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Apostila - Adaptações Curriculares para A Educação Inclusiva
Apostila - Adaptações Curriculares para A Educação Inclusiva
1) Dados de Identificação:
Curso: Educação Especial
Disciplina: Adaptações Curriculares para a Inclusão
2) Ementa:
Desenvolvimento de estudos dos atuais debates e da pesquisa sobre a Educação Especial e o
movimento dos processos inclusivos e de escolarização dos sujeitos com deficiência; Os discursos da
inclusão, as pesquisas, as políticas educacionais e os contextos educativos: contribuições, desafios e
repercussões para práticas educativas e de escolarização, envolvendo sujeitos com necessidades
educacionais especiais.
Bibliografia Básica:
Página 44
3) Objetivos:
Propiciar, aos mestrandos em educação, o estudo e debate da produção da pesquisa e das políticas
educacionais de educação especial e inclusão escolar de estudantes Público-alvo da educação
especial e suas repercussões para as práticas educativas, para os processos de escolarização destes
estudantes, e para formação de professores.
4) Conteúdos Abordados:
Educação especial e inclusão escolar: Aspectos Históricos e Políticos Educacionais;
As Diretrizes Políticas de Educação Especial em uma Perspectiva Inclusiva, o Atendimento
Educacional Especializado e a Organização da Escolaridade dos alunos Público-alvo da
Educação Especial;
Deficiência e Educação Especial, a Produção de Pesquisa e as Contribuições e Desafios para
as Práticas Educativas;
As Pesquisas em Educação Especial e Inclusão Escolar e as Implicações para a Formação de
Professores.
5) Metodologia:
• Exercícios individuais com pequenas produções utilizando as novas tecnologias, com a
finalidade de estimular a produção própria e original;
• Atividades de Aprendizagem.
6) Avaliação
O processo avaliativo dos alunos será feito por meio da avaliação das Atividades de Aprendizagem.
7) Atividade
Através das Atividades de Aprendizagem orientadas pelo professor.
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI
APOSTILA
ADAPTAÇÕES CURRICULARES PARA A
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
ESPÍRITO SANTO
A INCLUSÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS
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Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introduzir. E inclusão é o ato ou efeito de
incluir. Assim, a inclusão social das pessoas com deficiências significa torná-las parti-
cipantes da vida social, econômica e política, assegurando o respeito aos seus direitos
no âmbito da Sociedade, do Estado e do Poder Público.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização das
Nações Unidas (ONU), em 1948 relaciona os seguintes direitos que valem para todos,
isto é, os chamados direitos humanos ou da cidadania:
Direitos Civis: direito à liberdade e segurança pessoal; à igualdade perante lei; à livre
crença religiosa; à propriedade individual ou em sociedade; e o direito de opinião (Art.
3° ao 19).
Direitos Políticos: liberdade de associação para fins políticos; direito de participar do
governo; direito de votar e ser votado (Art. 20 e 21).
Direitos Econômicos: direito ao trabalho; à proteção contra o desemprego; à remu-
neração que assegure uma vida digna, à organização sindical; e direito à jornada de
trabalho limitada (Art. 23 e 24).
Direitos Sociais: direito à alimentação; à moradia; à saúde; à previdência e assistên-
cia; à educação; à cultura; e direito à participação nos frutos do progresso científico
(Art.25 ao 28).
Esses direitos foram conquistados arduamente nos últimos 200 anos. Contudo,
segundo as condições históricas de cada país, podem ser descumpridos ou bastantes
fragilizados, o que indica que o esforço do Estado e da Sociedade por sua vigência
deva ser permanente. Uma coisa é certa: para fortalecê-los entre nós, a Sociedade e
o Estado brasileiros devem agir com base no princípio da associação interdependente
dos direitos, isto é, o cumprimento efetivo de um depende do cumprimento dos outros.
Por exemplo, o direito à igualdade perante a lei depende do direito de votar e ser
votado, o qual está por sua vez associado ao direito de opinião aos direitos à educação
e à saúde.
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Quando isto não ocorre, os direitos de todos perdem as suas forças e, em con-
sequência, os direitos específicos das pessoas com deficiência também. Ora, se o
direito universal à saúde não está associado aos demais e além disso, é cumprido de
modo insuficiente pelo Estado, o direito à saúde específico das pessoas com defici-
ência igualmente será fragilizado ou mesmo negado.
