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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE ECONOMIA

APONTAMENTOS DE FISCALIDADE
(ANO LECTIVO 2019)

Universidade Agostinho Neto


Faculdade de Economia
Apontamentos de Fiscalidade (2017)
Coordenação: Benjamim A. da Costa

1
Introdução:

1.- O Papel do Estado na Sociedade

Os homens, pela sua natureza específica são seres gregários, isto é, vivem em
comunidade e para poderem viver precisam de alimentos, vestuário, calçado,
habitação, etc. constituindo aquilo que se designa por necessidades básicas pois,
sem a sua satisfação a existência humana estaria condenada ao desaparecimento.

As necessidades do homem são diversas e complexas. Estas necessidades estão em


constante mutação, em consonância com o grau de desenvolvimento técnico-
científico alcançado pela Humanidade.

Cada pessoa, para além das suas necessidades individuais indispensáveis ao


asseguramento da sua existência possui outras necessidades que são comuns ao
grupo social em que está inserido, tais como a necessidade de defesa territorial
ante ameaças externas, asseguramento da ordem pública, Justiça, Saúde, Educação,
etc.

Este conjunto de necessidades comuns ao conjunto de indivíduos que partilham um


determinado espaço social, não pode ser satisfeito de forma individual ou seja por
cada pessoa de forma isolada. São pois assumidas pelo Estado e outras entidades
públicas que exercem um conjunto de actividades tendentes a satisfação dessas
necessidades.

Nas sociedades modernas o Estado desempenha um papel importante e


incontornável na satisfação das necessidades colectivas que para além de garantir a
defesa, a ordem pública, a justiça tem uma responsabilidade fundamental na
criação e manutenção do ensino, saúde, assistência social, saneamento básico, etc.
Incumbe de igual modo ao Estado a responsabilidade de construção de
infraestruturas básicas de apoio a produção como sejam as estradas, as pontes,
portos, aeroportos, barragens, centrais de captação e tratamento de água,
fornecimento, sistemas de comunicação, etc.

O Estado assegura de igual modo a protecção e defesa do meio ambiente,


prevenindo a destruição da flora e da fauna nacionais, a repressão e eliminação dos
agentes predadores e poluidores dos rios, mares, lagos ou do ar.

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Coordenação: Benjamim A. da Costa

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Em suma, a finalidade última do Estado é a satisfação do bem comum dos
Indivíduos que conformam e convivem num determinado espaço territorial,
comumente designado País.

Numa Economia de Mercado, considerado como um conjunto variado de


decisões livres, plasmadas em contractos que trazem equilíbrio de quantidades
e preços, possibilitando as trocas, isto é, numa economia em que as decisões
da produção são motivadas pela lei da Oferta e Procura, impende sobre o
Estado, a responsabilidade de garantir as condições prévias de funcionamento
do mercado, nomeadamente a regulamentação da concorrência, a definição e
protecção dos diretos de propriedade dos meios de produção, do mercado de
trabalho, da estabilização dos preços e da redistribuição justa do rendimento.

Até finais da década de 70 século passado estava em voga a discussão do


papel e os marcos de intervenção do Estado, ressaltando-se basicamente duas
correntes:

1. A dos que defendiam a ideia de que ao Estado deveria estar reservado o


papel de principal agente interventor na economia cabendo-lhe a
satisfação de todas as necessidades dos cidadãos, quer a provisão dos
Bens Públicos, quer procurando orientar a sua actuação de detectar e dar
solução as suas preferências. O Estado era assim comparado a um
“ditador Benevolente” que, teoricamente tinha uma vasta informação das
necessidades de todos quantos viviam no seu território e que,
consequentemente deveria velar para que tais necessidades fossem
satisfeitas de uma forma planificada;

2. A outra corrente postulava que não obstante as funções básicas que o


Estado desempenha na sociedade, a sua intervenção directa apresenta
várias reacções e ineficiências económicas resultantes do facto de não
dispor de informação completa sobre as necessidades dos cidadãos, das
opções políticas e expectativas dos agentes económicos, etc. ou seja, o
Estado ao intervir na economia cria fracassos (ineficiências), também
chamados Fracassos do Governo.
a) Defendem a ideia que tem sido largamente propalada de que a produção e
provisão de bens e serviços de que a sociedade necessita deve ser feita por
empresas privadas, actuando num clima de livre concorrência pois só desta
forma se estimula a criatividade (que propicia o surgimento de novos e
melhores produtos), se incentiva a inovação tecnológica e se obtém a
eficiência técnica na utilização dos recursos económicos.
b) Argumenta-se ainda que uma maior intervenção do sector privado na
economia permite colocar no mercado mais bens e serviços a preços mais
baixos e competitivos e permitem opções de escolha aos consumidores e o
consequente aumento do seu nível de satisfação, factores que estimulam o
crescimento da economia pelo que entendem que a produção de bens e
serviços devem ser realizados exclusivamente pela iniciativa privada.

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Na realidade, a prática económica hodierna tem demonstrado
até a exaustão que a livre iniciativa intervindo sozinha no
mercado também cria fracassos e ineficiências, resultantes do
facto de existirem determinados bens cujos custos de
produção e distribuição não podem ser assumidos apenas por
um operador económico.

São os casos relativos aos custos das infraestruturas básicas,


aos custos relativos a defesa e segurança pública dos
cidadãos, etc. O mercado também fracassa quando são
exercidas determinadas actividades que criam externalidades
positivas/negativas ou quando uma empresa ou um conjunto
de empresas detêm a exclusividade (monopólios, oligopólios,
etc.) de venda de determinado (s) produto (s), impedindo a
existência de uma concorrência perfeita.

De realçar ainda que ao deixar o mercado apenas sob acção da


livre iniciativa privada, os cidadãos com melhores condições
terão sempre vantagem comparativa em relação a maioria da
população criando situações de injustiça e desigualdade
distributiva que tendem a crescer cada vez mais a medida em
que se acentua o desnível dos intervenientes.

Em suma, pode-se concluir que, tanto a intervenção exclusiva


do Estado quanto a da iniciativa privada, por si só, são
susceptíveis de gerarem fracassos que ambos podem corrigir
de forma recíproca, de tal sorte que se pode dizer que não
existem economias puras, isto é, economias em que o Estado
seja o único operador económico ou aquelas em que os únicos
“players” sejam os operadores privados. A esta forma de
organização do processo de desenvolvimento económico
chama-se Economia Mista.

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Na actualidade as duas forças coexistem e operam em simultâneo no
Mercado contribuindo para a promoção do crescimento e económico e
bem-estar social.

De qualquer forma, é ponto assente de que, nos Países em


Desenvolvimento, como é caso de Angola, o papel de vanguarda e força
motora do crescimento e desenvolvimento económico- social,
assegurando as áreas que vão desde a educação, saúde, assistência
social, investigação cientifica, etc. é assumido pelo Estado. Porém, não
se ignora o facto evidente de que, é cada vez maior, necessária e
decisiva a participação do sector privado, mas ainda não é possível
atribuir-lhes a responsabilidade da produção, transportação,
armazenamento, distribuição e comercialização de bens e serviços em
todos os ramos da actividade.

Em resumo, o Estado, em todas as sociedades, tem um papel


preponderante na vida económica e social da colectividade cujas
acções vão desde a alocação de bens e serviços que satisfazem as
necessidades sociais, até a criação de condições que permitam aos
operadores privados realizarem cabalmente as suas actividades num
ambiente de livre iniciativa empresarial.

