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Encefalite Viral
Encefalite Viral
São manifestações raras das infecções virais em seres humanos, com incidência menor que as meningites virais.
Possuem alta morbidade.
Os principais vírus são herpes-vírus (simples tipo 1 é o mais comum), dos arbovírus e dos enterovírus.
Patógenos: vírus Nipah; enterovírus 71; Balamuthia mandrillaris; vírus da encefalite europeia transmitida por
carrapatos; Hendra vírus; Baylisascaris procyonis; Chandipura vírus; vírus do Nilo Ocidental; vírus Chikungunya; e
vírus da dengue. Herpes simples de tipos 1 e 2, Vírus Epstein-Barr, Herpes de tipo 6, Adenovírus, Influenza tipo A,
Sarampo, caxumba e rubéola, Raiva, Vírus da encefalite de St. Louis, Vírus da encefalite equina oriental, Vírus da
encefalite equina ocidental, Vírus da encefalite equina venezuelana, Vírus da encefalite californiana, Febre do
carrapato do Colorado, Vírus da coriomeningite linfocítica.
Etiologia
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c. Varicela zoster
Manifestação mais característica em crianças: ataxia cerebelar aguda com nistagmo, disartria e ataxia,
geralmente ocorrendo uma semana após o início do exantema.
A encefalite por varicela-zóster em adultos é muito frequente, e sua manifestação clínica inclui disfunção
cerebral difusa, convulsões, paralisia de nervos cranianos e outros sinais neurológicos focais. Em 44% dos
pacientes não há manifestação cutânea.
d. Enterovírus
Os enterovírus (picornavírus) são pequenos, não envelopados e com RNA de fita simples.
São muito comuns, mas encefalite é uma complicação rara.
Uma das principais causas de encefalite em crianças (10 a 15% dos casos), sendo rara a evolução para coma
e com internações hospitalares breves.
Porém, infecções do SNC com enterovírus-71 (EV-71) representam importante exceção. Além de causar
paralisia flácida aguda (síndrome pólio-like), EV-71 também tem sido associado a uma forma distinta de
encefalite.
A maioria dos casos ocorreu com crianças pequenas (com menos de 5 anos de idade), com síndrome mão-pé-
boca, juntamente com ataxia, nistagmo, mioclonia e paralisias oculomotoras. As crianças frequentemente
evoluem para óbito, consequente a quadro de rombencefalite.
e. Arbovírus
A invasão do SNC pode acontecer durante a fase inicial de viremia, com infecção das células endoteliais dos
capilares e subsequente infecção dos neurônios.
A infecção viral se espalha de um neurônio para o outro, através dos dendritos e axônios, acometendo
predominantemente a substância cinzenta do córtex cerebral e os gânglios da base.
A grande maioria das doenças neurológicas observadas em humanos é causada por três famílias de
arbovírus: Togaviridae, Flaviviridae e Bunyaviridae.
Menos de 1% desenvolve a forma neuroinvasiva (mais comum em idosos), que inclui meningite, encefalite e
paralisia flácida aguda.
Manifestação clínica: estado mental alterado, letargia e distúrbios do movimento (tremores, parkinsonismo,
mioclônus). Paralisia flácida aguda pode ocorrer isoladamente ou junto com encefalite.
Outras arboviroses menos frequentes: vírus La Crosse, vírus da encefalite equina oriental, vírus Powassan e
vírus da encefalite de St. Louis.
O vírus da encefalite japonesa é a causa mais comum de encefalite transmitida por mosquitos em todo o
mundo.
A maioria das infecções é assintomática, e menos de 1% delas causa doença clínica. Quando os sintomas
ocorrem, a apresentação mais comum é a encefalite, caracterizada por pródromo febril com dor de cabeça e
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vômitos, alterações do estado mental, convulsões, déficits neurológicos focais, distúrbios do movimento e
paralisia flácida aguda.
