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Fiscalidade UAN 2019
Fiscalidade UAN 2019
FACULDADE DE ECONOMIA
APONTAMENTOS DE FISCALIDADE
(ANO LECTIVO 2019)
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Introdução:
Os homens, pela sua natureza específica são seres gregários, isto é, vivem em
comunidade e para poderem viver precisam de alimentos, vestuário, calçado,
habitação, etc. constituindo aquilo que se designa por necessidades básicas pois,
sem a sua satisfação a existência humana estaria condenada ao desaparecimento.
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Em suma, a finalidade última do Estado é a satisfação do bem comum dos
Indivíduos que conformam e convivem num determinado espaço territorial,
comumente designado País.
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A Associação Internacional de Direito Financeiro e Fiscal, com sede
em Haia, considera os dois conceitos, Direito Fiscal e Direito
Tributário como sendo sinónimos do ponto de vista científico-
jurídico, daí que se considere como pontos de referência para este
facto, a correspondência entre as expressões internacionais “ Droit
Fiscal”, “ Fiscal Law”, etc.
Mas convém destacar e assumir que Direito Tributário se refere a
legislação sobre tributos, isto é receita tributária ou receita
orçamental enquanto Direito Fiscal se torna mais apropriado quando
nos referimos a despesa pública (despesa orçamental), ambos como
ramificações do Direito Financeiro.
Ainda, pode considerar-se que Direito Tributário é o segmento do
Direito Financeiro que define como serão cobrados dos cidadãos, os
tributos e outras obrigações com ele relacionadas, para gerar receitas
para o Estado.
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou seu
equivalente, instituída por lei e cobrada mediante actividade
administrativa plenamente vinculada, e que não é uma sanção
resultante de algum acto ilícito. É uma obrigação imposta as pessoas
físicas e pessoas jurídicas de recolher valores ao Estado, ou entidades
equivalentes. É vulgarmente chamado por imposto, embora
tecnicamente este seja mera espécie dentre as modalidades de
tributos.
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1.2.1.- As Fontes de Receitas do Estado
De realçar que o Estado dispõe de várias fontes de receitas, desde logo porque
ele, é proprietário de todos os recursos naturais que existem no solo e
subsolo, rios e lagos (petróleo, diamantes, ouro, etc.) cuja exploração e
comercialização proporcionam importantes recursos monetários.
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2.- Noções de Direito Fiscal
Estes dois pilares são as conquistas mais expressivas dos Estados modernos
em oposição aos Estados monárquicos anteriores e que foram postos em causa
com os ideais do Iluminismo francês, como reza a História.
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2.2.- Noções de Direto Fiscal
O Direito Fiscal mantem assim e por esta via, uma relação com o Direito
Internacional.
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Finalmente dizer que o Direito Fiscal tem relação de afinidade com o Direito Privado
(Direito Civil e Direito Comercial). O Direito Fiscal busca no Direito privado os factos,
actos e Direitos Patrimoniais que utiliza na acção tributária.
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2.5.- Princípios Fundamentais de Fiscalidade
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8.Princípio de tratamento igual a casos semelhantes:
A integração de lacunas é processo mediante o qual se procura
resolver casos omissos mediante o tratamento igual a casos
semelhantes, isto é, se uma norma trata um caso de certa forma
um outro caso semelhante deve ser tratado da mesma forma
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3.1.- Conceito de Imposto
3.2.- Estrutura do Imposto
3.4.- Classificação dos Impostos
3.5.- Funções do Imposto
3.6.- Impostos e Figuras Afins
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Características Principais do Imposto:
Prestação Pecuniária:
O imposto é pago por via de regra, em dinheiro. Regista a História
que não foi sempre assim pois houveram outras formas de
pagamento utilizadas, como sejam o pagamento em espécie (gado,
cereais) ou o trabalho (corveia, na Idade Média) nas Obras
Públicas (pontes, estradas), formas que ainda são utilizadas em
muitos Países. Em Angola, o pagamento em espécie pode ser
efectuado por empresas que têm como actividades a prospecção,
produção e exploração de hidrocarbonetos (petróleo) em regime de
concessão.
