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Direito Administrativo

Noção de administração pública


Quando se fala em administração publica tem se presente um conjunto de necessidades
coletivas cujo a satisfação é assumida como plena e fundamental.
As necessidades coletivas situação na esfera privada da administração pública e trata-se em
síntese de três necessidades fundamentais: a segurança, a cultura e o bem estrar, fica excluído
o âmbito administrativo a realização da justiça na medida em que essa função é
desempenhada pelos tribunais.

Sentidos da administração pública

Sentido orgânico- é constituída pelo conjunto de órgãos, serviços e agentes do estado,


que asseguram em nome do estado o bem-estar da coletividade

Sentido material ou funcional- trata-se da atividade típica dos serviços e agentes


administrativos desenvolvida no interesse geral da coletividade, com vista á satisfação
das necessidades coletivas da população

Administração pública e as funções do estado

- política enquanto atividade politica do estado tem um fim especifico que é definir o interesse
geral da coletividade a administração publica tem outro objetivo, o de realizar em termos
concretos os objeitos definidos pela politica

- legislação e administração, a função legislativa encontra-se no mesmo plano que a


função política, a diferença fundamental entre legislação e administração está em que
nos dias de hoje a AP é totalmente subordinada á lei sendo o fundamento o critério e o
limite de toda a atividade administrativa

- justiça e administração pública- estas duas atividades têm importantes traços


comuns, uma consiste em julgar (justiça) e a outra ingerir (AP), podemos assim afirmar
que a AP em sentido material ou funcional pode ser definida como a atividade típica
dos organismos indivíduos sob a direção e fiscalização do poder politico, desempenha
em nome da coletividade a tarefa de promover a satisfação regular e continua das
necessidades coletivas de segurança, bem-estar e cultura em geral, nos termos
estabelecidos da legislação sob o controlo dos tribunais competentes, assim, a função
administrativa é aquela pelo o quadro legal que sob a direção dos representantes da
coletividade desenvolve as atividades necessárias á satisfação das atividades coletivas
Sistemas administrativos
Por sistema administrativo entende-se o modo jurídico típico de organização,
funcionamento e controle na administração publica. Existem genericamente três tipos
de sistemas administrativos:

Sistema tradicional- características:

a) Indiferenciação das funções administrativa e jurisdicional e consequentemente


uma separação rigorosa inexistente entre os órgãos do poder judicial e do
poder executivo.
b) A não subordinação da AP ao princípio da legalidade e consequentemente
surgiu insuficiência e garantias jurídicas dos particulares face à administração.
Com a revolução francesa a AP passou a estar vinculada a normas obrigatórias e
isto foi uma consequência da separação de poderes

Sistema britânico ou de administração judiciária – características:

a) Separação de poderes em que a monarquia fica impedida de resolver por si


questões de natureza contenciosa, ficando igualmente proibida (a monarquia)
de dar ordens aos juízes bem como os transferir ou demiti-los
b) Estado de direito em que se vê consagrado através da magna carta
(constituição) um conjunto de liberdades e garantias a que todos ficam
subordinados
c) Descentralização, em Inglaterra sempre se praticou uma separação entre a
administração central e local
d) Sujeição da administração aos tribunais comuns, neste sistema toda a
administração encontra-se submetida ao encontro jurisdicional dos tribunais
comuns
e) Sujeição de todos ao direito comum, significa que tanto a monarquia como
outros funcionários e concelheiros regem pelo mesmo direito que qualquer
cidadão comum
f) Execução judicial das decisões administrativas, significa que a AP não pode
executar as decisões por autoridade própria
g) Garantias jurídicas dos administrados, no sistema britânico, os particulares e
cidadãos comuns dispõem de um sistema de garantias contra as ilegalidades e
abusos da administração

Sistema francês ou de administração executiva – características:

a) Separação de poderes
b) Ser igualmente um estado de direito
c) Centralização (com a revolução francesa houve a separação de poderes e
chegou uma nova elite ao poder que ficou a comandar toda a situação
administrativa)
d) Sujeição da administração aos tribunais administrativos- o poder judicial não
pode interferi nos atos da administração
e) Subordinação da administração ao direito administrativo- toda a administração
tenta ser eficaz e eficiente com vista as necessidades coletivas
f) Privilégio da execução prévia- o direito administrativo confere uma serie de b
puderes a administração que permite que esta tome decisões por autoridade
própria
g) Garantia jurídica dos administrados -o sistema administrativo francês por
assentar num estado de direito oferece aos particulares um conjunto de
garantias jurídicas, contra os abusos e ilegalidades da AP, são efetivadas através
dos tribunais comuns

Nota: A administração esta subordinada á lei está igualmente subordinada a justiça e


aos tribunais e para que exista direito administrativo é necessário que se verifiquem
duas condições me primeiro lugar:
 a administração publica e atividade administrativa sejam reguladas por normas
jurídicas propriamente ditas, isto é, por normas de caracter obrigatório, e por
outro lado que essas normas jurídicas sejam distintas daquelas que regulas as
relações privadas dos cidadãos entre si.