Na Europa, a causa mais comum de encefalite por arbovírus é o vírus da encefalite transmitido por
carrapatos, outro flavivírus. A doença pode apresentar quadro com febre, fadiga, mal-estar geral, dor de cabeça
e dor no corpo. Em uma segunda fase, após dias ou semanas, podem ocorrer meningites leves ou
meningoencefalites graves, às vezes associadas a mielite e paralisia flácida.
O subtipo do Extremo Oriente é o mais grave.
As manifestações neurológicas da dengue têm sido consideradas resultado de manifestação sistêmica, e
não encefalite propriamente dita.
Nas encefalites por arbovírus, as lesões fundamentais desenvolvem-se no nível dos neurônios, que
apresentam variado grau de degeneração e necrose, acompanhadas ou não de neuronofagia (Destruição
de neurônios por ação fagocitária), proliferação glial e infiltrados perivasculares e meníngeos, quase
sempre do tipo mononuclear.
Os quadros anatômicos das encefalites nem sempre mostram localização topográfica eletiva.
Nas encefalites japonesa e do vale Murray, as células de Purkinje do cérebro são seriamente
comprometidas.
Com o vírus Rocio as lesões da base do cérebro, especialmente no tálamo, núcleo denteado e núcleos
hipotalâmicos mostraram uma topografia relativamente constante. O espectro de doença produzido é
amplo, variando de febres hemorrágicas (febre amarela) a artralgia, erupção cutânea e encefalite. O
período de incubação oscila entre 5 e 15 dias.
Nas encefalites transmitidas por mosquitos, pode ocorrer uma fase prodrômica, com manifestações
sistêmicas, mas, em geral, o início é repentino, com febre elevada, cefaleia, vômito, confusão mental e
sonolência.
Nos casos mais graves, surgem delírios, convulsões, letargia, coma, com possível evolução para o óbito.
Rigidez de nuca, tremores, nistagmo, espasticidade, fraqueza muscular e paralisias também podem estar
presentes.
Irritabilidade e agitação são mais comuns em crianças, enquanto, nos adultos, predominam a letargia (pode se
alternar com períodos de delírio) e coma..
Encefalite transmitida por carrapatos → curso bifásico. Na primeira fase, que corresponde ao período
virêmico, os sintomas são leves, consistindo em febre, cefaleia moderada e mal-estar que podem durar até
uma semana, sobrevindo, então, um período assintomático de alguns dias de duração. Após isso, instala-
se a segunda fase, com o aparecimento súbito da febre, cefaleia, náuseas, vômitos e dos sintomas e
sinais característicos de meningite ou de encefalite, ou, ainda, de meningoencefalite.
f. Raiva
Mais mortal de todas as doenças infecciosas.
O período de incubação geralmente é de 20 e 60 dias, mas pode variar de alguns dias a vários anos.
Aproximadamente 80% dos casos desenvolve uma forma encefalítica grave, caracterizada por comportamento
incomum, agitação, hidrofobia, delírio e convulsões. A doença geralmente é fatal.
h. Vírus do sarampo
Além de encefalite aguda, o sarampo está associado a pan-encefalite esclerosantesubaguda (PEESA),
forma fatal de encefalite progressiva e indolente, causando morte de 7 a 12 anos após a infecção
inicial. Características clínicas iniciais da PEESA incluem mudanças de personalidade e comportamento,
letargia, queda no desempenho escolar e hiperatividade.
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As manifestações neurológicas mais comuns são afasia, dificuldade para caminhar e movimentos involuntários
(p. ex., tremores, mioclonias e coreoatetose), evoluindo para coma e morte
Diagnóstico
O diagnóstico de encefalite aguda deve ser clínico e epidemiológico, sendo confirmado por meio de exames
complementares com base na análise sorológica e do líquido cefalorraquidiano (LCR) obtido por punção
lombar, associado a exame de neuroimagem.
