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Envelhecimento e saúde do idoso
simples de se obter informações sobre uma
Envelhecer é um processo natural e progressivo que implica pessoa.Nos países subdesenvolvidos como
mudanças inevitáveis, todas relacionadas com o passar da o Brasil, considera-se idoso a partir de 60
idade. No ser humano, o envelhecimento, além de gerar o anos. Nos países desenvolvidos, a partir
desgaste orgânico, provoca alterações em vários outros dos 65.
aspectos: culturais, sociais e emocionais, contribuindo para que
se instale em diferentes idades cronológicas. IDADE BIOLÓGICA

Definida pelas modificações


CIÊNCIAS DE ESTUDO DO ENVELHECIMENTO corporais e mentais que ocorrem ao
longo do processo de
Existem 2: gerontologia e geriatria envelhecimento humano,
compreendido como um processo
que se inicia antes do nascimento do
GERIATRIA
indivíduo e se estende por toda a existência humana. Ex:
É a medicina do idoso (especialidade médica), o estudo diminuição da estatura pela perda óssea, declínio da visão etc
clinico do envelhecimento: assistência médica, prevenção,
promoção e tratamento das doenças, envolvendo um trabalho IDADE PSICOLÓGICA
multidisciplinar
Relação que existe entre a idade cronológica e as capacidades
O médico com a especialidade em geriatria apresenta um olhar desenvolvidas, como a percepção, inteligência, controle
diferenciado para lidar com patologias como hipertensão emocional, aprendizagem e memória.
arterial, diabetes, transtornos neurocognitivos, entre outras
doenças que acometem muitos idosos. Além disso, este Relacionada com o senso subjetivo da idade, porque existem
profissional prescreve tratamentos e cuidados paliativos adultos que possuem tais características psicológicas com
para idosos portadores de doenças que não têm cura. graus maiores que outros e, por isso, são considerados
“jovens psicologicamente”, e outros que possuem tais traços
GERONTOLOGIA em graus menores e são considerados “velhos
psicologicamente”.
Não é um ramo da medicina, significa o estudo do
envelhecimento em si e das suas consequências biológicas, IDADE SOCIAL
médicas e psicológicas. A partir de uma visão integral sobre a
terceira idade, profissionais de diferentes especialidades definida pela obtenção de hábitos e status
atuam na prevenção de problemas e doenças em prol de uma
social pelo indivíduo para fazer seus papéis
melhor qualidade de vida para os idosos.
sociais de acordo com sua idade, por exemplo:
Os gerontologista podem ser: assistentes sociais, terapeutas características como tipo de vestimenta,
ocupacionais, psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas, por hábitos e linguagem.
exemplo, e obter a qualificação da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG). Assim, para os idosos são esperados
comportamentos que correspondam aos
A gerontologia ainda pode ser dividida em: papéis determinados para eles (diferentes
padrões de vestir e falar)
• Social: relacionada com os aspectos antropológicos, éticos,
sociais, psicológicos e etc
ENVELHECIMENTO, VELHICE E VELHO
• Biomédica: visa a prevenção e o tratamento de doenças
que acometem os idosos, além do estudo demográfico
populacional ENVELHECIMENTO

O envelhecimento é um processo progressivo que inclui uma


CLASSIFICAÇÃO DAS IDADES série de alterações que acontecem no organismo ao longo do
tempo vivido, tornando-o mais suscetível a vários fatores
prejudiciais internos (como falha imunológica, renovação
IDADE CRONOLÓGICA celular comprometida) e externos (como o estresse ambiental:
Mensura a passagem do tempo decorrido em dias, meses e poluição, fumo, álcool, raios UV e etc).
anos desde o nascimento, é um dos meios mais usuais e
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Envelhecimento e saúde do idoso
O ritmo do declínio das funções orgânicas varia de pessoa para • alterações decorrentes de doenças
pessoa. Assim, admitem-se duas formas distintas de crônicas (hipertensão, diabetes,
envelhecimento: usual ou comum e saudável ou bem-sucedido insuficiência renal e cardíaca,
e envelhecimento ativo. doença pulmonar crônica e outras)

• Envelhecimento comum ou usual • de interferências ambientais


Nesse, os fatores extrínsecos, como a dieta, sedentariedade, • de medicamentos. Todas elas comprometem a
causas psicossociais hábitos de vida intensificam os efeitos funcionalidade e a qualidade de vida dos idosos
adversos do envelhecimento com o passar dos anos

• Envelhecimento saudável ou bem-sucedido TEORIA BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO


Esses fatores extrínsecos não estariam presentes ou, se
existirem, não teriam muita relevância. Por isso, a velhice bem- Basicamente, elas se
sucedida está associada ao baixo risco de doenças, à baseiam nos processos de
integridade de funcionamento fisico e mental etc redução da função celular.
Abrange desde processos
• Envelhecimento ativo de oxidação pela produção
de radicais livres até os
É a otimização da saúde, participação e segurança com o erros de DNA que
objetivo de melhorar a qualidade de vida durante o contribuem para redução
envelhecimento, pode se aplicar tanto a indivíduos como a da função da célula
grupos populacionais.
Elas se agrupam em 2 teorias: as programadas (sistêmicas) e
as aleatórias (estocáticas)
SENESCÊNCIA E SENELIDADE

SENESCÊNCIA

Resultado de todas as alterações


orgânicas, funcionais e psicológicas
do envelhecimento normal (pessoas
a partir de 60 anos), ou seja, é o
envelhecimento fisiológico

Apresenta prejuízos característicos do envelhecimento, mas


que não são patológicos (envelhecimento bem-sucedido). São TEORIAS ESTOCÁTICAS
fatores que não provocam o encurtamento da vida. A morte é
um desfecho natural. Por exemplo: Referem-se a fenômenos diversos que resultam de
desordens na estrutura celular, que podem levar à
• aparecimento de cabelos brancos ou a queda deles, degradação da célula. Assim, as células com alta entropia
• a perda de flexibilidade da pele e o aparecimento de rugas, (instabilidade) pode sofrer ataques aleatórios (estocáticos),
• a redução da estatura e a perda de massa muscular etc. gerando erros na estrutura celular, levando ao declínio
fisiológico (envelhecimento)

Teoria do uso e desgaste

Sao as mais antigas precursoras do conceito de falhas em


mecanismos de reparação. Ela diz que: quanto maior o
desgaste que uma célula sofre, maior o comprometimento
SENELIDADE de sua função. Esse desgaste pode ser provocado pelo uso
progressivo de determinada estrutura, como a própria
Modificações que não são próprias do envelhecimento normal, replicação celular que acontece o tempo inteiro = desgasta a
são as condições que acometem o indivíduo no decorrer da célula
vida devido a mecanismos fisiopatológicos. Por exemplo:
Porém, existem alguns motivos pelos quais ela não pode
explicar a causa inicial do envelhecimento:
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Envelhecimento e saúde do idoso
1. Nem todos os desgastes e estresses moderados provocam Teoria dos danos oxidativos e radicais livres
o envelhecimento, embora possam trazer limitações da
sobrevida (como quebrar um osso) O principio da teoria diz que a longevidade seria inversamente
proporcional à extensão dos danos oxidativos e diretamente
2. Por essa teoria estar muito ligada com o tempo, não pode proporcional à atividade de defesas antixoxidantes
ser causa do envelhecimento, pois os processos só
provocam o aumento da probabilidade de morte Assim, os danos deletérios causados pela ERO (especies
reativas de oxigênio) influenciariam na transcrição do DNA e
Teoria das modificações proteicas na sinalização da célula, gerando o envelhecimento

São alterações (de fatores oxidativos e estruturais) que


Ambiente e padrões dietéticos funcionam como pró-
ocorrem durante a transcrição e tradução, gerando genes,
oxidantes que provocam o surgimento de EROs por meio de
proteínas e RNAm defeituosos , comprometendo a homeostase
reações químicas ou inibindo as defesas antioxidantes
e reparação da célula
celulares, ou, ainda, ativando enzimas produtoras de EROs.
Assim, moléculas que residem na célula vão sofrendo uma
desnaturação que alteram a reparação da célula e do tecido e • Os fatores ambientais que provocam a formação de EROs
corroboram para o envelhecimento, por exemplo: incluem a luz ultravioleta, radiações ionizantes, poluentes
presentes no ar, fumaça de cigarros, pesticidas e os
Alterações do colágeno - diminui o tônus da pele solventes industriais ou poluentes químicos.
Alterações da elastina - no aparelho cardiovascular, altera as
camadas arteriais e propiciam o aumento da pressão sistólica • Já os fatores dietéticos são compostos por alimentos
contendo lipídios peroxidados (presentes em óleos
Teoria da mutação somática e do dano ao DNA estragados), hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PHA)
(contidos em alimentos processados a altas temperaturas) e
Se referem a agressões no DNA que provocam erros aditivos alimentares (como por exemplo, os conservantes).
irreversíveis:

- Mutações: mudança na sequência dos nucleotídeos do TEORIAS SISTÊMICAS


DNA, como acontece na anemia falciforme, em que a
mutação gera uma proteína em forma de foice que não Essas teorias no geral dizem que quando as conexões entre
consegue captar o O2 de maneira efetiva nossos sistemas e com ambiente deixam de serem realizadas,
tem-se o envelhecimento
- Danos: podem ser causados por fatores endógenos e
exógenos, afetando a estrutura bi-helicoidal do DNA e a Teorias metabólicas
expressão gênica
Quanto menor a taxa metabólica, maior a longevidade. Por
Teoria do erro catastrófico exemplo, quando temos baixos níveis de glicemia , de
temperatura corporal e declínio de hormônios, a taxa
Erros aleatórios na estrutura celular acontecem metabólica é menor = tempo de vida mais longo
constantemente (funcionamento incorreto da síntese proteica),
mas as células são preparadas para evitá-los, destruindo esses A taxa metabólica é inversamente proporcional ao peso do
elementos frutos de erros corpo, por isso animais maiores possuem maior longevidade do
que animais menores (ex: humano e cachorro). Existem 2
Porém, existem alguns erros que com o tempo provocam teorias dentro dessa teoria: da taxa de vida e do dano
limitações sistêmicas, embora no inicio não causem nenhum mitocondrial
mau. Por exemplo, as perdas comuns do envelhecimento de
massa óssea, muscular e de água nas células - teoria da taxa de vida: a longevidade é inversamente
proporcional à taxa metabólica
Teoria da desdiferenciação
- Teoria do dano mitocondrial: os danos oriundos da ERO
A teoria diz que quando mecanismos estocásticos ocorrem sobre a mitocondria promovem um declínio das funções
sobre a célula, há a síntese de proteínas desnecessárias ou celulares durante o envelhecimento
alteradas, porque elas perderão a capacidade de controlar tais
mecanismos, comprometendo a integridade e a sobrevida da Teorias genéticas
célula, levando ao envelhecimento.
Com o mapeamento do genoma, percebeu-se que existem
alelos determinantes para o envelhecimento.
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Envelhecimento e saúde do idoso
Teoria da apoptose
Essa teoria aborda, em geral, três aspectos:
Se tiver alguma alteração na sinalização da célula para ela
- defesa antioxidante e sistemas de controle de síntese fazer apoptose (autodestruição fisiológica), irá gerar
proteica: estão relacionados às teorias anteriores, e, nesse consequências diretas no envelhecimento. Por exemplo:
caso, os genes sofreriam modificações ao longo do tempo
que reduziriam os mecanismos antioxidantes, com - se for muito ativada: pode
consequente comprometimento da função da célula) ocorrer degeneração tecidual
- Se pouco ativada: pode
- Restrição calórica: sabe-se que a restrição calórica pode contribuir para o
aumentar a longevidade e retardar a taxa de envelhecimento, para doenças
envelhecimento. No caso de aumentar a longevidade: degenerativas e câncer
restrição calórica está relacionada com a redução de
fatores de riscos cardiometabólico (quanto ao perfil lipídico
e à pressão sanguínea) e IMC. Existem 2 hipóteses para
explicar isso:
FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO
1. Com a redução calórica = diminui glicose = não estimula
muito as cels Bpancreática = reduz tecido adiposo (ele
produz TNF) = menos TNF = aumenta a sensibilidade COMPOSIÇÃO CORPORAL
periférica à insulina = aumenta expectativa de vida
• Redução da quantidade de água, aumentando a
2. Redução calórica = menos produção de fatores pró- probabilidade do idoso desidratar - por causa da função
inflamatórios (interleucina e TNF) = menor dano oxidativo renal diminuída e excreção reduzida de ADH
nas células e nas organelas = longevidade
• Sarcopenia, que é a redução da massa muscular + força
muscular - por causa da redução da produção de proteínas
Teorias neuroendócrinas
• Redução do conteúdo mineral ósseo
Postula que a falência progressiva de células de regiões super
importantes do cérebro levariam ao colapso da homeostase do
• Aumento da quantidade de tecido gorduroso, aumentando a
corpo, à senescência (fisiológico) e à morte: eixo hipotálamo-
meia-vida de drogas lipofilícas e modificando a repercussão
hipófise-adrenal e sistema límbico
dos seus efeitos terapêuticos e tóxicos
Teorias imunológicas
PESO E ALTURA
Desse ponto de vista, a longevidade seria dependente de
certos genes do sistema imune, alguns deles estendem a vida Peso: apresenta redução, por causa da redução da massa
e outros encurtam.Esses genes regulam grande parte dos muscular e conteúdo ósseo. Quando tem aumento do peso ou
processos básicos, incluindo a do sistema neuroendócrino manutenção, é por causa do acumulo de gordura e não de
massa magra
Por isso, a falha desse mecanismo de retroalimentação levaria
à falência da homeostasia corporal e à morte. Por exemplo, IMC: tente a aumentar por causa do acumulo de gordura +
reações inflamatórias crônicas no envelhecimento aumentam o menor dedicação a atividade física + mudança de hábitos
cortisol = diminui sistema imune = maior vulnerabilidade alimentares

Teoria da epigenética Altura: diminui cerca de 1cm por por


década até 40 anos e mais ainda após os
A epigenética são as características herdadas que não são 70. Ocorre devido alterações na coluna
genéticas, os fatores epigenéticos são hormonais, ambientais e vertebral como achatamento de vértebras,
físicos. Esses fatores estimulam a expressão do DNA para a processo de hipercifose torácica, redução
síntese proteica, ocorrendo o remodelamento do cromossomo dos discos intervertebrais

Assim, fatores epigenéticos alteram o funcionamento celular, ou


seja, as condições ambientais moldam os nossos genes
PELE E ANEXOS

• mais seca - redução da glândulas sebáceas


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Envelhecimento e saúde do idoso
• Predisposição a lesões - por
causa da menor junção da derme
com epiderme e por que ela está
mais ressecada

• Pele fina com pouca elasticidade


(turgor) e fragilidade capilar - SISTEMA RESPIRATÓRIO
contribui para a formação de equimoses em áreas que
sofrem maior impacto Iniciam-se mudanças estruturais e funcionais mais expressiva
após os 30 anos, aumentando a suscetibilidade a infecções e a
• Facilita processos de infecção e prurido hipóxia, gerando consequências graves.
• Redução de melanócitos - diminui a fotoprotecao e aumenta • Calcificação das cartilagens costas - diminui expansão da cx
a chance de ter câncer de pele torácica = menos volume pulmonar e capacidade ventiladora

• Redução da superficie alveolar - oxigenação do sangue fica


comprometida, gerando menor percepção de hipoxia e por
isso os idosos tem mais dificuldade para se adaptar nos
exercícios físicos

• Mecanismos de defesa estão reduzidos - pela diminuição de


secreção IgA nasal, brônquica e alveolar + menor atividade
de neutrofilos e macrófagos = aumenta riscos de infecções
ÓRGÃOS SENSITIVOS

Visão: a estrutura ocular se modifica, gerando o


comprometimento visual e necessitando de adaptações
ambientais para auxiliar os idosos. O diâmetro pupilar se reduz,
as adaptações à luz e à pouca luz são mais lentas, além da
discriminação de cor se encontrar reduzida. As doenças mais
comuns são: catarata, glaucoma, retinopatia diabética
SISTEMA CARVIOVASCULAR
Audição: grande parte dos idosos se queixam da alteração
auditiva, elas ocorrem mais na orelha interna mas pode ser por • Os vasos sanguíneos ficam - elásticos e + rígidos =
aumento da PA
causa do aumento da produção de cerume também. A
presbiacusia é a perda neurossensorial auditiva relacionada
com o envelhecimento • Aumento do risco de arritmias cardíacas - pela redução das
células do nó sinusial e perda de fibras na bifurcação do
feixe de His, que controlam o ritmo cardíaco
Olfato: a acuidade do olfato se reduz conforme o tempo,
chegando a 50% nos pacientes acima de 80 anos, gerando
comprometimento da alimentação pela perda progressiva do • Sistema simpático diminuido - o coracao fica menos alerta e
respondido a estimulo dos receptores (barorreceptores do
paladar também. Motivos desconhecidos
arco aórtico e seio carotídeo)

com o envelhecimento, nariz e • Existe aumento da FC - gerando perda do débito cardíaco


ouvidos tendem a continuar
crescendo • Hipertrofia do VE

SISTEMA NERVOSO

• Redução da massa cerebral (substancia branca)


• Redução de mielina no SNP (compromete sensibilidade)
• Diminuição das funções motoras - então a capacidade de
realizar muitas tarefas ao mesmo tempo fica reduzida
• Diminuição da memória episódica, mas as semânticas e de
procedimentos ainda estão preservadas
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Envelhecimento e saúde do idoso
SISTEMA GASTROINTESTINAL SISTEMA RENAL

• Lingua mais lisa + mucosa oral final e seca - prejuízo no A função renal sofre redução pela perda do tecido que dá lugar
paladar a gorda e fibrose e pela diminuído dos números de nefrons,
diminuindo o filtrado glomerular
• Cáries + perda dentária + gengivite
A função renal do idoso é suficiente para suas necessidades,
• Redução da secreção de HCl e pepsina no estômago - mas ele não consegue se adaptar em situações de estresse
digestão de proteínas é mais difícil porque os mecanismos de correção são mais lentos (SRAA),
por isso o idoso tem dificuldade de se adaptar a distúrbios
• Eleva a prevalência de infecção por H.Pylori + aumento do hidroeletroliticos = risco elevado de hipervolemia e
risco de gastrite e ulcera descompensação cardíaca nas administrações agudas de
fluidos quando se tenta corrigir a desidratação
• No intestino delgado, a diminuição de receptores de
vitamina D prejudica absorção de cálcio SISTEMA GENITOURINÁRIO
• No intestino grosso, atrofia da mucosa Urina: diminuição da capacidade vesical pela desnervação do
mm detrusor, por isso ele diminui sua contratilidade e o idoso
• Queixa comum é a constipação, mas parece estar ligada tem maior risco de incontinência urinária. Nas mulheres, a
com a alimentação pobre em fibras e pouca ingestão de deficiência de estrogênio leva a fraqueza dos mm do assoalho
água pélvico, dificultando ainda mais a continência urinária

Genital mulher: têm seus óvulos reduzidos a partir dos 40


anos e chega à menopausa nos 50. Depois dela, a vagina se
torna menos elástica, seca e atrófica, gerando dispareunia (dor
no ato sexual)

Genital homem: declínio da produção de espermatozoides e


aumento do risco de anormalidades cromossômicas

SISTEMA HEMATOPOIÉTICO
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO
A médula ossea tem sua massa celular reduzida, com
A massa muscular reduz em até 50% dos 20 aos 90 anos, substituição por tecido gorduroso. Em condições basais ela é
sendo maior a perda nos membros inferiores, juntamente com suficiente, mas pode sofrer alterações em condições de
a redução da força muscular estresse

Músculo: redução do tamanho e número das fibras musculares A duração de vida das células sanguíneas não sofre alteração
+ atrofia delas por causa de desnervação
SISTEMA ENDÓCRINO
Mulher: a redução dos hormônios androgênicos contribui para
o prejuízo da forma muscular e para reduzir essa perda, é Tireoide: diminuição de T3 e T4 como proteção ao
importante que o idoso receba uma boa nutrição e mantem a catabolismo, porque o metabolismo basal vai diminuindo
atividade física
Paratireoide: só acumulo de gordura, sem mudança funcional
Articulações: sofrem degeneracao, com redução da
resistência elástica e diminui a capacidade de resistir à Hipófise: tem aumento de volume e diminuir do nível de
deformação melatonina, gerando alterações do sono

Osso: há a dimiuição dos osteoblastos, ocasionando mudança Pâncreas: poucas alterações, mas sabe-se que os idosos
na arquitetura óssea e aumento do risco de fraturas. Então a possuem maior risco de intolerância à glicose
marcha do idoso se altera, principalmente nas mulheres. A
postura é mais rígida e tem cifose torácica e dificuldade de fletir Hormônios sexuais femininos: muita alteração, perde
quadris e joelhos. Isso melhora com a atividade física totalmente a capacidade reprodutiva

Homem: declínio, mas com capacidade de reprodução


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Envelhecimento e saúde do idoso
AÇÕES DE PROMOÇÃO DA SAÚDE DO IDOSO PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA

O sedentarismo é um dos fatores de


A promoção da saúde é o conjunto de medidas destinadas a risco mais importantes para as
promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos doenças crônicas e é muito presente
à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes nos idosos, por isso, deve-se
– modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, incentivar a prática de exercícios
educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais físicos, 30 min por dia 3x por semana
- leve a moderado
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Alguns aspectos facilitam a incorporação deles: incentivo de
amigos e familiares, procura por companhia, programas de
O idoso sem doenças e que não precisam de cuidados atividade física e a orientação do profissional da saúde
alimentares específicos, é importante seguir os “10 passos para
um alimentação saudável” adaptada A recomendação dessa prática deve ser cautelosa com o idoso,
uma vez que a sobrecarga de exercícios ou de um que não é
Para aqueles que possuem doenças crônicas como diabetes, compatível com suas habilidades pode agravar os problemas
hipertensão, obesidade e hipercolesterolemia, os profissionais cardíacos e maior número de fraturas. Por isso, em casos se
da saúde da família debem dar orientações gerais de acordo exercícios mais elaborados, recomenda-se sempre uma
com a doença avaliação antes. Para exercicios leves não precisa, para que
ela não se transforme em mais uma barreira
Caso seja necessário orientações nutricionais especificas, as
equipes dos municípios que possuem nutricionista na Atenção Os idosos possuem indicação para atividade física que:
Básica devem desenvolver um plano de alimentar
1. Favorece a força muscular (realmente podem diminuir ou
reverter a sarcopenia - perda muscular - e a perda óssea)
Passo 1 PELO MENOS 3 REFEIÇÕES (CAFÉ DA MANHÃ, ALMOÇO E
JANTAR) E 2 LANCHES SAUDÁVEIS POR DIA. NÃO PULE AS 2. Resistência (contribuem para maior mineralização óssea e
REFEIÇÕES!
redução de fraturas, melhora a postura)

Passo 2 INCLUA DIARIAMENTE 6 PORÇÕES DO GRUPO DOS CEREAIS, 3. Flexibilidade (alongamentos + exercícios aeróbicos para
TUBÉRCULOS E RAÍZES. DÊ PREFERÊNCIA AOS GRÃOS melhorar o desempenho cardíaco e redução da
INTEGRAIS E AOS ALIMENTOS NA SUA FORMA MAIS NATURAL.
aterosclerose)
Passo 3 COMA DIARIAMENTE PELO MENOS 3 PORÇÕES DE LEGUMES
E VERDURAS NAS REFEIÇÕES E 3 PORÇÕES OU MAIS DE
FRUTAS NAS SOBREMESAS E LANCHES

Passo 4 COMA FEIJÃO COM ARROZ TODOS OS DIAS OU, PELO MENOS,
5 VEZES POR SEMANA.

Passo 5 CONSUMA DIARIAMENTE 3 PORÇÕES DE LEITE E DERIVADOS


E 1 PORÇÃO DE CARNES, AVES, PEIXES OU OVOS. RETIRAR A
GORDURA APARENTE DAS CARNES E A PELE DAS AVES
ANTES.

Passo 6 CONSUMA, NO MÁXIMO, 1 PORÇÃO POR DIA DE ÓLEOS


VEGETAIS, AZEITE, MANTEIGA OU MARGARINA.

Passo 7 EVITE REFRIGERANTES E SUCOS INDUSTRIALIZADOS, BOLOS,


BISCOITOS DOCES E RECHEADOS, SOBREMESAS DOCES E
OUTRAS GULOSEIMAS COMO REGRA DA ALIMENTAÇÃO.
COMA-OS, NO MÁXIMO, 2 VEZES POR SEMANA.
SUPLEMENTAÇÃO DO IDOSO - VITAMINAS
Passo 8 DIMINUA A QUANTIDADE DE SAL NA COMIDA E RETIRE O
SALEIRO DA MESA. • Vitamina A
Passo 9 BEBA PELO MENOS 2 LITROS (6 A 8 COPOS) DE ÁGUA POR DIA,
NOS INTERVALOS DAS REFEIÇÕES. Origem vegetal: alimentos de cor
amarela, laranja e verde escuro
Passo 10 PRATIQUE PELO MENOS 30 MINUTOS DE ATIVIDADE FÍSICA
TODOS OS DIAS E EVITE AS BEBIDAS ALCOÓLICAS E O FUMO. Origem animal: leite, fígado e gema
de ovo
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Envelhecimento e saúde do idoso
A hipovitaminose de vitamina A no idoso a adulto é bem raro, MEDIDAS DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA
mas seu consumo pode contribuir para a redução na
concentração de marcadores de inflamação, estresse Objetivo: evitar o desenvolvimento de doenças
oxidativo e disfunção endotelial. Além disso, pode reduzir
chances de DM2. • Tabagismo: desestimular sua prática em todas as
consultas, optando-se por terapia de apoio comportamental
• Vitamina C e farmacológica, devido ao risco de doenças
cardiovasculares, pulmonares e neoplasias.
Os estudos são inconclusivos, pois a vitamina C demonstrou,
além da ação antioxidante, in vitro, atividades pró-oxidantes. • Álcool: uso excessivo pode aumentar o risco de
Não se demonstraram efeitos estatisticamente significantes em hepatopatias, depressão, hipertensão, ansiedade,
doença cardiovascular, câncer ou mortalidade por todas as acidentes, problemas sociais. Deve-se, durante as
causas. consultas, realizar testes de triagem e questionamentos para
ter conhecimento sobre o grau de dependência e, então,
• Vitamina D sempre, desencorajar o uso de álcool.
A escassez dela ( como acontece no envelhecimento) pode • Alimentação saudável: incentivar hábitos alimentares
levar a fraturas, doença cardiovascular, câncer colorretal, DM2, saudáveis, como evitar refrigerante, preferir carne branca à
humor deprimido, declínio cognitivo e mortalidade. Sua vermelha, consumir frutas (diminui risco de doenças
suplementação melhora a qualidade de vida em pessoas com coronarianas e AVE), evitar gordura trans de alimentos
alto risco de quedas. processados industrialmente (aumenta risco de doenças
coronarianas), preferir grãos integrais, consumir 1,5 a 2
Ela pode ser adquirida por meio da litros de agua por dia.
alimentação, medicação e exposição ao
sol, no mínimo 15 minutos, em horários e • Imunização: seguir calendário de vacinação do idoso
durante períodos adequados (início da
manhã e final da tarde).

As recomendações dietéticas são de 800UI/dia (1000 -2000


UI/dia para idosos acima de 70 anos) e 400 a 800 UI/dia,
especialmente em mulheres acima de 65 anos, em idoso
institucionalizados ou com osteoporose estabelecida.

É recomendada a suplementação em pacientes com risco


elevado para quedas ou que apresentem condições
associadas a deficiência de vitamina D, como doença renal e
má absorção.

• Vitamina E
Pode reduzir o risco de doença coronária, segundo estudos
apresentados no tratado. Carece de mais estudos.

MEDIDAS DE PREVENÇÃO SECUNDÁRIA - RASTREIO


AÇÕES DE PREVENÇÃO DA SAÚDE DO IDOSO
Consiste em detectar e tratar precocemente doenças
A prevenção da saúde reduz o risco de determinados agravos assintomáticas por meio de exames de rastreio: doenças
à saúde, é específico contra determinadas doenças. neoplásicas e não neoplásicas

O rastreamento em idosos se diferencia da população geral


devido às particularidades características do envelhecimento. A
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia recomenda
“não prescrever rastreio, tratamento, ou intervenção invasiva
sem antes considerar: (1) o estado funcional; (2) a
expectativa de vida; e (3) o compartilhamento da decisão
com o paciente ou seu representante legal.
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Envelhecimento e saúde do idoso
Por exemplo, rastrear um câncer de lento desenvolvimento 6. Osteoporose
como o da próstata em um paciente muito idoso, com 80 anos
ou mais, frágil e com expectativa de vida menor que 10 anos, A osteoporose é uma condição
pode lhe causar agravos e não oferecer vantagens que os comum entre os idosos,
superem. principalmente nas mulheres no
período pós-menopausa,
Portanto, ainda que a idade seja um fator de risco para o podendo levar a fraturas e
aparecimento de inúmeras doenças, a realização do rastreio consequentes internações,
indiscriminado de determinadas condições pode gerar mais incapacitações e até à morte.
danos que benefícios e caracterizar-se como iatrogenia.
A força tarefa americana (USPSTF) recomenda densitometria
óssea para avaliar densidade mineral óssea em mulheres >65
RASTREIO DE DOENÇAS NÃO ONCOLÓGICAS
anos e homens > 70 anos.
1. Diabetes mellitus (DM)
A partir dos 50 quando de fatores de risco, como:

- historia de fratura de baixo impacto,


- histórico familiar
- mulheres < 45 com deficiência estrogênica,
- hipercifose torácica,
- uso de corticoide por mais de 3 meses,
- baixo IMC, etilismo e tabagismo.

Prevenção: vitamina D, exercícios físicos. Mulheres na


menopausa, drogas para reabsorção óssea.

Para os indivíduos de alto risco (obesidade, sobrepeso, Tratamento: dieta, atividade física, exposição solar,
dislipidemia, HAS e histórico familiar), rastreio anual medicamentos.

2. Hipertensão arterial sistêmica (HAS) 7. Aneurisma da aorta abdominal (AAA)

Durante o processo de envelhecimento ocorrem modificações, O aneurisma de aorta abdominal (AAA) é definido como o
como o enrijecimento vascular, alterações na sensibilidade dos alargamento da aorta abdominal com diâmetro de 3 cm ou
barorreceptores e a aterosclerose, que predispõem o idoso à mais, e entre seus fatores de risco estão o tabagismo, a idade
hipertensão arterial sistêmica (HAS). O rastreio deve ser feito, avançada e outras condições que podem estar ligadas ao
segundo a 7a Diretriz Brasileira de HAS: envelhecimento vascular, como a hipertensão e a
aterosclerose.
• Bienal para adultos com a PA ≤ 120/80 mmHg
• Anual para pré-hipertensos (indivíduo com PA sistólica entre
121 e 139 mmHg e a diastólica entre 81 e 89 mmHg)

3. Hipo e hipertireoidismo

O rastreio da disfunção tireoidiano é feito por meio da dosagem


sérica de TSH, é recomendado que ele seja feito a partir dos 35
anos de idade, a cada 5 anos Mas para a USPSTF o rastreio é ineficiente em mulheres. Em
homens tabagistas ou ex-tagabistas, realizar USG abdominal
4. Perda auditiva entre 65 e 75 anos.
rastrear anualmente perda auditiva por meio de perguntas ao
paciente sobre dificuldade auditiva, teste do sussurro ou RASTREIO DE DOENÇAS ONCOLÓGICAS
audiometria tonal.
A decisão deve ser individualizada, considerando fatores como
5. Perda visual expectativa de vida, valores pessoais e preferências e local da
neoplasia investigada
avaliação oftalmológica anual

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Envelhecimento e saúde do idoso
1. CA de mama 3. CA de colo uterino

Um dos cânceres mais incidentes em mulheres, e a idade é O principal fator de risco para o câncer de colo de útero é a
um fator de risco determinante. A mamografia é o método de infecção pelo papilomavírus humano (HPV), e o rastreamento
escolha para o rastreio, sendo o autoexame e o exame tem impacto significativo na identificação das lesões causadas
clínico feito pelo profissional da saúde pouco sensíveis, e, por esse agente
geralmente, somente apresentam resultados significativos
quando já existem nódulos ou massas de tamanho moderado. Para a Febasgro de 2018: mulheres sexualmente ativas até os
65 anos. Interromper se ≥ 2 citológicos negativos consecutivos
nos últimos 5 anos e não apresentarem história prévia de
doença neoplásica pré- invasiva.

