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indice ,: :i

Copyr¡ght @ 2OO4,Ilv,aría Wrrilts Font.s Editoro Uda.'


São Paulo, pora a prcsentc edíção.

, ,. !. e4içao Introdufio xí
PAKÍEf Troietóricr do LíngÜísricc¡ lextúol I
Acompsnh¡mcnto ed¡torlal
H ¿llna G ulrcrócs Bîtt c ncowt 1. AnáIises interfrásticas e gramáticas de texto 3
PæpÀÉþo do orlglut
lvctc Bitìsta dos Santos
gráflc
As gramáticas de texto 5
Revlsóes
Maria Regina Ribcíro Møchado A perspectiva semântica 9
. Marìà Lulza Føre¡
Dinon¿.2onancllî dø Silva :
i P¡oduçÂo grÁ¡¡ca
I
2. A virada pragmática 13
G¿raldo AIt¿s
Pagjlneçåo/Fotolltos
Studlo 3 Dcs¿nvolvlmcnto Edi oilal 3.A virada cognitivista 2l
. A perspectiva sociocognitivo-interacionista 29'.
'

Dadoc tnurnádéiurs 4 Cstatos8ção m Pt¡bf¡eção (cIP)


(Cåmaf.¡ Brás¡tdr¡ do L¡vrq SP' BrâdD
4. Princípios de construção textual do sentido 15
Kæh, Vitlaça
ihtoduç¡o à lingf¡lsüða.l¿xtual: rsjc!ótiâ ê 8Êndés i?ms / Coesão textual 35
Acoesãoseqüencial 39
Ingedorc Grunfcìd Vltlaça. Kocb. - São Paulo : Manins Fonts, '
'20(N. - (Col€ção tcito e linguagem)

Bibliografia.
Coerência 40
rsBN s5-336-20rGt Situacionalidade 40
L Análisc do disuno 2. Lingitfsrícs l. Tfulo. II. Sé¡ic. Infoirrratividade' 4,
Intertéktualidade 42
.- fndlccs pera etÁlo8o s¡stemático¡ lrtenci'onalidade 42
¡.Ling¡t¡r¡*tcxlust 415 Aceitabilidade 42
I

Questionamentos 43
. Todos os díreitos desta ediçöo resemados à
Lívraría Martíns Fontes Editora Ltdø
Rua Consetheira Ramalho, 33O 01325'000 Sõo Paulo SP Brasíl
Tel, (I 1 ) 324L3677 Fax (I I ) 3 105.6867
e -mail : info@marrinsÍontes.com.br fu tp lt www.mar t insfontes -com'br
nao acompanharam a sl3 trajetória
estão ionge de poder
avaliar o que hoie essa dt*Þi{;
.;;ri r" propondo como
de investilação.e a conrribuição
3l¿"j"
dando,em prol de u1n melhor conheårnento
que seu estudo vem
liza aprodição textual ¿o ,"ntião. -*'- de como se rea_

IncrpoRe G. Vnreça KocH


Parte I.
Troietório do Lingüí*icq Texfuol


i!,
ii I
'..:,
.t:

XYI . ilttrodução
Cøpítulo 1 Anólises inferfrósficqs
e grqmóficals de texto

Na sua fase inicial, que vai, aproxim.adamente, desde a


segunda máfãõe-ãa-ãécãda de 6O até meados da década
de 70, a Lingriística Têxtual teve por preocupação básica,
primeiramente, o estudo dos mecanismos interfrásticos que
são parte do sistema gramatical da língua cujo uso garanti-
ria a d.uas ou mais seqüências o estatuto de texto. Entre os
a serem explcadcls, contavam-se a correferên-
cla, a a seleção do artigo (definido/inde-
ordenr das paiavras, a relação tema/tópico - rema/
comentário, a concordância dos tempos verbais, as relações
entre enunciados não ligados por. conectores explícitos, di-
versos fenômenos de ordem prosódica, entre outros. Os es-
tudos seguiam orientações bastante heterogêneas, de cunho
ora estruturalista ou gerativista ora funcionalista.
O texto era êntão conce'bido como rmla "frase comple-
xa", " signo lingüístico primário" ftIartrnann, 19 68), "caäeia
de pronominalÞaçôes inintemrptas" (Harwe g 19 68),. I' se -
qüência coerente de enunciados" (IsenL'erg, 1971), "iadeia
de pressuposições" @ellert, þ7q.
No estudo dastelações que se estabelecem entre enun-
ciados, deu-se primazia às relações referenciai+ particular-
mente a correferência, considerada um dos principais fatores
da coesão textual. E o caso, por exemplo, dã Harweg (7968),

Parte I. 3
segundo o qual são os pronomes
que vão constituir uma
seqüência de frases.em terito.
O termo pronome é aqui toma_ . chão do banheiro,
t1ry.
, pressãcilingüísticaq',,".r"td*i"ãäúáiã"a"'d¿;;Trii;;*r,
uu* ffir"l åï'rli" toda e quaîsuer
acepção ao lado.de u:
te_¡,"a.iiËur.;ä::ïiiffi
.9o
"x_
#iåiî:1:åT"äB*l
out¡a expressão ringüsti.u .ó*à?ä1'iur Como, na construçãq de
O texto é resultaclo,Þ"ft""t",-d" (suurinenîuø. um kxto, o movimento
,ä .*ril,iplo referencia_
mento,,, daía definiçåo de teio"omo
troação- de retomadä
å;;;r;;;äente de re_
acompanhado de
,dades uma sucessão de uni_ outro, o de progressão.
lingüísticas constihÍda meãiante mui tos ìiiå-r"". aubruçaråm _
uma se so bre
concatenaçã.o
p r onomín4l ínint emtp t a ï,ïJ :iff
(e nca a
"
umu" tor) q; ;-rË#" b.l::"*
Assim, nesse momentg o estudo
ciais limitava-ru..9T das relações referen_ porconectorer;:;i5åiiäH*:l*"X;tin:nif
"':å1ções
(anafóricos
ã* få.ursos correferenciais
sgtui pectiva da Escola puncionaliir
tiruæi, a seleção dós ar_
rigos em enuncredos ;;.fg;rîå:*
".rtárori.öõ";;,ä'"nfre
mentos textuais dois ou mais ere_
HAliday C-ff** (1g26)chamavam de admirar, Þortanto. por dianre. Não é
de pressuponente^u^qlue preslupoíto. pà.r.o se mencionavam,
ainda os fenômenos iemissiv"r.,âà.ooferenciais, .qr."Z:;;fr,iru,
prioritariament" no estùdo se concentrassem
ao'¡ iãËur"os de coesão textuar
foras.associîrivas.e indirei;;;;
ä&, rexbual e ourros as aná- (a propried ade
d7::!;; h;;;;";;;;Ø, aquat,paia
que certa forma, englobava eres, de
" .î"t%n"ì
hoje- cons ii ruem ar gun;
ãÇ;ñ;ä au
Lingüística Textuañ go"tuãðäìärä obje ros de esrudo'da
atemães, como Isen _
ten dida com o niuru
pr;;,i"a;ää:ï"ï:ä, il:i:Tåï
berg (1"968) e varer
ttgié),'¡í
de tipo associativo, em exemplos
äi;;"referência às anáforas
como: As gromóticqs de texto
(t) Ontem houve um casarnen
to.Ana.
ttutë^ttsãYã um longoves- Ainda nessa
tido br"";;. Gr;üäi;äj'^ tir daffiäE-ffim$ggg&ggseJ; da Lingüísrica TþxtuaL
apar_
ãirTpr"r*unte a unidade
'l'ag'o me escorria pero corpo lingüística mais ålt+ rup"ri",
:? ioÍl:
(3) Era um
i:"'""*ï;Si lrlitäça, surgiu, parri cular_
belo porräaao. á igreja ficavanuma
1979) - o colina. (Vater,
Ë,j,i:'ä::äï"',?r"åI:"î,',iri'*::11gTáã¡îþ';îå.
Pouco se levava em conta,
:*_n: :"* # su-aü;;ä;
cr€ver categorias ff#ii#-r,Täå;ål:
e regras d" ;;ñação
também, a possibilidade de (texto) em L (determi* d¿ entidade T
retomada anafórica de porçoeá
extensão, como acontece
i;tu;i, de maior ou menor gramáüca dotexto
tür Äi"r"fu, básicas de uma
*"iir freqüência . seri"* ur 8"!1.iniJ:
"i,* ------ ""* (isto, quando
uso de demonstrativos, geralil;þ;;tros do
isso. aqui-
lo, o), conforme os exeniplor, a) verificar t oå{.1_"ll
gue.um texro seja um
ou s eja, determinarc u.rr^ texto,
priråiros d e constituicã o.
(4) Naquele *n recebeu um telegrama, comunicando_lhe á".ei;;eía i"ä'eç1.
:l:. que
a volta da noiva, se achava n"o exterior. Isso :ïï Jît''
;;i; À; ;;'åìäi'
-v çv¡ rqr-
(t)
Ihe o ânimo abaüdo.
discussão que reve com a
renovou_
Ð iüäi är'r:t"ïÏfi 'å"îmlidade;' já
fi::t::f que
oe casa para espairecer. Ao voltar, mulher, Jorge saiu
encontrou_a caída no..
. a completude
c) diferenciar
é uma de suás."*"f3j"-^t:oot
essenciais;
.
as várias espécies
au råTj|tus

