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O respeito à diversidade, à inclusão e à


multicultura
Prof. Ricardo Dias de Castro

Descrição

A valorização afirmativa de saberes e experiências de sujeitos e


comunidades historicamente subalternizados e subalternizadas, como
mulheres, indígenas, negros e LGBTQIA+.

Propósito

Contribuir para a eliminação de quaisquer formas de negligência,


discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão por meio da
apreciação dos princípios fundamentais do Código de Ética de
Psicologia no trabalho do profissional psicólogo e do amplo respeito ao
projeto democrático de sociedade.

Objetivos
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Objetivos

Módulo 1

A multiculturalidade étnico-racial
do Brasil

Localizar a multiculturalidade étnico-racial do Brasil.

Módulo 2

A diversidade da sexualidade
humana

Reconhecer a diversidade constituinte da sexualidade humana.

Módulo 3

A produção de subjetividades e
coletividades marginalizadas no
Brasil

Identificar a produção de subjetividades e coletividades


marginalizadas no Brasil.

Módulo 4

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As práticas de valorização à
diversidade da sociedade brasileira

Aplicar saberes e práticas de valorização da diversidade da


sociedade brasileira.

Introdução
A Psicologia tem um forte compromisso com a potencialização da
vida, da dignidade humana e do respeito aos princípios
constitucionais e democráticos. Nesse sentido, espera-se que um
estudante da área compreenda e defenda o respeito e a valorização
da diversidade de estilos, pensamentos, desejos, religiões, corpos,
sexualidades, gêneros e culturas.

Na prática da Psicologia, não tomamos os critérios de certo e


errado, normal e anormal ou moral e imoral das nossas
experiências individuais e familiares. Tampouco consideramos
visões únicas, totalitárias e universais que caibam como uma
“régua” para todos os sujeitos e as sociedades. Desse modo,
devemos garantir que as pessoas exerçam suas diferenças e
singularidades sem que sejam degradadas, desumanizadas ou
exterminadas por isso.

Neste conteúdo, veremos alguns pontos sobre a formação


sociorracial do Brasil, os debates sobre a diversidade de gênero e
sexual, as lógicas de produção da desigualdade e, por fim, os
saberes e as práticas que pretendem combater as violências e as
desigualdades que se institucionalizaram no país. Cabe destacar
que o conteúdo aqui apresentado constitui uma maneira – mas não
a única – de ampliar o debate sobre inclusão e diversidade.

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1 - A multiculturalidade étnico-racial do Brasil


Ao �nal deste módulo, você será capaz de localizar a multiculturalidade
étnico-racial do Brasil.

Formação do Brasil
A história de formação do Brasil é plural e diversa, uma vez que distintos
povos participaram da construção do país. Além de portugueses,
espanhóis, holandeses e franceses, também participaram os povos
indígenas originários, que já habitavam aqui, e os povos negros, que
foram sequestrados da África para servir como escravos e viabilizar o
acúmulo do capital, sobretudo, dos portugueses.

Outros povos, em tempos atuais, também atuam na constituição de


nossa multicultural brasilidade, como alemães, italianos, japoneses e
chineses.

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chineses.

Quando falamos de multiculturalismo, referimo-nos às múltiplas


expressões étnico-raciais, religiosas, culturais, cosmológicas, estéticas,
culinárias e linguísticas, entre outras, que foram possibilitadas a partir
do contato direto entre distintos povos mundiais que terminaram por se
encontrar nesse mesmo espaço chamado Brasil.

Sabemos da necessidade de reconhecer que o Brasil possui uma


formação plural e diversa. No entanto, a multiculturalidade não pode
servir a um discurso que torne invisível a violência promovida nesse
“encontro” – nada amistoso – entre distintas culturas. Com isso, é
importante reforçar que não houve equilíbrio de forças no encontro entre
esses povos.

Ainda que o Brasil faça um uso estratégico, nacional e


internacionalmente, da imagem de um país que vive uma democracia
racial, em que habita uma perfeita igualdade étnica, sabemos que não é
bem assim.

Raça e racismo

Origem da ideia de raça

Segundo Antônio Sérgio Guimarães (1999), a raça deve ser


compreendida como uma categoria de análise social. Dessa forma,
quando a abordamos, não estamos falando de construtos biológicos ou
de raças humanas que separam os distintos povos.

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Como a cultura tem o poder de golpear a natureza, a ideia da


superioridade biológica de alguns povos foi e permanece sendo um
construto sócio-histórico e político das comunidades. Tal ideia tem sido
muito eficaz na manutenção e na reprodução de privilégios materiais e
simbólicos que transformam diferenças entre povos em desigualdades
estruturais.

Ainda que não existam raças humanas biológicas –


assim como a ciência hegemônica do século XIX e XX
quis comprovar –, a ideia social de raça ainda opera,
materializando-se nas relações humanas como
verdade.

Isso ocorre porque critérios fenotípicos foram e são comprovadamente


utilizados para classificar, identificar e orientar nossas ações junto aos
distintos povos.

A ideia de raça, portanto, ainda que não seja cientificamente


comprovada, opera como um discurso ideológico imaginário. Tal
discurso hierarquiza a diversidade humana, tomando traços fenotípicos
como preditores de características psicológicas, morais, intelectuais
que produzem desigualdade entre os distintos povos.

Racismos cientí�co e biológico

Considerando a origem e o uso da ideia de raça, podemos afirmar que o


racismo é:

(...) mais especificamente entendido


como uma construção ideológica,
que começa a se esboçar a partir do
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que começa a se esboçar a partir do


século XVI com a sistematização de
ideias e valores construídos pela
civilização europeia, quando estes
entram em contato com a
diversidade humana nos diferentes
continentes, e se consolida com as
teorias científicas em torno do
conceito de raça no século XIX.

(SCHUCMAN, 2012, p. 33).

As teorias em torno da raça são atualmente chamadas de racismo


científico e racismo biológico. Os termos são sinônimos que apontam
para um campo da ciência dos séculos XIX e XX que se esforçava para
provar que povos não ocidentais e não brancos eram biologicamente
inferiores aos brancos europeus.

Observe que a ciência que hoje usamos para combater o racismo já foi
campo político para a manutenção da exploração colonial.

Ser branco, em um país com histórico colonial e racista como o Brasil,


produz situações de vantagens em relação aos não brancos. Basta você
pensar que a ideia de humanidade e perfeição ocidental foi produzida
pela e para a Europa.

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pela e para a Europa.

Os europeus, com seu saber e poder, ao se encontrarem com a


diversidade do mundo por meio da colonização, em lugar de se juntarem
aos diferentes, subjugaram esses grupos em uma disputa pela
acumulação do capital mundial.

Privilégios materiais e simbólicos

Diferentes pesquisas demonstram que pessoas brancas têm mais


facilidades no acesso às questões materiais, como habitação, hipoteca,
educação, oportunidade de emprego e transferência de riqueza herdada
entre as gerações, entre outras formas de bem-estar social.

Relatórios das desigualdades raciais no Brasil demonstram que há um


abismo entre povos brancos e não brancos no que diz respeito a:

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Os privilégios simbólicos se somam aos materiais. As pessoas


classificadas socialmente como brancas no Brasil são lidas a partir de
atributos e significados positivos ligados à identidade racial à qual
pertencem, como inteligência, beleza, educação, progresso etc. Desse
modo, há uma supervalorização da branquitude em detrimento da
negritude.

Branquitude

Construção falaciosa de superioridade racial que faz com que sujeitos


fenotipicamente brancos adquiram privilégios materiais e simbólicos em
relação às populações não brancas.

Negritude

Laços de solidariedade, afirmatividade e politização das identidades


pessoais, afetivas, estéticas e sociais entre sujeitos negros.

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Schucman (2012), em sua pesquisa, conseguiu averiguar que, mesmo


em situações de fragilidade econômica, o privilégio de sujeitos brancos
opera como um diferenciador humano. Ao conversar com uma pessoa
em situação de rua e perguntar-lhe sobre o que era ser branco, o rapaz,
branco de olhos azuis, diz que, em sua condição, ser branco é conseguir
entrar em um shopping da zona sul (área nobre) do Rio de Janeiro para
realizar suas necessidades fisiológicas.

Já seus amigos negros não passam desapercebidos pela segurança


dos shoppings e são impedidos de circular em espaços que não são
feitos para “esse tipo de gente”.