4. CA de colorretal (intestino)

Para o Instituto Nacional do Câncer e OMS (2019): rastreio em


pessoas acima de 50 anos com pesquisa de sangue oculto nas
fezes

5. CA de próstata

- Recomendações das Associações de Ginecologia e Segundo mais incidente entre os homens


Obstetrícia para o rastreamento do câncer de mama: brasileiros e é considerado um câncer da
terceira idade, ocorrendo geralmente a
• Mamografia anual para mulheres de 40 a 70 anos. partir dos 65 anos.
• Em mulheres com ≥ 75 anos, o rastreio deve ser feito
somente naquelas que tenham expectativa de vida > 7 anos. Seu rastreio é controverso, pois a
• Para mulheres de alto risco, o rastreio deve iniciar antes dos medição do antígeno prostático
40 anos. específico (PSA), com ou sem o toque
retal, pode estar alterada em condições
2. CA de pulmão não oncológicas,

O câncer de pulmão é o segundo mais A Sociedade Brasileira de Urologia (2018): homens maiores
comum em homens e mulheres no Brasil e que 70 anos, a recomendação é contrária à realização de
tem como principais fatores de risco o uso rastreio
de tabaco e a idade. Quando indicado, o
rastreio deve ser realizado através da Segundo a USPSFT: Para homens entre 55 e 69 anos, a
tomografia computadorizada. Além realização do rastreamento deve ser individualizada.
disso, é imprescindível que seja
estimulado o abandono do tabagismo em
todos os pacientes. REFERÊNCIAS
Existem poucos estudos na população brasileira, sendo
adotadas as recomendações de instituições internacionais. A • Tratado de Geriatria e Gerontologia 4a ed, 2016
Sociedade Americana de Câncer (2019) institui:
• Geriatria aplicada de Ariane Maria
• Caderno de Atenção Básica: Envelhecimento e Saúde da
Pessoa Idosa 2006 – MS;
• Rastreio anual para adultos de 55 a 74 anos com carga • Calendário SBMI do idoso de 2021/2022
tabágica > 30 anos-maço com tabagismo ativo ou que
• Fundamentos básicos em Geriatria - Sanar
deixaram de fumar nos últimos 15 anos.

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Delirium no idoso
DELIRIUM - “ESTAR FORA DOS TRILHOS" QUADRO CLÍNICO

O delirium tem inicio agudo e flutuante, ou seja, fica alternando


O delirium é uma síndrome neuropsiquiátrica aguda entre o hipoativo e o hiperativo (delirium misto), e essa é uma
caracterizada primariamente por deficit na atenção e no nível caracteriscia marcante, outras encontradas são:
de consciência(rebaixamento do nível de consciência).
• Pensamento alterado = vago e fragmentado, lento/acelerado
Também pode ser explicado por outra desordem preexistente nas formas leves e sem lógica nas graves
como a condição medica, efeito colateral de um remedio,
intoxicação, abstinência etc • Memória comprometida = por causa do prejuízo da atenção
e nível de consciência
Acomete principalmente idosos hospitalizados e se caracteriza
por uma redução do metabolismo do cérebro. A duração é • Sensopercepção alterada = ilusões e alucinações visuais
variável e acompanha de perturbações da consciência, da
atenção, percepção, memória, emoção e etc • Desorientação em tempo e espaço

CLASSIFICAÇÃO
• Distúrbios da linguagem = disnomia (não consegue nomear
os objetos) e disgrafia (não consegue escrever)
Podemos classificar o delirium em 2 grupos, de acordo com
sua apresentação:
• Falta de atenção (por isso não conseguimos manter o fluxo
de conversação com o paciente)
- Delirium hipoativo: vai ter a lentificação psicomotora +
letargia e pouca responsividade. Mais encontrada em
• Desorganização do ciclo sono-vigília = fica com sono de dia
e a noite não sente sono
idosos, relacionada com distúrbios metabólicos e infecções

- Delirium hiperativo: agitação psicomotora + inquietação + • Comportamento psicomotor = hiper e hipoativo


labilidade emocional (oscila de um estado afetivo pro outro).
Relacionada com intoxicação e abstinência e medicamentos
• Raiva, medo, ansiedade
e álcool
• Manifestações do SNA (rubor, taquicardia, sudorese,
hipertensão arterial)
- Delirium misto: observadas as 2 apresentações que
flutuam ao longo do dia, ocorre em grande parte dos
Frequentemente, esses sintomas duram poucas horas e têm
pacientes
rápida resolução; contudo, se não identificado e tratado
adequadamente, o delirium pode persistir por semanas ou
EPIDEMIOLOGIA meses
Frequentemente observada em idosos,
principalmente quando hospitalizados e é ETIOLOGIA
considerado como urgência médica. Em idosos de
comunidade, as taxas de delirium situam-se em O delirium possui etiologia multifatorial, porque qualquer
torno de 2%, chegando a 14% para aqueles com condição que comprometa a função cerebral pode causar o
idade acima de 85 anos. delirium. Entre as causas clinicas mais comuns em idosos,
destacam-se:
Nos pacientes internados, por outro lado, a
incidência de delirium se aproxima de 30%, • processos infecciosos (pneumonia e infecção do trato
atingindo até 50%dos idosos em pós-operatório urinário)
e até 80% dos internados em unidades de terapia intensiva. • afecções cardiovasculares, cerebrovasculares e
pulmonares que causam hipoxia
Essa taxa parece ser maior em instituições que não realizam
medidas preventivas adequadas • Distúrbios metabólicos
• Fármacos (antidepressivos tricíclicos, antiparkinsonianos,
neurolépticos, diuréticos, analgésicos narcóticos etc)
Nos pacientes hospitalizados, além do maior tempo de
internação, com alto custo aos serviços de saúde, a
Obs: Muitos destes medicamentos são consumidos
incidência de delirium pode servir para identificar o nível
inadequadamente, por isso, a automedicação, apesar de
qualidade de atendimento hospitalar, visto que em grande
menos comum do que em outras faixas etárias, pode ser
parte dos casos a síndrome é decorrente de uma complicação
potencialmente perigosa entre os idosos.
iatrogênica
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Delirium no idoso
• Hipótese neuroinflamatória
Algumas condições clinicas e cirúrgicas (trauma, infecção e
cirurgia) podem levar ao aumento dos mediadores
inflamatórios = reação inflamatória exacerbada = prejudica o
SNC. Além disso, os idosos possuem mais mediadores
inflamatórios circulando = ficam mais vulneráveis ao delirium

Quando a barreira hematoencefálica percebe esse estimulo


inflamatório, aumenta sua permeabilidade = citocinas e células
da glia atravessam = comprometimento dos neurônios +
disfunção neuroquímica + desconexão de algumas áreas do
cérebro + sintomas vinculados ao delirium

Com o envelhecimento, ocorre a imunosenescência


(degeneração do sus. Imune) = aumenta a suscetibilidade dos
idosos a infecções.

FATORES DE RISCO

- Predisponentes: são as
condições preexistentes
individuais de cada
paciente, geralmente não
são modificáveis
FISIOPATOLOGIA
- Precipitantes: são os
Não está bem esclarecida, mas sabe que esse estado confuso gatilhos que podem
agudo é por causa de uma disfunção cerebral. Os mecanismos contribuir para o
mais aceitos incluem esses fatores precipitastes da imagem, desenvolvimento do
que causam estresse oxidativo e desregulação cerebral, delirium
culminando no delirium
- Fatores psicossociais:
• Teoria neuroquímica estresse psicologico e
perda do suporte social
Relacionada com anormalidades na liberação de podem contribuir para o
neurotransmissores: delirium

- deficiência de acetilcolina (como hipóxia, hipoglicemia, falta


de tiamina)
- excesso de dopamina são os neurotransmissores que DIAGNÓSTICO
contribuem para o delirium (hipóxia, por isso que tem
bloqueadores de receptor de dopamina no tratamento, como
haloperidol) Possui grande importância para a prática clínica e devem ser
conhecidos por todos os médicos, não só especialistas

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Delirium no idoso
geriatras, pois ela pode representar o único sinal de uma
doença grave e indicar risco de vida;

O diagnostico do delirium se baseia em 3 avaliações:

1. Avaliação clínica criteriosa


2. Instrumento de rastreio do CAM (confusion assessment
method)
3. Avaliação dos critérios diagnósticos do DSM (manual
diagnostico e estatístico de transtornos mentais)

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO DSM

Eles não refletem de forma integral as anormalidades


neuropsiquiátricas da síndrome delirium e têm como finalidade
estabelecer as diretrizes para a realização do diagnóstico

INSTRUMENTO DE RASTREIO DO CAM

Ainda usando os criterios específicos, muitos anos não são


diagnósticos e para isso, a aplicação de escalas,
questionários e algoritmos podem melhorar a detecção
desses casos.

O CAM é a ferramenta mais utilizada para a identificação da


síndrome, observa-se uma excelente sensibilidade e
especificidade. Ele consiste em uma série de perguntas que
devem ser feitas pelo médico para o paciente, onde os
seguintes critérios indicadores são analisados:

1) início agudo; 2) presença de desatenção; 3) pensamento AVALIAÇÃO CLÍNICA CRITERIOSA


desorganizado; 4) alteração do nível de consciência etc
Aliado ao uso dessas ferramentas diagnósticas, a abordagem
do delirium deve incluir uma avaliação cuidadosa do
Para um rastreio positivo de delirium o paciente precisa médico, que deve ser focada em 1) anamnese 2) exame físico
apresentar os critérios 1 e 2 somados ao 3 ou 4 3) exames complementares, para identificar corretamente

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Delirium no idoso
Anamnese: focar na investigação dos Psicose: pacientes apresentam historia psíquica anterior, o
sintomas característicos do delirium, estado de alerta é mantido e nao tem flutuação de sintomas.
assim como fatores predisponentes e Além disso, as alucinações são mais auditivas (delirium são
precipitantes, a exemplo de infecções, visuais) e as ideias delirantes são mais organizadas e
de distúrbios metabólicos, alterações duradouras
eletrolíticas, desidratação e uso de
medicamentos, principalmente aqueles
com efeito anticolinérgico.

Exame fisico: focar na análise dos


sinais vitais + achados que indicam
etiologias como baixa saturação de O2,
febre, taquicardia, hipotensão, dor,
alterações na ausculta e achados
neurológicos que possam justificar outra
doença do sistema nervoso central.

Exames complementares:
podem ser realizados de forma a
auxiliar no diagnóstico e devem
ser solicitados de forma
individualizada, levando em
consideração a apresentação
clínica de cada paciente. Além
disso, é preferível fazer os mais
acessíveis e menos invasivos
primeiro, para prevenir
iatrogenias. A depender do PREVENÇÃO = TRATAMENTO NÃO FARMACO
quadro clínico e gravidade,
podem ser necessários exames
O tratamento não farmacológico
mais complexos
se assemelham muito com as
medidas de prevenção, ambas
são baseadas nos seguintes
princípios:

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 1. Evitar fatores agravantes


(como a desidratação,
interrupção do ciclo sono-
É importante porque existem outras enfermidades que causam vigília etc)
prejuízo cognitivo assim como o delirium: demência,
depressão e psicose. Assim, a historia clinica do paciente e o 2. Identificar e tratar a doença
relato do acompanhante são de extrema valia. Quando não subjacente
tiver esses dois últimos, considerar a afecção como delírio e
tratá-la como se fosse 3. Fornecer cuidados de
suporte para que o
No caso da demência: elas possuem inicio mais insidioso comprometimento fisico e
(que aparece lentamente), diferente do delirium que é agudo, e cognitivo não piore
não apresenta flutuações dos sintomas
4. Quando tem agitação que pode levar a agravos ou riscos
Depressão: pode ser confundida com o delirium hipoativo, mas de remoção de dispositivos, tratar com remédios de curta
as vezes dá pra conseguir identificar a depressão pela ação e baixa dosagem
anamnese se tem sintomas prévios que sugiram mudança de
humor. A depressão também tem início gradual, sem alterações São os fatores de maior impacto no tratamento do delirium,
da cognição e atenção, mantendo o estado alerta normal sendo que o uso de medicamentos é restrito para controle de
sintomas refratários (desobediente), de forma individualizada

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Delirium no idoso
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

Deve ser reservado para os casos de delirium hiperativo com


agitação grave, em que há o risco potencial de segurança do
paciente, dos cuidadores e da equipe. Porém, as evidências
atuais sugerem que o uso da maioria dos fármacos não é
eficaz em reduzir a incidência e tempo de delirium.

Entre as classes de medicamentos usados, destacam-se: 1)


antipsicóticos/neurolépticos 2) benzodiazepínicos 3)
antagonista do receptor 5 HT (de serotonina)

No caso dos antipsicóticos: costumam ser a primeira linha da


terapia, sendo o haloperidol o mais usado. Suas vantagens é
porque são de custo baixo e possui forma de apresentação VO
e parenteral. Sempre preferir a IM que a IV por causa de
indução de arritmia

Benzodiazepnícos: usados para tratar aqueles delirias


secundários à abstinência de álcool ou para os idosos em
cuidados paliativos em terminalidade

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fragilidade
A fragilidade é uma síndrome que acomete os idosos
(geralmente com mais de 65 anos) e vai apresentar uma CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
redução energética progressiva pela diminuição das reservas
metabólicas que estão acontecendo por causa de uma As manifestações da síndrome da fragilidade são:
disfunção dos sistemas orgânicos

A sindrome é embasada em um tripé com 3 fatores principais: 1. Perda de peso não intencional
1. sarcopenia 2. desregulação neuroendrócrina e 3. disfunção
imunológica 2. Fraqueza muscular
3. Fadiga
Os idosos portadores estão mais propensos à redução
acentuada da massa muscular e a um estado inflamatório 4. Redução da velocidade da marcha
crônico que, se associados a fatores extrínsecos (doenças
agudas ou crônicas, imobilidade, redução da ingestão 5. Redução do nivel de atividade física
alimentar etc) levariam a um ciclo vicioso de redução de
energia e aumento da dependência e suscetibilidade a Existem outras manifestações também que não determinam a
agressores de diversas naturezas síndrome mas que estão presente na maioria dos portadores:

FISIOPATOLOGIA E FATORES PREDISPONENTES • anormalidades da marcha e balanço


• quedas
• sintomas depressivos
Segundo a teoria proposta por Fried et al., a sindrome da • redução da massa óssea
fragilidade seria embasada naquele tripé e que, quando essas • alterações cognitivas
3 alterações juntas são intensas o suficiente, elas irão interagir • déficits sensoriais
de maneira deletéria

FISIOPATOLOGIA

É resultado da perda da homeostase do organismo ao longo do


tempo em que o paciente se expõe a fatores de desgaste
orgânico, psíquico e social. Diferentes sistemas estão
sabidamente envolvidos: osteomuscular, endócrino,
imunológico e nervoso.

SISTEMA MUSCULAR
Por exemplo, a inflamação e as alterações hormonais
induzindo a sarcopenia; esta, por sua vez, diminuindo a A sarcopenia vai ser o elemento-chave e o principal que
atividade física e promovendo mais inflamação e alterações desencadeia a fragilidade. Definida como a diminuição de
hormonais massa muscular + alteração nas fibras = redução da força e do
desempenho motor
O resultado desse ciclo no idoso seria: redução de energia,
perda de peso, inatividade, baixa ingestão alimentar e Em relação às alterações tecidas, ocorre uma substituição de
sarcopenia. tecido muscular por de reparo, como o tecido fibrótico e o
tecido gorduroso

SISTEMA ENDÓDRINO

• Hormônios anabólicos
O GH e o IGF-1 sao hormônios anabólicos que estão
relacionados com o aumento da síntese proteica e
consequentemente de massa muscular. No caso da síndrome,
esses hormônios estão em falta

• Hormônios sexuais
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fragilidade
A testosterona que também tem relação com o ganho de • Caquexia: é uma síndrome metabólica complexa associada
massa muscular e manutenção dela está alterado, por causa à alguma doença e que é caracterizada pela perda de
das alterações que ocorrem no eixo hipotálamo-hipófise- músculo, com ou sem perda de massa gorda. A principal
gonadal na síndrome da fragilidade diferença é que ela é induzida por uma doença crônica. Ex.:
câncer, insuficiência cardíaca, DPOC etc
• Paratormônio por deficiencia de vitamina D
O deficit de vitamina D está relacionado com à fraqueza e à CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
perda de massa muscular nos idosos e quando ela está em
falta, ocorre a liberação e aumento do paratormônio = redução CRITÉRIOS CLÍNICOS
da massa óssea e aumento do nível sérico de cálcio
Diversos autores propuseram instrumentos de rastreio para
SISTEMA IMUNOLÓGICO facilitar o diagnóstico de fragilidade na pratica clinica, dentre os
mais usados, temos o de Rochwood e o modelo do fenótipo de
No idoso frágil ocorre a redução da resposta imune inata, como fragilidade de Linda Fried
disfunção da pele e anexos (que funcionam como barreiras),
aumentando a repercussão de traumas mecânicos e infecções • Escala de rockwood
de pele. Células apresentadoras de antígeno, neutrófilos, NK,
linfócitos T e B estão comprometidos também O índice é representado por uma ferramenta de 9 critérios em
que o paciente é classificado de acordo com o conjunto de
Assim, o idoso frágil fica suscetível a infecções bacterianas, déficits que ele apresenta, assim, tem-se 2 resultados:
como a pneumonia, a processos autoimunes e etc
- Muito apto = paciente robusto = saudável e não frágil
Além disso, eles tendem a ter uma cronicidade e exacerbação - Gravemente frágil = paciente completamente dependente
do estado inflamatorio basal: aumento de IL-6 e TNF-a dos outros para fazer suas atividades diárias ou aqueles que
estão em estado terminal, próximo da morte
SISTEMA NERVOSO

Na fragilidade, a redução da força muscular também está


relacionada com alteração na junção neuromuscular (neurônio
+ músculo) e nos neurônios motores

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

É importante diferenciar a sindrome da fragilidade no idoso de


outras afecções que possuem sintomatologia semelhante:
incapacidade, comorbidades, sarcopenia e caquexia

Obs: lembrar que a fragilidade é um quadro que envolve


muitos sistemas, é de instalação lenta e promove
vulnerabilidade da regulação da homeostase

• Incapacidade: se instala de maneira aguda e compromete 1


sistema só, como o AVC que evolui para a permanência das
sequelas, mas não necessariamente implica na instabilidade
da homeostase

• Comorbidades: não estão associadas a redução de


reservas de muitos sistemas e inadequação da homeostase

• Sarcopenia: é a redução da massa muscular relacionada


com envelhecimento + redução da força e função. Ela pode
estar presente dentro da síndrome ou sem os outros fatores
associados

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fragilidade
• Modelo do fenótipo de fragilidade
TRATAMENTO
São os critérios mais frequentemente empregados, composto 5
diferentes critérios. NÃO FARMACOLÓGICO
- Idosos frágeis: possui 3 ou + critérios Abordagem nutricional: deverá ser feita a prescrição de
- Idosos pré-frágeis: 1 ou 2 dietas com reposição proteicas e calóricas para poder reduzir a
- Não frágeis: nenhum critério perda de massa magra e promover a melhoria do estado
energético, ambos reduzidos na fragilidade

Atividade física: importante para a sarcopenia, na prevenção


Os valores de corte adotados por Fried et al., que são da perda de massa muscular e na recuperação dela. Além de
aplicados na maioria das pesquisas nacionais, são melhorar a mobilidade, a força e a velocidade da marcha
apresentados:
FARMACOLÓGICO

Em muitos casos, além dos exercícios e da ingesta


proteica, outras medidas podem ser interessantes, mas
infelizmente poucas são as evidências em relação à
eficácia de medicamentos ou substâncias, como reposições
hormonais, por exemplo.

• Testosterona: comprovado que a reposição de


testosterona melhora a massa muscular em homens idosos,
mas está indicada em casos de hipogonadismo confirmado
por quadro clínico e exames laboratoriais

• Hormônio do crescimento (GH): pacientes idosos


sarcopênicos leva ao aumento da massa muscular sem, no
entanto, aumentar a força muscular

• Vitamina D: existe evidência suficiente para que seja


recomendada suplementação de vitamina D nos muito
idosos pré-frágeis e frágeis com níveis séricos < 30.
CRITÉRIOS LABORATORIAIS

Mesmo que, dada a fisiopatologia da fragilidade, diversos PREVENÇÃO


exames laboratoriais possam estar alterados (marcadores de
aumento da atividade inflamatória, redução da creatinina
sérica, redução da albumina sérica, anemia, alterações • mudanças no estilo de vida (quando indicadas)
hormonais), nenhum destes testes, empregados isolados ou • suspensão do tabagismo, álcool e substâncias psicoativas
em conjunto, possibilita o diagnóstico de fragilidade ou para • tratamento rigoroso de doenças crônicas e rápido de
ele contribui de modo definido doenças agudas.
• alimentação balanceada e diversificada, manutenção de
atividade física adequada e o uso judicioso de
medicamentos
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S!copenia
DEFINIÇÃO ETIOLOGIA E PATOGÊNESE

É uma síndrome caracterizada pelo perda progressiva e 1. Falta de atividade física


generalizada (ou seja, acontece no corpo todo) por 3 fatores:
massa muscular, função muscular e força muscular 2. Baixa ingestão calórica e proteica

Obs: atualmente ela é considerada como uma síndrome porque 3. Modificações hormonais (insulina, estrógeno, GH e IGF-1,
ela tem uma prevalência alta nos idosos, possui múltiplos testosterona, DHEA, vitamina D e paratormônio)
fatores etimológicos e consequências ruins para os idosos.
4. Elevados níveis de citocinas

ENVELHECIMENTO E MASSA MUSCULAR 5. Perda da função neuromuscular

A perda de massa muscular não deve ser preocupante apenas 6. Disfunção mitocondrial
no envelhecimento, mas sim observada durante toda as fases
7. Apoptose
da vida, porque existe associação entre o baixo peso ao nascer
e menor forca de preensão palmar ao envelhecer, por exemplo 8. Influência genética

O pico de massa muscular em uma pessoa saudável ocorre por


volta dos 25 anos, mas por volta dos 50-80 ocorre a maior
perda dela, tanto no número de fibras quanto do tamanho delas FALTA DE ATIVIDADE FÍSICA
Redução do número: ocorre de maneira proporcional entre as Não só na sarcopenia, mas em qualquer
fibras do tipo I (contração lenta) e II (rápida), principalmente a idade a falta de atividade física contribui para
IIB a perda de massa muscular
Redução do tamanho: ocorre predominantemente entre as do Atividades aeróbicas: como caminhar,
tipo IIB correr, pedalar ou nadar, aumentam o
consumo máximo de oxigênio, possui
diversos benefícios:

• melhoram a adaptação neuromuscular


• função muscular
• diminuição da morbidade e mortalidade nessa população
• Ativa células satélites = maior síntese proteica

Exercício resistido: Porém a musculação (exercícios resistido)


é bem melhor para a hipertrofia, força e qualidade muscular

BAIXA INGESTA CALÓRICA E PROTEICA

A baixa ingestão calórica e proteica nos idosos provoca a


menor síntese de proteína muscular e ela está relacionada com
o desenvolvimento da fragilidade, por fatores como:

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S!copenia
• Anorexia do envelhecimento PERDA DA FUNÇÃO NEUROMUSCULAR
• Diminuição do apetite
• Redução do paladar e olfato A contribuição neurológica para a
• Alteração na dentição sarcopenia ocorre com a perda de
• Alteração da saciedade (aumento da liberação de
neurônios motores-alfa, iniciando aos
colecistocinina e elevação da leptina - hormônio que diminui
70 anos (perde 50%) e afetando
o apetite)
principalmente os membros inferiores .
Isso resulta no declínio da ativação da
MODIFICAÇÕES HORMONAIS coordenação muscular + diminuição da força muscular

Insulina: a sarcopenia é acompanhada do Além disso, o número de células satélites também diminuem no
aumento progressivo da gordura corporal + envelhecimento, dando prejuízo para a síntese muscular
gordura intramiocelular = provoca resistencia à principalmente para as fibras do tipo II (contração rápida)
insulina = menor taxa de síntese proteica
DISFUNÇÃO MITOCONDRIAL
Estrógeno: os efeitos nos músculos são controversos, m a s
há dados que sugerem que o estrógeno previne a perda da
O DNAmt do músculo sofre danos cumulativos
massa muscular porque com o seu declínio no envelhecimento,
no envelhecimento, isso reduz ATP + taxa de
aumentam os níveis de citocinas pró-inflamatórias envolvidas
síntese proteica muscular = morte das fibras e
na sarcopenia (TNF e IL-6)
perda de massa muscular
GH e IGF-1: eles declinam com a idade e contribui para a
Além disso, há relação entre a inatividade física e inicio do
sarcopenia. A reposição de GH diminui a gordura corporal,e
processo de disfunção mitocondrial, por isso que os exercícios
aumenta a massa muscular. O IGF-1 ativa as células satélites
podem atenuar esse processo também
para aumentar a síntese proteica. No envelhecimento a gente
perde esses benefícios
APOPTOSE
Testosterona: dentre suas funções, ela provoca aumento das
células satélites musculares e aumenta a síntese proteica, Existem 2 vias apoptóticas: caspases-depfndente e caspase-
massa e força muscular. Porém, seus níveis caem de modo independente e o envelhecimento aumenta os níveis das
progressivo no homem idoso caspases, além de outros fatores como

Deidroepiandrosterona (DHEA): é outro hormônio • Mutação cumulativa do DNAmt


anabolizante que declina com a idade • Estresse oxidativo
• Diminuição dos fatores de crescimento
Vitamina D e paratormônio: os níveis de vitamina D diminui • Imobilidade
com a idade e ela também exerce efeito no anabolismo
muscular. Quando a vitamina D diminui, o PTH aumenta, Assim, o aumento dessas proteases provoca a apoptose
provocando a desmineralização óssea e o risco de quedas acelerada dos miócitos, provocando a perda de massa
muscular
ELEVADOS NÍVEIS DE CITOCINAS
INFLUÊNCIA GENÉTICA
O envelhecimento está associado ao aumento
gradual e cronico da produção de citocinas pró- Fatores genéticos são os principais fatores relacionados com a
inflamatórias: IL-6 e TNF-a. Funcionam como variabilidade da força muscular de um indivíduo. Isso porque a
estimulo catabólico, aumentando a quebra das força muscular individual, o desempenho da atividade dos MMII
proteínas das fibras musculares e habilidade para fazer as atividades básicas do dia dia podem
ser explicados pela hereditariedade
O aumento das citocinas estimula a ubiquitina
protease, elevando a degradação de proteínas e, além disso, Sarcopenia e baixo desempenho físico no idoso também estão
diminui a produção do IGF-1, o que constitui um desequilíbrio associados a baixo peso ao nascimento em homens e
entre a síntese e a degradação de proteínas musculares. mulheres, independentemente do peso e da estatura
alcançados na idade adulta.
O TNF-α estimula a perda de massa muscular por meio da
ativação da via apoptótica. Polimorfismos nos genes ACE (enzima conversora de
angiotensina) e VDR (receptor de vitamina D) têm sido
associados à sarcopenia

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S!copenia
CLASSIFICAÇÃO E ESTÁGIOS DA SARCOPENIA MASSA MUSCULAR

Métodos de imagem corporal:


CLASSIFICAÇÃO Tomografia, ressonância magnética e
densitometria de corpo inteiro são os três
Na maioria dos idosos, a causa é multifatorial e por isso é bem mais usados. Mas o custo elevado, baixa
difícil classificar a sarcopenia em primária e secundária disponibilidade e preocupação em relação
à radiação limitam a utilização desses
• Primária: sarcopenia causada pelo envelhecimento métodos
• Secundária: sarcoepnia causada por uma ou mais causas
evidentes (atividade física, doenças e nutrição) Bioimpedância: estima o volume de
gordura e a massa muscular do
indivíduo. O método tem custo mais
baixo que os métodos de imagem
corporal e tem, dentre outras
características, o fato de ser um recurso
portátil e de fácil manuseio, que pode ser utilizado em idosos
ambulatoriais ou acamados.

Medidas antropométricas: a medida da


circunferência da panturrilha se relaciona
ESTÁGIOS com a massa muscular, mas pode ser
atrapalhada por gordura subcutânea e
Os estágios da sarcopenia estão envolvidos com sua edema, por isso é mais usada em idosos
gravidade, por isso, temos 3: pré-sarcopenia, sarcopenia e frágeis do que saudáveis ou obesos. Medida
sarcopenia grave < 31cm está relacionada com a incapacidade
funcional
• Pré: só tem diminuição da massa muscular
• Sarcopenia: diminui massa + força ou diminui massa + FORÇA MUSCULAR
desempenho físico
• Sarcopenia grave: os 3 fatores do diagnostico estão Força de preensão palmar: A força isométrica de preensão
presentes palmar é fortemente relacionada com a potência muscular dos
membros inferiores, com a amplitude de extensão dos joelhos
e com a área de secção transversal da musculatura da
panturrilha. Força de preensão palmar diminuída é melhor
marcador clínico de comprometimento da mobilidade do que
baixa massa muscular

IDENTIFICAÇÃO NA PRÁTICA CLÍNICA

Os parâmetros para identificação da sarcopenia são a


quantidade de músculo e suas funções. As variáveis
mensuráveis são a massa, a força e o desempenho físico

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S!copenia
Flexão e extensão do joelho: pode ser realizada por diversos
equipamentos. Contudo, sua utilização na prática clínica é
limitada, uma vez que são necessários equipamentos
especiais de custo elevado

Pico de fluxo expiratório: Em idosos sem doença pulmonar, o


pico de fluxo expiratório é determinado pela força dos
músculos respiratórios. Apesar de ser um método de baixo
custo, faltam estudos que o correlacionem com a sarcopenia.

DESEMPENHO FÍSICO

1. Short physical performance battery (SPPB): O SPPB é 3. Timed up and go test (TUTG): O teste avalia o tempo que o
um instrumento que avalia o desempenho físico por meio de indivíduo leva para se levantar de uma cadeira, andar 3 metros,
testes de equilíbrio, velocidade da marcha, além de força e retornar e sentar. Esse teste também avalia o equilíbrio
resistência dos membros inferiores. Avalia várias coisas: dinâmico do indivíduo.
• habilidades, como capacidade de permanecer com os pés
juntos, lado a lado 4. Stair climb power test (SCPT): SCPT tem sido proposto
• com o calcâneo do pé da frente encostado no hálux do pé como medida clínica relevante de avaliação de potência
de trás, e com o calcâneo do pé da frente encostado em muscular dos membros inferiores. O teste avalia o tempo que o
todos os dedos do pé de trás indivíduo gasta para subir 6 lances de escadas de 12 degraus.
• tempo que o idoso leva para caminhar 3 metros Antes de iniciar a avaliação, o indivíduo é orientado a realizá-
• tempo gasto para levantar de uma cadeira e retornar à lo no menor tempo possível
posição sentada após 5 movimentos

Portanto, trata-se de instrumento completo, o qual tem sido QUESTIONÁRIO DE RASTREAMENTO


recomendado como medida padrão de desempenho físico,
tanto em pesquisas quanto na prática clínica
Recentemente, um questionário com 5 perguntas simples foi
2. Velocidade da marcha: faz parte do SPPB, mas pode ser desenvolvido para auxiliar no rastreamento da sarcopenia -
SARC-F. Ele vai de 0 a 10, sendo que a pontuação ≥ 4 é
utilizada como parâmetro isolado para avaliar desempenho
preditiva de sarcopenia. Os componentes avaliados são:
físico. Nesse teste, é medido o tempo, em segundos e
milésimos de segundo, que o indivíduo leva para percorrer 3 ou • Força
4 metros. A velocidade é calculada a partir da média obtida • Caminhada
após 3 tentativas • Levantar da cadeira
• Subir escada
• Quedas

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S!copenia
DIAGNÓSTICO DIFERENCIADO TRATAMENTO

A sarcopenia é encontrada em outras síndromes que cursam NÃO FARMACOLÓGICO


com grande perda de massa muscular. A diferenciação delas é
importante para que se identifique a abordagem diagnóstica e Exercício físico
terapêutica apropriada para cada condição
A sarcopenia pode ser prevenida, retardada ou parcialmente
revertida com treinamentos que melhorem a força, potencia e
CAQUEXIA
resistência muscular. Isso pode ser feito principalmente com
exercícios de resistência. Para os idosos obesos, a melhor
Condição clínica em que o idoso com doenças sistêmicas estratégia é combinar exercícios de resistência + aeróbicos
graves, como câncer, insuficiência cardíaca, doença pulmonar
obstrutiva e doença renal em estágio terminal, apresenta Iniciar com exercícios leves e progredir lentamente para os
intensa perda de peso. mais intensos, respeitando a limitação de cada um. Podem ser
realizados os exercícios de resistência 2x por semana em dias
Também é caracterizada por perda muscular, com ou sem não consecutivos e nos outros colocar exercícios aeróbicos
perda de gordura, frequentemente associada a inflamação,
resistência à insulina, anorexia e quebra das proteínas
musculares.

