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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Professor: Vladimir Schuindt da Silva

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel

Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Hiandra B. Götzinger Montibeller
Prof.ª Izilene Conceição Amaro Ewald
Prof.ª Jociane Stolf

Revisão de Conteúdo: Prof. Tiago Contesini Vinotti

Revisão Gramatical: Prof.ª Iara de Oliveira

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2012


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

612.044
S586f Silva, Vladimir Schuindt da
Fisiologia do exercício /
Vladimir Schuindt da Silva.
Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2012.
101 p. : il.

ISBN 978-85-7830-627-4

1. Fisiologia do exercício I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.


Vladimir Schuindt da Silva

Líder do Grupo de Pesquisa em


Cineantropometria, Performance Humana e
Treinamento de Força/ CNPq (GPCiPeHTF/
UFRRJ). Produção bibliográfica em revistas e eventos
científicos nacionais e internacionais. Área de atuação:
Cineantropometria e Performance Humana. Linhas de
pesquisa: Características Cineantropométricas e Aspectos
Psicológicos à Performance Humana; Treinamento de
Força/ Cardiorrespiratório. Licenciatura Plena em Educação
Física pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ) (2003). Especialização em Educação Física
em Ciências do Treinamento de Alto Nível pela
UFRRJ (2005). Mestrado em Educação Física em
Cineantropometria e Desempenho Humano pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
(2010). Doutorando em Epidemiologia em Saúde
Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública
Sergio Arouca (FIOCRUZ/RJ) (2011/2015).
Experiência docente universitária (UFRRJ;
UNIASSELVI; FURB).
Sumário

APRESENTAÇÃO.......................................................................7

CAPÍTULO 1
Introdução à Fisiologia do Exercício ...................................9

CAPÍTULO 2
Metabolismo do Exercício.....................................................25

CAPÍTULO 3
Respostas Sistêmicas ao Exercício.....................................39

CAPÍTULO 4
Fisiologia do Exercício Aplicada ao Desempenho
Humano.....................................................................................81
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):

Um único curso ou compêndio capaz de oferecer a totalidade de informações


necessárias a um profissional prospectivo não há, entretanto, um conhecimento
adequado da fisiologia do exercício e uma avaliação que permita basear a atividade
prática nos achados da pesquisa científica contribuirão significativamente para
estabelecer você, futuro profissional, nesse campo de investigação e de interesse.
Com esse conhecimento essencial, você estará devidamente alicerçado para
muitas decisões que deverá tomar diariamente no desempenho de suas tarefas.

O objetivo deste caderno de estudos é oportunizar, pós-graduando(a),


uma compreensão atualizada da fisiologia do exercício. Um campo em rápido
desenvolvimento que cria desafios reais para todos, como nós, que assumimos o
compromisso de aprofundar os conhecimentos no vasto universo de informações
pertinentes à fisiologia do exercício.

Todos os quatro capítulos abordados neste caderno de estudos são


apresentações contemporâneas, embasados por referências atuais e com
valiosas indicações de consultas adicionais.

Uma breve síntese de cada capítulo é dada a seguir:

Capítulo 1 - propicia a compreensão dos principais marcadores históricos e


dos conceitos referentes à fisiologia do exercício.

Capítulo 2 - apresenta os fundamentos da geração e transferência de energia


humana.

Capítulo 3 - integra as respostas fisiológicas dos sistemas de apoio.

Capítulo 4 - explora as interfaces da performance humana.

O autor.
C APÍTULO 1
IntroduçãoàFisiologiadoExercício

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Enunciar os marcos históricos e entidades


relacionados à fisiologia do exercício.

33 Diferenciar os vários tópicos que compõem a fisiologia do exercício.


Fisiologia do Exercício

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Capítulo 1 Introdução à Fisiologia do Exercício

Contextualização
A possibilidade de se exercer algum impacto sobre o meio ambiente depende
da nossa capacidade à atividade física com o movimento representando algo a
mais do que uma simples conveniência. O exercício e atividade física fazem parte
da vida da maioria das pessoas, através do treinamento do corpo para que ele
faça melhor ou, ao menos, para melhor tolerar as exigências impostas a ele.

A partir do século 20 foi produzido muito conhecimento novo acerca da


atividade física e, a partir disso, a fisiologia do exercício passou a constituir o
atual campo de estudo acadêmico em separado dentro das ciências biológicas. A
fisiologia do exercício, como disciplina acadêmica, consiste em três componentes
distintos: 1) corpo de conhecimento, contido nos fatos e nas teorias derivadas da
pesquisa; 2) curso formal de estudo em instituições de ensino superior; 3) preparo
profissional dos atuais membros da área médica e dos futuros pesquisadores e
líderes nesse campo.

Agora, mais do que nunca, é necessário que os professores de educação


física, dentre os demais profissionais das áreas correlatas, reconheçam a função
vital que a ciência exerce na efetivação do êxito das suas tarefas desempenhadas.
Assim sendo, todos àqueles profissionais cuja função esteja relacionada à
dinâmica do desempenho humano devem possuir um conhecimento sólido de
fisiologia do exercício.
Os médicos
gregos da
antiguidade, foram
Histórico os principais
influenciadores
da civilização
O primeiro enfoque real sobre a fisiologia do exercício teve ocidental a
início provavelmente na Grécia Antiga e na Ásia Menor. Os médicos respeito das
gregos da antiguidade, Heródico (ca. 480 a.C.), Hipócrates (460-377 práticas de saúde.
a.C.) e Galeno (131-201 d.C.), foram os principais influenciadores da
civilização ocidental a respeito das práticas de saúde (higiene pessoal,
Já, nos “tempos
exercício, treinamento). Já, nos “tempos modernos”, os primórdios modernos”, os
da fisiologia do exercício incluem os períodos da renascença, do primórdios da
iluminismo e das descobertas científicas na Europa. (MCARDLE; fisiologia do
KATCH; KATCH, 2008). exercício incluem
os períodos da
renascença, do
No início do século 19, nos Estados Unidos da América (EUA),
iluminismo e
médicos, anatomistas e fisiologistas experimentais, orientados pela das descobertas
ciência europeia, promoveram enfaticamente as ideias acerca da científicas na
saúde e da higiene. E, na metade do século 19, as escolas de medicina Europa.

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Fisiologia do Exercício

criadas começaram a formar estudantes, muitos dos quais assumiram posições


de liderança nas universidades e nas ciências médicas correlatas. Os médicos,
naquela época, ou ensinavam na escola de medicina e realizavam pesquisa (e
escreviam compêndios), ou se associavam aos departamentos de educação física
e de higiene. Nessas instituições, supervisionavam os programas de treinamento
físico para os estudantes e atletas. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002).

Fatos históricos referentes à fisiologia do exercício:

1789 - Lavoisier (França) - Realiza o primeiro estudo quantitativo


de fisiologia do exercício.

1847 - Von Helmholtz (Alemanha) - Elucida a Lei de Conservação


da Energia.

1850-1890 - Época Áurea (Alemanha) - Pesquisa sobre o custo


energético de várias atividades.

1894 - Rubner (Alemanha) - Utiliza o calorímetro para medir o


metabolismo energético em cães.

1913 - Benedict & Cathcart (EUA) - Publicam o estudo clássico


“Corpo Humano como uma Máquina”.

1923 - A. V. Hill (Inglaterra) - Começa como professor de


fisiologia na University College (Londres).

1927 - L. J. Henderson (EUA) - Inaugura o Harvard Fatigue


Laboratory com o D. B. Hill como diretor até ser fechado em 1947.

Anos 30 - Prêmios Nobel Concedidos - A. V. Hill (Inglaterra),


August Krogh (Dinamarca) e Otto Meyerhof (Alemanha).

Anos 40 - 2ª Guerra Mundial - A pesquisa enfatiza o desvio para


a aptidão física e força para o combate.

1953 - Kraus & Hirschland (EUA) - Relatam que as crianças


americanas são menos aptas que as europeias.

1954 - American College of Sports Medicine (ACSM) (EUA)


- Organização ímpar, formada por médicos, pesquisadores e
educadores.

1968 - Kenneth Cooper (EUA) - Publica o livro Aeróbica que


dará início ao interesse ao trote (jogging).

Anos 70 - Era da Expansão Rápida - Aumento significativo no


número de laboratórios e na produção de pesquisa nos EUA e na
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Capítulo 1 Introdução à Fisiologia do Exercício

Escandinávia.

Anos 80 - Atletas e reabilitação - Maior ênfase sobre fibras


musculares, nutrição, treinamento contra resistência e melhor
maneira de reabilitação após lesões e doenças.

Anos 90 - Aplicações à Saúde - Desvio para “Pessoas Sadias em


2000: National Health Promotion and Disease Prevention Objetives”
(USDHHS).

1996 - US Surgeon General - Publicação de um relatório


enfatizando a importância e os benefícios de um estilo de vida
fisicamente ativo.

1996 ACSM e NCPPA (EUA) - Mais de 100 organizações


associam-se a The National Coalition for Promoting Physical Activity,
tendo à frente a ACSM.

Fonte: Extraído e adaptado de Foss e Keteyian (2000).

Obviamente, por meio de um relato histórico sucinto, como o visto


acima, muitos eventos e pessoas acabam sendo deixados de fora. Porém a
intenção primordial do resgate histórico da fisiologia do exercício é justamente
apresentar os principais eventos e os nomes proeminentes que deram origem ao
desenvolvimento do tipo de estudo que dá nome a esta disciplina.

Atualmente, a fisiologia do exercício, com o advento da


rede mundial [World Wide Web (www)] dissemina rapidamente a Atualmente,
informação por todo o mundo. A comunicação direta por correio a fisiologia do
eletrônico (e-mail) e por grupos de discussão eletrônica comunica as exercício, com
ideias rapidamente, o que até então era impossível. Qualquer um com o advento da
uma conexão de Internet e um endereço de e-mail pode participar de rede mundial
[World Wide Web
um grupo de discussão. Além disso, centenas de revistas científicas
(www)] dissemina
aparecem na Internet, permitindo o acesso quase instantâneo à rapidamente a
informação de pesquisa mais recente. (MCARDLE; KATCH; KATCH, informação por
2002). todo o mundo.

Assim como a disseminação do conhecimento por meio de publicações em


revistas de pesquisa e profissionais assinala a expansão de um campo de estudo,
o desenvolvimento de organizações para certificar e monitorar as atividades
profissionais torna-se importante para o crescimento contínuo. A Associação
Americana para o Avanço da Educação Física (AAAPE, American Association
for the Advancement of Physical Education), formada em 1885, representou a
primeira organização profissional nos EUA destinada a incluir tópicos relacionados

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Fisiologia do Exercício

à fisiologia do exercício. Esta associação precedeu a atual American Alliance for


Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD). (MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2002).

Em 1954, Joseph Até o início da década de 1950, a AAHPERD representava


Wolffe e 11
a organização profissional predominante para os fisiologistas do
outros médicos,
fisiologistas e exercício. Quando o campo começou a expandir-se e a diversificar
professores seu enfoque, tornou-se necessária uma organização profissional em
de educação separado capaz de responder mais plenamente às necessidades
física, fundaram profissionais. Em 1954, Joseph Wolffe e 11 outros médicos, fisiologistas
o Colégio e professores de educação física, fundaram o Colégio Americano de
Americano
Medicina Desportiva (ACSM de American College of Sports Medinice).
de Medicina
Desportiva (ACSM Atualmente, com mais de 45000 membros em mais de 90 países
de American (novembro de 2012) o ACSM representa agora a maior organização
College of Sports profissional do mundo para a fisiologia do exercício (incluindo áreas
Medinice). correlatas de medicina e saúde). A missão do ACSM consiste em
Atualmente, com “promover e integrar a pesquisa científica, a educação e as aplicações
mais de 45000
práticas da medicina desportiva e da ciência do exercício de forma
membros em
mais de 90 países a manter e aprimorar o desempenho físico, a aptidão, a saúde e a
(novembro de qualidade de vida”. O ACSM publica a revista de pesquisa Medicine
2012) o ACSM and Science in Sport and Exercise e outras publicações, incluindo o
representa ACSM’s Health and Fitness Journal e Guidelines for Exercise Testing
agora a maior and Prescription, um padrão de referência reconhecido para os
organização
profissionais nessa área (FOSS; KETEYIAN, 2000).
profissional do
mundo para
a fisiologia Outras organizações profissionais importantes relacionadas à
do exercício fisiologia do exercício incluem o Conselho Internacional de Ciência do
(incluindo áreas Desporto e Educação Física (ICSSPE, International Council of Sport
correlatas de Science and Physical Education), fundado em 1958, em Paris, França,
medicina e
originalmente com o nome de International Council of Sport and Physical
saúde).
Education. O ICSSPE funciona como uma organização protetora
internacional preocupada em promover e disseminar os resultados e os
achados no campo da ciência do desporto. Sua principal publicação profissional,
Sport Science Review, aborda levantamentos temáticos da pesquisa nas ciências
do desporto. A Federation Internationale de Medicine Sportive (FIMS), constituída
pelas associações nacionais de medicina desportiva de mais de 100 países,
teve origem em 1928 durante um encontro de médicos interessados em Jogos
Olímpicos na Suíça. A FIMS promove o estudo e o desenvolvimento da medicina
desportiva em todo o mundo e patrocina as principais conferências internacionais
em medicina desportiva a cada 3 anos; produz também declarações de princípios
acerca de tópicos relacionados à saúde, à atividade física e à medicina desportiva.
Outras organizações que representam os fisiologistas do exercício incluem o
recém-formado Colégio Europeu de Ciência do Desporto (ECSS, European

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Capítulo 1 Introdução à Fisiologia do Exercício

College of Sport Science) e a Associação Britânica de Desporto e Ciências


do Exercício (BASES, British Association of Sport and Exercise Scienses). A
organização mais recente, Sociedade Americana de Fisiologia do Exercício
(ASEP, American Society of Exercise Physiology), foi criada em 1997 e realizou
sua primeira assembleia no ano seguinte. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002).

O crescimento das revistas de pesquisa, que são as publicações dos


relatórios das pesquisas, ocorreu em paralelo ao crescimento do número de
sociedades profissionais. Na época do Harvard Fatigue Laboratory, grande parte
das pesquisas foi divulgada nas seguintes publicações: Journal of Biological
Chemistry, American Journal of Physilogy, Arbeitsphysiologie (European Journal
of Occupation and Applied Physiology), Journal of Clinical Investigation, Journal
of Physiology. Em 1948, a American Physiological Society começou a publicar
o Journal of Applied Physiology com o objetivo de reunir trabalhos de pesquisa
sobre a fisiologia do exercício e ambiental. Em 1969, o American College of
Sports Medicine iniciou a publicação da revista de pesquisa Medicine and Science
in Sports para dar suporte à crescente produtividade de seus membros. Nos
últimos dez anos, o International Journal of Sports Medicine, o Sports Medicine e
o Journal of Cardiopulmonary Rehabilitation foram introduzidos para apresentar e
revisar pesquisas. (POWERS; HOWLEY, 2000).

Diferentemente dos livros, as revistas são publicadas em intervalos regulares


(geralmente mensais) com o propósito de revelar resultados de pesquisa para
a comunidade científica e leiga. A publicação de pesquisa em artigos
de revista é um procedimento relativamente rápido. Comparada a um
Diferentemente
livro, que pode demorar dois a três anos para ser publicado, a execução
dos livros, as
de uma pesquisa e sua subsequente publicação pode levar de doze a revistas são
dezoito meses. Claramente, os dados em uma revista são publicados publicadas
mais rapidamente que nos livros, porém as revistas são ainda um meio em intervalos
relativamente lento para a dispersão das informações. É por isso que regulares
muitas organizações científicas promovem encontros para apresentar (geralmente
mensais) com
as pesquisas mais recentes, que podem demorar de seis meses a um
o propósito de
ano para serem divulgadas. Entretanto, as publicações em revistas são revelar resultados
superiores àquelas apresentadas em encontros (congressos, simpósios, de pesquisa para
etc.), pois são rigorosamente revisadas por outros pesquisadores a comunidade
especialistas no tópico estudado, denominado revisão por pares. Se científica e leiga.
a pesquisa ou a sua apresentação escrita forem defeituosas ou não A publicação
de pesquisa
oferecerem novos e importantes conhecimentos para um campo, elas
em artigos de
serão rejeitadas pelos revisores e não serão publicadas. O processo de revista é um
revisão por pares é uma tentativa de garantir a qualidade das publicações procedimento
e o livre crescimento dos conhecimentos em um tópico específico. relativamente
Uma das evidentes consequências desse aumento da atividade de rápido.
pesquisa é o grau de especialização exigido dos cientistas para que eles
possam ser competitivos na obtenção de verbas de pesquisas e na administração
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Fisiologia do Exercício

da literatura de pesquisa. Os laboratórios podem voltar sua atenção para a


fisiologia neuromuscular, a reabilitação cardíaca ou a influência do exercício sobre
a estrutura óssea, por exemplo. Os estudantes graduados estão tendo de se
especializar mais cedo como pesquisadores e os graduandos devem investigar
seus programas muito cuidadosamente para garantir que atinjam seus objetivos
de carreira. (ROBERGS; ROBERTS, 2002).