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É uma Prestação Unilateral:
O Estado não tem a obrigação de dar qualquer contrapartida individual
ao Contribuinte pelo facto de pagar os impostos a que está sujeito.
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Todo o imposto é constituído tecnicamente a partir dos seus elementos
fundamentais que podem ser:
I. Elementos Qualitativos: Caracterizam a natureza do imposto e
definem o seu domínio ou campo de aplicação.
a) O Objecto do Imposto;
b) O Contribuinte;
c) O Facto Gerador do Imposto
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O Contribuinte:
Sujeito Passivo do Imposto ou devedor do Imposto, é a pessoa,
singular ou colectiva, que tem a obrigação de pagar o imposto, isto
é, aquela pessoa que está submetida à obrigação tributária. Assim,
quanto aos impostos de rendimento, o contribuinte deverá ser a
pessoa, física ou moral, que realiza o rendimento; Quanto ao
imposto de transmissão, o contribuinte será o herdeiro, o legatário
ou o comprador. O Contribuinte ainda pode ser:
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O Facto Gerador do Imposto:
É um acontecimento, um acto ou uma situação de facto ou de direito
com repercussão económica que determina a incidência do Imposto.
Mas o simples aparecimento, a mera verificação do facto gerador
não constitui imediatamente o Contribuinte em devedor do Imposto.
É indispensável que se produzam determinados factos ou actos, ou
ainda que se produzam determinadas situações tipificadas na Lei,
que, ao acontecerem, dão origem à criação efectiva da obrigação
tributária. Ex: exercício efectivo de uma actividade comercial ou industria, etc. No caso
do IRT, o facto gerador deste imposto é a percepção de salários e outras remunerações por
parte dos trabalhadores. No caso do II, será o exercício efectivo de uma actividade,
comercial, industrial, etc. que se vai traduzir na obtenção e determinação do Lucro da
empresa..
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b) Tarifa do imposto:
O Imposto determina-se pela aplicação de uma tarifa à sua
base, sendo a Taxa o seu elemento essencial. A Taxa pode não
ser, nem é necessariamente sempre a mesma para cada tipo de
imposto.
A Taxa do Imposto pode ser ESPECÍFICA ou AD- VALOREM.
A Específica é quando aferida com unidades fiscais, tais
como peso, medida, cumprimento, moeda etc. EX: 5,00
Kz/1000 L; 200 Kz/Ton; 250 Kz/ barril...
Uma Taxa AD-VALOREM é aquela que é fixada numa
percentagem que se aplica a um valor monetário. Ex: 25%;
3% etc.
A Taxa ainda pode ser classificada em Fixa e Variável. A
Variável por sua vez pode ser proporcional, progressiva,
regressiva e degressiva.
Muitas vezes antes da aplicação da Taxa, torna-se indispensável
proceder a Abatimentos ou a Deduções na base do Imposto, assim
como, depois de tal aplicação , efectuar Reduções ou Aumentos do
quantitativo do tributo.
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O conjunto das deduções das Taxas e das reduções e
aumentos constitui a tarifa ou o modo de cálculo do
imposto.
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2.- A Liquidação
Tem por finalidade a determinação do quantitativo do Imposto, da
importância da dívida fiscal a pagar pelo Contribuinte. É pois, o
cálculo, por via administrativa, do montante do Imposto. Conhecida a
base do imposto, aplica-se à esta base uma % (taxa) legalmente
estabelecida. Normalmente é feita pela Administração Tributária,
porém a legislação confere ao próprio Contribuinte a obrigação de
fazer esta operação no momento da apresentação da declaração do
rendimento.
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3.-A cobrança do Imposto
é um processo administrativo que conduz o contribuinte a pagar a
sua dívida e pode apresentar as seguintes características:
Amigável: realiza-se dentro dos prazos definidos e implica
um contacto permanente com o Contribuinte avisando-o da sua
dívida fiscal e os prazos para a sua liquidação;
Coerciva: é realizada com a intervenção de um órgão de
aplicação da Justiça Fiscal em caso de desvio ao pressuposto.
4.- O Pagamento
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Pagamento (continuação)...