Portanto, muitos indivíduos caquéticos são também


sarcopênicos. Todavia, muitos indivíduos sarcopênicos não
são considerados caquéticos

FRAGILIDADE

Fragilidade é uma síndrome biológica de diminuição da


capacidade de reserva homeostática do organismo e de Nutrição
resistência aos estressores, que resulta em declínios
cumulativos em múltiplos sistemas fisiológicos, causando Alimentos ricos em proteína, como a do soro do leite (rica em
aumento da vulnerabilidade e de eventos adversos como leucina) ou suplementos nutricionais por via oral podem ser um
quedas, hospitalização, institucionalização e morte. meio prático e de baixo custo para adicionar fornecimento de
proteína.
A fragilidade e a sarcopenia se sobrepõem. Muitos idosos
frágeis mostram-se sarcopênicos e alguns idosos com Atualmente, recomenda-se ingerir entre 1,2 e 1,5 g/kg de
sarcopenia são também considerados frágeis. O conceito peso por dia para prevenir e tratar a sarcopenia.
geral de fragilidade, contudo, deve considerar não somente o
aspecto físico, mas também aspectos psicológicos, como a É importante que haja distribuição igualitária da quantidade de
função cognitiva, e aspectos sociais e ambientais. proteína entre as três principais refeições (café da manhã,
almoço e jantar) para produzir síntese máxima de proteína e
OBESIDADE SARCOPÊNICA com isso, maior resposta anabólica

Condição clínica em que tem-se sarcopenia + obesidade em


condições como o próprio envelhecimento, câncer ou artrite FARMACOLÓGICO
reumatoide por exemplo, em que a massa magra é perdida
enquanto a gorda é aumentada ou preservada Testosterona

OSTEOPOROSE Em idosos saudáveis, a reposição de testosterona pouco


aumenta a massa muscular e praticamente não melhora a
A prevalência de sarcopenia, osteopenia e osteoporose força muscular. Já em idosos hipogonádicos, essa reposição
sabidamente aumenta com a idade. Portanto, manter ou contribui no aumento tanto da força muscular quanto do
aumentar a massa magra pode auxiliar a preservar a desempenho físico por aumentar a massa muscular ao
densidade mineral óssea dos idosos. estimular a síntese de proteínas musculares.

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S!copenia
Deidroepiandrosterona (DHEA)

Seus níveis diminuem com o envelhecimento, mas não há


estudos que mostraram aumento de massa e força muscular
com sua reposição.

Nandrolona

É um esteroide anabolizante injetável de baixo custo, sua


administração diminui fraturas e aumenta massa muscular.
Estudos mostraram aumento de força muscular em pacientes
com AIDS e doença pulmonar obstrutiva crônica. Mas precisa
de mais estudos para recomendar na sarcopenia

GH (hormônio do crescimento)

Aumenta massa muscular sem aumentar a força, embora


também esteja associado com o aumento de efeitos adversos,
como edema, artralgia, etc. Atualmente, não há evidências
suficientes para recomendar a terapia de suplementação de
GH no tratamento da sarcopenia.

Vitamina D

Aumenta força muscular e desempenho físico, contribuindo


para reduzir o risco de quedas e fraturas. A dose deve ser
maior do que os 800 U/dia usados para reduzir risco de fraturas
e quedas no idoso.

Inibidores da ECA

Como a angiotensina II aumenta os níveis de citocinas pró-


inflamatórias, provocando perda muscular, podemos considera-
la como fator de risco para sarcopenia, sendo que a ativação
do sistema renina-angiotensina-aldosterona contribui para a
progressão da sarcopenia. Assim, os inibidores diminuiriam os
marcadores inflamatórios, diminuindo, assim, a perda muscular

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Transtorno cognitivo e Demências
Obs: importante salientar que o diagnostico da síndrome
ENVELHECIMENTO CEREBRAL demencial só pode ser feito quando o estado confusional
(delirium) for afastado

TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO LEVE (TNL)

Como visto, o envelhecimento normal traz consigo o declínio


gradual de funções cognitivas, que são comuns as que não
caracterizam demência, mas podem ganhar significância clinica
quando prejudicam as atividades de vida diária (AVD) do idoso

Muitos termos são usados para se referir aos idosos com


queixas importantes de memória, mas que não preenchem os
critérios da demência, são eles:

• Alteração da memória relacionada com a idade


• Declínio cognitivo associado ao envelhecimento
• Transtorno cognitivo leve
Os sintomas mais frequentes relatados por idosos de 60-70 • Fase pré-clínica da doença de alzheimer
anos são mudanças cognitivas, principalmente queixas do • Transtorno neurocognitivo leve (também chamado de
delicio de memória, só que nem todo esquecimento é normal comprometimento neurocognitivo leve - CNL)
ou inevitável nos idosos, principalmente naqueles que possuem
boa saude DEFINIÇÃO DO TNL OU CNL

Por isso, existe as classificações de (1) delírio cognitivo Proposto para se referir aos
relacionado com a idade (2) transtorno cognitivo leve e (3) idosos que não tem
comprometimento cognitivo leve demência, mas possui um
leve deficit cognitivo que se
O declínio da memória está relación ado principalmente com a manifesta em alterações de
deterioração do hipocampo, durante o envelhecimento normal, memória (principalmente) e
sem que haja perda significativa de neurônios outras funções cognitivas:

DEMÊNCIA E DELIRIUM • Disfunção intelectual


ou cognitiva: ausências,
O geriatra deve distinguir as mudanças fisiológicas das distúrbios de memória e,
patologicas que podem ocorrer no envelhecimento para poder na evolução, alteração
diferenciar situações reversíveis das irreversíveis na orientação tempo- espacial e dificuldade de linguagem.

Situações reversíveis: depressão, quadros endócrinos (hipo/ • Alteração de humor e sensação de bem-estar: falta de
hipertireoidismo, doença de Addison, Cushing etc), má nutrição, interesse, grosseria no tratamento, ansiedade, labilidade de
anemia. Eles podem provocar quadros confessionais agudos = humor e tendência à depressão.
delirium, que podem ser confundidos com demência
• Comportamento: apatia, irritabilidade e agressividade.
Porém, na persistência dos sintomas, após o tratamento da
causa, pode-se pensar na presença de alguma demência Obs: não tem dificuldade de executar atividades diárias
irreversível
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Transtorno cognitivo e Demências
- Criterios para o diagnóstico de TNL: TNL E RISCO DE PROGRESSÃO PARA A DOENÇA DE
ALZHEIMER

pessoas que possuem o TNL


podem progredir para a DA se
tiverem o alelo da apolipoproteína
E (ApoE), a partir de 2 caminhos:

1. progredir para o mesmo


processo degenerativo que
SUBTIPOS DE TNL acontece no alzheimer

Existem vários subtipos de TNL, resumidos no quadro abaixo: 2. Vulnerabilidade do sujeito aos fatores biológicos que
aumentam o risco de progredir para DA, como alterações
cerebrovasculares

Processo neurodegenerativo da DA

A clivagem errada da proteína precursora do amilóide (APP) =


depósito do peptídeo amilóide entre as conexões neuronais =
degenera as sinapses + ativa a hiperfosforilação da proteína TAU
intraneuronal = causa a morte dos neurônios

Além disso, outro estudo mostrou evidências convincentes de


que a atrofia do hipocampo é preditivo para a conversão para
a DA, ou seja: quanto menor o hipocampo, mais acelerada vai
ser a conversão para a DA

Assim, a quantificação da atrofia


hipocampo serve como um método
auxiliar no diagnostico pré-clinico da DA
que pode ser feito nos pacientes com
TNL (ressonância magnética) para ver
se eles possuem chance de evoluirem
Além desses, também tem o TNL vascular, que ainda está em para demência
estudo e analise. Ele está relacionado com doença
cerebrovascular, principalmente com os microinfartos cerebrais
TNL COMO PREDITOR DE DEMÊNCIA
As alterações cognitivas vão decorrer das lesões subcorticais,
Existem estudos que admitem que indivíduos com TNL,
afetando os circuitos que conectam o córtex frontal com os
principalmente do tipo amnésico, acompanhado de (abaixo)
núcleos da base
seguramente iriam ter DA:
Fatores de risco: HAS, DM, sedentarismo e obesidade,
tabagismo, hipercolesterolemia etc • Redução [Ab1-42] no liquor
• Elevação de proteina TAU no liquor
• Características semiológicas • Redução de volume do lobo temporal
• Redução de volume do hipocampo e córtex entorrinal
Bradipsiquismo
Nesse contexto, o TNL se enquadraria como uma condição
Pensamento abstrato pobre
prodrômica (sinal, indício) de uma doença de alzhiemer que já
Comprometimento da linguagem
esta em curso, ainda em estágio pré-demencial
Comprometimento da atenção e da organização
visuoespacial
Comprometimento da memória episódica e de trabalho SINTOMAS NEUROPSIQUIÁTRICOS ASSOCIADOS AO TNL
Pode ser acompanhada de parkinsonismo (distúrbio de
marcha e tremor em repouso) Esses sintomas também ocorrem na demência, só que na TNL
Atividades diarias razoavelmente preservadas são menos frequente e de menor intensidade, são eles:

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Transtorno cognitivo e Demências
• Apatia e depressão
• Disforia SÍNDROMES DEMENCIAIS
• Ansiedade
• Irritabilidade e agitação psicomotora A demência é uma síndrome caracterizada pelo
• Alterações do sono comprometimento cognitivo progressivo de pelo menos 2
domínios + perda da funcionalidade (começa ficar dependente)
Em resumo, o TNL está associado a sintomas
neuropsiquiátricos, principalmente depressão e apatia, e as Dentre os dominios cognitivos, destacam-se: memoria,
características neuropsiquiátricas desta condição linguagem, capacidade de atenção, perceptormoras, funções
assemelham-se claramente às manifestações executivas etc
psicopatológicas da DA em fase inicial, podendo, inclusive,
abrir este quadro demencial. DOMÍNIOS COGNITIVOS
Ou seja, pessoas com TNL que apresentem esses sintomas • Memória - no inicio, amnesia anterógrada, depois, perde
tem o risco aumentando de evoluir para a DA também memória remota
• Linguagem - dificuldade para nomear os objetos e fluência
TRATAMENTO • Capacidade da escrita - solicitar para o paciente desenhar
algo ou fazer uma mimica para verificar (cuidado com o nível
Muito controverso, pois os medicamentos não são isentos de de alfabetização)
efeitos adversos, tem custo financeiro e poderiam causar • Capacidade de atenção - pode ser sustentada, dividida e
preocupações psicológicas ao paciente e sua família. seletiva
Podemos dividir o TNL de origem vascular e os outros tipos: • Agnosias - dificuldade de reconhecer principalmente a
topografia, por isso os pacientes se perdem facilmente
• TNL vascular • Funções executivas - não consegue planejar direito as
atividades, então vai ter uma apraxia
O ideal é se basear no controle dos fatores de risco para a • Cognição social - tem alterações nas emoções, como a
demência vascular: perda de empatia

- Tratar/controlar: obesidade, hipercolesterolemia, hiper-


homocisteinemia, HAS, DM, Arritmia cardíaca

- Estimular: Hábitos saudáveis, incluindo pratica regular de


atividade física, dieta adequada, cessar tabagismo

• Outros tipos de TNL (principalmente amnésico)


Como pode ser um estagio precoce da DA, é preconizado um
programa multidisciplinar de intervenção, que inclui varias
estratégias:

- Estimular o acompanhamento clínico e de suporte


psicológico;
- Programa de reabilitação e manutenção da atividade
cognitiva;
- Estilo de vida saudável com dieta adequada e atividade EPIDEMIOLOGIA
física regular.
- Planejamento dos compromissos financeiros e de recursos Altamente prevalente em idosos, acima de 85 anos (25 a 45%),
para a aposentadoria, seguro de saúde e organização das além disso, ela dobra a partir dos 60 anos, por isso é uma
condições necessárias à vida cotidiana. manifestação bem característica do envelhecimento. A doença
de Alzheimer (DA) é a principal causa de demência no
mundo.

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Transtorno cognitivo e Demências
A avaliação desses elementos também é realizada por meio de
testes cognitivos como:

• Mini-mental (MEEM): avalia a orientação espacial,


temporal, memória imediata e de evocação, cálculo,
linguagem-nomeação, repetição, compreensão, escrita e
cópia de desenho ofertando pontuações para cada quesito.

• Montreal cognitive assessment (MoCA): mais sensível


que o MEEM, é mais complexos com diversos comandos:
desenhar cubos e relógios, nomear animais não
comumente vistos no dia a dia, teste de atenção, memória,
linguagem, abstração, evocação de memória tardia e
perguntas de evocação

• Bateria breve de rastreio cognitivo: teste que dura 7


CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA DEMÊNCIA minutos e pede pro paciente nomear figuras, testa memória
imediata e o aprendizado, fluencia verbal, desenhar um
relógio marcando uma hora exata
CRITÉRIOS DO DSM-V

• Declínio em 1 ou mais domínios cognitivos EXAMES SUBSIDIÁRIOS PARA RASTREIO DE DEMÊNCIAS


REVERSÍVEIS
Deve ser investigadas as queixas dos pacientes e dos
acompanhantes que relatam esquecimento, irritabilidade, o
paciente ficou “estranho" e também a aplicação de testes
cognitivos

• Prejuízo funcional das atividades instrumentais da vida


diária (AIVD) e atividades básicas de vida diária (ABVD)

• Excluir delirium e doenças psiquiátricas

CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A ETIOLOGIA

As demências possuem várias etiologias e para entender


melhor, dividiu-se em situações que causam comprometimento
estrutural do SNC e aquelas que não causam
comprometimento

COM COMPROMETIMENTO ESTRUTURAL DO SNC

Temos as demências primárias ou irreversíveis: são as


demências degenerativas, em que o evento principal que leva
a deterioração cognitiva é a degeneração e morte dos
neurônios do SNC. As lesões causam danos progressivos ao
cérebro que não podem ser revertidos ou interrompidos. Como
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
exemplos dela:
O diagnostico da demência é 100% clínico, associado a uma
anamnese adequada e a avaliação cognitiva dos domínios • Doença de Alzheimer (DA)
• Corpúsculos de Lewy
• Linguagem, memória e aprendizagem, função executiva, • Demência Frontotemporal (DFT)
atenção complexa, perceptomotor, cognição social • Doença de Parkinson (DP)
• Doença de Huntington (DH)
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Transtorno cognitivo e Demências
• Paralisia progressiva supranuclear (PSP)
• Degeneração corticobasal (DCB) DOENÇA DE ALZHEIMER (DA)
• Atrofia de múltiplos sistemas (AMS)
É uma doença neurodegenerativa progressiva em que se tem a
Além disso, também existem as demências secundárias ou deteriorização da memória e cognição + efeitos na
reversíveis: são aquelas que apesar de causarem danos ao funcionalidade, principalmente nos estágios mais avançados
cérebro, podem ter seus sintomas revertidos. A exemplo:
Epidemiologia: representa 70-80% dos casos de demência e
• Doença cerebrovascular (AVC) acredita-se que há tendências do aumento desse número por
• Tumores do SNC causa do envelhecimento populacional
• Hidrocefalia de pressão normal (HPN)
• Infecções (sífilis e HIV principalmente)
FATORES DE RISCO E PROTETORES

SEM COMPROMETIMENTO - TÓXICO METABOLÍCAS

Também se encaixam como secundárias e por isso são


reversíveis, elas podem ser rastreadas pelos exames
complementares, como os de laboratórios

• Hipotireoidismo
• Insuficiências (renal, hepática, cardíaca e de vitaminas B12) - Não modificáveis: idade, historia familiar positiva, gene
- Ambientais: baixo nível educacional, hipercolesterolemia,
Assim, nem toda demência é irreversível, o mnemônico para HS, DM, tabagismo, trauma e inatividade física
ajudar lembrar das causas é DEMENTIA:
NEUROPATOLOGIA

Principais achados neuropatológicos: atrofia cerebral


progressiva, formação de placas senis (PS) ou neuríticas e
emaranhados neurofibrilares (ENF)

Formação de PS (extracelular)

São formadas por acúmulo extracelular de proteína b-amiloide,


que causa 2 efeitos subsequentes:

1. C l i v a g e m a n o r m a l d a
proteina precursora de
amilóide (APP) = erro
enzimático + oxidação +
inflamação + ativação de
apoptose e morte neuronal
CLASSIFICAÇÃO QUANTO GRAVIDADE
2. Mudança da função colinérgica e de outros
A graduação da demência é realizada pelo comprometimento neurotransmissores = prejuízo nas sinapses
funcional:
Formação de ENF (intracelular)
- Leve: ainda não há alteração funcional, ou se existir está
relacionada com a atividades instrumentais
- Moderada: perda importante de atividades instrumentais e Aqui entra o papel da proteína
básicas de vida moderadamente afetada TAU que, quando
- Grave: perda da capacidade de realizar atividades básicas hiperfosforilada, formam os
emaranhados neurofibrilares
dentro da célula

O resultado é a morte
neuronal e o aumento do
liquido cefalorraquidiano (LCR)
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Transtorno cognitivo e Demências
QUADRO CLÍNICO • Fase avançada (8 a 12 anos)

São evidentes as alterações cognitivas que envolvem a - Todas as funções cognitivas gravemente afetadas,
memória, linguagem, praxia, gnosia e função executiva dificuldade para reconhecer faces e espaços familiares
- Perda total da capacidade de realizar atividades diária = fica
Dentre esses, a memória é o que mais está alterado, totalmente dependente
começando por uma amnésia anterógrada (como esquecer a - Alterações graves da linguagem, o paciente se comunica
panela no fogão e o número de celular que gravou para discar) por ecolalia e sons incompreensíveis
e com o passar do tempo, a perda da memória remota. Além - Ficam acamados, incontinência urinária e fecal
disso, há um prejuízo no aprendizado e na retenção de - Morte geralmente por complicações da síndrome de
informações novas imobilismo ou por pneumonia e infecção urinária

Manifestações não cognitivas: também podem estar DIAGNÓSTICO


presentes, como os sintomas comportamentais e psicológicos -
depressão, ansiedade, apatia e irritabilidade Sempre avaliar a historia clínica de forma detalhada +
aplicação dos teses de cognição e, se necessário, auxiliar
• Depressão da DA = isolamento social, humor deprimido, com exames complementares como a ressonância magnética
sentimento de inutilidade, pensamento de morte e suicídio que poderá evidenciar
a atrofia hipocampo
• Psicose da DA = alucinações visuais e auditivas + ideias
delirantes presentes há pelo menos 1 mês

• Apatia da DA = perda de motivação no comportamento


emocional (iniciar conversas, participar em atividades
sociais), no pensamento intencional (manter curiosidade O PET-CT também é um exame
sobre novidades ou eventos de rotina) e perda emocional importante porque mede a
(manter afeto com as pessoas, ficar feliz com conquistas, atividade de glicose no SNC, logo, regiões atrofiadas poderão
ficar tristes com perda) ter diminuição da glicose

ESTÁGIOS DE PROGRESSÃO

Existem 3 estágios da doença, pois a progressão e a


manifestação clinica podem ser variáveis

• Fase inicial (2 a 3 anos de duração)


- Sintomas vagos e difusos, de modo insidioso
- Comprometimento da memória episódica
- Deficit de evocação da memória (não consegue recordar
datas, compromissos etc)
- Dificuldade para encontrar as palavras
- Desorientação no tempo e espaço DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Perda da concentração, alterações de comportamento
(explosivo, ansioso, hiperativo) e retraimento social • TNL: deficit cognitivo mais leve, mas não tem
comprometimento das atividades funcionais instrumentais e
• Fase intermediária (de 2 a 10 anos de duração) básicas de vida
- Deterioração mais acentuada da memória • Delirium: frequentemente coexiste com a demência, e a
- Surgem: afasias, agnosia, apraxia, alteração visuoespacial demência é um fator de risco para o delirium. Delirium é
- Vocabulario empobrecido, dificuldade de compreensão agudo e demência é algo progressivo
- Perda da funcionalidade de atividades instrumentais
(cozinhar, dirigir) e básicas (comer, tomar banho) • Depressão: podem ter sintomas na demência também
- Sintomas motores extrapiramidais: alteração da postura e (como deficit de memória, perda da concentração e atenção,
marcha, aumento do tônus e sinais de parkinsonismo alteração do sono e apetite). Uma prova terapêutica é fazer
o uso de antidepressivo

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Transtorno cognitivo e Demências
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO

Não há tratamento com evidência de cura ou interrupção de A estimulação cognitiva é o principal aspecto do tratamento,
avanço da doença. Dentre os mais utilizados são pois favorece o retardamento da perda de funcionalidade.
anticolinesterásicos e memantina.
• Para o paciente
O tratamento farmacológico se restringe aos sintomas, pois ;e
capaz de fornecer efeitos benéficos no aspecto cognitivo, - Técnicas cognitivas (treinar a memória por meio da
comportamental e funcional estimulação da arte e da música, por exemplo)
- Acompanhamento nutricional (principalmente quando tiver
• Anticolinesterásicos ou inibidores da colinesterase altercar de peso e hábitos dietéticos)
(IChE) - Fisioterapia (para aqueles que tem alteração de marcha
equilíbrio e perda da força muscular)
É usado porque muitos dos sintomas cognitivos, funcionais e - Fonoaudiólogo (para os estágios inicias e quando tiver
comportamentais que acontecem na DA estão associados na distúrbio de deglutição)
depleção de neurônios colinérgicos do Núcleo Basal de
Meynert + redução da acetilcolina pela fisiopatologia • Para a família e os cuidadores
Ação: inibem a hidrólise enzimática da ACh pela - Grupos de apoio (promoção do bem-estar, troca de
acetilcolinesterase (AChE), promovendo o aumento de experiência)
acetilcolina na fenda sináptica - Atendimento familiar (orientação, discussão e
aconselhamento para proporcionar melhor condução dos
Medicamentos recomendados pela ANVISA no Brasil: conflitos e necessidades do paciente)
donepezelina (formas leves e moderadas da DA), rivastimina
(formas leve e moderadamente graves) e galantamina (para a
DA associada à doença vascular cerebral relevante) DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL (DFT)
• Memantina
É determinada por doenças hereditárias que afetam os lobos
É a única opção terapêutica aprovada para o tratamento da DA. frontais e temporais, por isso terão alterações progressivas do
Ela é um antagonista não competitivo do receptor NMDA, que comportamento associadas a essas regiões
quando ele é muito estimulado pelo glutamato, é responsável
pela neurotoxicidade, que está envolvida na DA Epidemiologia: representa cerca de 50% dos casos e é a
segunda mais frequente dentre as neurodegenerativas, afeta
É aprovada pela ANVISA para as formas moderadamente indivíduos jovens de 45-65 anos
graves e graves da DA e para outras demências
neurodegenerativas Variações: existem 3 principais, a DFTvc (variante
comportamental), a APPvs (afasia progressiva primária variante
Dose: recomendada é de 20 mg por dia. Inicia-se com 5 mg/dia semântica) e a APPnf (não fluente ou agramática)
na 1a semana. Na 2a, 10 mg/dia, e na 3a 15 mg/dia. A partir da
4a, a dose é de 20 mg/dia. Em pacientes com FISIOPATOLOGIA
comprometimento renal moderado a dose diária deverá ser 10
mg/dia Ocorrem mutações genéticas no
cromossomo 17q21-22, no gene
FARMACOLÓGICO P/ SINTOMAS NEUROPSIQUIÁTRICOS TAU, e representam tubulopatias,
porque as anormalidades estão na
É indicado quando o tratamento não farmacológico para os proteína TAU (proteínas que
sintomas neuropsiquiatricos (depressão, apatia etc) não estabilizam os microtúbulos) ligante
tiverem apresentado eficácia do microtúbulo.

• Antipsicócitos - são os mais recomendados, sendo eficaz Assim, afetam o transporte axonal e a plasticidade neuronal e
para sintomas específicos como a raiva, agressividade etc aumentam a tendência da proteína Tau em formar agregados
• Neurolépticos atípicos neurotóxicos. Isso irá gerar uma atrofia cerebral assimétrica
• Benzodiazepínicos - indicado para pacientes com que predomina na região frontal e temporal
ansiedade aguda, episódios de agitação e para os que
precisam de sedação para procedimentos pontuais
• Antidepressivos
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Transtorno cognitivo e Demências
Importante lembrar que a DFT tem grande componente TRATAMENTO
genético, sendo comum a historia familiar positiva para a
doença Como ocorre déficit sertononinérgico, o tratamento é realizado
com inibidores da receptação de serotonina (IRSS), como
Diferentemente da DA, a sua inervação colinérgica está
trazodona e antipsicóticos = benefícios na irritabilidade,
preservada, mas há redução das vias da serotonina e
impulsividade e compulsões
dopamina
Não há evidencia de melhora com anticolinesterásicos, logo,
QUADRO CLÍNICO não há indicação formal.
DFT variante comportamental

É o fenótipo mais comum, o quadro clínico é: DEMÊNCIA COM CORPOS DE LEWY

- Alterações em comportamento social e personalidade Também é uma importante


(comprometimento orbitofrontal) demência que acomete os idosos
- Sintomas de impulsividade pós 75 anos e se caracteriza pela
- Desinibição e negligenciamento com a higiene corporal degeneração e morte neuronal. A
- Estereotipia motora e verbal sintomatologia vai ser pela perda
- Mudanças nos hábitos alimentares (prefere doce) progressiva das funções
- Apatia e falta de empatia cognitivas em decorrência da
formação de corpos de Lewy no
DFT afasia progressiva primária - variante semântica córtex cerebral
- Parece com Wernick Essa demência está inclusa no grupo das sinucleinopatias =
- ocorre degeneração progressiva da linguagem agregação anormal da proteína sináptica sinucleína. Possui
- Atrofia assimétrica anterolateral do lobo temporal características clinicas e patol'pgicas parecidas com a de
- Redução da fluência e compreensão da linguagem oral Parkinson
- Perde o significado das palavras e conhecimento dos
objetos (memória semântica)
- Anomia FISIOPATOLOGIA
- Fonologia, sintaxe e repetição preservados
São observadas placas neuróticas em áreas do neocórtex em
grande densidade, mas o aspecto patológico mais marcante é
DFT afasia progressiva não fluente
a presença dos Corpos de Lewy (CL)
- Parece com Broca
- Os CL são compostos por proteínas neurofilamentares
Agramatismo (não conjuga os verbos)
- (ubiquitina e sinucleína), que normalmente estão presentes no
Redução da fluência verbal
- córtex (lobo temporal principalmente) e em núcleos subcorticais
Apraxia de fala (dificuldade de planejar a fala)
- (tronco e estruturas límbicas)
Compreensão oral preservada no inicio
- Com o avançar, o discurso vai ficando pobre até chegar no
A sinucleína é uma proteína sináptica que produz as vesículas
mutismo
sinópticas que se agregam e formam os CL, sendo essa
proteína o principal marcador para a demência de corpos de
DIAGNÓSTICO Lewy e da demência de parkinson, a diferença entre elas vai
ser quantitativa e que ne lewy vai ser no cortex, no parkinson
O diagnóstico ocorre de maneira geral como nas outras vai ser na substancia negra
demências:
Locais envolvidos: bulbo olfatório, núcleo dorsal do vago,
• Avaliação clínica ampliada e alguns sintomas são SNA, incluindo o sistema nervoso entérico e o tronco encefálico
bastante sugestivos da DFT, como a desinibição e
comprometimento importante da linguagem. Alterações neuroquímicas: redução dos níveis de dopamina e
acetilcolina
• Testes neurológicos também são utilizados
QUADRO CLÍNICO
• Tomografia computadorizada e ressonância magnética
são indicados para determinar o local e extensão dos danos Comprometimento cognitivo: é o sintoma mais precoce, com
cerebrais instalação insidiosa. Ocorre déficit de atenção, concentração e
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Transtorno cognitivo e Demências
perda progressiva da memória. Alterações na linguagem,
funções executivas e visuoespaciais também são vistas nessa
demência

Flutuações: ocorrem variações marcantes do estado de alerta


e de atenção, por isso tem momento. Tem momentos que o
paciente está muito bem, e de repente ele desliga

Alucinações visuais: vívidas, recorrentes, em geral não


causam medo, costumam ver crianças e animais. Geralmente o
paciente percebe que é irreal e podem relatá-las
espontaneamente

Parkinsonismo: geralmente com predomínio axial, então o


paciente vai apresentar instabilidade postural, alteração da
marcha, disartria etc. Não tem muito tremor, e também tem
hipersensibilidade e neurolépticos, por isso eles não são
usados no tratamento

Transtorno comportamental do sono REM (TCR): ocorre a TRATAMENTO


ausência de atonia dos músculos, que é normal de acontecer
durante o sono REM. Assim, o paciente vai ter intensa atividade O tratamento ocorre com as medidas de apoio e prevenção
motora, vocaliazações, sonhos vividos e assustadores de acidentes como, por exemplo, melhorando a iluminação
dos ambientes na casa, organizando horários de alimentação
Disfunção autonômica: apresentam hipotensão ortostática, e ciclo-sono vigília, retirada de tapetes e móveis que sejam
hipersensibilidade do seio carotídeo, episódios de sincope, propícios a quedas.
queda e incontinência urinária
A intervenção medicamentosa pode ser realizada com
DIAGNÓSTICO anticolinesterásicos, mas também não há evidências de
impedimento da progressão da doença. Memantina e agentes
De acordo com as diretrizes atuais, o diagnóstico da DCL exige dopaminérgicos, antidepressivos, levodopa para os sintomas
que o início dos sintomas de demência preceda ou ocorra parkinsonianos. Mas nenhum deles é aprovado
simultaneamente com os sinais de parkinsonismo. Quando o
intervalo entre o início dos sintomas parkinsonianos e o Se necessário, por sintomas graves, podem ser utilizados os
surgimento da demência é superior a 1 ano, o paciente deve medicamentos benzodiazepínicos, mas jamais neuroléptico
ser diagnosticado como tendo demência de Parkinson (pq no típico, pois tende a piorar os sintomas e gerar surtos.
parkinson a função mental deteriora anos após o inicio dos
sintomas motores)

O diagnostico de DCL depende fundamentalmente de


informações colhidas na anamnese, além daquelas colhidas no
exame físico, neurológico e avaliação cognitiva e funcional

DEMÊNCIA VASCULAR (SECUNDÁRIA)

É a doença com comprometimento cognitivo decorrente de


doença cerebrovascular (DCV) e lesão cerebral isquêmica ou
hemorrágica. As etiologias são múltiplas e as apresentações
também, porque vai depender de onde ocorreu a isquemia

Epidemiologia: atinge em
média 3 a 6% dos idosos
e pode representar de 10
a 50% de todos os casos
de demência

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Transtorno cognitivo e Demências
CLASSIFICAÇÃO SINTOMAS CLÍNICOS

Demência por múltiplos infartos: ocorrem infartos cerebrais


múltiplos, envolvendo áreas corticais e subcorticais, com
início abrupto, progressão rápida, sinais piramidais,
hemiparesia, perda hemisensorial, déficits neuropsicológicos e
prejuízo de memória

Demência por infarto estratégico: deve-se a danos em áreas


funcionalmente importantes, a sintomatologia vai depender da
área lesada

Doença dos pequenos vasos: pode ocasionar lesões


corticais e subcorticais. Os infartos subcorticais ocorrem com
frequência na substância branca do cérebro e há sintomas
como prejuízo de memória, função executiva anormal, retardo
psicomotor, euforia, psicose, hemiparesia, dentre outros.