Outra função do Estado, não menos importante, diz respeito ao


asseguramento da estabilidade e crescimento económico e da promoção
do desenvolvimento, da justiça e do bem-estar social. O Estado é sem
dúvida alguma um dos principais “jogadores (players) " de uma dada
economia.
Os seus padrões de gastos têm um efeito fundamental sobre variáveis
como o emprego, o salário real e a taxa de câmbio real. O tipo e a
distribuição dos impostos têm um impacto directo sobre, por exemplo,
a produção, as taxas de juro e a fuga de capitais;

O déficit do sector público determina de forma directa a expansão da


dívida pública e a carga fiscal que vai recair sobre os ombros das
gerações futuras. Consequentemente, o sector privado não pode operar
de forma eficiente no mercado de capitais se não houver um precisa e
exaustiva informação acerca das contas públicas.

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Orientação: Benjamim Avelino da Costa 5
1.2.- Actividade Financeira do Estado

A satisfação das necessidades colectivas leva o Estado a ter que


realizar avultados gastos e, consequentemente, procurar os
recursos monetários necessários para cobrir estes gastos.

Actividade Financeira do Estado


É o conjunto das actividades desenvolvidas pelo Estado e que se
caracterizam pela realização de despesas e mobilização de recursos
monetários com a finalidade de satisfazer as necessidades
colectivas. O Estado, ao levar a cabo o conjunto de actividades
conducentes à satisfação das necessidades públicas serve-se de
determinadas regras ou normas legalmente estabelecidas.

Ao conjunto de normas que regem a actividade financeira do


Estado, dá-se o nome de DIREITO FINANCEIRO e comporta várias
áreas de actuação do Estado que vão desde a realização de
despesas, a mobilização de receitas e a gestão patrimonial,
cabendo a cada uma delas um sub-ramo do Direito Financeiro.

Os sub-ramos do Direito Financeiro que dão sustentação legal à


materialização pelo Estado das acções tendentes a consecução do
bem comum da colectividade são:
1.-Direito Fiscal ou Orçamental:
É o conjunto de normas jurídicas destinadas à
regulamentação do financiamento das actividades do Estado.
FISCO= TESOURO do Estado, isto é Tesouro Público ou seja que pertence a
todos;
FISCAL = Agente responsável por “ policiar” a arrecadação tributária num
determinado País.

2.- Direito Tributário:


É a disciplina que se ocupa das relações jurídicas entre o
Estado e as pessoas de direito privado, respeitantes à
instituição, imposição, escrituração, fiscalização e
arrecadação dos impostos, taxas, contribuições de melhoria,
empréstimos compulsórios e contribuições especiais.

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 A Associação Internacional de Direito Financeiro e Fiscal, com sede
em Haia, considera os dois conceitos, Direito Fiscal e Direito
Tributário como sendo sinónimos do ponto de vista científico-
jurídico, daí que se considere como pontos de referência para este
facto, a correspondência entre as expressões internacionais “ Droit
Fiscal”, “ Fiscal Law”, etc.
 Mas convém destacar e assumir que Direito Tributário se refere a
legislação sobre tributos, isto é receita tributária ou receita
orçamental enquanto Direito Fiscal se torna mais apropriado quando
nos referimos a despesa pública (despesa orçamental), ambos como
ramificações do Direito Financeiro.
 Ainda, pode considerar-se que Direito Tributário é o segmento do
Direito Financeiro que define como serão cobrados dos cidadãos, os
tributos e outras obrigações com ele relacionadas, para gerar receitas
para o Estado.
 Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou seu
equivalente, instituída por lei e cobrada mediante actividade
administrativa plenamente vinculada, e que não é uma sanção
resultante de algum acto ilícito. É uma obrigação imposta as pessoas
físicas e pessoas jurídicas de recolher valores ao Estado, ou entidades
equivalentes. É vulgarmente chamado por imposto, embora
tecnicamente este seja mera espécie dentre as modalidades de
tributos.

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1.2.1.- As Fontes de Receitas do Estado

O Estado tem como finalidade última a promoção e realização do bem comum


de uma terminada colectividade. Para a consecução desse objectivo o Estado
exerce determinadas funções para as quais necessita de ter recursos
financeiros ou seja receitas.

As receitas do Estado provêm de actividades econômico-privadas dos entes


públicos, de empresas, de empréstimos, e principalmente da imposição
tributária (fiscal, parafiscal e extrafiscal).

De realçar que o Estado dispõe de várias fontes de receitas, desde logo porque
ele, é proprietário de todos os recursos naturais que existem no solo e
subsolo, rios e lagos (petróleo, diamantes, ouro, etc.) cuja exploração e
comercialização proporcionam importantes recursos monetários.

O Estado, também tem um património considerável, traduzido em imóveis,


empresas, instituições públicas que geram receitas que constituem
rendimentos. Alguns serviços públicos efectuados por instituições do Estado,
como são os casos de conservatórias, registos notariais e outros geram
receitas que são canalizados para os cofres do Estado.

Ainda, enquanto agente económico, pode contrair empréstimos junto de


instituições financeiras internas e externas, públicas ou privadas, para financiar
as suas despesas.

O Estado também pode receber ajudas e doações de Estados congéneres ou


instituições internacionais que canaliza para a satisfação das necessidades
colectivas da Sociedade.

Finalmente, em qualquer parte do Mundo, o Estado, usa o seu poder de


Império, aqui para cobrar impostos, taxas e outras contribuições aos cidadãos
que vivem no território sob sua jurisdição cujas receitas, Receitas Tributárias,
constituem a principal e mais importante fonte de receitas do Estado.

Resumindo, as fontes de receitas do Estado são:


 Os Impostos e Taxas;
 Os rendimentos do seu património;
 As operações de crédito (empréstimos);
 As doações e as ajudas internacionais.

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2.- Noções de Direito Fiscal

2.1.- O Estado e a Tributação. O Estado Fiscal

Como foi destacado anteriormente, o Estado necessita de receitas para a


satisfação das necessidades colectivas e para o efeito dispõe de diversas fontes
de receitas, sendo que a mais importante é a advém da colecta dos Impostos e
Taxas cobrados aos cidadãos residentes ou não no território sob sua
jurisdição.

Esta capacidade de os Estados cobrarem Impostos, para a efectivação do bem


comum, radica em dois pilares fundamentais a saber: a soberania e o pacto
social.

Estes dois pilares são as conquistas mais expressivas dos Estados modernos
em oposição aos Estados monárquicos anteriores e que foram postos em causa
com os ideais do Iluminismo francês, como reza a História.

Com efeito, o início do “Estado Fiscal” deu-se mediante a modificação social e


econômica ocorrida com a chegada do Iluminismo e a decadente estrutura
dos Estados monárquicos do período feudal, no qual a tributação era
esporádica, feita ao acaso e de surpresa, dirigida apenas a determinado grupo
de pessoas, com a finalidade de abastecer a fazenda do Rei, chegando
assumir feição de confisco.

Porém, o Estado constitucional moderno, não exerce esse poder de cobrar


impostos e demais imposições de forma arbitrária, mas em obediência a um
conjunto de limitações impostas pela Lei, em decorrência do tal pacto social,
entendido como uma delegação de poderes que o Povo confere ao Estado
para obter receitas e realizar despesas para a realização do bem comum.

Uma característica marcante dos estados contemporâneos, politicamente


organizados, radica no facto de o Estado ser detentor de um poder absoluto
(Ius Imperium) mas também estar limitado por princípios legais plasmados
numa constituição escrita.

Portanto, o processo de lançamento e cobrança de Impostos tem por base, um


conjunto de regras específicas previamente estabelecidas.