Os exames gerais, como o hemograma, a velocidade de hemossedimentação (VHS), a proteína C reativa (PCR),
a radiografia de tórax e as hemoculturas, devem fazer parte da investigação inicial para diferenciar uma infecção
viral de uma infecção de outra natureza.
Linfocitose + VHS e proteína C reativa normais são achado frequente nas infecções virais.
Outros exames, como eletroencefalografia (EEG) e biopsia cerebral, devem ser solicitados somente se os
exames anteriores não forem conclusivos.
Líquor: O padrão predominante é inflamatório. O exame pode ser normal em 3 a 5% dos casos de encefalite.
Deve-se realizar um exame do LCS em todos os pacientes com suspeita de encefalite viral, exceto quando
contraindicado pela presença de hipertensão intracraniana grave.
Os pacientes com imunocomprometimento grave secundário à infecção pelo HIV, uso de glicocorticoides ou
outros imunossupressores, ou por quimioterapia ou neoplasias linforreticulares, podem não exibir uma
resposta inflamatória do LCS.
As infecções por certos arbovírus (ex.: vírus da EEL ou vírus da encefalite da Califórnia), caxumba e pelo VCML
(coriomeningite linfocítica) às vezes resultam em contagens celulares > 1.000/μL.
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Podem-se observar linfócitos atípicos no LCS na infecção pelo EBV (Epstein Barr) e, com menor frequência,
em infecções por outros vírus, como o CMV, HSV e enterovírus.
Raros pacientes com encefalite pelo vírus da caxumba, VCML ou HSV em fase avançada e muitos pacientes
com mielorradiculite por CMV têm baixas concentrações de glicose no LCS.
CULTURA DO LCS: utilidade limitada no diagnóstico da encefalite viral aguda. A cultura pode não ser
sensível.
RM, TC e EEG: Tais exames ajudam a identificar ou excluir diagnósticos alternativos e auxiliam na
diferenciação entre os processos encefalíticos focais e os difusos.
Achados focais em um paciente com encefalite sempre devem aventar a possibilidade de encefalite por HSV.
São exemplos de achados focais:
o Áreas de sinal hiperintenso nas regiões frontotemporal, do cíngulo ou insulares do cérebro nas imagens de
RM ponderadas em T2, com FLAIR ou ponderadas em difusão;
o Áreas focais de hipodensidade, efeito de massa e captação de contraste na TC;
o Pontas periódicas focais no lobo temporal sobre uma atividade de base lenta ou de baixa amplitude
(“achatada”) no EEG.
Ocorrem anormalidades do EEG em > 75% dos casos de encefalite herpética comprovados por PCR.
Alguns pacientes com encefalite por HSV têm um padrão distinto do EEG, caracterizado por complexos
estereotipados e periódicos de ondas agudas e lentas, oriundas de um ou ambos os lobos temporais, que se repetem
a intervalos regulares de 2-3 segundos. Os complexos periódicos são observados entre os dias 2 e 15 da doença e
estão presentes em 66% dos casos de encefalite herpética comprovados ao exame patológico.
BIÓPSIA CEREBRAL (padrão ouro): Reservada para aos pacientes cujos testes de PCR no LCS não levam a um
diagnóstico específico, que tenham anormalidades focais na RM e que continuem a mostrar deterioração
clínica progressiva apesar do tratamento com aciclovir e cuidados de apoio.
Tratamento
Tratamento empírico: Não existem terapias específicas para a maioria das infecções virais do SNC.
o Monitorar funções vitais (Respiração, PA);
o Suporte quando necessário;
o Nos estágios iniciais, muitos pacientes necessitam de atendimento na UTI;
o Monitorar a PIC;
o Restrição hídrica;
o Evitar usos de soluções IV hipotônicas;
o Supressão da febre;
o Crises convulsivas – Anticonvulsivantes tradicionais / Também deverá ser considerado o uso profilático se o
paciente estiver grave, deteriorando.
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