Resumo - Diagnósticos Diferenciais Do Abdome Inferior em Radiologia

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Resumo

Diagnósticos Diferenciais
do Abdome Inferior

Juan Silva Martins


Faculdade Santo Agostinho
Resumo de Diagnósticos Diferencias do Abdome Inferior 2

1. Introdução
No estudo dos diagnósticos diferenciais do abdome inferior em radiologia, serão
abordados os temas referentes ao trato geniturinário, útero e anexos, próstata e aorta.

2. Trato Genitourinário
Nefrolitíase: os cálculos tendem a ser assintomáticos até causarem obstrução,
acarretando sintomas típicos de cólica renal/ureteral. A apresentação clínica é dor
aguda tipo cólica, intensa, geralmente iniciada na região lombar e irradiando para
abdome e região inguinal. Pode haver náuseas, vômitos, hematúria macro ou
microscópica e ainda febre e calafrios.

• TC helicoidal: método mais preciso no diagnóstico e permite a determinação


precisa do tamanho e da localização dos cálculos, além de fornecer diagnósticos
como litíase biliar, pancreatite aguda, apendicite aguda, massas
abdominopélvicas, etc.
• Urografia excretora: tem sido considerada pouco sensível a cálculos pequenos
ou não obstrutivos.
• USG: é um método de boa sensibilidade, inclusive para detecção de cálculos
radiotransparentes e hidronefrose. Os cálculos apresentam-se como focos
hiperecogênicos, brilhantes e com sombra acústica posterior.

USG evidenciando cálculo renal com sombra acústica. Fonte: Mello Junior, 2010.

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Fonte: Radiopaedia, 2019.

Pielonefrite Aguda: termo utilizado para denominar o processo inflamatório


infeccioso renal. É uma doença comum, que acomete o parênquima, o interstício e a
pelve renal. O agente mais comum é a Escherichia coli por via ascendente e o
Staphylococcus aureus por disseminação hematogênica. O quadro clínico é de
lombalgia, fraqueza, mal-estar, calafrios, febre e pode se associar a leucocitose, piúria,
bacteriúria, hematúria e bacteremia.

• TC com contraste iodado IV: é o exame mais recomendado. Os principais achados


são áreas hipoatenuantes mal definidas parenquimatosas, aumento do volume
renal, dilatação pielocalicial, aumento ou redução da densidade do parênquima,
densificação da gordura perirrenal, espessamento da fáscia renal e presença de
abscessos.
• USG: hidronefrose, urolitíase, aumento do volume renal, perda da diferenciação
corticomedular e heterogeneidade do parênquima, lesão focal hipoecogênica e
apagamento da gordura perirrenal.

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Pielonefrite Aguda. Fonte: Mello Junior, 2010.

Fonte: Radiopaedia, 2019.

Carcinoma de Células Renais (CCR): também conhecido como hipernefroma, possui


origem epitelial. Os tipos histológicos mais frequentes são de células claras, papilar,
cromófobo, ducto coletor e medular. A tríade sintomatológica mais comum é
hematúria, dor abdominal ou no flanco e massa palpável.

• USG: lesões primariamente sólidas, com ecogenicidade variável, podendo


apresentar áreas císticas decorrentes de necrose ou hemorragia ou ser
predominantemente císticas.
• TC e RM: geralmente utilizadas para o diagnóstico e estadiamento do CCR,
auxiliando na programação cirúrgica.

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Carcinoma de Células Renais. Fonte: Mello Junior, 2010.

Lesões Císticas Renais: Podem ser únicas ou múltiplas, uni ou bilaterais, e são
geralmente assintomáticas. Raramente evoluem para ruptura, hemorragia, dor,
infecção ou causam hipertensão. O aspecto ecográfico típico do cisto simples é de lesão
arredondada, anecoica, de contornos regulares, paredes finas e conteúdo homogêneo.

• TC: lesões hipodensas, de contornos regulares e sem realce pelo meio de


contraste.