Mito da democracia racial


A ideia de que fomos e somos palco de uma composição racial e
cultural diversa marca nossas construções desde a invasão dos
portugueses. No entanto, foi durante o Estado Novo – no início da
Segunda República, a partir da década de 1930 – que a “cordialidade”
racial e a estigmatização das pessoas negras e indígenas adquiriram
uma função política e econômica. Como consequência, consolidou-se
uma forma sofisticada e ambígua de se operar com o racismo no Brasil.

A busca por uma identidade nacional, àquela época, produziu uma


questão central: o que nos torna brasileiros? A partir de então, muitos
daqueles que se propuseram a definir uma especificidade nacional
selecionaram a problemática racial encontrada no país, destacando a
particularidade da miscigenação como algo a se pensar na construção
de nossa identidade.

Miscigenação

Mistura ou cruzamento de raças diferentes.

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Criação de uma identidade nacional

No projeto de modernização do Brasil, a passagem de uma economia


agrário-escravista para um modelo industrial-moderno implicou que a
Lei Áurea “libertasse” os pretos escravizados para que eles se
tornassem cidadãos no sistema republicano.

A cidadania dos escravizados libertos evidentemente não foi garantida.


Nesse contexto, o negro teve sua “liberdade” individual, mas não obteve
direitos nem o reconhecimento legítimo da humanidade e cidadania
brasileira.

Em outras palavras, ainda que a “libertação” tivesse


sido conquistada, ela não ocorreu desvinculada de
todas as representações e condições materiais dos
negros naquele momento (SKIDMORE, 2013).

A tentativa de construir uma imagem política razoável como identidade


nacional, agregada ao valor de uma imagem de exportação do Brasil, fez
da mestiçagem a marca da república brasileira. Tal ideia foi utilizada
como a maior marca positiva do Brasil frente a outros povos e nações.

Supostamente, depois de séculos de escravidão e conflitos entre


brancos, negros e indígenas, o Brasil se tornava o representante do
processo de transformação de um quadro de imensa degradação
humana para a convivência pacífica entre os povos – colonizadores e
colonizados.

Isso ocorreu de fato?


O povo brasileiro é um povo que lida bem com as diferenças entre
grupos sociais diversos?
Por que até hoje persiste o conflito entre grileiros e indígenas em
vários territórios brasileiros?

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Racismo à brasileira

A miscigenação brasileira não significou uma construção harmoniosa


entre grupos étnico-raciais distintos. Em vista disso, militantes negros e
intelectuais antirracistas começaram a nomear a ideia da amigabilidade
constitucional do brasileiro como um mito.

O mito da democracia racial aponta para a suposta harmonia perfeita


entre todos os grupos étnicos que vivem no Brasil. Além disso, indica
um princípio de igualdade de direitos, expressão cultural, artística e
religiosa compartilhado entre todos.

Esse mito é operacionalizado como verdade nas práticas sociais e


políticas brasileiras, ocultando algo além do que enuncia. Dessa forma,
exerce uma violência simbólica, material, política e econômica sobre as
populações negras e indígenas brasileiras (GONZALES, 1983).

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A crença em uma sociedade multirracial brasileira –


pautada em princípios culturais falsamente
harmônicos – cria uma atmosfera violenta, que
desresponsabiliza o Estado e a sociedade brasileira
por suas políticas explícitas de branqueamento e
miscigenação compulsória.

Tais práticas marcaram as produções intelectuais e políticas no período


pós-abolição da escravatura e da proclamação da República. Em
tempos atuais, são reatualizadas e praticadas com a sofisticação
comum ao racismo à brasileira (NASCIMENTO, 2016; TADEI, 2002).

A desimplicação com processos de desumanização tem sustentado


historicamente a desqualificação – e, em um ponto mais extremo, o
extermínio – dos saberes indígenas e africanos no Brasil. Tal
desqualificação comumente aparece como um problema comum,
natural e individual, e não como uma produção de hierarquias culturais
forjadas pelo eurocentrismo e brancocentramento institucional do País
(CARONE; BENTO, 2002; QUIJANO, 2005).

É importante valorizar as distintas contribuições de diferentes povos


para a formação nacional brasileira. No entanto, isso jamais poderá ser
feito se for negado o histórico exploratório, escravista e violento que se
deu no encontro da Europa com as experiências afro-latino-indígena-
brasileiras.


O mito da democracia racista
Neste vídeo, o mestre Ricardo Dias de Castro reflete sobre as diversas
concepções de racismo e discute o mito da democracia racista no
mundo e no Brasil.

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mundo e no Brasil.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Por que ainda é relevante, científica e politicamente, o uso da


categoria analítica raça para se pensar os processos da
desigualdade social brasileira?

É preciso defender o uso dessa categoria, porque a


A existência de distintos tipos humanos é um fato
biológico.

É importante o uso dessa categoria, pois, ainda que


B não existam raças humanas de fato, a crença na
superioridade biológica de alguns povos persiste.

É relevante o uso da categoria raça, tendo em vista


C que ela é a única causa das mazelas sociais
brasileiras.

É primordial o uso da categoria raça, já que o


racismo é baseado em uma distinção genética que
D
determina personalidades distintas entre diferentes
povos.

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É imprescindível que se use o termo “raça”, uma vez


E que o racismo se baseia em descobertas científicas
comprovadas dos séculos XIX e XX.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Antônio Sérgio Guimarães defende o uso da categoria de análise


raça pelo fato de ela permanecer sendo a palavra capaz de exprimir
a ideologia do racismo. Isto é, ainda que não haja nenhuma
comprovação científica de que existem distintos tipos humanos,
historicamente as populações acreditaram na ideia de uma
superioridade biológica-moral de europeus em relação aos não
europeus, como indígenas e africanos, por exemplo.

Sobre a formação nacional multirracial brasileira, é correto afirmar


que:

as culturas que participaram da construção do


Brasil – como a europeia, a ameríndia e a afro-
A
brasileira – lidam bem com as suas diferenças
desde os primórdios.

o Brasil tem, em seu “caldeirão cultural”, a esperteza


B dos portugueses, a malandragem dos negros e a
indolência dos indígenas.

o encontro entre os distintos grupos étnico-raciais


C no Brasil é marcado por um cenário de violências e

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C no Brasil é marcado por um cenário de violências e


conflitos acumulados historicamente.

o mito da democracia racial é o nome que se dá aos


D fatos históricos que provam o encontro harmonioso
entre os distintos grupos étnico-raciais no Brasil.

o mito da democracia racial não possui efeitos


E discursivos e práticos na construção da identidade
nacional brasileira.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A formação nacional do Brasil se deu no encontro entre a


exploração, a colonização e a escravidão do povo ameríndio local e
das populações negras sequestradas da África pelo poder europeu-
lusitano. Esses três povos conviveram na construção da
brasilidade. No entanto, esse convívio não se deu de forma
democrática e harmoniosa, uma vez que havia uma lógica de poder
eurocentrado que transformava povos não europeus e não
ocidentais em menos humanos ou não humanos. Tal lógica
justificou, durante muitos anos, o processo de escravização e ainda
hoje opera novas lógicas de desigualdades e desprivilégios entre
brancos, negros e indígenas no Brasil.

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2 - A diversidade da sexualidade humana


Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a diversidade
constituinte da sexualidade humana

Identidades sociais e
diversidade
Sabemos que existe no mundo uma infinidade de corpos, belezas,
religiões, estéticas, desejos, práticas sexuais, gostos, maneiras etc. Por
que então apenas algumas dessas existências têm melhores condições
econômico-trabalhistas de vida e são mais publicamente reconhecidas
como belas e importantes?

A diversidade fala das pluralidades de modos de vida que habitam o


mundo. Não diz respeito somente aos grupos étnico-raciais – brancos,
negros e indígenas –, e sim às diferenças construídas a partir de outros
marcadores sociais, como classe, sexualidade, gênero, sexo e território.

A diversidade é um tema de extrema importância, uma vez que, mesmo


com seu reconhecimento, os preconceitos e as discriminações da
sociedade contemporânea não têm sido amenizados e muito menos
anulados. Ao contrário, as violências e as opressões insistem em tomar
modelos únicos de vida como um padrão de normalidade e
consequentemente patologizam outras formas de experiência.

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Criação de hierarquias

A discussão sobre a diversidade entre as pessoas é importante para que


possamos compreender que o problema não é ser diferente. Tudo se
complica, na verdade, quando hierarquizamos as diferenças entre as
pessoas, colocando as supostamente mais normais de um lado e as
anormais, de outro.

