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João Vitor de Sousa Toledo RA: 98015493, 2Emanuel Tiso de Araújo Diniz RA:
98015577 UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ
RESUMO
Caracterizada pela inflamação aguda das meninges, na maioria das vezes infecciosa, as
meningites causam febre elevada súbita, cefaleia e rigidez dos músculos cervicais; podendo
levar também a confusão, perda da consciência, êmese, fotofobia e fonofobia. Em crianças
esses sintomas tendem a serem inespecíficos, como irritabilidade, sonolência ou recusa
alimentar; fato importante, tendo em vista que a meningite pode provocar a morte devido a
sua íntima relação com o sistema nervoso central, sendo classificada com uma urgência
médica1,2; além de estar incluída na Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória 3.
O diagnóstico é feito através da histórica clínica associada aos achados laboratoriais. Em
geral é causada por uma infecção viral, bacteriana, fúngica ou parasítica1; mas pode ainda ser
causada por medicamentos4. O tratamento varia de acordo com a etiologia da meningite.
Quando não tratada, a meningite bacteriana é quase sempre fatal; pelo contrário, a meningite
viral tende a resolver-se espontaneamente, e raramente é fatal. Algumas formas de meningite
podem serem prevenidas mediante vacinação1.
INTRODUÇÃO
EPIDEMIOLOGIA
Considerada um problema de saúde pública mundial, sendo uma doença de notificação
obrigatória em muitos países, foi responsável por 236 mil mortes em 2019; sendo 112 mil
mortes em crianças abaixo de 5 anos, 2.2% dos óbitos dessa população5. No Brasil, segundo o
Ministério da Saúde, a taxa de incidência é 1,4 caso/100 mil habitantes/ano, e letalidade de
22,2%3. As meningites virais e bacterianas possuem disparadamente a maior incidência 1,3,5;
sendo a meningite viral, caracterizada por quadros benignos e autolimitados, a mais comum 6.
As meningites podem aumentar sua incidência através de influências climáticas e dispersão
populacional7,8.
ETIOLOGIA
FISIOPATOLOGIA
Na meningite bacteriana as meninges são atingidas por duas vias principais, ora pela corrente
sanguínea, ora por contato direto com o líquido cefalorraquidiano. Através da proliferação na
corrente sanguínea de microorganismos presentes na mucosa, como a cavidade nasal,
ocorrem a maior parte dos casos. Apartir do momento em que as bactérias entram na corrente
sanguínea, é possível que penetrem no espaço subaracnóide, principalmente onde a barreira
hematoencefálica é mais frágil, como no plexo coroide1,5. Cerca de 25% dos casos de
infecções da corrente sanguínea em recém nascidos relacionam-se com meningite, fenômeno
pouco comum em adultos10. Através da contaminação direta, via instrumentos médicos,
fraturas, e infecções da nasofaringe ou seios paranasais que formam conexão com o espaço
subaracnóide, viabiliza-se a segunda principal via de instalação. Defeitos congênitos da dura-
máter devem serem considerados1,6,9.
A inflamação meníngea ocorre devido a resposta do sistema imunitário aos patógenos, com
liberação de citocinas e mediadores de recrutamento imunitário; isso resulta no aumento da
permeabilidade da barreira hematoencefálica, o que pode levar a um edema cerebral
vasogênico. Com a entrada de leucócitos em grandes quantidades, que aumentam o nível
inflamatório, ocorre edema intersticial. Além disso, ocorre vasculite cerebral, levando ao
menor fluxo sanguíneo, causando edema citotóxico. Em conjunto, os edemas específicos
levam a isquemia cerebral, destacando a gravidade da doença1,6,9.
QUADRO CLÍNICO
Caracterizada por rigidez da nuca, febre alta súbita, e cefaléia com alteração do estado
mental, a meningite tem esse sinais de diagnósticos clássicos como fundamento em seu
diagnóstico, denominados em conjunto como meningismo. Entretanto, em média apenas 45%
dos casos, de meningite bacteriana, apresentam simultaneamente esses sinais. Quando
nenhum desses três sinais estão presentes, é altamente improvável tratar-se de uma meningite.