Questões

1. Enuncie um conceito de administração pública

2. Atendendo aos vários sistemas administrativos abordados qual considera ser o


que se aproxima mais do sistema administrativo português.

22.02.2024

Direito administrativo como direito público

Conceito de direito administrativo como direito público? Trata-se de um ramo de


direito público constituído por normas jurídicas que regulam a organização, o
funcionamento e o controle da AP. bem como as relações que esta estabelece no
exercício da atividade administrativa e as exigências de todas as garantias dos
particulares.

Critérios:

O direito administrativo é no ordenamento jurídico português um ramo de direito


público, existem vários critérios para esta distinção:

1- Se se adotar o critério dos interesses, o direito administrativo é direito público


porque as suas normas são estabelecidas tendo em vista a prossecução do
interesse público e destinam-se justamente a permitir que esse interesse
público seja realizado.
2- Critérios de sujeitos- segundo este o direito administrativo é o direito público
porque os sujeitos de direito que compõem a administração são todos eles
sujeitos de direito público.
3- Se adotarmos o critério dos poderes de autoridade, o direito administrativo é
direito público porque a atuação da administração surge investida de poderes
de autoridade.

Tipos de normas administrativas


O direito administrativo é um conjunto organizado de normas jurídicas e é um conjunto
sistemático
a) Normas orgânicas
São normas que regulam a organização da AP e que estabelecem as entidades
públicas que fazem parte da administração determinando a sua estrutura e os
seus órgãos. As normas orgânicas têm relevância jurídica externa, não
interessando apenas à estrutura interna da administração mas também aos
particulares em geral (art. nº 267 CRP)

b) Normas funcionais
São aquelas que regulam o modo de agir específico da administração,
estabelecendo processos de funcionamento bem como métodos de trabalho,
formalidades a cumprir, em que se destacam as normas processuais nos termos
art.267º nº4 da CRP

c) Normas relacionadas
São aquelas que regulam as relações entre administração e os outros sujeitos
de direito no desempenho da atividade administrativa, são consideradas as que
apresentam maior relevância; as normas relacionais não são apenas aquelas
que regulam as relações da administração com os particulares mas também as
relações entre a administração com os sujeitos de direito e assim regulam as
relações entre a administração com outros sujeitos de direito e assim regulam
as relações entre a administração e os particulares, as relações entre duas ou
mais pessoas coletivas públicas e ainda certas relações entre dois ou mais
particulares

Atos de gestão pública e atos de gestão privada


Assim, são atos de gestão pública os que se compreendem no exercício de poder
público, integrando mesmo a realização de uma função pública da pessoa coletiva.
O direito administrativo regula apenas e abrange a atividade da gestão pública da
administração. Na medida em que a atividade da gestão privada diz respeito ao direito
privado, por sua vez são atos de gestão privada os que se compreendem numa
atividade em que a pessoa coletiva “despida” do poder político, se encontra numa
posição de paridade com os particulares e portanto nas mesmas condições
Natureza do Direito administrativo
a) O Direito Administrativo é considerado um direito excecional, trata-se de um
conjunto de execuções ao direito privado, nomeadamente ao direito civil
b) O Direito Administrativo como direito comum da AP, a doutrina defende-se
trata-se de uma conceção subjetivista do direito administrativo sendo assim o
direito administrativo um direito estatuário, porque estabelece a
regulamentação jurídica de uma categoria singular de sujeitos
c) O Direito Administrativo como direito comum da AP, em primeiro lugar não é
por ser estatuário que o direito administrativo é o direito público na medida em
que existem normas de direito privado que são específicas da AP, em segundo
lugar o direito administrativo não é o único ramo de direito aplicável á AP, o que
significa que outros ramos de direito também podem aplicar-se, em terceiro
lugar defende-se que a presença da AP não seja um requisito necessário para
que exista uma simples relação jurídica administrativa. Como diz-se assim que o
direito administrativo é a acima de tudo um direito comum da função
administrativa.