Síndrome de Binswanger: é conhecida


pela afecção com múltiplos infartos na
substância branca frontal gerando sinais
pseudobulbares, abulia, alterações do
comportamento, sinais piramidais
bilaterais, distúrbios de memória e de
atenção, retardo psicomotor, distúrbios
de marcha, incontinência urinária e
parkinsonismo.

Demência hemorrágica: ocorre por hematomas subdurais


crônicos, hematoma intracerebral ou hemorragia
subaracnóidea.

Demência vascular associada à DA: O paciente apresenta a


sintomatologia do tipo Alzheimer e DCV à neuroimagem ou PERFIL DE UM DEMENTE VASCULAR
sintomas clínicos das duas condições. A maior probabilidade é
de que as duas condições coexistam simultaneamente em um
mesmo paciente, sem que haja relação causal

FISIOPATOLOGIA

Incluem a localização do infarto que produz o déficit


cognitivo (bilateral, do lado esquerdo, talâmica, lesões
isquêmicas focais, lesões de substancia branca, etc), fatores
relacionados com a isquemia (necroses isquêmicas
incompletas, zonas limítrofes em torno dos infartos locais..),
fatores funcionais (efeitos funcionais da isquemia)

FATORES DE RISCO ACHADOS CLÍNICOS

Achados neuropsicológicos
Não modificáveis Modificáveis

HAS, DM, doença coronariana,


- paciente não tem um declínio cognitivo global, porque ele
Sexo, idade pode ter desempenho bom em tarefas de média
hiperlipidemia e tabagismo
complexidade mas não ser capaz de realizar tarefas simples
Predisposição genética e história Hábitos de vida (alimentação e - Pode ter flutuações de desempenho nos testes
prévia de AVE exercício físico)

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Transtorno cognitivo e Demências
- As alterações nas ativadades instrumentais = mais TRATAMENTO
associadas com o funcionamento executivo
- atividade básicas de vida diária = estão mais associadas Após identificada a patologia, o tratamento é iniciado com
com a alteração de memória prevenção de riscos e agravamento da doença como
cuidados em casa e apoio familiar; combate a fatores de risco
Sintomas psicológicos e comportamentais
para outros eventos embólicos isquêmicos como cessar o
- depressão, habilidade emocional tabagismo e controle de doenças crônicas como diabetes
- Apatia mellitus, se presentes.
- Agressividade, irritabilidade, agitação
- Psicose Há indicação de anticoagulantes se evidenciado risco de
trombose elevado para evitar outros eventos isquêmicos
associados a drogas antiplaquetárias como aspirina (AAS)
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
que também são uteis na prevenção de AVC.
Para diagnóstico é essencial à associação entre história
Acompanhamento interdisciplinar com fisioterapia e
clínica, exame físico, avaliação neuropsicológica e
psicologia, por exemplo, são essenciais para a recuperação
exames complementares, tanto laboratoriais quanto de
imagem. de déficits focais e definem melhor prognóstico.

Dentre os exames de imagem destacam-se a ultrassonografia


de carótidas, tomografia computadorizada e ressonância
magnética para avaliar lesões cerebrais.

São elencados três critérios diagnósticos:

1. diagnóstico de demência com exclusão de delirium

2. evidência da presença de doença cerebrovascular,


demonstrada pela história, pelo exame clínico ou pelos
exames de neuroimagem
DEMÊNCIAS POTENCIALMENTE REVERSÍVEIS- DPR
3. a demência e a doença cerebrovascular precisam estar
relacionadas.
Muitas vezes, constituem comorbidades, com melhora
cognitiva parcial ou melhora somente de outros sintomas
clínicos relacionados com o transtorno, após o tratamento
específico.

Condições verdadeiramente reversíveis são raras e


ocorrem principalmente nos paciente mais jovens, com quadros
iniciais, de diagnósticos cirúrgicos ou com causas
imunomediadas.

Devem ser pesquisadas especialmente em casos iniciais,


atípicos, em pacientes mais jovens, com outros sinais clínicos
e manifestações sistêmicas, neurológicas ou psiquiátricas
associados

ETIOLOGIAS

Podem ser progressivas (como nas encefalopatias


compressivas) ou não progressivas (como no trauma ou
hipóxia)

As causas mais frequentes em idosos são os medicamentos,


depressão, hipotireoidismo, deficiência de B12, tumores

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Transtorno cognitivo e Demências
DOENÇAS COMPRESSIVAS INTRACRANIANAS

1. Hidrocefalia de pressão normal (HPN)

O aumento do liquido intracraniano


nos ventrículos devido a baixa
reabsorção. O principal sintoma é
a instabilidade postural com perda
de equilíbrio, consequentemente,
alterações na marcha, com
caminhar lentificado e instável,
marcha alargada na tentativa de
reequilibrar e estabilizar o corpo,
bem como passadas próximas ao
chão.

Tríade clássica: demência, dificuldade na marcha e


incontinência urinária

Diagnóstico: identificação com sinais e sintomas clínicos +


imagem de RNM + estudo do LCR

Tratamento: punção lombar para drenagem, medidas de


suporte clínico e prevenção de acidentes. Também é feito
derivação ventricular para levar o líquido em direção a pele
até o abdome, por exemplo, que são as derivações
ventriculoperitoneais

2. Tumores do SNC

O local de surgimento e a extensão determina os sinais e


sintomas e dependendo desses fatores há a possibilidade de
recuperação. Eles causam sintomas demenciais de início e
intensidade rápidos ao contrário de outras doenças como a DA
ENCEFALOPATIAS TÓXICAS ou doença de Lewy, por exemplo.

Causa mais comum em idosos, muitas vezes por uso crônico Sintomas inicias: cefaleia, dificuldade de concentração e
de medicamentos com ação no SNC que desencadeiam alterações de personalidade com progressão pelo avanço da
alterações cognitivas doença.
- Anticolinérgicos Declínio cognitivo: pode ser evidenciado por alteração nas
- Anticonvulsivantes
- atividades básicas de casa ou trabalho, alterações
Antipsicóticos
- Antidepressivos comportamentais como apatia, irritabilidade, distração bem
- Antiparkinsonianos como distúrbios da marcha e instabilidade postural.
- Anti-hipertensivos
Avaliação: pela historia clínica + exame físico + exames
Quanto menor a duração dos sintomas, mais chance de laboratoriais e de imagem
regredir o declínio cognitivo quando suspender ou substituir os
medicamentos Tratamento: São considerados causas reversíveis porque
podem se ressecados ou passados pela quimio, em alguns
Além dos medicamentos, a intoxicação por metais pesados casos há reversão da demência depois do tratamento
(chumbo, mercúrio) pode levar à demência

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Transtorno cognitivo e Demências
3. Hematoma subdural crônico Sintomas cognitivos: predominam os sintomas frontais como
perda da atenção e concentração, apatia, mudanças afetivas,
irritabilidade e alterações do julgamento
Pode ocorrer por trauma
ou espontaneamente. Os
sinais pode ser por cefaleia 2. Síndrome de Wernick-Korsakoff
e alteração no nível de
consciência, quedas e Doença de Wernicke: nistagmo, marcha atávica, paralisia do
alteração da olhar conjugado e confusão mental. É um quadro secundário à
personalidade, com deficiência de tiamina (B1) e tem delirium e déficits
confusão mental e outros neurológicos focais
déficits cognitivos
Psicose de Korsakoff: transtorno mental, prejuízo de memória
Investigação: TC e tratamento cirúrgico (drenagem do sangue) recente e a memória remota pode estar prejudicada

ENCEFALOPATIAS INFECCIOSAS ENCEFALOPATIAS TÓXICO-METABÓLICAS

1. Neurossífilis ou demência sifilítica Quase todas as doenças sistêmicas, inflamações ou


infecções crônicas podem predispor a quadro de encefalopatia
com disfunção cognitiva por interferirem na homeostase
Causa rara, relacionada com infecção bacteriana por sífilis, que
metabólica do cérebro.
gera um quadro demencial de 10 a 20 anos após infecção
primária, possui início subagudo e curso progressivo
- ITU, infecções pulmonares, sepse, DM, Distúrbios CV,
Alterações cognitivas: personalidade (apatia, irritabilidade), distúrbios no metabolismo do cálcio e sódio plasmático;
afeto, linguagem e memória desidratação

Diagnóstico: VDRL + estudo do LCR que envidencia o padrão Devem ser investigadas sempre que suspeitas pois são
de reação inflamatória (linfocítica, neutrofílica, basílica) + essencialmente tratáveis, com chances de reversão parcial ou
exames de imagem total da demência

Tratamento: penicilina pode melhorar os sintomas ou deter a


progressão da doença 1. Hipotireoidismo

Causa rara de demência, mas se trata de


2. Associada ao HIV uma causa reversível, por isso é muito
importante o diagnostico e tratamento
Pode ser por ação direta do vírus no SNC ou por infecção precoce
oportunista. As alterações cognitivas são tipicamente
subcorticais e o quadro demencial é progressivo A diminuição dos hormônios da tireoide podem causar
alterações neuropsiquiátricas como distúrbios de
Quadro demencial: alteração cognitiva (esquecimento, comportamento (oscilação de humor, agressividade),
pensamento lento, alteração da atenção e linguagem), motora alucinações visuais (mais durante o dia), delírios, insônia,
(alteração da marcha e do equilíbrio), comportamentais (apatia, diminuição da memória e desânimo
agitação)
Diagnóstico: historia clinica + testes de estado mental+ TSH
Diagnóstico: clínico e com exames de imagem, LCR e testes insuficiente, avaliação ultrassonográfica da tireoide quando tem
neuropsicológicos nódulos tireoidianos e hipofuncionamento glândulas

ENCEFALOPATIAS RELACIONADA COM O ÁLCOOL Tratamento: normalizando os hormônios tireoidianos e suas


funções homeostáticas

1. Demência relacionada ao álcool 2. Insuficiências (renal, hepática e cardíaca)

Causado pelo efeito tóxico do álcool (hipóxia, encefalopatia Insuficiência renal: as altercares renais tem impacto nos
hepática, carência nutricional etc) e que tem pouca sistemas cardíacos e cerebrovascular, por exemplo, pelo
possibilidade de reversão no caso da abstinência completa acumulo de substancias tóxicas como a amônia

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Transtorno cognitivo e Demências
A principal correlação ocorre pelo maior risco de doenças anedonia (não sente prazer), isolamento social, retardo ou
vasculares como o AVC e levar a uma demência vascular, agitação psicomotora e etc
como visto anteriormente

• Intervenção: evitar a progressão da doença renal ou REFERÊNCIAS


controle de outras doenças concomitantes para evitar a
progressão da demência
Tratado de geriatria e gerontologia 3a edição
Hepatopatia crônica: pode acontecer por cirrose ou outras Tratado de geriatria e gerontologia 4a edição
etiologias (virais, autoimunes, metabólicas etc), que pode levar Fundamentos básicos em geriatria - Sanar
a alterações neuropsicologicas e cognitivas como as
demências

• Sinais e sintomas: irritabilidade, lentificacao do


pensamento, confusão mental, amnésia retrógrada,
dificuldade de concentrar etc

Insuficiência cardíaca: pode ter relação direta com as


doenças como HAS e arteriosclerose que são fatores de risco
para as demências de causas vasculares

3. Deficiência de B12

A B12 é um dos principais elementos


para manutenção e funcionamento
cerebral. Deficiência dessa vitamina
ocasiona desordem na síntese de
neurotransmissores e consequentes
déficits no processamento de
informações cerebrais.

Sintomas: anemia, fraqueza muscular, incoordenação motora


e desequilíbrio, parestesias e espasmos. Com o surgimento de
confusão mental, déficits de memória e dificuldade em
executar atividades diárias deve-se suspeitar de demência.

O diagnóstico precoce e tratamento com reposição da


vitamina B12 e controles sintomáticos são definidores de
melhor prognóstico, visto que esta é uma causa reversível de
demência.

DEMÊNCIA NA DEPRESSÃO (PSEUDODEMÊNCIA)

É o declínio cognitivo em pacientes com síndrome depressiva,


reversível com tratamento. Porém, o comprometimento
cognitivo que acompanha a depressão pode ser grave o
suficiente para dificultar o diagnostico diferencial com
demência.

A complexidade diagnostica existe porque a depressão pode


preceder (vim antes), ocasionar ou ocorrer ao mesmo tempo
da demência, por isso uma boa avaliação clinica + testes de
avaliação do estado mental auxiliam no diagnostico diferencial

Indicadores importantes para o diagnostico da depressão:


transtorno do sono e do apetite, perda ou ganho de peso,
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Depre!ão no idoso
Medidas para redução do risco e da prevalência da
IMPORTÂNCIA DA DEPRESSÃO depressão:

A OMS estima que 1 em cada 10 idosos sofram de depressão, • Melhor prevenção e tratamento das doenças crônicas
e para aqueles asilados é ainda maior a prevalência, chegando • Suporte social adequado, com prevenção do isolamento
a atingir 25% social
• Compensação do dano funcional
Epidemiologia Brasil: Há significativa
prevalência de depressão entre idosos da FISIOPATOLOGIA
comunidade (entre 4,8 e 14,6%) e entre
idosos hospitalizados ou institucionalizados Alteração do sistema de neurotransmissores
(22%). A prevalência de sintomas
depressivos clinicamente significantes em Ocorre a mudança no número e da sensibilidade dos
idosos na comunidade é ainda maior neurorreceptores pré e pós sinápticos do SNC, sem
(sendo maior necessariamente uma mudança na quantidade dos
conforme a idade também). neurotransmissores

É importante o tema pois a depressão gera:

• Decréscimo na qualidade de vida


• Aumento da mortalidade
• Alta taxa de ideação suicida
• Elevado custo econômico para o individuo, família e
sociedade (como custos de saude, perda do emprego)
• Frequentemente passa despercebido pelas suas
manifestações atípicas
Fator genético
ETIOLOGIA
Existe fator genético para a depressão, uma vez que a
A etiologia da depressão é multifatorial: fatores genéticos, ocorrência dela entre familiares de 1o grau é 3x maior do que
epigenéticas e ambientais em proporções variáveis os que não são deprimidos
A depressão de inicio tardio (após 60-65 anos) se relaciona
principalmente com fatores estressores que desencadeiam ou QUADRO CLÍNICO DA DEPRESSÃO
mantem a depressão, como as lesões vasculares

Também pode ser causado por medicamentos e uso abusivo Os sintomas muitas vezes se parecem com o próprio processo
do álcool de envelhecimento ou qc de comorbidades presentes, por isso
é necessário uma busca ativa para não dar o diagnostico
errado
FATORES DE RISCO
Em geral, a depressão dos idosos apresenta - humor
depressivo e + anedonia (falta prazer), + sintomas somáticos
do que “psicológicos”, maior frequência de associação com
doença física e cerebral e maior deficit cognitivo

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Anedonia Humor deprimido qse todo dia

Comprometimento social e funcional Diferenciar de tristeza situacional

QC especifico com queixas - Insônia ou hipertonia qse tdo dia


somáticas predominantes = - Alteração do apetite (perde muito
peso)
- Perda cognitiva da atenção
- Sintomas álgidos (dor)
- Fadiga

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Depre!ão no idoso
Agitação ou retardo psicomotor Sentimento de inutilidade e culpa, estressores), cognitiva e social, incluindo inserções laborativas,
pensamento de morte recorrente de lazer, suporte social/familiar, rede de relacionamentos e
estrutura econômica.
DEPRESSÃO INÍCIO TARDIO (GERIÁTRICA) vs PRECOCE Quando houver déficit cognitivo associado ou suspeita de
depressão vascular, está indicada a realização de
ressonância magnética de encéfalo.

CRITÉRIOS DO DSM-V

SUBTIPOS DE DEPRESSÃO EM IDOSOS

Depressão vascular: deve ser suspeitada quando o primeiro


episódio for em idade avançada (mais de 85) e não tem relação
com histórico de depressão na família.

↪ causada por redução do interesse, retardo psicomotor,


prejuízo na percepção, pouco sentimento de culpa e piora na
ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA (GDS)
incapacidade
É o instrumento mais popular para a avaliação de sintomas
↪ sintomas cognitivos: deficit de fluência verbal e anomia depressivos em idosos, possui um entendimento simples com
resposta do tipo sim/não e de rápida aplicação. Existem dois, o
Síndrome depressão: temos sinais de disfunção executiva, de 30 itens e o de 15 itens
como o retardo psicomotor, redução do interesse e dano das
atividades instrumentais. Apresenta resposta pobre, lenta e Apresenta uma vantagem por nao ter sintomas somáticos, isso
instável aos antidepressivos, por isso precisa de um plano de reduz a interferência de sintomas que confundem a depressão
acompanhamento mais cuidadoso com outras comorbidades
Depressão psicótica: associa-se a alucinações auditivas e/ou
delírios (de culpa, hipocondríaco, persecutório, ciúmes, GDS30 GDS 15
ausência de órgãos internos), com maior risco de autolesão
Depressão A partir de 11 pts A partir de 5 pts
Depressão melancólica: incapacidade de reagir a estímulos
Depressão
positivos, piora do humor pela manha, sentimento de culpa moderada 11 a 20 pts 8 a 9 pts
excessivo, perda de apetite e peso e retardo ou agitação
psicomotora Depressão grave 21 pts 15 pts

Síndrome depressiva com demência reversível: é aquela


que ocorre juntamente com a demência, onde tem depressão
associada a deficit cognitivo, mas que melhora com o
tratamento da depressão

DIAGNÓSTICO DA DEPRESSÃO

Essencialmente clínico, devendo ser dada ênfase à história


clínica atual e pregressa, incluindo a história psiquiátrica do
próprio paciente e de seus familiares e ideação suicida; uso de
medicamentos; funcionalidade; avaliação psicológica (eventos
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Depre!ão no idoso
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: DEMÊNCIA E DEPRESSÃO FATORES DE RISCO

• Doença cerebrovascular (genético)


A arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos
subcorticais e leucoencefalopatia (CADASIL) é uma doença
que tem sintomas da depressão, compondo a sintomatologia
inicial ou aparecendo durante o curso da doença. A doença
cerebrovascular, então, precipita, predispõe e perpetua a
depressão no idoso (depressão vascular)

• Idade: quanto maior, mais a predisposição


• Gênero: mulheres apresentam mais sintomas depressivos,
CURSO DA DEPRESSÃO pois possuem maior liberdade para chorar, dispõem-se para
tratamento e possui exposição aos efeitos hormonais.
O processo de desenvolvimento da depressão do idoso pode
durar anos, por isso é uma doença crônica. Seu curso e
• Estado civil: o fato de não ser casado está associado a
presença de sintomas depressivos
diagnostico depende do tratamento adequado

Após intervenção terapêutica adequada, 1/3 dos pacientes


• Doença psiquiátrica: forte preditor de risco para depressão
melhoram e permanecem bem, 1/3 apresenta recaída (piora
dos sintomas) e 1/3 não melhora, cronifica
• Eventos de saúde: uso de álcool, privação visual ou
auditiva, transtorno do sono e presença de dor em pacientes
com doença crônica estão associados à depressão
CONCEITOS
• Medicamentos: anti-hipertensivos, diuréticos,analgésicos,
Resposta Melhora de 50% dos sintomas
corticosteroides, antipsicóticos benzodiazepínicos,
Remissão Desaparecimento dos sintomas antiparkinsonianos, tuberculostáticos e o álcool possuem
efeito de desencadear sintomas depressivos
Recuperação Manutenção da remissão por pelo
menos 6-12 meses • Escolaridade: maior escolaridade é fator protetor
Recaída Piora dos sintomas antes da
remissão completa ou quando já • Fatores socioeconômicos: a pobreza e baixos salários
teve a remissão mas ainda não teve possuem indicadores para a depressão. No entanto, a
a recuperação riqueza não é fator protetor
Recorrência Novo episódio de depressão, pois
acontece depois da recuperação da • Viuvez: a morte de um ente querido aumenta o risco para o
doença desenvolvimento de depressão

Existem alguns eventos vitais negativos que podem aparecer


• Institucionalização: A presença de sintomas depressivos
na admissão em instituição de longa permanência é fator
no curso do tratamento e que o desviam da curva de melhora
sintomática, podendo até ter o risco de morte para aqueles que preditor de depressão, assim como a falta de visitas ao
tinham episódios mais graves idoso institucionalizado (asilo)

• Traumas psicológicos: baixo suporte emocional na


infância, guerras, campos de concentração e terrorismo são
os mais importantes como fator de risco

• Suporte social: a condição de saúde precária e o suporte


social pobre, são fatores de risco para depressão

• Outros fatores de risco social: morar sozinho, perda de


contatos e falta de um confidente aumentam o risco

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Depre!ão no idoso
terapêutica (dose suficiente por tempo suficiente), uma vez que
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO a utilização de subdoses (dose abaixo do recomendado) é o
principal fator da inadequação da resposta aos
Temos a psicoterapia, sono (higienização do sono) e prática antidepressivos.
regular de exercícios físicos (aeróbio e musculação)
Para todos antidepressivos existe uma fase de latência de 4 a
A psicoterapia vai funcionar como um auxilio terapêutico, 8 semanas para o início da ação terapêutica, apesar de os
ajudando o individuo a desenvolver recursos internos para lidar efeitos colaterais poderem surgir precocemente, o que muitas
com suas disfunções vezes provoca o abandono do tratamento nos pacientes que
não foram esclarecidos sobre essa possibilidade.
• Terapia cognitivo-comportamental (TCC):

Funciona a partir de sessões que trabalham o pensamento,


emoção e comportamento do idoso, com metas e visando
melhor adaptar o idoso às demandas e mudanças que são
características do processo de envelhecimento.

Objetivos: adaptar o idoso ao processo do envelhecimento,


desenvolver sua autonomia e independência, reduzir sintomas
de insegurança e depressão, aumentar suporte e laços sociais,
fortalecer as características pessoais e os fatores protetores,
favorecendo um envelhecimento saudável.

• Terapia interpessoal: enfoca a maneira como a perda afeta


o paciente

• Psicoterapia dinâmica: ajuda o paciente a compreender as


estruturas inconscientes que podem estar criando sintomas e
dificuldades de relacionamento

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO (BIOLÓGICO)

São eles: farmacoterapia, eletroconvulsoterapia – ECT,


estimulação magnética transcraniana e fototerapia

O tratamento da depressão visa à eliminação dos sintomas, à


prevenção de recorrências ou recaídas, à prevenção da piora
de outras patologias presentes e de mortalidade por suicídio ou
por outras causas associadas, à melhora cognitiva-funcional e
ao apoio para que os pacientes possam lidar com suas O tratamento é de longa duração e pode ser necessário por
dificuldades. toda a vida e, para que a escolha do antidepressivo seja
adequada, deve-se observar três fatores: (1) sintomas
Em idosos sabidamente sob maior risco, o tratamento deve ser clínicos associados à redução da disponibilidade de cada um
iniciado precocemente, como em viúvos (especialmente os dos neurotransmissores (2) perfil de inibição dos
homens) e em pacientes com AVE neurotransmissores pelos antidepressivos (3) mecanismo de
desenvolvimento dos efeitos colaterais.
FARMACOTERAPIA

A escolha do fármaco para o tratamento deve estar baseada


no perfil dos efeitos colaterais na interação com outras
substâncias. Também se avalia a qualidade dos sintomas e a
presença de comorbidades.

O início da terapêutica no idoso deve começar com doses


baixas e aumentá-las aos poucos, porém alcançando a dose
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Depre!ão no idoso
2. Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS)

Atualmente, é a classe de de fármaco mais usada para tratar a


depressão em idosos, por causa da menor possibilidade de
efeitos colaterais.

Quando aparecem efeitos colaterais, é por causa do efeito da


serotonina em outros locais, não nas vias que estão
relacionadas com o processo da depressão

Mecanismo de ação: é seletivo, atua só bloqueando os


receptores de recaptaçao da serotonina

• Citalopram - é o mais seletivo e praticamente não inibe


enzimas hepáticas. Usado em pacientes com depressão
associada a doenças físicas/cerebrais. Hiponatremia

• Escitalopram - forma racêmico do citalopram (mistura de


dois enanôiomeros)

• Sertralina - meia-vida curta, alta seletividade para


1. Antidepressivos tricíclicos - fármacos de referência serotonina e não inibe muito enzimas hepáticas.
Hiponatremia
Mecanismo de ação: bloqueia a bomba de recaptação da
serotonina, norepinefrina e dopamina (em menor grau) • Fluoxetina - deve ser evitada em idosos pois tem meia-
vida longa (15d) e inibe a ação de enzimas hepáticas,
Efeitos colaterais: elevando a dose sérica de diversos medicamentos
(antipsicóticos, anticonvulsivantes, etc) + hiponatremia +
- Bloqueio dos receptores colinérgicos muscarínicos: secreção inapropriada de ADH. Piora sintomas motores
transtorno da memória, visão turva, boca seca, retenção para aqueles com parkinson
urinária
• Fluvoxamina - também inibe enzimas hepáticas. Quando
- Bloqueio dos receptores de histamina H1: sono e ganho de usado cronicamente, desenvolve hiponatremia.
peso
• Paroxetina - também inibe enzimas hepáticas e deve ser
- Bloqueio dos receptores adrenérgicos A1: tontura e evitada em idosos com alto nível de evidência.
hipotensão Hiponatremia

- Bloqueio dos canais de sódio do coração e cérebro: arritmia,


parada cardíaca, convulsão se der superdosagem Por vezes, os ISRS podem apresentar uma resposta apática,
que significa a melhora do humor, mas com a permanência de
sintomas residuais como anedonia, redução da motivação,
ADT disponíveis no brasil interesse, energia, concentração, libido e alentecimento
cognitivo; sintomas esses relacionados com a norepinefrina
• Nortriptilina: mais recomendado para idosos, por ter o
que não é bloqueada pelos ISRS.
melhor perfil de efeitos colaterais. Tem janela terapêutica
entre 50 ng/ml e 150 ng/ml, sendo importante o
acompanhamento da sua dosagem sérica. 3. Inibidores seletivos de recaptação de norepinefrina (ISRN)
• amitriptilina, clomipramina, imipramina, maproptilina
evitados
Medicamento: reboxetina

Benefícios: melhora o humor, age sobre a apatia, fadiga e


melhora o funcionamento social

Obs: recomendado quando outros ADT foram tentados mas


não deram muito certo e nos casos mais graves
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Depre!ão no idoso
3. “ de recaptação de serotonina e norepinefrina - Ações antagônicas sobre receptores serotoninérgicos 2A,
2C e 3, H1
Eles apresentam seletividade para os 2 (serotonina e
norepinefrina), apresenta ação pouco expressiva na recaptacao
- Estimulação noradrenérgica dos receptores alfa-1 pós-
da dopamina e não bloqueia os receptores responsáveis pelos sinápticos, permitindo maior liberação de serotonina.
efeitos colaterais do ADT
Efeitos colaterais: sedação e ganho de peso

Obs: pode ser interessante em indivíduos com depressão com


• Duloxetina - inicio de ação lento e bem tolerada no idoso. ansiedade, insônia e emagrecimento, por causa dos efeitos
Efeitos colaterais: boca seca, fadiga, insônia e náuseas colaterais

• Milnaciprana - vantagem de ter baixa ligação proteica e


tem eliminação pelos rins e fígado. No entanto, a dose
recomendada deve ser dividida em 2 tomadas por dia

• Venlafaxina - a inibição da recaptação de serotonina é


mais forte, para a de noreprinefrina precisa de doses mais
altas. Na sua dose inicial habitual (75 mg/dia) age apenas
como bloqueador seletivo de recaptação da serotonina,
necessitando de aumento da dose para obtenção do efeito
dual (150 mg/dia). Porém, as dosagens maiores aumentam
a possibilidade de hipertensão arterial e efeitos
anticolinérgicos

• Desvelanfaxina - A dose inicial (50 mg/dia) já é


considerada terapêutica, e seu aumento está associado ao
surgimento de efeitos colaterais como hipertensão e
hipercolesterolemia. A descontinuação deve ser gradual. Como os receptores 2A, 2C e 3 estarão bloqueados, não vai ter
ansiedade, náuseas e disfunção sexual

4. “ de recaptação de dopamina e norepinefrina (IRND)


• Mirtazapina - pode ser util nos quadros depressivos
A bupropiona é o principal medicamento, é útil
associados à demência ou doença de parkinson
nos pacientes que não toleram os efeitos
serotoninérgicos ou não respondem quando
• Mianserina - aumenta a neurotransmissao noradrenérgica
aumenta a dose dos ISRS e nos portadores de
parkinson

Vantagem: não interfere no desempenho


sexual 5. Antagonistas de dupla acho sobre os receptores de
serotonina 2A e inibição da recaptação de serotonina
Desvantagem: risco de hipertensão arterial diastólica no idoso
Fármacos: nefazodona e trazodona
4. Dupla ação serotoninérgica e noradrenérgica por meio de Mecanismo de ação: o bloqueio dos receptores 5-HT2A, o
antagonismo alfa-2
bloqueio da recaptação de serotonina é inferior ao dos ISRS.

• Mecanismo de ação: 6. Inibidores da monoamina oxidase (IMAO)


- ações antagônicas sobre os receptores alfa-2 pré-
sinápticos dos neurônios serotoninérgicos e Não são usados de primeira linha no idoso, pois possuem
efeitos colaterais, principalmente hipertensão arterial grave
noradrenérgicos

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Depre!ão no idoso
7. Agonista de receptores melatonérgicos MT1 e MT2 e
antagonista dos receptores serotoninérgicos 2

Medicamento: agomelatina

Efeito terapêutico: age em sintomas como humor deprimido,


ansiedade, alentecimento psicomotor, transtorno do sono e
fadiga

Dose: Seu metabolismo é hepático e a dose inicial é de 25 mg


à noite

8. Fitoterapia

O extrato de Hypericum perforatum,


popularmente conhecido como erva-de-
são-joão, tem efeito superior ao placebo,
mas está indicado apenas para os casos
de depressão leve a moderada.

Apesar de ser uma medicação


relativamente segura, a possibilidade de
interação medicamentosa não deve ser
esquecida.

ELETROCONVULSOTERAPIA - ECT

Padrão ouro nos casos mais graves, ou seja, os que tem risco
de suicídio ou depressão recorrente. A principal vantagem é
que tem uma resposta rápida e é tão eficaz quanto nos jovens

A quantidade de aplicações deve ser definida individualmente,


porém, em geral, varia entre 6 e 12 sessões. No entanto, pode
haver necessidade da utilização crônica desse procedimento,
como terapêutica de manutenção para a depressão.

Efeitos colaterais: sonolência, agitação e confusão mental


(todos são a curto prazo, podem desaparecer em 30 min). A
médio prazo tem-se a amnésia anterógrada

Obs: Antes da aplicação do procedimento, deve ser


compensada a hipertensão arterial e afastada a possibilidade
de hipertensão intracraniana. A presença de história recente
de AVE (6 meses) ou IAM (3 meses) é contraindicação
relativa. ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA - EMT

É uma técnica não invasiva que


• O tratamento custa de 1.000 a 2.500 reais modula a excitabilidade cerebral,
• Nota do MS: citou a eletroconvulsoterapia como grande levando a inibição ou excitação de
exemplo de aparato terapêutico para tratar saúde mental, diferentes áreas corticais, melhorando
que o SUS deve melhora pra poder oferecê-lo. Porém foi assim os sintomas depressivos.
tirada do ar por ter tido muita repercussão, porque ela está
longe de ser o melhor exemplo de “melhor aparato Os idosos com depressão vascular
terapêutico” para a saúde mental. têm pior resposta, assim como

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Depre!ão no idoso
indivíduos com redução do volume do lobo frontal.