4 o parte I

ParteI. 5
Passou-se a postular a existência de uma competência truturalista, define o texto como uma seqüência linear de
textuai à semelhançà da competência lingiística chomsþa- lexemãs e morfemas que se condicionam reciprocamefite e
na¡ visto que todo falante de uma l'íngua tem a capacidade que, também reciprocamente, constituem o contexto. Isto
de'distinguir um texto coerente de um aglornerado incoe- é, o texto é uma "estrutura detèrminativa", onde tudo está
rente de énunciados, competência que é também especifi- necessariarnente interligado. Assim sendo, para ele, toda lin-
camente lingrfstica em sentido amplo: qualquerfalante é ca- güística é necessariamente lingüística de texto.
paz de parafrasear, dë resumir um texto, de perceber se está Em19E2, após longos anos de pesquisa, veio à luz sua
completo ou incompleto, de atribuir-lhe um título, ou de Gramátlfp tstual de língua francesa (Tdtgrammatik der fran-
produzir um texto a partir dç'um título dador zösischè,fiSyache), e, em L993, a Çramótíca tactual da língua
' Abandonava-se, assim,,o método ascendente dafra- alemã (Tfugrammatik der Deutschm Sprache), nas quais o au-
- tor coniretiza a idéia acalentada havia tantos anos de ela-
se para o texto. É a p'artir da unidade hierarquicamente mais
alta = o texto - que se pretende chegar, por meio da segmen- borar grãi*áti.ut textuaís. Cabe lembrar que seus estudos
tação, às unidades menoresr para, então, classificá-las. Con- sobre os tempos verbais tiveram giände aceitação e são, até
tudo, tem-se claro que a segmentação e a classifícação só hoje, de grande valia para a compreensão do funcionamen-
poderão ser realizadas, desde que não se perca a fuirção tex" to dos textos (cf Koch, 7984,1989,1.992).
tual dos elementos individuais, tendo em vista que o texto O modeio de Janos Petöfi consta de uma base textuai,
não pode ser. definido simplesmente como uma seqüência que consiste em urna representação semântica indetermi-
de cadeias significativas: O texto é considerado o signo lin- nada com'respeito àc manifestäções lineares do texto,.as quais
güístico prinìário, atribuindo-se aos seus componêntes o são determinadas pela parte. transformacional. Segundo
estaruto de signos parciais (F{artmann, 7965). ele, este modelo torna possível: a) a análise de textos, isto é,
Dentro desta perspectiv.a portanto, o texto, visto como a atribuição a rüna manifestação linear, de todas as bases
a unidade lingüística hierarquicarhente mais elevada cons- textuais possíveis; b) a síntese de textos, ou seja, a geração de
titui uma entidade do sibtema lingüístico, cujas estruturas todas as bases textuais possíveis; c) a comparação de textos.
possíveis em cada língua devem ser determinadas pelas re' De suma relevância no modelo é o léxico, com suas reþre-
gras de uma gramática textual. Exemplos destas gramáticas sentações semânticas intensionais.
são as postuiadas por Weinäch (1964, 19.71,, 1976), Petöfi Fara Petöfi, contudo, a gramática texlual deveria cons-
(1.973) e van Dijk (197'). tituir apenas um dos componentes de sua teoria do texto,
Harald Weinrich, estruturalista, teve sempre em mira a que previa também um componente contextual, formado
construção dè uma gramática textual. Efn seus trabalhos pre- por um subcomp'onente semântico-extensional, responsá-
coniza a construçãõ de uma macrossintaxe do discurso, com vel pelainte¡pretação semântica, e um subcomponente prag-
base no tratamento textual dg categorias gramaticais como, mático, reiativo às questões de produção/recepção de textos.
por exemplq os artigoE os temPos verbais, certos advérbios,. Essa teoria, desenvolvida a partir de1973 e a que denomina
aos quais dedicou grande parte de seus estudos (1964,1969, TeSWeST (fextstrukturWeltstrukur), ou sej+ da Estrutura
1976). Postula como métbdo heurístico e d¿ 1'partitura tex- do Texto/Estrutura do Mundo, está centrada na relação en-
tual", que consiste em unir a análise por tipo de palaw4s.e tre a estrutura de um texto e as interpretações extensionais
a estr.utura sintática do texto num só modelo, como se se (em termos de mundos possíveis) do mundo (ou complexo
tratasse de "qma partiturä mr.lsical a duas vozes" , Como es- dè mundos) que é textr:alizada em urn texto.

g t parte I parte Ic7


Têun van Däk.(lg7L),
eüê¿ tendo sido um dos pionei_
Lingriísticá r""rui, tË*-"*ääì"t¿¡u Seu modelo de gramática
1os .da exrremamen- ----!E textual
sv^r\ apresenta t¡ês carac.
te rica denrro dos esrudo, ao
t.*iJd;ä;;, terísticas principais: "
remos mais adianter-dedicou_ru, àâ"f;rriå;ä_
c_o-nstrução de gramátieas
tu*U?*, nesse período, à
textuais, levantando a favor f.insere-se no quadro teórico gerativo;
tas os argumentos seguintes: des_
2. utiliza e1n Sràndu ur.Ju iinstrumentai
r9 meiodotógão da lóst.áiJrr-"L teórico e
Cabe à teoria lingüística em geral
1..
e às gramáticas
.
r. Þuqca tntegrar a gramática dr
texfuais em oarticriar dar
linetiísti- '
ti ca do tui", ö'.åå:ä:'åf;n g;nÍ_
"ont"'au "rtrutura
ca de enunciäa9g completos,lrioË
t"m¡ém deãnun-
s¡rqr- '';,-"*;ä;;
render a gramárica da frasá'(àtenaäa s-gr"il;ö
_ ciados constituído, au,uqqên.i"Jã"-rrã*r. =" como faziammuitos autorêì
da éñ;;:;î;
2. ExisJem propriedad", g;ñ;il;
i¿* ao ümite das gramárica rextual tem. L"
sentenças, por exemplo, as relações
semânticas en_
f"ir*àiå óriräipåiårËää"*
as estruturas profundårà-qu"
tre elas. r-- denomina macroes_
3. O estudo do texto/disçys.o
truturas texfuais.
permite chegar a genera_
iizações sobre as. ptopried"åu, Iàra ele, é a
e de seqüênciås aã frases.-- -- r
åå-p.noclos compos_
.4. los
Uertas propriedades lingi,iísticas
coerênciaá;',;-,i.1:':"".ffiiå#,i:iXåär"¿Ti,îlli
Tlata-se da esrrurura
fazem
dades iupia_sent"""iuiã, .ã*ã,'fr, parte de uni_
lo, frag_ do texro, sue define "uU¡u.ã"lu äîr*"
ou ,,forma l6g7ea,,
mentos de texto, parâgrafos,,ui,íê.,.rur, då texto como um rodo.
-"""ryn
bem como Já a microeskutura é l1Ëiril;iã"
est r.rt.rra..,purfi.iul do texþ
a macroest¡rrfu ra textuai consti_
hida por um n_tuplo "
5. O relacionamento
g.ntregramáti_ca e pragmática pres_ gramática textual "rd";;d"ä;i;", subseqüentes.
t"ti;;;;;r? Uma
supõe uma descrição gramati.¿
de frases, como d; p;.oriJ;årît
t"r,ioi.";õêffi; Þ:îl-."r"*tuàìrliåänour.u* argorirrno que
gera infiniras eshùrurar
air"*ro
H l?9"1p.* gq cóntá ae fenOmJnos como acorno reta_
_ _ç?o entre atos de fala e macroatos ¿ã f¿a. A perspectivo semôntics
7.Um1gramárica rexh¡al fñ;;;;à bur" mais ade_.
q*u.r'rm relacionamà"to *r,iJr¡rtemárico com Além de van
ï:9"
outras teorias sue se ocupam do que se dedicaram à construção
e quase todos os esrudiosos
PIL*-'.{
discurs.; ¿;;;-; aä äãmatÍcas rextuais
,
qstitísric a, a retôrica,;
^ Uma gramática a"_*$ ;;ãü;'#räutras. quais não poderia t:lr::*i"",iãfiuir.
r"*anrico,
- às
8" em geral, nas gramáUorc po, repre_
tiq gar.3 a etaboração a" "f"r"¿. ;;iÀor base linsriís_
*oãu*;;ä;"äà#iåä: 1:l_rudo,.
'macroestrutuþ"p'oru"åã'':,f;;;åii,l5J?iiiåilff tå:
volvimèn to, oro dução e compre epoca derarn às suas
7..Uma graq-ìáåca teitual f.;il;;äor g"ä;:
enr:ã" ã"1-i"
como foi o caso d"
purqrié", ,r*å-ärientação semântica
'estudo do'iexro u a" þase para o
ser ('1923,197g) ?f:Ërìry:T;?;;,Brinker
eViehweger egi.6, tíi tl,entre
(tgzs);r<iu,_
"or,rrårrãiaä'ãä
ciais interacionais e instituciãä;
Ë;
conrexros so_
como para o
. Assim, são diversor.í*täi"îq,iá*ru* de ourros.
dos ripos d" di;.*;ä'írã, fenômenos
llao
entre culturas.
a" ünguagem
;:i'#:'å;:il,l"11"_" d ; *r
'"t-;Ëäsl a s rer a

