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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA

COMARCA DE XXXXXXXXX/RS

xxxxxxxxx, brasileiro, solteiro,aposentado, residente e domiciliado


na cidade de Viamão/RS, rua xxxxx, n°xxx1, CEP xxxxxxx, , portador
de RG n° xxxxxxxx e CPF n° xxxxxxxxxxx, vem, respeitosamente,
por meio de sua procuradora signatária conforme procuração anexa (
doc.1), com escritório profissional na xxxxxxxxxxx, n°xxxx,CEP
xxxxxx, Porto Alegre/RS, com endereço eletrônico xxxxxxxxxxx e
telefone (51) xxxxxxxx, ajuizar AÇÃO DECLARATÓRIA DE UNIÃO
ESTÁVEL “POST MORTEM”, fulcro art.
XXXXXXXXXXXXXXXXXX,
face de xxxxxxxxxxxxx, brasileira, viúva, insdustriária, portadora de
RG xxxxxxxx,, inscrita no CPF n° xxxxxxxxxxxx ,residente e
domiciliada à xxxxxxx, n°648, Jacarepaguá, Rio de Janeiro- RJ.

I. PRELIMINARMENTE

A. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O Requerente não possui condições financeiras para arcar com as custas


processuais da presente demanda sem prejuízo próprio ou de sua família, conforme
declaração de hipossuficiência anexa ( Doc.3) e consoante o disposto no art. 3° e art.99 do
CPC. Desta forma

B. DO ENDEREÇO ELETRÔNICO

Em que pese o Requerente não possua endereço eletrônico, não há infringência


ao disposto no inciso II, na forma do §3°do art.319 do CPC.

C. NA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO - MAIORES DE 60 ANOS

É assegurada pelo ordenamento jurídico vigente a prioridade de tramitação para


pessoas idosas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer juízo ou
tribunal, dos processos, procedimentos e execução dos atos e diligências judiciais,
inteligência do art. 1.048, I do CPC.
Deste modo, devido ao fato do Requerente ter a idade superior a 60 (sessenta)
anos, está amparado pelo Estatuto do Idoso e faz jus à prioridade na tramitação.
D. DA LEGITIMIDADE ATIVA

O Requerente é parte legítima para propor a presente ação, pois encontra-se


amparado pelo ordenamento jurídico vigente. Primeiramente, o texto constitucional ao
garantir o princípio da inafastabilidade de jurisdição, in verbis:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito;

Por segundo, art. 70 do CPC garante que “Toda pessoa que se encontre no
exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo.” E, por fim o art. 17 do
mesmo código processual define o interesse e a legitimidade para postulação judicial.
Assim, o Requerente é parte legítima e interessada no presente feito, conforme
razões e fundamentos a seguir expostos.

II. DOS FATOS

xxxxxxxxxxxxxxxx convivia com o Autor em União Estável, contudo em 23 de


abril de 2014, esta veio a falecer conforme certidão de óbito anexa (Doc.2).
O Autor manteve com a de cujus uma relação contínua, pública e duradoura com
a intenção de constituir família que perdurou 24 (vinte e quatro) anos.
Embora eles tivessem optado por não terem filhos biológicos, o relacionamento
entre as partes era monogâmico e de mútua assistência, sendo conhecido pelos parentes e
amigos cujo término só ocorreu devido ao falecimento da de cujus em 23 de abril de 2014.
O casal fez declaração de união estável em cartório na data de xxx de xxxx de
1995 , conforme acostado aos autos (doc.4). Entretanto, embora não formalizada
legalmente a relação, viviam e conviviam perante a sociedade nos moldes do casamento
tradicional, em que pese carecido de formalidade legal.
O casal residia em mesmo endereço, compartilhando da vida comum, possuíam
conta corrente conjunta, conviviam com parentes e amigos, viajavam e auxiliavam um ao
outro nas situações da vida.
Com o falecimento da companheira, parentes de linha colateral ingressaram com
pedido de Inventário , excluindo o Autor do rol de herdeiros, negando a relação que havia
entre eles. O autor ingressou com o pedido de habilitação como herdeiro e o
reconhecimento da união estável em sede do Inventário, contudo tal pedido foi negado em
virtude de haver controvérsia entre os herdeiros.
Assim, deste modo vem perante este juízo buscar tutela jurisdicional do Estado
para garantir seus direitos e reconhecimento jurídico da relação.