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2.2.- Noções de Direto Fiscal

Por definição, Direito Fiscal e como já referido é o conjunto de normas


jurídicas que regulam o processo de lançamento e cobrança de Impostos.

Fiscalidade é a disciplina que estuda os princípios, as normas jurídicas e as


técnicas do lançamento e cobrança de Impostos.

2.3.- A relação do DF outros Ramos do Direito

A crescente globalização, tem vindo a incrementar a necessidade de


celebração de acordos e convenções internacionais sobre as mais diversas
matérias, incluindo obviamente as de natureza fiscal. Como exemplo desta
cooperação realce para as convenções que têm como objectivo evitar a dupla
tributação internacional, isto é a tributação de um mesmo facto em mais de
um Estado.

O Direito Fiscal mantem assim e por esta via, uma relação com o Direito
Internacional.

Os princípios fundamentais que constituem a base da fiscalidade de qualquer


País, por via de regra, vêm consignados nas respectivas Constituições.

Ao conjunto de normas jurídicas que regulam a organização fundamental do


Estado e dos cidadãos dá-se o nome de Direito Constitucional.

O conjunto de normas que definem os factos qualificados como crimes


chama-se Direito Criminal. O Direito impõe deveres e o seu não cumprimento
implica a aplicação de sanções.

As normais fiscais impõem obrigações aos cidadãos cujo cumprimento é


obrigatório sob pena de serem aplicadas sanções aos incumpridores e
muitas dessas sanções têm acolhimento no Direito criminal, sendo que por
essa via o Direito Fiscal tem uma estreita relação com o Direito Criminal.
Mas é importante sublinhar que na Legislação Tributária, em regra, as
sanções têm carácter pecuniário, não sendo convertíveis em multas.

As sanções de natureza fiscal têm os mesmos fins assinalados no Direito


Criminal, isto é têm um fim retributivo e preventivo. O seu fim imediato é
retributivo e o seu fim mediato é preventivo, evitando que o infractor volte a
cometer novas infracções e também impedir que, de uma forma geral, as
pessoas as cometam. Mas para além destes fins, a pena fiscal permite que o
Estado obtenha uma indemnização financeira das importâncias não
recebidas em devido tempo.

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Finalmente dizer que o Direito Fiscal tem relação de afinidade com o Direito Privado
(Direito Civil e Direito Comercial). O Direito Fiscal busca no Direito privado os factos,
actos e Direitos Patrimoniais que utiliza na acção tributária.

Autonomia do Direito Fiscal


As relações que o Direito Fiscal estabelece com os demais ramos do Direito
permitem-nos concluir que não existe uma autonomia completa do Direito, até
porque em boa razão o Direito é apenas e só um. Porém o Direito fiscal é
considerado autónomo pelo facto de ter conceitos específicos que são utilizados
noutros ramos do Direito, nomeadamente o Direto Civil (normas que disciplinam a
condição normal da pessoa) e o Direito Comercial (normas regulam os actos de
comércio). O Direito Fiscal trata dos aspectos económicos das situações
independentemente da sua regularidade formal.

2.4.- As Fontes do Direito Fiscal

A actividade tributária do Estado é realizada de acordo com as normas consagradas


pelos órgãos do Poder Legislativo. Entende-se por Fontes de Direito a forma como
são criadas e manifestas as normas jurídicas.

A Fonte primária do Direito Fiscal é a Lei, entendida no seu sentido amplo, de


acordo com as diferentes proveniências e funções dos órgãos que emanam a Lei.

A principal fonte do Direito Fiscal é a Constituição, no nosso caso concreto, a


Constituição da República de Angola (CRA) que consagra no Artigo 101.º o seguinte:

“O sistema fiscal visa satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras


entidades públicas, assegurar a realização da política económica e social do Estado
e proceder a uma justa repartição dos rendimentos e da riqueza nacional”.

E no artigo 102 (Impostos) refere:

1. Os impostos só podem ser criados por lei que determina a


sua incidência, taxa, benefícios fiscais e garantias dos
contribuintes.
Em plano secundário temos as normas produzidas pela Assembleia
(Leis); as normas produzidas pelo Governo (Decretos e Decretos-
Lei) e por membros do Governo (Decretos Executivos Conjuntos,
Decretos Executivos, Despachos)

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2.5.- Princípios Fundamentais de Fiscalidade

O processo tributário assenta em determinados princípios de carácter geral e


universal que são:

1. Princípio da Legalidade Tributária:


Este princípio assenta no pressuposto de que os impostos devem sem ser
consentidos pelos cidadãos, por via dos seus representantes nas Assembleias
Legislativas, acautelando-se desta forma os eventuais abusos do executivo e a
veracidade do Fisco (Administração Fiscal). Com base neste princípio, os
contribuintes têm o direito de reclamarem ou recorrerem dos actos tributários
ilegais, resultantes da aplicação e interpretação das leis.
2. Princípio da Tipicidade:
Expressa que os elementos essenciais do Imposto (incidência, taxas, benefícios
fiscais e garantias dos contribuintes devem estar tipificados na Lei.
3. Princípio da Anualidade:
Com este princípio estabelece-se a obrigatoriedade de os Impostos a cobrar aos
cidadãos terem de ser aprovados anualmente na Assembleia Nacional. Nesta
conformidade a Assembleia Nacional aprova todos os anos o Orçamento geral do
Estado (OGE) que como é sabido por todos é o documento onde estão previstas as
receitas (impostos) e as despesas a realizar nesse período.
4. Princípio da Eficiência e Eficácia:
A finalidade última dos Impostos é a mobilização de receitas para satisfazer as
necessidades financeiras do Estado
5.Princípio da Igualdade:
Este princípio visa defender a equidade e a justiça tributária. De acordo com este
princípio todos os cidadãos são iguais perante a lei e gozam dos mesmos direitos.
Não se trata de mera igualdade formal mas também material, isto é, tratar o igual
como igual e o desigual com o desigual. Daqui resulta a forma progressiva de
Tributação dos rendimentos para que o Sistema Fiscal contribua de forma efectiva
para uma justa repartição da riqueza e dos rendimentos entre os cidadãos.
6. Princípio da não Retroactividade da Lei
Este princípio assenta no pressuposto de que desde a constituição de uma obrigação
fiscal até à entrada do montante nos cofres do Estado existem vários actos
administrativos ou até mesmo surgir uma nova Lei que altere alguns elementos do
Imposto. No caso de aparecer uma nova lei que altere o imposto tendo já a
obrigação fiscal constituída, de acordo com este princípio, a nova lei não pode ser
aplicada aos factos já verificados se da sua aplicação resultar a alteração dos
elementos essenciais dos impostos, caso contrário, a nova lei pode ser aplicada ao
processo administrativo já em curso.
7.Princípio da Territorialidade
De acordo com este princípio, as leis de um Estado aplicam-se no seu território e
apenas nele, o que quer dizer que a lei fiscal do Estado se aplica aos factos e as
situações tributárias que tiveram lugar no território de um Estado e aos rendimentos
que nele tenham sido obtidos.
Lei 19/14 de 22 de Out
Art 1º : O II incide sobre os lucros imputáveis ao exercício de qlquer actividade…
Art 2º Lucros Realizados em Angola: são sujeitos ao II os nacionais e estrangeiros
previstos no art 1º
Art 3º Lucros Mundiais: estão sujeitos ao II as Pax’s cloectivas c/ direcç e sede no
País pela totalidade

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8.Princípio de tratamento igual a casos semelhantes:
A integração de lacunas é processo mediante o qual se procura
resolver casos omissos mediante o tratamento igual a casos
semelhantes, isto é, se uma norma trata um caso de certa forma
um outro caso semelhante deve ser tratado da mesma forma

2.6.- A Interpretação das Leis Fiscais


A interpretação de uma norma jurídica visa apurar o significado e
alcance dessa norma, isto é, tirar das palavras usadas, um certo
sentido, um conteúdo de pensamento, um significado. A interpretação
das normas fiscais não deve cingir-se à letra da Lei, mas sim
reconstruir a partir do texto o pensamento do legislador.
A interpretação de uma norma tributária deve apresentar as seguintes
características:

Autêntica- quando é feita pelo próprio legislador;

Doutrinal- Quando é feita pelos tribunais e pelos Juristas;

Literal- Recurso a análise lexicológico e sintática e ao estudo das


estruturas da frase de modo a que se possam detectar eventuais
lacunas ou seja, situações concretas que não tenham sido previstas.