erc.,e/oudennem"n3:iffi",¿tff,1å,x.."å*rui:xliÏ
çõ; ; ; il:
g c parte I

parte I c9
ciados (senberg 7970), cadeia de pressuposições @ellert, nominal - papéis (roleÐ e Personagens da ação (dramatis
7970).Todavía, a coerência de que falam, embora comece a personae)
'profundos,-,-pata cuja descrição recorre aos casos semânticos
diferenciar-se da coesão, é ainda apenas a coerência sintáti- ial como formulados por Fillmore (1968), bem
co-semântica. Charolles (1978), por exemplo, apresenta qua- iomo elementos do campo verbal, como modo, tempo e
tro condições ou macrorregras de coerência textual, a saber: aspecto, retomando, para tanto, a distinção- feita por W.y;
rich entre "mundo iomentado" e "mundo narrado"'(cf.
Koch, 1984; 1989, 1992).
1. repetição - para que um texto possa ser conbiderado, Tainbém Brinker (797 3), Rieser (i97 3, 197 8) e Viehwe-
çoerente, ele dêve conter, em seu desenvolvimento
linear, elementos de recorrência estrita; ger (1976,1977) posltia\¡arn que na superffcie texh¡alaPelas
2. progressão - para ser coerente, deve haver no texto þoderia ser encónkada partè do sentido de um texto, riiäs
uma contribuição semântica perrnanentemente reno- n*.u a totalidade de srlas informações semânticas, já qye
para isto é indispensável reportar-se à sua estrutura semân'
vada, pelo contínuo acréscimo de novos conteúdos;
iica de base; ou-seja, que as estruturas de suPerfície consti-
3. não-contradição - para que um texto seja coerente, é
tuem formas de atilalização derivadas de estruturas semân-
preciso que, no seu de'senvolvirnento, não'se introdu-
: ia nenhum elemento semântico que contradiga um ticas profundas. Baseados nessa convicção, esses autores
conteúdo posto ou pressuposto por uma ocoriência afirmåm que os articuladores de natureza sintática funcio-
antèriór, ou dedutível dela por inferêniia; nam apenas como marcas suþlementares, facultativas, que
atuam como facilitadoras da compreensã.o para o interlocutor-
4. relação _', um texto será coerente se todos irs seus enun-
Em suas análises recorrem ora à iógica formal, ora à gramá-
ciados - e os fatos que.denotam no mundo nele re-
. presentado - estiverèm, de alguma forma, relaciona-
tica de vaiências ou à semântica de.predicados.
dos entre si.
ì
Posteriormente, Charolleg (1979) propõe o acréscimo
da metarregra de macroestrulur4 tomada de empréstimo a
vanDijk.
Dressler (L97A,1972), por sua vé2, considera arbitrário
estabelecer limites rígldos entre sintaxe e semântica e pos-
tula que a semântica é que deve constituir o ponto de parti-
da. À semântica do texto cabe explicar a representação da
estrutura do significado de um texto ou de um segmento
deste, particularmente as relações de sentido que vão além
do sig4ificado das frases tomadas isoladamente.
Em seu modelo de geração de textos, dedica atenção
especial ao tema do texto" que, segundo ele, está em rela-
ção com o significado global - a base T-sernântica -/ me-
diante um desenvolvimento temático e utna coesão semânti-
ca. Essa base, confonne o autor, contém elementos do campo

1Q c parte I partelo ll
Capítulo 2 '
A virodq prqgmótico

partelcl3
sistema.autônomo, mas sim o seu funcionamento nos pro-
cessos comunicativos dq uma sociedade concreta. passãm a O objetivo da teoria da atividade é extrair os traços co-
interessar os "textos-em-funções', (Schmid t, 19TB; Gülich muns das ações, planos de ação e estágios das açõeg e pô-los
& Raible, 1.977).Isto é, os tgxtos deixam de servistos como . em relação com üaços comuns dos sistemas de normas, co-
produtos acabados, que devern ser analisadós sintática ou . nhecimentos e valores. A análise do conceito de atividade (o
que é atividadeiação) está estreitamente ligada à artálise do
semanticamente, passando .a ser considerados elementos ionhecimento social sobre as ações ou atividades (o'que se
constitutivos de uma atividade complexa, como instrumen- considerauma ação). Ateoria da atividade 4 Portanto, eT Par-
tos de rca\ização de inteirções comunicativas e sociais do te uma disciplina de orientação das ciências sociais, empartø
falante (lfeine¡nanry 1982). também, Êlo-sóôca e de metodologia da Ciência. A relação
Assim, na metade da década de 70, passa a,ser desen- com.a lingiGtica está em que o fundamento pragmático da
volvido um modelo de base que compreendia alíngua como teoria da linguagem deve enlaçar-se corn a teoria da atividade
uma forma específica de coåruni."iao social, da"ativjdade e gue,.por suavez, aanâIise ling.üística pode contribuirdç al.1
verbal humana, interconeôtada com outras atividades (não- grrma forma para o desenvolvimento da atividade. (p. 30)
lingüísticas) do'ser humano. Os impulsos decisivôs para esta
nova orienþeão vieram da Psicologia da Linguagem - espe- Também no interior dessa perspectiva, Isenberg (1976)
cìalmgnle da Psicologia da Atividáde de origem soviética e apfesenta um método que permite dêscrever a geração, in-
da Filosofia da'Linguagem, em.particular da Fjlosofia da Lin- tãlpretação e análise de textos, desde a estrutura pré-lingüís-
guagem Ordinária da Escola de Oxford, que desenvolveu a ticã da intenção comunicativa até a sua manifestação su-
Teoria dos Atos de Fala. Caberi4 então, à tingriística Tex- perficial. Ressalta a importância do aspecto pragmático cgmo
tual a tareiade provar que os pressupostos e o ñrstrumental determinante do siritático e do çemântico: o plano geral do
metodológico dessas teorias eram transferíveis ao estudo texto determina as funções comunicativas que ñele vão apa-
dos textos e de sua produção/recepção, ou seja, que se po- recer e estas, por sua veA determinam as estruturas super-
deria atribuir também aos textos á qualidade'de iormas de ficiais. A relação existente entre os elementos do texto deve-se
ação verbal. ä intenção do falante, ao plano textual previamente estabe-
Tld problemática foi iematizada por nurnerosos autores, lecido, que se manifesta por meio de instnrções ao interlo-
entre os quais Wunderlich (1976), Schmidt ('l.g7g), Motsch cutor para que reelize operações cogniti'øas destinadas a com-
(1983), Motsch & Iàsch G98D, van Dijk (19S0).
preender o-:texto em sua integridade, isto é, o seu conteúdo
Wunderlich, autor que pertence támbém à primeira ge- e o seu pl4no global ou seja, o ouvintei não se limità a " en-
ração de lingüistas alemães preocupados com ãstudos tãx-
tende/'o tþxto, no sentido de"captaf'aPenas o seu conteú-
tuais, foi r1m d9s principais responsáveis pela incoqporação
do referencial, mas necessita, isto sim, reconstruir os Pro-
da pragmática às pesquisas sobre o texto, le¡do tratãdo, em
pósitos comunicativos que tinha o falante ao estruturá-lo,
suas obras, de uma série de questões de ordem enunciativa,
isto é, descobrir o "paÍa quê" do texto.
entre elas a dêifs, particularmente a dêixis espaciaf os atos
Schmidt (1973), que propõe uma teoria sociologica-
de fala e ajnteração face-a-face de modo gera_l (cf., þor exem-
mente ampliada da comunicação lingiística define o texto
plo, Wunderlidn,1970,1976,1985). Foium dos aulores mais
como todo componente verbalmente enunciado de um ato
.

