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INSTITUTO TÉCNICO INDUSTRIAL DE CARAPIRA

SISTEMA DE TOLERÂNCIA E
AJUSTAMENTO

Aristides Miteca Eng. Mecânico


Agosto 2022
TOLERÂNCIA E AJUSTAMENTO
As tolerâncias não são escolhidas ao acaso. Em 1926, entidades internacionais organizaram um sistema
normalizado designado por sistema de tolerâncias e ajustes ISO.
Sistema de tolerância consiste num conjunto de princípios, regras e tabelas que possibilita a escolha racional
de tolerâncias e ajustes de modo a tornar mais econômica a produção de peças mecânicas intercambiáveis.
Este sistema foi estudado, inicialmente, para a produção de peças mecânicas com até 500 mm de diâmetro;
depois, foi ampliado para peças com até 3150 mm de diâmetro.
A posição do campo de tolerância em relação a linha zero (0) depende das dimensões nominais e designa-se
por um símbolo literário maiúsculo quando se trata de furos e minúsculo para veios.
O sistema ISO estabelece 28 campos de tolerâncias, identificados por letras do alfabeto latino. Cada letra está
associada a um determinado campo de tolerância.
Para eixos
a b c cd d e ef f fg g h j js k
m n p r s t u v x y z za zb zc

Para furos
A B C CD D E EF F FG G H J JS K
M N P R S T U V X Y Z ZA ZB ZC

Sistema ISO estabelece uma série de tolerâncias fundamentais que determinam a precisão da peça, ou seja, a
qualidade de trabalho, uma exigência que vária de peça para peça, de uma máquina para outra.
Qualidade de Trabalho
Fabricação das peças de um paquímetro ou de qualquer outro instrumento de medição deve conter erros
menores que as peças de um motor de automóvel, que por sua vez deve conter erros menores que as
peças de uma
betoneira. Erros menores implica em tolerâncias menores e melhor acabamento superficial dai que O sistema
ISO estabelece 18 qualidades de trabalho (graus de tolerância) designadas IT 01,IT 0, IT 1,até IT 16 (I de
ISO e T de Tolerância) para atender as diversas finalidades de construção de peças. Como pode-se ver a
seguir.

Nos desenhos técnicos, a qualidade de trabalho vem indicada apenas pelo numeral, sem o IT. Antes do
numeral vem uma ou duas letras, que representam o campo de tolerância no sistema ISO. Segundo o exemplo
abaixo:

Onde:

20 Representa a dimensão nominal do furo em mm;


H7 a classe de tolerância do furo.
Tolerâncias Fundamentais
Os valores das tolerâncias fundamentais, a partir da qualidade IT 5, são calculadas em função da unidade de
tolerância “i” conforme a tabela abaixo:

Os valores de IT 01, IT 0 e IT 1 são fixados segundo os valores crescentes de uma lei linear, para levar em
conta os erros proporcionais às dimensões, que são predominantes nas medições de alta precisão.
IT 01 IT 0 IT 1
0,3 +0,008D 0,5+0,012D 0,8+0,020D
Os valores de IT 2, IT 3 e IT 4 são fixados segundo progressão geométrica dos valores correspondentes de IT 1
e IT 5.
Determinação da unidade de tolerância (i)
Para o cálculo deste parâmetro e necessário recorrer às dimensões preestabelecidas na tabela de dimensões
padronizadas pelo sistema ISO.

E em seguida usa-se a seguinte expressão

i  0,45 3 MG  0,001 MG
Onde:
i unidade de tolerância é expressa em micrómetros (μ)
MG é a variação geométrica (Média Geométrica) dos dois valores extremos de cada grupo de dimensões.
Exemplos de Cálculo da Unidade de Tolerância
Calcular a unidade de tolerância para uma dimensão de 60 mm

MG  50 80  4000  63,24 logo

i  0,45 3 63,24  (0,001 63,24)  1,857

Calcular a unidade de tolerância para uma dimensão de 30 mm

MG  18 30  540  23,24

i  0,45 3 23,24  (0,001 23,24)  1,307

EXEMPLO

Dada seguinte dimensão


Determine a tolerância fundamental para a qualidade IT6
Primeiro determinamos a unidade de tolerância i para a dimensão de 30mm

i  0,45 3 23,24  (0,001 23,24)  1,307

Para IT6 a tolerância fundamental e 10i, logo terremos:


10 1,307  13,07  13

Conclusão
A partir da qualidade de trabalho pretendida pode-se calcular a tolerância adequada.
DESIGNACAO DOS DESVIOS
As cotas indicadas no desenho de fabrico são chamadas de dimensões nominais. E impossível executar as
pecas com os valores exatos indicados nessas dimensões porque vários fatores interferem no processo de
produção, tais como imperfeições dos instrumentos de medida e das máquinas, deformações do material e
falhas do operador então procura-se determinar desvios, dentro dos quais a peca possa funcionar corretamente.
Desvios
São afastamentos aceitáveis em relação as dimensões nominais, para mais ou menos, que permitem a execução
da peca sem prejuízo para o seu funcionamento e intermutabilidade.
Designação de tolerâncias e ajustes
1. Designação para dimensão com tolerância

Uma dimensão com tolerância deve ser designada pela dimensão nominal seguida pela designação da classe de
tolerância exigida ou os afastamentos em valores numéricos
0,01
Exemplos: 32 H7; 80js15; 100g6, ou 100 0,034

2. Designação para ajuste

O ajuste entre elementos acoplantes deve ser designado por:


a) Dimensão nominal comum;
b) Símbolo da classe de tolerância para furo;
c) Símbolo da classe de tolerância para eixo.

H7
Exemplos: 52 H7/g6 ou 52 H7 - g6 ou 52 .
g6
3. Designação especial
Para distinguir entre furos e eixos quando se transmite informação através de um equipamento de caracteres
limitados, como telex, a dimensão nominal deve ser repetida e a designação deve ser prefixada pelas seguintes
letras:
a) H ou h para furos;
b) S ou s para eixos.
Exemplos: a) para peças isoladas:
• 50 H5 torna-se H50H5 ou h50h5;
• 50 H6 torna-se S50H6 ou s50h6;
b) Para ajuste:
• 52 H7/g6 torna-se H52H7/S52G6 ou h52h7/s52g6

Conceitos fundamentais na análise de campos de tolerância


Para os efeitos desta norma são adotadas as definições seguintes para melhor entendimento.
Veio e o termo que se utiliza para designar as superfícies envolvidas;
Furo e um termo que se utiliza para designar as superfícies envolventes;
Veio principal e aquele cujo desvio superior e igual a zero;
Furo principal e aquele cujo desvio inferior e igual a zero;
Aperto e a diferença entre o furo e o veio quando o veio for maior que o furo;
Dimensão nominal - dimensão a partir da qual são derivadas as dimensões limites pela aplicação dos
afastamentos superior e inferior;
Dimensão efetiva - dimensão de um elemento obtido pela medição;
Dimensão máxima- a maior dimensão admissível de um elemento;
D max  Dnom  Quando se trata de Furos;
ES
d max  dnom es Quando se trata de veios;
Dimensão mínima - a menor dimensão admissível de um elemento;
D min  Dnom Quando se trata de Furos;
EI
d min  dnom ei Quando se trata de
veios;

Desvios (afastamentos) fundamentais- diferença algébrica entre uma dimensão (dimensão efetiva, dimensão
limite, etc.) e a correspondente dimensão nomina;
Desvios superior (ES, es) - diferença algébrica entre a dimensão máxima e a correspondente dimensão
nominal. As letras “ES” são designadas para desvios ou afastamentos em furos e as letras “es” para
afastamentos em eixos;
Desvio inferior (EI, ei) - diferença algébrica entre a dimensão mínima e a correspondente dimensão nominal.
As letras “EI” são designadas para desvios em furos e as letras “ei” para afastamentos em eixos.

Ajuste é o caracter da união das pecas que se determina pelo valor das folgas ou apertos.
Nota: Os dois elementos em um ajuste têm em comum a dimensão nominal.
TD  D max D min Tolerância do furo
Td  d max d min Tolerância do veio
 Tolerâncias de ajustes
Tol. ajuste  TD  Td
Folga é a diferença positiva entre as dimensões do furo e do veio, quando o diâmetro do furo for maior que o
diâmetro veio;

F max  D max d min


F min  D min d max
F max F min
Fmed 
2
 Tolerância da folga
Tol. fo lg a  F max  F min

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