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3.1.- Conceito de Imposto
3.2.- Estrutura do Imposto
3.4.- Classificação dos Impostos
3.5.- Funções do Imposto
3.6.- Impostos e Figuras Afins

3.1.- Conceito de Imposto


É toda a prestação pecuniária compulsória imposta pelo Estado ou
entidades equivalentes de recolher valores junto de pessoas físicas
e pessoas jurídicas para a realização de fins públicos (fiscais e não
fiscais).

O Imposto não tem carácter de sanção ou de acto ilícito (por


exemplo a aplicação de multa de trânsito) mas deve ser visto e
entendido sempre como uma prestação em dinheiro, coactiva e
unilateral, generalizada e sem carácter de sanção...

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Características Principais do Imposto:

Prestação Pecuniária:
O imposto é pago por via de regra, em dinheiro. Regista a História
que não foi sempre assim pois houveram outras formas de
pagamento utilizadas, como sejam o pagamento em espécie (gado,
cereais) ou o trabalho (corveia, na Idade Média) nas Obras
Públicas (pontes, estradas), formas que ainda são utilizadas em
muitos Países. Em Angola, o pagamento em espécie pode ser
efectuado por empresas que têm como actividades a prospecção,
produção e exploração de hidrocarbonetos (petróleo) em regime de
concessão.

É uma Prestação Definitiva


Isto é, as importâncias pagas pelo devedor do Imposto não são
restituíveis, excepto se tiverem sido indevidamente tributadas ou se
tiver pago um valor superior ao devido.

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É uma Prestação Unilateral:
O Estado não tem a obrigação de dar qualquer contrapartida individual
ao Contribuinte pelo facto de pagar os impostos a que está sujeito.

É estabelecido por Lei

A obrigação do Imposto decorre de uma exigência estabelecida na Lei,


ou seja, a obrigação tributária baseia-se numa norma legal (Princípio da
Legalidade). Se assim não fosse o lançamento e cobrança de Imposto
poderia estar sujeito à critérios subjectivos dos agentes da
Administração do Estado.

O Imposto não é uma Sanção


Aplicação do imposto não é uma penalização aplicada ao Contribuinte.

É uma prestação exigida pelo Estado


A obrigação do Imposto é estabelecida por uma entidade pública
(Estado) pelo facto de ser o titular do Poder Tributário que é uma
manifestação de soberania que se caracteriza pela possibilidade de
incorporar ou suprimir impostos na ordem jurídica no País.

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Todo o imposto é constituído tecnicamente a partir dos seus elementos
fundamentais que podem ser:
I. Elementos Qualitativos: Caracterizam a natureza do imposto e
definem o seu domínio ou campo de aplicação.

a) O Objecto do Imposto;
b) O Contribuinte;
c) O Facto Gerador do Imposto

O Objecto do Imposto (Incidência):


É uma realidade económica, uma situação de facto ou de Direito sobre
o qual incide o Imposto, o elemento sobre o qual assenta, directa ou
indirectamente. A matéria colectável está ligada à existência de um
elemento que pode ser um bem (direitos de transmissão mobiliária ou
imobiliária) , um produto (IC ), um rendimento (IRT), um capital (
Sobre o capital ou partes do mesmo) ou um acto (Prática de qualquer
acto, vg. o exercício de uma actividade comercial ou industrial.)

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 O Contribuinte:
 Sujeito Passivo do Imposto ou devedor do Imposto, é a pessoa,
singular ou colectiva, que tem a obrigação de pagar o imposto, isto
é, aquela pessoa que está submetida à obrigação tributária. Assim,
quanto aos impostos de rendimento, o contribuinte deverá ser a
pessoa, física ou moral, que realiza o rendimento; Quanto ao
imposto de transmissão, o contribuinte será o herdeiro, o legatário
ou o comprador. O Contribuinte ainda pode ser:

 De Facto: é aquele que efectivamente suporta o imposto


transferindo parte do seu rendimento a favor do Estado. Os
consumidores por exemplo, são os que efectivamente suportam
o ônus do imposto sobre determinados produtos, embora não
sejam eles que têm a obrigação fiscal da entrega dos valores nos
cofres do Estado.

 De Direito: Pessoa singular ou colectiva definida na Lei como


sendo o sujeito passivo da obrigação tributária.

 Há ainda os casos de substituição fiscal em que determinada


pessoa se substitui a outra, por força da Lei, no cumprimento da
obrigação tributária. É o caso das entidades patronais que, nos
termos da Lei do IRT, fazem a retenção e entrega nos cofres do
Estado.

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 O Facto Gerador do Imposto:
É um acontecimento, um acto ou uma situação de facto ou de direito
com repercussão económica que determina a incidência do Imposto.
Mas o simples aparecimento, a mera verificação do facto gerador
não constitui imediatamente o Contribuinte em devedor do Imposto.
É indispensável que se produzam determinados factos ou actos, ou
ainda que se produzam determinadas situações tipificadas na Lei,
que, ao acontecerem, dão origem à criação efectiva da obrigação
tributária. Ex: exercício efectivo de uma actividade comercial ou industria, etc. No caso
do IRT, o facto gerador deste imposto é a percepção de salários e outras remunerações por
parte dos trabalhadores. No caso do II, será o exercício efectivo de uma actividade,
comercial, industrial, etc. que se vai traduzir na obtenção e determinação do Lucro da
empresa..

II. Elementos Quantitativos dos Impostos


Os elementos determinantes do montante do imposto são:

a) A Base do Imposto: É a tradução numérica da matéria


colectável. É representada pelos dados relativos aos elementos
constituintes da matéria tributável.

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b) Tarifa do imposto:
O Imposto determina-se pela aplicação de uma tarifa à sua
base, sendo a Taxa o seu elemento essencial. A Taxa pode não
ser, nem é necessariamente sempre a mesma para cada tipo de
imposto.
A Taxa do Imposto pode ser ESPECÍFICA ou AD- VALOREM.
A Específica é quando aferida com unidades fiscais, tais
como peso, medida, cumprimento, moeda etc. EX: 5,00
Kz/1000 L; 200 Kz/Ton; 250 Kz/ barril...
Uma Taxa AD-VALOREM é aquela que é fixada numa
percentagem que se aplica a um valor monetário. Ex: 25%;
3% etc.
A Taxa ainda pode ser classificada em Fixa e Variável. A
Variável por sua vez pode ser proporcional, progressiva,
regressiva e degressiva.
Muitas vezes antes da aplicação da Taxa, torna-se indispensável
proceder a Abatimentos ou a Deduções na base do Imposto, assim
como, depois de tal aplicação , efectuar Reduções ou Aumentos do
quantitativo do tributo.

Apontamentos de
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Coordenação: Benjamim A. 20
da Costa
O conjunto das deduções das Taxas e das reduções e
aumentos constitui a tarifa ou o modo de cálculo do
imposto.