Portanto a inclusão social tem por base que a vigência dos direitos específicos
das pessoas com deficiência está diretamente ligada à vigência dos direitos humanos
fundamentais. Em virtude das diferenças que apresentam em relação às demais, as
pessoas com deficiência possuem necessidades especiais a serem satisfeitas. Tal
fato significa que:
•. Os direitos específicos das pessoas com deficiências decorrem de suas necessida-
des especiais;
• É preciso compreender que as pessoas não deficientes e as pessoas com deficiên-
cias não são “iguais”.
• O exercício dos direitos gerais bem como nos direitos específicos destas últimas está
diretamente ligado à criação de condições que permitam o seu acesso diferenciado
ao bem-estar econômico, social e cultural.
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•. As pessoas com deficiência têm o direito de viver com sua família e de participar
das atividades sociais. Elas não serão submetidas, mesmo em suas residências, a
tratamento diferente (discriminatório) que não seja o necessário para melhorar o seu
bem-estar. Se a sua permanência em instituição especializada for indispensável, o
ambiente e as condições deverão ser as mais próximas da vida normal;
• O direito à proteção contra toda a exploração e todo o tratamento discriminatório,
abusivo e degradante;
•. As pessoas com deficiência têm o direito ao apoio jurídico qualificado quando tal
apoio mostrar-se indispensável para sua proteção. Se processos judiciais forem esta-
belecidos contra elas, o procedimento legal respeitará as suas condições físicas e
mentais;
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Ao Trabalho
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• Art. 7° - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social:
• XXXI. Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admis-
são do trabalhador com deficiência.
• Art.37 – Administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Po-
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também ao se-
guinte:
• ...VII. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
com deficiência e definirá os critérios de sua admissão.
À Atenção do Estado (Poder Público) à saúde e proteção
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O movimento pela integração da pessoa deficiente, na Europa, pode ser consi-
derado como decorrente da conjunção histórica de três fatores, segundo estudiosos
do assunto: o advento das duas grandes guerras mundiais, o fortalecimento do movi-
mento pelos Direitos Humanos e o avanço científico.
Como consequência das duas grandes guerras, surgiu nos países atingidos uma
grande quantidade de pessoas mutiladas, debilitadas e perturbadas mentalmente. As
sociedades desses países viram-se diante da necessidade de criar formas de atendi-
mento e reintegração desses indivíduos ao meio social. Além disso, o curto intervalo
entre as duas guerras e o número de baixas ocorridas gerara um déficit de mão de
obra, o que levou à implantação de programas de educação, saúde e treinamento
para que trabalhadores deficientes pudessem preencher as lacunas da força de tra-
balho europeia (SANTOS, 1995; CORREIA, 1997).
http://institutodamiaoximenes.blogspot.com.br
http://veronicruz.blogspot.com.br/
Os movimentos a favor da integração dos deficientes mentais surgiram nos pa-
íses nórdicos no início da década de 60, quando, em 1950, na Dinamarca, traçava-se
pela primeira vez, um plano para integração de crianças portadoras de deficiência. A
ideia da integração nascia para derrubar a prática da exclusão social a que foram
submetidas as pessoas portadoras de deficiências, durante vários séculos.
Na década de 60, observou-se um boom de instituições especializadas que
ofereciam aos grupos específicos de indivíduos deficientes, todos os serviços possí-
veis correspondentes àqueles encontrados fora da instituição, disponibilizados para a
população considerada normal. A segregação continuava, só que agora no âmbito
institucional, dentro de escolas especiais, centros de reabilitação, oficinas protegidas
de trabalho, clubes recreativos especiais, etc. (SASSAKI, 1997).
Ao final daquela década, a ideia de integração social foi ampliada e o objetivo
da nova abordagem passou a promover a integração das pessoas portadoras de de-
ficiência nos sistemas sociais gerais, como a educação, o trabalho, a família e o lazer.
O fator propulsor de tal mudança de perspectiva foi a elaboração e a divulgação de
um importante princípio – o princípio da normalização (SASSAKI, 1997).
