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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 00ª VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE PARANAVAÍ - PR.

Ação Penal
Proc. nº. 5555.33.2222.5.06.4444
Autor: Ministério Público Estadual
Acusado: Pedro das Quantas

PEDRO DAS QUANTAS ( “Recorrente” ), já devidamente


qualificado nos autos da presente ação penal, vem, com o devido respeito à presença de
Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que ora assina, alicerçado no art. 581, inc.
XV, da Legislação Adjetiva Penal, interpor, tempestivamente (CPP, art. 586, caput), o
presente

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO,

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em razão da decisão que demora às fls. 203/204 do processo em espécie, a qual não
conheceu do recurso de apelação criminal em razão de pretensa intempestividade, onde,
por tais motivos, apresenta as Razões do recurso ora acostadas.

Dessa sorte, com a oitiva do Ministério Público Estadual, requer-se que


Vossa Excelência reavalie a decisão ora combatida, antes da eventual remessa deste
recurso à Instância Superior. (CPP, art. 589, caput) Sucessivamente, espera-se seja o
presente recurso conhecido e admitido, com a consequente remessa do mesmo ao Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

Respeitosamente, pede deferimento.

Curitiba (PR), 00 de setembro de 0000.

Beltrano de tal
Advogado – OAB/PR 112233

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RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Recorrente: Pedro das Quantas


Recorrido: Ministério Público Estadual

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

COLENDA TURMA JULGADORA

PRECLAROS DESEMBARGADORES

1 – SÍNTESE DO PROCESSADO

O Recorrente, por meio do pertinente Recurso de Apelação


Criminal, se insurgiu contra a sentença que dormita às fls. 428/435, a qual julgou procedente
a denúncia aviada pelo Ministério Público e condenou aquele como incurso nas sanções do
art. 180, § 1º c/c art. 288, caput, do Código Penal. Todavia, o aludido recurso não fora
acolhido pelo d. Magistrado processante, tendo em conta, no seu entender, que o mesmo
era intempestivo, o que motivou a interposição do presente.

Urge salientar que o patrono do Recorrente fora intimado dessa


decisão em 33/22/0000, uma sexta-feira. O Recurso de Apelação em comento fora
interposto no último dia do prazo (CPP, art. 586), ou seja, no quinquídio legal (CPP, art.
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593), mais precisamente no dia 22/33/0000. Desse modo, o termo inicial da contagem do
prazo deve ser, à luz do CPP, na segunda-feira.

O Magistrado a quo, todavia, entendeu, com supedâneo no art.


798 do Código de Processo Penal , que o prazo correu em Cartório e esse se iniciou com a
intimação do patrono do Recorrente – sendo o causídico o último a ser intimado --, isso é, na
sexta-feira, tendo, por esse modo, intempestivo o Recurso de Apelação Criminal manejado.

Certamente a decisão em liça merece reparos,


maiormente quando, nesta ocasião, o operoso magistrado não agiu com o costumeiro
certo.
HOC IPSUM EST

2 - NO MÉRITO

Da tempestividade do Recurso de Apelação

Não há que se falar em intempestividade do Recurso de


Apelação, como assim entendeu o Magistrado a quo.

Para melhor compreensão do âmago do presente recurso,


vejamos a essência da decisão guerreada:

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Nos termos do art. 593 do Código de Processo Penal, o prazo para interposição de
recurso de apelação contra sentença condenatória é de 05 (cinco) dias, a partir da
última intimação, seja do acusado ou de seu defensor.

Em processo penal, por disposição expressa do art. 798, § 5º, “a”, do Código de
Processo Penal, os prazos correm da intimação, onde, por conta disto, tenho por
intempestiva a apelação, uma vez que interposta em 22/33/0000.

O Recurso em Sentido Estrito deve ser tido por tempestivo,


uma vez que aviado com início da contagem do prazo a partir do primeiro dia útil, contando-
se da intimação do patrono do Testemunhante.

Em verdade, não se deve confundir a início do prazo com o


início da contagem do prazo, que é, data venia, o equívoco praticado pelo d. Magistrado de
primeiro grau.