A função do Direito Administrativo


Existem diversas opiniões na doutrina em que se destacam as principais. A função
do Direito administrativo é conferir poderes de autenticidade á AP de modo a que
ela possa fazer sobrepor o interesse coletivo aos interesses privados. Outra opinião
é a de que a função do direito administrativo é reconhecer direitos e estabelecer
garantias a favor dos particulares frente ao Estado de modo a limitar juridicamente
os abusos do poder executivo e a proteger os cidadãos contra excessos de
autoridade do estado. O Direito Administrativo na verdade desempenha a função
mista ou uma dupla função, a de legitimar a intervenção da autoridade política e
proteger a esfera jurídica dos particulares, permitindo assim a realização do
interesse coletivo impedindo o esmagamento dos interesses individuais. Em suma,
a função é a de organizar a autoridade do poder do estado e defender a liberdade
dos cidadãos

Caracterização genérica de direito Administrativo


Diz o professor Freitas do Amaral que o direito é a garante de uma ação
administrativa eficaz, é um meio de afirmação de vontade do poder e é um meio de
produção do cidadão contra o Estado. Aquilo que caracteriza genericamente o
direito administrativo é a permanente procura de harmonização das exigências da
ação administrativa na prossecução do interesse público com as exigências da
garantia dos particulares na defesa dos seus direitos e interesses legítimos.

Características específicas do Direito Administrativo


 Juventude
O Direito Administrativo é relativamente a outros ramos de Direito mais recente
na medida em que surgiu com a revolução francesa
 Influência jurisprudencial
No direito administrativo a jurisprudência dos tribunais tem maior influência
 Autonomia
O direito administrativo é um ramo autónomo de direito que diverge dos
restantes pelo seu objeto, pelo seu método, pelo espírito que domina as suas
normas e pelos princípios gerais em que assenta
 Codificação parcial
Existem diversos diplomas que codificam o Direito Administrativo sendo que o
decreto-lei 442/91 de 15 de novembro aprovou o código de procedimento
administrativo atualmente regulamentado pela lei nº 42/2014 de 11 de julho
tendo entretanto sofrido várias alterações

Ciência do direito administrativo

Tem por objeto o estudo do ordenamento jurídico- administrativo, nos primeiros


tempos quem tinha contacto com o Direito administrativo (por parte do Estado ou
particular) limitava-se a tecer comentários ás leis administrativas, só nos finais do
século XIX se começou a fazer construção cientifica do Direito Administrativo. Em
Portugal a primeira obra completa a ser publicada sobre o Administrativo coube ao
professor da faculdade de Direito de Lisboa, Marcelo Caetano.

A ciência da administração
A ciência do Direito administrativo não se confunde com a ciência da administração
que não é uma ciência jurídica mas sim uma ciência social que tem por objetivo o
estudo dos problemas específicos das organizações públicas que resultam da
dependência destas tanto quanto á sua existência como quanto á sua capacidade
de decisão e processos de atuação bem como a vontade política dos órgãos
respetivos de uma comunidade

O poder administrativo

 Princípio da separação de poderes- este principio consiste numa dupla


distinção, a distinção intelecual das funções do estado e as funções políticas dos
órgãos que as devem desempenhar, no campo do Direito Administrativo o
princípio da separação de poderes teve em vista retirar aos tribunais a função
administrativa, uma vez que até aí havia uma certa confusão entre a função
administrativa e a função judicial e os respetivos órgãos, são assim três eixos do
princípio da separação de poderes:
1. Separação dos órgãos administrativos e judiciais, isto significa que
tem de existir órgãos administrativos dedicados ao exercício da
função jurisdicional. A separação de funções tem que traduzir-se
numa separação de órgãos.
2. A incompatibilidade das magistraturas, não basta que existam órgãos
diferentes, é necessário estabelecer além disso que nenhuma pessoa
possa simultaneamente desempenhar funções em órgãos
administrativos e judiciais
3. A independência recíproca da administração e da justiça , a
autoridade administrativa é independente da judiciária, nenhuma se
pode sobrepor à outra para assegurar este princípio existem
mecanismos jurídicos, o sistema de garantias da independência da
magistratura e a regra legal de que todos os atos praticados pela AP
em matéria da competência dos tribunais judiciais são atos nulo e de
nenhum efeito

A administração Pública é um poder fazendo parte daquilo a que se costuma chamar os


poderes públicos. A AP do estado corresponde ao poder executivo, sendo que o poder
legislativo e o poder judicial não coincidem com a AP. falar em direito administrativo
teremos que ter em conta que é também falar em poder executivo de modo a englobar
nele as autarquias locais não é atual. A AP é efetivamente uma autoridade, um poder
público que é o poder administrativo.