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3.4.- Classificação dos Impostos:
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5. Impostos Regressivos: São caracterizados pela diminuição da taxa
do imposto sempre que aumenta a matéria colectável. Em Angola não
existe este tipo de imposto;
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Podem-se considerar 3 principais funções do Imposto:
1. Função Fiscal ou Financeira : Através desta função,
o Estado ocorre a satisfação das suas
necessidades mediante a mobilização de recursos
para os seus cofres;
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Os cidadãos de um determinado espaço territorial têm,
para além do Imposto, outras obrigações pecuniárias ou
transferências patrimoniais sob a forma de taxas, multas,
confisco, expropriação para utilidade pública.
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4.- Relação Jurídico-Fiscal (Tributária)
4.1.- Conceito
A relação jurídica é toda a situação ou relação da vida real
juridicamente relevante ou seja toda a realidade social
tutelada pelo direito mediante a atribuição a uma pessoa
de um direito subjetivo e a correspondente imposição a
outra pessoa de um dever ou uma sujeição.
Direito Subjetivo:
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4.2. A Relação Jurídico- Fiscal
Na relação jurídica distinguem-se duas realidades:
a) a realidade jurídica em sentido abstracto e a relação
jurídica em sentido concreto.
b) a relação jurídica una ou simples e a relação jurídica
complexa ou múltipla.
Na relação jurídica em sentido abstracto não há nenhuma
relação jurídica efectivamente constituída ou
individualmente determinada, mas apenas uma relação
jurídica figurada, ideal.
É uma relação virtual, em potência. (vg, um vendedor não
determinado pode exigir a qualquer comprador, também
não determinado, o preço da mercadoria vendida.
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4.3.- Os Elementos da Relação Jurídica
Os elementos fundamentais da relação jurídica são:
1. Os sujeitos;
2. O Objecto;
3. O Facto Jurídico;
4. A Garantia Jurídica
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Assim, ao lado das pessoas singulares, pessoas em sentido natural, físicas, o
direito admite a existência de pessoas colectivas que são pessoas cujo suporte
é constituído por realidades que se alicerçam em organizações de Homens ou
bens, ou de ambas, fundadas e movimentadas pelo Homem para a satisfação
de interesses humanos.
Na relação jurídico-fiscal existem dois sujeitos com interesses opostos:
1) Sujeito Activo, aquele a favor do qual é estabelecido o direito a percepção
do imposto e que é sempre uma entidade pública e,
2) Sujeito passivo que é aquele ao qual o sujeito activo pode e deve exigir o
cumprimento da prestação tributária.
O Estado é o sujeito activo por excelência, o único que pode livremente fixar,
mediante os seus próprios órgãos legislativos, quais os impostos de que se vai
tornar credor.
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As corporações são as mais comuns, e o principal elemento do
substrato corporativo está na pluralidade de indivíduos
agrupados para a processução de um interesse comum dos
agrupados quer sejam os primeiros associados quer sejam
aqueles que “a posteriori” venham a fazer parte do
agrupamento. Outra característica da corporação é a de que são
os próprios associados que a criam e organizam.
São exemplos de corporações, as sociedades comerciais, as
associações de socorros mútuos, as desportivas e recreativas.
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Há pluralidade de sujeitos passivos devido ao facto de que do lado passivo da
relação jurídico-fiscal existir uma pluralidade de indivíduos o que faz com
existam situações específicas que requerem tratamento diferenciado, resultando
daqui algumas consequências, quanto as modalidades que podem assumir as
obrigações tributárias de que ressaltamos as seguintes:
1) conjunção ou parcialidade passiva: Verifica-se quando a cada um dos sujeitos
cabe apenas uma parte ou fracção do débito comum;
2) solidariedade passiva: dá-se nas situações em que o credor pode exigir de
qualquer dos devedores, o pagamento da totalidade da prestação comum,
não podendo nenhum deles socorrer-se do benefício da divisão. Não se trata
de responsabilidade solidária, pois, o devedor solidário é o devedor originário
a quem pode ser exigido o total da prestação comum, enquanto que o
responsável solidário é uma pessoa alheia à constituição do vínculo tributário
que, pelas suas particulares conexões o devedor originário ou com o objecto
do imposto, a lei considera como garante do pagamento da dívida do
imposto, numa posição de fiador legal, pelo que só é chamado à execução
daquela dívida quando, por falta absoluta de bens, for de todo impossível
cobrar as dívidas do original devedor.