Efeitos colaterais: dor e desconforto durante a estimulação,


além de cefaleia

FOTOTERAPIA

O método baseia-se na exposição


à luz brilhante por curtos períodos
durante o dia com o objetivo de
restabelecer os níveis normais de
serotonina e melatonina.

Indicada: depressão sazonal (relacionada com mudança


climática)

Os pacientes que melhor respondem são os que apresentam


excesso de sono e apetite, que têm ingesta compulsiva de
carboidratos e aumento ponderal.

Efeitos colaterais: são leves e desaparecem com o tempo -


cefaleia, sensação de vista cansada, alteração da acuidade
visual, náuseas, insônia, tontura, fadiga, hipomania, sensação
de ficar ligado, irritação na pele, precordialgia e palpitações.

EXCITAÇÃO ELÉTRICA CEREBRAL PROFUNDA

É um método em uso para doença de


Parkinson que vem demonstrando
resultados promissores. Seu mecanismo
baseia-se na estimulação elétrica através
de eletrodos implantados em região cerebral
profunda.

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Instabilidade e quedas
DESEQUILÍBRIO
As quedas são eventos bastante frequentes entre os idosos e
estão relacionadas com alterações na marcha e na postura, Pode ser que esse equilíbrio seja perdido (quando o CdM se
que sofrem influência das alterações que ocorrem no estende além da BdS). Nesse caso, o sistema sensorial
organismo durante o envelhecimento fisiológico e patológico. detecta essa perda de equilíbrio e envia sinais para o
sistema motor no intuito de restabelecê-lo a partir de várias
Essas quedas estão associadas a vários riscos aos idosos, respostas posturais coordenadas.
inclusive os devidos ao impacto psicológico delas. Isso se faz por meio do controle da movimentação do CdM e
por alterações da BdS. Essas respostas podem ser
As quedas não são normais, porém, no idoso é muito mais controladas de maneira preditiva, ou seja, antecipada, quando
fácil dela ocorrer, por diversos fatores: já se conhece as características do evento que provocou a
instabilidade.
• Lentificação da velocidade da marcha
• Flexão anterior da cabeça e tronco
Mas, também, essas respostas podem ser geradas por meio
• Aumento da flexão dos joelhos e cotovelos
do sistema sensorial, que envia informações da orientação e
• Menor percepção visual de profundidade e contraste
• Menor adaptação ao escuro mobilidade corporais, sendo possível detectar a instabilidade e,
então, criar respostas estabilizadoras.

CONTROLE POSTURAL Ou seja: quando o equilíbrio é perdido, o sistema sensorial


detecta essa instabilidade, envia informações sobre a
orientação e mobilidade corporais e gera respostas para
CORPO HUMANO restabelecer o equilíbrio. Essas respostas envolvem a atuação
dos sistemas motores para controlar a movimentação do CdM
Para que tenhamos o equilíbrio postural, precisamos que o e para alterar a BdS.
centro de massa (CdM) esteja sobre a base de suporte (BdS).
PERTUBAÇÕES RELACIONADAS COM A QUEDA
• o centro de massa localiza-se
anteriormente à vertebra S2 As quedas podem acontecer sob 2 condições:

• base de suporte é a área de • quando há uma perturbação do equilíbrio (pode ser interna
aproximadamente 5-10cm ou externa)
delimitada entre os pés em • falha no sistema de controle postural para compensar essa
perturbação
posição ereta.
Perturbação interna: A interna diz
Existem alguns fatores que desestabilizam esse equilíbrio
respeito a alterações na perfusão
postural, como a força da gravidade e a própria interação que
dos centros posicionais do cérebro
o corpo estabelece com o ambiente durante o movimento.
ou do TE (por arritmias, ataques
isquêmicos ou oclusao de artérias) e,
Os músculos também são muito importantes para esse
também, ao sistema sensoriomotor,
equilíbrio, porque a rigidez muscular passiva mantem uma
quando de tonturas e vertigens
postura ereta em condições estáticas, e a ativação de
maneira coordenada durante a realização das AVD também Perturbação externa: pode ser
mantem o corpo ereto. mecânica ou informacional.
O controle postural ou equilíbrio é um processo em que o - A mecânica é quando fatores
SNC atua sobre os músculos estabelecendo padrões de externos atuam ou no CdM ou na BdS fazendo o primeiro se
atividade que coordenam a relação entre o CdM e a BdS. Para estender além do último (que é a condição para a perda do
isso, são necessários mecanismos aferentes e eferentes. equilíbrio). Quando atuam no CdM, o deslocam para além
da BdS, como, por exemplo, um empurrão. Quando atuam
Os aferentes são informações sensoriais (visual, vestibular e na BdS, fazem com que ela não se alinhe abaixo do CdM,
propioceptiva) que são recebidas e interpretadas por regiões como um escorregão ou tropeço.
do SNC que geram os mecanismos eferentes, que
correspondem ao sistema motor (como a força muscular e a - Já a informacional é quando tivermos uma deficiência na
flexibilidade articular). informação recebida pelo sistema sensorial. Isso pode ser
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Instabilidade e quedas
por uma confusão de informações (mistura o visual, o comum que os idosos olhem para baixo para identificar a
vestibular e o propioceptivo) ou por uma baixa qualidade de localização dos pés enquanto se locomovem.
informações (um ambiente pouco iluminado, por ex).
SISTEMA VESTIBULAR

MECANISMOS DOCONTROLE POSTURAL Atua combinando informações do sistema visual e


proprioceptivo e é composto por 3 partes e cada uma vai
enviando informações para outra, em sequência:
MECANISMOS AFERENTES
- Sensorial
Os aferentes são informações sensoriais (visual, vestibular - Processador central
e propioceptiva) enviadas para a manutenção postural, - Motora
porém, enviam mais informações do que são realmente
utilizadas, e é por isso que conseguimos manter a postura Componente sensorial: localiza-se na orelha interna e é
mesmo na ausência deles (por ex, olhos fechados). constituído pelos canais semicirculares, utrículo e sacúlo, que
detectam movimentos cefálicos e a orientação no espaço.
SISTEMA VISUAL Envia as informações para o processador central por meio do
VC VIII (vestibulococlear)
É o sistema mais importante para a manutenção postural., e
possui 4 componentes:

- percepção de profundidade
- acuidadade estática e dinâmica
- sensibilidade ao contraste
- visão periférica

Esses componentes informam as características do ambiente,


do corpo em relação a este e dos objetos que estão no
ambiente. Com o envelhecimento, esses componentes são
reduzidos devido às alterações visuais que ocorrem nesse
período.
Processador central: recebe informações pelo nervo
SISTEMA PROPRIOCEPTIVO vestibulococlear. Ele é o núcleo vestibular situado na ponte e
no cerebelo, fazendo comunicação com a parte motora
Por meio dos propioceptores (músculos oculares e a medula espinhal) para gerar 2 reflexos
(receptores tendinosos e
musculares, barorreceptores e Parte motora: como dito,
mecanorreceptores) fornecem são os mm oculares e a
informações sobre o ambiente medula espinhal, que vão
imediato, ou seja, orienta o corpo gerar 2 reflexos (vestíbulo-
em relação às suas partes, aos ocular RVO e
apoios e às superfícies durante o vestibuloespinhal RVE)
movimento ou enquanto ele se
mantem ereto. ↪RVO: ele controla a
estabilidade ocular
Com o envelhecimento, há uma diminuição da densidade e (mantem o olhar fixo) e a
da sensibilidade dos receptores cutâneos, bem como rigidez e orientação da cabeça à
medida que ela se
inelasticidade dos tecidos circunvizinho e degeneração dos
movimenta
nervos periféricos, consequentemente, ocorre uma redução da
sensibilidade cutânea. Com isso, há redução da sensibilidade ↪ RVE: atua sobre os músculos esqueléticos do pescoço,
ao toque, da sensibilidade vibratória e da discriminação de membros e tronco para manter o controle cefálico e postural ao
dois pontos.
provocar um movimento compensatório.
Com esse sistema propioceptivo reduzido/comprometido, o
Além disso, o sistema vestibular é o responsável por
sistema visual torna-se muito mais relevante, por isso é
compensar estímulos visuais e propioceptivos imprecisos que

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Instabilidade e quedas
fornecem informações conflitantes. Esse sistema rejeita essas articulações coxofemorais. Aqui, o recrutamento muscular é
informações conflitantes para manter a estabilidade postural. proximal-distal. Pelo fato de a BdS estar reduzida, não
conseguimos ter a rotação de tornozelo necessária para a
Com o envelhecimento, há uma deterioração das células estratégia anterior, por isso ela não é utilizada.
ciliares dos canais semicirculares, das células ganglionares
vestibulares e das fibras nervosas. Estratégia do sobrepasso: em resposta a quando o CdM vai
além dos limites da BdS, de modo a realinhar o CdM ao BdS.
MECANISMOS CENTRAIS É utilizado quando as duas outras estratégias são ineficientes,
como no caso de um tropeço ou um escorregão.
O SNC exerce papel importante na manutenção do equilíbrio,
visto que recebe e integra as informações sensoriais. Quando Com o envelhecimento, há uma redução da força
percebe alguma alteração, gera respostas estratégicas para muscular por redução dos motoneurônios e das fibras
correção postural mais apropriadas para situações musculares. Assim, a contração muscular torna-se mais lenta e
inesperadas ou antecipadas de perda de equilíbrio (controle de mais rígida, sobretudo dos membros inferiores (principalmente
proalimentação ou retroalimentação). de ação antigravitacional como quadríceps), o que predispõe a
quedas.
Com o envelhecimento, ocorrem algumas alterações no SNC
que aumentam o risco de perturbações do controle postural. O controle postural, no entanto, não é tão afetado, já que
as respostas compensatórias não exigem tanta força
↪ perda neuronal, perda dendrítica, ramificações reduzidas, muscular.
metabolismo e perfusão cerebrais diminuídos e metabolismo
alterado de neurotransmissores.

↪ alterações no sistema motor, como perda de neurônios e


depleção de neurotransmissores (ex dopamina) e alterações
no sistema sensorial.

MECANISMOS EFERENTES

Existem 3 estratégias para corrigir e restabelecer a estabilidade


quando acontece o desequilíbrio: (1) estratégia do calcanhar,
(2) estratégia da bacia e (3) estratégia do sobrepasso

Estratégia do calcanhar: resposta para distúrbios pequenos


e lentos da BdS. Realizada mantendo os pés no local de
origem, com um processo de movimentos ou balanços de
baixa frequência que buscam esticar ou ativar os músculos do
tornozelo e realinhar o CdM e a BdS. O recrutamento muscular
é distal proximal.

Estratégia da bacia: resposta a distúrbios mais importantes da


BdS e quando a BdS está estreita (tipo andar com um pé atrás
do outro). Reposiciona o CdM ao fletir ou estender as

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Instabilidade e quedas
• Contato inicial: calcanhar faz contato com o solo.
MARCHA • Contato intermediário: em que temos o apoio unipedal.
• Apoio terminal: quando o calcanhar sai do solo e avança o
A marcha se refere ao estilo de caminhar, em que o corpo se corpo para frente.
movimenta em uma curva sinusoidal com a ajuda de vários
movimentos pélvicos Fase de balanço
Ela depende de 3 sistemas: carviovascular, neurológico e
musculo esquelético. Em idosos, a velocidade usual e máxima A fase de balanço ocorre quando a perna que não está fazendo
da marcha está associada ao condicionamento físico (estilo de apoio no chão avança para dar o próximo passo. Ela é
vida ativo ajuda a manter a marcha normal por preservar a subdivida em 3 etapas: (1) balanço inicial com etapa de
aceleração (2) balanço intermedio (3) balanço terminal com
força muscular e estimular o equilíbrio).
desaceleração
O ciclo da marcha é dividido em fases:

1. Fase de apoio (60%)


2. Dedos-fora (transição)
3. Fase de balanço (40%)

• Inicial de aceleração: quando o dedo da extremidade


deixa o solo
• Terminal de desaceleração: quando o calcanhar se
prepara para realizar o contato inicial com o solo

MOVIMENTOS PÉLVICOS
CICLO DA MARCHA Além dessas atividades, temos também os movimentos
pélvicos. Eles são importantes para impedir que o CdM se
Com dito, a marcha se altera entre as fases de apoio e de
movimente excessivamente e, assim, evita movimentos laterais
balanço enquanto os braços se movimentam no sentido oposto
e verticais do corpo durante a marcha, possibilitando manter o
das pernas do mesmo lado
equilíbrio. Com todos esses movimentos, o corpo faz um
movimento geral sutil de uma curva sinusoide.
Fase de apoio
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO
A fase de apoio ocorre quando uma perna suporta todo o
peso do corpo e se mantem em contato com a superfície, A marcha depende do sistema neurológico, musculoesquelético
permitindo que o corpo avance e o passo aconteça e cardiovascular e todos esses 3 sofrem alterações no
envelhecimento, de modo que a marcha fica com algumas
Subdividida em 4 fases: (1) resposta de carga (2) apoio características:
intermediário (3) apoio terminal e (4) pré-balanço
• Fase unipedal (por controle motor) reduzida por causa de
O apoio também se realiza em 3 atividades principais: (1) quedas e o medo delas acontecerem — por isso, passam
contato inicial (2) contato intermediário (3) apoio terminal mais tempo em apoio bipedal, que é mais estável
• Perda do balanço normal dos braços
• Redução da rotação pélvica e do joelho
• Aumento da altura de cada passo
• Passos mais curtos — inclusive, quando pedimos para eles
aumentarem a velocidades das passadas, eles aumentam a
frequência dos passos, e não o comprimento deles
• Caminham com a pelve rodada pra frente, bacia fletida
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Instabilidade e quedas
DISTÚRBIOS PATOLÓGICOS DA MARCHA o tronco e os movimentos das
pernas também estão bastante
As doenças provocam mais alterações na marcha do que as prejudicados. Ataxia acontece com
questões do envelhecimento, a maior parte delas são causadas os olhos abertos ou fechados (na
principalmente por questões relacionadas ao sistema sensorial só se fechar o olho)
neuromuscular e vestibular.
Características: desajeitada, cambaleante, instável, irregular,
No exame clínico, é necessário distinguir causas aos arrancos, titubeante e com base ampla. Não segue uma
neurológicas das não neurológicas. Deve-se questionar linha reta no chão e pode haver tremores no corpo todo.
dificuldades no controle vesical, e realizar exame neurológico Minuto 11:10 do vídeo
para identificar a localização anatômica da lesão que causou o
Encontrada: lesão no vermos do cerebelo ou no hemisfério,
distúrbio. Também deve-se fazer testes específicos da marcha
acidentes vasculares cerebrais (AVC), alcoolismo crônico e
e avaliações multidisciplinares.
doenças degenerativas como atrofia de múltiplos sistemas e
paralisia supranuclear progressiva.
Marcha do lobo frontal (frontalizada)
Marcha espástica
Descrição: BdS alargada, postura
ligeiramente fletida e passos
Descrição: acontece em pacientes com
hesitantes e pequenos. Os pés hemiplegia e hemiparesia/paraparesia e o
parecem estar grudados ao chão membro afetado é rígido, ligeiramente
(marcha magnética). Uma vez fletido na bacia e estendido no joelho; o
iniciada, a pessoa pode interrompê-la pé permanece em flexão plantar (pé de
bruscamente bailarina).
Encontrada: Estágios avançados DA, demências ou O braço afetado se mantém em uma posição de flexão no
síndromes multi-infartos, doença de Binswanger e hidrocefalia cotovelo, cruza no abdômen, apoiado pelo braço não atingido.
normobárica (apraxia de marcha).
Ao caminhar, o balanço do braço afetado está prejudicado, e
Marcha sensorial atáxica os dedos do pé atingido arranham ou se arrastam sobre o solo.
Para assegurar uma elevação apropriada do membro inferior
Descrição: base de suporte alargada e movimentos de em relação ao solo, o paciente deve balançar a perna afetada
“ arrastar os pés “ + pernas arreganhadas. O calcanhar toca no (circundução) para poder dar o passo. Equilíbrio está
solo em primeiro lugar. geralmente comprometido.

Produz-se uma reação à sensibilidade Encontrada: Infarto cerebral contralateral, lesões expansivas
proprioceptiva alterada e à falta de intracranianas e trauma cerebral.
conhecimento da localização dos pés
em relação ao solo, sendo uma Marcha anserina (parece grávida)
marcha praticamente normal com os
olhos abertos. Romberg presente.
Descrição: paciente acentua a
lordose lombar e vai inclinando o
Encontrada: Doenças que afetam a coluna posterior, nervos
tronco direito-esquerdo, parecendo
periféricos ou a coluna dorsal da medula espinal (afeta os um pato. Acontece porque tem
fascículos Gracil e Cuneiforme, então afeta a propriocepção, diminuição força dos músculos
como no Tabes Dorsalis) pélvicos e das coxas

Marcha cerebelar atáxica (marcha ebriosa) Os pct relatam dificuldade em subir


escada e levantar da cadeira.
Descrição: bases largas e passos pequenos, irregulares e
Encontrada: Hipo e hipertireoidismo,
instáveis, com guinadas e passos cambaleantes que causam a
polimialgia reumática, polimiosite,
impressão de que o indivíduo está bêbado, sendo chamada de
osteomalacia e neuropatias proximais.
marcha ebriosa. Quando a doença é unilateral, as guinadas se
dão apenas para o lado afetado. O equilíbrio e o controle sobre
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Instabilidade e quedas
Marcha festinante/parkinsoniana QUEDAS
Descrição: movimento apressado dos
As quedas são eventos em que a pessoa vai de encontro ao
pés, rápido e com as mãos tremendo. O
solo ou quando ela de desloca para um nível mais baixo do que
tronco para frente, a bacia e os joelhos
estava antes, consciente ou inconsciente e com lesão ou sem
fletidos. Como consequência, o CdM do
indivíduo é deslocado para frente, e ao
caminhar, o CdM se move além dos EPIDEMIOLOGIA
limites seguros de sua BdS, ocasionando
instabilidade. Estima-se uma incidência de 28 a 35% de quedas em
indivíduos com mais de 65 anos, 35% naqueles com mais de
Os passos vão ficando cada vez mais rápidos para tentar 70 anos e 32 a 42% nos indivíduos com mais de 75 anos.
realinhar o CdM sobre a Bds. O paciente as vezes não Aproximadamente 5% das quedas em idosos levarão à
consegue parar e isso aumenta muito o risco de quedas hospitalização e 5 a 10% desses eventos resultarão em
lesões graves, tais como fraturas e lacerações graves.
Encontrada: Parkinson e doença cerebral por múltiplos
infartos, demência e hidrocefalia Como visto, a incidência aumenta com o envelhecimento e as
quedas acontecem mais durante o dia e nos cômodos mais
Marcha por déficits multissensoriais (visual, vest e propriocp) usados da casa

O evento pode estar associado a uma morbidade significativa


Descrição: os pacientes reclamam de ter tontura, sensação de com declínio no estado funcional, maior probabilidade de
cabeça vazia, instabilidade que aparecem só quando andam ou transferência para instituições de repouso e maior uso de
quando se viram de uma vez. Geralmente precisam usar serviços médicos.
bengala, andadores ou tocam pelas paredes/móveis para se
apoiar
COMPLICAÇÕES
Acontece: em paciente com diabetes
Mortes: menos frequente, constituem 2/3 das mortes
acidentais, acontece em > 65 anos e geralmente por fratura de
Marcha vestibular colo-femoral (tem um tratamento difícil, fica acamado por muito
tempo com várias sequelas e dores)
Descrição: constante sensação de
instabilidade ao caminhar. Se o paciente Lesões: são comuns, a maioria é mais leve e mais da metade
está parado de pé, não há desequilíbrio. dos pacientes não procuram atendimento médico. Incidência
A marcha tem bases largas, com maior nos idosos institucionalizados
frequentes tropeços laterais e ligeira
tendência a caminhar em direção ao lado Medo de quedas (síndrome de ansiedade pós-quedas):
esse medo geralmente ocorre depois que a pessoa se
da disfunção vestibular. Piora quando o paciente se vira
machucou e pode gerar restrição nas atividades. É um fator
importante para transferir o idoso para um ambiente
Acontece: labirintopatias, toxicidade por medicamentos
supervisionado.
(aminoglicosídios) e tumores do ângulo pontocerebelar.
↪ Essa síndrome pode levar ao aumento do declínio
Marcha antálgicas ou gonálgicas funcional, a sentimentos de inutilidade, depressão e isolamento
social. Alguns pacientes desenvolvem medo de cair em uma
situação específica, outros podem ter medo de sentar ou
Indicam processos inflamatórios levantar sem apoio, e outros não conseguem nem iniciar a
articulares crônicos ou agudos, ou marcha.
alterações causadas por patologias dos
pés e articulações. O paciente caminha Permanência prolongada no solo: após uma queda, idosos
e dá pra perceber que ele sente dor mais frágeis podem não conseguir levantar sem ajuda e isso
leva a maior ocorrência de doenças como úlcera, desidratação,
pneumonia, diminuição das AVD.

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Instabilidade e quedas
Síndrome de quedas

• Deficits sensoriais múltiplos: quando vários sistemas


sensoriais são acometidos resultando em tontura,
instabilidade e quedas.

• Doença cerebrovascular: são vários fatores que podem


aumentar os riscos de queda, como comprometimento
cognitivo, distúrbios de marcha e posturais e outras lesões

• Ataques de queda: são ataques súbitos de queda sem


perda de consciência e que ocorrem sem ser por causa de
fraqueza muscular, distúrbio neurológico, arritimas, não é
induzido por movimentos com a cabeça. São anormalidades
na função postural ou uma disfunção na formação reticular
que controla a musculatura antigravitacional.

Medicações
CLASSIFICAÇÃO

• Idosos caiadores: histórico de queda no último ano • Antiarrítmicos (será que o paciente teve uma arritmia? Que
gerou baixa perfusão cerebral e caiu)
• Não caidores: sem histórico.
• Caidores únicos: sofreram queda por acontece, por causa • Diuréticos (importante para a desidratação e hipotensão
extrinseca (tipo tropeçar em um tapete) postural)
• Caidor recorrente: caiu 2x ou mais no último ano, por
causa de fatores intrínsecos (doença de parkinson, DA,
deficit sensorial)
• Substancias psicotrópicas (benzodiazepínicos):
promovem mercanismos relacionados com o disturbio do
equilíbrio, com respostas de correção postural lenta e
CAUSAS DAS QUEDAS hipotensão postural

• AAS: aumenta a chance de consequências hemorrágicas


Fatores associados ao envelhecimento depois da queda (como hematoma subdural que pode levar
um tanto de consequência)
• Ocorre tenência a lentidão dos mecanismos centrais que
são importantes para os reflexos posturais
• Menor habilidade em dividir a atenção (por isso, se durante AVALIAÇÃO DAS QUEDAS NOS IDOSOS
o caminhar ele se distrair com outra tarefa cognitiva como
conversar, ele pode cair)
• Recuperação lenta do equilibrio Devemos fazer uso de manobras para podermos avaliar a
marcha e o riscos de queda nos idosos, conhecer sobre as
Doenças circunstancias associadas à queda, avaliar o paciente após a
queda e fornecer cuidados a ele e avaliar o ambiente e os
fatores que propiciaram o evento.
• Epilepsia
• Doença de Parkinson (distúrbio de marcha, postura e Assim a avaliação consiste em duas etapas. A primeira é de
equilíbrio) exames e cuidados com o pct após a queda e suas
• Miopatia e neuropatia (distúrbio motor que afeta os MMII e
consequências. A segunda, de avaliação do ambiente e dos
neuropatia sensorial que afeta a informação sensorial da
fatores de risco predisponentes.
postura)
• Síncope cardiogênica (arritmias precipitadas por
hipersensibilidade do seio carotídeo) ANAMNESE
• Hidrocefalia de pressão normal (Distúrbio de marcha,
demência e incontinência urinária) • Avaliar as circunstâncias das quedas
• Demência (tem distúrbio cognitivo - pode não reconhecer o • Avaliar a capacidade funcional do paciente em relação AVD
ambiente -, de marcha e no controle postural) • Presença de sintomas prodrômicos (tonturas, desequilíbrio,
perda de consciência)
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Instabilidade e quedas
• Medicamentos ou substancias em uso - Para avaliar a função vestibular, pode ser solicitado ao
• Historico de quedas anteriores paciente que marche no mesmo lugar, sem se mover, de
• Doenças prévias olhos fechados
- Já o equilíbrio estático pode-se pedir para o paciente
CIRCUNSTÂNCIAS andar em linha reta

Muito importante para caracterizar, principalmente em relação Avaliação motora


ao local e a atividade que o idoso estava fazendo no momento
da sua queda
buscando deformidades no aparelho motor, joanetes e
Por exemplo, uma queda que ocorre enquanto o idoso avaliando a adequação dos calçados durante o exame dos
deambula em uma superfície regular e sem obstáculos denota pés.
uma maior vulnerabilidade em relação a uma queda ao se
desequilibrar após subir em uma cadeira. Nesse sentido, deve O calçado: tem que ter um saltinho pequeno (2,5cm) e precisa
ser identificada a presença de fatores ambientais que possam do contraforte, ou seja, a parte que prende o calcanhar deve
ser fechada
ter contribuído para a queda.
Também deve-se avaliar os instrumentos auxiliares de
↪Questionamentos acerca da iluminação do local, marcha que o idoso usa, como a bengala. A bengala deve ser
revestimento do piso, presença de tapetes e animais podem usada no lado oposto à perna machucada, com a mão apoiada
ser importantes. na mesma altura do quadril
↪ perda de consciência (pode ser síncope), tontura e desmaio
(pode ser por hipotensão postural ou arritmia), fraqueza subida
(AVE), se caiu depois de comer (pode ser hipotensão pós-
prandial) etc

EXAME FÍSICO

Deve-se avaliar vários sistemas para ver quais deles podem


estar oferecendo fator de risco para que esse idoso caia
Avaliação do sistema osteoarticular
Avaliação cardiovascular
Buscar sinais indiretos de osteoporose, como o aumento da
envolve, principalmente, a pesquisa de hipotensão ortostática, cifose torácica, e alterações de mobilidade na coluna vertebral,
uma das principais causas de queda em idosos. das articulações e do pescoço

Outras

• Acuidade visual
• IMC, pois indica estado nutricional
• Exame dos pés para procurar calos e deformidades

TESTES DE DESEMPENHO FÍSICO

Dentre os mais diversos testes para avaliação da função


musculoesquelético integrada, há o Performance Oriented
Mobility Assessment (POMA), instrumento pontuado que avalia
Avaliação neurológica
o equilíbrio e a marcha usando uma escala ordinal de 0 a 2, a
pontuação total vai de 0 a 28 pontos
• avaliação da sensibilidade (aventando a possibilidade de
uma neuropatia diabética, por exemplo) Nota Classificação
• do estado mental, nível de consciência, presença de
sintomas depressivos 0 Desempenho prejudicado
• equilíbrio estático e dinâmico
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Instabilidade e quedas
1 Comprometimento leve MANEJO E PREVENÇÃO DE NOVOS EVENTOS
2 Comprometimento independente
MANEJO E CONDUTAS
25 a 28 Baixo risco
Após avaliar e tratar as lesões e consequências da queda,
19 a 24 Risco médio
devemos analisar as causas. Quando externas, é importante
Menor que 19 Alto risco de quedas
fazer uma avaliação do ambiente, objetivando reduzir os riscos
a ele associados, mesmo que sua modificação nem sempre
seja fácil de ser realizada.

Além disso, é importante a reabilitação dos pct com


abordagem individual, focando em seus problemas específicos.

PREVENÇÃO

As intervenções mais efetivas costumam incluir:

• a modificação de fatores ambientais no domicílio (a


exemplo da retirada de tapetes, presença de luminárias ou
interruptores em locais estratégicos, instalação de barras
de apoio no banheiro e evitar a circulação de animais pela
casa)
• suspensão ou redução da dosagem de medicamentos
psicotrópicos ou outros medicamentos
• controle de hipotensão postural
• correção de déficits visuais
• tratamento de deformidades nos pés e orientação do uso
de calçados adequados (que devem apresentar solado
antiderrapante e até cerca de 2 cm de salto)
• prática de exercícios que promovam força, elasticidade,
equilíbrio e coordenação.

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Instabilidade e quedas
Usando esse método, é possível medir a densidade óssea em
OSTEOPOROSE valores absolutos, em todo o esqueleto ou em regiões
específicas, comparando-os às curvas de normalidade,
É uma doença esquelética crônica caracterizada pela estabelecendo o diagnóstico precoce da doença, o nível de
alteração da qualidade óssea (da microarquitetura do tecido gravidade e o risco de fratura óssea.
ósseo) e por sua baixa massa, o que causa fragilidade óssea
e aumenta o risco de fraturas e de comprometimento da
qualidade de vida.

As fraturas osteoporóticas afetam qualquer parte do esqueleto,


exceto o crânio. Ocorrem com maior frequência na porção
distal do antebraço (fratura de Colles – desvio dorsal do
fragmento distal), vértebras torácicas e lombares e no fêmur
proximal.

A DMO fornece 3 tipos de medidas:

• Valor absoluto (g/cm2)


• Valor percentual relativo a uma curva ajustada para a idade,
sexo, raça e peso - usa o Z score
• Valor percentual relativo a uma curva de jovens entre 20-40
anos - T ocorre

A OMS classifica os individuos com base na curva ajustava


para adultos jovens (T-score) como:

O diagnóstico pode ser feito por meio da ocorrência de


fraturas sem traumas ou pela baixa densidade mineral óssea,
medida pela densitometria óssea (DXA), que é o exame
padrão-ouro.

CLASSIFICAÇÃO DA OSTEOPOROSE

A OP é classificada como primária (quando está associada ao


envelhecimento) e secundária (associada a outras causas)
REFERÊNCIAS

Tratado de geriatria e gerontologia 4 ed


Queda em idosos: Prevenção - SBGG 2008
Geriatria - Guia prático
Fundamentos básicos em geriatria (2021) - Sanar

DIAGNÓSTICO - DENSITOMETRIA ÓSSEA (DXA)

A DXA é um termo aplicado aos métodos que são capazes de


medir a quantidade de osso (conteúdo mineral) presente em
uma área de volume definido, padrão ouro para o diagnostico
da OP

Assim, a DMO (densitometria mineral óssea) é o calculo entre o


conteúdo mineral e o volume = densidade óssea

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Incontinência urinária
Qualquer perda involuntária de urina, condição altamente Toda a bexiga é composta pelo músculo detrusor, em que sua
prevalente na população idosa. Considerada uma das grandes contração causa o esvaziamento da urina que estava
síndromes geriátricas, compromete a qualidade de vida dos armazenada, além de prevenir o refluxo ao comprimir os
indivíduos afetados, familiares e cuidadores, além de acarretar ureteres
aumento dos custos em saúde e resultar em
institucionalizações precoces INERVAÇÃO DA MÚSCULO DETRUSOR (BEXIGA)

NERVOS PÉLVICOS (S2-S3)


EPIDEMIOLOGIA
Ligam-se aos segmentos medulares S2 e S3; possuem fibras
• Mulheres mais acometidas = 30 a 60%
• Homens de comunidade = 10 a 35% sensoriais que detectam o grau de distensão da parede
• Homens institucionalizados = até 80% vesical

Possuem fibras motoras parassimpáticas que terminam em


Embora não tenha impacto direto na mortalidade, está
associada a aumento no risco de quedas e fraturas, ITU, células ganglionares na parede da bexiga, com pequenos
celulites, úlceras de pressão, disfunções sexuais, distúrbios nervos pós-ganglionares inervando o músculo detrusor e mm
esfíncter interno
do sono, além de contribuir para isolamento social, depressão,
estresse do cuidador e institucionalização precoce. NERVO PUDENDO (S2-S3)

ANATOMIA DO TRATO URINÁRIO Possui fibras motoras esqueléticas (somáticas) que inervam
esfíncter externo da bexiga, para o controle voluntário do
detrusor. Essas fibras motoras tragas pelo pudendo emergiram
URETER do núcleo de Onuf, no corno anterior de um ou mais
segmentos da medula sacral
Conduz a urina do rim para a bexiga, suas paredes são
compostas por músculo liso, inervado por fibras simpáticas e NERVO HIPOGÁSTRICO (T10/T11 - L2)
parassimpáticas, em relação a suas contrações peristálticas:
Possui cadeias simpáticas conectadas em sua maioria ao
• aumentadas pela estimulação parassimpática segmento L2 da medula espinal; estimulam os vasos
• inibidas pela estimulação simpática sanguíneos, fibras sensoriais passam por esses nervos
simpáticos, auxiliando na sensação de plenitude e de dor.
O tônus normal do músculo detrusor comprime a parte do
ureter inserida na parede vesical, evitando o refluxo da urina
da bexiga, durante a micção ou compressão vesical.