Os Abatimentos ou deduções servem, para diminuir a


base de imposição de uma quantidade determinada. A sua
finalidade é, principalmente, tomar em consideração a
situação pessoal do contribuinte (dedução de um mínimo
de existência e de encargos de família, nos impostos de
natureza pessoal).

3.3.- AS FASES DO IMPOSTO

Para que o Contribuinte possa satisfazer a sua dívida tributária torna-


se necessário, indispensável, a execução de determinados actos de
natureza administrativa por parte da Administração Fiscal ou entidade
afim. O conjunto destes actos constitui o que se designa de Fases do
Imposto e comporta quatro etapas ou fases fundamentais que são:

1) O Lançamento: Consiste num conjunto de operações


administrativas cuja finalidade imediata é a identificação do
Contribuinte e da matéria colectável e a fixação numérica da base
do Imposto. A identificação faz-se mediante informação fornecida a
Administração Tributária pelos Contribuintes e de outros elementos
existentes nas Repartições Fiscais que formam o Sistema Geral de
Contribuintes (RGC) e emite-se o Cartão de amostragem
obrigatória por parte do Contribuinte.

Apontamentos de
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A. da Costa
2.- A Liquidação
Tem por finalidade a determinação do quantitativo do Imposto, da
importância da dívida fiscal a pagar pelo Contribuinte. É pois, o
cálculo, por via administrativa, do montante do Imposto. Conhecida a
base do imposto, aplica-se à esta base uma % (taxa) legalmente
estabelecida. Normalmente é feita pela Administração Tributária,
porém a legislação confere ao próprio Contribuinte a obrigação de
fazer esta operação no momento da apresentação da declaração do
rendimento.

De destacar o mecanismo da Retenção na Fonte que consiste


basicamente em que a entidade, singular ou colectiva, que procede
ao pagamento aos titulares dos rendimentos, é obrigada a deduzir
nesses rendimentos o componente do Imposto e depositá-lo nos
cofres do Estado nos prazos estabelecidos pela Lei.

Por retardamento de pagamento imputável ao contribuinte no todo ou


em parte do imposto devido, acresce-se ao imposto um juro de 2,5%
ao mês, sem prejuízo da multa ao infractor (Coima).

A este tipo de Juro, denomina-se de JURO COMPENSATÓRIO e


é contado por cada mês ou fracção, desde o termo do prazo para o
cumprimento da obrigação até a data em que vier a ser suprida ou
corrigida a falta.

Apontamentos de
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A. da Costa
 3.-A cobrança do Imposto
 é um processo administrativo que conduz o contribuinte a pagar a
sua dívida e pode apresentar as seguintes características:
 Amigável: realiza-se dentro dos prazos definidos e implica
um contacto permanente com o Contribuinte avisando-o da sua
dívida fiscal e os prazos para a sua liquidação;
 Coerciva: é realizada com a intervenção de um órgão de
aplicação da Justiça Fiscal em caso de desvio ao pressuposto.

4.- O Pagamento

É um conjunto de operações financeiras, em virtude das quais a


quantia monetária do Imposto passa do património do Contribuinte
para os Cofres do Estado dando-se assim por extinta a dívida. Poder
ser:

a).- Voluntário: Quando o Contribuinte dá entrada nos cofres do


Estado do montante do imposto liquidado nos prazos definidos
legalmente;

b).- Coercivo: Quando o Contribuinte se furta ao pagamento do Imposto


liquidado nos prazos estabelecidos.

Apontamentos de
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da Costa
Pagamento (continuação)...

Em caso de o pagamento não se efectivar no período definido há lugar


ao PAGAMENTO DE JUROS DE MORA, calculados a taxa de 2.5%
ao mês e vencem no dia 1 de cada mês e conta-se por inteiro o mês de
cobrança. Terminado o “período de graça”, entra-se na fase coerciva,
havendo entre as duas fases um período chamado de pré- execução ou
de relaxe em que são desencadeadas as acções para a realização da
cobrança coerciva, em que o faltoso pode efectuar o pagamento e os
acréscimos legais imputáveis. Findo o período de relaxe , a dívida é
coercivamente cobrada sob direcção do Tribunal de Execuções Fiscais,
acrescida de 10% de multa sobre as dívidas e 35% sobre as multas
executadas.

Pagamento a Pronto: aquele que se efectua de uma só vez e numa


única prestação.

Pagamento em prestações: O montante do imposto é parcelado por


períodos que vencem de acordo com a legislação para efeito em vigor;

Anuidades: Há divisão do valor do imposto por um período


determinado de anos, pagando a parcela anual respectiva em função do
que for determinado.

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3.4.- Classificação dos Impostos:

Existem vários critérios que presidem a classificação dos Impostos e


destes destacam-se os seguintes:

1. Impostos Indirectos: são os impostos que surgem com a


ocorrência de certas despesas ou aquisições de bens de
consumo para consumo ou fruição. Os impostos indirectos
incidem sobre os rendimentos no momento da sua utilização
sob a forma de consumo. Nestes casos, a matéria colectável é
constante no que respeita a renovação. Imposto de Selo (IS),
Imposto de Consumo (IC/IVA);

2. Impostos Directos: São aqueles cujos pressupostos


correspondem à verificação ou identificação concreta do
contribuinte, o qual está dotado de património colectável ou
aufere um rendimento tributável. O contribuinte de direito
coincide com o contribuinte de facto. No imposto directo não
se dá o fenómeno da translação, isto é, não se repercute. Estes
impostos estão permanentemente sujeitos a alterações e a
modificações. IRT, Impostos sobre Sucessões e Doações;
Imposto Industrial (II); SISA.

3. Impostos Proporcionais: Nestes casos a Taxa é fixa. O


Imposto aumenta proporcionalmente à matéria colectável;
Imposto Industrial; Imposto Predial Urbano (IPU).

4. Impostos Progressivos: A Taxa aumenta à medida que cresce


a matéria colectável. Assim, o imposto aumenta mais que
proporcionalmente, face ao aumento da matéria colectável.
Imposto s/ Sucessões, IRT.

Apontamentos de Fiscalidade
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5. Impostos Regressivos: São caracterizados pela diminuição da taxa
do imposto sempre que aumenta a matéria colectável. Em Angola não
existe este tipo de imposto;

6. Impostos Degressivos: Têm uma taxa normal aplicável à matéria


colectável a partir de certo valor e taxas menores para escalões
inferiores da matéria colectável.

7. Impostos Pessoais: Tributam as pessoas independentemente da sua


condição económica;

8. Impostos Reais: Tributam os rendimentos ou a riqueza de que as


pessoas são titulares mas tendo em conta a situação pessoal dos
contribuintes.

9. Impostos Estaduais: São aqueles impostos em que o Sujeito Activo


do Imposto é o Estado.

10.- Impostos não Estaduais: O Sujeito Activo do Imposto é uma


pessoa colectiva de direito público como por exemplo, a Administração
Municipal ou outro Instituto Público.

Apontamentos de
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Podem-se considerar 3 principais funções do Imposto:
1. Função Fiscal ou Financeira : Através desta função,
o Estado ocorre a satisfação das suas
necessidades mediante a mobilização de recursos
para os seus cofres;

2. Função Social: Através desta função o Estado


procura corrigir a distribuição das riquezas e os
seus efeitos; Por exemplo a tributação do IC sobre
o tabaco visa banir os efeitos negativos do
tabagismo; numa política demográfica, a
tributação dos herdeiros e as deduções de
impostos em função dos encargos de família,
podem encorajar os casamentos e por essa via o
aumento da natalidade. O contrário visa a sua
redução.