Em 1969, na Dinamarca, Nirje – Diretor da Associação Sueca para Crianças
Retardadas - formula o princípio da normalização, que se constituiria na base concei-
tual do processo de integração social dali em diante. Em sua redação inicial, o princí-
pio referia-se apenas a pessoas com deficiência, como se pode constatar: “O princípio
de normalização significa colocar ao alcance dos retardados mentais, uns modos e
umas condições de vida diários os mais parecidos possível às formas e condições de
vida do resto da sociedade” (STEELNLANDT 1991, in CARVALHO, 1997, p.45).
Este princípio foi generalizado a partir de 1972, por Wolfensberg, para todas as
pessoas com deficiências e contemplou tanto os meios possíveis, quanto os resulta-
dos alcançados. Isto quer dizer que, para Wolfensberg, a normalização era a utilização
de meios tão culturalmente normativos quanto fosse possível para estabelecer e/ou
manter condutas e características pessoais o mais culturalmente normativas quanto
fosse possível (STEELLANDT, 1991).
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Já havia, na segunda metade dos anos 80, em alguns países da Europa e nos EUA,
um consenso entre os estudiosos e pesquisadores referente à necessidade de mu-
danças na forma como o processo de integração/mainstreaming vinha ocorrendo. Se
havia consenso quanto a essas mudanças, as opiniões dividiam-se em relação às
soluções encontradas para implementá-las, daí surgindo basicamente duas orienta-
ções.
Uma delas propunha a melhoria e o aprofundamento do conceito de integra-
ção/mainstreaming por meio de experiências mais controladas, concomitante ao de-
senvolvimento de pesquisas. O principal promotor do conceito de integração, Wol-
fensberger sugeria a substituição do termo normalização pela expressão “valorização
dos papéis sociais”, esperando, com esta mudança, enfatizar o objetivo da normaliza-
ção, ou seja, o apoio ao exercício dos papéis sociais valorizados pelas pessoas sus-
cetíveis de desvalorização social (DORÉ et al.,1997).
http://www.inclusive.org.br/
Mrech (1997; 1998; 1999) acredita que tanto o movimento de Integração Esco-
lar e o subsequente movimento da Educação Inclusiva surgiram nos EUA em conse-
quência da promulgação da Lei Pública 94.142, de 1975. Outros autores relatam que
o conceito de inclusão surgiu, nos EUA, relacionado à implantação em 1986 de uma
política educacional denominada “Regular Education Iniciative (REI) ”, que defendia a
adaptação da classe regular de modo a tornar possível inserir ali o maior número pos-
sível de alunos com necessidades especiais; incentivando os serviços de educação
especial e outros serviços especializados a associarem-se ao ensino regular (COR-
REIA,1997; DORÉ et al.,1996).
Sem a preocupação com a precisão histórica de seu surgimento, o fato é que-
depois de um período de intensas discussões e críticas a respeito do processo de
integração/mainstreaming e suas possíveis limitações, ao final dos anos 80 e início da
década de 90, começaram a tomar vulto as discussões em torno do novo paradigma
de atendimento educacional – a Inclusão Escolar.
Na realidade, tanto o processo de integração quanto o de inclusão escolar são
formas de inserção escolar ou sistemas organizacionais de ensino cuja origem se fun-
damenta no mesmo princípio, o princípio da normalização. Apesar da origem comum
no mesmo princípio e de terem basicamente o mesmo significado, os conceitos de
Integração e de Inclusão escolar estão fundamentados em posicionamentos divergen-
tes quanto à consecução de suas metas. A Integração Escolar remete à ideia de uma
inserção parcial e condicionada às possibilidades de cada pessoa, enquanto que o
processo de Inclusão se refere a uma forma de inserção radical e sistemática, total e
incondicional, de toda e qualquer criança no sistema escolar comum (WERNECK,
1997; MANTOAN, 1997; 1998).
https://blog.messina.com.br/
http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/31872
A ênfase da escola inclusivista não se restringe ao atendimento das crianças
com necessidades especiais. A meta do novo paradigma é incluir todos aqueles que
se encontra em situação de exclusão, quer sejam eles deficientes físicos, mentais,
sensoriais, ou crianças fracassadas na escola; ou alunos marginalizados por conta de
suas peculiaridades raciais ou culturais; ou qualquer outra criança que esteja impedida
de usufruir seu direito de acesso à educação democrática e de qualidade que lhe ga-
ranta um desenvolvimento social, emocional e intelectual adequado.