Cistos renais simples. Fonte: Mello Junior, 2010.

Angiomiolipoma Renal: trata-se de um tumor benigno composto de tecido adiposo


maduro, vasos e músculo liso em proporções variáveis. A maioria é assintomática,
porém, quando sintomáticos, causam dor no flanco e hematúria. Podem apresentar-se
isolados ou associados à esclerose tuberosa. É geralmente pequeno, arredondado,
unilateral e assintomático.

• USG: nódulo hiperecogênico, geralmente, pequeno e homogêneo. A presença de


gordura no interior do nódulo fala a favor de angiomiolipoma.
• TC: revela nódulo com conteúdo predominantemente gorduroso.
• RMN: revela nódulo com hipersinal em T1 e supressão de sinal de gordura na
sequência com saturação seletiva de gordura.

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Angiomiolipoma. Fonte: Mello Junior, 2010.

Adenoma de Suprarrenal: é o tumor mais comum da suprarrenal. Pode ser


assintomático ou causar síndrome de Cushing, hiperaldosteronismo e
hiperandrogenismo.

• TC: revela nódulo hipodenso, pequeno, homogêneo, bem delimitado e de


contornos regulares.

Adenoma de Suprarrenal. Fonte: Mello Junior, 2010.

Escroto Agudo: síndrome clínica caracterizada por aumento súbito e doloroso da


bolsa escrotal. A primeira hipótese diagnóstica é de torção de testículo, mas outras
condições devem ser consideradas, como orquiepididimite, trauma escrotal, torção dos
apêndices do testículo ou do epidídimo, hérnia inguinoescrotal, hidrocele, dentre
outras.

• USG com Doppler: considerado o principal exame nessa situação. Os achados


revelam testículo aumentado e hipoecogênico, causado por edema, podendo
tornar-se heterogêneo devido a congestão vascular. A ausência de fluxo no
estudo do Doppler faz o diagnóstico de torção. Na orquiepididimite, a dor é

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subaguda, insidiosa, gradativa, acompanhada de edema e eritema, massa


palpável amolecida, podendo ocorrer febre, disúria e polaciúria. Os achados são
aumento do epidídimo, hipo ou hiperecogênico, espessamento da parede
escrotal e hidrocele.

Leiomioma Uterino: trata-se de tumor benigno do tecido muscular liso, sendo o


tumor mais comum do útero. Pode ser único ou múltiplo, de tamanhos variados.
Macroscopicamente, são delimitados e arredondados, envolvidos por pseudocápsula. A
maioria das pacientes é assintomática, podendo haver menorragia e dismenorreia.

• USG pélvica transvaginal: método mais utilizado no diagnóstico. O aspecto


ecográfico é de nódulo hipoecogênico, localizado no miométrio, podendo ser
heterogêneo e bem delimitado.
• RMN: utilizada na detecção, caracterização e na localização mais precisa dos
miomas, auxiliando o planejamento terapêutico.

Leiomioma. Fonte: Mello Junior, 2010.

Cisto Ovariano: a questão clínica mais importante no diagnóstico do cisto ovariano


é excluir malignidade, sendo comumente diagnosticado em mulheres na pós-
menopausa. Os cistos podem ser funcionais, associados à produção hormonal, ou não
funcionais. Os cistos foliculares são assintomáticos e estão relacionados com a fase do
ciclo, sendo a maioria unilocular, com paredes finas, conteúdo anecoico, homogêneo e,
em geral, pequenos.

• USG: cistos do corpo lúteo se apresentam como cistos de paredes espessadas,


onduladas/irregulares e conteúdo heterogêneo, geralmente, regredindo em 4-6

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semanas. Os cistos tecaluteínicos são decorrentes da hiperestimulação ovariana


e apresentam-se grandes, multiloculados e bilaterais.

Cisto Simples Ovariano. Fonte: Mello Junior, 2010.

