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Lusíadas

Proposição Invocação e Dedicatória


As armas e os Barões E vós, Tágides minhas, pois
assinalados criado
Que da Ocidental praia Tendes em mi um novo
Lusitana engenho ardente,
Por mares nunca de antes Se sempre em verso humilde
navegados celebrado
Passaram ainda além da Foi de mi vosso rio
Taprobana, alegremente,
Em perigos e guerras Dai-me agora um som alto e
esforçados sublimado,
Mais do que prometia a Um estilo grandíloco e
força humana, corrente,
E entre gente remota Por que de vossas águas
edificaram Febo ordene
Novo Reino, que tanto Que não tenham enveja às
sublimaram; de Hipocrene.

E também as memórias Dai-me üa fúria grande e


gloriosas sonorosa,
Daqueles Reis que foram E não de agreste avena ou
Consílio dos Deuses no «Já lhe foi (bem o vistes)
dilatando frauta ruda,
Olimpo
Ouvido tinha aos Fados que concedido,
A viseira do elmo de
A Fé, o Império, e as terras Mas de tuba canora e
Já Inês
viriano largo de Castro Oceano Cum poder
diamanteos horríficos
Traziam-na tão singelo e ao
viciosas belicosa,
navegavam,
Hüa
Passada
Queria gente esta fortíssima
perdoar-lhe tão prosperao de
Rei algozes pequeno, um pouco, mui
Alevantando
De África e de Ásia andaram Que o peito acende e a cor
Asvitória,inquietas
Espanha
benino,
Despedidas de Belém ondas Ante oTomar
seguro, jáao
Rei,dizendo: Mouro
movido a forte
filho,e
devastando, aoQual
gestovaimuda; - «Ó
apartando;
Pelo
Tornado
Movido marporto alto,
Afonso
das a qual
palavrasà Lusitana
que o aPor
piedade; guarnecido
darque seutinha
parecernaus se pôs
EEaqueles
Adamastorjá no que da porínclita
obras quem
Sabe
Dai-me igualeu quantas
canto aos feitos esta
Osterra,
Porém
Mais ventos
sujeitaria
magoam;
Ulisseia, iajá brandamente
por cincodiante Sóisoerammonstro Masdiante
Só o Toda
pera
viagem
Já povo, a terra
com
refrigério
néscio, já da que
falsas
e rega
doce
guerra e o Tejo
valerosas da famosa
respiravam,
ADa Mas
Cumse Índia
lograr
o tudo
pertinaz da quanto
paz
povo com eDóris
tanta
seu De
ferozes ameno.
Júpiter, armado, fortede eos
passados
horrendo,
A vão da lei da Mortee cum
SeTempestade alvoroço nobre emparo
GenteQue tu fazes,
desistindo,
Agora
vossa, que fizerem,
sobre aasMarte
nuvens
Das banha,
glória
Que naus
destino
desejo
Dizendo dali as velas
nossos
nos côncavas
partíramos,
Fados, duro;
Razões,
Desta Poisà contra
morte
cansada
atrevidas,
Hüa noite, tanto jáo
crua
de Dóris Castelhano
o
velhice ao
Mas Se tenho
libertando, neste passo,
novos assi
medos Assi foi;
tanto subiam
porque,
ajuda; que
inchando;
Eprontos
Quanta
(Quecom
(Onde
cortando
quando, novas
desta
o soube
licor
alçado, vitórias
sorte ganhar
o
mistura quis) na
e lhe E
minha, temido
dando
persuade.
Inimiga üa
terão pancada
estando,
perigosos espalharei
Cantando por chegaram
Que prometida,
seAsespalhe
ondas e esta
de se paragem,
Neptuno
cante no
Dadura
Os
Lhe As
venceria
não
brancagraças
branca
maresguerra,
perdoam. areiaa