Em virtude da crescente demanda de fontes confiáveis de


informações, cientistas e estudiosos conhecidos na área de fisiologia
do exercício vêm escrevendo livros “populares”, providencialmente,
relacionados aos problemas do condicionamento, pois a “explosão
do condicionamento” fez aumentar a quantidade de livros sobre
dieta e exercício que propõem maneiras fáceis de perder quilos e
centímetros. (ROBERGS; ROBERTS, 2002).

American College of Sports Medicine

http://www.acsm.org/

MCARDLE, William D; KATCH, Frank I; KATCH, Victor L.


Fundamentos de fisiologia do exercício. 2. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2002. “Apêndices A e B”.

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Capítulo 1 Introdução à Fisiologia do Exercício

Atividades de Estudos:

MÚLTIPLA ESCOLHA

Instruções de preenchimento do teste - Após ler a questão e todas


as respostas apresentadas, selecione a letra que responda
corretamente à questão.

1) O acrônimo ACSM significa:

a) The Association of Chemistry and Sports Medicine.

b) The Association of Cardiovascular and Sports Medicine.

c) The American Cardiovascular and Sports Meeting.

d) The American College of Sports Medicine.

2) O Harvard Fatigue Laboratory permaneceu funcionando de:

a) 1927-1980.

b) 1947-1980.

c) 1927-1947.

d) 1927-1937.

3) Três organizações profissionais que patrocinam trabalhos sobre a


fisiologia do exercício são:

a) American College of Sports Medicine, American Physiology


Society, Medicine and Science in Sports.

b) American College of Sports Medicine, American Physiology


Society, Associação Americana para Saúde, Educação Física e
Recreação.

c) American Physiology Society, Associação Americana para Saúde,


Educação Física e Recreação, Harvard Fatigue Laboratory.

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Fisiologia do Exercício

d) Medicine and Science in Sports, Journal of Applied Physiology,


American College of Sports Medicine.

Como pode ser visto, o crescimento e o desenvolvimento dos laboratórios


de fisiologia do exercício aumentaram, sem dúvida, as oportunidades para os
estudos e as pesquisas avançadas na área. Os profissionais envolvidos nestes
ambientes de estudos contribuíram para o aumento da produtividade na pesquisa
e do número de revistas e sociedades profissionais. Nesse sentido, justamente
pela referida produção de conhecimento, buscaremos um aprofundamento ao
longo dos demais capítulos deste caderno de estudos.

Aspectos Conceituais
Para um adequado aproveitamento do assunto sobre fisiologia do
Compreender exercício, o(a) pós-graduando(a) deve entender de anatomia humana,
como o fisiologia dos sistemas, biologia celular e molecular, química, bioquímica,
funcionamento etc. Ainda assim, é importante que os estudantes da ciência do exercício
fisiológico básico
e de educação física que pretendam tornarem-se profissionais respeitados
do corpo humano
é modificado pelo em qualquer um dos campos correlatos aprendam a fisiologia do exercício,
exercício em curto a fim de:
e longo prazo.
1. Compreender como o funcionamento fisiológico básico do corpo
humano é modificado pelo exercício em curto e longo prazo e os meca-
Proporcionar nismos que induzem essas mudanças. A menos que se saibam quais
programas de são as respostas normais, não será possível reconhecer uma resposta
educação física
anormal ou adaptar-se a ela.
de qualidade
que estimulem
as pessoas tanto 2. Proporcionar programas de educação física de qualidade que es-
física quanto timulem as pessoas tanto física quanto intelectualmente. Os praticantes
intelectualmente. precisam compreender de que maneira a atividade física pode benefici-
á-los, por que eles realizam testes de aptidão física e o que fazer com
os resultados dos testes de aptidão para continuarem se exercitando a
Aplicar os
vida inteira.
resultados
de pesquisa
científica de forma 3. Serem capazes de aplicar os resultados de pesquisa científica de
a maximizar forma a maximizar a saúde, a reabilitação e/ou o desempenho atlético
a saúde, a em uma ampla variedade de subpopulações.
reabilitação e/ou
o desempenho
atlético.

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Capítulo 1 Introdução à Fisiologia do Exercício

4. Serem capazes de responder corretamente às questões e às alega- Responder


ções da propaganda, assim como de reconhecer e reagir aos mitos corretamente às
e concepções errôneas que aparecem em relação ao exercício. Os questões e às
bons conselhos devem basear-se na evidência determinada cienti- alegações da
ficamente. propaganda.

Determinadas definições e conceitos, que são básicos e necessários para


uma melhor compreensão e discussão sobre fisiologia do exercício, devem ser
estabelecidos a partir de agora:

a) Fisiologia do exercício

Pode ser definida como uma ciência tanto básica quanto aplicada que
descreve, explica e utiliza a resposta do corpo e a adaptação ao treinamento com
exercícios de forma a maximizar o potencial físico humano.

b) Exercício

É um único episódio agudo de esforço corporal ou de atividade muscular que


requer um dispêndio de energia acima do nível de repouso que, em geral, resulta
em movimento voluntário. As sessões do exercício em geral são planejadas e
estruturadas de forma a melhorar ou manter um ou mais componentes da aptidão
física.

c) Treinamento

É uma progressão consistente ou crônica de sessões de exercícios destinadas


a aprimorar a função fisiológica para melhorar a saúde ou o desempenho no
esporte. O treinamento com exercícios tem dois objetivos principais: aptidão física
específica para cada desporto, às vezes denominada aptidão atlética e aptidão
física relacionada à saúde.

d) Adaptações ao treinamento

Representam mudanças ou ajustes fisiológicos que resultam de um programa


de treinamento com exercícios que promovem um funcionamento ideal. Podem
ser um aumento, uma redução ou nenhuma mudança em relação ao estado
destreinado.

e) Aptidão física

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Fisiologia do Exercício

Refere-se a estar apto para a atividade física. Como existem diversos


tipos de atividade física, de acordo com os músculos usados, forças
Em geral, são desenvolvidas e duração do uso, existem também múltiplas formas de
reconhecidos três aptidão física. Alguns dos componentes da aptidão física são: a força
componentes muscular; a potência muscular; a resistência muscular; resistência
de aptidão física
cardiorrespiratória; a flexibilidade corporal, dentre outros.
relacionada à
saúde: resistência
cardiorrespiratória, f) Aptidão física relacionada à saúde
composição
corporal, aptidão Significa que uma parte da aptidão física é direcionada para a
muscular. prevenção das doenças ou a reabilitação após a ocorrência de uma
doença, assim como para o desenvolvimento de um alto nível de
capacidade funcional para as tarefas vitais necessárias e arbitrárias. Em geral,
são reconhecidos três componentes de aptidão física relacionada à saúde:
resistência cardiorrespiratória, composição corporal, aptidão muscular (força/
resistência muscular e flexibilidade).

g) Atividade física

Em geral conota um movimento para o qual o objetivo é diferente da aptidão


física, mas que também requer o dispêndio de energia e, com frequência,
proporciona benefícios relacionados à saúde.

h) Resposta ao exercício

É o padrão de mudança exibida pelas variáveis fisiológicas durante um único


episódio agudo de esforço físico (ruptura do estado homeostático ou equilíbrio
dinâmico do corpo).

i) Variável fisiológica

O exercício pode É qualquer medida da função corporal que se modifica ou varia


ser máximo, sob circunstâncias diferentes.
de intensidade
mais alta, de
maior carga j) Modalidade do exercício
ou de duração
mais longa que Significa o tipo de atividade ou de esporte em particular. Com
o indivíduo seja frequência, as modalidades são classificadas pelo tipo de demanda
capaz de realizar. de energia (aeróbico ou anaeróbico), pela contração muscular
principal (contínua e rítmica, de resistência dinâmica ou estática) ou
por combinação de sistema energético e contração muscular. Assim, quando se
tenta determinar os efeitos do exercício sobre uma variável em particular, deve-se
conhecer primeiro que tipo de exercício está sendo realizado.

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Capítulo 1 Introdução à Fisiologia do Exercício

k) Intensidade do exercício

É entendida como a magnitude da tarefa. O exercício pode ser máximo,


de intensidade mais alta, de maior carga ou de duração mais longa que o
indivíduo seja capaz de realizar. A motivação desempenha um papel significativo
na obtenção dos níveis máximos de exercício. O exercício pode ser também
submáximo e pode ser descrito de duas maneiras. A primeira envolve uma carga
fixa de exercício, realizado com qualquer intensidade imediatamente acima
do nível de repouso até logo abaixo do máximo (carga de trabalho submáxima
absoluta), e pode ser estabelecida por alguma variável fisiológica. A segunda
maneira de descrever o exercício submáximo é como um percentual do máximo,
ou seja, é o valor proporcional ou relativo para cada indivíduo através de uma
carga de trabalho acima do nível de repouso, porém abaixo da máxima,
estabelecida tipicamente para algum percentual do máximo (carga de trabalho
submáxima relativa).

l) Duração do exercício

É o período de tempo no qual a contração muscular prossegue. Em geral,


quanto mais curta for a duração, mais alta será a intensidade e vice-versa. Assim,
o grau de ruptura homeostática constitui uma função tanto da duração quanto da
intensidade do exercício.

Atividades de Estudos:

1) Qual a consequência direta do treinamento?


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Fisiologia do Exercício

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2) Como estão relacionadas a intensidade e a duração da atividade?


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Algumas Considerações
Por meio deste capítulo foi proposto um sucinto levantamento histórico,
apresentando os principais acontecimentos, personalidades e organizações que
têm contribuído para o campo da fisiologia do exercício, entendida como uma
área dinâmica de estudo, sendo sempre necessária a atualização e familiarização
de definições e conceitos. Considerando o fato de inúmeras implicações práticas
pela fisiologia do exercício, no capítulo seguinte será possível compreender como
o funcionamento fisiológico básico do corpo humano é modificado pelo exercício
em curto e em longo prazo, bem como os mecanismos que induzem essas
mudanças.

22
Capítulo 1 Introdução à Fisiologia do Exercício

Referências
FOSS, Merle L.; KETEYIAN, Steven J. Fox, bases fisiológicas do exercício e
do esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

MCARDLE, William D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fundamentos de


fisiologia do exercício. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

______. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 6.


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

PLOWMAN, Sharon A.; SMITH, Denise L. Fisiologia do exercício: para a saúde,


aptidão e desempenho. 2. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2010.

POWERS, Scott K.; HOWLEY, Edward T. Fisiologia do exercício: teoria e


aplicação ao condicionamento físico e ao desempenho. 3. ed. São Paulo:
Manole, 2000.

ROBERGS, Robert A.; ROBERTS, Scott O. Princípios fundamentais de


fisiologia do exercício: para aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Forte,
2002.

23
C APÍTULO 2
Metabolismo Do Exercício

A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Descrever a bioquímica dos fosfatos de alta energia.

33 Discutir a relação entre intensidade/ duração do exercício e as vias


bioenergéticas mais importantes na produção de ATP em vários exercícios.
Fisiologia do Exercício

26
Capítulo 2 Metabolismo do Exercício

Contextualização
O metabolismo inclui vias metabólicas que resultam na síntese (reações
anabólicas - síntese de tecidos, como acontece quando os aminoácidos são
combinados para formar proteínas que compõem os músculos), assim como na
degradação de moléculas (reações catabólicas - produção e armazenamento de
energia a partir do fracionamento dos gêneros alimentícios, a fim de tornar-se
disponível para realizar um trabalho), esse processo ocorre através de milhares
de reações químicas por todo o organismo.

A atividade física proporciona o maior estímulo para o metabolismo energético,


com o exercício representando um significativo desafio às vias bioenergéticas
do músculo em atividade, requerendo, para isto, uma fonte de energia que pode
ser utilizada para permitir as contrações. Durante o exercício intenso, o gasto
energético total do organismo pode ser de mais de 20 vezes o gasto de repouso.
A maioria desse aumento na produção de energia é utilizada para fornecer ATP
(discutido a frente) aos músculos esqueléticos que se contraem, os quais podem
aumentar sua utilização de energia em até 200 vezes em relação à utilização em
repouso.

A compreensão das mudanças que ocorrem no metabolismo, incluindo a


função muscular, da passagem do estado de repouso para a contração, a regulação
do metabolismo do exercício, no início e durante a recuperação do
exercício (de alta intensidade, progressivos e prolongados), bem como O organismo
não armazena
o mecanismo de seleção dos substratos utilizados para produzir ATP,
energia em uma
torna-se um conhecimento fundamentalmente relevante, baseado na forma que esteja
fisiologia do exercício. Sem esses conhecimentos, dificilmente poderão imediatamente
ser apreciadas as respostas, em sua totalidade, dos vários órgãos e disponível para
tecidos ao exercício. a demanda.
Pelo contrário,
quando as células
Bioenergética do organismo
precisam de
energia, elas
O organismo não armazena energia em uma forma que esteja devem ativar
imediatamente disponível para a demanda. Pelo contrário, quando rapidamente a
as células do organismo precisam de energia, elas devem ativar decomposição
rapidamente a decomposição de moléculas e, através desse processo, de moléculas e,
obter a energia armazenada nas ligações químicas existentes entre através desse
processo,
os átomos. A energia contida no interior das ligações químicas é
obter a energia
denominada energia química. Em humanos, as duas moléculas que armazenada nas
armazenam energia química nas células musculares esqueléticas ligações químicas
são o glicogênio (contendo moléculas de glicose) e os triacilglicerois existentes entre os
(contendo moléculas de ácidos graxos). A energia necessária ao átomos.
metabolismo é obtida gradualmente e bem controlada. (ROBERGS;
27
Fisiologia do Exercício

ROBERTS, 2002).
O ramo da bioquímica que estuda como a energia é convertida em seres
vivos, de uma forma a outra, é denominada bioenergética. A bioenergética fornece
as regras que norteiam as funções do metabolismo e está fundamentada em
duas leis: 1) a energia não pode ser criada ou destruída, mas modificada de uma
forma a outra, e somente a energia utilizável pode ser aproveitada pelas células
para produzir trabalho; 2) a transferência de energia será sempre processada no
sentido do aumento da entropia (forma de energia que não pode ser utilizada) e,
assim, a “energia livre” ou energia utilizável será obtida. (ROBERGS; ROBERTS,
2002).

A energia necessária para iniciar reações químicas é denominada energia de


ativação. E as enzimas (grandes moléculas protéicas com formato tridimensional
que regulam as vias metabólicas das células) funcionam como catalisadores ao
reduzirem a energia de ativação. O resultado é um aumento da velocidade das
reações. A capacidade das enzimas de reduzir a energia de ativação é produto
de características estruturais únicas. Cada tipo de enzima possui saliências
e sulcos característicos. As bolsas formadas a partir das saliências ou sulcos
localizados sobre as enzimas são denominadas sítios ativos. Esses sítios
ativos são importantes, uma vez que sua forma única faz com que uma enzima
específica ligue-se a uma molécula reagente particular (denominada substrato), a
qual permite que as duas moléculas (enzima + substrato) formem um complexo
conhecido como o complexo enzima-substrato. Isso é seguido da dissociação da
enzima e do produto. (POWERS; HOWLEY, 2000).

A atividade de uma enzima, mensurada pela velocidade com a qual seus


substratos são convertidos em produtos, é influenciada por vários fatores. Dois
dos fatores mais importantes são a temperatura (um pequeno aumento da
temperatura corporal aumenta a atividade da maioria das enzimas) e o pH -
uma medida de acidez - da solução (uma alteração do pH além do nível ideal, a
atividade enzimática é reduzida). (POWERS; HOWLEY, 2000).

HOUSTON, Michael E. Bioquímica básica da ciência


do exercício. São Paulo: Roca, 2001.

Como mencionado anteriormente, as fontes de energia química nas células


musculares esqueléticas são o glicogênio e os triacilglicerois, basicamente
originados dos carboidratos e das gorduras, respectivamente. Outro nutriente
que contribui com uma pequena quantidade de energia total utilizada são
as proteínas, compostas de aminoácidos. Os carboidratos são compostos

28
Capítulo 2 Metabolismo do Exercício

por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio e existem sob três formas:


1) monossacarídeos (açucares simples - glicose, frutose); 2) dissacarídeos
(combinação de dois monossacarídeos) e 3) polissacarídeos (formados a partir
de três ou mais monossacarídeos). Os carboidratos armazenados provêm o
corpo com uma forma de energia rapidamente disponível, em que 1 grama (g)
de carboidrato fornece cerca de 4 quilocalorias (kcal) de energia. O glicogênio
é um polissacarídeo estocado no tecido animal. Durante o exercício, as células
musculares transformam o glicogênio em glicose (glicogenólise) e a utilizam
como fonte de energia para a contração. A glicogenólise também ocorre no fígado
(gliconeogênese) e a glicose livre é liberada na corrente sanguínea e transportada
aos tecidos por todo o organismo. (POWERS; HOWLEY, 2000).

A ingestão de carboidratos na intensão de acarretar uma


melhoria do desempenho durante o exercício de alta intensidade e
de curta duração (< 1 hora) não é consenso. Entretanto, em relação
ao exercício prolongado (≥ 2 horas) de baixa intensidade, estudos
apontam uma melhoria no desempenho em indivíduos treinados.

Fonte: Extraído e adaptado de Foss e Keteyian (2000).

Embora as gorduras contenham os mesmos elementos químicos dos


carboidratos, a relação entre o carbono e o oxigênio nas gorduras é muito maior do
que observada nos carboidratos. Dessa forma, a gordura torna-se um combustível
ideal para o exercício prolongado, pois as moléculas de gordura contêm grandes
quantidades de energia por unidade de peso, cerca de 9 kcal de energia.