3. Função Económica: Através desta função, o Estado


procura agir sobre o mundo económico,
modificando o seu comportamento pela utilização
de medidas temporárias ou definitivas que
afectam o volume da repartição fiscal , influindo
assim a nível da actividades, o consumo e a
poupança individual.

Apontamentos de
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da Costa
Os cidadãos de um determinado espaço territorial têm,
para além do Imposto, outras obrigações pecuniárias ou
transferências patrimoniais sob a forma de taxas, multas,
confisco, expropriação para utilidade pública.

Taxas: são pagamentos em dinheiro feitas pelos cidadãos


às entidades públicas, com carácter definitivo, estabelecidas
na Lei como pagamento dos serviços prestados pelo Estado
ou pela utilização de bens públicos (estradas, pontes, etc.)
. Ao contrário do Imposto, a Taxa tem um carácter bilateral
e equivale ao preço dos serviços ou bens cuja propriedade
pertence ao Estado.

Multas: a multa é um pagamento em dinheiro a favor de


uma entidade pública resultante de violação de uma norma
legal cuja gravidade deve ser sancionada com a exigência
de determinados montantes aos seus autores. Tem um
carácter de sanção ou penalidade aspecto que difere do
Imposto.

Confisco: é uma transferência patrimonial à favor de uma


entidade pública como sanção aplicada a particulares que
pratiquem actos que violem as normas económicas em
vigor numa Sociedade.

Apontamentos de
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4.- Relação Jurídico-Fiscal (Tributária)
4.1.- Conceito
A relação jurídica é toda a situação ou relação da vida real
juridicamente relevante ou seja toda a realidade social
tutelada pelo direito mediante a atribuição a uma pessoa
de um direito subjetivo e a correspondente imposição a
outra pessoa de um dever ou uma sujeição.

Direito Subjetivo:

É a faculdade ou o poder atribuído pela ordem jurídica a


uma pessoa de exigir ou pretender de outra, um
determinado comportamento positivo (fazer) ou negativo
(não fazer) ou, de por um acto de sua vontade , só de “per
si” ou integrado depois por um acto de autoridade pública
( decisão judicial), produzir determinados efeitos jurídicos
que se impõem inevitavelmente a outra pessoa. (1)

Dever e sujeição traduzem a situação da pessoa contra a


qual se dirige o poder jurídico do titular do direito
subjetivo. Ambos traduzem a situação da pessoa contra a
qual se dirige o poder jurídico do poder do titular do
direito subjetivo.
Mas quando se trata do poder de exigir ou pretender,
está-se em presença do dever jurídico.
Por sua vez, se se trata do poder de produzir um efeito
jurídico, estamos perante a sujeição.
(2)

Apontamentos de
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4.2. A Relação Jurídico- Fiscal
Na relação jurídica distinguem-se duas realidades:
a) a realidade jurídica em sentido abstracto e a relação
jurídica em sentido concreto.
b) a relação jurídica una ou simples e a relação jurídica
complexa ou múltipla.
Na relação jurídica em sentido abstracto não há nenhuma
relação jurídica efectivamente constituída ou
individualmente determinada, mas apenas uma relação
jurídica figurada, ideal.
É uma relação virtual, em potência. (vg, um vendedor não
determinado pode exigir a qualquer comprador, também
não determinado, o preço da mercadoria vendida.

Relação jurídica concreta


Porém se se definir um caso concreto, comprador A e
vendedor B determinados, a relação jurídica tomará então
o aspecto de uma relação jurídica concreta, pois estamos
perante uma relação existente e individualizada, ou seja
real ou em acto).

Relação Jurídica una ou simples


É aquela que se define num só direito subjetivo atribuído a
uma pessoa e no correspondente dever ou sujeição de
impostos a outra pessoa;

Relação Jurídica complexa ou Múltipla


É aquela em que aparece uma multiplicidade de direitos
subjetivos e de deveres ou sujeições advenientes do
mesmo facto jurídico.

Apontamentos de
Fiscalidade 30
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4.3.- Os Elementos da Relação Jurídica
Os elementos fundamentais da relação jurídica são:
1. Os sujeitos;
2. O Objecto;
3. O Facto Jurídico;
4. A Garantia Jurídica

4.3.1.- Os Sujeitos da Relação Jurídica


São as pessoas entre as quais se estabelece a relação jurídica em
que de um lado se situa o titular do direito subjetivo e do outro o
onerado com o correspondente dever de sujeição.

Trata-se, respectivamente, do destinatário Activo e do destinatário


Passivo e que efectivamente recebe e detém ou suporta o que lhe é
destinado.
Normalmente são titulares ou portadores de dois interesses
contrapostos, cujo conflito a lei regula pela prevalência de um e o
sacrifício do outro.

O titular do interesse é o Sujeito Activo- sujeito de direito-.


O titular do “sacrifício”, o Sujeito Passivo, isto é, o sujeito do dever
ou da sujeição.
São sempre pessoas em sentido jurídico ou seja com personalidade
jurídica, esta entendida como a susceptilidade de se ser sujeito de
direitos e deveres ou, como a idoneidade para se ser sujeito de
relações jurídicas.

Apontamentos de
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Assim, ao lado das pessoas singulares, pessoas em sentido natural, físicas, o
direito admite a existência de pessoas colectivas que são pessoas cujo suporte
é constituído por realidades que se alicerçam em organizações de Homens ou
bens, ou de ambas, fundadas e movimentadas pelo Homem para a satisfação
de interesses humanos.
Na relação jurídico-fiscal existem dois sujeitos com interesses opostos:
1) Sujeito Activo, aquele a favor do qual é estabelecido o direito a percepção
do imposto e que é sempre uma entidade pública e,
2) Sujeito passivo que é aquele ao qual o sujeito activo pode e deve exigir o
cumprimento da prestação tributária.

O Estado é o sujeito activo por excelência, o único que pode livremente fixar,
mediante os seus próprios órgãos legislativos, quais os impostos de que se vai
tornar credor.

As demais entidades públicas, como sejam administrações municipais


(autarquias locais) e pessoas colectivas de direito público apenas tomam
posição de sujeitos activos com o consentimento do Estado enquanto detentor
da capacidade tributária activa originária e autónoma.

Os sujeitos da relação jurídica podem ser pessoas singulares ou colectivas.


Nem todas as pessoas podem ser sujeitos da relação jurídica mas apenas
aquelas que tenham a personalidade (capacidade) jurídica.

A capacidade jurídica das pessoas colectivas, nomeadamente das sociedades,


vem consagrada no C.C, no capítulo relativo às sociedades civis e no Código
Comercial, relativamente às sociedades comerciais.

A capacidade jurídica das pessoas colectivas reveste-se de duas modalidades:


a) As Corporações
b) As Fundações;

Apontamentos de
Fiscalidade
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32
da Costa
As corporações são as mais comuns, e o principal elemento do
substrato corporativo está na pluralidade de indivíduos
agrupados para a processução de um interesse comum dos
agrupados quer sejam os primeiros associados quer sejam
aqueles que “a posteriori” venham a fazer parte do
agrupamento. Outra característica da corporação é a de que são
os próprios associados que a criam e organizam.
São exemplos de corporações, as sociedades comerciais, as
associações de socorros mútuos, as desportivas e recreativas.

Fundações: O elemento caracterizador mais evidente das


fundações reside na existência de um complexo patrimonial
afectado por um indivíduo ou por vários indivíduos- os
fundadores- a uma certa finalidade tipicamente de natureza
altruísta. O fundador destaca os bens diferenciando-os de si,
colocando-os ao serviço do objectivo definido e pode ainda
especificar os termos em que se deve realizar o fim da
fundação, instituir os órgãos de gestão e os demais elementos
conducentes a prossecução dos objectivos preconizados.