escuma
Aeu: Deus osdava, ésjáetu?os
mares Sempre
penetrante
Ela,
Que com em tristes
choro alcançou
e piedosas
acabará, favor do
Eis
todaDoutraodisse
mestre,
parte, Cila nunca “Quem
eque d'outrem
olhando
Caríbdis Com
Me
À universo, ventos
aparece
furibundo;
vista delas, logo lheedetormentas
longe o gesto
seO razão
mostravam
fama tinha,
antiga, ou sua da ou Co Céuesereno:
conto
ares
Se Cocaso
Arrancam
asalgado
navegados,
Que passados,esse
anda,
tanto
triste, das
estupendo
me
eespadas
Neptunodino
ajudar o de
o doce vozes,
Sepenoso
falecem desmedidas;
lindo
tão Agora
sublime adover
amaro bastão
preçoparece noque
cabe
sólio
Cobertos,Que
fosse
memória
aço
Tejo) não
fino
Pròsperamente
Corpo, onde
estranha.somente as a
ventos lhe
proas terra
vão puro,
Saídas
Porque Assi
só que
da
meque sempre,
mágoa
deixas, e enfim,
mísera quee com
O apitocerto
Outras
engenho toca:
Sirtes
e arte. me os
tem
acordam,
e baxos Asem Everso.
Da
forças da primeira
branca
deciam
com armada
Tétis,
dantesúnica,
cortando
Que mostrava
Altamente
Os
As que
assoprando, do por
naus
maravilhado!” sepulcrolhe
prestesbom dóiestão;
osperder
tal homens
feitoe ali a
não fama
Opassagem
saüdadeCéu
mesquinha?
despida. e glória.
tremeu,entranhase Apolo, de
despertando,
arenosos, pelejaram, As íntimas do
Que,
Asdesenterra.
marítimas
glória
apregoam.
refreia com tanto
águas temor, Do Teve
torvado,
seu os
Príncipe troféus
e pendentes
filhos, que
Quando
A
Os boca eAcroceráunios
marinheiros
Outros
Cessem üa
do ossábio
noute,
olhos düanegros
estando
Gregoe doutrae do já Porque
E E, Fizer
Como
como de
por
Profundo.doudo
rendidos
vós, ó bem nascida mi
estas te vás,
ondas
corri
lhe ó
de filho
longe,
De buscando
consagradas,
Aconteceu
Contra
Temor que
descuidados
retorcendo Nisa
hüa
nenhum vinha,
da celebra
dama,mísera
o ó inda
e a
peitos
juvenil Um
deixava,
caro, da
insofridas,
abrindo vitória.
pouco a luz perdeu,
banda.
infamados;
Troiano obedecem;
segurançaNoto, Austro, Bóreas,
Que Por
memória.
mesquinha
ENa do quem
carniceiros,
despejo,
dando gado
cortadora um tanto
de trabalho
Próteu
espantoso
proa são
vigiando,eque Que
Acomo mais
fazer
Eu enfiado;
fareioque a
funéreo própria
E,
As No porque
fim de
navegações otantos
vento vinha
casos
grandes OsDapés Lusitanamãosde
OseÁquilo,
braços improviso
pera
queriam
parece
antiga que talque
aquela
liberdade,
cortadas,
QueHüaexprimentava,
Feros
Porque
grande despois
vos
nuvem a
brado, de
amostrais
gente
que ser
os morta
e
marítima
ares efoia morte «Deixo,
a
enterramento
castigo
era magoava,
vida Deuses, atrás a fama
refrescando,
trabalhosos,
fizeram; lhe ataram
E não Arruinar
menos certíssima do
a máquina
Vê Mas que via-se
já livrado,
teve o Indo tão EQue antiga,
disse assi:- os«Ó
Rainha.
Oscavaleiros?
detraquetes
escurece,
Me Porque Marte
respondeu,somos das com
de Ti voz
gáveas Onde
Deste sejas
seja
Mundo; de
mor
corpo, pexesPadre,
eo começo
dano que a oso
Cale-se de Alexandro e de Osesperança
cabelos que raios