As proteínas contêm aproximadamente 4 kcal de energia por grama de


peso e apenas são utilizadas como substratos na formação de compostos de alta
energia quando têm seus aminoácidos constituintes clivados. Dessa maneira,
podem contribuir com a energia para o exercício de duas maneiras. Primeiro,
o aminoácido alanina pode ser convertido em glicose no fígado, o qual pode,
então, ser utilizado para sintetizar o glicogênio. O glicogênio hepático pode
ser degradado em glicose e transportado ao músculo esquelético ativo por
meio da circulação. Segundo, muitos aminoácidos podem ser convertidos em
intermediários metabólicos nas células e contribuir diretamente como combustível
nas vias bioenergéticas. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008).

Carboidratos, gorduras e proteínas podem ser usados como combustíveis,


apesar de não serem utilizados igualmente pelo organismo com essa finalidade.
A energia química produzida a partir do combustível contido nos alimentos é
armazenada como trifosfato de adenosina (ATP). A seguir, o ATP transfere sua

29
Fisiologia do Exercício

energia para as funções fisiológicas que exigem energia, tais como contração
muscular durante o exercício, em que uma parte aparece como trabalho realizado
e outra parte na forma de calor. A estrutura do ATP consiste em 1 componente
muito complexo, adenosina, e 3 partes menos complicadas, denominadas grupos
fosfatos. (FOSS; KETEYIAN, 2000).

Figura 1 - a. Estrutura do ATP; b. Desintegração de ATP para ADP e


fosfato inorgânico (Pi); c. Estrutura molecular de ATP; d. Reação de
hidrólise para a direita com separação de Pi e produção de ADP

Fonte: Extraído de Foss e Keteyian (2000).


As ligações entre
os dois grupos
fosfato terminais As ligações entre os dois grupos fosfato terminais representam as
representam as denominadas ligações de alta energia. Quando um fosfato é removido,
denominadas o composto restante constitui o difosfato de adenosina (ADP). Quando
ligações de alta são removidos dois fosfatos, o composto restante é o monofosfato de
energia. Quando adenosina (AMP). A reação pode ser invertida imediatamente para
um fosfato
formar ATP, porém, para isso, é necessária a presença de uma fonte
é removido,
o composto semelhante de alta energia, que é a fosfocreatina (PC) armazenada.
restante constitui (POWERS; HOWLEY, 2000).
o difosfato de
adenosina
(ADP). Quando
são removidos
dois fosfatos, o
composto restante
é o monofosfato
de adenosina
(AMP).

30
Capítulo 2 Metabolismo do Exercício

MCGILVERY, Robert W. The use of fuels muscular work. In:


HOWALD, H.; POORTMANS, J. R. (Ed.). Metabolic adaptacions to
prolonged exercise. Basel, Switzerland: Birkhauser-Verlag, 1975. p.
12-30.

Apesar de necessitar de ATP para todas as tarefas que exigem


energia, o corpo armazena pouquíssimo ATP e, portanto, depende de O corpo armazena
pouquíssimo
outras vias químicas para poder dispor de ATP quando este se torna
ATP e, portanto,
necessário. São 3 vias comuns para a geração de ATP, duas anaeróbicas depende de outras
e a outra aeróbica. A primeira das 2 vias anaeróbicas envolve a fosfato vias químicas
creatina (PC) (sistema ATP-CP ou “sistema fosfagênio”), catalisada para poder dispor
pela enzima creatinoquinase para produzir ATP numa reação com de ATP quando
uma única etapa. A vantagem da PC é que ela é muito rápida. A este se torna
necessário. São
desvantagem é a capacidade limitada do corpo em armazenar PC. A
3 vias comuns
maioria dos seres humanos possui PC suficiente para cerca de 6 a para a geração
10 segundos de esforço explosivo. A segunda via anaeróbica envolve de ATP, duas
a glicose ou o glicogênio (ou ambos) - daí sua designação, glicólise. anaeróbicas e a
Apesar de ser necessária alguma energia paro o fornecimento da outra aeróbica.
glicose para piruvato, o rendimento energético final ainda é de 2 ATP.
Potencialmente, o corpo pode aumentar em 1000 vezes a velocidade da glicólise,
proporcionando, assim, uma quantidade substancial de ATP. Entretanto, esta via
proporciona ATP suficiente para apenas 30 a 90 segundos de esforço. (LEMURA;
VON DUVILLARD, 2006).
A via aeróbica é
A via aeróbica é incontestavelmente a mais complexa delas e incontestavelmente
a mais complexa
necessita do maior período de tempo e de preparação do substrato.
delas e necessita
Os benefícios reais são devido ao fato de fornecer a maior quantidade do maior período
de ATP e de gerar produtos de desgaste menos prejudiciais [dióxido de tempo e de
de carbono (CO2) e água (H2O)]. O catabolismo aeróbio pode utilizar preparação do
moléculas provenientes de carboidratos, gorduras ou proteínas, o que substrato.
torna a via mais versátil em relação ao substrato energético. A produção
aeróbica de ATP ocorre no interior das mitocôndrias e envolve a
interação de 2 vias metabólicas cooperativas: 1) o ciclo de Krebs e 2) a A produção
cadeia de transporte de elétrons. (LEMURA; VON DUVILLARD, 2006). aeróbica de ATP
ocorre no interior
das mitocôndrias
Vários fatores influenciam a seleção de combustível para a prática
e envolve a
de exercícios, tais como: 1) disponibilidade do substrato; 2) intensidade interação de 2
e duração do exercício; estado nutricional; 3) tipo de composição vias metabólicas
da fibra muscular; 4) dieta e alimentação durante os exercícios; 5) cooperativas: 1)
treinamento físico; 6) recursos ergogênicos e farmacológicos; 7) fatores o ciclo de Krebs
ambientais. (MAUGHAN; GLEESON; GREENHAFF, 2000). e 2) a cadeia de
transporte de
elétrons.
31
Fisiologia do Exercício

As concentrações musculares de ATP e PC nas mulheres são


semelhantes às concentrações em homens, porém em virtude de
sua menor massa muscular total, as reservas totais de fosfagênios
são menores nelas.

Figura 2 - Representação do moinho metabólico

Fonte: Extraído de Lemura e Von Duvillard (2006).

Journal of Applied Physiology

http://jap.physiology.org/

32
Capítulo 2 Metabolismo do Exercício

Atividades de Estudos:

MÚLTIPLA ESCOLHA

Instruções de preenchimento do teste - Após ler a questão e todas


as respostas apresentadas, selecione a letra que responda
corretamente à questão.

1) Para continuar a contrair-se, as células musculares devem


possuir:

a) carboidratos.

b) ATP.

c) proteínas.

d) oxigênio.

2) A velocidade das reações químicas que ocorrem no organismo é


regulada:

a) pelas reações endergônicas.

b) pela entropia.

c) pelas enzimas.

d) pelas reações exergônicas.

3) As células musculares podem produzir ATP:

a) pela via do “sistema fosfagênio”.

b) pelo metabolismo aeróbico.

c) pela glicólise.

d) todas as alternativas.

Neste segmento do texto, o foco principal foi a energia, por onde buscamos
entender o que é, de onde provém e como é produzida. Além disso, a partir
do mencionado, foram explicadas, pós-graduando, as bases elementares do
entendimento de como o corpo consegue armazenar energia em pequenas
quantidades e que pode “ligar” as vias metabólicas dentro das células, a fim de
proporcionar a energia “de apoio” que permitirá prosseguir com a atividade física.
33
Fisiologia do Exercício

Metabolismo dos Sistemas Aeróbico


e Anaeróbico no Repouso e no
Exercício
Os sistemas
aeróbico e Os sistemas aeróbico e anaeróbico apresentam particularidades
anaeróbico em virtude das condições de repouso e de exercício, merecendo
apresentam
uma análise adicional. Na transição do repouso ao exercício leve
particularidades
em virtude ou moderado, a captação de oxigênio aumenta logo, geralmente
das condições alcançando um estado estável dentro de 1 a 4 minutos. O fato de o
de repouso e consumo de oxigênio não aumentar instantaneamente até atingir um
de exercício, valor de estado estável deve-se ao fato de que no início do exercício,
merecendo uma o sistema ATP-CP é a primeira via bioenergética ativa, seguida pela
análise adicional.
glicólise e, finalmente, pela produção aeróbica de energia. O principal
ponto a ser enfatizado no que concerne à bioenergética da transição
A energia do repouso ao exercício é que vários sistemas energéticos estão
necessária para envolvidos. Em outras palavras, a energia necessária para o exercício
o exercício não não é fornecida simplesmente ativando-se uma única via bioenergética,
é fornecida mas por uma mistura de diversos sistemas metabólicos que operam
simplesmente com uma considerável sobreposição. (POWERS; HOWLEY, 2000).
ativando-se
uma única via
bioenergética, Imediatamente após o exercício, o metabolismo permanece
mas por uma elevado por vários minutos. A magnitude e a duração desse metabolismo
mistura de elevado são influenciadas pela intensidade do exercício. Este sendo de
diversos sistemas curta duração e de alta intensidade será suprido essencialmente pelas
metabólicos que vias metabólicas anaeróbicas. Quando o exercício for prolongado (isto
operam com uma
é, > 10 minutos) a energia será proveniente do metabolismo aeróbico.
considerável
sobreposição. Durante o exercício prolongado de baixa intensidade pode ser mantido
um estado estável da captação de oxigênio. No entanto, o exercício
num ambiente quente e úmido ou o exercício numa taxa de trabalho
relativamente alta resulta num “direcionamento” para cima do consumo de
oxigênio no decorrer do tempo. Consequentemente, nesses tipos de exercícios
não se obtém estado estável. (PLOWMAN; SMITH, 2010).

O débito de oxigênio (também denominado excesso de


consumo de oxigênio pós-exercício - EPOC) é o consumo de oxigênio
acima do nível de repouso no período pós-exercício.

34
Capítulo 2 Metabolismo do Exercício

Figura 3 - Percentual de contribuição das fontes energéticas aeróbicas e anaeróbicas

Fonte: Extraído de Foss e Keteyian (2000).

Physiology Reviews

http://physrev.physiology.org/

Atividades de Estudos:

1) O que é bioenergética?
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35
Fisiologia do Exercício

2) Defina sistema ATP-PC e glicólise.


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Algumas Considerações
Este capítulo buscou mostrar um dos assuntos de maior relevância na
fisiologia do exercício: o domínio do conhecimento a respeito de como o corpo
regula os tipos de combustíveis que estão sendo utilizados para produzir
energia, assim como a relação entre fatores ocasionados pelo exercício e as vias
energéticas na produção de ATP em vários exercícios. Um maior aprofundamento
das ideias será visto no próximo capítulo, que mostrará as respostas dos sistemas
fisiológicos de apoio.

36
Capítulo 2 Metabolismo do Exercício

Referências
FOSS, Merle L.; KETEYIAN, Steven J. Fox, bases fisiológicas do exercício e
do esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

HOUSTON, Michael E. Bioquímica básica da ciência do exercício. São Paulo:


Roca, 2001.

LEMURA, Linda M.; VON DUVILLARD, Serge P. Fisiologia do exercício clínico:


aplicação e princípios fisiológicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

MAUGHAN, Ron J.; GLEESON, Michael; GREENHAFF, Paul L. Bioquímica do


exercício e treinamento. São Paulo: Manole, 2000.

MCARDLE, William D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fundamentos de


fisiologia do exercício. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

______. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 6.


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

MCGILVERY, Robert W. The use of fuels muscular work. In: HOWALD, H.;
POORTMANS, J. R. (Ed.). Metabolic adaptacions to prolonged exercise.
Basel, Switzerland: Birkhauser-Verlag, 1975. p. 12-30.

PLOWMAN, Sharon A.; SMITH, Denise L. Fisiologia do exercício: para a saúde,


aptidão e desempenho. 2. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2010.

POWERS, Scott K.; HOWLEY, Edward T. Fisiologia do exercício: teoria e


aplicação ao condicionamento físico e ao desempenho. 3. ed. São Paulo:
Manole, 2000.

ROBERGS, Robert A.; ROBERTS, Scott O. Princípios fundamentais de


fisiologia do exercício: para aptidão, desempenho e saúde. São Paulo:
Phorte, 2002.

37
C APÍTULO 3
RespostasSistêmicasaoExercício

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Descrever as estruturas anatômicas e os componentes dos mecanismos


dos sistemas cardiorrespiratório e neuromuscular.

33 Analisar a relação entre os aspectos cardiovascular-ventilatório,


neuromuscular-esquelético e as respostas ao exercício.
Fisiologia do Exercício

40
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

Contextualização
Na realização do exercício são impostas exigências aos sistemas de
apoio do corpo humano, algumas das quais são plenamente percebidas pelo
exercitante, porém outras não necessariamente, dificultando um pouco mais a
interpretação dos mecanismos biológicos decorrentes do exercício, na vigência
ou posteriormente a este.

Uma boa compreensão das funções dos sistemas respiratório e circulatório


é fundamental para o profissional atuante na área da ciência do esforço,
ainda mais hoje. Os programas de aptidão, independentemente do praticante,
incluem, geralmente, o aumento da capacidade cardiorrespiratória, conferindo
automaticamente responsabilidades às pessoas com treinamento acadêmico em
fisiologia do exercício no adequado domínio das informações destes sistemas
extremamente inter-relacionados.

A aprendizagem da estrutura e função dos nervos e dos músculos


esqueléticos no que se aplica à educação física e aos desportos é fundamental
para compreender as respostas ao desempenho motor humano que, atualmente,
caracteriza-se como um enorme desafio aos estudantes para que estejam
constantemente atualizados, devido à quantidade de informações provenientes
das inúmeras fontes de pesquisas realizadas. Entretanto, faz-se necessária
a tomada de iniciativa para o domínio das bases teóricas das dinâmicas do
movimento humano para, a partir deste ponto, você, pós-graduando(a), avançar
nos estudos mais específicos da ciência da contração muscular.

Sistema Cardiovascular-
Respiratório
Os músculos,
Os músculos, para que possam contrair-se, necessitam de para que possam
contrair-se,
energia e a respiração acaba sendo o primeiro elo na cadeia do
necessitam
fornecimento de uma grande parte dessa energia, pois ela fornece de energia e a
oxigênio para ao corpo ao mesmo tempo em que remove o dióxido de respiração acaba
carbono. A ventilação pulmonar descreve o processo de movimentar e sendo o primeiro
permutar (trocar) o ar ambiente pelo ar existente nos pulmões, através elo na cadeia do
das passagens aéreas do sistema ventilatório, que são divididas em fornecimento de
uma grande parte
duas zonas funcionais:
dessa energia.

1) zona condutora - o ar que penetra pelo nariz e pela boca

41
Fisiologia do Exercício

flui para dentro da porção condutiva do sistema ventilatório, onde se ajusta à


temperatura corporal, é filtrado e quase completamente umedecido ao passar
através da traqueia. O condicionamento do ar continua à medida que o ar
inspirado penetra nos dois brônquios, as grandes vias aéreas de primeira geração
que funcionam como condutos primários e conduzem para dentro de cada um dos
pulmões.

2) zona respiratória - os brônquios, que se subdividem em numerosos


bronquíolos, conduzem o ar inspirado de um trajeto tortuoso e estreito até que
acaba se misturando com o ar existente nos ductos alveolares. Os alvéolos,
microscópios, que são os ramos terminais do trato respiratório, envolvem
completamente esses ductos. (PLOWMAN; SMITH, 2010; MCARDLE; KATCH;
KATCH, 2008; ROBERGS; ROBERTS, 2002).

Figura 4 - Representação do sistema respiratório

Fonte: Extraído de McArdle, Katch e Katch (2008), Robergs e Roberts (2002).

As estreitas passagens da zona condutora do pulmão servem


de fonte de especulação da possibilidade de que a resistência ao
ar que flui pelo nariz e pela boca possa limitar o volume de ar que
podemos ventilar para dentro e para fora dos pulmões a cada minuto.
Baseado nisto, um recurso, as tiras nasais, originalmente planejado
para dormir, que funciona para aumentar a abertura das narinas e,
assim, reduzir a resistência ao fluxo de ar durante a respiração nasal,
está sendo adotado por uma ampla gama de indivíduos praticantes
de atividades físicas, incluindo atletas profissionais, mas ainda não
há comprovação científica da efetividade do uso.

Fonte: Extraído e adaptado de McArdle, Katch e Katch (2008).

42
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

Todo o processo da mecânica respiratória de fornecer oxigênio aos músculos


ativos deve começar primeiro com a entrada de ar nos pulmões; finalmente, as
mudanças na pressão intrapulmonar dão origem a esse movimento de ar. Mais
especificamente, as variações no tamanho ou volume da caixa torácica, em
virtude da contração e do relaxamento dos músculos respiratórios, resultam em
modificações na pressão intrapulmonar. (FOSS; KETEYIAN, 2000).

O movimento do ar para o interior dos pulmões a partir da atmosfera depende


de dois fatores: 1) gradiente de pressão; 2) resistência. Para o ar fluir, o gradiente
de pressão dever ser maior do que a resistência ao fluxo. Assim, para que a
inspiração possa ocorrer, a pressão dever ser mais alta na atmosfera do que nos
pulmões; para a expiração, a pressão nos alvéolos dos pulmões dever ser mais
alta do que na atmosfera. (PLOWMAN; SMITH, 2010).