A escola inclusivista respeita e valoriza as diversidades apresentadas por seus
alunos. A proposta da Inclusão exige uma transformação radical da escola, pois ca-
berá a ela adaptar-se às necessidades dos alunos, ao contrário do que acontece atu-
almente, quando são os alunos que devem se adaptar aos modelos e expectativas da
escola. Se a meta do processo de Inclusão é que todo e qualquer educando seja
inserido na escola comum, então, a escola inclusivista deve preparar-se para oferecer
um ambiente propício ao desenvolvimento das potencialidades de todos os tipos de
alunos, qualquer que seja sua deficiência, diferença, déficit ou necessidades individu-
ais (WERNECK, 1997; SEMEGHINI, 1998).
O princípio da Inclusão, sintetiza Correia (1997), apela para uma escola que
tenha sua atenção voltada para a criança-todo, e não só a criança-aluno, respeitando
os três níveis de desenvolvimentos essenciais – o acadêmico, o sócio emocional e o
pessoal, de modo a proporcionar a essa criança uma educação apropriada, orientada
para a maximização de seu potencial.
Em termos teóricos e ideológicos, a ideia da inclusão escolar é, sem dúvida
alguma, revolucionária. Entretanto, há que se refletir sobre importantes questões de
natureza pragmática e operacional levantadas pelos pesquisadores da área. A insta-
lação de uma prática educacional inclusivista não será garantida por meio de promul-
gações de leis que, simplesmente, extingam os serviços de educação especial e obri-
guem as escolas regulares a aceitarem a matrícula dos alunos “especiais”, ou seja, a
inserção física do aluno com deficiência mental em sala de aula regular não garante
a sua “inclusão escolar”. Por outro lado, conforme observa Bueno (1999), a implemen-
tação de uma escola regular inclusivista demanda o estabelecimento de políticas de
aprimoramento dos sistemas de ensino, sem as quais não será possível garantir um
processo de escolarização de qualidade.
Uma política de Inclusão Escolar implica no (re) planejamento e na reestrutura-
ção da dinâmica da escola para receber esses alunos (GLAT, 1998). Em relação a
estas mudanças da escola, alguns autores alertam que devam ser feitas com cautela,
ponderação e conscientização, alertando que a realização de uma reforma de fundo
não ocorre de imediato; ao contrário, trata-se de um processo em curso, que deve ser
devidamente estudado e planejado, considerando todos os fatores envolvidos na
questão educacional (CORREIA, 1997; CARVALHO, 1998).
Apesar do conceito de inclusão conciliar-se com uma educação para todos e
com o ensino especializado no aluno, a opção por esse tipo de inserção escolar não
poderia ser realizada sem o enfrentamento de desafios importantes, uma vez que o
maior deles recai sobre o fator humano. Na adoção do paradigma da inclusão, as
mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de efetivar os processos
de ensino e aprendizagem têm prioridade sobre o desenvolvimento de recursos físicos
e os meios materiais para a realização de um processo escolar de qualidade (MAN-
TOAN, 1998).
http://acessibilidadesaudeeinformacao.blogspot.com.br/2015/08/escola-inclusiva-melhora.html
Essas novas atitudes e formas de interação na escola dependem de fatores,
tais como: o aprimoramento da capacitação profissional dos professores em serviço;
a instituição de novos posicionamentos e procedimentos de ensino, baseados em con-
cepções e práticas pedagógicas mais modernas; mudanças nas atitudes dos educa-
dores e no modo deles avaliarem o progresso acadêmico de seus alunos; assistência
às famílias dos alunos e a todos os outros que estejam envolvidos no processo de
inclusão.
Todas estas mudanças, na opinião de Mantoan (1997; 1998), não devem ser
impostas, ao contrário, devem resultar de uma conscientização cada vez mais evolu-
ída de educação e de desenvolvimento humano.
BIBLIOGRAFIA
________. Notas sobre a evolução dos serviços de educação especial no Brasil. Re-
vista Brasileira de Educação Especial. V. 01, 1992. p. 101-107.