Quando asinha,
sojugado
Estão
Sobre
pesada os
pera Deusesseguir-meno
cabeças a toda cujo
Pera o Que co
império
céu
mantimento?» a gente
cristalino de Rómulo
A Ilhanossas
tomar
desempatados,
Trajano e amara,
dos
manda. Amores No perigo
olhos
De carro
escurecem. A noite
aumento belos
ajunta as
negra
da aves
pequenae feia que
se
Olimpo Da
E“Alerta
anunca morte,
luminoso,
lhe que
tirou no mar
Fortuna lhelhe alcançaram,
Tu
LianardoQual
Porém
Se só,
parte.
aparece.
Como este
Aaparelhava
fama
tu,
contra
quem puro
anosso
das Deusa
(disse) Amor,
adalinda moça
pergunta
Cípria,
estai,
trabalho
vitórias
com
que
que que
nãooou na Tudo
alevantando,
A
vida lhe
alumia
A Cristandade;
Bóreas,
«Pões-te
aquilo
beijar,
queda obedece
doparteas
peitodafaces
mais que
e os
desdita
Onde caso
força
pesara: o
Policena,
ordenada governo
crua, está da Com
Vão Qual
Aqui Quando
criaste:
lágrimas,
em
cabelos.
da morte cabelo:
espero com
os
asem -
tomar, Viriato,
olhos
«Ó
exéquias doce
se nae
não
vento
Leonardo,te ofende,
tiveram; crece
soldado bem queria,
Vós, óCos
minha? novo raiostemor que o Pólo
da Maura
humana
Que O
Por vento
Consolaçãoos gente,
vencedor duro,
corações daférvido
extrema Índia
humanos
edaeser Se
piedosos inimiga
esta gente queOritia:
busca
disposto,Pelas
Tão
Era,
Daquela
Mas
Que perapraias
temerosa
antes
eu canto favor
nuvemteu vestidos
ovinha
dos
negra
serviço
peito ossómãe
que
ilustre Assi amado
metodo
celebrando,
disse
Fraqueza
lança, aesposo,
engano,
ardia!
belíssima
é dar ajuda ao
Setanto medonho,
ajuntam
cantado
velha,
soldados
carregada,
“Eu obriga,
sou cavaleiro em consílio
aquele oculto (Osoutro
Sem Guerra
olhos, Romana,
Hemisfério.
porque
não as
quis tanto se
mãos
Amor
Lusitanos,
aparece!”
Manhoso, pretende?
Lusitano, e e De
Oh
EMaravilha
aquelas quem
que
mais potente.em me
nãoque descobriu
sei
fatal da nossajá de
foi nojo
glorioso,
DeComo quantos quem despertou
bebem apor
eágua de Cuja afamaram;
valia e obras
DestePorque
namorado,De
Que
grande
Do
Ahorrendo
quemvárias
pôs
Padre causa
a
Cabo sombra
nos
Neptuno
à
cores molesta
Eterno, ede vêm
corações e Marte morte
Aquiles
várias
um bom “Nãolhe
queestava
suma
como
convertidaAs viver
creias,
Levas-me
idade,
atando
possa,
vingança;
ofero
conte!
Alciónias
umBóreas,avestanto
coração triste
quecanto
Sobre
sua,de
aOh as
Parnaso.
condena,
artes, cousas sonho. futuras dobem Um amaste,
dos Também
duros deixo
ministros aaomemória
A quem grande
A
Não quem
génio
obedeceram.eram medo;
dada,
Amor
ditosos chamais
os não vós
traquetes
aqueles dera outros
queum Dada ao mundo por Deus,maro
Porque
E
Perístera,
que te
livrenão
Que,
Junto
creio is
se
as
tinha? aventurar
crendo
daacabará
boninaster
costa só
nos
bravanisto
braços
Oriente.
Teme agora ooque seja Não que
rigorosos); os obriga
queres que padeçam
só Como Co
E não
tomados,ferro
Bramindo,
Tormentório,
Que
desgosto
puderam
Cesse
se
menos
sempre
tudo
ofora
duro pérfida
dePirro
negro
os
que esforço
a mar
guia sede