Lei de Boyle: estabelece que a pressão de um gás está


inversamente relacionada ao seu volume (ou vice-versa) sob
condições de temperatura constante. A baixa pressão está associada
a um grande volume e a alta pressão está associada a um pequeno
volume.

Fonte: Extraído e adaptado de McArdle, Katch e Katch (2008).

Existem vários volumes pulmonares padronizados e capacidades


pulmonares com os quais convém familiarizar-se. Os volumes pulmonares
não podem ser subdivididos e incluem: volume corrente (VC), volume residual
(VR), volume reserva expiratório (VRE) e volume reserva inspiratório (VRI). As
capacidades pulmonares, que resultam do acréscimo de dois ou mais volumes
pulmonares, incluem: capacidade residual funcional (CRV = VRE + VR),
capacidade inspiratória (CI = VRI + VC), capacidade pulmonar total (CPT = VRI +
VC + VRE). A maioria desses volumes e capacidades é usada como medidas da
função pulmonar, portanto, seu conhecimento nos permite compreender melhor a
fisiologia respiratória. (FOSS; KETEYIAN, 2000).

43
Fisiologia do Exercício

Figura 5 - Espirograma: volumes e capacidades pulmonares

Fonte: Extraído de McArdle, Katch e Katch (2008), Robergs e Roberts (2002).

Os volumes pulmonares podem ser mensurados por meio de


uma técnica denominada espirometria. Durante a utilização desse
procedimento, o indivíduo respira num dispositivo capaz de mensurar
os volumes de gás inspirado e expirado.

44
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

O processo de trocas gasosas, ou respiração, envolve o movimento do


oxigênio e do dióxido de carbono a favor dos gradientes de pressão que existem
entre o sangue dos capilares pulmonares e o ar dos alvéolos, bem como entre o
sangue dos capilares da circulação sistêmica e as células perfundidas por esse
sangue. Assim, a respiração pode ocorrer nos pulmões, que é referida como
respiração externa, ou nos tecidos sistêmicos, que é referida como respiração
interna. (ROBERGS; ROBERTS, 2002).

A pressão parcial de um gás (PG) é o componente da pressão


total exercida por qualquer gás isoladamente dentro da mistura. A
pressão parcial de qualquer gás é proporcional ao seu percentual na
mistura gasosa total. Essas relações são conhecidas como a Lei de
Dalton das pressões parciais.

Em conformidade com a lei de Henry, a massa de um gás que Em conformidade


se dissolve em um líquido numa determinada temperatura varia numa com a lei de
proporção direta com a pressão do gás sobre o líquido, desde que Henry, a massa
não ocorra qualquer reação química entre o líquido. A velocidade de de um gás que
difusão (tendência das moléculas gasosas, líquidas ou sólidas de se se dissolve em
um líquido numa
deslocarem das áreas com uma alta concentração para áreas com
determinada
uma baixa concentração pela ação aleatória constante) de um gás temperatura varia
para dentro de um líquido depende de dois fatores: 1) o diferencial de numa proporção
pressão entre o gás acima do líquido e o gás dissolvido no líquido; 2) direta com a
a solubilidade do gás no líquido. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008; pressão do gás
PLOWMAN; SMITH, 2010). sobre o líquido,
desde que não
ocorra qualquer
Para compreender melhor o conceito de difusão, torna-se reação química
necessário saber o que as pressões parciais de oxigênio (PO2) e de entre o líquido.
dióxido de carbono (PCO2) significam em relação à permuta gasosa.
Pressão parcial é um termo usado para expressar a pressão de cada gás em
separado em uma mistura ou em um líquido. O oxigênio para difundir-se a partir
dos alvéolos e penetrar nos tecidos a PO2 deve ser mais alta nos primeiros do que
nos últimos. O oposto é válido para o dióxido de carbono difundir-se para dentro
do sangue. A redução na PO2 do ar inspirado (159 mm Hg) para o ar traqueal
(149 mm Hg) resulta do acréscimo de vapor d’água à medida que o ar penetra
nas vias respiratórias. Enquanto o ar inspirado se umedece e é “empurrado” para
dentro dos alvéolos, a PO2 diminui e a PCO2 aumenta acentuadamente. Essas
modificações resultam do volume reserva funcional bastante grande, que “dilui”
o ar inspirado para uma PO2 e uma PCO2 alveolares de 100 mm Hg e 40 mm
Hg, respectivamente. A PO2 e a PCO2 no sangue venoso misto que penetram
nos pulmões e que perfundem os alvéolos são de 40 mm Hg e 46 mm Hg,
respectivamente. (FOSS; KETEYIAN, 2000).

45
Fisiologia do Exercício

Figura 6 - Gradientes de PO2 e PCO2 e permuta gasosa em repouso

Fonte: Extraído de Foss e Keteyian (2000).

American Lung Association

http://www.lung.org/

Embora uma parte do oxigênio e do dióxido de carbono seja


Embora uma
transportada como gases dissolvidos no sangue, a principal porção
parte do oxigênio
e do dióxido de do oxigênio e do dióxido de carbono transportados pelo sangue
carbono seja é de oxigênio combinado à hemoglobina e de dióxido de carbono
transportada como transformado em bicarbonato. (POWERS; HOWLEY, 2000).
gases dissolvidos
no sangue, a Existem efeitos combinados e talvez simultâneos de vários
principal porção
estímulos químicos e neurais que iniciam e modulam a ventilação
do oxigênio e do
dióxido de carbono alveolar ao exercício. Em geral, todos os níveis de atividade
transportados respiratória estão magistralmente emparelhados com o ritmo de
pelo sangue trabalho que está sendo realizado. Além disso, graças a esse
é de oxigênio controle preciso e a uma grande reserva contida no sistema,
combinado à a respiração em indivíduos normais, sadios, sedentários ou
hemoglobina e de
moderadamente aptos, em geral, não constitui um fator limitante
dióxido de carbono
transformado para a atividade física. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008;
em bicarbonato. PLOWMAN; SMITH, 2010).
(POWERS;
HOWLEY, 2000).

46
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

Pontada no flanco é uma sensação de fisgada que acontece


ocasionalmente, durante o exercício, e ainda não há uma efetiva
explicação do mecanismo de ocorrência. Mas são sugeridas algumas
recomendações para evitá-las, como não exercitar-se imediatamente
após uma refeição ou ingerir bebidas, com quantidade perto de 1L ,
esperando passar 2-3 horas. Durante o exercício, ingerir pequenas
quantidades (200-400 ml), com intervalos de 15-30 min. Para lidar
com uma pontada no flanco quando chega a ocorrer, recomenda-se
comprimir o local da dor com a mão, inclinar-se para frente e contrair
os músculos abdominais, respirar mais profundamente e expirar
(com os lábios franzidos) sem forçar demasiadamente.

Fonte: Extraído e adaptado de Plowman e Smith (2010).

O controle ventilatório durante o exercício apresenta similaridade com o


controle do sistema cardiovascular, que veremos mais a frente. De fato, existem
crescentes evidências de que o estímulo “primário” para o aumento da ventilação
durante o exercício submáximo se deva ao estímulo nervoso dos centros cerebrais
superiores ao centro de controle respiratório. Já no exercício intenso, a partir
do ponto no qual a ventilação pulmonar aumenta desproporcionalmente com a
captação do oxigênio durante o exercício progressivo, ocorre o limiar ventilatório,
ou seja, para essa intensidade do exercício deixa de haver uma íntima relação
entre a ventilação pulmonar e a demanda de oxigênio ao nível celular. Nesse
caso, a ventilação “excessiva” relaciona-se diretamente com a maior produção de
dióxido de carbono a partir do tamponamento do lactato, que começa a acumular-
se (limiar anaeróbico) em virtude do metabolismo anaeróbico. (MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2002; POWERS; HOWLEY, 2000).

Ainda durante o repouso tranquilo, a ventilação é regulada por neurônios


respiratórios intrínsecos (“embutidos”) localizados no bulbo. Entretanto,
imediatamente antes de iniciar-se o exercício, observa-se um aumento
relativamente pequeno da ventilação minuto (quantidade em L de ar que
inspiramos ou expiramos, porém não ambas em um minuto, mais frequentemente
ao ar expirado que ao ar inspirado). Esse aumento não é causado pelo exercício
propriamente dito, ao contrário, é causado pela estimulação “voluntária”
proveniente dos centros cerebrais superiores, agindo sobre a área de controle
respiratório no bulbo. Esse “comando central” entra em ação quando se antecipa
ou “se está” preparado para “uma sessão de exercícios prestes a acontecer.”
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002; POWERS; HOWLEY, 2000).

47
Fisiologia do Exercício

Durante o exercício ocorrem duas grandes modificações na ventilação: 1)


um aumento muito rápido dentro de pouquíssimos segundos após o início do
exercício; 2) a elevação rápida na ventilação cessa logo e é substituída por uma
elevação mais lenta que, no exercício submáximo, tende a nivelar-se. Durante
o período de recuperação subsequente ao exercício, observam-se novamente
duas grandes modificações: 1) uma queda brusca na ventilação; 2) uma redução
gradual ou mais lenta na direção dos valores de repouso (após a queda brusca).
(FOSS; KETEYIAN, 2000).

Figura 7 - Dinâmica da ventilação minuto. A. Exercício submáximo; b. Exercício máximo

Fonte: Extraído de Foss e Keteyian (2000).

DEMPSEY, J.; FORSTER, H.; AINSWORTH, D. Regulation


of hyperpnea, hyperventilation, and respiratory muscle recruitment
during exercise. In: PACK, A.; DEMPSEY, J. (Ed.). Regulation of
breathing. New York: Marcel Dekker, 1994. p. 1065-1134.

48
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

Atividades de Estudos:

MÚLTIPLA ESCOLHA

Instruções de preenchimento do teste - Após ler a questão e todas


as respostas apresentadas, selecione a letra que responda
corretamente à questão.

1) A expiração ocorre quando a pressão no interior dos pulmões


excede a pressão atmosférica e:

a) envolve a contração do diafragma.


b) é passiva durante a respiração em repouso.
c) somente exige a contração do diafragma durante o exercício.
d) as alternativas b e c são corretas.

2) No exercício, a ventilação pulmonar aumenta em decorrência de:

a) um aumento da ventilação alveolar e do espaço morto.


b) um aumento da ventilação alveolar e de uma diminuição da
ventilação do espaço morto.
c) um aumento da capacidade vital.
d) nenhuma das alternativas.

3) A pressão parcial do oxigênio é:

a) maior nos alvéolos do que na artéria pulmonar.


b) maior na artéria pulmonar do que nas artérias sistêmicas.
c) maior nas artérias sistêmicas do que nos alvéolos.
d) maior nas vias sistêmicas do que nas artérias.

49
Fisiologia do Exercício

Levando-se em consideração o descrito até o momento a respeito


O sistema
do processo ventilatório que, em suma, refere-se à descrição de como
cardiovascular
é um circuito o oxigênio penetra no corpo e se torna disponível para ser levado até as
fechado que leva células do organismo. Outro fator que contribui para a capacidade do
o sangue a todos corpo de circular o oxigênio (e outras substâncias) é o funcionamento
os tecidos do apropriado do sistema cardiovascular. De fato, ambos os sistemas
organismo. Suas (cardiovascular e respiratório) operam em paralelo com a missão de
funções primárias
fornecer oxigênio aos músculos ativos e, conforme dito anteriormente,
consistem em:
1) transportar são acionados por mecanismos semelhantes.
oxigênio e
nutrientes até Os aspectos anatômicos e funcionais do coração são referidos
as células do como cardíacos, enquanto os aspectos anatômicos e funcionais da
corpo e remover circulação do sangue pelo corpo são referidos como vasculares, daí o
delas o dióxido
termo cardiovascular. O sistema cardiovascular é um circuito fechado
de carbono, bem
como os produtos que leva o sangue a todos os tecidos do organismo. Suas funções
de desgaste; primárias consistem em: 1) transportar oxigênio e nutrientes até as
2) regular acélulas do corpo e remover delas o dióxido de carbono, bem como os
temperatura produtos de desgaste; 2) regular a temperatura corporal, os níveis de
corporal, os pH e o equilíbrio hídrico; 3) proteger o organismo contra a perda de
níveis de pH e o
sangue e a infecção. O coração é a bomba que proporciona a força
equilíbrio hídrico;
3) proteger para circular o sangue ao longo dos vasos do sistema circulatório. Ele é
o organismo constituído por inúmeros componentes, tais como: o músculo cardíaco,
contra a perda válvulas, grandes vasos, marca-passo, sistema nervoso autônomo e
de sangue e a um saco fibrosseroso que circunda o coração denominado pericárdio.
infecção. Dentro do sistema cardiovascular existe a circulação pulmonar e a
sistêmica de todo o restante do corpo. (FOSS; KETEYIAN, 2000;
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008; POWERS; HOWLEY, 2000; ROBERGS;
ROBERTS, 2002).

50
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

Figura 8 - Anatomia e fisiologia do coração. A. Grandes

vasos e o fluxo sanguíneo. B. diástole. C. sístole


Fonte: Extraído de McArdle, Katch e Katch (2008).

51
Fisiologia do Exercício

Figura 9 - Representação esquemática do sistema cardiovascular

Fonte: Extraído de Plowman e Smith (2010).

52
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

O fato de o tecido cardíaco sofrer ou não isquemia (falta


temporária de suprimento sanguíneo) durante um esforço depende
do equilíbrio entre demanda de oxigênio do miocárdio (músculo
cardíaco - responsável pela contração e pela expulsão do sangue
do coração) e fornecimento de oxigênio ao miocárdio. Um fator que
pode afetar o suprimento de sangue é um bloqueio em uma ou mais
das artérias coronárias, como aquele causado por aterosclerose.

Fonte: Extraído de LeMura e Von Duvillard (2006).

A descrição prévia do fluxo sanguíneo através do coração e dos vasos é


referida como ciclo cardíaco, alterações elétricas e mecânicas (de pressão
e volume), que ocorrem durante e após um único batimento cardíaco. Ao
final, o ciclo cardíaco refere-se ao padrão de repetição de contração (sístole)
e relaxamento (diástole) do miocárdio. Durante o ciclo cardíaco, a pressão no
interior das câmaras cardíacas sobe e desce. (FOSS; KETEYIAN, 2000).

A frequência cardíaca pode ser mensurada, através de um


método relativamente simples e barato, por um monitor (relógio
de pulso) e uma tira condutora colocada no peito para detectar
pequenas alterações de voltagens (convertidas para um sinal
de rádio e transferidas através do ar ao monitor - telemetria) da
contração cardíaca que são conduzidas para a superfície da pele.
Entretanto, é importante salientar que a frequência cardíaca pode
ser alterada durante o exercício, tanto pelo fator natural do aumento
da intensidade do exercício quanto pela duração do exercício,
hidratação, temperatura corporal, doenças e, em menor grau, Em repouso,
a fase do ciclo menstrual. Assim, deve-se ter cuidado na nos indivíduos
interpretação da frequência cardíaca por este método. normotensos,
a pressão mais
alta gerada pelo
coração é, em
O sangue exerce pressão em todo o sistema vascular, mas ela média, de 120
mm Hg durante
é maior nas artérias, onde é mensurada e utilizada como indicador
a contração
de saúde. Em repouso, nos indivíduos normotensos, a pressão mais ventricular
alta gerada pelo coração é, em média, de 120 mm Hg durante a esquerda (sístole).
contração ventricular esquerda (sístole). E a pressão durante a fase de E a pressão
relaxamento (diástole) cai para 70 ou 80 mm Hg. (MCARDLE; KATCH; durante a fase
KATCH, 2008). de relaxamento
(diástole) cai para
70 ou 80 mm Hg.

53
Fisiologia do Exercício

Pressão arterial média: força média exercida pelo sangue


contra as paredes arteriais durante o ciclo cardíaco. É expressa pela
seguinte fórmula: PAM = PA Diastólica + [0,333 (PA Sistólica - PA
Diastólica)].

Um bilhão de pessoas no mundo sofrem de pressão arterial alta


crônica em algum momento no transcorrer de suas vidas. Especula-
se haver uma prevalência relativamente alta de hipertensão entre os
afro-americanos, os quais, como grupo, exibem um risco mais alto de
hipertensão e de acidentes vasculares cerebrais isquêmicos que os
norte-americanos brancos, em virtude de características genéticas.
Entretanto, fatores socioeconômicos e demográficos podem ser os
verdadeiros responsáveis pelos números constatados.

Fonte: Extraído de LeMura e Von Duvillard (2006).

O músculo O músculo cardíaco, diferentemente dos outros tecidos,


cardíaco, mantém seu próprio ritmo através de muitas células miocárdicas. O
diferentemente nodo sinoatrial serve como marca-passo para a contração. Esse
dos outros
nódulo despolariza-se e repolariza-se espontaneamente, de forma a
tecidos, mantém
seu próprio proporcionar o estímulo inato para a ação cardíaca. Quando o nodo
ritmo através de sinoatrial atinge o limiar de despolarização e “dispara”, a onda de
muitas células despolarização se dissemina pelos átrios e acarreta a contração atrial.
miocárdicas. A onda de despolarização atrial não pode atravessar diretamente
os ventrículos, devendo ser transportada através de um tecido de
condução especializado. Esse tecido é irradiado de uma pequena massa de tecido
muscular denominada nodo atrioventricular. Esse nodo, localizado no assoalho do
átrio direito, conecta os átrios com os ventrículos por intermédio de um par de vias
condutoras, denominadas ramos direito e esquerdo do feixe atrioventricular. Ao
atingirem os ventrículos, essas vias condutoras se ramificam em fibras menores,
denominadas fibras de Purkinje, as quais disseminam a onda de despolarização
pelos ventrículos. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008; POWERS; HOWLEY,
2000).