Substituição Fiscal
A substituição fiscal acontece naqueles casos em o pagamento de um
determinado imposto é feito por pessoa diferente da do contribuinte, como é
por exemplo o caso do IRT, em que a lei estipula que seja a entidade patronal a
proceder a retenção e ao depósito nos cofres do Estado do imposto devido
pelos trabalhadores.
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4.3.2.- O Objecto da Relação Jurídica
Define-se como objecto da relação jurídica aquilo sobre que incide o
direito subjectivo, aquilo sobre que recaem ou versam o poder ou poderes
que tal direito confere ao seu titular ou seja é a prestação a que o
contribuinte está vinculado para com o Estado ou outro ente público credor
do imposto.
Não se deve confundir o objecto da relação jurídica com o próprio direito
subjectivo nem com o correspondente dever jurídico. Exemplos de
objectos da relação jurídica: uma pessoa, uma coisa; um produto
intelectual.
4.3.4.- Garantia
É o conjunto de meios sancionatórios a adoptar pelo Estado, por
intermédio dos seus tribunais, contra o sujeito do dever jurídico quando ele
não cumpra espontaneamente, observando o comportamento prescrito.
O art.º 601 do CC consigna que “pelo cumprimento das suas obrigações
fiscais respondem todos os bens do devedor susceptíveis de penhora, sem
prejuízo dos regimes especialmente estabelecidos em consequência da
separação dos patrimónios”.
Por sua vez o art.º 817 dispõe que “ não sendo a obrigação
voluntariamente cumprida, tem o credor o direito de exigir judicialmente o
seu cumprimento e de executar o património do devedor, nos termos
declarados neste código e nas leis de processo”.
Assim pois, o património do contribuinte constitui, a garantia geral das
obrigações fiscais. Ela esta garantida, em primeira linha pela possibilidade
que o credor, sujeito activo da obrigação, tem de agir sobre o património
do sujeito passivo da mesma obrigação, para satisfazer coercivamente o
seu crédito.
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4.4.- Extinção da Relação Jurídico-Fiscal
A relação fiscal extingue-se fundamentalmente pelas seguintes vias:
1. Pagamento do imposto: é a forma mais utilizada para a extinção da
obrigação fiscal;
2. A Prescrição: é a extinção de um direito pelo seu não exercício durante
um determinado período de tempo. A regra para extinção da obrigação
fiscal vem consagrada no art.º 309 do CC e dispõe que o prazo
ordinário de prescrição é de 20 anos;
3. Compensação: É um meio de extinção da obrigação com bens que o
devedor tem no património do credor, desobrigando-se o devedor até a
importância do seu crédito. Equivale a um pagamento simultâneo.
Para que se efective a compensação da obrigação fiscal é necessário,
como requisito fundamental, que a obrigação do sujeito passivo do
imposto e o seu crédito sobre o estado respeitem o imposto da mesma
espécie. O direito de compensação pertence ao Estado e ao
contribuinte. Este, para exigir o direito de compensação deve ser
portador do Título de Anulação.
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5.1.- Sistema Fiscal
É o conjunto de Impostos que vigoram num determinado País e
aos órgãos do Estado que têm a função de administrar estes
impostos.
A estrutura e o funcionamento do sistema fiscal angolano resulta
da conjugação de vários factores, de natureza económica, política e
jurídica de que se destacam os seguintes:
A. Estrutura Económica
Angola, a semelhança da maioria dos Países africanos mas não
só, enquadra-se no conjunto de países denominados
subdesenvolvidos pelas caraterísticas específicas que a
caracterizam em que sobressai uma economia assente
fundamentalmente nas actividades de produção e exploração de
recursos naturais não renováveis, nomeadamente o petróleo e
os diamantes.
A exploração desses recursos exige conhecimentos (Know-How)
e tecnologia que o País não possui razão pela qual tem de fazer
recurso ao mercado internacional onde os preços estão sujeitos
a flutuações constantes facto que faz com que Angola esteja
cronicamente dependente dessas matérias-primas.