A escola não pode tudo, mas pode mais. Pode acolher as dife-
renças. É possível fazer uma pedagogia que não tenha medo
de estranheza, do diferente, do outro. A aprendizagem é desto-
ante e heterogênea. Aprendemos coisas diferentes daquelas
que nos ensinam, em tempos distintos, (...), mas a aprendiza-
gem ocorre, sempre. Precisamos de uma pedagogia que seja
uma nova forma de se relacionar com o conhecimento, com os
alunos, com seus pais, com a comunidade, com os fracassos
(com o fim deles), e que produza outros tipos humanos, menos
dóceis e 6disciplinados.
ABRAMOWICZ (1997, p. 89).
Resumo: O texto tem por finalidade refletir sobre a inclusão e a capacidade de aceitação das diversi-
dades dos indivíduos, na sociedade e na escola, garantindo acesso igualitário às oportunidades. Tam-
bém representa um dos principais desafios da área da educação, uma vez que elimina as barreiras, a
discriminação, dentre outras, que dificultam ou impedem o conhecimento e a aprendizagem de todos
na escola. Buscamos entender quais são as políticas públicas que falam sobre a inclusão social e
escolar, levando em conta os paradigmas conceituais e princípios que vem sendo progressivamente
defendidos em documentos nacionais e internacionais. Procuramos levantar algumas discussões teó-
ricas sobre a função da escola e o papel do professor frente à inclusão. O estudo também pretendeu
conhecer e entender como a inclusão se efetiva, que mudanças se fazem necessárias para a aceitação
dos diferentes e quais as possibilidades de aprendizagem nesse novo momento da educação. Con-
cluiu-se que a inclusão de crianças nas escolas regulares de ensino é um processo complexo, envolve
a garantia do sucesso da aprendizagem em um ambiente harmônico e respeitador, colaborando para
a construção da cidadania com justiça e dignidade.
Abstract: The text aims to reflect on the inclusion and the ability to accept the diversity
of individuals, society and school, ensuring equal access to opportunities. It also rep-
resents a major challenge in the area of education, since it eliminates the barriers,
discrimination, among others, that impede knowledge and learning for all in school.
We try to understand what are the policies that talk about social inclusion and educa-
tion, taking into account the conceptual paradigms and principles which has been in-
creasingly advocated in national and international documents. We try to raise some
theoretical discussions about the role of the school and the teacher role opposite in-
clusion. The study also sought to know and understand how the inclusion is effective,
what changes are necessary for the acceptance of different and the possibilities of
learning in this new era of education. It was concluded that the inclusion of children in
regular schools teaching is a complex process that involves ensuring the success of
learning in a respectful and harmonious environment, contributing to the construction
of citizenship with justice and dignity.
A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e polemizado pelos
mais diferentes segmentos educacionais. É um movimento mundial de luta das pes-
soas com deficiências e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar na socie-
dade. Ela está ligada a todas as pessoas que não têm as mesmas oportunidades
dentro da sociedade. No entanto, inserir alunos com déficits de toda ordem, perma-
nentes ou temporários, mais graves ou menos severos no ensino regular nada mais
é do que garantir o direito de todos à educação – e assim diz a Constituição.
De acordo com Sassaki, “é um processo que contribui para um novo tipo de socie-
dade através de transformações, nos ambientes físicos (...) e na mentalidade de todas
as pessoas” (2010, p. 40).
A inclusão perpassa por saber quais as necessidades especiais que os alunos pos-
suem deficiências, déficits de aprendizagem antes de incluí-los na rede regular de
ensino. Acreditamos que
Esse tema tem como foco levantar questionamentos e inquietar professores e edu-
cadores, assim como outros profissionais que se interessam pela temática. É nesse
espaço que serão construídos os cidadãos de amanhã, estes que precisam ser ori-
entados a conviver com as diferenças, respeitando os outros que estão ao seu lado,
para construir uma sociedade digna e democrática. Inclusão engloba uma educação
para todos, centrada no respeito e valorização das diferenças. Uma posição que re-
força a necessidade do respeito à diferença, o conhecimento e o preparo para lidar
com as potencialidades e limitações das pessoas.