54
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

A atividade elétrica do miocárdio cria um campo elétrico que se


propaga por todo o corpo. O registro da atividade elétrica do coração
teve início a partir de meados do século 19. Dentre diversos estudos,
um, em especial, realizado na University College, em Londres, na
Inglaterra, por Sir William Massock Bayliss (1860-1924) e Edward
Starling (1866-1927) estabeleceu a possibilidade de padronização
das deflexões elétricas do miocárdio, mostrando uma “variação
trifásica que acompanhava (ou, preferencialmente, que precedia)
cada batimento do coração”. Esses padrões das deflexões elétricas
são referidos agora como as ondas P, QRS, T, utilizadas para a
leitura das informações gráficas do ciclo normal da atividade elétrica
do coração - eletrocardiograma.

Fonte: Extraído e adaptado de Foss e Ketetian (2000).

Durante o exercício, a quantidade de sangue bombeado pelo Os dois fatores


coração deve ser alterada de acordo com a demanda elevada de que mais
proeminentemente
oxigênio do músculo esquelético. Como o nodo sinoatrial controla
influenciam
a frequência cardíaca, as alterações desta envolvem fatores que o a frequência
influenciam. Os dois fatores que mais proeminentemente influenciam cardíaca são os
a frequência cardíaca são os sistemas nervoso parassimpático e sistemas nervoso
simpático. Esses operam em paralelo, porém atuam por vias estruturais parassimpático
e sistemas transmissores claramente diferentes. A estimulação e simpático.
Esses operam
dos nervos cardioaceleradores simpáticos libera as catecolaminas,
em paralelo,
adrenalina e noradrenalina, que elevam a frequência cardíaca porém atuam por
(efeito cronotrópico). As catecolaminas também fazem aumentar a vias estruturais
contratibilidade miocárdica, de forma a aumentar a quantidade de e sistemas
sangue bombeada pelo coração em cada batimento (efeito inotrópico). transmissores
Quando estimulados, os neurônios parassimpáticos liberam claramente
diferentes.
acetilcolina, que retarda o ritmo da descarga sinusial e torna mais lenta
a frequência cardíaca. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008; POWERS;
HOWLEY, 2000; FOSS; KETEYIAN, 2000).
O débito cardíaco
[produto da
O débito cardíaco [produto da frequência cardíaca e o volume frequência
de ejeção (quantidade de sangue bombeado por batimento cardíaco)] cardíaca e o
varia consideravelmente durante o repouso. Os fatores que exercem volume de ejeção
influência incluem as condições emocionais que alteram o fluxo (quantidade de
anterógrafo cortical para os nervos cardioaceleradores e para os sangue bombeado
por batimento
nervos que modulam os vasos de resistência arterial. Em repouso,
cardíaco)] varia
existe pouca diferença no débito cardíaco entre indivíduos treinados consideravelmente
e destreinados, com os valores médios oscilando, para referência de durante o repouso.
um homem adulto representativo que pesa 70 kg, entre 5 e 6 L/min.
Em geral, quanto mais alto for o débito cardíaco máximo, mais alta 55
Fisiologia do Exercício

será a potência aeróbica máxima (VO2 máx. - maior quantidade de oxigênio que o
corpo consegue captar, transportar e utilizar durante o exercício vigoroso) e vice-
versa. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008; POWERS; HOWLEY, 2000; FOSS;
KETEYIAN, 2000).

LiDCO Group plc - Cardiac Sensor Systems

http://www.lidco.com/

Figura 10 - Distribuição do débito cardíaco durante o repouso e o exercício máximo

Fonte: Extraído de Powers e Howley (2000).


As alterações
da frequência As alterações da frequência cardíaca e da pressão arterial
cardíaca e da
que ocorrem durante o exercício refletem o tipo e a intensidade do
pressão arterial
que ocorrem exercício realizado, de sua duração e das condições ambientais sob
durante o exercício as quais o trabalho foi realizado. No início do exercício de intensidade
refletem o tipo e leve (30-49% VO2 máx.) a moderada (50-74% VO2 máx.) de curta
a intensidade do duração (5-10 min) ocorre um aumento inicial do débito cardíaco até
exercício realizado, ser alcançado um platô em estado estável. Durante um exercício
de sua duração
nessa magnitude o sistema cardiorrespiratório é capaz de atender
e das condições
ambientais sob as às demandas metabólicas do corpo (estado de equilíbrio dinâmico
quais o trabalho foi ou estado estável). Nas respostas cardiovasculares ao exercício
realizado. moderado a intenso (60-85% VO2 máx.), à semelhança do que ocorre

56
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

com as cargas de trabalho leves a moderadas, o débito cardíaco aumenta


rapidamente durante os primeiros minutos do exercício e, a seguir, alcança um
platô e se mantém em um nível relativamente constante durante o exercício. No
entanto, há um alcance mais alto durante o exercício intenso do débito cardíaco
absoluto do que durante o exercício leve a moderado. E uma sessão de exercício
incremental até o máximo (geralmente com aumentando em aproximadamente
de 30% a 100% do VO2 máx.), o débito cardíaco exibe um aumento retilíneo e
alcança um platô para o exercício máximo (PLOWMAN; SMITH, 2010).

BRAUNWALD, E. Heart disease: a textbook of cardiovascular


medicine. 4. ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 1992.

Atividades de Estudos:

1) O que é o circuito pulmonar?


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2) Defina volume de ejeção.


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57
Fisiologia do Exercício

Os mecanismos ventilatórios e cardiovasculares apresentados,


A pesquisa indica
via de regras, representam a dinâmica do transporte de oxigênio (e
que o sistema
esquelético a remoção do dióxido de carbono), o primeiro pelo ar movimentado
se adapta ao para dentro e para fora dos pulmões, juntamente com a troca de
treinamento oxigênio e de dióxido de carbono entre os pulmões e o sangue. O
ou exercício segundo pelo transporte do oxigênio e de dióxido de carbono pelo
exatamente sangue, assim como a permuta entre o sangue e o músculo.
como fazem os
demais sistemas
do corpo e que
um esqueleto
saudável é Sistema Neuromuscular-
importante
na prevenção Esquelético
dos principais
problemas de A pesquisa indica que o sistema esquelético se adapta ao
saúde. treinamento ou exercício exatamente como fazem os demais sistemas
do corpo e que um esqueleto saudável é importante na prevenção dos
principais problemas de saúde. (PLOWMAN; SMITH, 2010).

O esqueleto é uma estrutura de suporte do corpo. Ele permite ao homem


manter-se ereto e realizar feitos extraordinários. Ao contrário do que aparentam,
os ossos de um indivíduo são, na realidade, tecidos vivos. No geral, cinco funções
são atribuídas ao esqueleto como um todo: 1) suportar os tecidos circunjacentes;
2) proteger os órgãos vitais e outros tecidos moles do corpo; 3) auxiliar no
movimento do corpo, fornecendo inserção aos músculos e funcionando como
alavanca; 4) produzir células sanguíneas (esta função hematopoiética
O tecido ósseo ocorre na medula vermelha do osso); 5) fornecer uma área de
é um tecido vivo
armazenamento para sais minerais, especialmente fósforo e cálcio,
dinâmico que
sofre modificações que suprem as necessidades do corpo. (JACOB; FRANCONE;
constantes. LOSSOW, 1990).

O tecido ósseo é um tecido vivo dinâmico que sofre modificações constantes.


De fato, os adultos reciclam algo na faixa dos 7% de sua massa óssea a cada
semana. Este processo chamado de remodelagem óssea refere-se ao processo
contínuo de reabsorção e de deposição de osso novo. A remodelagem do osso
desempenha um papel importante no sentido de regular os níveis sanguíneos de
cálcio e de substituir o osso antigo por osso novo, a fim de garantir a estabilidade
do sistema esquelético. (MARIEB, 2001).

Lei de Wolff: Quanto maior o estresse suportado pelos ossos


pela aplicação de cargas mecânicas na forma de atividades, maior
será o aumento de volume e de massa, mais especificamente no
local de aplicação das cargas mecânicas.

Fonte: Extraído e adaptado de McArdle, Katch e Katch (2008).


58
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

Uma boa compreensão das funções do sistema esquelético e da maneira


como esse sistema responde ao treinamento é conseguida mais facilmente
realizando-se o exame nos níveis orgânico e tecidual. São mais de 200 ossos
diferentes no corpo humano, mantidos juntos em estruturas anatômicas chamadas
de articulações. O esqueleto humano é dividido em duas categorias: 1) esqueleto
central ou axial, incluindo os ossos do crânio, a coluna vertebral, as costelas e
o esterno; 2) esqueleto periférico ou apendicular, incluindo os ossos do quadril,
dos ombros e das extremidades. Existem dois tipos de tecido ósseo, o cortical e
o trabecular. O primeiro é mais denso, constituindo 80% do esqueleto humano.
O segundo é mais poroso e é circundado por osso cortical. (PLOWMAN; SMITH,
2010).

Figura 11 - Estrutura do osso

Fonte: Extraído de Powers e Howley (2000).

O desenvolvimento do osso pode ser dividido em três processos: 1)


crescimento (aposicional e longitudinal); 2) modelagem (reabsorção e formação
óssea); 3) remodelagem (turnover). Existem três tipos de células ósseas:
1) osteoblastos (depositam); 2) osteoclastos (reabsorvem); 3) osteócitos
(remodelam). (JACOB; FRANCONE; LOSSOW, 1990).

59
Fisiologia do Exercício

Durante os últimos 30 anos, inúmeros estudos pesquisaram a


densidade mineral óssea, utilizando as técnicas precisas e incruentas
(não invasivas) da absorciometria fotônica única e dupla. No entanto,
a absorciometria com raios X de energia dupla (DXA) tornou-se a
medida padronizada ou normativa para determinar a densidade
mineral óssea e a maioria dos pesquisadores a utiliza como “padrão-
ouro”.

Fonte: Extraído e adaptado de Plowman e Smith (2010).

Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo

http://www.sbdens.org.br/

Conforme tratado anteriormente, observa-se uma adaptação esquelética


ao treinamento com exercícios, portanto, a lógica estabelece que deveria haver
também uma resposta ao exercício que ocorre dentro do sistema esquelético
para induzir as adaptações ao treinamento. Porém as pesquisas ainda não
conseguiram estabelecer um método que permita quantificar os efeitos agudos
do exercício sobre o sistema esquelético. No entanto, os pesquisadores mantêm
consenso sobre o fato de que a ausência de exercício com sustentação do peso
corporal é prejudicial para o esqueleto (resulta em perda da densidade óssea -
osteoporose). (PLOWMAN; SMITH, 2010).

A doença de Osgood-Schlatter, segundo a descrição de Osgood


(EUA) e Schlatter (Alemanha), é uma “lesão do tubérculo tibial
ocorrendo na adolescência”; surge normalmente em jovens atletas,
na fase do “estirão de crescimento”, suas principais características
são as dores no joelho, especialmente aos esforços que necessitem
uma forte contração do músculo quadríceps femoral, e uma
proeminência óssea visível.

Fonte: Extraído e adaptado de Robergs e Roberts (2002).

60
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE: Guidelines


for exercise testing and prescription. 6. ed. Philadelphia: Lea &
Febieger, 2000.

Para haver o aprofundamento sobre a temática da presente seção, em


sequência lógica e didática, a partir do entendimento do sistema esquelético,
prosseguiremos com as informações da função neuromuscular e as adaptações
ao exercício, mas, antes ainda, verificaremos a estrutura e o controle do
movimento humano e, subsequentemente, todos os aspectos relacionados
à função muscular. Nesse sentido, pós-graduando(a), você terá um maior
entendimento da integração dos sistemas neuromuscular-esquelético em
caráter efetivo.

O sistema nervoso é o meio que possibilita a rápida comunicação


Todos os
entre o cérebro e os diferentes tecidos do corpo. É constituído por
movimentos
duas partes principais: 1) sistema nervoso central (SNC) (contida humanos
no encéfalo e na medula espinhal); 2) sistema nervoso periférico dependem do
(constituído por células nervosas - neurônios). Este último divide- sistema nervoso
se em duas partes, a porção sensorial e a porção motora. Todos os e os músculos
movimentos humanos dependem do sistema nervoso e os músculos esqueléticos só se
contraem quando
esqueléticos só se contraem quando recebem um sinal proveniente
recebem um sinal
do sistema nervoso. (PLOWMAN; SMITH, 2010; MCARDLE; KATCH; proveniente do
KATCH, 2008; ROBERGS; ROBERTS, 2002). sistema nervoso.

61
Fisiologia do Exercício

Figura 12 - A. Sistema nervoso humano; B. Impulsos neurais;


C. Vértebra cervical; D. Medula espinhal

Fonte: Extraído de McArdle, Katch e Katch (2008).

A unidade A unidade funcional e anatômica básica de um nervo é o neurônio,


funcional e ou célula nervosa, que é composto de três partes: 1) corpo celular; 2)
anatômica básica dentritos; 3) axônio. Os neurônios são considerados “tecido excitável”
de um nervo é em razão de suas propriedades especializadas de irritabilidade e
o neurônio, ou condutividade. No sistema nervoso central (medula espinhal) existem
célula nervosa,
principalmente três tipos de neurônios: 1) motores; 2) sensoriais;
que é composto
de três partes: 1) 3) interneurônios. Os neurônios motores ou motoneurônios são
corpo celular; 2) chamados de eferentes, já as fibras nervosas sensoriais, chamadas
dentritos; de eferentes, penetram a medula espinhal provenientes da periferia.
3) axônio. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008).

62
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

A informação transmitida e retransmitida pelos nervos sensitivos


e motores ocorre na forma de energia elétrica, denominada impulso
elétrico. Em repouso, os neurônios são carregados negativamente
em seu interior com relação à carga do exterior (potencial de repouso
da membrana). E quando se aplica um estímulo suficiente ao nervo
ocorre a despolarização da membrana da célula nervosa (potencial
de ação). O desenvolvimento de um impulso nervoso é considerado
uma resposta de “tudo ou nada” (lei do “tudo ou nada”) do potencial
de ação.

Os neurônios se comunicam com outros neurônios em


junções denominadas sinapses. A transmissão sináptica ocorre Os neurônios se
comunicam com
quando quantidades suficientes de um neurotransmissor específico
outros neurônios
são liberadas do neurônio pré-sináptico. Ao ser liberado, o em junções
neurotransmissor se liga a um receptor da membrana pós-sináptica. Os denominadas
neurotransmissores podem ser excitatórios ou inibitórios, aumentam a sinapses.
permeabilidade neuronal ao sódio, produzindo potenciais excitatórios
pós-sinápticos (PEPS) e fazem com que o neurônio se torne mais negativo
(hiperpolarizado), potencial inibitório pós-sináptico (PIPS), respectivamente.
(POWERS; HOWLEY, 2000).

Os transmissores excitatórios são a acetilcolina (ACh), a noradrenalina,


a dopamina e a serotonina. Já os transmissores inibitórios são o ácido gama-
aminobutírico (GABA), agindo no cérebro, e a glicina, com ação na medula
espinhal. (FOSS; KETEYIAN, 2000).

As sinapses nervo a músculo ou junção neuromuscular são As sinapses


sinapses especializadas, formadas entre uma extremidade terminal de nervo a músculo
ou junção
um neurônio motor e uma fibra muscular. Apesar de o funcionamento
neuromuscular
da junção neuromuscular ser muito semelhante ao das outras sinapses, são sinapses
três diferenças importantes ocorrem: 1) numa junção neuromuscular especializadas,
um único potencial de ação pré-sináptico dá origem a um potencial formadas entre
de ação pós-sináptico; 2) a sinapse apenas é excitatória; 3) uma fibra uma extremidade
muscular recebe somente influxo sináptico proveniente de um único terminal de um
neurônio motor
neurônio motor. (PLOWMAN; SMITH, 2010; FOSS; KETEYIAN, 2000;
e uma fibra
POWERS; HOWLEY, 2000). muscular.

63
Fisiologia do Exercício

Figura 13 - Junção neuromuscular

Fonte: Extraído de McArdle, Katch e Katch (2008).

Ainda em relação ao controle motor do movimento humano, os reflexos, que


fornecem ao corpo um meio inconsciente e rápido de reagir a alguns estímulos,
podem ser classificados em dois tipos: 1) autônomo (ativam o músculo cardíaco e
liso e as glândulas); 2) somático (resultam na contração do músculo esquelético).
(PLOWMAN; SMITH, 2010).