ieferendados na área em especial na década de 70. Como


adepto da Tþoria da Atividade..Verbal, Wunderlich (1.978) de comunicação pertinente a um "jogo de atuação comuni-
escreve: cativa", caracterizado por uma orientação temática.e cuûl-
prindo uma função comunicativa identificável, isto é, re.ali-

14 o pañe I
partelo l5
zarLdö uin potencial üocutório determinado.
É somente na
T:gdu.,ud gle 9 lo"tor rJaliîLt"r,"ior,atmente Motsch 0rru^u11"^l"l,1u u.$nole¡e
tunçãq locu rória (soco"omunicatirrJ) uma de.9u.e se os objeri_
te do's'parceiros envoþiaå1"" id;ãiiää;;
;
v-os
{a ucao pollT ser.atingidã" .o^ a ajuda da enuncia-
de en.ùnciados ringüísu"ãt
.ä"Laçao "r_
que o coniunro çao de erpressões velbais, urïtao
ã i""ssário que se possam
relacionar as ações a proptiedaã.1O"
urn processó tex-
tu at co erenre, -tunci
de "å*ìîåä¡*r
;;;;;.-lfto.o*rnicativo elas possam seirêpresentuau" l9To, 9u se¡a que
.,åS."-r,urrciados
e.normalizado, confo-rmu u, eficaz ran ro, é de cisivo do texto. Iàra
iuþr-ctnsututivas (uma ma_ p.ur r"f t;'à'¿" o.* gf" i Jr=iå,r}""1
nifestaçãó da textualidraul,purã"åli, .ó
reconsrruir, a partiide ",
de toda e qualouer comunicação
u tu"t,"lidade é o modo iä"-*.iääàr, u mrenção", int. do fa.
lante. Segundð o "
clusive os ting,i?ru.os.
tiânsmitida por sinais, in_ ?u!or, ,èrø¡u* ãã pistas, em primeiro lu=
Nos casos em que o texto åXirä,**:'.it"r:tais'mastam6-¿mãs*i¡*,'áa"årtår'"
é composto por vários
,oi3;iï"j,".:îåäîó, ù" ;;"1r""* potencìais con_
ilo.utj¡L,
O contexto de,usg de tais
ind.icadores depende,
mente, de fatores da situaçãà:;;iË; basica_
situação comunicativa
semaumsistemiåå:iäiåï::?:"årqiïi3î,äiî;:: deverá ser tanto mais exptrãitã*"i*irç*ssa

å:iåi.å,ji"räö:""' ('r';;;;iä a" macroaTo ae rára,


bais, quanto mais por meios ver-
3ryrgr.li.
deva sera reação doi"iËJã.-"i# iã;'äärunto mais conrrolada
oautor defende a posição de irlrpzl.
Morsch & ràsch.(1tst;;".,ãü"*,
que, na medida em como uma seoüêi:,," tì**iáñååJ*e também, o texto
cabe a uma reoria au t"'*ioãü;r;;ä;r"dução sue
de textos que funcionam r"."oËão vidades realizaåas.p.elos organizada de ari_
comunicativamente, ela "terá intedócutårlr,, s.ug"r.,ao
eles, os com_
dä ser o a arivi e
g¡ii;#"#riff"läåli-i;?ix*åffi":",:,x..# lu"åir",
d ad li n siís ti cá p åa
"îi rË, äffi "îï;
,ucep:çaod.,*;;:n:Åîi;:ff:ä:ffiî'#""Ji,*:ïï . ;. AI + (e int., cond., cons.)
projeto para run *"^g¡ aä ;ãÃ;#;'cão ringüísricq que se
apres e ntaria com o sis_rem a .oo.aur,åãä d hip ó,;-r"& ;dï :
9
\111^J?.r.gu:quçqg.o*uri*iäliusuaspotenciaÌida_ "
oes estrururais (Schmiqt:

{*!,øÉ*",f i*:1#
atividade verbal, Schmidi lsZs).
ru*UO* nUå,í" a iåäi. å"
Ogiil"ä#: r,*ilr:ffiårffi
j"iti;;iàä;"'j-'Ëii"1':T,'J:r1",#åiä::i#ii::
. A linguagem .- iá não é considerada primariamente um ?b
cessári o assegurar
signos, denorarivo, Ãã"ìri'ri"tema uo
::r:Ti 9"
Tt*cá" ìït: ",ebjerivo visado.
de arividades
ffi:,:ä,:i:mË "r,.,Å"iutåJ¿"ãä"dições
ou cle operações, cuja estrutura ao"rirtu em n ecessárias
ajuda de um númeró realizar, com a
"u""ã-a" "Jåür, u r* reperrório
chado de regras, determinada"
de conseguir dado objerivo,
.;;;;ö", ordenadas, a fim fe_
¡,u,1*¡å';".-ilätrå:';:fl,å,"lHi:::**Xi;*i
Iar' facilirar eu causar
q"; ¿ï;;i*açãs
comunicação, u.äituçãà-. ôãîã""
estabelecim ento de. côn
ru,o,'"" rãriää?es tação, expressã é preciso què-.ere .o*prl"-rläîî
" do enunciatário.
(per)formação oe lb)ií¡:r" tundamentat dó
da arividaáulp. dj.'^^'-"" i.
å,"iäi::"',H"å"å:îtr".:::"r,*ãi*:¡:ÍËri'*,*
realização de ieu ob

