que usarão para fazer uma sobremesa.

Estas são escolhas importantes diante da necessidade de se pensar o


uso social da linguagem nas práticas de ensino. Além da lista de
palavras, a escrita de texto que se sabe de memória, pode ser uma
parlenda ou uma cantiga, se faz necessário para que as crianças
escrevam de maneira mais autônoma e o professor pode fazer as
intervenções mais pontuais, como lembrar trechos do texto de que se
esqueceram, por exemplo.

O texto escolhido precisa fazer parte do repertório cultural infantil


para que a preocupação da criança não seja dirigida ao “que”
escrever, mas a como fazê-lo. Esse é um desafio maior e pode ser
realizado por aqueles que se encontram mais próximos à hipótese de
escrita alfabética. O que está em jogo, ainda, é a aquisição do sistema
de escrita, mas já é possível verificar, entre outros, a segmentação do
texto em palavras.
Investigação individual

A atividade é feita individualmente, com o professor chamando um aluno


por vez, que vai tentar escrever algumas palavras e uma frase ditadas.

Enquanto isso, o resto da turma precisa estar envolvido em uma atividade


diversificada em que não seja necessária a ajuda do professor (a produção
de um desenho, um jogo, etc.).

Conhecendo realmente cada aluno, seu planejamento da rotina para


bimestre será muito melhor e também poderá pensar quais as
intervenções necessárias para ajudar aqueles que precisam avançar em
suas hipóteses de escrita.

RECOMENDAÇÕES PARA A SONDAGEM

As hipóteses de escrita das crianças jamais devem ser explicitadas a elas


próprias;

As escritas das crianças não devem ser corrigidas. A sondagem é o


momento para que escrevam, da melhor maneira possível, as palavras e
revelem sua compreensão sobre o SEA – Sistema de Escrita Alfabética.
As marcações do professor, em relação à leitura que a criança faz das
palavras, devem ser suficientes a sua posterior análise. Assim, são
precisos cautela e critério. Marcar a divisão de sílabas, por exemplo,
pode caracterizar uma hipótese silábica – nem sempre real - à análise
futura.
OBSERVAÇÃO E
REGISTRO
Durante todo o processo de sondagem é muito importante o professor
fazer suas as observações; quando faz algum comentário com o aluno e
percebe que a criança entrou em conflito, pois pensava que só se pode
ler ou escrever palavras com três ou mais letras e, ao mesmo tempo,
tinha construído a hipótese de que para cada emissão sonora uma letra
basta. Anote não deixe passar.

Ou terminado o ditado, é imprescindível pedir que a criança leia o que


escreveu. Por meio da interpretação dela sobre a própria escrita,
durante a leitura, é que se pode observar se ela estabelece ou não
relações entre o que escreveu e o que lê em voz alta - ou seja, entre o
falado e o escrito - ou se lê aleatoriamente. Não esqueça faça a
marcação.

O professor pode anotar em uma folha à parte como ela faz a leitura, se
aponta com o dedo cada uma das letras, se associa aquilo que fala à
escrita etc. Uma lista de palavras produzida pelo aluno, em situação de
sondagem, sem a respectiva leitura, não permite analisar essa produção
e identificar sua hipótese de escrita.
Se o aluno escreveu PMA para o ditado da palavra pimenta e associou
cada uma das sílabas dessa palavra a uma das letras, é necessário
registrar abaixo a relação de cada letra com uma sílaba.

Há duas maneiras de fazer esse registro, usando marcação com sinais


que indique quais as associações feitas pela criança:

Exemplo de marcação

É possível que o aluno utilize muitas e variadas letras, sem que o


critério de escolha desses caracteres tenha alguma relação com a
palavra falada. Nesse caso, se ele ler sem se deter em cada uma das
letras, é necessário anotar o sentido que ele usou nessa leitura.
O ideal é que seja construída uma tabela que contenha a evolução das
hipóteses de cada um, comparando quanto evoluiu ao longo do ano.
Com frequência, essa comparação traz agradáveis surpresas em relação
aos que, apesar de não escreverem convencionalmente, realizaram
avanços significativos em comparação com sua escrita do início do
ano.
Com base nessa tabela, é possível também fazer uma análise crítica da
rotina e das atividades que estão sendo contempladas. E o professor
poderá realizar alguns questionamentos a si mesmo, tais como: Será
que todos interagem com outras fontes de texto e, nessa interação,
refletem sobre a escrita e seu uso? Recebem informações de colegas
mais experientes, que os ajudam a compreender o que está envolvido
na leitura e na escrita?

É por meio das sondagens e da observação cuidadosa e constante das


produções dos estudantes durante o ano que se pode saber em que
hipótese se encontra cada um, se sua abordagem e planejamento estão
funcionando.

Assim tenha a sondagem, como uma estratégia essencial em sua prática


pedagógica.
E-book oferecido pelo Centro
Educacional Sete de Setembro em
parceria com a professora Sueli Julioti
para o curso de "Alfabetizar Letrando".

Caso tenha alguma duvida entre em


contato com a Professora pelo
instagram @PedagogiaPorVocacao.

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