O adestramento de um gesto motor inadequadamente pode


automatizar uma tarefa, de forma a produzir ações neuromusculares
menos apropriadas. Por vezes, na prática de esportes, na melhor
das intenções, busca-se o aprimoramento de um chute, de uma
tacada ou mesmo de um arremesso, mas sem ser percebido pode-
se acabar reforçando hábitos incorretos. Assim, em vez de perder
horas a fio realizando tais gestos, o praticante deve aprender como
reproduzir ou superar a mecânica desejável. Caso contrário, a “rotina”
aprendida para aperfeiçoar tende a tornar-se mais permanente.
Isto é, as vias neurais responsáveis pelos movimentos tornam-se
estabelecidas e automáticas. Assim sendo, tentar corrigir um gesto
motor incorreto sem modificar os padrões básicos do movimento
durante o treinamento intencional apenas reforça o movimento
necessário para produzir tal gesto.

64
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

Figura 14 - Arco reflexo

Fonte: Extraído de McArdle, Katch e Katch (2008).

Os movimentos executados pelos indivíduos diariamente


Um arco reflexo é
dependem dos reflexos espinhais. A via neural através da qual ocorre
a via nervosa do
o reflexo recebe a designação de arco reflexo. Um arco reflexo é a receptor ao SNC
via nervosa do receptor ao SNC e do SNC de volta ao órgão efetor e do SNC de volta
através da via motora. A contração reflexa dos músculos esqueléticos ao órgão efetor
pode ocorrer em resposta a um estímulo sensorial e não depende da através da via
ativação dos centros cerebrais superiores. O objetivo de um reflexo motora.
é fornecer uma forma rápida de tirar o membro de uma fonte de dor.
(POWERS; HOWLEY, 2000).

65
Fisiologia do Exercício

O mal de Parkinson é o distúrbio dos gânglios da base


(grupo de aglomerados de neurônios localizados em ambos os
hemisférios cerebrais) que acarreta a diminuição da síntese de um
neurotransmissor denominado dopamina, resultando em movimentos
involuntários ou tremores. O tratamento do mal de Parkinson
frequentemente é realizado com drogas que estimulam a produção
da dopamina.

Fonte: Extraído de McArdle, Katch e Katch (2008).

American Parkinson Disease Association

http://www.apdaparkinson.org/

FOX, S. I. Human physiology. 5. ed. Dubuque, IA: Wm. C.


Brown Publishers, 1996.

Um nervo ou seus ramos terminais inervam pelo menos uma das


A unidade motora
aproximadamente 250 milhões de fibras musculares existentes no
constitui a
unidade funcional corpo. O número de fibras musculares por neurônio motor, em geral,
do movimento. relaciona-se à função motora específica desse músculo. A unidade
Essa unidade motora constitui a unidade funcional do movimento. Essa unidade
anatômica anatômica consiste no neurônio motor anterior e nas fibras musculares
consiste no específicas que inerva. O recrutamento das unidades motoras descreve
neurônio motor
o acréscimo de mais unidades para aumentar a força muscular.
anterior e nas
fibras musculares À medida que as exigências de força aumentam são recrutados
específicas que motoneurônios com axônios progressivamente maiores. Isso explica o
inerva. princípio do tamanho. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008).

66
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

Figura 15 - Motoneurônio

Fonte: Extraído e McArdle, Katch e Katch (2008).

A partir deste momento, com as informações da estrutura e do controle do


movimento humano, é possível analisar, com maior aproveitamento, os assuntos
referentes ao sistema neuromuscular na sua plenitude e, para alcançar tal objetivo,
faz-se necessário o conhecimento da estrutura e função do músculo esquelético
em específico e a satisfação do contexto da fisiologia do exercício, as respostas
ao treinamento.

As interações dos vários sistemas corporais demonstram um mecanismo


harmônico e muitas funções corporais são dependentes desta sinergia, dentre
estas, a contração muscular, que proporciona a base para todo o movimento
humano.

O tecido muscular produz força por causa da interação de seus elementos


contráteis básicos, que são constituídos principalmente por proteínas. A função
67
Fisiologia do Exercício

do tecido muscular depende essencialmente do tipo de tecido


A locomoção, sem
muscular envolvido, ou seja, músculo esquelético, liso ou cardíaco.
dúvida, representa
a principal A locomoção, sem dúvida, representa a principal função do tecido
função do tecido muscular, mas outras funções importantes também são conferidas
muscular, mas ao sistema muscular, tais como: manter a postura corporal, auxiliar
outras funções o retorno venoso do sangue para o coração e ajudar na geração de
importantes calor corporal (termogênese). Além disso, os músculos atuam como
também são
transdutores de energia por transformarem a energia bioquímica,
conferidas ao
sistema muscular, proveniente do alimento ingerido, em energia mecânica e térmica.
tais como: manter (PLOWMAN; SMITH, 2010).
a postura corporal,
auxiliar o retorno O corpo humano possui mais de 660 músculos esqueléticos,
venoso do sangue cada qual contém vários envoltórios de tecido conjuntivo fibroso.
para o coração e
Existem três camadas separadas de tecido conjuntivo e a porção
ajudar na geração
de calor corporal que cobre cada fibra ou célula muscular é denominada endomísio.
(termogênese). Imediatamente por dentro e presa ao endomísio existe a membrana da
célula muscular ou sarcolema. O interior da célula muscular é formado
por um protoplasma especializado, denominado sarcoplasma. Numerosas fibras
musculares estão agrupadas e formam os fascículos. Estes, por sua vez, são
mantidos juntos pelo perimísio. E envolvendo todo o músculo existe o epimísio.
Essa bainha protetora afunila-se em suas extremidades distal e proximal ao
fundir-se e unir-se às bainhas de tecido intramuscular para formar o denso e
resistente tecido conjuntivo dos tendões. Estes conectam ambas as extremidades
do músculo ao periósteo, a cobertura mais externa do osso. (MCARDLE; KATCH;
KATCH, 2008; POWERS; HOWLEY, 2000; FOSS; KETEYIAN, 2000).

Apesar de sua forma única, as células musculares apresentam muitas das


organelas presentes em outras células. Entretanto, ao contrário da maioria das
outras células corporais, as células musculares são multinucleadas (ou seja,
têm muitos núcleos). Uma única fibra muscular multinucleada contém unidades
funcionais menores, localizadas paralelamente ao eixo longitudinal da fibra, as
miofibrilas, que contêm subunidades ainda menores, denominadas miofilamentos.
Estes, por sua vez, consistem em conjuntos ordenados das proteínas actina e
miosina (85% do complexo miofibrilar). Outras 12 a 15 proteínas ou desempenham
uma função estrutural ou afetam a interação dos filamentos proteicos durante a
contração muscular. Dentre estas, incluem-se a tropomiosina, localizada ao longo
dos filamentos de actina (5%); a troponina, localizada nos filamentos de actina
(3%); α-actinina, distribuída na região da faixa Z (7%); β-actinina, encontrada nos
filamentos de actina (1%); a proteína M, identificada na região das linhas M dentro
do sarcômetro (< 1%) e a proteína C (< 1%), que contribui para a integridade
estrutural do sarcômero. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008; POWERS;
HOWLEY, 2000).

68
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

Figura 16 - Esquema de organização do músculo esquelético

Fonte: Extraído de McArdle, Katch e Katch (2008).

HUNTER, G. R. Muscle physiology. In: BAECHLE, T. R.; EARLE,


R. W. (Ed.). Essentials of strength training and conditioning. IL:
Human Kinetics, 2000.

O processo pelo
Conforme visto anteriormente, para que um músculo possa qual os eventos
contrair-se, deverá ser gerado um potencial de ação no neurônio elétricos no
motor que inerva as fibras musculares as quais irão contrair-se. A sarcolema da
fibra muscular
mensagem proveniente do neurônio motor deve ser passada a seguir
estão acoplados
até a fibra muscular através da junção neuromuscular. Finalmente, o ao movimento
potencial de ação deve se conduzido ao longo do sarcolema e levado dos miofilamentos
até o interior da fibra muscular, a fim de estimular o movimento dos é denominado
miofilamentos. O processo pelo qual os eventos elétricos no sarcolema acoplagem
da fibra muscular estão acoplados ao movimento dos miofilamentos é excitação-
contração.

69
Fisiologia do Exercício

denominado acoplagem excitação-contração. (PLOWMAN; SMITH, 2010).

Figura 17 - Fases da acoplagem excitação-contração

Fonte: Extraído de Foss e Keteyian (2000).

A síntese proteica é acelerada em várias circunstâncias: 1)


após o exercício contra resistido; 2) no aumento da disponibilidade
de aminoácidos; 3) quando os níveis sanguíneos de insulina
estão altos. E estudos apontam que, de fato, quando essas três
condições ocorrem juntas, o efeito sobre a síntese das proteínas
é aditivo.

70
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

Tendo como base as


diferenças nas pro-
priedades contráteis,
Todas as unidades motoras dos músculos esqueléticos as fibras musculares
funcionam da mesma maneira geral, já descrita. No entanto, nem humanas podem ser
divididas em dois
todas as unidades motoras contêm fibras musculares com as tipos: 1) fibras de
mesmas capacidades metabólicas ou funcionais. Tendo como base contração lenta ou
as diferenças nas propriedades contráteis, as fibras musculares oxidativas (fibras do
humanas podem ser divididas em dois tipos: 1) fibras de contração Tipo I); 2) fibras de
contração rápida ou
lenta ou oxidativas (fibras do Tipo I); 2) fibras de contração rápida ou glicolíticas rápidas
glicolíticas rápidas (fibras do Tipo II). As fibras do Tipo II subdividem- (fibras do Tipo II). As
se em fibras do Tipo IIb e Tipo IIa. (MCARDLE; KATCH; KATCH, fibras do Tipo II sub-
dividem-se em fibras
2008).
do Tipo IIb e Tipo IIa.
(MCARDLE; KATCH;
KATCH, 2008).

Pesquisas recentes demostram a existência de duas


novas fibras musculares em ratos: 1) IId; 2) Ia. Embora existam
dados limitados, parece possível que essa nova fibra rápida
também exista no músculo esquelético humano.

A classificação dos tipos de fibras é feita pela análise histoquímica de uma


amostra de tecido muscular, após limpeza exaustiva da pele e aplicação de
anestesia tópica, obtida por um procedimento de biópsia por agulha. (POWERS;
HOWLEY, 2000).

Eletromiografia (EMG) é o estudo da função muscular a partir


da detecção da atividade elétrica produzida pela despolarização
dos neurônios e da membrana muscular envolvidos na contração.
A atividade elétrica é detectada pela localização de um ou mais
elétrodos sobre o músculo em contração em que se tem interesse. O
tipo de elétrodo pode ser de agulha ou de superfície.

Fonte: Extraído adaptado de Robergs e Roberts (2002).

Nas modalidades atléticas, quanto maior o tempo de atividade maior será


a proporção de fibras lentas em músculos selecionados desses atletas. Uma
das alterações neuromusculares pelo exercício (de endurance e o de contra
resistência) mais evidente é um desvio no sentido de um maior potencial e
capacidade oxidativos. (POWERS; HOWLEY, 2000; FOSS; KETEYIAN, 2000;
ROBERGS; ROBERTS, 2002).

71
Fisiologia do Exercício

Exercise of Sports Science Reviews

http://journals.lww.com/acsm-essr/pages/default.aspx

A particularidade A particularidade do sistema neuromuscular, em função de


do sistema
a própria contração dos músculos ser o exercício em si, revela a
neuromuscular,
em função de a impossibilidade de discuti-lo igualmente como os demais sistemas:
própria contração cardiovascular-respiratório ou metabólico. Não obstante, existem
dos músculos tantas diferenças na contração dos músculos que o resultado é
ser o exercício um número infinito de exercícios. Entretanto, alguns princípios
em si, revela a são evidentes e, consequentemente, podem ser feitas algumas
impossibilidade
classificações. (PLOWMAN; SMITH, 2010).
de discuti-lo
igualmente
como os demais A força desenvolvida quando um músculo que se contrai atua
sistemas: sobre um objeto é denominada tensão muscular. A força exercida
cardiovascular- sobre o músculo pelo objeto é denominada carga. A carga e a tensão
respiratório ou muscular são forças em oposição. A contração é o processo dos
metabólico.
elementos contráteis que produz tensão dentro do músculo. Para
que o músculo possa movimentar uma carga, a força da tensão
muscular terá que ultrapassar a força da carga. Além disso, a tensão muscular
desenvolvida experimentalmente em uma fibra muscular isolada, uma unidade
motora ou até mesmo um músculo como um todo não é necessariamente a
mesma força desenvolvida por um músculo intacto no corpo humano, assim
sendo, é importante saber se uma contração está sendo descrita em uma fibra
muscular ou em músculos inteiros e intactos. (PLOWMAN; SMITH, 2010).

Todo e qualquer Todo e qualquer movimento humano envolve a rotação de


movimento segmentos corporais ao redor de seus eixos articulares. A capacidade
humano envolve
de uma força produzir rotação é denominada torque. Assim, torque é a
a rotação de
segmentos força aplicada a alguma distância do centro da articulação, acarretando
corporais ao a rotação do membro ao redor da articulação. O torque se modifica à
redor de seus medida que um músculo movimenta um osso através da amplitude de
eixos articulares. movimento. (PLOWMAN; SMITH, 2010; MCGINNIS, 2002).
A capacidade
de uma força
Considerando as classificações ao nível da fibra muscular
produzir rotação
é denominada e ao nível do músculo como um todo, os tipos de contrações
torque. musculares podem ser: 1) isotônicas (produção de força constante
- encurtamento ou alongamento); 2) isocinéticas (velocidade
constante de alongamento ou de encurtamento); 3) isométricas (comprimento

72
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

constante do músculo) e 1) dinâmicas (produção de força muscular com


movimento aparente); 2) estáticas (produção de força muscular sem movimento
aparente), respectivamente. (PLOWMAN; SMITH, 2010).

Journal of Biomechanics

http://www.jbiomech.com/

Determinados fatores mecânicos influenciam a força produzida durante as


contrações musculares, a saber: 1) relações comprimento-tensão-ângulo (a
quantidade de tensão que pode ser exercida está relacionada ao comprimento
inicial do sarcômero); 2) relações de força-velocidade (a velocidade de
encurtamento de um músculo é inversamente proporcional à força desenvolvida
pelo mesmo músculo); 3) relação elasticidade-força (as propriedades elásticas
miotendinosas quanto mais alongadas produzem uma contração resultante mais
vigorosa); 4) área em corte transversal (quanto maior a seção transversal do
músculo maior a produção de força).

Fatores biomecânicos também exercem impacto no treinamento da força em


relação ao posicionamento da força aplicada, da resistência e do ponto de apoio
determinado pela alavanca. Partindo da combinação dos elementos força potente,
força resistente e apoio, obtêm-se três possibilidades distintas no sistema de
alavancas.

1) alavanca interfixa (1ª classe). Quando a articulação (apoio) se localiza entre


a força potente e a força resistente. O termo interfixo provém da expressão
ponto fixo, não podendo ser, sob qualquer hipótese, a mesma interpretada
como algo estagnado. Visando a uma melhor expressão didática, o ideal seria
que esta fosse denominada interapoio, apesar de esse nome soar um pouco mal
aos ouvidos. Exemplos: tríceps braquial, em sua ação extensora do antebraço;
articulações occipitoatloides e de quadril;

2) alavanca interresistente (2ª classe). Nesse caso, a resistência é aplicada


entre o apoio e a força potente. Esse tipo de alavanca é raramente encontrado
no corpo humano. Exemplo: Articulação do tornozelo;

3) alavanca interpotente (3ª classe). Nesse caso, a força potente se localiza


entre o apoio e a força resistente. É muito comum ser encontrada no corpo
humano. A maioria dos sistemas de alavancas biológicas pertence a essa

73
Fisiologia do Exercício

classificação. Exemplo: bíceps braquial, em sua ação flexora de antebraço;


articulação do joelho. (MCGINNIS, 2002).

Figura 18 - Alavancas. A. Interfixa. B. Inter-resistente. C. Interpotente

Fonte: Extraído de McGinnis (2002).

Para um maior esclarecimento, outros elementos devem ser incorporados ao


contexto biomecânico do treinamento da força:

1) braço de momento de força (BMF): distância entre o eixo de uma articulação


e o ponto de aplicação de força muscular - inserção do músculo. O braço
de momento de força é sempre a menor distância entre a linha de ação da
força muscular e o eixo articular. É achado pela mensuração do comprimento
de uma linha traçada perpendicularmente ao vetor de força e intersectando
o eixo da articulação. Quanto maior for o braço de momento de força para
um determinado músculo, maior será o torque produzido pelo músculo para a
mesma magnitude de força;

2) braço de momento da resistência (BMR): distância horizontal entre o eixo


de uma articulação e o peso. Qualquer força aplicada a uma alavanca pode
mudar seu ângulo de aplicação à medida que a alavanca se move no espaço.
A mudança no ângulo de aplicação resultará num aumento ou diminuição no
braço de momento de resistência. O braço de momento de resistência será
o maior quando a força for aplicada a 90º em relação à alavanca. Como a
gravidade age verticalmente, sempre para baixo, a força da gravidade é
aplicada perpendicularmente à alavanca sempre que a alavanca está paralela
ao chão. Quando uma alavanca do corpo está paralela ao chão, a gravidade,
agindo naquele segmento, exerce seu torque máximo;

3) linha de ação (LA): é uma linha infinita que passa através do ponto de
aplicação da força, orientada na direção na qual a força é executada.

74
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

Figura 19 - Elementos biomecânicos adicionais ao desenvolvimento da força

Fonte: Extraído de Campos (2002).