l6opartel

partelc 17
Heinemann & Viehweger (1,gg1), em sua tntrodulao a
1
t
o planejamento pragmático de .um discurso/conversação re-
Iingüística do texto, asseverarn que.os pressupostos gerais que quer.a atualização mental de um conceito de ato de fdla glo-
bal. E com respeito a esse macroato de fala que ele constrói o
regem esta perspectiva podem serassim resumidos:
propósito da interação: que X quer saber ou fazer algo. Se
I dissërmos de maneira bastante vaga., embora famitiar nas ciên-
L. Usar uma língua significa realizar áções. A ação ver- (
cias sociais, que a ação humana é finalisticamente orientada,
I
bal constitui uma atividade social, efetuada por indi- !
estaremos significando que seqüências de ações, que (...) são
víduos sociais, com o fim de realízar tarefas comuni- realizadas sob o controle efetivo de uma macrointenção ou
I
cativas,ligadas com a troca de representações, metas ô
plano, encaixado numa macrofinalidade, para um ou mais
t
e interesses. Ela é parte dq processos mais amplos de I atos globais. Enquanto tal macroproposição é a representa-
. ação, pelos quais é determinada. : ção das conseqüências desejadäs de uma ação (...), a ma-
2.Aação verbál é sempre orientada para os parceiros : crointenção ou plano é a representação concêitual do estado
da comunicação, portanto é tambérn ação social, de- :
final, isto é, do resultado da macroação. Sem um ma-cropro.
I pósitg e uma macrointenção, seríamos incapazes de decidir
terminada por regras sociais. qual'áto de fala concreto poderia propiciar um estado apar-
!
3. A ação verbal ¡sa1i7,a-ss na forma de produção e re-
tir do qual o resultado pretendido e a meta intencionada po-
deriam ser alcançados..
!
de áções verbais/complexos de ações verbais/estru-
.turas ilocucionais,.que. estão intimamente ligadas com
-
t:
Na obra em tela, bem como er,n trabalhos posteriôres,
¿ estrutura propositional dos enunciados. I
I
van Dijk estuda o que denomina "relações funcionais no
:
4. A ação verbal consciente e finalisticamente orientada discurso", isto é, as relações entre enunciados a que geral-
origtla-se de um plano/estratégia de ação. Iàra reali- mente se têm denominado pragináticas ou discursivo-ar-
zar seu objeävo, o falânte uriliza-se da possibilidade gumentativas. É eie, ainda uin ¿-os pioneiros dain'trodu(ão
de operar escolhas entre os diversos meios verbais dis- de questões de ordem cognitiva no estudo da produção, da
poníveis. A partir da meta final a ser atingid4 o falante compreensão e do funcionamento dos textos. ."Í,
estabelece oþjetivos parciais, bem como suas respecti- O autor passa a postular, ao lado da macroestrutura
vas ações parciais. Estabelece-se, pois, uma hierarquia semântica do texto, responsável pela sua coerência semân-
entre os atos de fala de um texto, dos mais gerais aos tic4 uma macroestrutura pragmátic4 responsávei pela coe-
mais particulares. Ao interlocutor cabe, no ñromento rência pragmática. Trata-se de urri macîoato de falà, ao qual
da compreensão, reconstruir essa hierarquia. se subordinariam, hierarquicamente, todos os atos de fala
5. Os textos deixam de ser examinados como estrufu- realizados por subpartes ou enunciados do texto, sendo um
ras acabadas (produtos), mas passam a ser conside- construto fundamental para o seu processamento. Para ele,
rados no processo de sua consútuição, verbalização e a compreensão de um texto obedece a regras de inteqpreta-
tratamento pelos parceiros da comunicação; ção pragmática, de modo que a coerência não se estabelece
q serR se levar em conta a interação, bem como as crenças, os
Cabe registrar aqui que van Dijk, especiaimente no iní= desejos, as preferêncías, as normas e os valores dos interlo-
cio da década de 80, é um dos grandes responsáveis pela cutores.
t
"vkaldapragmática" ,Em sua obra Studíes in the Pragmatics of t Com todos esses desenvoivimentos, o conceito de coe-
D is cours e (1,9 BI), escreve :
rência passa a incorporar, ao lado dos fatores sintático-se-

1g c paitel partel. 19

r
mânticot uma série de fatores de ordem
pragmática e con-
textual.
É esse o momento em que
Charolles (19g3) opera u¡na Cøpítulo S A vircrdoj cognitivisfe
guinada importante.no seu conceitb
de coerência textuar,
passando a considerã ra um
"pti"Jfioã. ñöä"d;ffiä
o ler¡a poåtr.d;ãr-" ,,ao existem
l:_dj*o",
cras 9 Cye
de enunciados " seqüên_
incoerente,
"m "1:,
*lL
possívet .onst uii-uã.or,ruoo õ"äT.,,i"tfi.J:
sIilîlXj-:_"Tpt"
e qu encra ap aren temente
em que urna
inco erente p ass e u ru" uì JÃ-uäå.-
Prepara:Se, assim, o momento
sezuinte, em que as obras
de Beaugrande & Dressle, u A"-"*
papel de vital importância.
ð!* uao desempenhar

lr

20 c parte I

parte I o 2l
:J

marços iniciaísäesse período -, o texto é originado por uma modelos èpisódicos ou de situaçâo (van Dijk, 1988, 1989) etc',
multiplicidade de operações cognitivas interligadas, "l)m caracteri2ados como estruturas complexas de conhecimen-
documento de procedimäntos de decisão, seleção e combi- tos, que r.epresentam as experiências que vivenciamos em
nação"'(p.37), de modo que caberia à Lingüística Tþxtual . socieãade ã que servem de base aps Processos conceituais.
desenvolver modelos procedurais de descrição texn:al, ca- São freqüentemente representados em forma de redes, nas
pazes de dar conta doÀ processos cognitinoJq,ru permitem quais as unidades conieituais são concebidas como variá-
a integração dos diversos sistemas de conhecimento dos veis ou slots, que denotam características estereotípicas e
parceiios da comunicação, na descrição e na descoberta de que, durante os processos de comPreensão, são preenchi-
procedimentos para sua atualização e tratamento no qua- das com valores concretos (fiIlers).
d¡o {as motivações e estratégias da produção e comprþ¡- Desta formA os modelos constituem conjuntos dg co-
são de textos. -
nhecimentos socioculturalmente determinados e vivencial-
Heinemann & Viehweger. (1991) postulam que, para o mentg adquiridos, que contêm tanto conhecimentos sobre
processamento textual, conêorrem quatro grandes sistemas cenat situações e eventos, como conhecimentos procedu-
de conhecimento: o lingüístico, o encicloþeaicq o intera- rais sobre como agir em situações particulares e realizaf.ati-
cional e o referente a moãel,os textuais globais. vidades específicãs. São, inicialmãnte, p'articulares (iá' que
O conhecimento lin'güísticb tompreende os conheci- resultam das erperiências do dia-a-dia), determinados es-
mentos gramatical e lexical, sendo, assirr.t o responsável pela pácio-temporalmente e, Pol isso, estocados na memó:ia epi-
arricuiação som-sentidol É ete que responde,þor ex"mþlo,, ãódi"a. Apósuma série de experiências do mesmo tipo, tais
pela orgairização do material lingüístico na superficie textual modelos vão-se tomando generalizados, com abstração das
pelo uso dos meios coesivos que a língua nospõe à disposi- circunstâncias particulares esPecíficas (van Dijþ 1989) e,
ção para efetuar a remissão.ou a seqüenciação texrual, pela quando similares aos dos demais membros de um SruPo/ Pas-
seleção lexical adequada ao têma e/ou aos modelos cogñiti- sam a fazerpartedamemória enciclopédica ou semântica.
vos ativados. Assim, iegundovan Dijk, por ocasião do processamel-
Ol conhecimento enciclopédico, semântico ou conhe- to da informação, selecionam-se os modelos com a ajuda
cimento de mundo é aquele:que se encontralarmazenado dos quais o atual estadó de coisas pode serinterpretado.As
na memória de cada inäiø¿uô quer se t¡ate de conheci- unldädes.não explícitas no texto são ínferidas do re'spectivo
mento do tipo declarativo, constituído porproposições a modelo. Na faltá de informação-éxplícita em contrário, uti-
respeito dos fatos do mundo ("O Brasil áumå reþública fe-. liza-se como preenchedor (filler) a informação este¡eotípica
derativa; a água é incolor,linsípida e inodora"), quer do tipo (standard).
episódico, constituído poi "modelos cognitivos"lociocultu- É com base em tais modelos, Por exemplo, que se le-
ralmente determinado! e adquiridos afãvés da experiência. vantam hipóteseq a partir de uma manchete ou títul.o; que se
Admite-se, portanto, a existência de modêlos cogniti- ' criam expãctativas sobre o(s) campo(s) Iexical(ais) a:ser(em)
vos, que são originários ora da Inteligência Artificial, ora da explorado(s) no texto; que se produzem as inferências que
Psicologia da Cognição'e recebem, na líteratura, denomina- permitem suprir as lacunas ou incompletudes encont¡adas
ções {iversas, como frames (Minsþ 1975), scripts (Schank na superffcie textual.
& Abelsory 197n, cmáríos (Sanford & Garrod, 19fi5), esquemas O conhecimento sociointeracional, por seu turno, é o
(Rumelhar t, 1980), mo delos mmtais (Johnson-L atd, ").983), conhecimento sobre as ações verbais, isto é, sobre as for-

