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Características da lógica e

da metodologia jurídica,
sua importância
A esta altura já não restam dúvidas de que
a lógica jurídica é a disciplina que traz em
sim elementos e relações do discurso
jurídico, isto é, a sua especialidade é o
direito, considerando as várias situações
que importam para o direito cuja análise é
feita de forma profunda.

Nesta conformidade, havemos de ver as


características da lógica e metodologia
jurídica, assim como a importância da
mesma.
CARACTERÍSTICAS DA LÓGICA E
METODOLOGIA JURÍDICA:

Já dissemos que esta é uma área


fundamental para o estudo do Direito.
Assim, é mister abordar aqui, quatro (4)
características próprias da mesma, como:
a normatividade, interpretação do direito,
a relação coma lógica formal e a
coerência e integridade do sistema
jurídico.
1. Normatividade enquanto característica
da lógica e metodologia jurídica, esta
relacionada com as normas, princípios e
regras que regulam a conduta dos
indivíduos dentro de uma sociedade. A
lógica jurídica procura trazer a
compreensão e aplicabilidade das normas,
de forma consistente e coerente, pois esta
garante que se faça justiça e haja
equidade no sistema jurídico.
2. Interpretação do Direito esta é uma
actividade essencial no direito, permitindo
que com este exercício, se aplique a
norma jurídicas aos casos concretos. Pelo
que, a lógica e metodologia jurídica aqui,
socorre-se de procedimentos que
permitem analisar e compreender o
conteúdo (significado) da norma jurídica;
possibilita ainda, a reconhecimento de
lacunas, equívocos e contradições no
ordenamento jurídico, ajudando assim,
para que se faça uma interpretação mais
precisa e coerente das leis.

3. Relação com a lógica formal a lógica


formal é um sistema de regras e
princípios que dirigem a estrutura do
pensamento, baseando-se em inferências
lógicas válidas, nas quais conclusões
correctas decorrem de premissas
verdadeiras. Com base nisto, a lógica
jurídica
A lógica jurídica se guia, a fim de avaliar os
argumentos jurídicos, não obstante, a
lógica jurídica considera também outros
factores como: a interpretação dos textos
legais, princípios jurídicos e a justiça
material.

4. Coerência e integridade do sistema


jurídico com esta característica, busca-
se a coerência e integridade do sistema
jurídico, na medida em que, haja unidade
do mesmo.
Sendo que a lógica jurídica permite que se
reconheçam contradições e
inconsistências entre as normas jurídicas,
podendo dar lugar a revisões e
aperfeiçoamento do sistema legal, ajuda
também na avaliação de argumentos e
decisões judiciais, promovendo a
aplicação coerente da e justa do Direito.

Ao analisar a lógica dos argumentos


jurídicos
possível evitar conclusões injustas ou
baseadas em preceitos, asseverando
assim a efectividade do sistema jurídico.
A importância da lógica esta voltada para
aquilo que já foi visto anteriormente, pois os
profissionais de direito usam-na para
raciocinar e argumentar, considerando que
estes argumentos sejam apresentados
correctamente e de igual modo, possam
avaliar os argumentos dos outros.

É importante ainda porque permite olhar para


a validade ou não dos argumentos, e isto é
de extrema importância na tomada de
decisões e por altura do julgamento e
discussões jurídicas de carácter
fundamentais.
A importância da lógica no raciocínio
jurídico também permite identificar
defeitos na linguagem normativa isto
quanto as ambiguidades sintácticas,
fundamentalmente em equívocos
semânticas, fornecendo instrumentos que
evitam essas irregularidades.

Diante disto, a lógica jurídica fornece base


para analisar o sistema regulatório, cujo
objectivo é determinar a sua natureza
sistemática e também avaliar se contém
lacunas, redundâncias e contradições.

Posto isto, vamos direccionar o nosso


estudo para os elementos da
interpretação jurídica, mas antes disto,
vamos entender o que é a interpretação.

A interpretar é uma actividade intelectual


que nos remete a ideia de “sentido” de
algo.
No direito, a interpretação esta relacionada
com a actividade executada pelo juiz
como instrumento de solução para os
conflitos que lhes são apresentados para
julgar. Assim, a interpretação a que nos
referimos, está voltada para à lei.

A interpretação consiste exactamente na


fixação do sentido e alcance da lei,
correspondente ao pensamento legislativo
nos termos do que dispõe o art.º 9.º, n.º
3, do Código Civil.
Tem se dito que uma lei clara não precisa
de interpretação, porém, isto não é
verdade, na medida em que, por mais
clara que seja uma determinada lei,
haverá sempre alguém não compreenda o
seu conteúdo, pelo que,
independentemente da clareza,
necessitará sempre de interpretação.