Além disso, a presença de fotofobia e fonofobia podem estarem associados1,6.
A cefaleia é intensa, e está presente em cerca de 90% dos casos de meningite bacteriana. A
rigidez da nuca, presente em 70% dos casos, é uma condição médica provocada pelo espasmo
dos músculos cervicais, levando a dor ou desconforto mecânico do pescoço; muitas vezes é
imperceptível em crianças menores, sendo demonstrada através da irritabilidade. Em bebês
de até 6 meses é possível que as fontanelas apresentem-se abauladas6.
A inflamação das meninges também pode levar prejuízo aos nervos cranianos, explicando
sintomas visuais e a perda da audição, sintomas esses que podem permanecer mesmo após a
cura da meningite9,11.
CLASSIFICAÇÕES
Bacteriana
Viral
Fúngica
Sem dúvidas meningites fúngicas são mais prevalentes em pacientes com comprometimento
do sistema imunitário. Caracterizada pelo gradual aumento dos sintomas, esse tipo de
meningite é frequentemente causada por Cryptococcus neoformans, denominada como
meningite criptocócica. A criptococose aparece quase 80% dos casos em pessoas com
AIDS2,6,14.
Parasítica
Não infecciosa
DIAGNÓSTICO
Durante a punção lombar a pressão do líquido pode ser medida por um manômetro, na
meningite bacteriana a pressão se encontra aumentada, na meningite criptocócica a pressão se
encontra significativamente elevada. Alterações nas características do líquor indicam a
natureza da infecção, turbidez indica aumento de proteínas, leucócitos, hemácias e bactérias,
o que sugere meningite bacteriana. Ressalta-se ainda que, em casos de suspeita de tumor ou
abscesso, ou se a pressão intracraniana estiver elevada, o procedimento é contraindicado,
podendo causar uma hérnia cerebral; recomendando-se a realização de tomografia
computadorizada ou ressonância magnética antes. Nesses casos onde é necessária a
realização de exames de imagem anteriormente, ou ainda em casos onde há dificuldade para
realizar o procedimento, está recomendada a administração de antibióticos prévia visando não
atrasar o tratamento, principalmente quando demora mais de 30 minutos1,2,9.
Análise bioquímica
Testes especializados
TRATAMENTO
Por se tratar de uma emergência médica com alta taxa de mortalidade o tratamento da
meningite é essencial. Se não tratada, é potencialmente fatal, e se prolongado o início do
tratamento, piores serão os prognósticos. O tratamento empírico com antibióticos de largo
espectro é essencial e não deve ser adiado, mesmo caso estejam-se realizando exames
diagnósticos. A administração de Penicilina G é recomendada quando há suspeita de
meningite meningocócica. A terapia intravenosa é útil em casos de hipotensão ou choque
instaurados. Diante de um paciente com suspeita meningite deve ser realizada periodicamente
a avaliação médica, pela possibilidade de causar graves sintomas na fase inicial da doença,
necessitando de cuidados específicos rápidos, como ventilação mecânica em casos de
insuficiência respiratória. Medicações que reduzem a pressão intracraniana são úteis, quando
essa encontra-se aumentada; anticonvulsivantes, shunt cerebral e monitoria dos eletrólitos são
medidas úteis contra possíveis casos de convulsões, hidrocefalia e hiponatremia
respectivamente1,2,9.
Após o tratamento imediato empírico; que tem sua escolha variável de acordo com a
localização geográfica e histórico de resistência antibiótica, além claro da história clínica de
procedimentos médicos, traumas, imunossupressão e idade; os antibióticos podem serem
alterados de acordo com os achados diagnósticos, tratando especificamente o patógeno2,9,16.