Manifestação do poder administrativo


 Poder regulamentar
A AP tem o poder de fazer regulamentos que designados por poder
regulamentar, estes regulamentos que a AP tem o direito de elaborar são
considerados uma fonte de direito, a AP goza de um poder regulamentar
porque é poder e tem assim o direito de definir genericamente em que sentido
vai aplicar a lei, a AP tem de respeitar as leis e executá-las e por isso ao poder
administrativo do Estado se chama poder executivo mas porque é poder tem
ainda a faculdade de definir previamente em termos genéricos em que sentido
é que vai aplicar e interpretar as leis em vigor e fá-lo justamente elaborando
regulamentos

 Poder de decisão unilateral


Enquanto que no regulamento a AP nos surge a elaborar normas gerais e
abstratas, aqui a administração surge a resolver casos concretos. Este poder é
um poder unilateral, quer dizer que a administração por exclusiva autoridade
sua e sem necessidade de obter acordo prévio do interessado. A administração
perante um caso concreto tem por lei o poder de definir unilateralmente o
poder aplicável, pode também a lei exigir que os interessados sejam ouvidos
relativamente aos seus interesses antes de ser tomada a decisão pela AP, pode
também a lei facultar e por vezes faculta a possibilidade de particulares
apresentarem reclamações aos recursos hierárquicos contra as decisões finais
que lhe dizem respeito para os tribunais administrativos a fim de obterem a
anulação de alguma decisão e a regra é de que não é a administração que tem
de ir a tribunal para legitimar a decisão que tomou mas é sim o particular que
tem que impugnar a decisão tomada pela administração

 Poder de privilégio de execução prévia: conciste este poder na faculdade que a


lei dá à AP de impor coercivamente e de forma imprevia aos particulares certas
decisões que tiver tomado. A administração dispõem aqui de dois privilégios:
 Numa fase declaratória o privilégio de definir unilateralmente por si
mesma o direito no caso concreto sem necessidade de uma decisão
judicial;
 Na fase executória trata-se do privilégio de executar o direito por via
administrativa sem qualquer intervenção do tribunal

 Um regime especial dos controlos administrativos: um contrato administrativo


é um acordo de vontades em que a administração pública fica sujeita a um
regime jurídico especial diferente daquele que existe no direito civil

Corolário das manifestações do poder administrativo

Independência da administração perante a justiça:


 Em primeiro lugar cabe referir que os tribunais comuns são
incompetentes para se pronunciarem sobre questões administrativas
 Em segundo lugar o regime dos conflitos de jurisdição permite retirar a
um tribunal judicial, uma questão administrativa que nele erradamente
esteja a decorrer
 Em terceiro lugar devemos mencionar aqui a chamada garantia
administrativa que consiste no privilégio proferido por lei às autoridades
administrativas, de não poderem ser mandadas criminalmente nos
tribunais judiciais sem prévia autorização do governo

Faro administrativo
 Consiste na entrega contenciosa para julgar os litígios
administrativos, não aos tribunais judiciais, mas sim aos tribunais
administrativos

Tribunal de conflitos
 Trata-se de um tribunal superior que só funciona quando surge um
conflito e que tem uma composição mista composta por deslizes dos
tribunais judiciais e juízes dos tribunais administrativos e que se
destina a resolver entre uma instância os conflitos de jurisdição que
ocorrem entre as autoridades administrativas e o poder judicial

Princípios constitucionais sobre o poder administrativo

Um dos princípios fundamentais é o princípio da prossecução do interesse público, ou


seja, a administração move-se para assegurar o interesse público. Surgem outros
princípios tais como o princípio da ilegalidade que manda a administração obedecer à
lei e o princípio do respeito pelos direitos e interesses legítimos dos particulares que
obriga a administração a não violar as situações juridicamente protegidas dos
administrados. Por sua vez a administração pública é muita vez investida pela lei de
uma liberdade de decisão que denomina o poder discricionário da administração

Princípio da prossecução do interesse público


Encontra-se consagrado no artigo 4º do CTA e também no artigo 266º da CRP. O
interesse público é assim o interesse coletivo de uma determinada comunidade. A
noção de interesse público traduz-se assim numa exigência de satisfação das
necessidades coletivas. Para distinguir o interesse público primário dos interesses
públicos secundários cabe referir que o interesse público primário é aquele cuja
definição compete aos órgãos governativos do estado, o desempenho das funções
política e legislativa. Por sua vez os interesses públicos secundários são aqueles cuja
função é feita pelo legislador, mas cuja definição cabe à administração no desempenho
da função administrativa.
Este princípio tem numerosas consequências práticas das quais importa salientar as
mais importantes:
 Só a lei pode definir os interesses públicos a cargo da administração;
 Em todos os casos em que a lei não define, de forma complexa e exclusiva o
interesse público compete à administração defini-lo;
 A noção de interesse público: é uma noção de conteúdo variável não sendo
possível definir o interesse público de forma rígida e inflexível
 Após ser definido o interesse público pela lei a sua prossecução pela
administração é obrigatória
 O interesse público delimita a capacidade jurídica das pessoas coletivas e a
competência dos respetivos órgãos, é o chamado principio da especialidade
 Só o interesse público definido por lei pode construir o motivo determinado de
qualquer ato administrativo
 A prossecução de interesses privados em vez do interesse público por parte de
qualquer órgão ou agente administrativo no exercício das suas funções constitui
corrupção e como tal acarreta um conjunto de sanções quer administrativas
quer penais para quem assim proceder
 A obrigação de prosseguir o interesse público exige da administração pública
que adote ou que adapte em relação a cada caso concreto as melhores
soluções possíveis do ponto de vista administrativo, é o chamado dever de boa
administração (Artigo 5º do CPA)