Diferenças mais evidentes entre o as corporações e as


Fundações:
1. As corporações têm como elemento característico
fundamental uma colectividade de pessoas. As fundações
têm como substracto qualificativo um complexo
patrimonial votado a prossecução de uma certa
finalidade;
2. Nas corporações são os próprios associados que criam e
organizam regendo o destino dessas organizações; Nas
fundações, os fundadores não as podem dirigir nem tão
pouco orientar o seu destino. Os fundadores ficam fora da
fundação.
3. Os interesses visados pelas fundações são, geral e
tipicamente, de natureza altruísta, o que não acontece
com as corporações de uma forma geral.

Apontamentos de
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33
Coordenação: Benjamim A.
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 Há pluralidade de sujeitos passivos devido ao facto de que do lado passivo da
relação jurídico-fiscal existir uma pluralidade de indivíduos o que faz com
existam situações específicas que requerem tratamento diferenciado, resultando
daqui algumas consequências, quanto as modalidades que podem assumir as
obrigações tributárias de que ressaltamos as seguintes:
1) conjunção ou parcialidade passiva: Verifica-se quando a cada um dos sujeitos
cabe apenas uma parte ou fracção do débito comum;
2) solidariedade passiva: dá-se nas situações em que o credor pode exigir de
qualquer dos devedores, o pagamento da totalidade da prestação comum,
não podendo nenhum deles socorrer-se do benefício da divisão. Não se trata
de responsabilidade solidária, pois, o devedor solidário é o devedor originário
a quem pode ser exigido o total da prestação comum, enquanto que o
responsável solidário é uma pessoa alheia à constituição do vínculo tributário
que, pelas suas particulares conexões o devedor originário ou com o objecto
do imposto, a lei considera como garante do pagamento da dívida do
imposto, numa posição de fiador legal, pelo que só é chamado à execução
daquela dívida quando, por falta absoluta de bens, for de todo impossível
cobrar as dívidas do original devedor.

Substituição Fiscal
A substituição fiscal acontece naqueles casos em o pagamento de um
determinado imposto é feito por pessoa diferente da do contribuinte, como é
por exemplo o caso do IRT, em que a lei estipula que seja a entidade patronal a
proceder a retenção e ao depósito nos cofres do Estado do imposto devido
pelos trabalhadores.

Transmissão da Obrigação Fiscal


Existem duas formas de transmissão da obrigação fiscal a saber:
A Sub-rogação: dá-se quando uma terceira pessoa paga a dívida tributária do
originário devedor ficando assim com o “direito de regresso”. A dívida paga pelo
sub-rogado conserva as garantias, privilégios e processo de cobrança e vence
juros pela taxa fixada na lei civil se o sub-rogado o requerer, podendo utilizar
o próprio processo de execução fiscal para cobrar o seu crédito.

Sucessão “Mortis causa”

Verifica-se quando a lei tributária permite que a posição originária do sujeito


passivo passe a ser ocupada por uma terceira pessoa alheia à constituição
jurídica, como é o caso em que se dá a morte do contribuinte e se transmitem
para os herdeiros as dívidas tributárias daquele. O princípio da responsabilidade
do herdeiro das dívidas fiscais do autor da herança, o “de cujus”, pode ser
deduzido no art.º 2068 do CC quando consigna que a herança responde pelas
despesas com, administração funerais e sufrágios do seu autor, pelos encargos
com o testamento, administração e liquidação do património hereditário, pelo
pagamento das dívidas do falecido e pelo cumprimento dos legados.

Apontamentos de
Fiscalidade 34
Coordenação: Benjamim A.
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4.3.2.- O Objecto da Relação Jurídica
 Define-se como objecto da relação jurídica aquilo sobre que incide o
direito subjectivo, aquilo sobre que recaem ou versam o poder ou poderes
que tal direito confere ao seu titular ou seja é a prestação a que o
contribuinte está vinculado para com o Estado ou outro ente público credor
do imposto.
 Não se deve confundir o objecto da relação jurídica com o próprio direito
subjectivo nem com o correspondente dever jurídico. Exemplos de
objectos da relação jurídica: uma pessoa, uma coisa; um produto
intelectual.

4.3.3.- Facto Jurídico


 É todo o facto, acontecimento natural ou acção humana que produz
consequências jurídicas. Os factos jurídicos podem ser constitutivos,
modificativos ou extintivos conforme presidam à constituição, modificação
ou extinção de relações jurídicas. Todas as relações jurídicas estão
prefiguradas abstractamente na lei, existindo nela como ideia. Mas
nenhuma relação jurídica real, efectiva, concreta poderá existir sem que se
verifique a intervenção do facto jurídico.
 A exigência do imposto depende portanto da ocorrência de um acto,
de uma situação ou de um facto, previamente definidos na respectiva
norma de incidência real.
 Este acto, situação ou facto são os pressupostos do imposto ou o seu
acto gerador, sem o qual a obrigação fiscal não existe.
 Neste sentido poder-se-á dizer que o facto desempenha o papel de
agente causal que desencadeia a energia jurídica contida na lei.

4.3.4.- Garantia
 É o conjunto de meios sancionatórios a adoptar pelo Estado, por
intermédio dos seus tribunais, contra o sujeito do dever jurídico quando ele
não cumpra espontaneamente, observando o comportamento prescrito.
 O art.º 601 do CC consigna que “pelo cumprimento das suas obrigações
fiscais respondem todos os bens do devedor susceptíveis de penhora, sem
prejuízo dos regimes especialmente estabelecidos em consequência da
separação dos patrimónios”.
 Por sua vez o art.º 817 dispõe que “ não sendo a obrigação
voluntariamente cumprida, tem o credor o direito de exigir judicialmente o
seu cumprimento e de executar o património do devedor, nos termos
declarados neste código e nas leis de processo”.
 Assim pois, o património do contribuinte constitui, a garantia geral das
obrigações fiscais. Ela esta garantida, em primeira linha pela possibilidade
que o credor, sujeito activo da obrigação, tem de agir sobre o património
do sujeito passivo da mesma obrigação, para satisfazer coercivamente o
seu crédito.

Apontamentos de
Fiscalidade 35
Coordenação: Benjamim A.
da Costa
4.4.- Extinção da Relação Jurídico-Fiscal
 A relação fiscal extingue-se fundamentalmente pelas seguintes vias:
1. Pagamento do imposto: é a forma mais utilizada para a extinção da
obrigação fiscal;
2. A Prescrição: é a extinção de um direito pelo seu não exercício durante
um determinado período de tempo. A regra para extinção da obrigação
fiscal vem consagrada no art.º 309 do CC e dispõe que o prazo
ordinário de prescrição é de 20 anos;
3. Compensação: É um meio de extinção da obrigação com bens que o
devedor tem no património do credor, desobrigando-se o devedor até a
importância do seu crédito. Equivale a um pagamento simultâneo.
Para que se efective a compensação da obrigação fiscal é necessário,
como requisito fundamental, que a obrigação do sujeito passivo do
imposto e o seu crédito sobre o estado respeitem o imposto da mesma
espécie. O direito de compensação pertence ao Estado e ao
contribuinte. Este, para exigir o direito de compensação deve ser
portador do Título de Anulação.