HALL, Susan J. Biomecânica básica. 4. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2005.

Atividades de Estudos:

MÚLTIPLA ESCOLHA

Instruções de preenchimento do teste - Após ler a questão e


todas as respostas apresentadas, selecione a letra que responda
corretamente à questão.

1) O sistema esquelético desempenha importantes funções, incluindo:

a) hematopoese.
b) proteção.
c) metabolismo celular.
d) as alternativas a e b são corretas.

2) O tecido ósseo é classificado em:

a) osteócitos.
b) axial e apendicular.
c) cortical e trabecular.
d) nenhuma das alternativas.

75
Fisiologia do Exercício

3) Osteoporose é:

a) uma fratura óssea.


b) um aumento da densidade mineral óssea.
c) uma fraqueza óssea.
d) uma perda da densidade mineral óssea.

4) O sistema nervoso é dividido em:

a) central e parassimpático.
b) autossuficiente e dependente.
c) central e periférico.
d) autonômico e periférico.

5) Os neurotransmissores que provocam a despolarização das
membranas são denominados:

a) transmissores inibidores.
b) transmissores retardadores.
c) transmissores excitadores.
d) nenhuma das alternativas.

6) O neurotransmissor liberado no órgão efetor pelo sistema nervoso


simpático é principalmente:

a) hormônio do crescimento.
b) insulina.
c) noradrenalina.
d) acetilcolina.

7) O que são os motoneurônios?


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76
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

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8) Defina contração.
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9) Descreva os tipos de fibras musculares.


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Algumas Considerações
Ao término deste capítulo, foi possível entender todo o arranjo estrutural e
funcional, inclusive as respostas ao exercício, dos sistemas de apoio do corpo
humano, permitindo a você compreender as inter-relações destes, através de uma
visão esquemática global, subsidiando-o(a) à aplicação no desempenho humano,
foco de análise do próximo capítulo.

77
Fisiologia do Exercício

Referências
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE: Guidelines for exercise
testing and prescription. 6. ed. Philadelphia: Lea & Febieger, 2000.

BRAUNWALD, E. Heart disease: a textbook of cardiovascular medicine. 4. ed.


Philadelphia: W. B. Saunders, 1992.

CAMPOS, Maurício de Arruda. Biomecânica da musculação. 2. ed. Rio de


Janeiro: Sprint, 2002.

DEMPSEY, J.; FORSTER, H.; AINSWORTH, D. Regulation of hyperpnea,


hyperventilation, and respiratory muscle recruitment during exercise. In: PACK,
A.; DEMPSEY, J. (Ed.). Regulation of breathing. New York: Marcel Dekker,
1994. p. 1065-1134.

FOSS, Merle L.; KETEYIAN, Steven J. Fox, bases fisiológicas do exercício e


do esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

FOX, S. I. Human physiology. 5. ed. Dubuque, IA: Wm. C. Brown Publishers,


1996.

HALL, Susan J. Biomecânica básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,


2005.

HUNTER, G. R. Muscle physiology. In: BAECHLE, T. R.; EARLE, R. W. (Ed.).


Essentials of strength training and conditioning. IL: Human Kinetics, 2000.

JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice A.; LOSSOW, Walter J. Anatomia e


fisiologia humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.

LEMURA, Linda M.; VON DUVILLARD, Serge P. Fisiologia do exercício clínico:


aplicação e princípios fisiológicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

MARIEB, E. Human anatomy and physiology. 5. ed. Redwood City: Benjamin/


Cummings, 2000.

MCARDLE, William D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fundamentos de


fisiologia do exercício. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

______. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 6.


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

78
Capítulo 3 Respostas Sistêmicas ao Exercício

MCGINNIS, Peter M. Biomecânica do esporte e exercício. Porto Alegre:


Artmed, 2002.

PLOWMAN, Sharon A.; SMITH, Denise L. Fisiologia do exercício: para a saúde,


aptidão e desempenho. 2. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2010.

POWERS, Scott K.; HOWLEY, Edward T. Fisiologia do exercício: teoria e


aplicação ao condicionamento físico e ao desempenho. 3. ed. São Paulo:
Manole, 2000.

ROBERGS, Robert A.; ROBERTS, Scott O. Princípios fundamentais de


fisiologia do exercício: para aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Phorte,
2002.

79
C APÍTULO 4
FisiologiadoExercícioAplicadaao
Desempenho Humano

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Conhecer as técnicas de quantificação do esforço físico.

33 Compor esquemas de aprimoramento do rendimento físico com aplicação


dos princípios científicos do treinamento desportivo.
Fisiologia do Exercício

82
Capítulo 4 Fisiologia do Exercício Aplicada ao Desempenho
Humano

Contextualização
Um dos principais campos de interesse nas ciências do esporte e do
exercício é a avaliação (e prescrição) do rendimento humano com uma ampla
gama de procedimentos e técnicas (métodos) de execução, possuindo um caráter
constante de utilização, sempre buscando subsidiar a melhor estratégia de
elaboração do treinamento esportivo.

Como já visto nos capítulos anteriores, quando nos exercitamos, necessitamos


da energia química derivada do catabolismo para produzir contração muscular.
Um dos meios mais importantes de se determinar a capacidade individual de
realizar um exercício físico consiste, justamente, em medir a capacidade máxima
de energia que se consegue despender. A mensuração do gasto energético ou da
produção de trabalho/esforço físico oferece subsídios, assim como a avaliação
das capacidades físico-motoras (valências físicas treináveis), à prescrição do
treinamento desportivo, este visando ao aprimoramento do desempenho humano.

O treinamento envolve uma sequência organizada de exercícios que


estimulam as adaptações fisiológicas e deve ser baseado de acordo com as
recomendações estabelecidas na literatura científica especializada, muito embora
seja importante salientar que vários fatores podem influenciar no planejamento
do aprimoramento atlético. Também é importante destacar que jamais se deve
negligenciar o papel do humano neste processo geral (atleta/praticante e do
treinador), pois muitas conquistas esportivas contaram com a genialidade dos
envolvidos, com estratégias metodológicas não reportadas nos compêndios.

Medida é o ato de
mensurar. Geral-
Mensuração do Esforço Físico mente resulta em
indicar um número
para o caráter do
A mensuração das capacidades fisiológicas é embasada
que quer que seja
nos processos metabólicos que sustentam o exercício para a avaliado. Teste é
intensidade e duração em questão. A base fundamental para um um instrumento
fisiologista do exercício é justamente conhecer as demandas utilizado para
metabólicas e funções fisiológicas relacionadas em eventos ou fazer uma medida
atividades específicas. Os resultados obtidos na testagem (baseada em particular.
Avaliação é uma
nos critérios de autenticidade científica) auxiliam técnicos e atletas
declaração de
no monitoramento do progresso do treinamento. Nesse sentido, qualidade, de
é importante conhecer os termos e técnicas usadas em medida e excelência, de
avaliação nas ciências do esporte. mérito, de valor
sobre o que foi
Medida é o ato de mensurar. Geralmente resulta em indicar um avaliado.

83
Fisiologia do Exercício

número para o caráter do que quer que seja avaliado. Teste é um instrumento
utilizado para fazer uma medida em particular. Avaliação é uma declaração de
qualidade, de excelência, de mérito, de valor sobre o que foi avaliado. Para fazer
uma avaliação, deve-se ter uma perspectiva de referência, que pode ser em
relação à norma (comparação de valores com os outros) e ao critério (comparação
a um padrão). (MORROW et al., 2002).

Depois do processo de medição, a próxima etapa para os profissionais


das ciências do esporte é a análise adequada do conjunto de dados resultantes
dos diferentes métodos de avaliação e a construção de inferências neles
baseados, por meio dos recursos estatísticos apropriados ao nível das variáveis
selecionadas, sendo requerido para isto apenas um “know-how” para a aplicação
das técnicas estatísticas à análise da situação problema, através de uma série de
processos matemáticos, porém, ao final, tais métodos são de fácil compreensão,
pois envolvem conhecimentos matemáticos elementares. (MORROW et al.,
2002).

SUCHMACHER, Mendel; GELLER, Mauro. Bioestatística


passo a passo. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.

Um domínio que Um domínio que possui muitas implicações na ciência do exercício


possui muitas é a mensuração do dispêndio energético. A compreensão de como é
implicações medido, de como se relaciona com a atividade, com o trabalho e com a
na ciência do
potência proporcionará a você mais conhecimento acerca da educação
exercício é a
mensuração física.
do dispêndio
energético. Para estudar a energética da atividade física são necessários
dispositivos apropriados de mensuração que sejam confiáveis e
válidos. Esses dispositivos são denominados ergômetros (esteira rolante,
ciclo-ergômetro - “bicicleta” ergométrica, ergômetro de natação, entre outros
dispositivos). A fidedignidade desses dispositivos é extremamente importante e
refere-se à nossa capacidade de reproduzir sistematicamente a mesma condição
exata de trabalho com um alto grau de confiança. (FOSS; KETEYIAN, 2000).

Sistema internacional de unidades: é o sistema de grandezas


físicas e são organizadas segundo um sistema de dimensões.

84
Capítulo 4 Fisiologia do Exercício Aplicada ao Desempenho
Humano

Veja a última edição brasileira, de 2012, da tradução da 8ª edição


bilíngue elaborada pelo Bureau Internacional de Pesos e Medidas –
BIPM, em 2006, intitulada: “Sistema Internacional de Unidades”, do
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO),
no link de acesso à Internet: http://www.inmetro.gov.br/inovacao/
publicacoes/si_versao_final.pdf

Na avaliação do custo energético deve-se conhecer o significado de e as


relações entre trabalho e potência. O primeiro é definido pelo físico como o
produto da força multiplicada pela distância. O segundo é o trabalho empreendido
em uma unidade de tempo ou como o ritmo de realizar um trabalho. (POWERS;
HOWLEY, 2000; FOSS; KETEYIAN, 2000).

A mensuração do gasto energético de um indivíduo em repouso ou durante


uma determinada atividade possui muitas aplicações práticas. Em
Em geral, existem
geral, existem duas técnicas empregadas na mensuração do gasto
duas técnicas
energético humano: 1) a calorimetria direta; 2) a calorimetria indireta empregadas na
(espirometria). O termo calorimetria deriva da palavra caloria, a mensuração do
unidade básica da energia térmica. Calorimetria é a mensuração da gasto energético
energia térmica liberada ou absorvida nos processos metabólicos. humano: 1) a
A calorimetria direta mede, de fato, a produção de calor. Essa calorimetria direta;
2) a calorimetria
mensuração torna necessário o uso de câmaras construídas
indireta
especialmente para esse fim, nas quais o calor produzido pelo indivíduo (espirometria). O
eleva a temperatura do ar ou da água que circunda suas paredes, o termo calorimetria
que permite a mensuração. A calorimetria indireta não envolve a deriva da palavra
mensuração direta da produção de calor. Como existe uma relação caloria, a unidade
direta entre o oxigênio consumido e a quantidade de calor produzido básica da
energia térmica.
pelo organismo, a mensuração do consumo de oxigênio fornece uma
Calorimetria é
estimativa da taxa metabólica. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002; a mensuração
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008; POWERS; HOWLEY, 2000; da energia
PLOWMAN; SMITH, 2010; FOSS; KETEYIAN, 2000). térmica liberada
ou absorvida
nos processos
metabólicos.

85
Fisiologia do Exercício

Figura 20 - Calorimetria direta (esquerda) e indireta (direita)

Fonte: Extraído e adaptado de McArdle, Katch e Katch (2008).

A capacidade cardiorrespiratória de um indivíduo, ou potência


A capacidade
aeróbica, é a habilidade de suprir oxigênio para os músculos
cardiorrespiratória
de um indivíduo, que trabalham durante a atividade física. E a única medida mais
ou potência reproduzível (fidedigna) e válida da capacidade cardiorrespiratória
aeróbica, é a é o consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.). Os protocolos de
habilidade de testagem do VO2 máx. podem ser aplicados em laboratórios e em
suprir oxigênio campo. Possuem características máximas e submáximas, com
para os músculos
instalação da fadiga e com um patamar pré-definido de interrupção
que trabalham
durante a do teste, respectivamente. Embora o VO2 máx. seja o critério de
atividade física. medida da capacidade cardiorrespiratória, é um medida difícil de
determinar porque requer um equipamento metabólico caro, execução
de exercício cansativo e muito tempo. Consequentemente, foram desenvolvidas
técnicas para estimar ou predizer a reprodutibilidade e a validade do VO2 máx.
As estimativas são calculadas a partir das medidas de desempenho em exercício
máximo ou submáximo ou frequência cardíaca submáxima. (MORROW et al.,
2002).

Através do conhecimento do VO2 consumido e o VCO2 produzido


durante o exercício, dentre diversas informações, obtém-se a relação
da permuta respiratória e o quociente respiratório, relação do volume
de dióxido de carbono produzido, dividido pelo volume de oxigênio
consumido em um nível corporal total e a relação da quantidade de
dióxido de carbono produzida, dividida pela quantidade de oxigênio
consumida ao nível celular, respectivamente.

86
Capítulo 4 Fisiologia do Exercício Aplicada ao Desempenho
Humano

The Journal of Physiology

http://jp.physoc.org/

Outra maneira de enunciar o custo energético da atividade consiste


em relatar o esforço do trabalho em termos do equivalente metabólico Um MET é
definido como
- “MET” (em inglês, “Metabolic Equivalent”). Um MET é definido como
o dispêndio
o dispêndio energético (VO2), enunciado como 1 ml/kg/min (ou l/mim) energético (VO2),
em condições de repouso tranquilo. Em síntese, 1 MET é o VO2 de enunciado como
repouso. Para o adulto comum, 1 MET é de aproximadamente 3,5 ml 1 ml/kg/min
de oxigênio consumido por quilograma de peso corporal por minuto (ou l/mim) em
[1 MET = 3,5 (ml/kg/min)-1]. METs (plural) significam múltiplos do condições de
repouso tranquilo.
metabolismo de repouso do indivíduo. (MCARDLE; KATCH; KATCH,
Em síntese, 1
2002; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008; POWERS; HOWLEY, 2000; MET é o VO2 de
PLOWMAN; SMITH, 2010; FOSS; KETEYIAN, 2000). repouso.

Muitos indivíduos obesos relatam que não consomem mais


alimentos que seus congêneres magros. Em outras palavras,
para o mesmo excesso de calorias ingeridas, as pessoas obesas
armazenam mais gordura corporal, resultando em aumento de peso
em longo prazo.

Fonte: Extraído e adaptado de McArdle, Katch e Katch (2008).

Nossa capacidade de realizar certas tarefas e atividades está


relacionada, em parte, com a quantidade de energia que gastamos O percentual de
eficiência é a
ao tentar completar a tarefa. E quando a maior parte da energia que
razão da produção
despendemos é transformada em rendimento de trabalho ao invés de trabalho útil
de ser perdida como calor, nesse caso, o desempenho é aprimorado (kcal) pela energia
e há eficiência do exercício. A fisiologia do exercício sempre é despendida (kcal)
enunciada como percentual. Num sentido metabólico, estamos multiplicada por
interessados também na produção do trabalho (kcal produzidas) 100.
e na energia despendida (kcal). Assim sendo, o percentual de
eficiência é a razão da produção de trabalho útil (kcal) pela energia despendida
(kcal) multiplicada por 100. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002; MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2008; POWERS; HOWLEY, 2000; PLOWMAN; SMITH, 2010;
FOSS; KETEYIAN, 2000).

87
Fisiologia do Exercício

Muitos estudos que avaliam a contribuição de múltiplas variáveis no


desempenho de exercícios de endurance prolongados têm mostrado que a
economia do movimento é um fator adicional independente importante. Como
visto, a eficiência é uma relação do trabalho para insumo em termos de dispêndio
de energia. Entretanto, a mensuração do rendimento de trabalho externo pode
ser impossível em muitas atividades, como a caminhada e corrida horizontais,
durante as quais os movimentos recíprocos dos braços e pernas se
A economia é o anulam mutuamente e não se consegue nenhum ganho vertical.
custo em oxigênio
Consequentemente, a energia gasta ou o custo em oxigênio é usado
da caminhada
ou da corrida com frequência isoladamente para a caminhada e a corrida como uma
com velocidades medida da economia, e não da eficiência. Assim sendo, a economia
vaiáveis. é o custo em oxigênio da caminhada ou da corrida com velocidades
vaiáveis. (ROBERGS; ROBERTS, 2002; PLOWMAN; SMITH, 2010).

A eficiência do exercício é maior nos indivíduos com alta


porcentagem de fibras musculares lentas em comparação com a dos
indivíduos com alta porcentagem de fibras rápidas pelo fato de as fibras
musculares lentas serem mais eficientes do que as rápidas.

Fonte: Extraído e adaptado de Powers e Howley (2000).

POWERS, Scott K.; HOWLEY, Edward T. Exercise physiology:


theory and application to fitness and performance. 8. ed. New York:
McGraw-Hill Higher Education, 2012.