Artigo 5º do CPA

 O princípio da prossecução do interesse público implica além do mais a


exigência de um dever de boa administração. O dever de boa administração é,
pois, um dever imperfeito, por um lado existem aspetos que esse dever deveria
assumir numa certa expressão jurídica existindo recursos graciosos (que são
garantias particulares) os quais podem ter como fundamento vícios de mérito
do ato administrativo. Num outro aspeto a violação, por qualquer funcionário
público, dos chamados deveres de zelo e aplicação constitui infração disciplinar,
e leva à imposição de sanções disciplinares ao funcionário responsável. Por fim
existe a responsabilidade civil da administração, num caso de um órgão ou
agente administrativo praticar um ato ilícito e culposo de que resultem
prejuízos para terceiros

Principio da ilegalidade
 (artigo 3º do CPA) o principio da legalidade é imperitivo o que se encontra
também consagrado no artigo 266º do CRP. Os órgãos e agentes da
administração podem agir no exercício das suas funções com fundamento na lei
e dentro dos limites por ela impostos. O princípio da legalidade aparece
definido de uma forma positiva. O princípio da legalidade abarca todos os
aspetos da atividade administrativa e não apenas aqueles que possuem ou que
possam constituir uma qualquer lesão dos direitos dos interesses dos
particulares.

Princípio da igualdade
 Encontra-se previsto no artigo 6º do CPA segundo o qual a administração
pública deve tratar igualmente os cidadãos que se encontram objetivamente
em situações idênticas

Princípio da Boa-fé
 Encontra-se consagrado no artigo 10º do CPA e daqui ressalvam-se dois limites
negativos para a administração pública. Por um lado, a AP não deve atraiçoar a
confiança que os particulares interessados colocaram num certo
comportamento seu e por outro lado a AP não deve iniciar o procedimento
legalmente previsto para alcançar um determinado objetivo ou propósito que
não seja o interesse público

Todos os tipos de comportamento da administração pública, a saber: o regulamento,


o ato administrativo, o contrato administrativo, os simples factos jurídicos:

Sendo o princípio da legalidade um dos princípios basilares do direito administrativo


atenderemos ao conteúdo, ao objeto, às modalidades e aos efeitos.
 Quanto ao conteúdo o princípio da legalidade não pode abranger nada mais
que não apenas o respeito da lei, em sentido formal ou em sentido material;
 Quanto ao objeto encontram-se todos os tipos de comportamento da
Administração pública, a saber: o regulamento, o ato administrativo, o contrato
administrativo, os simples factos jurídicos. (NOTA: a violação da legalidade gera
ilegalidade)
 Modalidades: Por um lado temos uma aparência de lei que consiste em que
nenhum ato de categoria inferior à lei a possa contrariar sobre a pena de
ilegalidade e por outro lado temos uma reserva de lei que consiste em que
nenhum lado de categoria inferior à lei possa ser praticado sem o fundamento
da lei;
 Efeitos: existem no princípio da legalidade efeitos negativos em que nenhum
órgão da administração pode deixar de aplicar e respeitar normas em vigor,
pelo que qualquer ato da administração que num caso concreto viole a
legalidade vigente é um lado ilegal e, portanto, inválido (nulo ou anulável
conforme as situações). Existem também efeitos positivos do princípio da
legalidade, em suma presume-se em princípio que todo o ato jurídico praticado
pela administração é conforme a lei, até que porventura se venha a comprovar
que o ato é ilegal e para isso terá de ser considerado ilegal pelo tribunal
administrativo.