Apontamentos de
Fiscalidade
Coordenação: Benjamim A. 36
da Costa
5.1.- Sistema Fiscal
É o conjunto de Impostos que vigoram num determinado País e
aos órgãos do Estado que têm a função de administrar estes
impostos.
A estrutura e o funcionamento do sistema fiscal angolano resulta
da conjugação de vários factores, de natureza económica, política e
jurídica de que se destacam os seguintes:

A. Estrutura Económica
Angola, a semelhança da maioria dos Países africanos mas não
só, enquadra-se no conjunto de países denominados
subdesenvolvidos pelas caraterísticas específicas que a
caracterizam em que sobressai uma economia assente
fundamentalmente nas actividades de produção e exploração de
recursos naturais não renováveis, nomeadamente o petróleo e
os diamantes.
A exploração desses recursos exige conhecimentos (Know-How)
e tecnologia que o País não possui razão pela qual tem de fazer
recurso ao mercado internacional onde os preços estão sujeitos
a flutuações constantes facto que faz com que Angola esteja
cronicamente dependente dessas matérias-primas.
A produção agrícola é praticada em moldes tradicionais com
carácter de subsistência. A indústria transformadora é incipiente
e, em face da conjugação de vários factores, com realce para o
longo conflito armado que se abateu sobre o País, está na
prática destruída, havendo alguns sinais de retoma ainda ténues
nos últimos tempos.
O comércio e a prestação de serviços á população dependem da
basicamente da importação. O sector informal tem uma grande
preponderância e ocupa uma franja significativa da população
economicamente activa.
O nível de rendimento médio per capita é bastante baixo e
existem desequilíbrios económicos e sociais acentuados em que
pontificam a pobreza generalizada, o desemprego, elevadas
taxas mortalidade infantil...

Apontamentos de
Fiscalidade 37
Coordenação: Benjamim A.
da Costa
 Em função destes indicadores, facilmente se pode
depreender quais são as características do sistema fiscal
angolano de que se destacam as seguintes:

 Predominância das receitas do petróleo e dos


diamantes que, por sua vez são bastante instáveis dada
a sua dependência do mercado internacional e à outras
contingências internas;

 Dificuldades na tributação dos rendimentos reais das


actividades industriais, comerciais, etc.;

 Uma base tributária estreita agravada pela proliferação


do mercado informal que é assumidamente propensa á
fuga ao fisco.
 Peso significativo das receitas aduaneiras, não
obstante o facto de essas receitas não representarem o
nível de arrecadação desejado.
 Angola assenta numa economia fortemente
importadora...
 Apenas 2% das empresas em Angola são Exportadoras
 68% das empresas em Angola utilizam produtos
importados .

Apontamentos de
Fiscalidade 38
Coordenação: Benjamim A.
da Costa
5.1.2.- O Regime Colonial
 O regime colonial vigorou em Angola até 1975 tendo moldado o
sistema fiscal angolano aos interesses económicos e políticos da
potência colonial, Portugal.

5.1.3.- O Período Pós-Independência


 Com a proclamação da independência houve óbvia e
consequentemente um corte radical com o sistema tributário
então em vigor, face as opções políticas das autoridades
angolanas que do ponto de vista da economia optou pela
centralização e estatização da economia.
 Fruto desta opção política, a filosofia da receita passou a
nortear-se pelo princípio de que os lucros das empresas
estatais eram a fonte principal das receitas do Estado, relegando
assim para um plano secundário os impostos e os órgãos da
administração tributária.
 Apenas o sector petrolífero contribuía efectivamente para as
receitas fiscais facto que originou quebras significativas na
capacidade do Estado de angariar as receitas indispensáveis para
realizar de forma eficiente a sua tarefa de realização do bem
comum.

Apontamentos de
Fiscalidade
Coordenação: Benjamim A. 39
da Costa
 Perante este quadro caracterizado pelos sistemáticos deficits
orçamentais, o Governo angolano começou a implementar vários
programas de recuperação económica, sendo o SEF um dos que mais
se destacou. Todos os programas então gizados apontavam para a
necessidade de se realizar uma profunda reforma do sistema fiscal
angolano no sentido de se incrementar as receitas de impostos do
sector não petrolífero.
 Com o fim do conflito armado, Angola tem vindo a delineou uma
estratégia com o desígnio de consolidar a paz, a reconciliação e a
reconstrução nacional.
 A economia Angolana ainda depende em grande parte das receitas
provenientes da exploração petrolífera.
 É, no entanto, intenção do Estado angolano sustentar o futuro do
país com o desenvolvimento a curto prazo da economia não
petrolífera, nomeadamente através da construção de infraestruturas
necessárias no País, do desenvolvimento do Mercado de Capitais,
como a Banca corporativa e de investimento, consubstanciada na
criação da Bolsa de Valores e Derivativos de Angola (BODIVA), do
sector Imobiliário e do sector do Gás.
 É neste âmbito que se circunscrevem as acções do Executivo
Angolano tendentes a criação de um tecido empresarial mais
condizente com o potencial económico que o País encerra e, desta
feita permitir uma base de arrecadação de receitas fiscais maior.
 Um dos vectores mais importantes para o alcance desse desiderato
passou objectivamente pela reformulação profunda da legislação
tributária como factor imprescindível para a concretização dos
objectivos de crescimento e desenvolvimento económico sustentado.
Desta feita o PERT, o Programa Executiva da Reforma tributária
constituiu-se no elemento catalisador mais importante e deu lugar a
uma nova estrutura que superintende toda a politica tributária do
País, a Administração Geral Tributária (AGT) e que congrega no seu
seio os órgãos mais importantes relacionados com os Impostos:
Direcção Nacional de Impostos e a Direcção Nacional das Alfândegas.

Apontamentos de
Fiscalidade
Coordenação: Benjamim A. 40
da Costa
Angola tem um sistema de impostos do tipo cedular que se
caracteriza pela existência de vários impostos directos e
indirectos, tributários dos rendimentos a medida que são
gerados ou postos a disposição do seu destinatário ou
ainda a quando da sua utilização.
Temos assim os seguintes tipos de Impostos:
I. Impostos sobre o Rendimento;
II. Impostos sobre o Património;
III. Impostos sobre a Produção e Consumo;
IV. Impostos sobre o Comércio Externo;
V. Impostos Diversos

I. Impostos sobre o rendimento


a) Imposto sobre os rendimentos de Trabalho (IRT)
b) Imposto Industrial (II)
c) Imposto predial
d) Imposto sobre a aplicação de Capitais
e) Imposto sobre o rendimento das indústrias
prolíferas;
f) Imposto sobre o rendimento das actividades
mineiras.

Apontamentos de
Fiscalidade
Coordenação: Benjamim A. 41
da Costa
II. Impostos sobre o Património
a) Impostos sobre Sucessões e Doações. Incide sobre as
transmissões de bens móveis ou imóveis, “intervivos”, ou
“ Mortis causa”, a título gratuito.
b) SISA – incide sobre a transmissão de bens imóveis a título
oneroso.

III. Impostos sobre a Produção e Consumo


São impostos indirectos e incidem sobre os vários produtos
na fase da sua produção.
Impostos sobre a produção:
a) Imposto sobre a produção da Indústria do petróleo;
b) Imposto sobre a produção de diamantes;
c) Imposto de produção da indústria de pesca;
d) Outros;

Impostos sobre o Consumo


Impostos sobre o Comércio Externo
a) Imposto sobre a exportação;
b) Imposto sobre a importação

Impostos Diversos
São impostos híbridos que ora se assemelham a despesa,
ora se parecem com taxas de prestação de serviços.
Destacam-se os seguintes:
a) Imposto de selo;
b) Imposto de tonelagem
c) Impostos de farolagem

Apontamentos de
Fiscalidade
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da Costa
IRT

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Fiscalidade
43
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