A partir dessa proposta, esperamos quebrar alguns tabus que cercam a educação em
relação a esse assunto, pois a inclusão requer um movimento de adesão, não so-
mente a uma proposta coletiva, mas também, um movimento interno, da ordem da
subjetividade e dos relacionamentos interpessoais. Concebemos, assim, que o mo-
mento pedagógico diz respeito não apenas a conteúdos e métodos de ensino, mas
também aos afetos, à visão de mundo e de homem, dos sujeitos que interagem no
espaço escolar.
Uma das grandes particularidades do século XX foi ser capaz de produzir legislação
internacional que atuasse sobre os Estados soberanos e que servisse de modelo para
leis internas dos Estados – nação. O surgimento de um corpo de leis que defende os
direitos fundamentais da pessoa humana, em vários aspectos e níveis, representou,
sem dúvida, um avanço importantíssimo na construção de uma sociedade mundial
baseada no direito.
O debate sobre a educação especial teve início no século XVI. Inicialmente, a educa-
ção dos portadores de necessidades especiais era baseada na discriminação e com
o decorrer do tempo, houve uma evolução direcionada para a inclusão desses alunos
nas escolas regulares.
A “educação de qualidade para Todos” tem a ver com a inclusão total, incondicional,
de todos os alunos às escolas de seu bairro, como cita a Declaração de Salamanca
(1994), e que ultrapassa o âmbito dos alunos com deficiência, englobando-os sem
dúvida. Em outras palavras, este especial qualifica as escolas que são capazes de
incluir os alunos excluídos, indistintamente, descentrando os problemas relativos à
inserção total dos alunos com necessidades educativas especiais e focando o que
realmente produz situação lamentável de nossas escolas.
Vale salientar, segundo Mazzotta (1996), que estudos realizados na Inglaterra, afir-
mam que os pais de crianças “com necessidades especiais” frequentemente mani-
festam preferência por recursos integrados à escola comum. Para Mantoan (2003),
os pais, no Brasil, contrariamente a outros países, na sua maioria, ainda não se po-
sicionaram em favor da inclusão escolar de seus filhos. Apesar dessa preferência
constar na nossa Constituição Federal (1988), observa-se uma tendência dos pais de
se organizarem em associações especializadas para garantir o direito à educação de
seus filhos com deficiência.
Esse posicionamento, que vai contra o compromisso legal estabelecido desde Jom-
tien
(1990), causa estranheza. Porém, não é de todo absurdo. Muitos pais segregam seus
filhos, pelo medo da discriminação. Ou, ainda, os pais querem proteger seus filhos
em uma escola cercada pelos muros da indiferença e, sendo assim, confirmam sua
exclusão social e escolar.
Como afirma Cury, “o contorno legal indica possibilidade e limites de atuação, os
direitos, os deveres, proibições, enfim, regras” (2002, p. 08), porém, a conversão para
as realizações no cotidiano entra em choque com as condições sociais. Inegavel-
mente, tudo isso tem impacto nas vidas das pessoas, pois sabe-se que a educação
tem um papel de destaque na formação do cidadão.
As dificuldades no processo de inclusão formam uma rede de situações que vão in-
fluenciando umas às outras, gerando, novos processos de exclusão dos alunos. Man-
toan (2003) acredita que recriar um novo modelo educativo com ensino de qualidade,
que diga não é a exclusão social, implica em condições de trabalho pedagógico e
uma rede de saberes que entrelaçam e caminham no sentido contrário do paradigma
tradicional de educação segregadora. É uma reviravolta complexa, mas possível,
basta que lutemos por ela, que nos aperfeiçoemos e estejamos abertos a colaborar
na busca dos caminhos pedagógicos da inclusão. Pois nem todas as diferenças ne-
cessariamente inferiorizam as pessoas. Ela tem diferenças e igualdades, mas entre
elas nem tudo deve ser igual, assim como nem tudo deve ser diferente. Santos apud
MANTOAN, diz que “é preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando
a igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferença nos
inferioriza” (2003, p. 79).
