Uma professora, um grupo de professores, uma ou algumas famílias se
deparam, em algum momento da vida, com crianças ao seu redor e a necessidade de oferecer educação a elas. Às vezes, já se conhece a pedagogia Waldorf bastante bem. Em outras ocasiões, o desejo é por algo diferente do “tradicional”, por uma educação “alternativa”, e a pedagogia Waldorf se apresenta como uma possibilidade interessante. Do encontro entre a percepção da necessidade e o anseio por satisfazê-la pode surgir uma ideia, um pensamento: criar uma nova escola Waldorf. Agora, para seguir seu caminho de realização no mundo, é preciso que a ideia seja apresentada. É hora de saber se há outras pessoas que percebem a mesma necessidade, que se conectam com a ideia de criar uma nova escola Waldorf e que se dispõem, em alguma medida, a contribuir para levar adiante esse impulso, essa chama de vida. O momento da conexão de diferentes pessoas com os primeiros impulsos de nascimento de uma nova escola, e de organizações sociais de maneira geral, pode ser considerado o ato/processo de concepção terrena desse ser que se prepara para encarnar no mundo por meio da vontade humana. E, se a concepção acontecer de maneira promissora, as pessoas envolvidas terão pela frente um processo de gestação que exigirá dedicação e cuidados para o saudável desenvolvimento dessa nova vida que se prepara para nascer. Agora, alinhadas a um propósito comum, as pessoas envolvidas na gestação de uma nova escola Waldorf passam a se relacionar mais intensamente. E, por meio dessas relações, por meio daquilo que acontece entre as pessoas, constitui-se pouco a pouco o astral, a alma, o corpo anímico desse ser social em fase gestacional. Para ir adiante, é preciso também que esse grupo de pessoas passe a se encontrar com certa frequência, que seja estabelecido um ritmo de reuniões, que decidam sobre como divulgar a iniciativa, como criar um grupo de estudos sobre a antroposofia, como realizar o levantamento de exigências legais para a formalização da escola no futuro, entre tantas outras necessidades. Com maior ou menor consciência, nesse momento começam a ser desenvolvidos processos que nada mais são do que os fluxos de vida da organização, que se desenvolvem no tempo e espaço proporcionando movimento, transformações e que constituem, pouco a pouco, seu corpo etérico ou vital. E é comum que tudo isso, até aqui, tenha acontecido ora na casa de Joana, ora na casa de Maria e Pedro, na pracinha do bairro, no sítio de uma família simpatizante da proposta, enfim. Acontece que, para encarnar na Terra, todo ser precisa de um corpo físico e, quando for chegada a hora, quando ideia, alma e vitalidade estiverem maduras o suficiente (de acordo com a percepção das pessoas envolvidas), o grupo precisará encontrar um lugar que ofereça bom abrigo para que o nascimento aconteça. Pode ser que seja, inicialmente, para a realização de atividades de contraturno e recreação. Pode ser que já tenha chegado a hora de nascer como associação e escola formalmente constituída. Tudo isso depende de muitos fatores, alguns ponderáveis, outros imponderáveis, e do que, em certa medida, foi preparado na vida pré-natal como destino dessa comunidade que começou a se formar.
O ser escola Waldorf e sua constituição quadrimembrada
As imagens trazidas até aqui são apenas exemplos de possíveis caminhos de
nascimento de uma escola Waldorf e têm como principal objetivo apresentar a ideia de uma organização social constituída de maneira quadrimembrada, semelhante à visão antroposófica dos seres humanos:
✓ Eu / Identidade: a ideia em si; a razão da organização social existir no
mundo; seu propósito e missão; ✓ Corpo Anímico / Astral: constituído e desenvolvido pelo que nasce a partir das relações entre as pessoas que sustentam essa organização; ✓ Corpo Etérico / Vital: constituído e desenvolvido pelos processos que movimentam e transformam a organização no tempo e espaço; ✓ Corpo Físico / Material: constituído pelos recursos físicos (terreno, edifícios, mobiliário...) mas também, em um nível mais sutil, por tudo o que dá forma, contorno e que organiza, estrutura. Naturalmente, assim como é na vida humana, os diferentes membros que compõem a quadrimembração das organizações sociais estão conectados, se interrelacionam e influenciam a todo momento, e precisam de cuidados constantes, cada um deles e o todo, para o saudável desenvolvimento desse ser.
Os conteúdos aqui apresentados são de caráter introdutório, requerem
ampliação, aprofundamento e têm como objetivo servir de inspiração e referência para que cada escola construa o seu próprio caminho de governança e gestão, com estruturas, processos e relações que atendam da melhor maneira possível às suas necessidades. Nada do que apresentarmos deve ser recebido como um modelo ideal que, se replicado, garantidamente levará aos objetivos esperados. Aprofundem-se nesses temas, consultem outras fontes, leiam livros, façam cursos e formações. Há muito a aprender, explorar, construir! E contem conosco! Equipe Gestar
Fontes e referências bibliográficas:
Moggi, Jair e Burkhard, Daniel. O Espírito transformador: a essência das mudanças organizacionais no século XXI. São Paulo: Antroposófica, 2005.