A lei pode representar num caso concreto,


uma injustiça que deve ser evitada pelo
intérprete,
socorrendo-se de princípios hermenêuticos
(interpretação de normas jurídicas,
considerando métodos para compreensão
da norma) para impedir a contradição do
Direito. Em bom rigor, um direito injusto
resulta de uma contradição no próprio
conceito. É fundamental não esquecer que
a lei representa o ideal de justiça, em que
via de regra, a justiça está na lei
devidamente interpretada.
O que podemos ver, é que um texto claro é
facilmente compreendido, mas a sua
interpretação nunca é afastada.

Para o nosso estudo, nos destacaremos ao


estudo dos elementos da interpretação,
nomeadamente: interpretação gramatical,
lógica e sistemática, e ainda, a
interpretação histórica e teleológica, ora
estes elementos podem também ser visto
como métodos ou técnicas de
interpretação podendo ser definido como
Meios, factores e critérios, dos quais o
aplicador da lei lança mão para alcançar o
sentido da mesma.

Atentemos então, para aquilo que


chamamos de interpretação gramatical
ou literal: é aquela que se fixa no texto
da lei, ou seja, são as palavras que a lei
exprime. Neste técnica de interpretação o
que interessa de facto é tentar entender a
literalidade das palavras da lei,
independentemente de se querer perceber
a intenção do legislador ao criar aquela
norma, a única preocupação da lei é
entender as palavras aí contidas.

Este elemento da interpretação traz em si


uma limitação relativamente aquilo que
está escrito na lei e nada mais.

Por exemplo, em relação ao art.º 392.º


aqui só aquilo que é coisa juridicamente
falando deverá ser considerado.
A interpretação gramatical pode ter duas
funções: negativa e positiva.

Quando é negativa, afasta-se toda


interpretação que não tenha como base a
letra da lei, ainda que seja mínima.

Quando é positiva, esta será aquela que


privilegia o sentido técnico jurídico,
especial e o fixado pelo uso geral da
linguagem
Nesta deve se ter em conta que o legislador
soube exprimir correctamente.

Interpretação lógica é aquela que evita


contradições. Não se pode interpretar um
artigo de forma isolada do ordenamento
jurídico, de modos que um artigo seja a
negação de um outro artigo da mesma
hierarquia, da mesma temporalidade.

A interpretação lógica procura conservar a


estabilidade do sistema que procura evitar
contradições.
Por exemplo, se olharmos para a
Constituição angolana, no seu artigo 35.º,
n.º 5, “os filhos são iguais perante a lei…”,
porém o Código Civil trata alguns filhos
como sendo ilegítimos, no seu art.º
2158.º, n.º 2, vemos aqui aquilo que
chamamos de antinomia, porém, para
esses casos, temos de olhar para a
hierarquia das normas e naturalmente
atentar ao facto de que o Código Civil não
se pode sobrepor a Constituição da
Republica de Angola.
Aqui, a interpretação deve ser feita de
forma lógica, atendendo o conteúdo da
norma que seja superior, de modos a se
evitar qualquer contradição.

Temos também a interpretação


sistemática esta relacionada com a
coerência entre os conceitos de Direito
nos vários ramos. Por exemplo, não pode
ser dado um conceito de coisa no Direito
Civil que seja distinto do Direito Penal, de
acordo com o exemplo de furto
anteriormente mencionado.
A interpretação sistemática refere-se a
unidade do sistema jurídico.

De acordo com o art.º 202.º, n.º 1 do


Código Civil (temos uma noção de coisa)
que deve ser admitida por todo o sistema
jurídico angolano no que a coisa diz
respeito, isto é coerência ou unidade do
sistema.

Interpretação histórica esta relacionada


com a razão pelo qual um norma foi
criada,
Toda e qualquer lei não surge
espontaneamente, têm antecedentes,
história mais ou menos próxima e uma
história legal e social.

Este elemento também contempla o facto


de que considerar os antecedentes
remotos da lei, tendo em conta outras leis
que a antecederam, o modo como foram
interpretadas, as críticas feitas a ela, as
razões da sua revogação ou alteração
e a substituição pela nova lei, tudo isto, são
elementos a determinar qual é o sentido
da nova lei.

As fases todas que se registam na


elaboração da própria lei.

Elemento teleológico consiste no fim


visado pelo legislador ao fazer a lei, na
razão de ser da lei (ratio legis). A lei deve
ser entendida da maneira que melhor
corresponda à realização do fim que o
legislador pretendeu.

Essas técnicas de interpretação é que dão


então origem a aquilo que chamamos de
hermenêutica jurídica (é a teoria da
interpretação jurídica, isto é, busca do
entendimento de uma norma jurídica).

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