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Módulo 1

As Grandes Bases
Bem vindo ao
Instituto Gastronomia da Alma!
O Instituto Gastronomia da Alma, fundado em 2017 pelo professor Sérgio Luís
Silveira, com sede em Porto Alegre e polos parceiros em diversas cidades do Rio
Grande do Sul, é uma Instituição Educacional Sistêmica, dedicada a divulgação,
pesquisa, formação e treinamentos de Constelação Familiar Sistêmica. O curso de
Formação proporciona uma compreensão profunda dos princípios, conceitos e
técnicas da Constelação Familiar Sistêmica, permitindo que os estudantes se tornem
facilitadores competentes, sendo plenamente capacitados, ao final da formação, a
realizarem Constelação Familiar, utilizando desta ferramenta terapêutica eficaz para
auxiliar seus clientes, abordando questões de saúde, financeiras, emocionais,
comportamentais, relacionais e familiares que atuam em suas vidas e em seu sistema.

Esta jornada visa de forma plena,


desenvolver o seu mundo interno e
externo. Vendo, sentindo e entendendo
suas qualidades, habilidades e
competências. Desta forma o terapeuta
estará habilitado para exercer suas
funções de acordo com a diversidade e
complexidade dos temas que se fizerem
presentes, ao final de sua formação.

Duas Etapas Uma Formação


A Transformação
Os quatro primeiros módulos serão de Imersão Interna e profunda ao ver e Sentir,
retornando ao Pai e a Mãe, recebendo a Bênção da Ancestralidade, respeitando o
passado para deixá-lo no passado. Acolher a nossa criança interna para poder ocupar o
lugar de adulto, olhar para o Masculino e o Feminino, tomando a vida exatamente
como ela é.

Construção do Terapeuta
Nos Sete módulos seguintes conheceremos a parte Didática das Constelações
compreendendo e construindo o Terapeuta Constelador Individual, a importância do
profissional Centrado, munindo-se de ferramentas estruturantes para olhar para o
Corpo, Alma e Espírito, compreendendo que somos parte de algo maior.
NOSSA JORNADA

MÓDULO 1 - AS GRANDES BASES MÓDULO 2 - ANCESTRALIDADE


Bert Hellinger: Vida e Obra e o primeiro Circulo Ancestralidade: A Origem da Vida, A Lei do
do Amor: “A pulsão da Vida”. As Grandes Bases Pertencimento, um lugar para os excluídos. O
da Constelação, Ordens do Amor, Tomar Pai e quarto Circulo do Amor, “A família de Origem”.
Mãe, conceitos de boa e a má consciência do clã, abortos e adoções. Mandatos e contramandatos.
introdução ao Script de vida.

MÓDULO 3 - CRIANÇA MÁGICA MÓDULO 4 - RELACIONAMENTO


O segundo circulo do Amor: “infância e O quarto circulo do Amor: Os arquétipos e a
puberdade”. Amor Infantil. Traumas e recursos. construção do comportamento (filhinho da
As fomes básicas não supridas na infância. mamãe e filhinha do papai), As ordens do amor
Personalidade e caráter. Memórias intrauterina no casal, A lei das compensações, Script de vida
do parto, Renascimento Rebirthing – intimidade, Triângulo Dramático de Karpman

MÓDULO 5 - DIDÁTICA 1 MÓDULO 6 - DIDÁTICA 2


Estrutura Sistêmica. Guia Biológico e Centramento. Terapeuta Adulto. As Forças do Amor. Ordens
Campos Mórficos. Linguagens Ocultas, O Campo da Ajuda. Fraseologia. As capacidades do
da Constelação, Fenômeno, Diagramação do Constelador. Papel do terapeuta, do campo, do
Campo. Constelação realizadas pelo Grupo cliente, da plateia e dos representantes.
Constelações Realizadas pelo Grupo.

MÓDULO 7 - CLÍNICA MÓDULO 8 - SAÚDE SISTÊMICA


Atendimento de Constelação Individual com A Doença e os Vínculos Familiares. Introdução
Bonecos e outras Âncoras. a Psicossomática. A complexa relação entre
Escuta Terapêutica Empática. Entrevista inicial. saúde e doença. O amor que Adoece.
Constelação realizada em pequenos Grupos. A doença é nossa amiga.

MÓDULO 9 - COMUNICAÇÃO MÓDULO 10 - ESTÁGIO


Comunicação assertiva. Rapport e conexão Módulo totalmente de práticas,
com o cliente. Organizando um Workshop. Constelações realizadas pelos estudantes com
Falar em público e postura de palco. Diferença clientes externos. Dois meses de Duração.
entre Constelação Familiar e Constelação Supervisor de Estágio habilitado para
Organizacional. Constelações em Grupo acompanhar e orientar os estudantes em estágio.

