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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

Curso: Direito

Disciplina: Direitos dos Contratos

Tema: Função Social dos Contratos

Discentes:

Amelia

Anísia Carrajola -

Etelvino

Fernanda Mahesse -

Geny Guilima - 202000093

João Sitoé -

Julia

Luisa Vaisson - 2020

Maputo 05 de Abril de 2024


Introdução

O Contrato tem grande importância na sociedade, pois em seu conceito amplo, o homem contrata
diversas vezes durante o seu dia a dia, desde a compra em um mercado à realização de um
empréstimo bancário. Deste modo, o contrato se torna um valioso objeto de estudo em todos os
seus aspectos.

Será necessário a observação de alguns princípios contratuais visto que o objetivo deste trabalho
é abordar da função social do contrato, que, como todo o princípio, tem vasto campo de
interpretação e consequentemente várias maneiras de aplicação.

Função Social Do Contrato

A nova concepção do contrato tem a função social como elemento nuclear, limitando institutos
de conformação nitidamente individuais, de forma a atender os ditames do interesse coletivo,
acima daqueles do interesse particular, e, importando, ainda em igualar os sujeitos de direito, de
modo que a liberdade cabível a cada um deles cabe, seja igual para todos.

No novo modelo de contrato, não só a manifestação da vontade importa, como no modelo


clássico, mas também e principalmente os efeitos do contrato na sociedade são considerados,
assim como também a condição social e econômica dos indivíduos envolvidos. Para Tartuce
(2005, p. 185), refere o surgimento de uma nova teoria geral dos contratos, voltada para o todo,
para a sociedade, em que o contrato não pode ser instrumento de opressão ou prisão, mas sim de
liberdade e de autonomia.

Onde vai privilegiar-se a concretização material dos princípios e valores constitucionais


voltados, em uma última análise, à efetivação da dignidade da pessoa humana, rompendo-se com
aquela ideia de ser o contrato apenas um instrumento da realização da autonomia da vontade
privada, para desenvolver uma função social.

Exigindo a mudança do foco da declaração de vontade, a visão do indivíduo por si só, como uma
entidade que pudesse viver com auto-suficiência por uma visão de conjunto, pela pessoa como
elemento da comunidade de que participa. Os fatores internos, de cada um já não podem ser
materializados sem que seja pensada a finalidade social do ato manifestado.

Origem

A função social do contrato originou-se à partir do momento que o Estado deixou de ser
totalmente liberal, e passando a intervir nas relações entre os particulares para aplicação de
normas e preceitos fundamentais e de interesse público.

O liberalismo econômico gerou muita insegurança quando, os particulares, detentores de direitos


individuais, os utilizavam sem respeitar os interesses sociais, da coletividade. E, após as guerras,
percebeu-se a importância de limitar os direitos individuais, aos direitos coletivos, sociais. Foram
criados, então, os direitos fundamentais de segunda dimensão, baseadas na ação positiva do
Estado, quanto aos direitos sociais, de saúde, demonstrando esta passagem do Estado Liberal
para o Estado Social, podendo, então, o Estado intervir nas relações, como adoção do princípio
da função social da propriedade, do contrato, e da empresa.

Referencia: COUTO, Fernando Hudson. A função social dos contratos. Artigo publicado em
http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/down.asp?url=doc/art-30002. Pdf›.

Conceito

A função social do contrato se resume na limitação contratual em que as partes devem observar
as normas gerais do direito, as normas morais e éticas da sociedade, bem como os interesses
coletivos e sociais, traduzido no bem comum. Sinteticamente, o contrato deve cumprir sua
função social que dele se espera.

Segundo (Pablo Gagliano 2005, p.55), a função social do contrato é, antes de tudo, um
princípio jurídico de conteúdo indeterminado, que se compreende na medida em que lhe
reconhecemos o precípuo efeito de impor limites à liberdade de contratar, em prol do bem
comum.