Referências a situações que existem e constituem exceções ao princípio


da legalidade:

 A teoria do estado de necessidade segundo a qual em circunstâncias


excecionais e em verdadeira situação de necessidade pública, a administração
pública fica dispensada de seguir o processo legal em circunstâncias normais e
pode agir de forma de processo, mesmo que isso implique o sacrifício dos
interesses e necessidades dos particulares. (EX: a uns anos atrás num
determinado governo decidiu-se baixar salários, outros sacrifícios impostos as
pessoas, pois estávamos no tempo da troica)
 A teoria dos atos políticos: segundo esta teoria os atos essencialmente políticos
não são suscetíveis de recurso contencioso para os tribunais administrativos.
 O poder discricionário da administração: não é propriamente uma exceção ao
princípio da legalidade, mas constitui um modo especial de configuração
administrativa, isto é, só há poder discricionário quando a lei o confere,
contudo existem sempre elementos vinculativos por lei, que é a competência e
o fim.

Princípio do respeito pelos Direitos e Interesses Legítimos dos


Particulares:

 Este princípio significa que a prossecução do interesse público não é o único


critério da ação administrativa nem tem um valor ao alcance ilimitados, isto
é, há que prosseguir fundamentalmente o interesse público, mas sempre no
respeito dos direitos e interesses legítimos dos cidadãos. Embora o princípio
da legalidade seja um limite à ação da administração pública a sua função
principal será a proteger os particulares.

Existem outras formas de proteção dos particulares para além do princípio da


legalidade:
 O estabelecimento da suspensão jurisdicional de eficácia do ato
administrativo, o que se traduz numa paralisação da execução prévia
 Extensão do âmbito da responsabilidade da administração por ato ilícito
culposos que tenha sido praticado pela administração por falha técnica ou
falha de prudência
 A extensão de responsabilidade da administração aos danos causados por
factos casuais
 A conceção aos particulares de direitos bem como a participação e
informação no processo administrativo gracioso antes da tomada da
decisão final
 Em posição do dever de fundamentar em relação aos atos administrativos
que afetem diretamente os interesses legítimos dos particulares
O poder discricionário da administração:
 A regulamentação legal da atividade administrativa umas vezes é precisa outras
vezes é imprecisa. Umas vezes diz-se que a lei vincula totalmente a
Administração. A administração não tem qualquer margem dentro da qual
possa exercer uma liberdade de decisão; outras vezes a lei praticamente nada
diz, nada regula deixando uma grande margem de decisão à administração
pública, e é a AP que tem de decidir segundo critérios que em cada caso
entender mais adequados á prossecução do interesse público. Temos, portanto,
num caso atos discricionários e atos vinculados.

Duas perspetivas diferentes têm sido adotadas pela doutrina quanto aos poderes de
execução:
 Segundo uma primeira perspetiva, a dos poderes, este é vinculado na medida
em que o seu exercício está regulado por lei; o poder será discricionário quando
o seu exercício fica entregue ao critério do respetivo titular deixando-lhe assim
liberdade de escolha do procedimento a adotar em cada caso e ajustado à
realização do interesse público.
 Segunda perspetiva é a dos atos: estes são vinculativos quando particulados
pela administração e advêm da lei, e são discricionários quando praticados no
âmbito dos poderes discricionários. Podemos afirmar que quase todos os seus
atos administrativos são simultaneamente vinculados e discricionários.
Vinculados em relação a certos aspetos e discricionário em relação a outros.
Nos atos discricionários importa sempre o fim do ato administrativo, pois este
deverá ser sempre vinculativo. Cabe referir que a discricionariedade não é total
a respeita a liberdade de escolher a melhor decisão para realizar o fim visado
pela norma. Toda a norma que confere um poder discricionário confere-o com
um certo fim. Depois cabe apurar se o ato praticado foi legal ou ilegal. Em rigor
não há atos totalmente discricionários na medida em que todos os atos
administrativos são em parte vinculados e em parte discricionários.

29.02.2024

Fundamentos e significado do poder discricionário da Administração:


 Há situações em que a lei pode regular todos os aspetos quando atua a
Administração Pública sendo por isso uma atuação que se traduz na mera
aplicação da lei de forma mecânica e abstrata a um determinado caso concreto.
Contudo existem outras situações em que as leis não podem regular todos os
aspetos deixando liberdade à administração Pública na sua atuação, ressalve-se
que só há poder discricionário quando e na medida em que a lei confere.
Existem meios jurisdicionais para controlar o poder discricionário
Natureza: existem várias teorias, uma primeira será a tese da discricionariedade como
liberdade da administração na interpretação de conceitos vagos e indeterminados
usados por lei. Uma segunda tese é a disciri

 Natureza do poder discricionário:


1- Tese da discricionariedade como liberdade da administração: interpretação de
conceitos vagos e indeterminados usados por lei
2- Tese da discricionariedade como vinculação da administração a normas
jurídicas especiais: a lei remete a tese da discricionariedade como liberdade de
decisão da administração no quadro das limitações fixadas por lei