2/ t parte I parteI.23
mas de inter-ação da linguagem. Engloba os
cimentos do tipo ?ITé:
ilocucjonal, .ä*iru.u.ional,
conhe_
metacomu_ fuais), bem como sobre a conexão
nicativo e superestrutural. entre objetivos, bases tex_
tuais e estrutura.s telctuais gtouais.-segundo
E o conhecimento ilocucionai que Heinemann &
permite reconhecer Viehweger (1991), seri"*
o_s objerivos ou propósiros
que blicação de sua obra
ilã;.J.a¡a", na época da pu,
"*iauit"-;;;;ä;t*"_
ção de interação, p¡eienae ati'gir. rrut"-r.
de conhecimentos 3¡,resp*tu!
conhecimentos específi.o, ärt"Jáa
aqrestão de saber qùais
aíinclúídos. contldo,
:,obr"
ser
tíyo1.de objehztos
ço" tiporTr drfalà1,;;;#;"*
itos
verbalizados.por meió de enunciações
parece possível apontar algumas
qproximaçoer, p",
Caracteiísticas, plo, com os modelo, .ogñitiuãs "ìä*_
emb ora s ej a tam bêm. fre qü en
r" ; ;;; rdti;; çil è'ont"*tráis, dË van oi¡k
(1.e e 4 t D e
direlas.' o que exige dos iir,"rr.*täs ñ;äåi.rr., _ n¡ os,, rip os a" åtiJ aãã"y' r"s";ã;;; _
o conhecimento ne- son (1979) e outro.s, gue, evide;teÃente,
cessário pa-ra a caþtação ao oU¡eArlo variam ";.L "ä
conforme
ilocuciorral.
o conhecimenro comuniéacion¿ é;A;;ì;;re a perspectiva dos diversos
que_a aproximação mais produriva
estudiosör. pú"*:;;,ääiä;;
peito, por exemplo, a normu, .o*urri.atiïas diz res_ poa"riãr"ï?Zri"iåä
gä;;;. gênero, votta central"
as máximas descritas p", Grj.; (ülÅ1,
aquantidade de in_ l:!ão.d: l:j"
.q"g
nos esfudos sobre texto/discurso.
a,ãcupar posição rsr(Ll
: - --rE- rvv¡lqv
formaçäo r,u.urr,riu_ñ;^;il;#
concrera para sue o Heinemann & Viehweger,(1gg1)
parceiro seja capaz de reconstruir salientam, como vi_
o objetivo do produt-or do mos/ que a cada um desses ãistemas
rexro; à'beleção ãa.rzari*t" ri"gtiírti.;;ä"à";J;í;;äi""_ responde um conhecimento
d..o"hã.iåil;;r_
.¡åiffif#:ão eà adequaçãõa", upà, áË ,"ääiîr,äcä", grp".ncà
em prática, ou seia, um conhËcimento "o;;;;;'.",å!lr.
de tipo procedural,
dos procedíi""t"" áî;;";;;.,
conhecimento metacomunicatí isto 9,
ses sisremas de conhècimento meio dos quais es_
tordotexroevilarfrerrurbaçõ"rpr..,ir'å?åiiåLïåil?lå; cessamento texrual. Este conhe.iÀu.,to
sãòå1ír^aãrì";ãJ;ä;à_
ou sanar (on -líne ou a p osterio'l
.'o"riiiàr;";;;å#;:::, uma espécie de "sistemu a.
r""=.åïãi, ;5;;
;;;..b
ridos por meio da intiodução
de sinais de articula_ no sentido de adaotá_los ou
.ã"t-iiî ao, demais sistemas,
ção ou apoios texhrai_s, påi;.;åirõ" interlocutores n o ilomento idd;i* às necessidades dos
de arividades espe_
"
cíficas de formulação textual,
ï" com ärrr."" "Lit-"-,"^?l
d" ilt";"ç"ã".
Täl conhecimento engloba.
correções,gr.*r"rll;;;ä.';;ríå'ff'"iff ;äi;::""? as práricas peculiares
en-rå'lît or, o saber sobre
rios tipos de ações lingrilsUcas q"ã,î"¡"1ra
forma, permi_ os interactanre, bem "o
i.ui" ro"ìäãrlt"iJ;ä;#;
tem ao locutor assegurar a compreensao como ã;;-í"io d"" *i;¿;;Iå;
do texto interaçã o, como o.eservaçãå "
guir a aceiração, nelõparceir., e conse_
ãå;lîiãti,oo, com que é pro_ ,,r"? d?:rjfpolidg,, negoðiação,
;";;"ö representa ção. p osi _
dtuido, moniroråndo'com .t;, ;ã;å;rbal de causas a mal_
(cf. Morsch & entendidos ou fr.acasso;"".à*;;;;çä "triU.riçuo
Pascþ ßBn. entre ourras. Con_
cretiza - se através de es tratégias
O conhecimento sobre estruturas
ou modelos
å; på;;r;"*";
O processamento textua"l por'tu"io,
gl*ï é "quele que permite aos fAantes reconhece¡texluais textos traqqgias de processamento
e "äù;i.''
.rooég,.;,
como exemplares d:_1:**.rnado t"iti,åi ìä, ":
também, conhecimentos sobre
gênero ou tipo. Envojve, on-t¡i'd.;-&;;;;,iJ;;;î:ä'i'5:iiäå:ì*, j':iJ,î:
^,
u, ff*io"utegorias ou uni_ de e¡posição, rais
globais que disringu;;;rt* divididas em cos_
$ades tipos de texros, so_
bre,1 sua ordenação ou s=eqüen.iuç*-¡"rrperestruturas ":5^ri^qT_;;i:.*'q;.
nitivas, sociointeraoona$ e textualizadoras.
tex_ Van Dijk & Kintsch (19æ);ä;ä;*
mento cognitivo de um texto que o processa_
cánsi;; ¿ diferentes estraté_
24. partçrl