Também é importante destacar o papel do professor, diante dos alunos com neces-
sidades educacionais especiais, em colaborar com o desenvolvimento integral do
aluno, respeitando as diferenças e valorizando as potencialidades de cada um; ofe-
recer um espaço em que o aluno possa aprender e se perceber como sujeito ativo na
construção do conhecimento, por meio de atividades individualizadas e também em
grupo, para que haja uma cooperação entre os alunos e para que esse processo se
desenvolva de forma conjunta, pois é na relação com o outro que o sujeito se constitui
e se transforma; trabalhar em parceria com a equipe especializada que acompanha
o aluno, dentro e/ou fora da escola, bem como com as respectivas famílias, com o
intuito de ampliar as possibilidades de inclusão.
O ofício do professor não pode mais ser visto como vocação, e sim como profissão
que requer muito estudo, reflexão e uma prática realmente transformadora. A capa-
citação docente é um dos meios de começar a mudança na qualidade do ensino para
criar contextos educacionais inclusivos, capazes de propiciar a aprendizagem de to-
dos os alunos, respeitando ritmos, tempos, superando barreiras físicas, psicológicas,
espaciais, temporais, culturais, dentre outras. A formação de professores para a in-
clusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais não deve se res-
tringir a torná-los conscientes das potencialidades dos alunos, mas também de suas
próprias condições para desenvolver o processo de ensino inclusivo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão do aluno com alguma deficiência também requer a inclusão dos próprios
professores de modo que estes disponham de um ambiente favorável à reflexão da
prática e os sentimentos que a presença de uma dada peculiaridade suscita. É pre-
ciso investir na construção de um espaço de escuta desses profissionais, para que
possam dar vazão aos sentimentos sejam estes de amor, de raiva, dor, angústia,
frustação ou (in) satisfação, compartilhando e re(significando) sua experiência.
O desafio de ensinar a todos os alunos, na escola que se quer inclusiva, exige, por-
tanto, o compromisso com indagações, de modo que consiga subverter o ideal de
turmas homogêneas à revelia de quadros diagnósticos pré-definidos. Incluir significa
ver além da deficiência e as diferenças consideradas peculiaridades que a escola
precisa se dispor a acolher. Precisamos rever a nós mesmos, sujeitos da ação, reco-
nhecendo nossas atitudes, valores, limites, preconceitos, desejos e possibilidades,
enquanto elementos contribuintes na efetivação do arquétipo inclusivo.
Vale salientar que a efetivação do ideário inclusivo requer mais que boa vontade dos
professores, os quais não podem ser tomados como os únicos responsáveis por esse
processo.
Também é importante lembrar que as diferenças se fazem iguais quando essas pes-
soas são colocadas em um grupo que as aceite, pois nos acrescentam valores morais
e de respeito ao próximo, com todos tendo os mesmos direitos e recebendo as mes-
mas oportunidades diante da vida. A forma holística de entender as necessidades
auxilia na compreensão das necessidades do próximo criando ambiente favorável
para que todos possam desenvolver seus potenciais.
Acreditamos que a convivência dos alunos com necessidades especiais com outros
alunos da escola inclusiva vai ganhar espaço, avançando, continuamente, para a
construção dos seus próprios com conceitos; essas crianças vão progredir, supe-
rando os desafios criados pelos problemas da conjuntura vivenciada na escola. Nós
como professores e educadores temos que nos adaptar e essa nova realidade de
diferença nas salas de aulas, modificando posturas e criando instrumentos de inclu-
são com olhares voltados ao ser humano em sua total complexidade de ensino e
aprendizagem.
Desejar uma sociedade acessível e se empenhar pela sua construção não pode sig-
nificar o impedimento de acesso das pessoas com deficiência aos serviços atual-
mente oferecidos, pelo contrário, deve-se manter o olhar no ideal, mas os pés na
realidade. A inclusão envolve mudanças em todas as pessoas e é um trabalho longo
e desafiador. Igualdade de oportunidades é um desejo de muitas pessoas para um
futuro, que esperamos, seja breve.
5 REFERÊNCIAS
CURY, Carlos Roberto Jamil. Legislação Educacional Brasileira. 2ª ed. Rio de Ja-
neiro: DP&A, 2002.
GURGEL, Thais. Inclusão: só com aprendizagem. In: Revista Nova Escola. Editora
Abril, nº 206, 2007.