São bem suprimidos com fibras nervosas para dor, de forma


que ao serem obstruídos ocorrem constrições reflexas
intensas associadas à dor forte.

BEXIGA

Local de armazenamento da urina para ser eliminada do corpo


periodicamente. Pode armazenar até 500 ml.

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Incontinência urinária
Ativação do simpático >> libera norepinefrina >> relaxa o
FISIOLOGIA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR (TUI) detrusor (por receptor B3) + contrai esfíncter uretral interno
(receptor A1)
MICÇÃO
FASE DE ESVAZIAMENTO
O processo da micção é
voluntário envolve a integração Durante a fase de esvaziamento, impulsos eferentes
entre neurônios periféricos, provenientes do CPM inibem o núcleo de Onuf (ou seja, a
medula e centros encefálicos. Os inervação somática), promovendo:
centros superiores excitam ou
inibem o trato urinário enquanto o • relaxamento VOLUNTÁRIO do esfíncter externo
próprio trato envia informações • inibição simpática
sensitivas (tipo se a bexiga está • estimulação parassimpática = contração do detrusor +
cheia ou não) relaxamento do esfíncter

O Centro Pontino da Micção A acetilcolina liberada pela ativação dos neurônios


(CPM) atua na medula para parassimpáticos >> contração do detrusor (receptor M2 e M3
realizar o controle da micção. muscarínicos)

Na fase de esvaziamento, esse centro excita a medula sacral


(parassimpático) e inibe a medula toracolombar, modulando IMPACTO DO ENVELHECIMENTO NO TUI
os efeitos opostos dos sistemas simpático e parassimpático.
No envelhecimento, acontecem algumas modificações que
Na fase de enchimento, inibe a medula sacral e excita a tornam os idosos mais predispostos a apresentarem
medula toracolombar (simpático).
incontinência urinária. Dentre essas alterações, tem-se que:

FASE DE ENCHIMENTO • a bexiga torna-se menos elástica (por aumento de colageno)


• ocorrem contrações intempestivas durante a fase de
Na fase de enchimento, a distensão da bexiga faz com que enchimento (devido a alterações nos receptores de
neurônios sensitivos da parede vesical sejam ativados e pressão)
enviem aferências para os centros superiores, o que inibe o • Há uma hiperatividade do detrusor.
Centro Pontino da Micção (ativa medula TL), além de ativar
neurônios motores do núcleo de Onuf, com isso, o esfíncter Uretra: Ela torna-se - flexível e + fibrosa, provocando maior
externo se contrai via nervo pudendo. falha esfincteriana. Nas mulheres, a mucosa uretral fica mais
ressecada e atrofiada devido ao hipoestrogenismo, o que está
Simultaneamente, há ativação reflexa simpática (T11-L2) associado ao maior risco de infecções.
para contração da musculatura da uretra e para relaxamento
do detrusor. Mulher: devido ao envelhecimento muscular, às alterações
hormonais, às consequências do parto (enfraquece o períneo,
por isso que uma tosse ou constipação intestinal pode exercer
pressão e sair xixi) observamos maior risco de infecções, visto
que esses fatores interferem no pH e na flora da mucosa
vaginal.

Homem: a hipertrofia benigna da próstata (adenoma de


próstata) altera o fluxo urinário, que pode se manifestar por um
jato fraco + gotejamento terminal + noctúria (xixi a noite)

CLASSIFICAÇÃO DA ITU

A incontinência urinária é a ausência da continência, e esta é


uma condição multifatorial. Ou seja, são vários os fatores
que corroboram para que ela aconteça, não apenas a
integridade do TUI e de seu controle neurológico, mas a
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Incontinência urinária
condição clínica da pessoa, sua cognição, motivação, até INCONTINÊNCIA URINÁRIA ESTABELECIDA
mesmo o uso de medicamentos pode influenciar nela.
Não relacionada exclusivamente a problemas agudos e
Em idosos, a incontinência se manifesta de forma diferente que persiste ao longo do tempo. Pode ser causada por
nos jovens. Nestes, em geral, ela se deve a uma disfunção do hiperatividade ou hipoatividade do detrusor, por flacidez da Mm
TUI de forma isolada, mas, nos idosos, são várias causas pélvica, por alteração da pressão uretral, por obstrução da
associadas. saída vesical ou por distúrbios funcionais. Atualmente
descrevem-se 5 tipos
INCONTINÊNCIA URINÁRIA TRANSITÓRIA
1. Incontinência urinária do estresse
Tem início súbito, precipitada por insulto psicológico,
medicamentoso ou orgânico. Quando se remove sua causa,
geralmente revolve. As causas podem ser resumidas pelo É uma perda involuntária de urina que decorre do aumento da
mnemônico DIURAMID pressão intra-abdominal, como por tosse, espirro e atividade
física.
Estado confusional agudo, a incontinência
D elirium pode ser o primeiro sinal É mais comum em mulheres, principalmente pela perda de
força dos mm pélvicos que suportam os órgãos da pelve,
inflama mucosa vesical= aumenta aferência
I nfecções do trato urinário sensitiva = bexiga hiperativa + incontinência
gerando hipermobilidade uretral e deficiência do esfíncter.
Fator de risco: obesidade, partos vaginais, hipoestrogenismo
Pela falta de estrógeno, contribui para e cirurgia
U retrite e vaginites artifices irritação local e aumento de infecções e
incontinência urinária
Nos homens, mesmo sendo mais rara, pode acontecer,
Artrose, imobilização, paresia, calçado principalmente, por deficiência esfincteriana intrínseca
R estrição de mobilidade errado, medo de cair = dificulta chegar no
banheiro e justifica incontinência secundária a cirurgias de próstata
Ex.: ingerir muito fluido, diurético,
A umento do débito urinário hiperglicemia, IC, hipoalbuminemia

É a causa mais comum. Anticolinérgico,


antidepressivo, agonista alfa-adrenérgico,
M edicamentos
analgésicos narcóticos, sedativos/hipnóticos,
antipsicóticos, diuréticos.

I mpactação fecal Comprime a bexiga ou causa irritação nela

Depressão, demência e psicose, interferem


na capacidade do paciente reconhecer a
D istúrbios psíquicos sensação de bexiga cheia ou por não ter
motivação para urinar (depressão grave) 2. Incontinência urinária de urgência

É a perda de urina acompanhada ou


precedida de um desejo urgente de
urinar, tipo mais comum em
idosos, e pode se dar com ou sem
comprometimento da contratilidade
vesical. Normalmente, se deve a
contrações involuntárias do
detrusor durante a fase de
enchimento.

O mais comum em idosos frágeis é ser uma hiperatividade do


detrusor com hipocontratilidade, uma condição que cursa
com volumes residuais pós-miccionais elevados. Em geral, por
causas NEUROLÓGICAS.

Incontinência de urgência é utilizado como sinônimo de


bexiga hiperativa com incontinência

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Incontinência urinária
↪ bexiga hiperativa é uma síndrome de urgência urinária com • Cirurgias prévias
ou sem incontinência, de frequência elevada (8 ou mais xixis • Suspeita de fístulas
em 24h) e noctúria (2 ou + despertares para urinar)
Além disso, deve-se prestar atenção nos medicamentos
usados pelo paciente, pois eles também podem contribuir para
o quadro de incontinência urinária, como os diuréticos
tiazídicos, de alca, uso de cafeina

Diário de micção: ferramenta útil que fornece informações


sobre a ingestão de liquido, frequência e padrão de micção,
vazamento de urina, durante 24h. É indicado que o paciente
realize o diário por 2-3 dias para a avaliação adequada. Pode
3. Incontinência urinária por refluxo ou transbordamento ser realizado ambulatorialmente ou em nível hospitalar também

Decorre da falta de esvaziamento vesical por


hipocontratilidade do detrusor e/ou obstruções uretrais =
bexiga fica cheia porque não esvazia direito e transborda

Mais comum em homens que em mulheres e, por causa


obstrução uretral secundaria a hiperplasia prostática benigna.
Em ambos os sexos, pode se dar devido a medicamentos de
ação anticolinérgica e impactação fecal

4. Incontinência urinária mista

Quando tem mais de um tipo de incontinência no mesmo


paciente. Condição frequente entre idosos, especialmente nas
mulheres (principal causa de incontinência) que apresentam
hiperatividade do detrusor e deficiência esfincteriana
associadas.

5. Incontinência funcional

São fatores externos ao TU, como comprometimento cognitivo,


comprometimento ambiental (que prejudica a chegada ao EXAME FÍSICO
banheiro por exemplo), limitações físicas e limitações
psíquicas. EF é constituído de 5 partes, sendo elas:

ABORDAGEM CLÍNICA • avaliação cognitiva, de mobilidade e de funcionalidade


• exame neurológico das vias sacrais (sensibilidade, reflexos e
integridade)
ANAMNESE • toque retal para avaliação do tônus esfincteriano
• exame pélvico
Elementos importantes para considerar na história clínica em • teste de estresse
relação a perda urinária: ↪ pode ser realizado no consultório, o paciente deve
estar em pé, com a bexiga cheia e tossir bem forte. Se ocorrer
• Quantidade a perda ao mesmo tempo, sugere deficiência esfincteriana. Se
• Gravidade ocorrer segundos depois, sugere contração do detrusor
• Sintomas associados (frequência, noctúria, esforço, induzida pela tosse
hesitação etc)

Informações adicionais que devem ser investigadas: EXAMES COMPLEMENTARES

• Dor, hematúria • Laboratoriais: sumário de urina para investigação de


• Infecções recorrentes sinais de infecção, hematúria e glicosúria. Pacientes

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Incontinência urinária
selecionados devem realizar dosagem de eletrólitos, visual (gráficos da contração) e um feedback auditivo (em
glicemia, ureia e creatinina de acordo com a suspeita tempo real).

• Medida do volume residual pós-miccional (VRPM): útil


para excluir retenção urinária significativa. Pode ser
realizada por cateterização vesical ou ultrassonografia.
Embora não seja necessária em todos os pacientes, aqueles
com alto risco de retenção urinária como os portadores de
diabetes, doenças neurológicas, sinais de hesitação
miccional, antecedentes de retenção urinária e uso de
anticolinérgicos devem realizá-la. Valor > 200 ml está
associado a esvaziamento vesical inadequado.

• Estudo urodinâmico: exame caro e invasivo tem para


avaliar a qualidade das contrações vesicais e dos TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
esfíncteres uretrais. Compreende as seguintes etapas:
cistometria, medida da pressão de perda sob esforço e MEDICAMENTOS DE AÇÃO MISTA
urofluxometria. Recomendado antes de procedimentos
cirúrgicos ou minimamente invasivos do TUI ou na avaliação Propiverina: ação antimuscarínica (mas não é um
de sintomas de bexiga hiperativa após falha no tratamento antimuscarinico em si) e de bloqueio dos canais de Ca++.
inicial. Pode ser usado em pessoas que não toleram outras
medicações antimuscarínicas. Administrado em 1x/dia. Efeito
• Cistoscopia: realizada quando houver suspeita de fístulas adverso principal é boca seca.
ou de outras patologias associadas (presença de hematúria,
dor ou desconforto pélvico). Medicamentos antimuscarínicos: lembrar que receptor
muscarínico é do parassimpático que promove micção

TRATAMENTO Iniciar com 2,5 mg 12/12h.


• Potente ação antimuscarínica e não seletiva para
O primeiro passo é determinar a etiologia e a gravidade dos receptores muscarínicos vesicais
sintomas, identificar comorbidades que possam contribuir para Oxibutinina • leve ação no relaxamento do musculo liso por
bloqueio dos canais de Ca++
o QC e causas transitórias de IU • propriedades anestésicas locais
• propriedades anti-histamínicas
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO
• agente antimuscarínico seletivo da bexiga
• maior especificidade para receptores M3, potente mais
Intervenções sobre o estilo de vida: reduzir a ingestão Solifenacina
para os de musculo liso que os M3 de glândula salivar
excessiva de líquidos, perder peso, eliminar barreiras físicas de • menos efeitos adversos que oxibutina.
acesso ao banheiro e evitar cafeína (além da ação diurética, • antagonista do receptor muscarinico
está associada à instabilidade do detrusor), álcool e tabaco. • maior seletividade pelos receptores da bexiga que
Tolterodina das glândulas salivares
↪ Obs: é importante ter cuidado sobre a ingestão de fluidos • baixa solubilidade lipídica, o que implica menor
porque se não for orientado corretamente, alguns idosos capacidade de atravessar a barreira hematencefálica.
podem cursar com desidratação. Geralmente pedem para • baixa capacidade de atravessar a barreira
evitar líquidos de noite hematencefálica, o que reduz o risco de efeitos
cognitivos.
Treinamento músculo pélvico: consiste em exercícios para Trospium
• Atua de forma não seletiva em receptores
fortalecer os músculos pélvicos como a técnica de Kegel , para muscarínicos
• Baixa metabolização pelas enzimas hepáticas, o que
estabelecer um padrão normal de esvaziamento vesical e
é um aspecto positivo para pacientes que já usam
promover a continência. muitos outros medicamentos.

Biofeedback: técnica em que se insere uma sonda no canal Darifenacina


• meia vida longa; antagonista altamente seletivo de M3.
vaginal para medir a contração muscular. Essa técnica facilita Poucos efeitos adversos.
o aprendizado da correta contração muscular, visto que a • antagonista competitivo do receptor muscarínico.
sonda é conectada a um computador e exibe um feedback • Reduz episódios de urgência e de perda, sendo
Fesoterodina
melhor que tolterodina. Efeitos adversos: boca seca
e dor de cabeça.
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• ação antimuscarínica não seletiva. Efeitos sobre
Propantelina
incontinência não muito bem documentados.

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Incontinência urinária
INCONTINÊNCIA DE URGÊNCIA

O tratamento de 1a linha consiste no treinamento da bexiga,


que baseia-se em 2 princípios e os exercícios para
fortalecimento de músculos pélvicos:

1. realizar micções voluntarias frequentemente


2. treinar para inibir as contrações do detrusor, quando
se apresenta a urgência.
Agonistas dos beta-adrenérgicos: lembrar que esses
receptores são do simpático, que não promove micção. Sua • também usados na bexiga hiperativa.
• bloqueiam os receptores muscarinicos, diminuindo
ação ainda vem sendo discutida, mas acredita-se que exerce Anticolinérgicos contrações involuntárias do detrusor.
efeito miorrelaxante (se fosse pra contrair fazia xixi) • Os fármacos dessa classe mais utilizados são:
fesoterodina e solifenacina.
• relaxa o detrusor, aumentando a capacidade vesical Usam doses menores que na depressão, logo, menor
• utilizado a incontinência de urgência e na bexiga Antidepressivos
toxicidade. Imipramina.
hiperativa.
• eficaz, bem tolerado e com persistência do efeito ao quando injetada no músculo detrusor (por cistocospia),
Mirabegron
longo do tempo, o que contribui para boa adesão ao pode aliviar os sintomas da IU refratária ao tratamento
tratamento. Toxina botulínica anticolinérgico. Limitação: elevada taxa de retenção
• Efeitos adversos: distúrbios do TGI (constipação, boca urinaria após o tratamento.
seca, dispepsia, náuseas), taquicardia, ITU, etc.

esses receptores estão presentes nos neuronios


Agonista de sensoriais aferentes que inervam o detrusor e a uretra.
receptor vaniloide • Essa medicação suprime as contrações involuntárias
INCONTINÊNCIA POR TRANSBORDAMENTO
do detrusor.
O tratamento mais eficaz para tratar as dificuldades
suprime contrações involuntárias do detrusor após lesões provenientes de um útero miomatoso ou hiperplasia benigna de
Capsaicina crônicas da medula espinal situadas acima dos segmentos próstata é a cirurgia. Como alternativa a ela, temos a
sacrais
sondagem intermitente.

INCONTINÊNCIA DE ESTRESSE Quando não for possível realizar a cirurgia ou até realiza-la,
pode-se optar pelo tratamento farmacológico com alfa-
O tratamento de 1a linha para a incontinência de estresse é a bloqueadores e agonistas parassimpáticos (porque no caso
prática correta e regular dos exercícios de Kagel, cujos a bexiga fica cheia demais pela fraca contração do detrusor)
resultados podem ser mais significativos. Os fármacos
apresentam papel escasso porque não tem muita eficácia PACIENTES COM PROBLEMAS COGNITIVOS

• estimulam a contração do musculo liso uretral • Sintomas da ITU nos idosos podem ser inespecíficos em
Alfa-adrenérgicos • Apresentam muitos efeitos adversos (arritmias idosos com alterações cognitivas, e pode incluir piora na
(efedrina e fenilefrina) cardíacas e hipertensão) e não são muito incontinência e no status cognitivo.
efeicazes, por isso não são muito recomendados
• demência: seu tratamento por inibidores de colinesterase
ATD tricíclicos efeitos enticolinérgicos e alfa-agonista. pode precipitar IU devido ao aumento nos níveis de
acetilcolina.
antidepressivo inibidor da recaptação de NE e SR • medicações antimuscarinicas: podem piorar a função
• Estimula o nervo pudendo, aumentando a cognitiva em idosos com alterações cognitivas
contratilidade do esfíncter uretral
Duloxetina
• Como efeitos adversos, podemos citar as
preexistentes.
náuseas, e isso pode resultar na retirada da
medicação por alguns pacientes.

Estrógenos Sem evidencias

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Incontinência urinária

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Iatrogenia e polif!mácia
Com o envelhecimento, várias A farmacocinética é a forma como o corpo interage com um
são as alterações que fármaco. Isso inclui os processos de absorção, distribuição,
acontecem no organismo dos metabolismo e excreção.
idosos. Uma delas é a
modificação na
farmacocinética e
farmacodinâmica dos
medicamentos.

Como a maioria dos idosos consomem pelo menos um


medicamentos – alguns (cerca de 30% dos idosos) até fazem
uso da polifarmácia – é muito importante atentar-se para as
interações medicamentosas que podem acontecer, bem como
seus efeitos, e que poderiam ser evitados.

Para se prescrever um medicamento é


importante seguir a premissa de “start
slow and go slow, ou seja, começar
com doses baixas – mas não
subdoses, nem omitir doses – e ir
aumentando gradualmente.

Além disso, também é válido seguir 10 tópicos, definidos


como “índice de adequação medicamentosa”:

1. Se há indicação

2. saber se há interações medicamentosas

3. se há interações entre o medicamento e condições clínicas

4. se a dose está adequada

5. se a forma tomada é correta

6. se a forma tomada é prática

7. se o medicamento é efetivo para a condição

8. se existe outro medicamento com igual eficácia mas menor custo


A farmacodinâmica diz respeito a como o fármaco altera o
9. se há duplicações desnecessárias organismo ao interagir com seus receptores em órgãos-alvo.
10. se existe algum medicamento inapropriado. ↪No idoso idoso, existem algumas alterações causadas por
esse fator farmacodinâmico:

IDOSOS E O METABOLISMO DOS FÁRMACOS • maior sensibilidade a medicamentos anticolinérgicos =


podem gerar, confusão mental, delirium e agitação
A forma com a qual os fármacos e nosso organismo interage • maior sensibilidade a efeitos colaterais antidopaminérgicos
depende dos mecanismos farmacocinéticos e farmacodinâmico
de neurolépticos levando a quadros de parkinsonismo
Ambos são de grande relevância para o idoso, uma vez que
• Os receptores b-adrenérgicos também são alterados,
cursam alterações em diversas partes desse processo,
sofrendo uma downregulation pela diminuição da atividade
podendo impactar na resposta ao medicamento, assim como
em risco de eventos adversos pré-sináptica do receptor alfa-2, causando aumento da
liberação de noradrenalina.

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Iatrogenia e polif!mácia
POLIFARMÁCIA REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTO (RAM)

OMS: efeitos prejudiciais e indesejáveis que se manifestam


Pode ser definida como: “uso de 5 ou mais medicamentos” após a administração, nas doses corretas, dos medicamentos.
(conceito mais usual), “uso de pelo menos um medicamento
potencialmente inapropriado” ou ainda “mais medicamentos Essas RAM são um grave problema de saúde pública quando
usados do que clinicamente indicados”. se trata da população idosa. Isso porque todas as mudanças
fisiológicas próprias do envelhecimento alteram a
A polifarmácia é fator de risco para iatrogenia (probabilidade farmacocinética e a farmacodinâmica dos medicamentos,
de reações adversas, interações medicamentosas, tornando os idosos mais propensos a apresentarem RAM.
medicamentos inapropriados)
Por isso, devemos nos atentar às interações medicamentosas,
CASCATA IATROGÊNICA aos medicamentos inadequados para idosos, à redundância
IATROGENIA terapêutica e à polifarmácia nesses pacientes. Tudo isso
O processe de cascata Intervenções médicas ou de seus
auxiliares, sejam elas certas ou contribui para o fracasso terapêutico.
iatrogênica é quando os erradas, justificadas ou não, mas
efeitos adversos dos que resultam consequências
Em relação aos idosos, as RAM podem, muitas vezes,
medicamentos são interpretados prejudiciais para a saude do
paciente apresentar-se como síndromes geriátricas ou por meio de
erroneamente como uma nova
outros sintomas, como: confusão mental, IU, fraqueza
condição médica que exige
excessiva, alterações no sono, quedas e déficit cognitivo
prescrição, submetendo, dessa forma, o paciente a uma
intervenção farmacológica desnecessária.
MEDICAMENTOS INAPROPRIADOS
Esse conceito pode ser dividido de duas formas:
São medicamentos cuja administração em idosos aumenta o
1) cascata iatrogênica: quando várias complicações risco de efeitos adversos ou que não apresenta tanta eficácia.
médicas se desenvolvem e resultam na diminuição da
capacidade em lidar com agentes estressores externos. Os medicamentos
potencialmente inapropriados
2) iatrogenia prescritiva: quando os efeitos adversos (MPI) são aqueles em que os
decorrentes das medicações são interpretados como benefícios trazidos pelo seu uso
não justificam os efeitos
novas condições que exigem uma nova prescrição.
negativos associados.
A iatrogenia possui com fator de risco o numero de
Os critérios Beers é o principal e
medicamentos utilizados, visto que a polifarmácia se relaciona
amplamente aceito para definir
com a probabilidade de reações adversas, com as interações quais são os medicamentos
medicamentosas e, também, com os medicamentos inapropriados para os idosos
inapropriados para idosos.

Inclusive, em relação aos idosos, devemos PREVENÇÃO


destacar que eles, muitas vezes, são tratados
como sendo adultos comuns, e seus • Avaliar de forma criteriosa os
medicamentos prescritos
processos de senilidade e senescência são
ignorados, por isso esses pacientes estão muito expostos • Optar por fármacos cujo limiar
aos riscos de iatrogenia, suas complicações e manifestações. de concentração da dose
terapêutica seja distante do
limiar de concentração da
dose toxica

• Atentar para as terapias não


f a r m a c o l ó g i c a s
complementares

• Pedir ao paciente que leve para as consultas ou


internamento todos os medicamentos que ele usa, sejam
prescritos ou não pelo médico
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Imobilidade e institucionalização
Os idosos com mais de 75 anos apresentam alterações
crônico-degenerativas, e um acentuado declínio funcional, CARACTERIZAÇÃO DA IMOBILIDADE
tornando-se idosos fragilizados, pois a perda funcional ocorre
de forma mais corriqueira nessa idade e em maior velocidade. • Início: pode ter início súbito e agudo, como em casos de
traumas de lesões do fêmur, AVE, processos infecciosos.
Os 75 anos é um divisor de águas depois da qual a Mas, também, pode ocorrer de forma crônica e progressiva,
incapacidade, imobilidade e mortalidade crescem rapidamente. (idosos durante e após tratamento hospitalar). Além disso,
também são causas de imobilidade progressiva algumas
INTRODUÇÃO doenças crônico degenerativas, como Parkinson,
osteoartrite, insuficiência cardíaca ou respiratória.

CONCEITO • Duração: pode ser temporária, com instalação súbita, e


causas reversíveis, como ocorre em pneumonias, fratura de
Idosos fragilizados: Indivíduos com fêmur. Já a imobilidade de duração prolongada pode até
+75 anos, dependem de cuidadores mesmo ser definitiva. Ela pode ter instalação súbita, como
para AVD, vivem geralmente em acontece com AVE e fratura de fêmur, ou progressiva, como
instituições, são incapazes de se no caso de Parkinson e demências.
movimentar (imobilizados), usam
múltiplos fármacos, são desnutridos e • Fatores desencadeante: quedas, fraqueza, rigidez,
tem alterações nos exames desequilíbrio, depressão, dor, medo e medicamentos. ex:
laboratoriais.
- anti-hipertensivos e diuréticos: hipotensão ortostática
Por ficarem grande parte do tempo aleitados, podem acabar - anti-histamínicos e psicotrópicos: sedação e
agravando para uma condição de imobilidade denominada instabilidade postural
Síndrome de Imobilização (SI). Nela, vamos ter - antivertiginosos: parkinsonismo
acometimento grave de todos os órgãos e aparelhos, - hipoglicemiantes orais e insulina: hipoglicemia
repercutindo negativamente no organismo = aumenta os custos
para a família e para o sistema de saude, cuidados ficam mais • Fatores de risco: podem ser intrínsecos (próprios) ou
complexos = idosos costumam ser internados em extrínsecos
institucionalizações (asilo ou hospital)
- fatores de risco intrínsecos: idade mais avançada,
Idosos acometidos apresentam disfagia, uso de sonda para
dependência nas AVD, comprometimento psíquico e
alimentação, incontinência dupla, demêcia grave e úlcera
cognitivo, polifarmácia, instabilidade postural.
na pele.
- fatores extrínsecos, que podem ser familiares
Apesar de não ter cura, a síndrome de imobilismo deve ser
acompanhada por equipe multidisciplinar para aliviar o (negligencia, ausência de cuidador), ambientais,
sofrimento do paciente, reconhecendo e lidando com seus hospitalização prolongada e institucionalização.
agravantes.
CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO
DEFINIÇÃO DE TERMOS

• Síndrome = conjunto de sinais e sintomas que ocorrem ao


mesmo tempo, podendo ter mais de uma etiologia

• Imobilidade = efeito resultante da supressão dos


movimentos por causa da diminuição das funções motoras,
impedindo a mudança de posição e deslocamento

• Síndrome de imobilização = conjunto de sinais e sintomas


que resultam da supressão de todos os movimentos
articulares, prejudicando a mudança postural,
comprometendo a independência, levando à incapacidade,
fragilidade e à morte

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Imobilidade e institucionalização
• Osteoarticulares: osteoartrose, fraturas, osteoporose,
CAUSAS DA IMOBILIDADE metástases;
• Cardiorrespiratórias: DPOC, ICC, cardiopatias
Diversas patologias podem causar imobilidade no idoso, isquêmicas;
podendo evoluir para SI. Várias "síndromes geriátricas” • Vasculares: trombose venosa, insuficiência arterial;
estão associadas a declínio funcional e parte dos idosos • Musculares: fibrosite, polimialgia, desnutrição proteico-
perdem sua independência e ficam confinados no leito após o calórica;
tratamento hospitalar prolongado • Neurológicas: neuropatia periférica, AVC, ELA,
hidrocefalia, Parkinson, demência;
Essas causas resultam em >> equilíbrio precário, quedas, • Letargia medicamentosa: por uso de neurolépticos,
limitação da marcha, perda da continência, imobilidade no leito ansiolíticos, hipnóticos, anti-hipertensivos;
>> SI. • Déficit neurossensorial: cegueira, surdez;
• Doenças dos pés: calosidade e cravo, onicogrifose, úlcera
As causas podem ser divididas em fatores psicológicos, planta
alterações físicas e causas ambientais
A ocorrência dessas doenças acaba aumentando o risco de
quedas, problemas com equilíbrio, postura e marcha, levando
à imobilidade e dependência de cuidadores, podendo agravar,
por fim, para a SI.

CONSEQUÊNCIAS DA IMOBILIDADE

O repouso no leito é uma medida terapêutica muito comum


para o restabelecimento de uma doença. No entanto, essa
privação de atividade física não é tão benéfica, visto que leva
ao agravo das condições física, cognitiva e emocional do
indivíduo.

A imobilidade prolongada leva à deterioração funcional


FATORES PSICOLÓGICOS progressiva dos vários sistemas, muito além da senescência
normal, chegando-se mais tarde à síndrome de imobilização
Entre os fatores psicológicos temos:
• depressão
• medo de se machucar e/ou cair
• apatia, falta de motivação
• manutenção da crença de que o repouso e a imobilidade
são benéficos para a recuperação

FATORES AMBIENTAIS

• isolamento social
• ambientes cheios e com superfícies irregulares
• efeitos colaterais de medicamentos (iatrogenia)
• contenção física no leito
SISTEMA TEGUMENTAR
• ausência de adaptação ambiental que facilite a
acessibilidade podem desencadear ou agravar a imobilidade
Senescência: pelenaturalmente sofre declínio na produção de
• negligencia dos cuidadores, que deixam de assumir atitudes
preventivas mesmo cientes do efeito que isso pode células epiteliais, fica menos espessa, diminuição no número
apresentar e secreção de glândulas sudoríparas, menor vascularização,
menos elástica = tudo isso contribui para o aparecimento de
lesões dermatológicas e lesões
FATORES FÍSICOS

Dentre eles, temos uma série de doenças comuns em idosos: • Micoses: por maior umidade na superfície corporal e
higiene precária, como acumulo de suor, urina e restos de
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Imobilidade e institucionalização
alimentos. O problema é que as micoses são porta de (cinesioterapia) + posição correta no leito + alongamento
entrada para infecções bacterianas, ainda mais que o idoso são importantes
já é imunologicamente desfavorecido, isso piora a situação
• Osteoporose: perda da massa óssea
• Xerose: ressecamento da pele, causada pela diminuição + aumento do risco de fraturas,
das glândulas sudoríparas e pelo uso de produtos relacionada com a reabsorção do
inadequados para a pele do idoso (tipos de sabão e banhos osso trabecular e a diminuição da sua
quentes demorados). Pode-se prevenir hidratando bem, formação. Ela está ligada à falta de
bebendo água e cremes exercício muscular e de sustentação
corporal, pouca exposição ao sol etc
• Lacerações: causados pelo atrito constante sobre o leito +
pouca elasticidade da pele + xerose
SISTEMA MUSCULAR
• Dermatite amoniacal: lesão causada pelo contato da pele Após os 70 anos, o processo de degeneração muscular é
com a urina. Pode ser agravada pelo uso de fraldas
geriátricas, em que as bactérias se proliferam e convertem a natural, mesmo quando o idoso mantém atividades físicas,
ureia em amônia mas é um processo ainda mais rápido em indivíduos com
síndrome da imobilidade:
• Equimoses: causadas pela fragilidade capilar e pela falta
de tecido de sustentação para os vasos sanguíneos. • perda da força muscular
• atrofia muscular
• Úlceras de pressão: compressão por • encurtamento das fibras e perda de sarcômeros
+2h de uma área de tecido restrita,
ocorrendo pressão e colabamento dos Assim como para evitar as deformidades articulares, são
vasos sanguíneas. Surgem em poucas necessárias medidas para a mobilização precoce e
horas, de dentro pra fora. posicionamento adequado

- desnutrição, desidratação, má higiene, comorbidades, SISTEMA CARDIOVASCULAR


colchão inadequado, perda da sensibilidade dolorosa,
imobilidade e precarização na captação de oxigênio • Trombose venosa profunda (TVP):
pelos tecidos A estase (estagnação do sangue/
linfa) facilita os ativadores de
coagulação e, por isso, é o principal
elemento desencadeador da TVP.
Associada a essa estase, temos a
hipercoagulabilidade e as lesões das
paredes das veias, com o envelhecimento (tríade de
Virchow). Na SI, temos uma predisposição à TVP devido,
principalmente, à falta de contratura muscular da panturrilha.
Complicação: Embolia pulmonar, sendo que os êmbolos
SISTEMA NERVOSO tem origem em veias ilíacas, femorais e da panturrilha.
A síndrome da imobilidade pode lervar a disturbios • Isquemia arterial aguda dos MMII: na SI, a isquemia
neuropsiquiátricos como a depressão, a demência, delirium e decorre de uma obstrução ateromatosa da artéria,
inversão do ritmo do sono decorrente por embolia por exemplo. Além disso, pode
acontecer contraturas em determinadas regiões, levando ao
SISTEMA ESQUELÉTICO estrangulamento do lúmen arterial, e isso leva à isquemia.