parte I c 25
gias processuais, entendendo-se estratégia como "uma ins- gerar informação semântica nova, a partir daquela--dad4
trução global para cada escolha a ser feita no curso da ação" ãm certo contexto. Sendo a informação dos diversos níveis
(p. 65). Tais estratégias consistem em hipóteses operacionais apenas em parte explicitada no texto, ficando a maior Parte
eficazes sobre a estrutura e o significado de um fragmento implícita as inferências constituem estratégias cqgnitivas
de texto ou de um texto inteiro. Falar em pfocessamento es- poi meio das quais o ouvinte ou leitor, partirtdo da infor-
tratégico significa dizer que os usuários ãa Íngua realizam mação veiculada pelo texto e levando em conta o contexto
simultaneamente em vários níveis passos interpretativos (em sentido amplo), constrói novas rePresentações inentais
finaiisticamente orientados, efetivoÐ eficientes, flexíveis, ten-
e/ou estabelece uma ponte entre segmentos textuais, ou
tativos e eitremamente rápidos; f.azem pequenos cortes no
entre informação explícita e infor'mação não explicitada no
material entrante (incoming), podendo utilizar somente in-
texto. Afirmam Beaugrande & Dressler (1981) que a infe-
formação ainda incompleta para chegar a uma (hipótese de)
renciação ocorre a cada vez que se mobiliza conhecimento
interpretação. Em outras palavras, a informação ( proces'
próprio construir um mundo textual.
sada on.line.
----Atrt*;o I - Todbpara e qualquer processo de compreensão pressupõe
estratégico depende iao só cte
pro.urr"*ento
características textuais, como também de caracteísticas clos atividades do ouvinte/leitor, de modo que se caracteriza como
usuários da língua, tais'como seus objètivog convicções e um processo ativo e contínuo de construção - e não apenas
conhecimènto de mundo, quer se kate de conhecimento de rãcondtrução -, no qual as unidades de sentido ativadas,
de tipo episódico, quer do conhecimento mais geral e abs- a partir do texto, se conectam a elementos suplementares
trato, representado na meméria sernântica ou enciclopédi- de conhecimento extraídos de um modelo global também
ca. Isto é, as estratégras cog¡itivas são estratégias de uso do ativado em sua memória. Por ocasião da produção, o locutor
conhecimento. É o q-úe:Dasi al (1982) denomina Psicoprag- já prevê essas inferências, na medida em quq deixa implíci-
mática. E esse uso, em cada situação, depende dos objeti- tas certás partes do texto, pressupondo que tais lacunas ve-
vos do usuário, da quantidade de conhecimento disponiv.el nham a sèr preenchidas sem dificuldades pelo interlocutor
a partir do texto e do contexto, bem como de suas creirÇas, com base em seus conhecimentos prévios. Por esta razão,
opiniões,e atitudes, o que permite, no momento da com- dependendo desses conhecimentos e do contexto, diferen-
preensão, reconstruir não sômente o sentido intencionado tei interlocutores poderão construjr interpretações diferentes
pelo orodutor do texto, m4s também outios sentidos,.4ão do mesmo texto. Os textos só se tofnam coerentes Para o
previstos ou mesmo não'desejados pelo piodutor. Van Dijk leitor/ouvinte por meio de inferenciação.
& Kintsch (1983) citain, c'omo piirtcipais estratégias de pro- Estratégias interacionais são estratégias socio cultural-
cessamento cognitivo, as estratégias proposicionais, as de mente determinadas que visam a estabelecer, manter e le-
coerêncía local, as macroestratégias e as eStratégias esque- var a bom termo umalnteração verbal. Entre elas, podem-
máticas ou superestruturais, àlém das estilísticas, retóricas, ," *ur,'dör,ar, além daquelal relacionadas à reaüzáção dos
não-verbais e conversacionais, diversoditipos de atos dã fat4 as estratégias de preservação
Pode-se dizer que as estratégias cognitivas, em sentido das faces (facalorþ e/ou de representação positiva do self,
restrito, são aquelas qtle'ðcinsistem na execução de algum que envolvem o uso dasformas de'atenuafia, bem como as
"cálculo mentSl" por parte dos interlocutores. Exemplo pro- estratégias de polidez, de negociação, de atribuição de cau-
totípico são as inferências, que, como já foi dito, permitem sas aos mal-entendidos, entre outras.

2g c parte I partë'l o 27
Il :
:' ... A eshatégia de presmtação das faces manifesta_se lin_
güisticamente através de atås
prepatato.ios, eufemismoE A obra de Beaugrande & Dressler
::1"^t19
*rfaeu, de.tópico e ãor'**.uaores de arenua_ fatizamos' consritui í"*uåLlã'àåiäur.os (19g1), como.já en_
çao em geral. O grau de Tiolídez é socialmente
a"""".i."a" 1u*.g: ryul? os.autores
dessa mudan-
. em geral com bale nos
'los participanteg þapéis d"r";p;h;;ä;;"_ ¡i.^d:
se'a textualídade, þär"*conceiruar o que
definida, ur,taå,-ãJäå ,,o qrr.
na neceõsidade "oäuir
de resguardar a próória um texro seja um texto,,,. c_om faz com qïe
to parceiro, o", ui"ãã,.""dñËä;î"i táàîä""*;ïää;ä:T::
:äi"äri íå;å", mrnarn critilos de t?!:llldaar,
g
piîXmo capÍtulo será de_
dicado ao-exame.de cada um
Como se sabe, conflitos, mal_entendidos, desses cr
situações que como prerere
desencadeiam incompreensão
mútua sãoinevitáveis no in_ r"r (cf ., p 'r'"'"arg,
exempl o, n
;#iån ä.ltK*JiJ:
B^eaugrand"
^
tercâmbio linsliísrico. p* t"il;Jä", ;î,- åïí"";i å: ä;
uig.un
o consenso (commo- outros que 9r
::.l
vêm sendo postulaãos
" 1
a u, tg
nalíty), tornalse. precisø ur,tao,
qLì as dificuldades seiam e que preferimos detnomlnar *ì;, estudiosos da área
devidamente identific;il-;äËiia"" do sentído.
princípios de construção
t*t A
subjacentes ao conflito. comoìolîJqüência u possíveis
"uúru,
da atribuicão
(adequadaouinadequ"d"iã;;;;;;;r.difi
dos subjacentes necãssitam
äääöîä:; A perspectivo sociocognitivo_Ínterqcion
ou então novos acordos devem
*ritu, yezes, modificados,
r"r, isfq
,u, ãrtuuut";J;;p*;
v-enirJuturos probremas do mesmo ufå. are* i.å_ Não tardou sqgaraeão entre exterioridade
teração envolve a negociação de disso todá in- 1r_" " e inte_
aunr,ição da,própria
"riu
situação e das noûnas qu-e a gorru*"*.ñ;ïrdä"f,,i"dj" :;Ti'1îX""ååîîål:,:t-:til;;:öti"us-"ri,s-iä,;#,"
os aspectos da situação ielativäs ti"?ã"ãääåíilåir*:T"å::X,:l"separaçãoq"uåp"iìnä"_
uo" purti"ç""r* ã;íã";_
jeitos à.negociação. poa"-rã,
á*i;;i;rde As ciências cognitivas
uma consrrucão uma diferenÇa berñ. nítida "iå$i"", vêm trabalhando com
sociat da realidadø já que, ;""d;;;àìã;;.ì;i;
äil: ;
tituída no processo-contínuo a"
int"rprutação e interacão
cognitivos que aconte"u* ";;ô" entredososindivíduos
aãrtiJäã"*"r,r"
processos
e os. processos que acontecem
os seus vários asoectos podem
,u, *åiauääå:äË.* foru àLl* pur;î ääi,i;:_
ciados de forma ä¡prcitä o, mo mteressa explicar como
i*oii.iä* o, .o.,nu.ìmentos que um indi_
vrduo possui estão estruturados
,{s estratégias interacionais visam,
rermo um "jogo de linguage*,,. pois, a levar a bom
a, Ëååtégil;;Ëaîr,
são acionador ouou *rolrr", "* *upostos
ñtt"".r;;
mente e como eres
pelo
te. o ambiente seria
3eu
t.urno.- que obviamenie não d"t;; ö
cte ser também in_
asr¡-, åpã"ãriä *"io a ser ambien.
teracionais e representado inrernamente, analisado
e coenitivar u* r""tiaã-tãä-, ou;",;;'uma
evrq'
cfizem respeito às mações para a mente fonte de infor_
escolhas textuai"s oue os interlocutoås
realizam, deèempe_
i"ai"iàíui.q
nhando diferentes'tu"çd;;ì;ä; uesta maneira, a culfura
e a vida social seriam
vrsra a produção de u parte des_
determinados sentidos. oa"t r"i"**är
u* outro liT3:"lu "*41T:l;F;;hçåä,,,u
nn e crmentos esp ecificum memóri4 de co_
Com a virada cogniriva, a Lingliísfrc;T.;ä capíturo. ili;;ä;"rä"ä;
t" .ultuiair.
nova fase,-qye vai levar a umãnorra äË"ä e1tre. cognição e cultura "n
o;;;;seria,
:-ma concepção de tex_
possibititará imporrant", ãurà"*himenros
nhecimeäto,i"àiøar;;;;# ll
mente a"r,t o", îäï _u"r.nder
que co -
lhlrll" pos_ au ruu ;t*"::"äH;ii: iffi.H,*;
e um conjunto de o-q*:_1:"."*'upìJJ"aia.;;;
oe noções e procedimentos .oi..Ë.,î;
u ,"rå*-**azenados indivi_