A produção agrícola é praticada em moldes tradicionais com
carácter de subsistência. A indústria transformadora é incipiente
e, em face da conjugação de vários factores, com realce para o
longo conflito armado que se abateu sobre o País, está na
prática destruída, havendo alguns sinais de retoma ainda ténues
nos últimos tempos.
O comércio e a prestação de serviços á população dependem da
basicamente da importação. O sector informal tem uma grande
preponderância e ocupa uma franja significativa da população
economicamente activa.
O nível de rendimento médio per capita é bastante baixo e
existem desequilíbrios económicos e sociais acentuados em que
pontificam a pobreza generalizada, o desemprego, elevadas
taxas mortalidade infantil...
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Em função destes indicadores, facilmente se pode
depreender quais são as características do sistema fiscal
angolano de que se destacam as seguintes:
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5.1.2.- O Regime Colonial
O regime colonial vigorou em Angola até 1975 tendo moldado o
sistema fiscal angolano aos interesses económicos e políticos da
potência colonial, Portugal.
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Perante este quadro caracterizado pelos sistemáticos deficits
orçamentais, o Governo angolano começou a implementar vários
programas de recuperação económica, sendo o SEF um dos que mais
se destacou. Todos os programas então gizados apontavam para a
necessidade de se realizar uma profunda reforma do sistema fiscal
angolano no sentido de se incrementar as receitas de impostos do
sector não petrolífero.
Com o fim do conflito armado, Angola tem vindo a delineou uma
estratégia com o desígnio de consolidar a paz, a reconciliação e a
reconstrução nacional.
A economia Angolana ainda depende em grande parte das receitas
provenientes da exploração petrolífera.
É, no entanto, intenção do Estado angolano sustentar o futuro do
país com o desenvolvimento a curto prazo da economia não
petrolífera, nomeadamente através da construção de infraestruturas
necessárias no País, do desenvolvimento do Mercado de Capitais,
como a Banca corporativa e de investimento, consubstanciada na
criação da Bolsa de Valores e Derivativos de Angola (BODIVA), do
sector Imobiliário e do sector do Gás.
É neste âmbito que se circunscrevem as acções do Executivo
Angolano tendentes a criação de um tecido empresarial mais
condizente com o potencial económico que o País encerra e, desta
feita permitir uma base de arrecadação de receitas fiscais maior.
Um dos vectores mais importantes para o alcance desse desiderato
passou objectivamente pela reformulação profunda da legislação
tributária como factor imprescindível para a concretização dos
objectivos de crescimento e desenvolvimento económico sustentado.
Desta feita o PERT, o Programa Executiva da Reforma tributária
constituiu-se no elemento catalisador mais importante e deu lugar a
uma nova estrutura que superintende toda a politica tributária do
País, a Administração Geral Tributária (AGT) e que congrega no seu
seio os órgãos mais importantes relacionados com os Impostos:
Direcção Nacional de Impostos e a Direcção Nacional das Alfândegas.
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Angola tem um sistema de impostos do tipo cedular que se
caracteriza pela existência de vários impostos directos e
indirectos, tributários dos rendimentos a medida que são
gerados ou postos a disposição do seu destinatário ou
ainda a quando da sua utilização.
Temos assim os seguintes tipos de Impostos:
I. Impostos sobre o Rendimento;
II. Impostos sobre o Património;
III. Impostos sobre a Produção e Consumo;
IV. Impostos sobre o Comércio Externo;
V. Impostos Diversos
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II. Impostos sobre o Património
a) Impostos sobre Sucessões e Doações. Incide sobre as
transmissões de bens móveis ou imóveis, “intervivos”, ou
“ Mortis causa”, a título gratuito.
b) SISA – incide sobre a transmissão de bens imóveis a título
oneroso.
Impostos Diversos
São impostos híbridos que ora se assemelham a despesa,
ora se parecem com taxas de prestação de serviços.
Destacam-se os seguintes:
a) Imposto de selo;
b) Imposto de tonelagem
c) Impostos de farolagem
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IRT
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