Quando a diferença cria uma hierarquia de valor, produzimos


desigualdades entre existências humanas. Nesse caso, a diversidade é
prejudicada pela busca de um padrão de existência humana única.

O debate sobre a diversidade será fundamental para que possamos


repensar as várias formas de expressar nossas diferenças por meio das
identidades individuais e coletivas (no caso dos movimentos sociais).

Poderíamos falar de várias formas de diversidade: territoriais (periferia


versus centro, favela versus asfalto), econômicas (pobres versus ricos)
ou geopolíticas (Norte global versus Sul global), entre outras. No
entanto, para nossa conversa, elencaremos três identidades que

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apontam para questões da diversidade.

Favela Asfalto

Tais identidades geram bastante confusão no pensamento cotidiano e


na profissão de psicologia: sexo, gênero e orientação sexual. Antes de
continuarmos, no entanto, vamos pensar um pouco sobre o que é
identidade.

O que é identidade?

Identidade é um mecanismo psicossocial que nos iguala a alguns e, ao


mesmo tempo, diferencia-nos de outros. Por exemplo, vejamos a
identidade de ser brasileiro. Quando uma pessoa se anuncia como
brasileira, uma série de expectativas – ainda que não sejam
cristalizadas, únicas e determinantes – a agrupa na existência “ser
brasileira” e a afasta da existência “não ser brasileira”.

Se você é um brasileiro em terras estrangeiras, é possível que, diante de


pessoas que conhecem o básico do Brasil, você possa ser lido como
alguém amigável, que gosta de abraços, gesticula bastante e aprecia
futebol. Ao mesmo tempo, as pessoas podem localizar você fora dos
modos mais formais de alguns povos europeus, que são supertímidos e
conversam com certa distância corporal nos primeiros encontros.

A identidade é, nesse sentido, a articulação da


diferença e da igualdade. Ela não é um traço de
personalidade e, por isso mesmo, está sempre em

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personalidade e, por isso mesmo, está sempre em


movimento.

A identidade é negociada entre o indivíduo e a sociedade, configurando-


se como um processo de metamorfose constante.

Você conhece pessoas que se casaram e tiveram filhos em


relacionamentos heterossexuais e, em certo momento, resolveram
assumir relações homoafetivas?

Você conhece pessoas que não viam muito sentido nas discussões
sobre questões sociais, históricas e políticas relacionadas à negritude,
mas que, depois de um processo de mudança, resolveram assumir seus
cabelos crespos e transformar isso em um ato positivo e afirmativo de
si?

A identidade é movimento. Sempre!

Reivindicação de direitos

A identidade pode ser estrategicamente utilizada para a reivindicação de


direitos comuns a grupos que se sentem insatisfeitos com suas
situações em dada realidade histórica. É o que vemos quando grupos e
comunidades historicamente subalternizadas coletivizam suas
experiências de sofrimento e politizam seus desejos por uma sociedade
mais democrática.

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mais democrática.

Essas identidades coletivas e políticas lutam por um mundo mais justo


e que leve em consideração o processo de humanização das suas
experiências. Tais coletivos – os movimentos sociais – transmutam
dores e tristezas em potências reivindicatórias para a sociedade como
um todo.

É o caso, entre outros, destes movimentos: feminista, negro, LGBTQIA+,


dos trabalhadores rurais e sem teto.

Entenderemos melhor a seguir o que são as identidades de sexo, gênero


e orientação sexual.

Identidade sexual
Vimos que as identidades agregam determinadas experiências e
separam outras, marcando uma espécie “de quem está dentro e quem
está fora” de um grupo.

A identidade referente ao sexo das pessoas é recorrentemente


demandada em formulários, questionários e entrevistas das mais
diversas. O marcador sexo é muitas vezes utilizado para que pesquisas
possam compreender como distintos fenômenos da vida individual,
coletiva, clínica e política acontecem de formas diferentes para distintos

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corpos sexuados.

Podemos afirmar que a taxa de violência contra a mulher, no Brasil,


aumentou durante a pandemia de covid-19 em alguns locais. No
entanto, tal afirmação só é possível porque as políticas públicas que
acessam esses casos diferenciam mulheres de homens.

Nesse sentido, ao falarmos de sexo, precisamos deixar claro que


estamos abordando única e exclusivamente a matriz genital biológica
que nasce com os corpos humanos. Nesse caso, fala-se sobretudo dos
órgãos reprodutivos internos e externos.

Vejamos, portanto, quais são as identidades sexuais caracterizadas pela


matriz genital biológica.

Macho, fêmea e intersex

Desde os tempos modernos, os saberes ocidentais têm considerado


dois sexos como padrão: os machos e as fêmeas. No entanto, há
pessoas que nascem com elementos do corpo de macho e de fêmea –
são os chamados intersex. Antigamente, elas eram chamadas de
hermafroditas. Porém, como esse termo é estigmatizado, ele caiu em
desuso.

É aquele que possui cromossomicamente as marcas que desenvolverão


caracteres, gônadas e genital dos machos, como pênis, próstata,
testículos etc.

É aquele que possui cromossomicamente as marcas que desenvolverão


caracteres, gônadas e genital da fêmea, como seios, útero, vagina e etc.

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Os corpos intersex fogem do binarismo sexual e não se conformam ao


macho ou à fêmea. Em vez disso, eles são marcados pela presença de
caracteres de ambos os sexos. Desse modo, pode haver um corpo que
possua uma cavidade vaginal da qual emerge um pênis, por exemplo.

Sempre houve, ao longo da história, corpos, genitálias e caracteres


sexuais de machos, fêmeas e machos-fêmeas. Sendo assim, quem
disse que matrizes genitais híbridas são patologias ou bizarrices? Quem
disse que, ao nascer, os corpos intersex precisam se conformar a um
corpo macho ou a um fêmea?

Você já parou para pensar que, de acordo com os registros oficiais,


pessoas intersexo podem não ser consideradas cidadãos porque não
conformam a ideia de um corpo humano perfeito? Imagine a confusão
que isso pode gerar no campo do registro civil e jurídico!

Antes de falar sobre a identidade de gênero, é preciso abordar o gênero

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Antes de falar sobre a identidade de gênero, é preciso abordar o gênero


propriamente dito.

Gênero
O gênero é uma categoria de análise sócio-histórica que se recusa a
enxergar as diferenças e as desigualdades entre homens e mulheres
apenas como questões biológicas (SCOTT, 1995). Em outras palavras,
ele é uma “lente de análise” para enxergar as relações sociais e como
elas padronizam, em um contexto histórico e político, os papéis sociais
distintos e desiguais para homens e mulheres.

A categoria do gênero foi historicamente utilizada pela medicina para


diferenciar matriz biológica sexual de outras construções sexuais, como
a identidade de gênero. Desse modo, o conceito dele foi reivindicado
primeiramente pelos saberes psicológicos e psiquiátricos.

O objetivo era distinguir, por um lado, o sexo como natureza


cromossômica-biológica (inata) e, por outro, o gênero como construção
psicossexual resultante de dimensões simbólicas e culturais.

As teóricas e militantes feministas , por sua vez, começaram a fazer uso


dessa categoria para revelar que, se não há um determinismo biológico
nas convenções que separam homens de mulheres, essas lógicas de

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poder podem ser transformadas.

Feministas

O feminismo é uma lente de análise-intervenção que colabora com a crítica


a um mundo desigual e a construção de um que seja marcado por menos
eixos de opressão.

Nesse sentido, todos podemos viver com as nossas existências sem


que elas tenham de ser prescritas por obrigações e convenções que não
nos fazem bem.

Estamos, portanto, produzindo gênero o tempo inteiro. Todos temos de


lidar, mais ou menos e de forma alienada ou crítica, com os padrões em
torno da masculinidade e da feminilidade. Por isso, é comum o uso da
expressão relações de gênero – o gênero se constrói em relação!

Você já imaginou que, se as mulheres fossem


socializadas para estar em espaços públicos de poder
e decisão – como é o espaço da política institucional
–, poderíamos viver um mundo com maiores
contribuições e propostas advindas dos pensamentos
delas?

Se tivéssemos mais mulheres que pensam um mundo a partir de suas


experiências, certas pautas já poderiam ter avançado, como creches
municipais, segurança e iluminação de pavimentos públicos, banheiros
públicos mistos para que mães e pais entrem com seus filhos e filhas,
bem como a descriminalização do aborto.