III. DOS FUNDAMENTOS

Conforme consabido no ordenamento jurídico brasileiro, a união estável é


decorrente dos fatos da vida, sendo assim, configura-se quando a relação perdura com o
tempo, é pública, estável e sem impedimentos legais, além de ter como finalidade a
constituição de família.

Ainda, as partes podem registrar declaração de união estável em cartório, desde


que tal declaração reflita a situação fática.

Neste condão, a relação da parte Requerente com a de cujus preenche os


requisitos acima expostos, uma vez que havia o claro desejo de constituição de família e a
relação entre eles perdurou por 24 (vinte e quatro) anos.

Além da declaração de união estável registrada em cartório anexada( doc.4), na


qual ambas as partes em comum acordo manifestaram-se quanto ao desejo de constituir
família , também pode-se comprovar a estabilidade da relação entre eles por meio das
fotos acostadas (doc.5) onde aparecem com familiares e amigos demonstrando a
comunhão de vida.

Ademais, não há configurado nenhum impedimento previsto no art. 1521 e incisos


do CPC, que obste o reconhecimento da união entre o Requerente e a falecida.

Ainda com a finalidade de corroborar com a união estável havida entre as partes,
também anexamos a estes autos certidão fornecida pelo INSS (doc.6) que comprova a
concessão de benefício de pensão por morte da de cujus a este autor. Cabe ressaltar,
que um dos documentos apresentados àquela autarquia para o deferimento da pensão,
trata-se da mesma juntada a estes autos.

Para não restarem dúvidas quanto a união estável havida entre as partes,
anexamos declaração do Banco xxxxxxxx (doc.7), na qual comprova-se que o requerido e
a falecida mantinham conta corrente conjunta naquela instituição financeira, bem como
documento fornecido pela Cooperativa de Crédito xxxxxxx da existência de conta
poupança conjunta do requerente e do de cujus (doc.8).

A falecida propôs Ação de Execução Fiscal em face da UNIÃO, processo n°


xxxxxxxxxxxxxxxxx , no juízo da xxxxx ª Vara Federal de \comarca. Houve decisão
proferida pelo juízo Federal determinando a expedição de alvará para o requerente,
reconhecendo o mesmo como sucessor de XXXXXXXXXXXXX e inclusive decisão
determinando que fosse levantado os valores para o sucessor ora requerente (doc.9).

Observa-se que a mesma declaração juntada pelo requerente nesta inicial foi
utilizada para alicerçar o pedido de habilitação de sucessor processual na Execução
Fiscal referida.

No tocante ao reconhecimento de união estável “post mortem”, o Tribunal de


Justiça já se manifestou no sentido de que é possível quando há comprovação documental
inconteste, vejamos:

Ementa: RECURSO INOMINADO. SEGUNDA TURMA RECURSAL


DA FAZENDA PÚBLICA. INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
DOS SERVIDORES MUNICIPAIS DE PASSO FUNDO. PENSÃO
POR MORTE. COMPANHEIRA DO SERVIDOR FALECIDO. UNIÃO
ESTÁVEL. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE
DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. SENTENÇA MANTIDA. A
documentação juntada aos autos demonstra a condição de
companheira da autora com o ex-servidor, sobretudo diante da
declaração, por escritura pública, da União Estável entre ambos
havida. Assim, a prova carreada não deixa margem a dúvida acerca
da existência de união estável da autora com o de cujus. O texto
constitucional, previsto no art. 226, § 3º da CF, não estabelece limite
temporal para o reconhecimento da união estável, bastando para
tanto a prova da convivência pública, duradoura e contínua e
estabelecida com o objetivo de constituição de família. Também,
quanto ao requisito da dependência econômica, o direito da autora
não pode ser limitado, tendo em vista que está em perfeita harmonia
e igualdade com o texto constitucional e com o princípio da
isonomia, posto que as esposas podem ser incluídas como
pensionistas de seus cônjuges ou companheiros junto ao IPERGS,
sem a necessidade alguma de comprovação da dependência
econômica. RECURSO DESPROVIDO.(Recurso Cível, Nº
71006982334, Segunda Turma Recursal da Fazenda Pública,
Turmas Recursais, Relator: Deborah Coleto Assumpção de Moraes,
Julgado em: 28-09-2017). Grifo nosso.

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA.


RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM.
REQUISITOS. ÔNUS DA PROVA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
GRATUITA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DA ALEGAÇÃO DE
CARÊNCIA FINANCEIRA QUE MILITA EM FAVOR DAS
APELANTES. Nos termos da legislação civil vigente, para o
reconhecimento de união estável, incumbirá a prova, a quem
propuser o seu reconhecimento, de que a relação havida entre o
casal foi pública, contínua, duradoura e destinada à constituição de
um núcleo familiar. Comprovada por meio de prova testemunhal
e documental a presença da affectio maritalis no
relacionamento descrito nos autos e seu caráter público, é
mister a ratificação da sentença que julgou procedente a
pretensão, reconhecendo-se, todavia, como termo inicial do
relacionamento, data diversa daquela afirmada na inicial,
considerando a prova específica acerca do início da coabitação.
Segundo o art. 99, §§ 2º a 4º, do novo CPC, para a obtenção do
benefício da Assistência Judiciária Gratuita por pessoa natural, é
suficiente a simples declaração de pobreza, a qual poderá ser
elidida somente mediante a verificação, pelo juízo, acerca da
existência de elementos que evidenciem a falta dos pressupostos
legais para a concessão do beneplácito. Hipótese em que restam
evidenciados os pressupostos legais para a concessão do
beneplácito legal, tendo em vista os rendimentos líquidos percebidos
pelas apelantes. APELOS PARCIALMENTE PROVIDOS.(Apelação
Cível, Nº 70078504214, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em: 31-10-
2018)grifo nosso.

Assim, diante das provas apresentadas e da situação fática narrada não há como
negar que havia relação de união estável entre as partes nos moldes do art. 1723 do CPC.

IV. DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL


Conforme o art. 1.571 do Código Civil vigente a dissolução da sociedade conjugal
acontece, entre outras hipóteses, com o falecimento de um dos companheiros. Assim, no
presente caso o falecimento da companheira do Requerente ocorreu em 24/04/2018.

Dessa forma, diante dos fatos e provas apresentadas, o Requerente apresentou


provas inequívocas que demonstram a comunhão de vida com a falecida, provas estas que
expressam a publicidade, continuidade, desejo de constituir família, convivência duradoura
bem como ausência de impedimentos legais.

Assim, requer tanto o reconhecimento da união bem como da dissolução da


mesma em virtude do falecimento da companheira.

V. DO PEDIDO

a. O reconhecimento da União estável entre o Requerente e a de cujus


do período de xx/06/1995 a xx/04/2018;
b. A dissolução da sociedade de fato, em virtude do falecimento da
companheira do Requerente;
c. A intimação do Ministério Público, para que se manifeste no feito;
d. Seja concedido o benefício da justiça gratuita;
e. Protesta por todos os meios de provas em direito admitido, oitiva de
testemunhas, os documentos inclusos, depoimento pessoal e demais, conforme julgar
necessários no decorrer da lide.

Atribui-se a causa o valor de R$ 9.545,00 ( nove mil e quinhentos e quarenta e


cinco) para fins de alçada.

Nestes termos, pede deferimento.

Porto Alegre, 28 de outubro de 2019.

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