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LEI 12.

990/2014
A Lei no 12.990, instituída em 9 de junho de 2014, constitui uma
ação afirmativa de inserção de negros e negras nos serviços
públicos federais com vigência de dez anos. No seu artigo, essa lei
preconiza a obrigatoriedade de que 20% das vagas oferecidas nos
concursos públicos para o provimento de cargos na administração
pública direta e indireta sejam reservadas a pessoas negras.3,4
Conhecida como Lei de Cotas Raciais, sua finalidade é promover a
igualdade de oportunidades e corrigir as desigualdades raciais nos
cargos públicos federais.
Instituída em 2014, a Lei 12.990 reserva aos negros 20% das vagas
oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos
efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública
federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas
públicas e das sociedades de economia mista controladas pela
União.

A norma vigente, lembra o parlamentar, assim como todas as ações


afirmativas, tem como um de seus traços característicos a
temporariedade.

Por isso, o senador apresentou um projeto de lei (PL


1.958/2021) que reproduz na íntegra a Lei 12.990, mas propõe nova
vigência temporária de 10 anos — para o período de 2024 a 2034
—, ao final da qual a política deverá ser reavaliada.

“As ações afirmativas tratadas neste projeto de lei consistem, pois,


em ações proativas estatais que visam à mitigação da
discriminação no acesso a cargos públicos sofrida pelos negros,
fruto de um racismo estrutural presente em toda a sociedade e de
um racismo institucional presente no aparelho de Estado”, afirma
Paim.

Em 2020, segundo o senador, cerca de 43% dos que ingressam no


Poder Executivo federal para ocupação de cargos efetivos civis
eram negros.

De acordo com o PL, a reserva de vagas será aplicada sempre que


o número de vagas oferecidas no concurso público for igual ou
superior a três. Essa reserva de vagas deve constar expressamente
dos editais nos concursos públicos.
Podem concorrer a essas vagas os candidatos negros que se
autodeclararem pretos ou pardos, conforme o quesito cor ou raça
utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em caso de declaração falsa, o candidato será eliminado do
concurso.

Os candidatos negros concorrerão ao mesmo tempo às vagas


reservadas e às vagas destinadas à ampla concorrência.

A nomeação dos candidatos aprovados respeitará os critérios de


alternância e proporcionalidade, que consideram a relação entre o
número de vagas total e o número de vagas reservadas a
candidatos com deficiência e a candidatos negros.

A decisão colocou fim às discussões sobre a legitimidade da


aplicação das cotas, mas não encerrou os argumentos contra o
direito à reserva de vagas para negros. Porém, o STF considerou
que o princípio da eficiência não foi violado, uma vez que os
candidatos inscritos pela lei de cotas precisam, como os
demais, prestar as provas do concurso público e se empenhar para
aprovação.

Em estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica


Aplicada (IPEA) sobre a presença de negros no funcionalismo
público, em 2014, 47% dos servidores e militares eram negros.
Porém, na ocupação dos cargos, é bastante reduzida a
participação de afrodescendentes nas esferas de carreiras com
melhor remuneração. A partir do nível intermediário, essa presença
aumenta.

Segundo apresenta o mesmo estudo, apenas 6% dos diplomatas e


12% dos auditores da Receita Federal eram negros, sendo estes
alguns dos cargos de maior remuneração do poder executivo
federal. Esta realidade, que evidencia as desigualdades raciais e
sociais existentes em todos os âmbitos da sociedade, traz reflexões
sobre a necessidade de políticas públicas que implementem
a valorização de medidas em busca da igualdade, que legitimem
ações afirmativas e se apliquem como compromissos para o avanço
da população negra.

Por incrível que possa parecer, não é raro encontrar evidências de


fraudes em autodeclarações de pessoas se passando por negras
ou pardas para concorrerem a partir do sistema de cotas em
concursos públicos. Diante de denúncias de diversos casos de
falsas autodeclarações de negros ou pardos, foi preciso
regulamentar uma Portaria, publicada em 2018, para incluir um
procedimento de identificação complementar.

Esta composição diversa teve como premissa reconhecer a


complexidade da identificação racial no Brasil e os diferentes modos
de avaliação de cada indivíduo para classificar negros, brancos e
não brancos. A questão das cotas raciais é um assunto que leva a
diversos outros e, inclusive, propõe a reflexão imediata de cada
pessoa sobre seus valores e o ponto de vista acerca do que
a escravidão trouxe para nossa sociedade atual e muitas
vezes ninguém percebe.

Nesse sentido, ter políticas de combate à pobreza, de promoção


do desenvolvimento econômico e social justo e equitativo, de
ampliação do acesso a serviços públicos de qualidade, de melhoria
das condições de vida, além de políticas públicas com recorte
racial, ações afirmativas para garantir o ingresso de negros em
espaços de poder e conhecimento, fazem parte de um conjunto
de políticas para construção de uma sociedade desenvolvida, que
seja justa para todos e todas e não apenas para camadas de
privilegiados.

SERGIANNY RODRIGUES.

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