A corroborar o exposto acima, insta transcrever as lições de


Ada Pellegrini Grinover:

“ A regra do art. 798 do CPP diz respeito ao início do prazo. Este, no entanto,
não se confunde com o início da contagem do prazo. O ponto inicial do prazo é
aquele em que foi feita a intimação; a contagem, que é outra coisa, obedecerá a
regras diversas. Assim, a teor do art. 798, § 1º, CPP, não se computa, no prazo, o

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dia do começo, mas se conta o do vencimento (regra do início da contagem do
prazo).
(...)
Assim, no caso de intimação na sexta-feira, este dia será o do início do
prazo; mas a contagem do prazo só se iniciará na segunda-feira se for dia útil.
Tratando-se de um prazo de cinco dias, a contagem, iniciada na segunda, vencer-
se-á na sexta-feira. “(GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio
Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos em Processo Penal.
Penal. 7ª Ed.
São Paulo: RT, 2011. Págs. 86-87)

Nesse contexto, urge trazer à baila as respeitáveis ementas


abaixo:

APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. REITERAÇÃO DA INTIMAÇÃO DO


RÉU. RECURSO TEMPESTIVO. CONDENAÇÃO MANTIDA. BENEFÍCIO DO ARTIGO
33, § 4º, DA LEI Nº 11.343/2006 APLICADO PELA METADE. REGIME PRISIONAL
ALTERADO DE OFÍCIO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVA DE DIREITOS. INVIABILIDADE.
1) Reiterada a intimação do réu, do inteiro teor da sentença condenatória, e
tendo o oficial de justiça certificado o desejo de apelar, impõe-se o recebimento
do recurso, por ser próprio e tempestivo, nos termos dos artigos 593 e 798,
ambos do código de processo penal. 2) comprovadas a materialidade e autoria
delitiva pelas provas carreadas aos autos, mormente pelos depoimentos firmes e

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harmônicos dos policiais que efetuaram a prisão e a apreensão da droga, a
condenação é medida impositiva. 3) é viável a aplicação da causa especial de
diminuição da pena, inserta no artigo 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, em razão de
o acusado preencher os requisitos da primariedade, bons antecedentes e por não
integrar organizações criminosas, constituindo o abrandamento punitivo direito
subjetivo do agente que satisfaz as exigências nele elencadas. 4) tendo em vista
que o apelante foi apreendido com relativa quantidade de drogas (maconha e
crack), que tem alto poder destrutivo ao ser humano, aplica-se a redução do
tráfico privilegiado no patamar de um meio (½). 5) em homenagem ao princípio da
proporcionalidade, impõe-se a alteração, de ofício, do regime inicial do
cumprimento da pena do fechado para o aberto. 6) não há que se falar em
substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos, por
ausência dos requisitos do artigo 44 do Código Penal, bem como por não ser
socialmente recomendável, em face da grande quantidade de drogas
apreendidas. Precedentes do Superior Tribunal de justiça. Apelo conhecido e
parcialmente provido. (TJGO; ACr 0332321-66.2011.8.09.0175; Goiânia; Primeira
Câmara Criminal; Rel. Des. Nicomedes Domingos Borges; DJGO 18/03/2014; Pág.
211)

HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO


ESPECIAL. RECLAMO NÃO ADMITIDO NA ORIGEM. INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO
DE INSTRUMENTO NÃO CONHECIDO POR ESTE SODALÍCIO. IMPOSSIBILIDADE.

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RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL PREVISTO NA CARTA MAGNA. NÃO
CONHECIMENTO.
1. Nos termos do inciso III do artigo 105 da Constituição Federal, o Superior
Tribunal de Justiça é competente para julgar, em Recurso Especial, as causas
decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, nas hipóteses
descritas de forma taxativa nas suas alíneas "a", "b" e "c". 2. Com o intuito de
homenagear o sistema criado pelo Poder Constituinte Originário para a
impugnação das decisões judiciais, necessária a racionalização da utilização do
habeas corpus, o qual não deve ser admitido para contestar decisão contra a qual
exista previsão de recurso específico no ordenamento jurídico. 3. Em se tratando
de direito penal, destinado a recuperar as mazelas sociais e tendo como regra a
imposição de sanção privativa de liberdade, o direito de locomoção, sempre e
sempre, estará em discussão, ainda que de forma reflexa. Tal argumento,
entretanto, não pode mais ser utilizado para que todas as matérias que envolvam
a persecutio criminis in judictio até a efetiva prestação jurisdicional sejam trazidas
para dentro do habeas corpus, cujas limitações cognitivas podem significar, até
mesmo, o tratamento inadequado da providência requerida. 4. Tendo em vista
que a impetração aponta como ato coator acórdão proferido por ocasião do
julgamento de recurso em sentido estrito, contra o qual foi interposto Recurso
Especial, que não foi admitido, depara-se com flagrante utilização inadequada da
via eleita, circunstância que impede o seu conhecimento. 5. Como o writ foi
impetrado antes da alteração do entendimento jurisprudencial desta Corte
Superior de Justiça, o alegado constrangimento ilegal será enfrentado para que se