 Quanto á primeira teoria, a discricionariedade como liberdade da administração


na interpretação de conceitos vagos e indeterminados ela parte da observação
correta que a lei usa muitas vezes para conceitos vagos e indeterminados,
deixando ao interprete e aos órgão de aplicação a tarefa de concretizar esses
conceitos vagos e indeterminados
 Quanto a segunda teoria, a discricionariedade como vinculação da
administração a normas jurídicas especiais nomeadamente regras técnicas para
as quais a lei remete e assim entendem os defensores desta teoria que num
poder discricionário, o que existe simplesmente é que a lei remete para o órgão
administrativo para que seja este a aplicar as normas especiais ou
extrajurídicas, aqui o que a lei pretende quando confere poderes discricionários
á administração não é que existe o livre arbítrio mas sim que a AP se sinta
vinculada por normas especiais ou extrajurídicas e procure para cada caso
concreto a melhor solução do ponto de vista técnico, financeiro ou
administrativo. Esta teoria não é na verdade aceitável, por dois aspetos
essenciais:
o ou se trata de casos em que a lei formalmente remete para normas
especiais ou extrajurídicas e aí não á discricionariedade á vinculação
o a lei não é aceitável porque existem casos em que a administração
decidiu exercer o seu poder discricionário de acordo com normas
extrajurídicas, contudo faltará a remissão da lei para normas
extrajurídicas ou especiais, por hipótese a AP no uso do seu poder
discricionário decidiu livremente seguir determinados critérios a que a
lei não a tinha vinculado

 quanto a terceira teoria, da discricionariedade como liberdade da


administração no quadro das ........ segundo esta teoria a discricionariedade
consiste numa liberdade de decisão que a lei confere á AP, tendo como
finalidade que esta dentro dos limites legalmente estabelecidos, escolha entre
varias soluções possíveis aquela que lhe parecer a mais adequada á prececução
do interesse público. É esta teoria que defendemos como resultante da maioria
da doutrina portuguesa e até estrangeira, ressalve-se que para que exista poder
discricionário é indispensável que ele seja conferido por lei a qual deve indicar
pelo menos o órgão a quem se dirige, ou a quem atribui competência e o fim de
interesse público que o poder se destina a prosseguir é também indispensável
que por interpretação da lei estejam já limitadas todas as vinculações legais a
respeitar pela administração no exercício do poder discricionário e ainda que o
sentido da norma legal atributiva do poder discricionário seja claramente o de
conferir á administração o direito de escolher livremente que segundo os
critérios que ela própria entender seguir dentro das várias soluções possíveis

suma: resulta que não haverá poder discricionário propriamente dito conferido
por lei á administração ainda que em termos de aparente liberdade de decisão
tenha que ser exercido em termos tais que o seu titular não se deveria
considerar autorizado a escolher livremente entre as várias soluções possíveis,
mas por outro lado deveria encontrar-se obrigado a procurar uma solução justa
e adequada para o caso em concreto

âmbito do poder discricionário


1- o momento da prática confere á administração a liberdade de praticá-lo
imediatamente ou mais tarde conforme melhor entender
2- a decisão sobre praticar ou não um certo ato administrativo
3- a decisão sobre a existência dos pressupostos factos que depende o
exercício da competência
4- cabe também à administração decidir sobre a forma a adotar para o ato
administrativo
5- Bem como as formalidades a observar na prática no ato administrativo
6- A fundamentação ou não de uma determinada decisão
7- A cocessão ou a recusa daquilo que o particular requerer á administração
8- A possibilidade de determinar o conteúdo da decisão a tomar
9- A liberdade ou não de colocar no ato administrativo encargos e outras
clausulas acessórias

Limites do poder discricionário

O poder discricionário pode ser limitado de diferentes formas especialmente ou


através do estabelecimento de limites legais , isto é, limites que resultam da própria lei
ou através da chamada auto-vinculação. No âmbito da discricionariedade que a lei
conferiu á administração essa pode exercer os seus poderes de duas maneiras diversas:
- pode exerce-los caso a caso adotando para cada situação a solução que lhe pareça
mais justa e adequada e ainda a administração pode proceder de outra maneira com
base ou recorrendo a uma experiência justa e sedimentada de exercício daqueles
poderes e assim a administração pode elaborar normas genéricas em que enuncia os
critérios a que ela própria terá que obedecer na apreciação daquele tipo de casos. Se a
administração faz normas ou elabora normas que não tinha que elaborar por não ter
essa obrigação resulta daqui que deve obediência a essas normas e se as violar comete
uma ilegalidade, nos casos em que existem o poder discricionário e como já foi referido
este só pode ser exercido dentro dos limites que a administração tenha elaborado
relativamente a si mesma.