Se os homens fossem ensinados a brincar de “casinha” e com bonecas-


bebês, veríamos mais deles estabelecendo relações de cuidado e afeto
com seus filhos, além dos cuidados domésticos.

Identidades de gênero
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Identidades de gênero
Vimos que o gênero aponta para as invenções do masculino e do
feminino tendo em vista convenções e prescrições culturais arbitrárias.
Por sua vez, as identidades de gênero mostram como as pessoas vão se
identificando corporalmente por meios simbólicos e materiais a essas
construções. Nesse sentido, temos:

Pessoa identificada com o gênero masculino.

Pessoa identificada com o gênero feminino.

Pessoa que possui identificação com o gênero masculino e o feminino.

Pessoa que duvida do masculino e do feminino como coisas distintas,


opostas e obrigatórias.

Há outro conjunto de termos que também complexifica o debate de


gênero, merecendo, portanto, ser mencionado: cisgênero e transgênero
(SIMAKAWA, 2015).

Transgênero

Durante muito tempo, foi comum o uso do binômio pessoas normais


versus pessoas trans. Quando falamos de pessoas trans, estamos

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abordando o segmento T da sigla LGBTQIA+: lésbicas, gays, bissexuais,


transgêneros, queer, intersex, assexuais e outros.

As pessoas trans são comumente referidas como transexuais, travestis


e transgêneros, havendo uma disputa política entre esses termos.
Infelizmente, não poderemos entrar em tantos detalhes agora.

O que importa é compreender que esses termos se referem aos corpos


que não se conformam aos gêneros que lhe foram atribuídos ao
nascimento, sejam eles marcados por intervenções cirúrgicas ou não.
Nesse sentido, ser trans não está relacionado diretamente ao fato de
retirar ou manter a genitália ou os caracteres secundários indesejados.

As populações trans sempre existiram no mundo. Nesse sentido, como


podemos identificar, na história da sexualidade (BUTLER, 2010;
FOUCAULT, 1985; LAQUEUR, 2001), outro termo que não reproduza a
ideia de que as pessoas trans se desviam de uma construção de gênero
padrão?

Se não há padrão, e sim várias formas de se fazer gênero, qual termo


poderíamos usar para evitar a ideia de normal versus trans (anormal)?
Ou de mulher e homem “de verdade” versus mulher e homem trans?

Um campo do conhecimento conhecido como estudos queer propôs um


caminho. Vejamos.

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Cisgênero e transgênero

Segundo os estudos queer, podemos considerar cisgênero as pessoas


que se identificam com o gênero atribuído ao nascer. Dito de outro
modo, pessoas cis são aquelas cuja experiência do gênero corresponde
ao sexo atribuído no nascimento.

Já as pessoas transgênero são as que não se identificam com o gênero


que lhe foi designado no nascimento. Em outras palavras, pessoas trans
são aquelas cuja experiência do gênero não corresponde ao sexo
atribuído após elas terem nascido.

Uma pessoa trans seria, por exemplo, alguém que, apesar de ser
biologicamente macho, se constrói como gênero feminino. Também
pode ser uma pessoa biologicamente fêmea cuja construção se dê no
campo do gênero masculino.

Se abandonarmos a nomeação normal versus trans, assumiremos que


os corpos podem se organizar das mais diversas formas. Dessa
maneira, podemos nos referir aos corpos das seguintes maneiras:

Queer

Em inglês, queer quer dizer bizarro, estranho. O termo era comumente


utilizado para se referir aos grupos LGBTQIA+ de forma pejorativa. No
entanto, ele passou por uma ressignificação política; hoje em dia, tal termo
possui um campo político e acadêmico de valorização afirmativa da
diversidade sexual.

Corpo nascido com genitália designada masculina e que se identifica,


ao longo da sua vida, com o gênero masculino que lhe foi designado ao
nascer.

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Corpo nascido com genitália designada feminina e que se identifica com


o gênero masculino.

Corpo nascido com genitália designada feminina e que se identifica, ao


longo da sua vida, com o gênero feminino que lhe foi designado ao
nascer.

Corpo nascido com genitália designada masculina e que se identifica


com o gênero feminino.

Observe que, durante muito tempo, a Psicologia fez o uso distintivo


entre as pessoas “normais” e as trans. Quando derrubamos a ideia de
normalidade e padrão de sexualidade, abre-se espaço para que falemos
de distintos grupos e comunidades.

Nesse sentido, o que antes era considerado normal começa a ser


nomeado de outra forma – mais uma forma, salientamos, e não a única.


Evolução histórica dos
modelos de de�nição de sexo
Neste vídeo, o mestre Ricardo Dias de Castro reflete sobre a evolução
dos diversos modelos de definição de sexo e gênero ao longo da
história segundo Butler, apontando o impacto dessas mudanças no
comportamento sexual e na sociedade.

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Identidades de orientação
sexual
A orientação sexual corresponde ao desejo afetivo-sexual que as
pessoas constroem em suas vidas, o qual, aliás, certamente pode variar
ao longo do espaço-tempo. Com isso, qualquer ideia de rigidez no
campo do tesão afetivo-sexual é colocada em xeque.

Utilizamos o termo orientação por entendermos que as pessoas


constroem suas referências para o desejo sexual de forma muito
complexa. Desse modo, não faz sentido se ater à ideia de “opção
sexual”. O desejo e a atração emocional, afetiva e sexual são complexos
demais para caber em chaves esquemáticas, não é mesmo?

Pense em um homem cis que comece a se relacionar afetiva e


sexualmente com outros homens no sistema penitenciário. Ao retomar
sua liberdade, ele retorna à vida afetivo-sexual com sua esposa.

Qual é a identidade afetivo-sexual desse homem? Ele é heterossexual,


homossexual, bissexual ou um gay “no armário”? Pensar sobre isso não
é tão simples, certo?

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No que diz respeito à orientação sexual, podemos apresentar algumas


identidades:


Pessoa que sente desejo por outra do gênero
oposto.


Pessoa que sente desejo por outra do mesmo
gênero (gays e lésbicas).


Pessoa que sente atração afetivo-sexual por
pessoas dos dois gêneros.


Pessoa cujo desejo se estende a mais de um
gênero independentemente da identidade de gênero
e da orientação afetivo-sexual. O prefixo pan
significa todos.

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Pessoa que não tem atração sexual, e sim desejo
de afeto. Diferencia-se de abstinência sexual e
celibato – inclusive do celibato compulsório.

Vejamos que a sigla LGBTQIA+ se refere às identidades de gênero e às


diversas orientações sexuais, apontando para existências diversas de
arranjos entre genitálias, gêneros e desejos. Tais existências não se
resumem ao campo da heterossexualidade cisnormativa historicamente
tomada como padrão de normalidade.

A sigla, ao fazer uso do sinal +, mostra-se aberta a toda uma infinidade


de possibilidades que os seres humanos empreendem para se
relacionarem e terem prazer entre si.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Sobre o gênero, podemos afirmar que:

gênero é uma ideologia de produção de


A sexualidades dissidentes e contrárias à
heterossexualidade.

gênero é o componente biológico da sexualidade


B
humana.

gênero se refere às questões sociais, históricas e


C políticas responsáveis pela produção cultural

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C políticas responsáveis pela produção cultural


apenas do sujeito mulher, e nunca dos homens.

gênero é uma categoria de análise sociopolítica que


se refere a como as desigualdades históricas entre
D
homens e mulheres são tomadas como diferenças
naturais da sociedade.

gênero é uma categoria que aponta para o desejo


E
sexual das pessoas.

Parabéns! A alternativa D está correta.

O termo gênero se refere a um campo de estudos que analisa as


relações sociais estabelecidas entre homens e mulheres. O gênero
é uma forma de enxergar as relações no mundo, sobretudo o modo
como papéis e padrões sociais fazem com que diferenças
aprendidas se tornem desigualdades sociais e políticas por meio do
que seria propriamente masculino em oposição ao feminino.

Podemos afirmar que a identidade de gênero aponta para:

a forma simbólica e material de construção dos


A
corpos.

B a construção da orientação sexual dos sujeitos.

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C a constituição cromossômica genital dos corpos.

um campo de estudos sobre as relações de


D
construção entre o masculino e o feminino.

Uma ideologia de construção de uma sociedade


E
sem heterossexuais.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Se o gênero aponta para as construções simbólicas de masculino e


feminino, a identidade de gênero aponta para como os corpos
sexuados vão se conformar ou não a essas normas, produzindo-se,
então, identidades que vão circular entre o homem, a mulher, o/a
andrógino e os não binários.