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analise a possibilidade de eventual concessão de habeas corpus de ofício.
ESTUPRO (ARTIGO 213, COMBINADO COM O ARTIGO 224, ALÍNEA "C", E 71,
TODOS DO Código Penal). ALEGADA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO DE
APELAÇÃO DA DEFESA. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO NOVO ADVOGADO DO
ACUSADO. IMPOSSIBILIDADE DE SE CONSIDERAR O PATRONO CIENTIFICADO PELA
SIMPLES JUNTADA DE SUBSTABELECIMENTO NOS AUTOS. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. 1. Não é possível se
considerar o advogado intimado da sentença condenatória a partir da juntada de
procuração ou substabelecimento nos autos, sendo imprescindível a sua ciência
inequívoca do édito repressivo, nos termos do artigo 798, § 5º, do Código de
Processo Penal e da jurisprudência desta Corte Superior de Justiça. 2. No caso dos
autos, não houve a publicação do édito repressivo na imprensa oficial, inexistindo,
por outro lado, documentos que evidenciem que, ao se apresentar como novo
defensor do paciente e requerer vista dos autos, o causídico que passou a
patrociná-lo teve ciência da decisão que julgou o mérito da ação penal, motivo
pelo qual é impossível se considerar intempestiva a apelação por ele apresentada.
3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para anular o
despacho que considerou intempestiva a apelação defensiva, determinando-se o
regular processamento do recurso, expedindo-se alvará de soltura em favor do
paciente, salvo se por outro motivo estiver preso. (STJ; HC 255.544; Proc.
2012/0205053-0; PE; Quinta Turma; Rel. Min. Jorge Mussi; Julg. 09/04/2013; DJE
24/04/2013)

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PENAL. PROCESSO PENAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA. PRAZO PARA A
INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. INTIMAÇÃO PESSOAL.
Apelação criminal intentada contra decisão da turma recursal. Intempestividade
que se declara, em face de preceito legal sobre a matéria, cotejado com a
realidade fática dos autos. Dispõe o art. 798, § 5º, "a", do CPP, que o início da
contagem dos prazos ocorre a partir da intimação inequívoca da sentença ou
despacho. No caso dos autos, o apelante há de ser considerado intimado da
sentença a partir da data da diligência efetivada pelo oficial de justiça, fluindo a
partir do primeiro dia útil seguinte, terça- feira, em razão de a intimação ter se
dado em um sábado e a segunda-feira se tratado de feriado nacional. Desta
forma, acertada a decisão da turma recursal que entendeu ser intempestiva a
apelação interposta fora do prazo de dez dias, conforme dispõe art. 82, § 1º, da
Lei n. 9099/95. (TJRO
(TJRO - APL 0077768-78.2008.8.22.0601; Rel. Juiz Dalmo Antônio
de Castro Bezerra; Julg. 30/03/2012; DJERO 11/04/2012; Pág. 156)

PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO.


INTEMPESTIVIDADE. INTIMAÇÃO PESSOAL DO RÉU E DO DEFENSOR.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONTRA SENTENÇA CONDENATÓRIA.
DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PESSOAL INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
RECURSO INTERPOSTO FORA DO PRAZO. EMBARGOS ACOLHIDOS
PARCIALMENTE SEM ALTERAR O JULGADO EMBARGADO.