O princípio da função social do contrato é cláusula geral, devendo ser observada por todos, em
todos os contratos. É também norma aberta, em razão da abrangência ilimitada do seu conceito,
devendo em cada caso se observar se há aplicação ou não do princípio, pois o bem comum, o
interesse social, se dá por inúmeras maneiras.

Já lecionava a este respeito o nobre professor Pontes Miranda:

"Nos negócios jurídicos bilaterais e nos


negócios jurídicos plurilaterais, o acordo ou
a concordância pode atender a conveniência
dos figurantes, mas ferir interesses gerais. O
direito tinha de considerar vinculadas as
pessoas que se inseriram, como figurantes,
em negócio jurídico bilateral ou plurilateral,
tendo porém, de investigar se houve ou não,
ofensa a interesses gerais ou a interesse de
outrem. (MIRANDA, 1984, p. 39)"

Portanto, a função social do contrato é um princípio que determina que os contratos devem ser
criados e executados cumprindo uma função social, seja esta função individual, entre as partes
contratantes e os seus interesses próprios, ou uma função pública, a todas as demais pessoas, a
sociedade, o interesse dela sobre o contrato.

Carlos Gonçalves afirma que a função social do contrato só será cumprida se observados os dois
aspectos:

A função individual do contrato pode ser demonstrada na expectativa das partes no seu conteúdo,
ou seja, a finalidade do contrato para os contratantes. A função pública do contrato se observa
por exemplo na preservação do meio ambiente, que é de interesse social, BASE LEGAL
Portanto, compreende como função social, primeiro atendendo os interesses individuais das
partes contratantes, e segundo aos interesses da sociedade, cumprindo estas duas funções, estará
sim cumprindo a real função social do contrato.

Função Social do contrato e sua utilização

Aplicação

A função social do contrato é utilizada sempre que se tenha uma relação contratual em que
apesar de cumpridas as clausulas contratuais, ocorreu um problema que fez com que o contrato
apesar de válido entre as partes e apto a produzir efeitos, não atingiu os objectivos sociais de um
contrato, e logo deve ser revisto ou anulado.

Entre as partes não pode não haver qualquer problema, oque levaria o contrato a ser mantido, de
acordo com a doutrina tradicional. Porém pode haver um problema no contrato que afetar à
sociedade, e deste modo, mesmo que as partes queiram, este não pode ser efetivado. Busca-se
com isso o bem maior, que é o bem da sociedade, em detrimento do particular, do egoístico.

Assim a função social do contrato atua conjuntamente com o princípio da autonomia da vontade
privada, ou como é modernamente denominado, princípio da autonomia privada. Deste modo
não basta o adágio do pacta sunt servanda, ou seja, o pacto faz lei entre as partes. Isso porque é
superior à vontade acordada entre as partes, um bem maior que é o respeito ao bem comum.

Segundo Miguel Raele, tratar da função social dos contratos, é exclarecé-los quanto a busca
de valores coletivos:

 Como se vê a atribuição de função social ao contrato não vêm impedir que as pessoas
naturais ou jurídicas livremente concluam, tendo em vista a realização dos mais diversos
valores. O que se exige é apenas que o acordo de vontades não se verifique em
detrimento da coletividade, mas represente um dos seus meios primordiais de afirmação e
desenvolvimento.
É importante ressalvar que a “função social do contrato” e o “pacta sunt servanda” não se
excluem, mas se integram. Os contratos ainda são respeitados quando feitos entre as partes,
tendo sua força de lei, porém este agora sofre a limitação de estar de acordo com uma função
social. A aplicação da função social do contrato deve ser conjunta com outros princípios,
inclusive o da boa-fé objetiva.

Há na doutrina juristas que entendem que a função social do contrato tem aplicação interna nos
contratos, e outros que admitem também a influência externa. A posição majoritária é a que
admite o domínio externo. É defensor dessa posição Humberto Theodoro, quando afirma:

“Logo só se pode pensar em função social do contrato, quando este instituto jurídico interfere no
domínio exterior aos contratantes, isto é, no meio social em que estes realizam o negócio de seu
interesse privado”

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