Controlo do exercício do poder discricionário


a) Os controles de legalidade: são aqueles que visa determinar se a administração
respeitou a lei ou a violou
b) Os controlos de mérito: são aqueles que visão avaliar a fundamentação das
decisões da administração pelo seu mérito independentemente da ilegalidade
c) Os controlos jurisdicionais: são aqueles que se afetam através dos tribunais
d) Os controlos administrativos: são realizados por órgãos da administração e cabe
referir que o controlo de legalidade tanto pode ser feito pelos tribunais como
pela própria administração, mas em última análise cabe aos tribunais. O
controlo de mérito só pode ser feito no nosso ordenamento pela administração
sendo que no mérito do ato administrativo compreendem-se dois elementos:
 a ideia de justiça
 a ideia de conveniência
- justiça de conveniência: a justiça é a ..... á necessária harmonia entre o interesse
público

05.03.2024

Garantias da imparcialidade da administração pública

Encontra-se consagrado no artigo 266 da CRP. Bem como o artigo nono do CPA isto
significa que a administração deve se

Não devendo priveligiar nem prejudicar ninguém na sua atuação, nesse sentido a AP
não pode conferir privilégios pois os a lei o pode fazer e também não pode impor
discriminações pois só a lei o pode fazer. Estre principio tem algumas características:
a) a proibição de favoritismos ou perseguições relativamente aos particulares
b) a proibição dos órgãos da administração tomarem dicisões em assuntos que
estejam especialmente interessados

casos de impedimento

a lei obriga o órgão ou agente da administração a comunicar a existência de


impedimentos. Essa comunicação deve ser feita a superior herarquico e caso tal não
aconteça qualquer interessado pode comunicar a existência de um determinado
impedimento

teoria geral da organização administrativa

conceito de organização: a organização pública é um grupo humano estruturado pelos


representantes de uma comunidade, com vista á satisfação das necessidades coletivas
previamente determinadas por esta. O conceito de organização pública integra quatro
elementos
a) um grupo humano
b) uma estrutura (identifica uma relação entre os membros desse grupo)
c) o papel determinante da representação da coletividade
d) uma finalidade ( satisfação das necessidades públicas coletivas)

3 observações :
1- sublinhar que as expressões de pessoa coletiva pública e pessoa coletiva de
direito público são sinónimos
2- cumpre ressalvar a importância da categoria das pessoas coletivas públicas em
direito administrativo
3- distinguir as pessoas coletivas públicas das pessoas coletivas privadas (cada
uma com as suas competências, atribuições e finalidades)

conceito pessoas coletivas públicas: são criadas por iniciativa pública para assegurar a
pressecução do interesse público. Modalidades ou espécies, categorias
a) o estado
b) os institutos públicos
c) as empresas públicas
d) as associações públicas
e) as autarquias locais
f) as regiões autónomas

conceito da administração pública em sentido orgânico


órgãos- a este cabe tomar decições em nome da pessoa coletiva, os órgãos são em si
centros de imputação de poderes funcionais e a respeito da natureza dos orgçãos das
pessoas coletivas (quem as compõe) levantam-se varias serias:
1- considere que os órgãos são instituições e não indivíduos
2- considera que os órgãos sãos indivíduos e não instituições

no atual direito administrativo e atendendo as pessoas coletivas que integram a


administração devem ser concebidos como instituições para efeitos da teoria da
organização administrativa e como indivíduos para efeitos da teoria da atividade
administrativa

Questões

1- Identifique o fundamento, a natureza e o significado do poder discricionário e


refira quais os controles ao poder discricionário que conhece

11.24
d) órgãos representativos são aqueles cujo os titulares são livremente designados por
eleição todos os restantes por nomeação
e) Órgãos ativos consultivos e de controle

Órgãos ativos: são aqueles a quem compete tomar decisões ou executalas


Órgãos consultivos: são aqueles cujo a função é esclarecer os órgãos ativos antes
destes tomarem uma decisão nomeadamente através da emição de pareceres
Órgãos de controle: são aqueles a quem cabe fiscalizar o funcionamento de outros
órgãos
f) Os órgãos ativos podem classificarse em orgçãos decisórios e executivos. São
órgãos decisórios aqueles a quem compete tomar decisões e são órgãos
executivos ´
g) Órgãos temporários: são criados para atuar apenas durante um determinado
período de tempo. Órgãos permanetes são +aqueles que segubdo a lei tem
uma duração indefinida
h) Órgãos simples e órgãos complexos: órgãos simples são simples os órgãos cujo
a estrutura é unit´r

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