Hiperplasia Prostática Benigna (HPB): é a doença urológica mais prevalente em


homens com idade superior a 50 anos. Caracteriza-se pela multiplicação benigna das
células prostáticas. O quadro clínico pode cursar com comprometimento do volume e
da força do jato urinário, interrupção do fluxo, gotejamento terminal, noctúria,
urgência, disúria e sensação de esvaziamento vesical incompleto.

• USG pélvica transabdominal: revela dados sobre o tamanho da próstata e sua


configuração. As alterações vesicais mais comuns são espessamento da parede,
trabeculações e formação de divertículos.

Próstata aumentada. Fonte: Mello Junior, 2010.

Câncer de Próstata: o adenocarcinoma prostático é o segundo tumor em incidência


e mortalidade dentre as neoplasias malignas masculinas. A biópsia prostática guiada por
ultrassonografia transretal é o método de escolha para o diagnóstico histológico.

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• USG: nódulo hipoecoico na zona periférica, podendo apresentar


hipervascularização ao estudo com Doppler.
• TC: útil na detecção de linfonodomegalias e metástases a distância.
• RMN endorretal: utilizada para o estadiamento locorregional da doença.

3. Doenças Vasculares
Aneurisma de Aorta Abdominal (AAA): aneurisma da aorta é definido como
dilatação permanente, localizada, maior que 50% do diâmetro normal esperado.
Geralmente, está associado à presença de HAS, tabagismo e DPOC. O exame físico pode
revelar tumoração pulsátil no abdome. O diagnóstico inicial é geralmente feito pela USG
abdominal, sendo muitas vezes incidental.

• TC: método mais frequentemente utilizado na avaliação dos diâmetros do


aneurisma. Os principais achados na ruptura de aneurisma são borramento
periaórtico, hematoma retroperitoneal e extravasamento de contraste.
• RMN: utilizada para avaliação dos diâmetros do aneurisma.

Aneurisma de aorta abdominal roto. Fonte: Mello Junior, 2010.

Síndrome Aórtica Aguda (SAA): a dissecção aórtica é a mais comum entidade clínica
aguda de aorta. O termo SAA inclui a dissecção aórtica clássica, o hematoma intramural
e a úlcera aterosclerótica penetrante. Dor é o sintoma mais frequente.

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• Angio-TC: é um método frequentemente utilizado, evidenciando flap intimal e


caracterização de duas luzes (luz falsa e verdadeira). Outros achados são
deslocamento medial da camada íntima calcificada, compressão da luz
verdadeira, hematoma parietal e aumento do diâmetro da aorta.

Dissecção aórtica. Fonte: Mello Junior, 2010.

Isquemia Mesentérica Aguda: consiste na ausência ou na diminuição acentuada do


fluxo sanguíneo em determinada parte ou em todo o intestino por comprometimento
arterial, venoso ou da microcirculação. Os sintomas frequentes são dor abdominal
aguda, vômitos, alteração nas características das fezes e distensão abdominal.

• TC: evidencia a vascularização mesentérica arterial e venosa. Os achados são


espessamento parietal de alças intestinais, geralmente circunferencial,
preservando a estratificação das camadas da parede, com aspecto em alvo. O
próprio trombo pode ser visualizado, bem como distensões de alças intestinais,
ausência ou redução do realce parietal intestinal, pneumatose intestinal e gás na
veia porta.

Trombose da Veia Porta: é a causa mais comum de hipertensão portal pré-hepática.


Embora a trombose completa possa cursar com hipertensão portal, tromboses parciais
isoladas, geralmente, não cursam com hipertensão portal.

• USG com Doppler: método útil, demonstrando ausência de fluxo no vaso.


• TC e RMN: transformação cavernomatosa que consiste na presença de vasos
tortuosos na topografia da veia porta.

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Referências Bibliográficas

1. JUNIOR MELLO, C.F. Radiologia Básica. Ed. Revinter. Rio de Janeiro, 2010.
2. Radiopaedia. Disponível em: https://radiopaedia.org/?lang=us. Acesso em: 16 jul.
19.

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