MÓDULO 11 - AS NOVAS CONSTELAÇÕES


Módulo de Imersão. Cordão Sistêmico, relembrando os quatro Círculos do Amor,
chegando ao Quinto Circulo do Amor de Bert Hellinger: “Eu e o Mundo”.
A quarta Lei do Amor, dizer SIM, assentir a tudo como é. Constelações com
movimentos da Alma. O Guia Ancestral.
Cerimonia de Formatura
Curso de Formação

Nossa Jornada

Módulos de Supervisão online:


Quinze dias pós cada módulo presencial, os estudantes da turma devem participar do
reencontro online, ou módulo de supervisão. O objetivo é dar continuidade as
aprendizagens e as novas consciências despertas a partir do conteúdo e das vivencias
do ultimo módulo, oportunizando o acompanhamento e orientação dos estudantes
pelo professor responsável. Esse é o espaço para tirar dúvidas e preparar a turma para
o próximo módulo. Serão 9 encontros online, entre os módulos principais que somam a
carga horária da formação. Aos estudantes, cabe registrar suas dúvidas para serem
esclarecidas neste momento.

Estágio
O estágio tem por finalidade observar a técnica aprendida pelo estudante,
desenvolvida a partir da observação e das praticas em aula, verificando sua
Capacidade Consteladora, de modo a habilitar o estudante a Certificação de
Terapeuta Constelador Familiar Sistêmico ao final da formação.
Os estudantes que desejam receber o Diploma de Terapeuta Constelador Familiar
realizarão seguintes práticas:
30 horas de Observação: workshop vivencial ou atendimento clínico individual,
com relatório descritivo, disponibilizado pelo Instituto. Estas horas poderão ser
realizadas no instituto ou com outros profissionais habilitados da área. Esta
modalidade não isenta o aluno de realizar sua prática presencial.
Estágio em Workshop: realizado no espaço onde aconteceu a formação, em
formato de workshop, organizado pela dupla de estudantes em formação, com
clientes externos em datas e horários pré estabelecidos com a turma e o local. Esta
modalidade será acompanhada e orientada por supervisor habilitado designado
pelo Instituto.

Módulo final Formatura


Este módulo será em formato de imersão na cidade de Riozinho, RS, no sítio Montanha
da Lua. A imersão iniciará na sexta-feira à noite e finalizará no domingo a noite. A
Imersão é um módulo que contempla as novas constelações. A solenidade de
formatura acontecerá no sábado a noite, e poderá ser acompanhada por convidados.
Os valores de estadia e alimentação não estão inclusos nas mensalidades contratadas.

Certificação
Diploma de Terapeuta Constelador: Terá direito ao Diploma de formação aquele
somar 90% de frequência nas aulas presenciais e online, realizar os estágios e
apresentar o relatório de observação.

Certificado de Participação Vivencial: O estudante poderá optar em realizar o curso de


desenvolvimento pessoal, através da participação vivencial, sem a pretensão de
Diplomar-se como Terapeuta Constelador. Ficando desta forma isento de realizar as
observações e o estágio final. Assegura-se ao estudante o direito de mudar de ideia
durante a formação, a qualquer tempo e realizar os estágios obrigatórios se assim
desejar.
Módulo 1
As Grandes Bases
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Indice

Bert Hellinger: Vida e Obra............................................................... 01


Primeiro círculo de amor - Pai e Mãe...........................................06
As bases terapêuticas das Constelações....................................09
Estrutura tripartida do ego................................................................19
Campos morfogenéticos.....................................................................21
A boa e a má consciência...................................................................25
As Ordens do Amor...............................................................................29

-
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases


Aula 01 – Bert Hellinger

Bert Hellinger
Vida e Obra do Criador das Constelações Familiares

Bert Hellinger é uma das


personalidades mais bem
sucedidas no ambiente
psicoterapêutico, mas também
uma das mais controversas e
polêmicas. O que marcou sua
trajetória? Quais experiências o
levaram a se ocupar tão
intensivamente de traumas que
muitas vezes influenciam
dinâmicas familiares por gerações?

Bert Hellinger falou sobre suas vivências particulares e contou em detalhes sua
experiência durante o período em que atuou como missionário na África do Sul, suas
formações em psicoterapia e a criação do seu método de Constelação Familiar,
permitindo que nos aprofundássemos em seus pensamentos e conhecimentos a
respeito do que adoece as famílias e impede os seus membros de terem uma vida
plena. Seus estudos e dedicação nas Constelações Familiares apresentam os
caminhos para uma vida feliz, na qual todos possam encontrar a paz interior e o
verdadeiro significado do amor.
Nascido em 16 de dezembro de 1925, na pacata cidade de Leimen, perto de
Heidelbergna na Alemanha, seus pais, Albert e Anna, deram-lhe o nome de Anton
"Suitbert" Hellinger.
Ao longo de sua vida, exprimiu o que considerou verdadeiro e correto. Muitas vezes
sendo advertido das consequências, com as qual sempre esteve disposto a arcar. Não
se dispôs a curvar-se, apenas a obedecer. Quem se curva perde sua grandeza e sua
dignidade. Assim, já na juventude, não se curvou ao cruel sistema dos nacional-
socialistas e se tornou alvo por ser considerado um potencial inimigo público. No
entanto, obedeceu às leis da Igreja Católica, pois estavam em sintonia com sua
consciência. Quando já não pode obedecer-lhes, renunciou ao sacerdócio contra
todas as resistências.