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3 - A produção de subjetividades e coletividades


marginalizadas no Brasil
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a produção de
subjetividades e coletividades marginalizadas no Brasil.

Minorias sociais

Percepções de mundo

O conhecimento que temos sobre nós e sobre o mundo à nossa volta é


produzido na relação da linguagem, da cultura, do pensamento e das
experiências. São várias as formas de conhecimento, como o senso
comum, a religião, a ciência e a cultura, entre outros. Desse modo,
também são vários os modos de apreender o ambiente e senti-lo por
meio de uma produção de sentido complexa que nos posiciona no
mundo.

Imagine uma noite muito fria na sua cidade. Como alguém apreende

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esse fenômeno estando dentro de uma casa com cobertas e


aquecedores? Como uma pessoa em situação de rua vivencia esse
momento?

Ambos estão vivendo uma experiência encadeada pelo mesmo fato: o


frio. No entanto, cada um experimenta esse fato a partir de distintas
sensibilidades. Muito possivelmente, a pessoa que está dormindo na rua
viverá uma experiência de terror com quedas vertiginosas de
temperatura. Enquanto alguns amam a experiência do frio debaixo das
cobertas, moradores de rua podem morrer por hipotermia.

Uma chuva muito forte atinge uma cidade. Uma família que mora em um
prédio bem construído, longe de encostas e com bueiros livres, pode até
mesmo agradecer o frescor que virá da umidade. Já uma que vive em
um morro com risco de deslizamento pode viver, no mesmo momento,
uma sensação de pânico e muito provavelmente testemunhar alguma
fatalidade envolvendo vizinhos ou parentes.

O que isso quer dizer?

Todos nós sentimos o mundo a partir de lugares sociais, simbólicos,


econômicos e culturais muito distintos. Dessa forma, há várias leituras e
interpretações sobre os fenômenos da vida.

Quais são as minorias sociais?

Verificamos que o mundo é percebido e interpretado de formas


diferentes pelas pessoas. A partir disso, podemos propor a seguinte
questão:

Quais vozes você tem escutado quando o assunto é desigualdade,


violência e opressão? A voz dos grupos que historicamente se
privilegiam da desigualdade ou a daqueles que sofrem os efeitos
nefastos de se viver em condições subalternas e subcidadãs?

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Certamente, você já ouviu falar no termo “minorias sociais”. Que


grupos são esses?

O termo minoria pode nos levar a um erro muito complicado: o de que


esses grupos são quantitativamente menores se comparados à maior
parte da população. No entanto, isso não é verdade.

Pobres, mulheres e negros, por exemplo, são maioria populacional no


Brasil na comparação com a população financeiramente estável,
masculina e branca. Por que então o uso do termo minorias sociais?

Minoria se refere aos grupos que historicamente são pouco


representados no espaço de decisão coletiva, pública e política do
mundo. Nesse sentido, o uso desse termo indica os grupos cujas vozes
costumam não ser consideradas pelos poderes políticos, pela mídia e
pela maior parte da sociedade.

Ao mesmo tempo, os grupos minoritários têm tentado reinventar outros


mundos possíveis por meio de ação coletiva e movimentos sociais.
Mundos em que suas questões sejam ouvidas, reparadas e pensadas
como condições sem as quais a democracia se veja impossibilitada em
toda a sua potência e radicalidade.

Por que temos tanta dificuldade em observar as demandas das

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mulheres por direitos sexuais e reprodutivos? Por que é sempre


incômodo para o brasileiro comum ouvir que o racismo permanece
operando como uma prática estrutural das relações?

Por que, quando os LGBTQIA+ reivindicam direitos previstos na


Constituição, isso é considerado uma afronta para alguns setores da
sociedade ou uma tentativa de forçar o mundo inteiro a ser e a pensar
como eles?

As minorias sociais nada mais são do que cidadãos comuns que se


organizam coletivamente para lutar por um mundo que faça cumprir o
que já está previsto na Constituição Federal do Brasil (CFB): a de que
todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.

Sabemos que o que está previso na CFB não acontece de fato, não é?

Quais são os mecanismos que anulam o fato de que uma parte da


população tem dificuldade de escutar as vozes das minorias sociais?

Como a sociedade pode


deixar de ter minorias
sociais?
Apontamos que algumas vozes não são ouvidas e consideradas na
construção de nosso mundo. Por que, em um mundo tão diverso, é tão
difícil ou quase impossível considerar aquilo que os sujeitos diferentes
de nós têm a dizer?

Qual é a lógica que permite que moremos em um país cuja maioria seja
de mulheres, pretas e de classes baixas ao mesmo tempo que somos
politicamente representados por uma maioria de homens, brancos e
ricos?

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O problema, a princípio, não é ser governado por homens, brancos e


ricos, e sim o fato de eles governarem um Brasil que leva em
consideração apenas as suas experiências e situações no mundo. Ou
seja, a questão é eles ouvirem única e exclusivamente a si mesmos.

Representatividade

Não seria mais interessante para o Brasil que, junto a esses grupos que
já detêm bastante poder, pudéssemos enxergar, em cargos políticos,
pessoas que se pareçam com nossas mães, avós e vizinhos? Ou com
figuras que encontramos no posto de saúde e na praça de nosso bairro?
Elas, afinal, são pessoas que sabem a dificuldade do cotidiano de uma
trabalhadora comum que precisa pegar quatro ônibus lotados por dia
para ganhar um salário que paga muito mal suas contas.

Por que é tão difícil pensar em uma nação que considere os saberes e
as propostas políticas de mulheres, de favelados, de LGBTQIA+, de
quilombolas, de indígenas e de outras ditas minorias sociais?

Ramón Grosfoguel (2016) descreve dois fenômenos que, juntos, têm


produzido um grande estrago no que diz respeito à diversidade do
mundo. Tais fenômenos impedem que distintas vozes possam
concordar, discordar e disputar projetos de sociedade no campo

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democrático.

Para o autor, houve quatro genocídios e epistemícidios produzidos a


partir de uma lógica eurocêntrica, branco-centrada e patriarcal. Esses
fenômenos produziram um mundo ocidental que tem grande dificuldade
em valorizar as contribuições de representantes de grupos sociais mais
diversos.

Antes de entrarmos em questões mais conceituais, vamos experimentar


alguns exercícios de imaginação. Gaste um minuto em cada um dos
exercícios mentais a seguir:

1. Pense na imagem de um cientista renomado;

2. Pense na imagem do motorista de um ator famoso;

3. Pense na imagem de um empregado doméstico;

4. Pense na imagem de uma figura famosa brasileira muito bonita.

Pensou? Quais eram a raça e o gênero presentes nas imagens que você
imaginou?

Já parou para refletir que existem lógicas que não controlamos, mas
que são capazes de nos fazer pensar em determinadas coisas, e não em
outras? Tais coisas possuem gênero, raça, classe, sexualidade etc.

Nesse momento, é importante que presentemos algumas definições.

Episteme

A episteme pode ser entendida como um sistema de compreensão, uma


cosmologia. Isto é, a forma como uma comunidade lê a si mesma e ao
mundo.

Lembra a conversa inicial sobre as várias formas de apreender o


ambiente e senti-lo por meio de uma produção de sentido complexa que
nos posiciona no mundo? Isso é a episteme!

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Genocídio

Genocídio é o termo que aponta para um extermínio orquestrado e


deliberado de uma comunidade, um grupo, seja ele um coletivo ou um
povo. Exterminar um grupo de pessoas já é, por si só, uma ação violenta
condenável. Lembra o holocausto judeu orquestrado pela nazismo
alemão nos anos 1940?

Você já parou para refletir que todas as lógicas de extermínio, ao


eliminar grupos sociais, nos impedem de acessar as formas de
conhecimento desse grupo?

Voltemos ao Brasil. Quantas vezes você foi ensinado a observar o


mundo, a natureza, a economia, as relações de gênero, a maternidade, a
parentalidade e a sexualidade a partir dos saberes indígenas?

Você não acessou esse conhecimento pelo fato de os indígenas não


pensarem sobre o mundo ou por que nós fomos impedidos de acessar
essa produção intelectual?