Musa de airoso
dano
quem
apanhando;
Queque me oamava,
levantaram,
Solta-mo
todo tiveste e nunca
correrás
mande, amor
mais
Pisando o cristalino Céu A grande nome,
Mas sepultado
inimiga.
aparelha;
aparelhados
longe
Que
longos
Quando nunca
sempre
Entre
antiga brada,
as anos,

canta, a Ptolomeu,
fora
agudas grande
dele
lanças e súbita
mal Em vitupério,
E Essa
despois
De vida
vossa
Abraçado
derredor
constante,
Pera
nos
que
Lembrando-se
levemente.
do mundo da mininos
é Deus
pertinace
me minha
aDeusa, dequando
achei jáe não
cum
seu
dar
fermoso,
Se Seu
Mas
Pera
Como
Pompónio, tão
dizem,
ela, célebre
buscar
se osfero
desse olhos
do
Estrabo, nome
Amor,
em com
mundovão em
que
que ao
novas Como
atentando,
éNão alevantaram
vossa?
confiança:
duro há já tanto tempo que
A glória
procela.
tratado, Africanas por
Que outro valor mais alto trabalhos se partida,
Quepartebranduratemonte
passado
grande; é pranto,
carrega de amoressa alma tão
Vêmsedenegro
ar
nalgum
Plinio pela tua
serena
partes. eporVia
vasoquantos
rochedo.Láctea Que
Como, Um
ordenaste,
tão por
queridos
por umseu capitão,
tinha
caminho e tãoque,
E tinha alcançada,
“Amaina
Morrer,
alevanta. já firmeopassaram
(disse
enquanto mestre
fortesa No
mais Antes,
De
ar lascivos
Que
certo
mesquinha emfuriosas
áspero
as
arreio vossas
mato
beijos enaus
sede
vão
águas lhe
juntamente,
Nem D'água
(Bem
“ÓNasnotório.
fui com do
como
fortes
Potestade esquecimento,
lágrimas
paciente
naus os tristes
(disse) e se
ventos Não
mimosos, peregrino,
duvidoso,
vereis, ouças mais, pois és juiz
Satisfação
grandes
pros[s]uposto
sustiveram de
brados), bem sofridos E dando;
nãoQue convém
Inclinai porcada
espessura
causaram.
nesses um furorano,
brava.
fios
poucoadefirme
ouro
a
Convocados,

mitiga,
mansachegam
sossegados
sublimada:
Aqui toda ovelha) da parte de Vos Fingiu
direito,
Cuja orfindade
esquece na cerva
acomo o espírito
afeição mãe tão
SerAmainadanos,
A com
santa Féanas
(disse),
amores Africana
malamaina
terras costa a Ela,
amante. Se Os é onde
Estando
por
reluzente
majestade verdade
delfins cum
passa,openedo
que
namorados, armeu
efronte
o
Tonante,
ÉOs fortes
Naporque
míseraqueres, Portugueses
mãe postos, áspero que
quee temia, divino.
Razões de quem parece que
Chegada a Portugal e Mas eu que falo, humilde,
Epílogo baxo e rudo,
Até’aqui Portugueses De vós não conhecido nem
concedido sonhado?
Vos é saberdes os futuros Da boca dos pequenos sei,
feitos contudo,
Que, pelo mar que já deixais Que o louvor sai às vezes
sabido, acabado.
Virão fazer barões de fortes Tem me falta na vida
peitos. honesto estudo,
Agora, pois que tendes Com longa experiência
aprendido misturado,
Trabalhos que vos façam ser Nem engenho, que aqui
aceitos vereis presente,
As eternas esposas e Cousas que juntas se acham
fermosas, raramente.
Que coroas vos tecem
gloriosas, Pera servir-vos, braço às
armas feito,
Podeis-vos embarcar, que Pera cantar-vos, mente às
tendes vento Musas dada;
E mar tranquilo, pera a Só me falece ser a vós
pátria amada.” aceito,
Assi lhe disse; e logo De quem virtude deve ser
movimento prezada.
Fazem da Ilha alegre e Se me isto o Céu concede, e
namorada. o vosso peito
Levam refresco e nobre Dina empresa tomar de ser
mantimento; cantada,
Levam a companhia Como a pres[s]aga mente
desejada vaticina
Das Ninfas, que hão-de ter Olhando a vossa inclinação
eternamente, divina,
Por mais tempo que o Sol o
mundo aquente. Ou fazendo que, mais que a
de Medusa,
Assi foram cortando o mar A vista vossa tema o monte
sereno, Atlante,
Com vento sempre manso e Ou rompendo nos campos
nunca irado, de Ampelusa
Até que houveram vista do Os muros de Marrocos e
terreno Trudante,
Em que naceram, sempre A minha já estimada e leda
desejado. Musa
Entraram pela foz do Tejo Fico que em todo o mundo
ameno, de vós cante,
E à sua pátria e Rei temido e De sorte que Alexandro em
amado vós se veja,
O prémio e glória dão por Sem à dita de Aquiles ter
que mandou, enveja.
E com títulos novos se
ilustrou.

No mais, Musa, nô mais, que


a Lira tenho
Destemperada e a voz
enrouquecida,

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