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I. O prazo para interposição de apelação, no processo penal é de 5 (cinco) dias
(art. 593, I, do CPP), contados do dia seguinte da intimação (art. 798, § 1º, do
CPP).
II. A intimação da sentença será feita ao réu, pessoalmente, ou a seu defensor por
ele constituído (art. 392, II, do CPP).
III. Todavia, em homenagem ao princípio da ampla defesa, a doutrina e a
jurisprudência têm exigido a intimação pessoal do réu e de seu defensor,
contando-se o prazo recursal a partir do primeiro dia útil subseqüente ao da
última intimação.
lV. Opostos embargos de declaração pelo réu da sentença condenatória, da sua
rejeição pelo juízo a quo não houve intimação pessoal. A intimação se deu apenas
através do órgão oficial de imprensa, até porque, de acordo com a jurisprudência
do STJ, inexiste previsão legal para tanto.
V. Mesmo levando em consideração a publicação da sentença, que rejeitou os
embargos de declaração, a apelação se mostra intempestiva, eis que apresentada
após o transcurso do prazo recursal de 5 (cinco) dias.
VI. Embargos declaratórios parcialmente acolhidos, sem, contudo, alterar a
conclusão do julgado embargado. (TRF
(TRF 1ª R. - ACr 27497-96.2006.4.01.3400; DF;
Terceira Turma; Rel. Juiz Fed. Conv. Murilo Fernandes de Almeida; Julg.
10/10/2011; DJF1 21/10/2011; Pág. 156)

APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. INTERPOSIÇÃO DO RECURSO FORA


DO PRAZO RECURSAL. INTIMAÇÃO PESSOAL DA SENTENÇA CONDENATÓRIA EM

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AUDIÊNCIA. RECURSO NÃO CONHECIDO. HABEAS CORPUS DE OFÍCIO. REGIME
INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA. ANÁLISE DO ART. 33, DO CÓDIGO PENAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS QUE PERMITEM A FIXAÇÃO DO REGIME SEMI-
ABERTO.
1. O prazo para interposição da apelação é de 05 (cinco) dias (art. 593, CPP),
contando-se o prazo recursal a partir do primeiro dia útil seguinte à intimação e
incluindo-se o dia do vencimento (art. 798, CPP), pouco importando a data em
que foi juntado o mandado aos autos (Súmula nº 710, STF). Em consonância com o
entendimento pacificado no pretório Excelso, há indiferença quanto a ordem em
que ocorre a intimação do réu e seu defensor, devendo, apenas, o prazo recursal
começar a partir da intimação do último destes.
2. Se as partes estiverem presentes em audiência que for prolatada a sentença, o
prazo correrá a partir desta.
3. Tendo sido o recurso apresentado após transcorrido o prazo legal, intempestivo
se mostra o apelo.
4. Recurso não conhecido, ante a manifesta intempestividade.
5. A fixação do regime inicial de cumprimento de pena para os condenados por
tráfico de drogas também deve observar o disposto no artigo 33, §§ 2. º e 3. º, c.
C. Art. 59, ambos do Código Penal, de modo que o estabelecimento do regime
inicial fechado deve ser devidamente fundamentado. No caso, apesar do ora
apelante preencher o requisito objetivo para a fixação do regime inicial aberto, no
caso, se faz necessário, com base na análise das circunstâncias judiciais do
acusado (art. 33, § 3º, do CP), as quais são em parte desfavoráveis diante da
conduta grave praticada pelo mesmo, o estabelecimento do regime inicial semi-

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aberto. 6. Habeas corpus concedido de ofício, para tão-somente fixar o regime
semi-aberto para cumprimento inicial da pena. (TJES
(TJES - ACr 48090232082; Primeira
Câmara Criminal; Rel. Des. Sérgio Bizzotto Pessoa de Mendonça; DJES 07/07/2011;
Pág. 155)

Ex positis, exsurge como cristalina a tempestividade do recurso


antes interposto.

4 - EM CONCLUSÃO

Espera-se, pois, o recebimento deste


RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, porquanto tempestivo e
pertinente à hipótese em vertente, onde aguarda-se seja dado
provimento e, por conseguinte, seja determinado o processamento
do Recurso de Apelação em espécie.

Respeitosamente, pede deferimento.

Curitiba (PR), 00 de setembro de 0000.

Fulano(a) de Tal
Advogado(a) OAB (PR) 112233
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