Epistemicídio

Epistemicídio é o extermínio da forma de conhecimento de um grupo


social. Vários genocídios e epistemicídios têm impedido que grande
parte do mundo ocidentalizado acesse vivências, saberes e experiências
de povos distintos daqueles que se tornaram os mais poderosos.

O poder desses grupos foi sendo transmitido ao longo do tempo por


meio da manutenção de seus desejos e de suas formas de mundo em
todos os âmbitos da sociedade – na cultura, na mídia, na educação e na
política institucional.

Isso só foi possível, no entanto, por meio de conflitos, colonizações e


explorações. Como consequência, determinados humanos foram
alocados nos lugares do poderosos, enquanto outros foram
considerados menos humanos ou não humanos e, por isso, passíveis de

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considerados menos humanos ou não humanos e, por isso, passíveis de


escravidão e extermínio.

Vamos conhecer alguns desses genocídios e epistemicídios?

Os quatro genocídios e
epistemicídios do mundo
ocidental
Para Ramón Grosfoguel (2016), houve quatro grandes extermínios
populacionais produzidos a partir de uma postura patriarcal e racista
dos homens europeus. Tais extermínios marcaram a produção do
conhecimento, do mundo, da existência, da cultura, da política e da
linguagem de outras esferas da vida.

Esse atravessamento é o que hoje ainda nos faz perceber o mundo a


partir de um lugar e de uma visão muito específica. Ainda assim, essa
perspectiva é vendida como se representasse a visão de todo o planeta.

Sabemos que o mundo é infinitamente maior do que aquilo que alguns


poucos homens europeus pensam sobre ele. Desse modo, por que
permanecemos achando que apenas o que vem dos cientistas brancos,
homens e europeus pode contribuir para a construção do mundo do
conhecimento?

Por que seguimos imaginando um cientista como um


homem branco de jaleco? Da mesma forma, tendemos
a nos surpreender quando vemos chefes de Estado
negros ou mulheres.

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Será que o Brasil não teria a ganhar com as contribuições indígenas no


que diz respeito a uma produção alimentar sustentável e que respeite os
limites da natureza? Esse conhecimento não é válido para a nação
brasileira? Por que permanecemos achando que o conhecimento
indígena é menos conhecimento, pouco desenvolvido ou até
desconhecimento?

Segundo Gosfoguel (2106), a estrutura que valoriza alguns


conhecimentos em detrimentos de outros se estruturou por meio do
genocídio e do epistemicídio contra:

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Extermínio da diversidade

Vários conhecimentos foram exterminados para que a ciência ocidental


europeia dos homens se sustentasse como epistemologia-método
universal de conhecimento.

Como é que, no século XXI, com


tanta diversidade epistêmica
existente no mundo, estamos
ancorados em estruturas
epistêmicas tão provincianas
camufladas de universais?

(GROSFOGUEL, 2016, p. 27)

Com essa contribuição, o que queremos dizer é que o motivo das


dificuldades em ouvir as minorias sociais se deve ao fato de que elas
foram produzidas como tais. Em um mundo ideal, não faria sentido
pensar em povos subalternizados. A sociedade humana, no entanto,
produziu desumanizações em sua disputa por poder econômico e
político.

Repare que, para que o modelo de vida dos homens europeus se


tornasse referência e padrão de humanidade, foi preciso exterminar
saberes e religiões de mulçumanos e judeus, tornando a Igreja Católica

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saberes e religiões de mulçumanos e judeus, tornando a Igreja Católica


hegemônica.

Foi necessário explorar e escravizar povos originários – os indígenas –


em uma tentativa de impedir que suas formas de vida fossem
consideradas legítimas.

Em uma tentativa de continuar acumulando dinheiro e poder, e como


consequência de mudanças na relação da Igreja com os povos
indígenas, foi necessário invadir mais territórios e sequestrar outros
povos para que eles servissem como “burros de carga” para o capital
europeu. Invadiram a África, a saquearam e a destruíram em nome do
poder financeiro e político.

A fim de manter o poder dos homens, mulheres pensadoras foram


chamadas de bruxas e queimadas vivas. Percebem?

Nenhuma estrutura de poder se estabeleceu no mundo


por questões divinas ou aleatórias. Disputas, violências
e processos histórico-políticos construíram o mundo
que habitamos atualmente.

Como a Europa colonizou inúmeros territórios, sua episteme – ou seja,


sua visão de mundo – atravessou grande parte do mundo
ocidentalizado. Dessa forma, chegamos a isto: mulheres são

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dificilmente vistas como intelectuais e figuras políticas, enquanto


negros e indígenas não são considerados grupos importantes para a
construção de um projeto de mundo por uma parcela da população.

Também temos grupos que professam religiões não cristãs ou não


eurorreferenciadas que são vistos como coletivos demoníacos ou
anticristos.

Você consegue pensar em outros exemplos que sejam efeitos desses


genocídios e epistemicídios?

Podemos afirmar que toda minoria social foi inventada, uma vez que
grupos poderosos foram tentando aniquilar outras formas de existência
para sustentar as suas como modelo padrão. Se somos tão diversos,
por que devemos viver a partir de um modelo único de mundo?

Papel do pro�ssional de psicologia

Para ser um bom psicólogo, é preciso entender que subjetividades,


potências, ineficiências e dificuldades podem estar muito relacionadas a
questões coletivas, históricas e políticas, e não apenas a questões e
sintomas individuais.

A Psicologia não pode servir a uma padronização da vida. Todo padrão


é um consenso histórico e, portanto, pode mudar. Desse modo, a
Psicologia deve fomentar e valorizar a pluralidade das existências,
colaborando com o rompimento de todo ciclo desumanizante do mundo
atual.

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atual.

A psicologia precisa resistir à degradação humana. Nesse contexto,


ainda que haja muita violência e muita coisa por fazer, já encontramos
saídas históricas. Houve e ainda há movimentos que pretendem mudar
o mundo rumo a um projeto humanitário, em que todos sejamos
equitativamente humanos sem que precisemos ser iguais.


Os quatro genocídios e
epistemicídios do mundo
ocidental
Neste vídeo, o mestre Ricardo Dias de Castro reflete sobre as diversas
formas de epistemicídio segundo Grosfoguel e destaca o importante
papel do psicólogo para romper com a perpetuação de processos
desumanizantes na sociedade.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

O termo minoria social é melhor definido como:

grupos sociais numericamente inferiores em termos


A
populacionais.

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grupos sociais sem nenhuma capacidade de


B
reivindicar seus direitos.

grupos sociais que possuem muito poder


C
econômico e político.

grupos sociais que gostam de se relacionar


D
exclusivamente com outras minorias.

grupos sociais historicamente marginalizados e


E
com pouca representação em espaços de poder.

Parabéns! A alternativa E está correta.

Minoria se refere a grupos historicamente pouco representados no


espaço de decisão coletiva, pública e política do mundo. Nesse
sentido, o uso do termo “minoria” indica que tais grupos não
costumam ter suas vozes consideradas pelos poderes políticos,
pela mídia e pela maior parte da sociedade. Ao mesmo tempo,
esses grupos minoritários têm tentado reinventar outros mundos
possíveis por meio de ação coletiva e dos movimentos sociais.
Mundos em que suas questões sejam ouvidas, reparadas e
pensadas como condições sem as quais a democracia fica
impossibilitada em toda a sua potência e radicalidade.

Segundo Grosfoguel (2016), podemos definir o epistemicídio como:

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Segundo Grosfoguel (2016), podemos definir o epistemicídio como:

A o assassinato de qualquer pessoa.

o extermínio de formas de saber e conhecimento de


B
um povo.

C a mesma coisa que genocídio.

D a valorização de saberes populares e tradicionais.

a centralidade do conhecimento moderno, europeu,


E
branco e masculino.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Por definição, epistemicídio é a destruição de conhecimentos ligada


à de seres humanos (genocídio).

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4 - As práticas de valorização à diversidade da


sociedade brasileira
Ao �nal deste módulo, você será capaz de aplicar saberes e práticas de
valorização da diversidade da sociedade brasileira.

O que é inclusão?
Em um mundo tão diverso em corpos, gênero, raça, cultura, sexualidade
e etnia, entre outros quesitos, estamos acostumados a ver quase
sempre as mesmas experiências em determinados locais. Por que isso
ocorre? Por que lugares importantes estão cheios de representações de
homens, brancos e heterossexuais, por exemplo?

Qual é a razão de haver poucas pessoas com


deficiência em cargos de direção? Elas são menos
inteligentes? Por que há menos professores negros?
Negros não seriam bons intelectuais?