• Alterações articulares: SI modifica as • Hipotensão postural: pode ser uma


articulações do paciente, pois a consequência porque a posição
imobilidade impede que o líquido supina (deitada) prolongada diminui
sinovial flua pela cartilagem intra- a sensibilidade dos barorreceptores,
articular, como efeito tem-se as e, intensificando isso, ainda temos
contraturas, que são as limitações do as modificações fisiológicas do
movimento, principalmente o quadril, os envelhecimento, como rigidez das
joelhos, os punhos e os cotovelos. Para evitar, os paredes arteriais
movimentos ativos e passivos das articulações
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Imobilidade e institucionalização
SISTEMA URINÁRIO Alem disso, os pulmões ficam comprimidos por causa do
acumulo de fezes e gazes que empurram o diafragma do idoso
• Incontinência urinária: A maioria dos pct com SI são A pneumonia é a principal
incontinentes, visto que também são portadores de quadro
causa de morte em idosos
demencial avançado, tem dificuldades de comunicação, acamados, estando ligadas
não deambulam, etc. tanto as alterações da
senescência (reflexo da tosse
• Bexigoma: causada pela retenção urinária, por hipertrofia diminuído, degeneração da
prostática, fecaloma, uso de diuréticos. capacidade elástica do pulmão,
etc) quanto às complicações de
• ITU: bastante frequente entre idosos e ainda mais frequente patologias crônicas, gerando
nos imobilizados. Fatores predisponentes: IU, uso de fraldas
geriátricas, obstrução uretral, pouco ingestão de líquidos, atelectasia pulmonar. São sinais de alerta: alteração
internação hospitalar. cognitiva, comportamental e nos níveis de consciência,
desidratação e hipotensão arterial.
SISTEMA DIGESTÓRIO

• Desnutrição: associada a desnutrição proteico-calórica e


de oligoelementos, minerais e vitaminas podem levar a um
estado de caquexia, com aumento no nível de mortalidade e
morbidade

• Desidratação: porque os idosos sentem menos sede

• Anemia, infecções recorrentes e fraqueza generalizada

• Constipação intestinal: eliminação de fezes endurecidas,


em baixo volume e com frequência menor que três vezes AVALIAÇÃO DOS PACIENTES IMOBILIZADOS
por semana, que leva a grande sofrimento no paciente,
podendo evoluir para “fecaloma” (pode levar a retenção
urinária) Deve ser feita por equipe multidimensional a partir dos dados
intrínsecos e extrínsecos relatados pelo paciente e pelo
• Disfagia: um dos critérios para diagnostico cuidador. Ex: condições médicas, medicamentos, dores,
da SI, antecede a síndrome, sendo nutrição, relação com o cuidador etc podem interferir na
resultado de déficits neurológicos mobilidade do individuo. Importante que ela seja feita de modo
importantes. O paciente perde a contínuo, para poder acompanhar o progresso do paciente
capacidade de movimentar o alimento na
cavidade oral e de deglutição, além disso, é bem frequente • Avaliação minuciosa da pele, principalmente nas
a recusa voluntária de alimentos. Assim, o paciente ingere proeminências ósseas e áreas que permanecem
cada vez menos alimentos e nutrientes, atingindo um estado pressionadas
de caquexia. Outra complicação é a pneumonia aspirativa, • Avaliação do estado cardiopulmonar
que corresponde à aspiração de alimento e secreção para o • Exames osteomuscular (verificar amplitude dos movimentos
articulares)
pulmão. O tratamento é com o fono, mas é pouco efetivo,
culminando na necessidade da sonda nasoentérica ou
• Exame neurológico
gastrostomia

SISTEMA RESPIRATÓRIO

A posição supina prolongada implica dificuldades sobre a


movimentação do diafragma e a expansibilidade torácica. As
alterações musculoesqueléticas supracitadas afetam os
músculos intercostal e abdominal e as articulações
costocondrais, gerando fraqueza muscular + dificuldade de
tossir + acumulo de secreções pulmonares

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Imobilidade e institucionalização
instituiu os “Cuidados a Longo Prazo”, a fim de oferecer
MANEJO DA IMOBILIDADE atendimento global ao idoso e à sua família.

• Fisioterapeuta: alivia a dor, aumenta a resistência e a força ILPI: são as Intituições de Longa Permanência para Idosos,
muscular governamentais ou não, que corresponde a esse cuidado a
longo prazo citado anteriormente. De forma geral, pode ser
• Terapeuta ocupacional: atua nas AVD, ajudando o entendida como um serviço híbrido de assistência à saúde e
paciente na adaptação de suas capacidades às atividades de bem-estar social, que provê serviços de saúde, serviços de
do cotidiano, recomendando modificações ambientais e assistência social e serviços de atendimento asilar.
dispositivos auxiliares que se ajustem às necessidades e
limitações do paciente

• Fonoaudiólogo: importante para a reabilitação dos


distúrbios de fala e deglutição

• Enfermeiros e cuidadores também são essenciais para o


encorajamento e a pratica das ações recomendadas pelos
terapeutas

As ILPI possuem uma dupla função: ser uma moradia para os


idosos e fornecer cuidados. Nesse sentido, é muito importante
que o ambiente lembre uma casa e, também, seja seguro, não
oferecendo riscos à movimentação, por exemplo.

Transição: a mudança de sua própria moradia para a


institucionalização é um grande desafio, por isso, é importante
garantir que o idoso, caso tenha condições físicas para isso,
acompanhe o processe de seleção e planejamento da
instituição (guia para escolha da instituição) . Assim, o idoso
deve opinar e, também, ter uma abordagem especial, de
INSTITUCIONALIZAÇÃO DO IDOSO acompanhamento e de apoio. Por parte da família, também é
interessante que programem algumas horas de permanência
no local para torna-lo ainda mais familiar e prazeroso.
A Política Nacional do Idoso preconiza que o cuidado com o
idoso deve ser, primeiramente, familiar, em detrimento do asilar.
Mas, em casos de ausência de condições necessárias para
esse atendimento pela família, a modalidade recomendada é o
asilo. Com as mudanças sociais pelas quais estamos
passando, a estrutura familiar tem se modificado bastante e
isso, aliado ao crescente individualismo, dificulta esse cuidado
familiar tão importante, o que acarreta maior
institucionalização.

Embora haja algumas interpretações negativas a respeito


dos asilos, como sendo ligados à pobreza, ao abandono e à
exclusão social, sabe-se que eles zelam pela qualidade de vida
dos idosos, apesar das carências financeiras.

Defende-se que a assistência aos idosos deve ser em sua


própria comunidade e domicílio para garantir a dignidade
humana. Além disso, o Programa Nacional de Saúde do Idoso
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Imobilidade e institucionalização
Por parte da instituição, é imprescindível que os profissionais ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE, ILPI E PAPEL DO MÉDICO
tenham conhecimento sobre questões pessoais daquele
indivíduo, como: grau de dependência ou independência, • Atribuições da equipe: Os profissionais devem levar em
hábitos alimentares, nível de privacidade, inseguranças e consideração as necessidades dos residentes e, assim,
medos, entre outros fatores para fornecer o melhor cuidado conhecendo a demanda de modalidades de seus serviços,
possível. manter como princípios:

FATORES PREDISPONENTES À INSTITUCIONALIZAÇÃO

• Idade avançada
• Morar sozinho
• Doenças e condições clinicas: imobilismo, incontinência
urinaria, AVE, Parkinson etc
• Incapacidade funcional e limitação das AVD
• Situação mental, como depressão e demência • Atribuições da ILPI: organizar grupos de recepção para
• Pobreza e ausência de suportes sociais diminuir a ansiedade dos que chegam, buscar conhecer e
atender as demandas dos residentes; fornecer atividades de
QUALIDADE DO CUIDADO NA INSTITUIÇÃO recreação; organizar grupos de apoio, principalmente para
aqueles deprimidos e com tendencia ao isolamento. Além de
É importante termos em mente que a instituição deve fornecer manter grupos de ligação para a manutenção do contato com
cuidados ao idoso, buscando a recuperação da saúde, a a comunidade
preservação da autonomia e a manutenção dos laços
• Papel do médico: o médico deve ser membro de um equipe
afetivos. Por isso, é essencial que esse cuidado seja de
multiprofissional. Ele deve estar ciente que, nas ILPI, os
qualidade.
problemas não são isolados, de um paciente só, mas sim
Isso porque o idoso que chega ao asilo já teve seu padrão de que vão se deparar com a realidade de um problema
vida alterado, suas relações sociais e familiares de certa forma complexo, em que um fato pode afetar a todos. Além disso,
interrompidas. Então, se não fornecermos um cuidado de outro cuidado que o médico deve ter é com as interações
medicamentosas e as RAM (reações adversas a
qualidade, teremos uma piora na situação existencial e
medicamentos)
orgânica do idoso, como, por exemplo, se a instituição
oferecer uma atenção médica deficiente, não planejar
corretamente os cuidados, não se atentar para a segurança do
ambiente e ser displicente quanto ao risco de polifarmácia.

É necessário focar esses cuidados tendo-se em vista os


problemas mais comuns encontrados entre os idosos nas
institucionalizações, como: comportamentos inadequados
nos portadores de demência, incontinências e contenção
física.

No brasil, as instituições são muito heterogêneas, e nem


sempre contam com profissionais especializados e capacitados
e trazer essas melhorias. Diante disso, há alguns anos, está
sendo cogitado um projeto de lei para criar e regulamentar a
profissão de cuidador. Atualmente, temos uma Carta Europeia
elaborada na Holanda, trazendo os seguintes tópicos para a
qualidade do cuidado:

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Cuidadores e violência com o idoso
CUIDADORES DE IDOSOS O CUIDADOR

Características do potencial cuidador: De forma geral, o


Sabemos que o envelhecimento não saudável está associado cuidador são pessoas que apresentam certa proximidade física
a várias limitações, sendo elas físicas ou cognitivas, que e afetiva com o idoso ou parentesco. Além disso, o gênero
resultam em um grau de dependência para a realização das também influencia no potencial cuidador, sendo, na maioria dos
AVD. Isso implica a necessidade de cuidados específicos casos, o feminino.
voltados para a pessoa idosa. I
É interessante citar que o cuidador passa a assumir essa
nclusive, na Constituição Brasileira de 1998 está função de forma inesperada, sem preparação. Como o mais
assegurado que é dever tanto do Estado quanto da família de comum (e também o mais indicado) é que o envelhecimento
amparar os idosos, garantindo-lhes o direito à vida, bem como ocorra nos núcleos domiciliares, é frequente que os cuidadores
defendendo sua dignidade e bem-estar. Portando, o cuidado sejam membros da família, como cônjuges e filhas.
com essa população é de responsabilidade do Estado, da
família e da sociedade como um todo. Normalmente, o cuidador é uma única pessoa, que acaba
perdendo um pouco de sua independência devido a esse novo
Diante disso, entramos no âmbito do cuidador. Ele pode ser um papel.
cuidador informal, quando é um membro da família sem uma
formação básica adequada, ou um cuidador formal, que é CUIDADOR INFORMAL = FAMÍLIA
aquela pessoa contratada e que apresenta experiência/
formação na área. Essa diferenciação é interessante porque o O mais comum é que o envelhecimento e o cuidado ocorra no
fato de se ter um cuidador informal acaba sobrecarregando-o e, ambiente domiciliar. Logo, em nosso país, a principal forma
também, ocasionando uma estagnação ou até mesmo uma de suporte ao idoso é a informal. No entanto, como já citado,
progressão insatisfatória do quadro clínico do pct. algumas mudanças ocorreram na sociedade e que têm
apresentado certa dificuldade para esse cuidado.Dentre as
Essa sobrecarga de trabalho traduz uma questão muito mudanças, temos:
importante que devemos abordar a respeito do cuidador, que é
o impacto em sua saúde física e mental. A sobrecarga pode • crescente urbanização = redução do numero de filhos
provocar isolamento social, dificuldades financeiras, mudanças • inserção da mulher no mercado de trabalho = filhos mais
e insatisfações conjugais e deficiência na saúde física e no tardiamente)
autocuidado. Precisamos discutir sobre isso porque o cuidado • a migração de jovens em busca de empregos = abandonam
com o idoso deve ser multidimensional, então, precisamos seus lares, não morando mais com os idosos que
cuidar não apenas da saúde do idoso, mas, também, de quem precisariam de cuidados
cuida dele, logo, a saúde de ambos é interdependente. • maior número de divórcios = faz com que os filhos nem
sempre morem com o idoso dependente.
Para cuidar, precisa estar bem cuidado. Esse impacto na
saúde pode, inclusive, aumentar a morbimortalidade dos
cuidadores, e merece destaque os cuidados de esposos(as), CUIDADOR FORMAL = CONTRATADO
cujo risco de mortalidade é mais alto. No entanto, devemos ter
em mente também que nem todos os cuidadores apresentam Apesar de os cuidadores informais
esses impactos negativos. Vários sentem-se satisfeitos e serem os mais comuns, tem surgido
realizados pelo ato de cuidar. no BR os cuidadores formais.

O Ministério do Trabalho e
• Cuidar: ato de assistir, aplicar atenção e de ter cuidado, Emprego reconheceu e consolidou
atitude que abrange mais que um momento de atenção, essa função na Classificação
representa uma preocupação, responsabilidade e Brasileira de Ocupações, sendo que
envolvimento afetivo. pode ser um cuidador de idosos
dependentes ou não e um cuidador de idosos institucional.
• Cuidado: oposto de descaso e descuido. É fornecer um
suporte real para a imaginação, liberdade e inteligência. É Em 2012 houve um programa chamado “Programa Mais
um fenômeno que possibilita a existência humana. Saúde” que eram realizados nas redes de escolas técnicas do
SUS (ETSUS) e que tinham como meta qualificar 66.000
cuidadores, com carga horária de 160h (120h teórica e 40h
pratica).

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Cuidadores e violência com o idoso
Apesar de todo o empenho de muitas pessoas, o programa foi • comunicar a equipe multiprofissional intercorrências;
interrompido com a justificativa de que as pessoas formadas • estimular realização de atividades dentro e fora de casa;
por esses cursos não seriam absorvidas pelo sistema de • tomar providencias necessárias quando de emergências.
saúde, pois não faziam parte do quadro de pessoal previsto. A
partir daí o programa voltou a ser direcionado à capacitação IMPACTOS DA PROFISSÃO DE CUIDADOR
de cuidadores familiares pela Estratégia de Saúde da Família,
o que foi um grande retrocesso, ainda não superado. É bastante comum que o cuidado tenha repercussões
negativas na saúde do cuidador. Assim, alguns sintomas são
Atualmente, existem empresas que fornecem o curso técnico recorrentes, como: medo, preocupação, raiva, frustração,
de cuidador de idosos, com certificado (valor do curso R$ tristeza, culpa, isolamento social e fadiga.
909,50 ou 5 x de R$ 181,90.) cuidador de idoso ganha, em
média, R$ 1.247,17
Além disso, todo o cansaço físico e mental ao qual o cuidador
se submete pode transformá-lo em um doente potencial.
Diante disso, podem ser frequentes relatos de perda de peso,
distúrbios do sono, estresse, etc.

Podemos destacar a síndrome de Burnout, que ocorre em


cuidadores de pct com demência, caracterizada por sintomas
funcionais, psíquicos e comportamentais que podem levar ao
esgotamento do cuidador.

Além dos impactos na saúde, também ocorre o isolamento


social do cuidador. Isso se deve à sobrecarga de atividades,
às mudanças nos relacionamentos familiares e nos ciclos de
ATRIBUIÇÕES DO CUIDADOR amizades.
O cuidador tem um papel muito importante no cuidado do
Também vale mencionar como demais impactos: dificuldades
idoso. Eles estabelecem um elo entre si, uma relação íntima
financeiras, sentimento de impotência (sobretudo quanto aos
de afetividade e de aprendizagem mútuas, o que mostra-se
idosos com câncer), medo do desconhecido (por ex morte),
bastante benéfico para o sucesso terapêutico do pct. conflitos familiares
Além disso, o papel do cuidador também torna-se importante
por ser a partir dele que pode-se obter informações relativas à
SÍNDROME DA INSUFICIÊNCIA FAMILAR
saúde do pct e é por meio dele que são repassadas
informações e orientações relativas ao tratamento.
A insuficiência familiar é um processo psicossocial em que o
Perfil: ter grau de instrução vínculo familiar encontra-se prejudicado e há um baixo apoio
suficiente para receber as social. Algumas transformações contemporâneas no
orientações; ter boa saúde física e sistema familiar têm contribuído para isso, como: inversão do
emocional; ter auto-respeito e papel do idoso, conflitos intergeracionais, comprometimento
autocuidado; ter sensibilidade e das relações familiares. Tudo isso pode acarretar em uma
responsabilidade social; ter boa vulnerabilidade social da família.
qualificação profissional.
A vulnerabilidade social da pessoa idosa, o declínio de sua
• auxiliar e realizar as AVD de saúde psicológica e funcional, com menor qualidade de vida,
acordo com o grau de enfim, o envelhecimento mal sucedido são consequentes da
dependência; insuficiência familiar na pessoa idosa.
• incentivar independência e Quando a família não tem condições psicológicas, sociais
autonomia; nem mesmo recursos financeiros ou humanos para cuidar de
seu familiar idoso, este fica exposto às situações de
• promover suporte emocional, morbidade. Nesse contexto a insuficiência familiar encontra
carinho, atenção e companhia;
pode prejudicar as condições de vida da pessoa idosa e
comumente levá-la à institucionalização e separação de seus
• administrar medicações familiar
prescritas;
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Cuidadores e violência com o idoso
Atualmente, o conceito de insuficiência familiar assume a
característica de Síndrome Geriátrica e é considerada um
dos sete gigantes da Geriatria.

FATORES DE RISCO

Existem associações entre a ocorrência dos maus-tratos contra


idosos e algumas condições que eles apresentam:

• Cognição comprometida (demência)


• Função física prejudicada (dificuldades motoras)
• Isolamento social
• Sofrimento psicológico
• Idade avançada
• Auto grau de fragilidade e dependência
• Rede de suporte inexistente ou frágil
• Receio de institucionalização
• Pobreza

Em relação ao agressor, existem fatores de risco para


VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO acontecer os episódios de violência também:

A violência contra o idoso é vista como um problema social,


• Cuidador sobrecarregado
• Abuso de substancia
cultural e de saúde. A OMS a define como sendo ações ou • Saúde mental comprometida
omissões cometidas uma ou mais vezes que prejudicam a
integridade física e emocional e impedem o desempenho do
papel social do idoso. O Estatuto Do Idoso também a VIOLÊNCIA SEGUNDO A NATUREZA
caracteriza assim, acrescentando que essas ações ou
omissões podem ocorrer em ambiente público ou privado, MAUS-TRATOS FÍSICOS
podendo causar morte, dano, sofrimento físico ou psicológico.
• tapas, beliscões, agressões com cintos ou outros objetos,
A prática violenta contra o idoso pressupõe a existência de armas e empurrões
uma quebra de expectativa em uma relação de confiança • Provoca ferimentos na vítima como equimoses, hematomas,
estabelecida entre a vítima e o agressor (cônjuges, filhos, escoriações e cortes
cuidadores, comunidade etc.), resultando em prejuízo ou • ocorre principalmente no ambiente familiar, seguido da rua e
aflição ao idoso. Nessa relação há um abuso de poder e/ou das instituições de prestação de serviços
de força para a ocorrência de ação danosa contra o idoso ou • 5-10% de idosos sofrem violência desse tipo
omissão de socorro ou providência no exercício da
responsabilidade de cuidado ABUSO PSICOLÓGICO

• menosprezo, desprezo, preconceito e discriminação do


idoso pelo fato de ele ser idoso

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Cuidadores e violência com o idoso
• gera um sofrimento mental que contribui para processos • praticada por bancos, lojas, planos de saúde por meio de
depressivos e autodestrutivos aumentos abusivos
• segunda forma de abuso mais denunciado no Disque Idoso
• estudos brasileiros mostraram que o abuso psicológico é
mais frequente que o físico VIOLÊNCIA SEGUNDO OS MECANISMOS DE ABUSO

ABUSO SEXUAL VIOLÊNCIA ESTRUTURAL

• violência física e ameaças são utilizadas pelo agressor para São maus-tratos naturalizados e inerentes à sociedade, onde
que ele consiga estabelecer relações sexuais com o idoso, os componentes causais são:
que é incapaz de oferecer resistência
• as principais formas são: beijos forçados, atos sexuais sem • Pobreza
consentimento e bolinação. • Desigualdade de genero
• Discriminava racial
• As principais vítimas são mulheres com deficiência física
(incapazes de deambular) e déficit cognitivo.
no Brasil, os idosos pobres, negros e as mulheres são alvos
• ocorre principalmente no ambiente doméstico, seguido por mais suscetíveis a violações de suas identidades, dignidades,
instituições geriátricas
direitos e autonomia.

ABANDONO E NEGLIGÊNCIA
VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL
abandono: retirar o idoso de casa contra sua vontade, levá-lo Maus-tratos que ocorrem nas ILPS principalmente, onde eles
a uma ILPI também contra sua vontade, limitando seu direito se queixam de agressões verbais, insultos, negligencias,
de ir e vir. abusos financeiros e físicos

A gravidade da violência institucional reside no fato de que o


negligência: é a forma mais comum de maus tratos do idoso idoso vitimado dessa forma perde referência dentro da rede
privar da assistência que precisa (deixar que passe fome, seja que deveria prover proteção e lhe assegurar seus direitos
privada de medicamentos, etc), antecipando sua imobilidade e
promovendo seu lento adoecimento e morte.
VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR
- omissões que resultam em acidentes irreversíveis também
são consideradas negligências. É na família em que ocorrem a maior parte das violências
- Idoso negligenciado tem seu processo de adoecimento contra as pessoas idosas que moram nos lares, e a maioria dos
acelerado, o que aumenta a morbimortalidade associada maus-tratos não é denunciada por medo, culpa, vergonha. Os
agressores em geral são filhos, cônjuges, parentes.
VIOLÊNCIA AUTOINFLIGIDA
• Motivos: choque familiar, aglomeração de pessoas na
residência, falta de condições/tempo/vontade para cuidar
• maus tratos que o idoso provoca em si mesmo, como: dos idosos.
autonegligências, ideações/ tentativas/suicídio consumado

• autonegligência: isolamento, não tomar banho, não se • Vulneráveis: idade avançada, baixa escolaridade, sexo
feminino e solteiros ou viúvos.
alimentar, não tomar os remédios, manifestando vontade de
morrer

• É fruto de sofrimento psicológico associado a situações


comuns na velhice, como a ocorrência de outros tipos de
maus-tratos; a perda de capacidade funcional; condições
patológicas características da senilidade

VIOLÊNCIA PATRIMONIAL E FINANCEIRA

• Praticado principalmente por familiares


• apossar de bens sem consentimento, dos seus cartões,
usufruir de seus rendimentos, fazer dívidas em seu nome

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Cuidadores e violência com o idoso
IDENTIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS

O médico que acompanha o paciente deve coletar


criteriosamente a anamnese e realizar o exame físico com
cautela

ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS

Acolhimento: O médico geriatra no exercício da assistência PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA


clínica ao idoso violentado deve basear seu manejo em alguns
princípios:
• priorizar os direitos dos idosos. Assim, cabe às instâncias
• Oferta de atendimento humanizado (tratar o idoso com federais manter e universalizar os mecanismos de
respeito e atenção, escuta atenta; garantir tempo e espaço denúncias, garantir campanhas de sensibilização sobre o
seguros para uma conversa confortável e com privacidade); envelhecimento, etc.

• Oferta de atendimento multidisciplinar; • Estado: aumentar as chances dos que são ativos e
autônomos de prolongarem essa condição por muitos anos;
• Assegurar o sigilo das informações; garantir a segurança e a harmonia dos espaços de
circulação das pessoas; fornecer suporte aos familiares que
• Não alimentar a revitimização (continuidade das agressões precisam trabalhar e não têm com quem deixar os idosos;
ou repetição desnecessária das lembranças dos episódios dar atenção especial aos idosos com comprometimento
violentos sofridos ou atendimento desumanizado); funcional.

Proceder: O médico assistente do idoso que suspeita de um • apoiar as famílias que abrigam os idosos em casa quanto à
caso de violência precisa sistematizar o atendimento, de forma adaptação do ambiente (para evitar quedas futuras),
a confirmar ou afastar a hipótese de maus-tratos. Para tanto, é construir uma visão mais positiva acerta do envelhecimento.
preciso realizar anamnese e exame físico criteriosos, sendo
capaz de tipificar e caracterizar os maus-tratos. • criar espaços seguros e amigáveis dentro e fora de casa:
calçadas sem buracos, iluminação nas ruas, praças e
Diante da confirmação de maus-tratos, o médico deve jardins para o idoso passear, equipamentos públicos de
encaminhar o idoso para acompanhamento psicossocial, para exercícios físicos.
tratar o idoso das sequelas e também fazer a notificação para
os órgãos competentes (polícia, serviço social ou programa de
prevenção e atendimento à vítima de violência - PAV)

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Cuidadores e violência com o idoso
• O profissional deve reconhecer o processo de morrer, para
CUIDADOS PALIATIVOS que o foco da intervenção da equipe de saúde seja o alívio
do sofrimento do paciente, envolvendo os seus familiares.
ASPECTOS GERAIS Cabe à equipe manter-se junto ao paciente, cuidando e
protegendo, garantindo sua higiene, conforto, controle da dor
As doenças crônico-degenerativas (evoluem e não dá pra e de outros sintomas. É necessário articular a competência
curar) podem acometer pessoas de qualquer idade, mas o técnico-científica com a humanitária para servir ao idoso a
envelhecimento é o maior fator de risco. caminho da morte

Os pacientes com doenças crônicas em fase terminal são • A paliação é indicada para qualquer pessoa que tenha ou
frágeis, têm declínio funcional, perdendo a capacidade de esteja em risco de desenvolver uma doença que ameace a
realizar tarefas habituais e culminando com a falência vida, seja qual for o diagnóstico, o prognóstico ou a idade,
orgânica, perdendo progressivamente suas funções e levando podendo complementar e até melhorar o tratamento
à caquexia e morte modificador da doença, ou em algumas situações, ser o
tratamento em si
Os 3 Fs: Fragilidade, declínio funcional, falência orgânica,
caracterizam os pacientes que requerem uma assistência • Precisam ser parte integral da assistência básica e
paliativista praticados em quaisquer ambientes, tanto hospitalar quanto
domiciliar, bem como nas instituições de longa permanência
DEFINIÇÃO DE CP
• Faz parte dessas medidas a possibilidade de situar o
OMS: CP é “Uma abordagem voltada para a qualidade de vida paciente frente ao momento do fim de sua vida,
tanto dos pacientes quanto de seus familiares frente a possibilitando-o estar acompanhado por alguém que possa
problemas associados a doenças que põem em risco a vida. A ouvi-lo, sustente seus desejos e que lhe traga felicidade,
atuação busca a prevenção e o alívio do sofrimento, através auxiliando-o sempre que possível a reconhecer seu lugar
do reconhecimento precoce, de uma avaliação precisa e ativo, sua autonomia, suas escolhas. Isso, também permite o
criteriosa e do tratamento da dor e de outros sintomas, e das paciente chegar ao momento de morte em uma situação de
demandas quer física, quer psicossocial ou espiritual.”. consciência da vida, não antecipando ou dificultando o
momento da morte com o abandono e o isolamento.
Ou seja, os CP são uma
modalidade de assistência EQUIPE
cujo foco não é a doença ou
o órgão comprometido, mas • É indicada a constituição de equipe multiprofissional com
sim a pessoa, buscando o dinâmica de atuação interdisciplinar, todos capacidades nos
alivio do sofrimento, princípios do CP e com disposição dos medicamentos que
qualidade de vida e de morte serão necessários

• Todos precisam trabalhar para atingir os objetivos de cuidado


e proteção: identificar e tratar as intercorrências, otimizar o
uso de fármacos, manter o estado nutricional e a mobilidade
enquanto possível, oferecer apoio psicológico ao paciente e
à família, providenciar apoio espiritual se for desejado e
maximizar o funcionamento do paciente nas suas atividades
habituais.

PRINCIPAIS SINTOMAS NA FASE TERMINAL

• Fadiga, dor de forte intensidade


• Anorexia, hemorragia e emagrecimento
CONSIDERAÇÕES • Dispneia e tosse
• Constipação intestinal, náuseas e vômito, diarreia
• É importante enfatizar que admitir que se esgotaram os • Confusão mental, tristeza, depressão, ansiedade
recursos para a cura e que o paciente se encaminha para o
fim da vida não significa que não há mais o que fazer. Existe
um limite para o tratamento e a cura, mas não há limite para
os cuidados
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Cuidadores e violência com o idoso
Após identificação precisa dos sintomas presentes, existem Anorexia: a pessoa não sente fome ou vontade de comer. O
medidas de tratamento farmacológico e não farmacológico aconselhamento médico é fundamental para tranquilizar a
apropriadas para tentar controlá-los. família. Algumas sugestões são interessantes, como fracionar
a dieta em pequenas quantidades a cada 2h e preparar
Com a evolução da doença para a fase final, novos problemas refeições com aroma e aspecto convidativos.
podem advir, sendo um deles a não aceitação dos fármacos
pela via oral (VO). Nesse momento, a via de eleição para a Delirium: se o paciente está confuso, mas sereno, deve-se
administração dos fármacos é a subcutânea (SC). orientar a família e utilizar medidas não farmacológicas e
ambientais, como a presença constante de um familiar ou
A hipodermóclise é o método mais indicado, após a VO, para cuidador
a reposição de fluidos e de medicamentos para pacientes com
doença avançada, devendo ser utilizada pelo baixo risco de O PROCESSO DE MORRER
complicações, por ser indolor e eficaz.
Quando é improvável que o paciente se recupere, o médico
deve reconhecer esse momento e, então, dedicar-se aos
cuidados capazes de proteger o paciente e minimizar o seu
sofrimento à medida que a morte se aproxima

Nos idosos, a trajetória para a morte costuma ser lenta e com


sofrimento físico, emocional, social e espiritual. Essa fase
costuma ser marcante para a família, ou seja, se a morte é
precedida de sofrimento fisico ou ocorre em um cenário calmo
e confortável

Existem um “caminho usual” no inicio do processo de morrer,


PACIENTE GERIÁTRICO AO FIM DA VIDA como a sonolência, letargia e obnubilação (redução progressiva
do nível de consciência)

Por outro lado, no “caminho difícil” a pessoa fica cada vez mais
inquieta, com agitação psicomotora, alucinações etc. uma
intervenção inadequado pode ter consequências desastrosas,
prolongando o processo de morrer

Câncer: Em pacientes com câncer metastático a introdução


precoce de uma abordagem paliativa possibilita o envolvimento
dos pacientes na tomada de decisões, melhor ajuste
psicossocial e, inclusive, uma sobrevida mais longa.