28 . parte I

parte I o 29
dualmente .É facilver que,,.partindo desse ponto de vista, a tarefas como preparar com alguém uma receita culinária
èultuia é subsidiária e ãepêndente do conjunto de mentes ou o que acontece num restaurante Para que o prato Possa
que â compõern, ou seja, um fenômeno,er.n geral passivo, chegar à mesa dos fregueses). Essas tarefas constituem ro-
sobre o qual as mentes atuam. tinas desenvolvidas culturalmente e organizam as atividades
A concepção de mente dewinculada d.o'corpo, caracte- -mentais intemas dos indivíduos, que adotam estratégias
rística do cognitivismo ciássicø qùe predominou por mûito para dar conta das tarefas de acordo com as demandas so-
tempo nas ciências cognitivas e, por decorrênci4 na lin- cialménte impostas (cf. Koch & Lima, 2004,noprelo).
güística começa a cair como um todo quando várias áreas Istci quer clizer que muito da cognição ac.ontece fora
das ciências, como a neurobiolog¡ai a antropologia e tam- das mentês e não somente dentro delas: a cognição é um
bém a própria lingüística dedicam-se a investigar com mais fenômeno situado. Ou sej4 não é simples traçar o ponto exa-
vigor esta relação e constatarn que muitos.dos nossos pro- to em que a cognição está dentro ou fora das mentes, pois o
cessos cognitivos têm por base mesma a percepção e capa- que existe aí é uma inter-relação complexa. Voltar-se exclu-
cidade de aruação física no mundo. Umã visao que incor- sivamente para dentro. da mente à procura da explicação
pore aspectos sociais, culturais e interacionais à compreensão para os comportamentos intelige4tes e Para as estratégias
do processamento cognitivo baseia-se no.fato. de que exis- de construção do conhecimento pode leva¡ a sérios équívocos.
tem muitos processos cogr.ritivos que acontecem na socie. Desta forma, na base da atividade lingüística.está a in-'
dade e não exclusivamente nos indivíduos. Essa visão, efe- teração é o compartilhar de conhecimentos e de atènção: os
tivamente, tem se mostrado necessária para explicar tanto eventos lingriísticos não são a reunião de vários atqs indivi-
fenômenos cognitivos quanto culturais. duais eiindependentes. São, ao contrário, uma atividade que
Mente e corpo não são duas entidades estanques. Mui- sefazcom os outros, conjuntamente. No di"er de (Iark (1996),
tos autores vêm defendendo a posição de que a mente é um a língua é um tipo de ação conjunta.
fenômeno essencialmente coþorificado (embodied), que os São, pois, ações conjuntas aquelas que envolvem a coor-
aspectos rnotores e perceptuais e as formas de racioôínio denação de mais de um indivíduo para sua realização, por
abstrato são todos de natureza semelhante e profunda- exemplo, dois pianistas executando um dueto ao piano, um
mente inter-relacionados. Para autores como Varela, Thomp- casal dançando, duas pessoas remando uma canoa. Ainda
sori e Rosch (1,992), nossa cognição é o resultado das nos- outros exemplos são crianças brincando de roda, músicos
sas ações e das nossas capacidades sensório-motoras. Estes de um conjunto tocando juntos. Uma ação conjunta se di-
autores ênfatizam a enação, ou seja, emergência e desen- ferencia de ações individuais não meramente pelo número
volvimento dos conceitos nas atividades nas quais os orga- de pessoas envolvidas, mas pela qualidade da açãó, pois
nismos se engajam, como a forma pela qual elãs fazem sãn- nela a presença de vários indivíduos e a coordenação entre
tidci do mundo que os rodeia. eles é essencial para que a ação se desenvolva.
Portanto, tais operações não se dão apenas na cabeça Dentro desta perspectiva, as ações verbais são ações
dos indivíduos, mas sãô o resultado da interação de várias conjuntas, já que usar a linguagem é sempre engaiar-se em
ações conjuntas por eles praticadas. As rotinas computacio- alguma ação em que ela é o próprio lugar onde a ação acon-
nais que acontecem socialmente são muito comuns e en- tece, necessariamente em coordenação com os outros. Essas
volvem várias tarefas diá¡ias (pensemos, por exempio, na rle- ações não são simples realizações autônomas de sujeitos li-
cessidade de computar conjuntamente quando se trata'dè vres e iguais. São ações que se desenrolam em contextos

3e c partel parteI. 3l
l9 sociais, com finalidades sociais
e com papéis distribuídos
cialmente. os riruais, so_
o" ge""iãr Jä iãÃ;rËriä"ö""1_
veis não são em nada neutros considerado.o próprio
ã*ro a este contexto social
e histórico (cr K91h.&. Li*;;ãüno
;æ: *:f,=::.:-:' tugar da
As abordagens interaeiónisiaã
preto). l "
consiaeram a linguagem
uma ação compartilhada que p.r.àrru
na retação suieiio/reãil"ä;rã;äirpruum duplo per"urso
i:*:Ëå-i"i:Ë;Ë"äîïi;#,:'j#î"#i:"rå
mente complexa de produçã.
àä,*uaos.,. que ," ,"uliru,
evidentemente com
ao desenvolvimento tunçãä u.å.ruiuçao
gogruUvo, inäo gnitivo (sujeitö/mun _
Lur;-i;
sentes na superlcie rextual äi"åi"." tingüíóricos pre _
do) e inrracognitivo. ({"guañ;u
ãuoo, processos cogniti_ mas que requer não apenas ";"-;;;;1ma.de orænizacão,
vos). Cognicão, agu¡, deñn":*
rorma s de con he äimentã, -nà- .o*o um conjunto de várias ";;billäao dereconsrrução
'¡unto de saberes G,Titl"¿dt;i;;ä;"".
um vasto con_
iåiänràà à-;ä ìj;ä
-'ño mome',i*u mteração verbar.- e
a oos próprios sujeitos
mas de sua resoo,nsabilidade:
..Ãi3ig,1u g"* d
o, pr, "å*, trm conseqüência. do gr-u"a.
int.ìesse pela dimensão
p
"',d"ntu',
dos com o com o ortam er,îo, " :is"ä::'ç:l
pi€vi;íî;is
i# r rå?#:
o u apri ori s ti cam
sociointeracionil au ringuãgãä.i'iLrr"s
afeitos a ela,
concebidos,.à marg"* Au".råiiråärþie."üvas
O tþg d." ,uruçá" quã Tå estabelece da vida
en re
em
:1,H"[åïïHtrà#x"ïÍ#:;i¿r;::îït,r.:xä:
:".i:gid" enrre tin_ versas formas de progressa"
i"*tüãi-àái
-ry,u',"*
e cognição é estreilo, iritemo,
¿" *,it"ã"är,"îtüti_ sãorþrerenciaråirñar.a"-",u.iîår,äïifiå:?Iå:"T""rï
vtdade/ na medid temáHca, progressão
to sociocognin"" o:,1:1f, ;äàËtä"ar, o processàmen_
tópicåj,
,î,:rít_g;;äîïi'i:;iï;Jä:#:ffff :,:Tåi:t
rrnguagem/ nem possib'idades
de ringuagem fora de pro_ eletrônica, questões. ligadas *ffiö incrusive da mídia
cessós interativos i eoïipïri*to, a intertextuali_
s,PiË;;;äîJffi.iË*ïiff ;ffilnËffi::.'o;' s'iaå".si"i, pi"*,o
biológico e as referên.iuJ àoäiäå':i":*H"n;m;
os temas dos

rato,200T) ro.,o"ulturar (cf. Mo-


:

Deh'tro desta concepção, amplia_se,


noção de contexro, tao .åå maís uma vez, a
T.;ä.î:,:*:fu-
a-ir"gríriä."
mente' quando das an¡íIiser tof;raÀticas,
visto apenas como co-te)íto o contexto era
tes e subéeqüenres ao fenômèil;;hd-o),
rr.cutrto, texfuais preceden-
tendo, quando
1*1".+9ào
mente !a p*gmau"å,
a sÍtuação com-unicativä
þ;;;;" abranger primeira_
ø pãr,"rror*ente,
no s ó ci ò - hi s tóri co _ cutt*"i r"pr"r:"ii;ã o entor_
; ä
"áËn=å, îå,
meio de modeios
""^**i:,ä;;ä;
própría interação e seus sujeitos:
J;;;ì
a constiruii-agsra
exto constrói-se;
a
þ;g" p;;r", ffiopriu interação. em
l,ortanto, na co¡cepção inieracional
(dialógica) aâ lín_
sua' na quar os sujeitosráo vistos .o*o atores/construtores

32 . parte I

parte I . 33

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