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A partir desses questionamentos, podemos imaginar o seguinte: o que


separa determinadas experiências de certos lugares não é a falta de
competência das pessoas, e sim de oportunidades, por conta de
preconceito e discriminação.

Sabemos que existem diferenças individuais – méritos, competências,


habilidades, esforços etc. – que nos permitem chegar a alguns lugares e
a outros, não. No entanto, não é curioso que alguns grupos sociais
estejam pouco ou nada presentes em alguns locais – sobretudo, em
lugares de poder?

A inclusão, nesse sentido, é o ato organizado de propor estratégias


administrativas, políticas e econômicas que movimentem organizações,
empresas, instituições, coletivos e a própria sociedade a reconhecer a
ausência de alguns grupos sociais em locais de poder, decisão e
representatividade.

Além do reconhecimento da ausência de alguns grupos sociais, a


inclusão também é um ato deliberado de promover ações e mudanças
que recebam, compreendam e valorizem as demandas desses grupos
historicamente oprimidos.

No entanto, incluir indivíduos e grupos historicamente excluídos de

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No entanto, incluir indivíduos e grupos historicamente excluídos de


lugares importantes – como cargos de gestão em grandes empresas,
vagas no ensino superior e cargos políticos – não deve acontecer sem
uma reflexão sobre esses próprios lugares.

A inclusão não pode apenas trazer pessoas e grupos subalternizados de


qualquer jeito para lógicas administrativas que já não funcionam mais. É
preciso mudar as lógicas de gestão desses lugares e da própria
sociedade!

A discussão sobre a inclusão também deve pautar a alteração de


códigos, vocabulários, pedagogias, valores, culturas, rotinas
administrativas, processos de recrutamento e seleção, entre outros.

O movimento de inclusão para manutenção da diversidade tem de levar


em consideração uma mudança da própria sociedade e dos coletivos
que pretendem democratizar acessos.

Um exemplo de inclusão são as ações afirmativas.

Ações a�rmativas – história e


de�nição
Vejamos o que caracteriza essas ações:

A ação afirmativa pode ser vista


como uma política pública que
prevê o tratamento desigual aos
desiguais, denunciando as falhas na
legislação de orientação
universalista, que se revela

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impotente para resolver problemas


derivados da persistência de
padrões sociais de exclusão e
discriminação ao longo da história.

Em outras palavras, a ação


afirmativa é política que visa à
justiça social pelo meio da
reparação para grupos
persistentemente discriminados e
vítimas de exclusão, proporcionando
vantagens competitivas para
membros de grupos
desprivilegiados em processos de
disputa acirrada por posições
sociais de prestígio.

(FERES; DAFLON, 2015; MOEHLECKE, 2002;


SILVÉRIO, 2002 apud CASTRO, 2017, p. 90-91)

Vamos conhecer agora um tipo de ação afirmativa: as cotas.

Cotas – reserva de vagas

As cotas não são o único exemplo de ações afirmativas, constituindo,


antes disso, mais uma possibilidade. No contexto brasileiro, a reserva de
vagas parece ser a ação afirmativa mais atravessada por tensões e
polêmicas em debates políticos e midiáticos.

O primeiro ponto que devemos colocar em questão é: ainda que estejam


abertas ao crivo da crítica e da mudança, as ações afirmativas e as
cotas não podem ser assuntos tratados como opiniões ou no âmbito do
senso comum. Há um campo de estudo vasto e complexo que, mesmo

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senso comum. Há um campo de estudo vasto e complexo que, mesmo


sob críticas pertinentes a essa política pública, comprova que ela tem
um papel fundamental na garantia da diversidade do mundo em locais
estratégicos da sociedade.

Nessa direção, as ações afirmativas, no Brasil, fazem cumprir princípios


de igualdade e justiça social que são constitucionais.

A reserva de vagas tem sido historicamente utilizada para garantir que


grupos sociais marginalizados – como negros, pobres, LGBTQIA+ e
mulheres – possam ocupar e contribuir com instituições e organizações
no âmbito decisório e de gestão. Hoje em dia, tem sido muito comum o
uso de processos seletivos que selecionem líderes de grupos mais
diversos.

Por mais diversos, entende-se aqueles que historicamente não eram


associados aos lugares de poder e de decisão do mundo privado ou
público.

A ideia não é achar que homens heterossexuais, brancos e cristãos não


possam ter vez no mundo mais. A bem da verdade, eles sempre
tenderam a ter poder. Basta olhar ao redor. Quem são as pessoas mais
ricas, poderosas e bilionárias?

A ideia agora é redistribuir o espaço comum com aqueles que


historicamente não só foram associados à falta de competência, mas
também foram sendo eliminados desses processos por várias
estratégias perversas e preconceituosas.

Essa escolha não é feita mediante pena ou lamento. Ela, na verdade, é


realizada pelo reconhecimento de que trajetórias distintas e diversas
têm muito a somar aos espaços coletivos por garantir uma dinâmica
democrática.

Não esqueça: as pessoas que passam em processos seletivos, com


reserva de vagas, fazem o mesmo processo que aquelas da ampla
concorrência. O mérito permanece sendo um critério de seleção!

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concorrência. O mérito permanece sendo um critério de seleção!

As ações afirmativas partem de um pressuposto: mulheres, negros,


indígenas e LGBTQIA+ têm a colaborar com seus pensamentos, suas
práticas e suas ações sobre o mundo em quaisquer espaços em que
eles estejam.

As ações são afirmativas, e não ressentidas. Não se trata de um desejo


de vingança, e sim de afirmar outras possibilidades de mundo sem que
tenhamos de viver com tanta desigualdade. É por isso que todas as
minorias sociais devem estar em todos os locais ao lado das outras
pessoas que sempre estiveram no poder.

Não podemos falar de igualdade, participação, sucesso,


empreendimento, “todo mundo” e universalidade se ampla parte da
sociedade não se encontra presente na construção desses alicerces. Se
há várias formas de ver, compreender e intervir sobre o mundo, é
primordial que possamos garantir que várias pessoas e coletivos se
sintam representados em suas demandas.

Brasil pós-abolição
A população negra escravizada no Brasil só foi formalmente liberta em
1888. Isso não significa que a sociedade brasileira, dali em diante,
aprendeu a desejar e querer negros em locais que antes eram apenas
para brancos.

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Os negros permaneceram indesejados e associados a


qualquer coisa, menos a uma condição humana
mínima que pudesse ser compartilhada com outros
que já tivessem um status superior.

Em outras palavras, ainda tratando da ideia formal de igualdade, os


negros continuaram em situações de exclusão. Desse modo, eles não
foram incluídos como sociedade civil e mão de obra, além de não serem
indenizados pelos séculos de exploração e maus tratos que receberam
no país.

Em lugar de formar a população negra brasileira para o trabalho livre


pós-abolição, o Estado brasileiro resolveu apoiar a população imigrante
italiana e alemã com recurso público, distribuindo dinheiro e terras.
Esses imigrantes foram convocados para colaborar na miscigenação do
Brasil rumo a um país mais embranquecido fenotípica e culturalmente.

O Estado apoiou explicitamente um povo estrangeiro que chegou em


péssimas condições econômicas para o Brasil. Por que não incluir
nesse apoio o povo brasileiro negro e indígena que o próprio Estado
deixou em situação de desigualdade?

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deixou em situação de desigualdade?

Inclusão como processo


A inclusão deve ser, portanto, um processo dialógico e gradual: mudam-
se as organizações, muda-se a sociedade e mudamos a nós mesmos!
Basta pensar: se o Estado e alguns setores privados se beneficiaram da
desigualdade, que sejam eles mesmos, portanto, os responsáveis por
garantir a inclusão e a diversidade.

É importante reforçar que o processo de inclusão não é um fim em si


mesmo. Trata-se de uma estratégia no combate às desigualdades. Caso
seja avaliado que vivemos em um país democrático, políticas de
inclusão serão desnecessárias. No entanto, enquanto estamos longe de
ser uma nação que vive uma situação de equidade, a inclusão é o
mínimo que podemos fazer para construir um mundo mais justo.

Além de construir estratégias de inclusão, é preciso haver uma lógica


que faça com que os grupos excluídos permaneçam nos locais que lhes
foram hostis ao longo de muito tempo. A inclusão deve garantir que
esses sujeitos permaneçam, persistam e se sintam incluídos em
espaços dispostos a revisar suas lógicas de desigualdade.