A capacidade
anaeróbica (capa-
cidade do músculo A capacidade anaeróbica (capacidade do músculo esquelético
esquelético de de regenerar ATP a partir de fontes não mitocondriais) pode ser
regenerar ATP a estimada por alguns métodos. Já a avaliação da potência muscular
partir de fontes (capacidade máxima mecânica durante exercício dinâmico através
não mitocondriais)
pode ser estimada de contrações musculares) pode ser realizada tanto em campo
por alguns méto- como em laboratórios. No primeiro caso, são realizados envolvendo
dos. Já a avaliação a quantificação e a comparação da performance atlética durante
da potência mus-
séries de exercícios de alta intensidade, como subir escadas, por
cular (capacidade
máxima mecânica exemplo, enquanto, no segundo caso, mais sofisticados, podem
durante exercício envolver equipamentos isocinéticos ou ciclo-ergômetros integrados
dinâmico através a computadores. Os testes de potência muscular são classificados
de contrações
musculares) pode de acordo com sua duração, curta, média e longa, 10 segundos
ser realizada tanto ou menos, 20 a 60 e 60 a 120, respectivamente. A força muscular
em campo como (máxima força exercida por um músculo ou grupamento muscular
em laboratórios.

88
Capítulo 4 Fisiologia do Exercício Aplicada ao Desempenho
Humano

em uma velocidade determinada) pode ser medida durante cada tipo de


contração muscular: 1) isotônica; 2) isométrica; 3) excêntrica; 4) isocinética.
Entretanto, os testes de força muscular dinâmica utilizando contrações
isotônicas são mais comuns. (ROBERGS; ROBERTS, 2002).

Atividades de Estudos:

MÚLTIPLA ESCOLHA

Instruções de preenchimento do teste - Após ler a questão e todas


as respostas apresentadas, selecione a letra que responda
corretamente à questão.

1) O que é verdadeiro acerca da calorimetria direta e indireta?

a) As espirometrias de circuito fechado e de circuito aberto são


métodos de calorimetria direta.

b) Um calorímetro humano é usado para a calorimetria.

c) A calorimetria indireta é altamente precisa e muito menos cara do


que a calorimetria direta.

d) A calorimetria direta mede o VO2 e o VCO2 para estimar o


dispêndio de energia.

2) Espirometria de circuito fechado:

a) a pessoa reinala dióxido de carbono, com oxigênio sendo


absorvido.

b) a relação da permuta respiratória mede a captação de oxigênio.

c) o dióxido de carbono no ar expirado é absorvido pela cal de soda.

d) a relação da permuta respiratória é sempre determinada.

3) Na espirometria de circuito aberto, o indivíduo:

a) inala ar ambiente.

b) reinala a partir de um espirômetro que contêm oxigênio puro.

c) é sempre plenamente hidratado.

d) inala e exala aproximadamente 100 vezes a cada 30 segundos.

89
Fisiologia do Exercício

4) O que é o MET?
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5) O que é quilocaloria (kcal)?


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6) Qual a diferença entre ergômetro e ergometria?


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Em relação ao trei-
namento propria-
mente dito, similar
ao procedimento
de testagem, de- Pelo exposto, foi possível compreender a lógica da mensuração
ve-se reconhecer do esforço físico, sempre estabelecida de acordo com a demanda
o principal sistema metabólica da atividade específica, em virtude da intensidade e duração
energético utilizado
na realização de em questão. Em relação ao treinamento propriamente dito, similar ao
determinada ativi- procedimento de testagem, deve-se reconhecer o principal sistema
dade e, somado a energético utilizado na realização de determinada atividade e, somado
isto, necessaria-
a isto, necessariamente aplicar os princípios científicos do treinamento
mente aplicar os
princípios científi- desportivo para desenvolver o sistema energético em particular, mais
cos do treinamento do que qualquer outro, como será orientado na sequência.
desportivo para
desenvolver o
sistema energético
em particular.

90
Capítulo 4 Fisiologia do Exercício Aplicada ao Desempenho
Humano

Treinamento Físico
Cada atividade física diferente um da outra. Dependendo da duração e
intensidade (rendimento ou produção de potência), ativa sistemas de transferência
de energia altamente específicos, ou seja, os três sistemas de transferência de
energia - o sistema trifosfato de adenosina-fosfocreatina (ATP-PC), o sistema
do ácido lático e o sistema aeróbico - operam predominantemente em diferentes
momentos durante o exercício.

Figura 21 - Continuum energético da atividade física

Fonte: Extraído de McArdle, Katch e Katch (2008).

Frequentemente, a maioria de nós tem pouca prática das atividades


anaeróbicas. Em verdade, passamos a maior parte do dia realizando tarefas de
leves a moderadas. Porém, é necessário, pós-graduando(a), no momento em
que se aprofunda na fisiologia do exercício aplicada ao desempenho humano,
compreender a importância de dominar tanto os princípios do treinamento

91
Fisiologia do Exercício

aeróbico, no que se refere às modificações fisiológicas que ocorrem


Para aprimorar
como resultado do treinamento, quanto os princípios do treinamento
a capacidade
de realizar uma anaeróbico, pois, dentre algumas razões para isto, poderia estar a
determinada tare- necessidade de um dia ter de vir a orientar os outros que participam
fa, é necessário nas atividades anaeróbicas. Nesse sentido, aprender a reconhecer
trabalhar sistemas qual sistema energético utilizado durante determinada atividade e
orgânicos espe- como elaborar um esquema de treinamento eficaz constitui uma parte
cíficos com uma
integral de sua educação global.
maior resistência.

A estimulação das adaptações estruturais e funcionais para


aprimorar o desempenho em tarefas físicas específicas continua sendo o principal
objetivo do treinamento com exercícios. Essas adaptações tornam necessária a
adesão aos programas minuciosamente planejados, com a atenção
A especificidade
focalizada na frequência e na duração das sessões de trabalho, tipo
(um dos princípios
científicos do de treinamento, velocidade, intensidade, duração e repetição da
treinamento atividade, intervalo de repouso e competição apropriada. A aplicação
desportivo) do desses fatores varia, dependendo do desempenho e dos objetivos em
treinamento com termos de aptidão. Em suma, para aprimorar a capacidade de realizar
exercícios refere- uma determinada tarefa, é necessário trabalhar sistemas orgânicos
se às adaptações
específicos com uma maior resistência. (MCARDLE; KATCH; KATCH,
nas funções
metabólicas e 2008; FOSS; KETEYIAN, 2000).
fisiológicas que
dependem do tipo A especificidade (um dos princípios científicos do treinamento
e da modalidade desportivo) do treinamento com exercícios refere-se às adaptações
de sobrecarga nas funções metabólicas e fisiológicas que dependem do tipo e da
imposta.
modalidade de sobrecarga imposta (p. ex., treinamento de força-
potência induz adaptações específicas de força-potência, o mesmo
é válido para o estresse de um exercício de endurance, que induz adaptações
específicas do sistema aeróbico). O princípio da sobrecarga informa que a
aplicação regular de uma sobrecarga na forma de um exercício
O princípio da so- específico aprimora a função fisiológica para induzir uma resposta ao
brecarga informa treinamento. O exercício realizado com intensidades acima dos níveis
que a aplicação
normais (não confundir com excesso) estimula adaptações altamente
regular de uma
sobrecarga na específicas para que o corpo possa funcionar com maior eficácia.
forma de um (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008).
exercício espe-
cífico aprimora a
função fisiológica
para induzir uma
resposta ao
treinamento.

92
Capítulo 4 Fisiologia do Exercício Aplicada ao Desempenho
Humano

Um conceito de treinamento atlético separado, porém


semelhante, diz respeito ao princípio de periodização. Esse método
é definido como “o desenvolvimento estruturado e sequencial das
habilidades atléticas ou da capacidade fisiológica, induzido pela
organização dos esquemas de treinamento em blocos de tempo”.

Fonte: Extraído de Foss e Keteyian (2000).

Figura 22 - Modelo de periodização

Fonte: Extraído de McArdle, Katch e Katch (2008).

93
Fisiologia do Exercício

Figura 23 - Magnitude dos fatores fisiológicos (alta; média; baixa) na


especificidade do treinamento e do exercício. A. Anaeróbico. B. Aeróbico

Fonte: Extraído de Foss e Keteyian (2000).

Algumas adaptações fisiológicas podem ser impostas pelos sistemas aeróbico


e anaeróbico através do treinamento, dentre estas, destacam-se: o aprimoramento
das capacidades cardiovascular e pulmonar; os aumentos nas características das
fibras musculares em relação ao tamanho, atividades mitocondrial, enzimática e
energética, respectivamente. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008).

94
Capítulo 4 Fisiologia do Exercício Aplicada ao Desempenho
Humano

As adaptações metabólicas do sistema aeróbico são: aprimoramento do


“maquinismo metabólico” - aumento da atividade mitocondrial e alterações no
tipo e tamanho das fibras musculares - e outras, tais como: modificações na
composição corporal, entendida como a relação magro-para-gordo; otimização
na transferência de calor corporal; alterações no desempenho aprimorado em
endurance; benefícios psicológicos. Já as adaptações metabólicas do sistema
anaeróbico podem ser: aumento dos níveis de substratos anaeróbicos e da
quantidade e atividade das enzimas-chave que controlam a fase anaeróbica do
catabolismo da glicose; além de apresentar maior capacidade de gerar altos
níveis de lactato sanguíneo durante o exercício explosivo. Todas estas alterações,
fisiológicas e metabólicas, impostas por ambos os sistemas com um estímulo de
treinamento adequado ocorrem independentemente de raça, gênero, idade e, até
certo ponto, estado de saúde. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008).

As respostas ao treinamento aeróbico são afetadas por quatro fatores: 1)


nível inicial de aptidão aeróbica; 2) intensidade do treinamento; 3) frequência do
treinamento; 4) duração do treinamento. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008).

As respostas ao treinamento anaeróbico, caracterizado pelas modificações


da expressão da força muscular, são afetadas por dois fatores: 1) psicológicos-
neurais (com ação na maior eficiência dos padrões de recrutamento neural; na
maior excitabilidade dos neurônios motores; na maior ativação do sistema nervoso
central; na melhor sincronização das unidades motoras e nos maiores ritmos de
acionamento; no embotamento dos reflexos inibitórios neurais; na inibição dos
órgãos tendinosos de Golgi); 2) musculares (hipertrofia muscular). (MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2008).

O aprimoramento do desempenho humano deve ser alcançado


através de uma série de estratégias, incluindo a aplicação adequada da O aprimoramento
metodologia de treinamento. No que concerne às atividades esportivas do desempenho
anaeróbicas, o principal método capaz de aprimorar o desempenho humano deve ser
é o intervalado, que consiste em uma série de sessões repetidas de alcançado através
de uma série
trabalho ou de exercício alternada com períodos de recuperação. É
de estratégias,
importante salientar a necessidade de adequar o método a cada incluindo a aplica-
desporto (ou modalidade), em virtude dos padrões de movimento que ção adequada da
são bastante distintos dos efeitos apenas do treinamento anaeróbico, metodologia de
porém aplicá-lo ou modificá-lo de forma a desenvolver melhor os treinamento.
sistemas energéticos ATP-PC ou da glicólise anaeróbica. (FOSS;
KETEYIAN, 2000).

Como as práticas do treinamento anaeróbico, existem vários métodos que


promovem o aprimoramento do desempenho de endurance. Eles incluem o
método contínuo (treinamento de longa duração - 30 minutos a 2 horas ou mais

95
Fisiologia do Exercício

- e intensidade moderada - 60% a 70% do VO2 máx.; treinamento de duração


moderada - 30 a 60 minutos - e alta intensidade - 85% a 90% do VO2 máx.),
intervalo, similar às atividades anaeróbicas (treinamento de curta duração e
altíssima intensidade) e o Fartlek (uma adaptação dos métodos contínuo e
intervalado - os intervalos de trabalho e de recuperação não são sincronizados
com precisão e todo o exercício é realizado continuamente). (FOSS; KETEYIAN,
2000).

Supertreinamento (Overtraining): representa uma resposta


individualizada a um desequilíbrio entre o volume de treinamento
e a recuperação, caracterizando uma redução no desempenho e
instalação da fadiga.

Figura 24 - Esquema global da gênese do overtraining

Fonte: Extraído de McArdle, Katch e Katch (2008).

96
Capítulo 4 Fisiologia do Exercício Aplicada ao Desempenho
Humano

O aprimoramento do condicionamento atlético visa a melhorar


o desempenho humano, aumentando o débito energético máximo
durante determinado movimento, por meio de um programa de
condicionamento físico com a quantidade adequada de tempo de
treinamento, de acordo com as demandas energéticas aeróbicas
e anaeróbicas do esporte. Dessa forma, devem-se evitar os erros
comuns do treinamento, que incluem: o treinamento insuficiente, o
overtraining, a realização de exercícios não específicos durante as
sessões de treinamento, a falha no planejamento cuidadoso de um
plano de treinamento de longa duração e não redução (diminuição de
curto prazo da carga de treinamento antes de uma competição) do
treinamento antes de uma competição.

AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE: Guidelines


for exercise testing and prescription. 6. ed. Philadelphia: Lea &
Febieger, 2000.

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício

http://www.rbpfex.com.br/index.php/rbpfex

Atividades de Estudos:

MÚLTIPLA ESCOLHA

Instruções de preenchimento do teste - Após ler a questão e


todas as respostas apresentadas, selecione a letra que responda
corretamente à questão.

97
Fisiologia do Exercício

1) Os programas de treinamento devem ser específicos por meio da


utilização dos:

a) grupos musculares utilizados na competição.

b) sistemas energéticos que fornecerão a energia na competição.

c) grupos musculares e dos sistemas energéticos não utilizados


durante a competição.

d) as alternativas a e b são corretas.

2) Qual sistema de energia fornece a maior parte da energia na


corrida de 30 metros?

a) sistema ATP-PC.

b) glicólise anaeróbica.

c) fosforilação oxidativa.

d) as alternativas a e c são corretas.

3) O que é necessário para que ocorram as adaptações em relação


ao treinamento físico?
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4) Descreva os princípios científicos do treinamento desportivo, da

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Capítulo 4 Fisiologia do Exercício Aplicada ao Desempenho
Humano

sobrecarga e da especificidade?
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5) O que são os métodos de treinamento?


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Fisiologia do Exercício

O desempenho do exercício no estresse ambiental vem


sendo cada vez mais foco de interesse e se faz necessária sua
investigação, haja vista que as atividades esportivas são realizadas
com frequência em elevações terrestres (grandes altitudes), e no
outro extremo também, debaixo da superfície da água. Em cada
qual, o meio ambiente (incluindo, sem dúvidas, a microgravidade -
ambiente espacial) impõe desafios e perigos específicos ou extremos
(calor, umidade, frio) ao participante, com frequência independente
do estresse do exercício. O grau de que cada estressante ambiental
se desvia das condições neutras (e a duração da exposição)
determina o impacto total sobre o corpo. Além disso, o efeito de vários
estressantes ambientais pode ultrapassar a simples consequência
aditiva de cada estressante imposto separadamente, implicando não
apenas a insuficiência da capacidade de exercitar-se, mas também
representando uma grande ameaça para a saúde e a segurança.

Algumas Considerações
Ao término deste capítulo, verificamos que as estratégias, desde a
mensuração do rendimento à elaboração de um programa de treinamento capaz
de proporcionar um desempenho ótimo nos exercícios e nos desportos, requerem
a compreensão clara da transferência de energia e de como o treinamento
específico afeta os sistemas de fornecimento e de utilização de energia. Ainda sim,
foi descrita a aplicação dos princípios científicos do treinamento com exercícios,
incluindo as respostas de adaptação funcional e estrutural influenciadas pela
sobrecarga e pela intensidade representadas pelo exercício.

Nesse sentido, direcionamos você, pós-graduando(a), às dinâmicas dos


processos fisiológicos humano, às suas inter-relações e às aplicações no exercício,
voltadas à orientação ao aprimoramento do desempenho humano, didaticamente
separadas em capítulos ao longo deste caderno de estudos. Buscamos, também,
trazer à luz da discussão temas atuais e as bases teóricas classicamente
estabelecidas na literatura especializada da área, através de fontes bibliográficas
contemporâneas e valiosas indicações de consultas adicionais, propiciando a
você, pós-graduando(a), uma visão global do universo do rendimento físico, tendo
em vista o suporte teórico conferido pela fisiologia do exercício.

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Capítulo 4 Fisiologia do Exercício Aplicada ao Desempenho
Humano

Referências
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE: Guidelines for exercise
testing and prescription. 6. ed. Philadelphia: Lea & Febieger, 2000.

FOSS, Merle L.; KETEYIAN, Steven J. Fox, bases fisiológicas do exercício e


do esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

MCARDLE, William D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fundamentos de


fisiologia do exercício. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

______. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 6.


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

MORROW, J. R. et al. Medidas e avaliação do desempenho humano. 2. ed.


Porto Alegre: Artemed, 2002.

PLOWMAN, Sharon A.; SMITH, Denise L. Fisiologia do exercício: para a saúde,


aptidão e desempenho. 2. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2010.

POWERS, Scott K.; HOWLEY, Edward T. Fisiologia do exercício: teoria e


aplicação ao condicionamento físico e ao desempenho. 3. ed. São Paulo:
Manole, 2000.

______. Exercise physiology: theory and application to fitness and


performance. 8. ed. New York: McGraw-Hill Higher Education, 2012.

ROBERGS, Robert A.; ROBERTS, Scott O. Princípios fundamentais de


fisiologia do exercício: para aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Phorte,
2002.

SUCHMACHER, Mendel; GELLER, Mauro. Bioestatística passo a passo. Rio


de Janeiro: Revinter, 2005.

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