MANTOAN, Maria Tereza Egler; Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer?
São Paulo: Moderna, 2003.
MAZZOTTA, Marcos. Educação Especial no Brasil: história e políticas públicas.
São Paulo: Cortez, 1996.
ONU. Declaração Universal dos Direitos do Homem. Assembleia Geral das Na-
ções Unidas, 12, 1948, Genebra, 1948.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 8ª ed.
Rio de Janeiro: WVA, 2010.
WERNECK, Cláudia. Quem cabe no seu “Todos”? Rio de Janeiro: WVA, 1999.
LEITURA COMPLEMENTAR
cao.shtml
na sala de aula
GUIA DE
FLEXIBILIZAÇÃO
Para flexibilizar o conteúdo, você precisa sondar o que o aluno já sabe, adaptar o que
for necessário e fazer uma boa avaliação. Abaixo, veja a descrição de cada uma des-
sas etapas
Kevin Vitor Neri Nunes, aluno que usa uma lupa eletrônica para ampliar o texto, na EM Bento Machado Ribeiro.
1º diagnosticar
É muito comum, sobretudo nos casos de alunos que apresentam algum tipo de defi-
ciência intelectual, que a preocupação seja sobre o que “está faltando”, sobre aquilo
que ele não sabe, mas isso raramente ajuda. Em vez de olhar para as dificuldades,
foque nas possibilidades de aprendizagem. Você pode propor uma atividade diagnós-
tica específica e, no dia a dia, manter o olhar atento sobre o que o aluno conhece,
qual a sua participação em projetos e trabalhos em grupo e em todas as atividades
cotidianas.
Lembre-se sempre que as atividades são planejadas com base no contexto da sala
de aula. Em algumas situações de adaptação curricular, é necessário transformar ape-
nas os objetivos das sequências didáticas. Em outros casos, você deverá flexibilizar
os meios para realizar certas atividades, lançando mão de mais recursos sonoros,
visuais ou táteis, por exemplo.
Deficiência Intelectual: cada um destes alunos é único. Por isso, é preciso conhecer
os pontos fracos e fortes dessa criança para fazê-la avançar pelos meios mais ade-
quados. É comum que estes estudantes tenham dificuldades com conteúdo abstratos.
Deficiência Física: se o seu aluno possui deficiência física nos membros superiores,
ofereça a ele pranchetas com apoios para que tenha firmeza ao escrever. Os lápis e
canetas também devem estar envoltos em espuma, para que não escorreguem. Se
houver limitação nos membros inferiores, este não é um motivo para excluir o aluno
das aulas de Educação Física. Eles podem participar jogando com as mãos e você
pode adaptar algumas modalidades para que todos joguem nas mesmas condições.
3º avaliar
É fundamental considerar que, se a classe inteira está fazendo uma prova, esse aluno
também deverá ser submetido à situação de avaliação que, obviamente, deverá ser
construída a partir do que foi trabalhado com ele. Conte com vários instrumentos de
avaliação e selecione aqueles que proporcionem maior número e qualidade de infor-
mações acerca do desempenho. É sempre bom lembrar que os alunos com deficiên-
cia precisam passar pelos momentos avaliação ao mesmo tempo que os colegas. Po-
demos dizer que este é um princípio importantíssimo para seu processo de inclusão
efetivo.
Ainda que a classe esteja trabalhando na área de Matemática com as frações, por
exemplo, e ele com os cálculos simples, o aluno deve ser submetido à prova que
aborda estes cálculos, deve ser orientado para estudar, e sua prova deve ser montada
como as outras. Detalhes como cabeçalho idêntico ao da prova regular, sistema de
avaliação (notas ou conceitos) e correção/devolução no mesmo dia e na mesma hora
do grupo, são importantíssimos.
Não se esqueça de fazer bons registros de todas as atividades realizadas com a turma
e de guardar as produções dos alunos. Isso vai ajudá-lo a traçar um panorama de
aprendizagem e focar, no planejamento, os pontos em que o aluno ainda precisa avan-
çar. Você também deve criar relatórios periódicos com as análises quantitativa e qua-
litativa do desempenho dos alunos e utilizar esses dados no momento de replanejar
as aulas ou de repensar algumas atividades.