Isso pode ser feito por meio de trainees, processos seletivos, debates,
seminários e palestras que sustentem debates históricos, políticos e
estratégicos. É preciso reconhecer, além do discurso, a importância da
democratização de qualquer lugar em que haja pessoas.

Onde existem pessoas, é preciso haver diversidade.

Mercado de trabalho

Há exemplos de várias grandes corporações que fizeram processos

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Há exemplos de várias grandes corporações que fizeram processos


seletivos para cargos estratégicos e centrais com recortes de gênero,
raça e classe. Também existem exemplos de empresas que, além das
datas comemorativas das minorias sociais, sustentam treinamentos e
formações ao longo do ano para toda a empresa. A ideia é mostrar que
a democracia de pessoas faz bem para os valores humanísticos e até
mesmo para os lucros das organizações.

É preciso, no entanto, pensar além do lucro. A humanidade das pessoas


não possui preço algum! Nesse sentido, é importante que as empresas
deem visibilidade, por exemplo, a denúncias historicamente invisíveis
que se tornaram centrais para qualquer senso de democracia nas
organizações.

É necessário um espaço de ouvidoria, de denúncias e de escuta ativa


sobre as violências e as opressões que ocorrem por assédios, sexismos,
racismos e capacitismos, por exemplo. Ao mesmo tempo, as empresas
e as instituições devem estar preparadas para assumir as potências de
sujeitos já muito bem formados que sempre foram barrados de lugares
de poder por lógicas discriminatórias. Também é preciso que as
empresas e as instituições pluralizem e defendam as diferenças e as
divergências de trajetórias, pensamentos, estratégias, saberes e práticas
nos espaços de decisão.

Não é incrível pensar que alguém que herdou milhões da família e um


sujeito favelado, primeiro ingresso no ensino superior de uma família,
possam estar no mesmo espaço discutindo o que é melhor e o mais
rentável para uma empresa?

Não é interessante que homens e mulheres possam decidir juntos sobre


os rumos estratégicos de uma pauta econômica? O espaço democrático
e diverso é complexo e difícil, mas será melhor e mais eficiente do que
ouvir apenas as vozes de alguns.

Papel da Psicologia

A Psicologia – como campo, ciência e profissão –, além da área dos


recursos humanos, precisa combater qualquer perspectiva que

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recursos humanos, precisa combater qualquer perspectiva que


mantenha sujeitos e coletivos em condição de sujeição.

É preciso que, na clínica, na escola, nas empresas, nas políticas


públicas, no esporte e onde mais seja possível, atuemos na direção da
pluralidade da vida humana. Precisamos aprender a dialogar com vozes
plurais e com os movimentos sociais. O que eles têm a nos ensinar?
Podemos e devemos fazer críticas a eles, mas dispensá-los do debate
democrático seria uma perda enorme para a sociedade.

Se, em termos gerais, nosso compromisso é com subjetividades e


sociedades saudáveis, a Psicologia deve garantir que os sujeitos sejam
o que eles quiserem ser e estejam onde eles desejarem estar!


O processo dialógico e
gradual de inclusão no Brasil
Neste vídeo, o mestre Ricardo Dias de Castro reflete sobre importância
do processo de inclusão de forma gradual e dialogada a fim de
promover ações afirmativas e não ressentidas no Brasil, além de
destacar o papel do psicólogo nessa tarefa.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Podemos afirmar que a inclusão tem como objetivo:

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impedir que homens, brancos e heterossexuais


A
ocupem cargos bem remunerados.

reconhecer desigualdades e propor estratégias para


B
combatê-las.

construir ações que valorizem o sofrimento e a dor


C
das minorias sociais.

incluir minorias em instituições sem que se mude as


D
lógicas delas.

E conservar a sociedade do jeito que ela está.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Inclusão é o ato organizado que reconhece desigualdades


históricas e propõe estratégias administrativas, políticas e
econômicas para garantir a mudança das organizações, das
instituições e da própria sociedade na direção de um mundo mais
democrático.

O debate da inclusão e da diversidade por meio da reserva de vagas


tem como objetivo principal:

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impedir que brancos, heterossexuais e cristãos


A
estejam em lugares de poder e decisão.

garantir a entrada de pessoas incompetentes e sem


B
mérito nos espaços de poder e decisão.

possibilitar unicamente o recrutamento e a seleção


C
de grupos minoritários.

construir uma sociedade que leve em consideração


D as experiências de negros em detrimentos de
brancos.

permitir que as organizações e a própria sociedade


E garantam pessoas e trajetórias distintas em
espaços estratégicos.

Parabéns! A alternativa E está correta.

A reserva de vagas (as cotas) são utilizadas historicamente para


garantir que grupos sociais marginalizados, como negros, pobres,
LGBTQIA+ e mulheres, possam ocupar e contribuir com instituições
e organizações no âmbito decisório e de gestão. A ideia não é
impedir que homens, heterossexuais, brancos e cristãos estejam
nesses lugares. O principal objetivo é redistribuir os espaços de
poder entre toda a população, tendo em vista que muitos grupos
não se encontram nesses espaços por uma questão
preconceituosa e discriminatória.

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Considerações �nais
O Brasil é um local radicalmente plural no que diz respeito à sua
formação étnica, racial e cultural. No entanto, em função do preconceito
e da discriminação, essa pluralidade não tem gerado uma sociedade
democraticamente racial.

Ao mesmo tempo, ainda que tenhamos cada vez mais figuras diversas
em todos os locais da nossa vida, permanecemos com uma dificuldade
enorme de valorizar e reconhecer a pluralidade da vida no nível da raça,
da classe, da sexualidade e do gênero, entre outros quesitos. Essa
dificuldade se dá porque as sociedades foram criando sistemas
estruturais de desigualdade, os quais, por sua vez, eliminavam o espaço
da existência de sujeitos considerados fora do padrão da normalidade.

Vimos, no entanto, como tem sido possível, sobretudo no âmbito da


Psicologia, pensar um mundo em que a diferença e a diversidade não
sejam um obstáculo, e sim a nossa potência humana. Isso pode e deve
ser feito por meio de ações e movimentações que congreguem saberes
e fazeres que valorizam a diferença.

A diferença pode ser a nossa maior potência - e não a nossa


degradação como humanidade.


Neste podcast, o mestre Ricardo Dias de Castro refletirá sobre as

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Neste podcast, o mestre Ricardo Dias de Castro refletirá sobre as


diversas formas de preconceito e discriminação observadas no Brasil
atual, apontando a importância do papel do psicólogo para valorizar e
reconhecer a pluralidade de raça, classe, sexualidade e gênero.

Explore +
Veja os seguintes vídeos:

• Documentário A negação do Brasil.

• Curta-metragem Vista minha pele.

• Vídeo História da Psicologia e das relações étnico-raciais,


disponível no YouTube.

• Vídeo Psicologia e relações de gênero e sexualidade, disponível no


YouTube.

• Vídeo Gênero é ciência, do canal NãoEIdeologia UFMG, disponível


no Youtube.

Leia este documento:

• Relações raciais: referências técnicas para a prática da(o)


psicóloga(o). Ele está disponível no site do Centro de Referência
Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop).

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Referências
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Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

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branquitude e branqueamento no Brasil. Vozes Limitada, 2017.

CASTRO, R. D. Nós queremos reitores negros, saca? Trajetórias de


universitários negros de classe média na UFMG. Dissertação (Mestrado
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FOUCAULT, M. História da sexualidade 1: a vontade de saber. São Paulo:


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hoje. v. 2. 1983. p. 223-244.

GROSFOGUEL, R. A estrutura do conhecimento nas universidades


ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/
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GUIMARÃES, A. S. A. Racismo e anti-racismo no Brasil. São Paulo:


Editora 34, 1999.

LAQUEUR, T. Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos a Freud. Rio


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NASCIMENTO, A. O genocídio do negro brasileiro: processo de um


racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva S.A., 2016.

QUIJANO, A. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais.


Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p.
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hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. Tese de

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hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. Tese de


Doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação &


realidade. v. 20. n. 2. 1995.

SIMAKAWA, V. V. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de


gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade
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SKIDMORE, T. E. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento


brasileiro. São Paulo: Paz e Terra, 2013.

TADEI, E. M. A mestiçagem enquanto um dispositivo de poder e a


constituição de nossa identidade nacional. Psicologia: ciência e
profissão. v. 22. 2002. p. 2-13.

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