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Introdução

No quadro constitucional, do Estado Moçambicano, na Constituição da República de


Moçambique de 2018 no seu artigo 4 reconheceu a existência e legitimidade dos tribunais
arbitrais, reconhecendo deste modo o pluralismo jurídico “ O Estado reconhece os vários
sistemas normativos e de resolução de conflitos que coexistem na sociedade moçambicana na
medida em que não contrariem os valores e os princípios fundamentais da Constituição”.

Além disso, outras leis também reconheceram a arbitragem como meio de resolução de conflitos,
tais como a Lei de Investimentos (no 3/93), Lei de Petróleos (no 21/2014), Lei das Parcerias
Público-Privadas, Lei do Trabalho de 2007, o Código de Propriedade Industrial de 1999 e a Lei
sobre os Direitos de Autor de 2001.

Objectivo Geral

 Descrever o instituto da arbitragem, em específico ao direito internacional privado.

Objectivos Específicos

 Descrever as espécies de arbitragem;


 Descrever os meios extrajudiciais;
 Analisar os benefícios da escolha dos métodos de resolução de conflitos.

Metodologia

A técnica de pesquisa adoptada é a bibliográfica, para o embasamento teórico, com a análise de


documentos legais. O método de procedimento será dogmático, visto que parte do principio de
que as actuais formas de vida e de agir na vida social, bem como as principais correntes de
defesa do método da arbitragem principalmente a internacional privada detém certo padrão.
Arbitragem Internacional

Conceito

Existem diversas formas de solução de conflitos, sejam elas judiciais ou extrajudiciais. Entre
essas possibilidades de solução de conflitos destaca-se a arbitragem, cujo termo possui origem
latina, oriundo do vocábulo “ arbier’, o qual significa juiz, louvado ou jurado.

A arbitragem é uma técnica de solução de controvérsias através de uma ou mais pessoas que recebem
seus poderes de uma convenção privada decidindo com base nela sem intervenção estatal, sendo a decisão
destinada a assumir a mesma eficácia da sentença judicial. CARMONA (2003, p. 97)

Na tentativa de resolução de qualquer conflito os Estados recorrem em primeiro lugar as


negociações diplomáticas, através das quais os representantes de cada estado têm a missão de
restabelecer a paz e amizade entre eles. Quando as negociações são goradas 1, outros meios de
resolução de conflitos são tentados, como bons ofícios2, a mediação ou a conciliação.

A arbitragem surge como uma forma da sociedade internacional ultrapassar a dificuldade na


criação de um tribunal Internacional e de permitir a jurisdicionalização do sistema internacional.
Ao longo do século são muitos os países que recorrem a este instituto como forma de evitar
conflitos armados, a título de exemplo temos os casos do Alabama, as focas do mar Behring e a
questão das Fronteiras dos Andes entre 1798 e 1899.

1
Goradas; Gorar v. tr. e intr. Frustrar (se)
2
Os bons oficios consistem na intervenção, por vontade própria, de um terceiro Estado que, por razões de
amizade, de vizinhaça ou de estratégia, tenta conciliar as posições dos Estados beligerantes. A proposta
feita pelo Estado que exerce os bons oficios não é obrigatória para os Estados beligerantes. Vide
FREITAS, Pedro Caridade de. Historia do Direito Internacional Público.
Tipos de Arbitragem

A arbitragem está classificada em dois tipos, a Arbitragem Pública, que é a que envolve Estados
e é regida pelo direito internacional e Arbitragem Privada, aquela que envolve entes físicos ou
jurídicos de direito privado e pode ser dividida em nacional e internacional. Que a posterior tem
subdivisões, das quais: Ad hoc, prevista no artigo 69 da lei n° 11/99 de 8 de Julho, é usada para
lidar em casos específicos; Institucional, esta prevê a regulamentação do processo, em que possui
uma tabela de honorários e de custas da metodologia arbitral e um cadastro de árbitros;

Formal: necessita de regras legais que a discipline; Informal: diz respeito a arbitragem livre;
Interna: não envolve a presença de Leis Internacionais, e não possui conexão com o direito
estrangeiro. Internacional: ocorre quando os elementos do contrato, como é o exemplo do
domicílio das partes, se encontrem localizadas em mais de um país.

Meios Extrajudiciais

Conciliação e Mediação

A 1ª, é regulada pela Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional
(CNUDCI) tendo adoptada uma lei modelo sobre a Conciliação Comercial Internacional. Pelo
elevado custo dos processos judiciais ou arbitrais, as partes podem interessar se em uma tentativa
de conciliação antes de enveredar pelo caminho dos tribunais.

Para o ordenamento jurídico Moçambicano, não existe como tal, uma diferença entre a mediação
e conciliação pois ambas apresentam a mesma realidade, a prova de que assim é, está no artigo
61 da Lei no 11/99 de Julho que estabelece os princípios específicos da conciliação e da
mediação. Demonstrando que entre estas figuras haverá uma diferença de grau, mas não de
natureza.

Ao mediador cabe, em Moçambique, apresentar as que serão as propostas de solução de conflito,


ao conciliador cabe facilitar a comunicação e o relacionamento entre as partes, em ordem a que
estes cheguem a um acordo, nos termos dos n°s 2 e 3 do artigo 60 da lei supra cita.

A conciliação e a mediação são desta forma um meio de auto-regulação de litígios.


Conclusão

Pudemos constatar que o instituto da arbitragem e de grande importância para o ramo do direito
Internacional Privado, visto que é inviável a aplicação da jurisdição estatal, principalmente por
envolver elementos de desconexão e cair na soberania de cada Estado; como também tendo se
visto a burocracia excessiva por parte da jurisdição estatal, se não fosse por este sistema de
arbitragem as relações internacionais seriam evitadas em grande escala.

A arbitragem nada mais é que uma convenção instaurada entre as partes por meio de clausula
compromissória ou compromisso arbitral, sendo utilizada desde a antiguidade passando pela
idade media e se aperfeiçoando até aos dias actuais na resolução de conflitos.
Referencias Bibliográficas
 ALVIM, J.E Carreira. Comentários a Lei de Arbitragem. 2. Ed. Curitiba: Juruá, 2008;
 BACELAR. Roberto Portugal. Mediação e Arbitragem. 2.ed rio grande do sul; saraiva,
2012;
 CALDAS, Francisco de Castro. Portugal e a Arbitragem Internacional, Lisboa: [ s; n],
1935;
 CAMPOS, Diego Araújo, Direito Internacional, Publico privado e comercial São Paulo
Saraiva, 2012, p. 214;
 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário a Lei n 9.307/96. 2.
Ed. São Paulo: Ed, atlas, 2004;
 FREITAS, Pedro Caridade de; O Sistema de Arbitragem Internacional no século XIX:
uma análise histórica jurídica;
 VICENTE, Dário Moura; professor da Faculdade de Direito de Lisboa; Arbitragem e
outros meios de resolução extrajudicial de litígios no direito Moçambicano;

Legislações

 Lei n° 11/99 de 8 de Julho; Lei da Arbitragem, Conciliação e Mediação.

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