Dor: Opta-se pela via de administração menos invasiva, ou


seja, a oral, seguida da subcutânea e por fim a via venosa.
Evita-se a intramuscular, pois, além de dolorosa, relaciona-se à
absorção irregular dos fármacos em pessoas na fase final da
vida que apresentam intenso catabolismo orgânico e perda de PROTOCOLO SPIKES
massa muscular
A maneira de como é dado uma má-notícia, como de uma
Dispneia: uso de um ventilador ou a abertura da janela pode doença incurável pode ter um impacto surpreendente, por isso,
propiciar conforto. O uso de opioides (p. ex., morfina parenteral, o protocolo SPIKES é um clássico na recomendação das
estratégias de como se dar essas noticias
preferencialmente pela via subcutânea, se a via oral não for
viável) reduz a frequência respiratória e confere uma
sensação de alívio ao paciente

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Cuidadores e violência com o idoso

Um discurso simples e direto, sem uso de termos técnicos,


facilita o entendimento, assim como o limite da quantidade de
informação, respeitando a provável redução da capacidade de
assimilação do paciente.

Procura-se responder às perguntas com precisão e


objetividade, transmitindo conhecimento e segurança. Nesse
ponto, é o paciente quem dita o ritmo da conversa

Com frequência, acontece um tempo prolongado de silêncio.


Vale lembrar que esse é o tempo particular do paciente,
durante o qual as informações estão sendo processadas.

A conversa deve ser finalizada com um resumo do que foi dito,


sugerindo uma estratégia para os próximos encontros e a
abertura para novas perguntas. Quando possível, o paciente
deve ser encorajado a se envolver no planejamento do
tratamento e nas futuras decisões

REFERÊNCIAS

• Tratado de geriatria e gerontologia 4 ed


• Geriatria Guia prático
• Artigo de revisão: conceito de insuficiência familiar na
pessoa idosa. Revista brasileira de enfermagem, 2015
• Fundamentos básicos em geriatria - Sanar 2021

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Hipertensão !erial no idoso
HIPERTENSÃO ARTERIAL FISIOPATOLOGIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL

DEFINIÇÃO Relembrando conceitos

HAS: pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 140 mmHg e/ou O ciclo cardíaco são os acontecimentos entre os batimentos
pressão arterial diastólica (PAD) ≥ 90 mmHg. Para iniciar o cardíacos, composto de 2 fases principais: sístole e diástole
tratamento recomenda-se PA = 140/90
Sístole: momento em que o VE contrai pata mandar sangue
Normal: O limite de normalidade para PAS são valores abaixo para a aorta. O sangue que chega nela exerce uma pressão
de 130 mmHg e para PAD valores abaixo de 85 mmHg. bem forte sobre a parede vascular, que é a pressão sistólica
(PAS)

Diástole: é o momento em que o VE está relaxado para


receber sangue do AE, durante esse momento, o sangue que
estava na aorta continua exercendo uma pressão ali, só que
bem menor, que é a pressão diastólica (PAD)

Pressão arterial: a PA é o cálculo do DC x RVP

EPIDEMIOLOGIA

É altamente prevalente em idosos (mais de 60%) e fator


determinante de morbimortalidade nessa população. Está
frequentemente associada a outras doenças como DM,
arteriosclerose, gerando alto risco de morbimortalidade No idoso, vários fatores acontecem para aumentar a RVP e
cardiovascular (CV) >> risco de AVE, doença coronariana, diminuir o DC, consequentemente causa uma alteração na
insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência renal crônica. pressão arterial

É interessante relatar que, de acordo com estudos realizados, Alterações no idoso


a PAS tende a aumentar progressivamente, mas, a PAD,
embora também se eleve, aumenta apenas até os 60 anos,
quando começa a decrescer lentamente. Isso acarreta em • Aumento: da resistencia periférica e da massa do VE
• Diminuição: do débito cardíaco, volume intravascular, fluxo
uma elevada pressão de pulso (PP) nos idosos, já que PP é a
renal, atividade da renina (regula a PA) e capacidade de
diferença entre PAS e PAD. vasodilatação pelos receptores B-adrenérgicos
Temos que, quando maior a PP, maior é o risco No idoso, a principal causa do aumento da RVP é a
cardiovascular visto que a fisiopatologia do fenômeno aterosclerose, uma doença inflamatória crônica e progressiva
mencionado refere-se à perda da elasticidade da parede que acomete as artérias de grande e médio calibre, alterando o
arterial, com consequente redução da complacência vascular endotélio do vaso. Resumindo, temos um aumento do calibre
dos vasos associado a menor elasticidade:
FATORES DE RISCO
• Diminuição da liberação de NO
• Idade: associação direta e linear entre envelhecimento e (vasodilatador) = aumenta o
prevalência de HA. calibre dos vasos por dentro =
diminuição da luz = menos
• Sexo e etnia: prevalência maior entre mulheres e pessoas espaço pro sangue passar =
da raça negra.
maior pressão
• Estilo de vida: cesso de peso e obesidade, consumo
excessivo de sódio, consumo crônico e elevado de álcool,
• + colágeno e - elastina = vaso
sedentarismo, menor nível socioeconômico e genética. fica menos elástico

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Hipertensão !erial no idoso
AVALIAÇÃO CLÍNICA AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL

Deve-se ser feita no paciente em decúbito


A avaliação inicial de um paciente com HAS inclui a (deitado), idealmente, no mínimo 2 aferições
confirmação do diagnóstico, a possível identificação de causa ou até 3 com intervalo de 5 minutos entre elas
secundária, avaliação do risco CV, e investigação de lesões
de órgão-alvo (LOA) e doenças associadas. Para afastar síndrome do jaleco branco (ansioso): pedir a
avaliação MRPA (medida residencial da pressão arterial)
Inclui a medição da PA no consultório e/ou fora dele, história
médica (pessoal e familiar), exame físico e investigação
clínica e laboratorial.

A consulta de um paciente idoso é distinta da de um adulto


jovem, pois encontra-se múltiplas doenças, podendo ter
sintomas semelhantes que mascaram o quadro clínico. Além
disso, é preciso avaliar a condição cognitiva (pois quando
alterada pode gerar omissões ou informações erradas).

ANAMNESE
3 situações são importantes para evitar o tratamento
• Tempo de diagnóstico, evolução e tratamento prévio; desnecessário, ou não tratamento:
• História familiar (importante pra HA primária);
• Fatores de risco específicos para DCV, comorbidades, Pseudo-hipertensão: é decorrente do aumento da RVP pela
• Aspectos socioeconômicos e estilo de vida calcificação e rigidez da parede arterial. Nesse caso, a
• Uso prévio e atual de medicamentos ou outras substancias insuflação máxima do manguito não faz desaparecer o pulso
que podem afetar a medição da PA ou tratamento da HA. radial, registrando pressões muito elevadas, que não são
• Pesquisar indícios que sugerem causa secundária para a compatíveis com a clínica do paciente. Pode ser identificada
HA; pela Manobra de Osler: palpação do pulso radial na presença
de insuflação máxima do manguito.
EXAME FÍSICO

• Dados antropométricos: Peso, altura, IMC, Circunferência Manobra de Osler positiva: se


abdominal, Frequência cardíaca; mesmo depois de insuflar ao máximo
• Exame do precórdio em busca de aumento do VE o manguito, o pulso ainda continua
• Palpação e ausculta do coração, carótidas e pulsos,
• Aferição da PA nos dois braços (na suspeita de HA
secundária a coartação da aorta, medir também membros
inferiores) Hiato auscultatório: se caracteriza quando, após a ausculta
• Palpação abdominal em busca de dilatação da A.abdominal dos sons iniciais, ocorre o desaparecimento dos sons e o seu
• Ausculta das lojas renais para buscar sopros reaparecimento em níveis pressóricos mais baixos, o que
subestima a verdadeira pressão sistólica. Pode-se evitar este
EXAMES COMPLEMENTARES tipo de erro palpando o pulso radial e inflando o manguito até o
seu desaparecimento (20 a 30mmHg acima deste nível).
Visa detectar lesões subclínicas ou clínicas em órgãos-alvo
para melhorar a estratificação de risco CV

• Hemograma, ureia, creatinina plasmática, ácido úrico


plasmático, colesterol total, HDL-C e triglicérides plasmáticos,
glicemia de jejum, análise de urina, potássio plasmático, ritmo
de filtração glomerular estimado, ECG convencional;

Obs: podem ser solicitados outros exames também com base


no quadro clinico do paciente ou com os resultados desses
exames

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Hipertensão !erial no idoso
Normotensão: pessoas com PA entre 130/85, devem realizar
Hipotensão postural: queda de 20 mmHg na PAS e/ou 10 aferição anualmente
mmHg na PAD, dentro de 3 minutos, quando se muda o
paciente da posição supina para a ortostática PA limítrofe: Pessoas com PA entre 130/85 a 139/89mmHg
deverão fazer avaliação para identificar a presença de outros
fatores de risco (FR) para DCV, por que elas possuem um risco
CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL aumentado para a HAS. Se tiver os fatores, o paciente deve ser
avaliado para estratificação do risco DCV e estimuladas pela
HAS PRIMÁRIA OU ESSENCIAL equipe de saude a adotarem hábitos de vida saudáveis.
Verificar a PA novamente em 1 ano
É a causa de pressão alta em
95% dos pacientes, causada HAS: Se a média das três medidas forem iguais ou maiores a
por múltiplos fatores 140/90mmHg, está confirmado o diagnóstico de HAS e a
genéticos + hábitos de vida pessoa deverá ser agendada para consulta médica para iniciar
o tratamento e o acompanhamento
Geralmente surge
gradativamente ao longo dos
anos, mas o porquê das TRATAMENTO DA HAS
alterações surgirem ainda é
desconhecido. Porém, existem
fatores de risco identificáveis como: histórico familiar, idade, DECISÃO TERAPÊUTICA
consumo de sal, obesidade, álcool e tabagismo, colesterol alto..
A abordagem terapêutica da HA inclui medidas não
HAS SECUNDÁRIA medicamentosas, com mudanças no estilo de vida (MEV) e o
uso de fármacos anti-hipertensivos.
Ela é definida como uma hipertensão que tem uma causa muito
bem esclarecida, por exemplo, o paciente tem uma doença que A decisão terapêutica deve-se iniciar o tratamento da HA em
está gerando a hipertensão. Ela representa 5% dos casos idosos deve basear-se não apenas no nível pressórico, mas
também na presença de outros fatores de risco CV e/ou lesão
Costuma ter inicio abrupto, iniciando-se já com níveis em órgãos-alvo.
pressóricos altos. Existem diversas causas:

CLASSIFICAÇÃO COM BASE NOS VALORES As metas prensarias definidas pela 7a diretriz são:

Com os valores obtidos no consultório, podemos classificar a


pressão arterial em normotensão, PA limítrofe e hipertensão
arterial sistêmica. A HAS também pode ser diagnosticada por
meio da MRPA ou da Mapa.

Obs: hipertensos idosos > 80 anos a meta é < 150/90 mmHg

TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO

Envolve mudanças no estilo de vida e é obrigatório na


abordagem de qualquer indivíduo hipertenso e naqueles com
PA ótima: menor que 12/8 deverá verificar a PA em até 2 anos
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Hipertensão !erial no idoso
PA limítrofe. As principais medidas são: redução do peso ↪ Principais classes:
corporal, redução da ingestão de sódio e aumento da ingestão
de potássio, redução do consumo de álcool, cessação do 1. Diuréticos
tabagismo, exercício físico regular e controle do estresse. 2. B-bloqueadores
3. Antagonistas dos canais de Ca++
4. Inibidores da ECA (IECA)
5. Antagonistas dos receptores de angiotensina II
6. Inibidores diretos da renina
7. Outros

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA HAS

A decisão de quando iniciar medicação anti-hipertensiva deve


ser considerada avaliando a preferência da pessoa, o seu grau
de motivação para mudança de estilo de vida, os níveis
pressóricos e o risco cardiovascular

Pessoas com alto risco cardiovascular ou níveis pressóricos no


estágio 2 (PA ≥ 160/100mmHg) beneficiam-se de tratamento
medicamentoso desde o diagnóstico para atingir a meta
pressórica, além da mudança de estilo de vida. Alem disso,
pessoas com risco alto e em estágio 1 também devem iniciar
o tratamento medicamentoso

Frequentemente, pela característica multifatorial da doença, o


tratamento da HAS requer associação de dois ou mais anti-
hipertensivos

↪ Princípios gerais

• Ter demonstrado capacidade de reduzir e morbimortalidade


1. DIURÉTICOS ↓V , rins (↑fluxo urinário↓eletrólitos), tiazídicos
• Ser eficaz por via oral
• Ser bem tolerado
Efeito: depleção do volume e redução da RVP
• Pode ser usado no menor número de tomadas por dia
• Ser iniciado com as menores doses efetivas
Mecanismo de ação: atuam no rim, aumentando o volume e o
• Pode ser usado em associação com outro remedio
• Ser usado por no minoro 4 semanas antes de trocar grau do fluxo urinário. Também promovem a eliminação de
• Ter controle de qualidade na sua produção eletrólitos como o sódio e o potássio, por isso são usados no
• Considere as condições socioeconômicas tratamento da hipertensão arterial, insuficiência renal,
insuficiência cardíaca ou cirrose hepática, pois essa perda de
sódio provoca redução de líquido extracelular

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Tipos: os mais utilizados como anti-hipertensivos são os 4. INIBIDORES DE IECA (inibe ECA, indicado em IC e DM)
tiazidicos. Obs: se a paciente tiver clearance de creatinina
abaixo de 30ml/h não pode usar Ação: inibe a enzima da ECA, logo, inibe a transformação da
angiotensina I em II, que fazem parte SRAA que, como citado
Diuréticos de alça podem ser benéficos quando pct com anteriormente, atua controlando o nível de PA. São tão eficazes
insuficiência renal ou cardíaca. Os diuréticos poupadores de quanto os B-bloq e os diuréticos
potássio, quando associados a tiazídicos ou de alça, são uteis na redução da mortalidade cv
para o tratamento de hipopotassemia e, se utilizados em pct
com redução na função renal, podem resultar em Recomendação: indicado para
hiperpotassemia. hipertensos que tem insuficiência
cardíaca e/ou Diabetes também
Efeitos adversos Tipos: captopril e enalapril
- são dose-dependentes, por isso nao recomenda que o uso de Efeitos adversos: tosse seca,
tiazídicos ultrapasse a dose de 25mg/dia alteração do paladar e reações
• Podem provocar intolerância à glicose e aumento transitório de hipersensibilidade
dos níveis séricos de triglicerídeos
• Nos idosos = riscos de desidratação 5. AGONISTAS DOS RECEPTORES DE AII

2. B-BLOQUEADORES (↓DC, ↓renina, metoprolol) Ação: antagonizam a ação da angiotensina II porque agem
bloqueando de modo especifico seus receptores (AT-1). A AII
Ação: possuem ação vasodilatadora, diminui o débito cardíaco, tem ação vasoconstritor e absorção de sódio pelos rins.
a liberação de renina (enzima que ativa o SRAA, o qual regula
o volume do líquido extracelular e a pressão arterial, tendendo Características: eficazes como sonoterapia e possuem boa
tolerabilidade, em geral, são usados quando o paciente tem
a elevá-la), promove a readaptação dos barorreceptores e
intolerância aos IECA
diminui as catecolaminas (transmissão adrenérgica; epinefrina,
nora, dopa) nas sinapses nervosas Tipos: losartana potássica
Tipos: os mais seletivos e
menos lipossoluveis são os 6. INIBIDORES DIRETOS DA RENINA
mais adequados, porque
produzem menos efeitos Características: reduzem PA, além de apresentarem perfil de
colaterais. Temos os seletivos tolerabilidade e segurança
(atenolol e metoprolol) e os não
seletivos (propanolol) Orientações: o primeiro inibidor direto da renina é o
alisquireno. No entanto, estudos mostraram que seu uso
Cuidado: ele provoca broncoespasmo, por isso não é associado aos IECA ou aos antagonistas dos receptores de
recomendado em paciente com DPOC e asma. angiotensina II (duplo bloqueio da SRAA) aumenta os
efeitos adversos e não apresenta benefícios
3. ANTAGONISTA DO CANAL DE Ca++ (↓ RVP)
Efeitos adversos: hiperpotassemia, hipotensão e
Ação: atuam reduzindo a RVP por reduzirem os níveis de complicações renais.
cálcio nas células musculares lisas vasculares = dilatação
7. OUTROS AH E COMBINAÇÃO DE FÁRMACOS
Tipos: eficazes como
sonoterapia, devendo-se dar Os bloqueadores adrenérgicos de ação central,
preferencia para aqueles de alfabloqueadores e diuréticos em altas doses devem ser
longo tempo de ação para tratar evitados pela potencialidade de exacerbarem alterações
a HAS. Verapamil, diltiazem, posturais da PA e alterações cognitivas
nifedipino, anlodipino
• As associações de fármacos devem seguir uma lógica. Não
Efeitos adversos: cefaleia, se deve associar fármacos de ação semelhante, exceto os
tontura, rubor facial e edema tiazídicos e diuréticos de alça com os poupadores de
periférico potássio.

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• não se recomenda iniciar o tratamento com combinações Entretanto, deve-se usar com cautela: diuréticos e
fixas. betabloqueadores, pela possibilidade de aumentarem
resistência à insulina e determinarem intolerância à glicose.

CRISE HIPERTENSIVA DIABETES MELITO

A crise hipertensiva é dividida em urgência e emergência. Muito prevalente a HA associada a DM. Quando DM1
(dependente de insulina), a HA está associada à nefropatia
Urgência: situação em que o pct chega com PA elevada mas diabética, por isso, o tratamento é muito importante para evitar
não associada a quadros clínicos agudos, como obnubilação, perda de função renal.
dispneia e vômitos, sem apresentar risco à vida ou de lesão a
órgãos alvos. Nesse caso, faz o controle da PA em até 24h. Se Quando DM2 (não dependente de insulna), a associação da
permanecer nos mesmos níveis, administrar via oral: diurético HA com fatores de risco cardiovasculares é mais frequente,
como dislipidemia, obesidade, hipertrofia do VE e
de alça, betabloqueador, IECA ou antagonista do canal de
hiperinsulinemia. Nessa situação, o tratamento não
cálcio.
medicamentoso é obrigatório.
Emergência hipertensiva: apresenta risco à vida ou de lesões
Os medicamentos mais benéficos são os IECA por não
irreversíveis a órgãos alvos. O pct apresenta elevados níveis
interferirem no metabolismo glicêmico, melhorarem a
pressóricos associados a lesões progressivas em órgãos alvo,
como AVE, IAM, edema pulmonar agudo, encefalopatia. Nesse resistência à insulina e exercerem proteção renal quando de
caso, deve-se hospitalizá-lo, administrar vasodilatador nefropatia diabética.
intravenoso e, depois que os níveis reduzirem, iniciar terapia
Já os diuréticos podem alterar o metabolismo glicêmico,
hipertensiva de manutenção com suspensão da parenteral.
aumentando a resistência à insulina; os betabloqueadores
podem interferir na liberação da insulina e mascarar os
sintomas da hipoglicemia, prolongando uma crise
COMORBIDADES
hipoglicêmica; inibidores adrenérgicos e vasodilatadores
podem exacerbar sintomas neuropáticos.
O paciente idoso frequentemente apresenta doenças
associadas e que exigem a individualização do tratamento. DISLIPIDEMIA
Algumas situações frequentes são descritas a seguir.
O tratamento não medicamentoso é muito importante.
DPOC OU ASMA BRÔNQUICA
betabloqueadores podem melhorar o perfil lipídico, enquanto
restrição de betabloqueadores por risco de broncoespasmo, que IECA, bloqueadores dos canais de cálcio, alfa-2-agonistas
devido à sua cardiosseletividade. e diuréticos (estes em baixa dose) não interferem na lipidemia.

DEPRESSÃO DOENÇA VASCULAR ENCEFÁLICA

Pode dificultar o tratamento da PA e de outros fatores HA é o maior fator de risco. A redução da PA deve ser lenta e
cardiovasculares. Alguns agentes hipotensores (ex gradual observando-se os parâmetros clínicos do quadro
betabloqueadores de ação central) podem causar depressão. neurológico.

OBESIDADE • Deve-se evitar fármacos com efeito no SNC.


• Estão indicados: IECA, diuréticos e inibidores dos canais de
Muitoto associada à HA. Fundamental realizar atividades cálcio.
físicas e alterações na dieta.
CARDIOPATIA ISQUÊMICA
Quanto ao tratamento medicamentoso, IECA são benéficos
para obesos, pois aumentam a sensibilidade à insulina, e os Deve- se buscar o controle gradual da PA até níveis inferiores
antagonistas dos canais de Ca++ podem ser recomendados a 140-90mmHg.
por sua ação sobre o metabolismo lipídico e glicêmico.
Betabloqueadores são os mais indicados, se não efetivos,
inibidores dos canais de cálcio (exceto os de ação rápida).

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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ETAPA 2

HA pode alterar estruturalmente o VE, o que pode levar ao A segunda etapa refere-se à Análise do escore de risco
desenvolvimento da insuficiência cardíaca. global:

Recomenda-se, em primeira escolha, IECA, seguido por Se o paciente não for positivo para a etapa 1, deve-se estimar
vasodilatadores. o Escore de risco global (ERG), que estima o risco de um
indivíduo apresentar um evento CV(DAC,AVE, DAP,IC) em 10
HIPERTROFIA DO VE anos

Indicador de risco para arritmias e morte súbita. Tratamento • Risco baixo: Risco < 5% se não tiver história familiar de
medicamentoso é essencial, evitando-se os vasodilatadores de doença CV prematura (se tiver isso, já é risco intermediário)
ação direta.
• Risco intermediário: Homens com ERG entre 5-20% e
mulheres com ERG entre 5-10%
NEFROPATIAS
• Alto risco: Homens com ERG > 20% e mulheres com ERG
Doenças renais (ex nefroesclerose hipertensiva) que diminuam > 10%
o número de néfrons funcionantes podem predispor a HA.

Todas as classes dos hipotensores podem ser utilizadas, sendo ETAPA 3


que deve-se ter cautela para algumas de acordo com os
valores do clearance de creatinina. É a Reclassificação do risco conforme presença de
fatores agravantes:
DOENÇA VASCULAR ARTERIAL PERIFÉRICA
Pacientes com risco
HA é fator de risco para aterosclerose e doença vascular intermediário que
arterial periférica. Betabloqueadores podem levar à piora do apresentam os seguintes
quadro. agravantes, serão todos
reclassificados para alto
São indicados vasodilatadores, IECA e inibidores dos canais risco:
de cálcio.

ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO CARIOVASCULAR

É um instrumento em que, por meio dele, é possível identificar


preditores do risco de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares. Deve ser avaliado em todos os hipertensos,
pois permite identificar os que estão mais predispostos às
complicações cardiovasculares nos próximos 10 anos.

É necessário pesquisar a presença de fatores de risco, das


DCV e das LOAs. É baseado em 3 etapas:

ETAPA 1

A etapa 1 consiste na Identificação de doença


aterosclerótica (clínica ou subclínica) ou de seus equivalentes

Se der positivo, já classifica o paciente como alto risco, pois a


chance dele ter um primeiro evento CV ou um novo evento em
10 anos é >20%

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HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA ENVELHECIMENTO

O envelhecimento predispõe à hipotensão ortostática porque:


DEFINIÇÃO
• Redução do marcapasso sinusal
A hipotensão ortostática é um sinal clínico, não uma doença, • Hiporesponsividade adrenérgica.
caracterizada por queda na PAS de pelo menos 20 mmHg e/ou • Redução da frequência cardíaca de repouso e com
queda na PAD de pelo menos 10 mmHg até 3 min em posição ortostatismo.
ortostática ou quando ocorre a mudança de posição • Hiporresponsividade barorreceptora
• Redução da atividade do sistema renina-angiotensina-
Se torna clinicamente importante quando é acompanhada por aldosterona e da responsividade renal à vasopressina e da
sintomas de hipoperfusão cerebral (que pode causar síncope e liberação do ADH após estimulação dos barorreceptores.
quedas). • Aumento da rigidez vascular e insuficiência venosa
profunda;
EPIDEMIOLOGIA • Sarcopenia >> perda da bomba venosa e imobilidade;
• Redução do mecanismo da sede + desidratação + redução
Prevalência maior em idosos, de 10 a 30%, sendo importante da volemia ou pré-carga;
seu diagnostico devido ao risco de quedas • Disfunção diastólica.

A alta prevalência nestes pacientes pode ser que seja um CLASSIFICAÇÃO


reflexo dos múltiplos fatores de risco presentes (doenças
neurodegenerativas que causam HO, uso de medicamentos Decorre de condições neurogênicas e não neurogênicas;
que possam prejudicar uma resposta apropriada às mudanças
posturais). Não neurogênicas: hipovolemia, disfunção cardíaca, uso de
medicamentos vasodilatadores ou que levam à depleção de
QUADRO CLÍNICO volume (usados no tratamento de hipertensão, isquemia
miocárdica, depressão, alzheimer, parkinson e psicose),
Os seus sintomas podem ser referidos como: repouso prolongado no leito;
• Síncope Neurogênicas: pode ser de falhas autonomias primárias ou
• Visão borrada ou em túnel (mais acentuadas pela manhã secundárias
antes do desjejum ou com exercício fisico)
• Pode ser acompanhada de disfunção cognitiva
• Tremor e fraqueza
• Falhas autonômicas primária
geralmente idiopáticas e divididas em pura e atrofia de
múltiplos sistemas

Falha primária pura: Síndrome de Bradbury-Eggleston:


distúrbio esporádico idiopático em que há hipotensão
ortostática, geralmente junto de falha autonômica difusa
(níveis reduzidos de norepinefrina plasmática na posição
FISIOPATOLOGIA supina);

Quando o paciente está em posição supina, aprox 500 ml de Atrofia de múltiplos sistemas (Síndrome de Shy-Drager: tem
sangue se deslocam para o abdômen e as extremidades inicio na idade adulta, é progressivo, esporádico, caracterizado
inferiores, levando a queda do RV para o coração ->> por disfunção autonômica, parkinsonismo e ataxia; Doença de
diminuição do DC + estimulação dos barorreceptores >> Parkinson com disfunção autonômica: pode levar a hipotensão
aumento no efluxo do SNS >> FC, Contratilidade cardíaca e ortostática.
resistência vascular aumentam para manter uma PA estável na
posição em pé • Falhas autonômicas secundárias
Qualquer anormalidade nesse sistema pode levar à estão associadas a uma anomalia bioquímica ou estrutural ou
hipotensão ortostática fazem parte de uma síndrome ou doença.

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DIAGNÓSTICO REFERÊNCIAS
O paciente deve ficar em decúbito dorsal por 30 min, medindo
a PA a cada 10 min, sendo PA supina a 3a medida (30o min). • Tratado de geriatria e gerontologia 4ed
Depois, o paciente fica em pé, e a medida da PA em • Geriatria aplicada
ortostatismo deve prosseguir até pelo menos 4 min quando • 7 diretriz brasileira de HA (2016)
necessário • Caderno de atenção básica: estratégia para o cuidado da
pessoa com doença crônica de hipertensão arterial
Queda de 20 mmHg na PAS e/ou 10 mmHg na PAD. sistêmica (2014)

TRATAMENTO

Consiste na definição da causa da HO e seu tratamento


específico. Quando a causa é irreversível, o tratamento deve
ser sintomático, incluindo orientações gerais e uso de
medicamentos.

No caso de hipotensão causada por fármacos: suspender o


medicamento de forma cautelosa (pode ser que já evite a
hipotensão ortostática).

No caso de hipotensão desencadeada ou agravada por anti-


hipertensivos: supressão completa deles não é adequada
(pode causar diurese de pressão e piorar a HO). Assim,
recomenda-se o uso criterioso para evitar o uso de agentes que
tem maior chance de causar HO (alfabloqueadores e DIU, por
ex).

Uso de medicamentos: Quando as medidas comportamentais


não alcançam os resultados desejados, deve-se considerar:

• Fludrocortisona (mineralocorticoide sintético): Há


expansão do volume circulante por meio do aumento da
absorção de sódio, podendo também potencializar o
efeito das catecolaminas. Em geral, requer 1 a 2
semanas para seu efeito máximo. Quando associada a
alta ingestão de sal, aumenta a PA. Pode ser necessário
suplementar potássio, pois a medicação aumenta a
excreção renal de K+.

• Midodrina (agonista alfasseletivo): Aumenta a PA por


meio da vasoconstrição arterial e venosa.

• Desmopressina: sinergista do ADH (atua tentando


aumentar reabsorção de água - manter volemia)

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DOENÇA NÃO FARMACO FARMACO
• Deambulação • Tratar causa orgânica
• Estimulo cognitivo (calendário e relógio) • Para hiperativo - haloperidol
Delirium • Higiene do sono (bloqueia receptor dopamina)
• Prover corteses (óculos, aparelho auditivo)
• Evitar dispositivo invasivo
• Nutrição com proteínas
Fragilidade • Reposição vitamina D (800 UI pra quem tiver -
com baixa)
• Atividade física
• Exercício físico aeróbico e resistido
Sarcopenia • Nutrição com proteínas -
• Reposição vitamina D
• Técnicas cognitivas, como treinar a memoria • Anticolinesterásicos
por meio de música e artes - donepezila: formas leve e
• Acompanhamento nutricional moderada
• Fisioterapeuta - Rivastimina: formas leve,
• Fono moderada e grave
Alzheimer - Galantimina: quando associada
a DCV

• Memantina: formas graves e


moderadamente graves
• Prevenir acidentes: melhorar iluminação, • anticolinesterásicos
Corpos de lewy
retirando tapete e móveis propícios a queda • Memantina
• Organizar horarios de alimentação
• Organizar horarios de sono Obs: nunca usar neurolepticos típicos
• Inibidores da recaptação de
Fronto-temporal - serotonina: trazodona (melhora na
irritabilidade e impulsividade)
• Psicoterapia Os melhores para idosos são:
• Higiene do sono
Depressão • Exercícios aeróbicos e musculação • ISRS: citalopram, escitalopram e
sertralina (pois não inibe enzima
hepática e tem pouco ef. colateral)
• Modificar fatores ambientais (melhorar luz,
retirar tapete e móveis, barras de apoio no
banheiro)
Instabilidade e quedas • Correção de déficit visual
-
• Instrumento auxiliar (andador e bengala)
• Fisioterapia (força, equilibrio)
• Acompanhamento psicológico (diminuir medo
de queda)
• Nutrição • Bifosfonatos: alendronato de sódio
Osteoporose • 1500mg de cálcio por dia e risendronato
• Vitamina D 800 UI • Calcitonina
• Exercício físico

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• Exercícios de Kegel • Antimuscarínicos e anticolinérgicos:
• Biofeedback retemic e incontinol (incont de
• Reduzir líquidos pela noite urgencia)
Incontinencia urinária
• Antagonistas a-adrenérgicos:
doxazosina (para homens com
hiperplasia da próstata)
• Redução de peso Os de primeira linha para sonoterapia:
• Reduzir ingestão de sal • Diuréticos (hidrocloratiazida)
Hipertensão arterial • Alimentação saudável • Antagonista canal de Ca2+:
• Atividade fisica anlodipino e ninfedipino
• Cessar tabagismo • IECA: captopril e enalapril
• Moderar no alcool • Antagonista receptor A-II: losartana
• Beber mais líquidos • Remover medicamento que causa
• Fazer exercícios pra melhorar circulação
• Levantar devagar quando deitado, sentar
Hipotensão ortostática primeiro pra depois ficar de pé
• Corrimão para apoio
• Limitar refeições com excesso de tamanho
(hipotensão pós-prandial)
• Fisioterapia: alivia a dor, aumenta resistência
e força muscular
• Fono: reabilita disturbios de fala e deglutição
Imobilidade para ajudar na disfagia -
• Enfermeiros e cuidadores: auxilia na AVD,
administra medicamentos e fornece suporte
psicológico

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