01
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Passou os primeiros anos da sua vida até o início da escola em Leimen, cidade natal
de seus pais, que na época contava com apenas quatro mil habitantes. Seu pai era
engenheiro e trabalhava na fábrica de cimento local, atualmente conhecida como
Heidelberg Cement AG. Seu avô materno já havia sido funcionário dessa mesma
fábrica, porém como trabalhador braçal.

A família vivia em um bairro operário, chamado antigamente de “colônia operária”.


Aos 10 anos, Hellinger foi mandado para o internato em Lohr, onde passou os
próximos cinco anos. Ele descreve esse período como o melhor período de sua
infância e juventude.
Em 1940, o internato é transformado em hospital militar, e com isso, Hellinger
é transferido para o Friederichgymnasium (escola de Ensino Médio em regime
de internato), em Kassel.

Em 1943, ele é selecionado como soldado, para servir no exército alemão. Um


ano depois, virou prisioneiro de guerra na França, onde posteriormente
conseguiu escapar e retornar para Alemanha.
No ano de 1946, entra para a ordem de Marianhiller, como estudante de
teologia. Em 1947, ele se torna seminarista nesta mesma ordem em Würzburg.

Em 1952, Hellinger é ordenado padre e é enviado para a diocese Marianhiller


próximo a Durban, na África do sul. Lá, na Universidade de Pietermaritzburg,
ele dá continuidade a seus estudos. Neste momento, ele concluiu seu estudo
de formação como professor na África do Sul.
Já em 1956 ele se torna diretor de uma escola seminarista, para estudantes
que desejavam se tornar sacerdotes.

Em 1958, se tornou missionário, também na África do Sul, onde aprendeu a


língua do povo zulu e se tornou um tradutor entre esse povo e os missionários.
Este é um trabalho ao qual Bert Hellinger se entregou com grande dedicação,
aqui ele aprende muito mais que ensina, com observações sobre os conceitos
de vida deste povo, com os quais mais tarde Bert pode desenvolver as
Constelações Familiares.
O povo Zulu, sobre muitas outras coisas, é um povo com rituais que
possibilitam ressinificar acontecimentos do presente, não permitindo que
gerações futuras possam sofrer ou representar dores do passado.
02
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Em 1966 Bert tornou-se diretor do Saint Francis College, e um pouco antes disso,
teve seus primeiros contatos com dinâmicas de grupo realizadas por sacerdotes da
igreja anglicana.
Em 1969 Hellinger retorna para Alemanha, onde atua como diretor do Seminário da
Ordem de Marianhiller em Würzburg. Neste mesmo período, ele inicia seu contato
com a psicanálise e com o estudo da psicologia, na Universidade de Würzburg.

"Quando voltei à Alemanha, em 1969, passei a ministrar treinamentos


em dinâmicas de grupos, mas logo notei que isso não me bastava.
Por isso, fiz em Viena uma formação em psicanálise,
que também me deu muita coisa”
Bert Hellinger

Bert oferecia cursos e dinâmicas de grupo e se tornou formador da classe de


estudos para dinâmicas de grupo e psicologia de grupo na Alemanha.
Participou do grupo de trabalho de psicanálise em Viena em 1971, onde agregou o
conhecimento que havia acumulado até ali.

Neste mesmo ano, Hellinger deixou a ordem de Marianhiller, casou-se com sua
primeira esposa, Herta, e iniciou seu trabalho como psicoterapeuta. Em pouco tempo,
se tornou um dos principais terapeutas de grupo na Europa.
Em 1974, Hellinger vai para os Estados Unidos para estudar a Terapia Primal, Gestalt,
Terapia Transacional e Análise de Script.

“O insight decisivo me veio quando pratiquei a Análise de Script segundo Eric Berne.
Ele partiu da constatação de que cada pessoa vive de acordo com
determinado padrão. Esse padrão pode ser encontrado em histórias
como contos de fadas, romances, filmes, etc.,
que impressionaram essa pessoa.”
Bert Hellinger

03
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

No ano de 1979, estudou a hipnoterapia de Milton Erickson, TCI (interação centrada no


tema) de Ruth Cohn, PNL (programação neurolinguística) e análise bioenergética.

Em 1990, durante um seminário em que se apresentou como psicólogo, Hellinger


entrou em contato com Thea Louise Schönfelder, que na mesma ocasião apresentava
sua nova abordagem: A Constelação Familiar.

“Ela trabalhou de forma muito marcante


que eu já entendia melhor,
se bem que ainda não completamente.
Então, quando estava escrevendo uma
conferência sobre culpa e inocência nos sistemas,
ocorreu-me de repente que existe algo que
se pode chamar de “ordem de origem”,
isto é, precedência do que é anterior num sistema sobre o que é posterior.”
Bert Hellinger

Hellinger pesquisou e aprofundou seus estudos, e iniciou pequenos grupos de


Constelação Familiar. Em 1992, em Garmisch-Paterkirchen, mais de 300 pessoas
mostraram interesse nesta abordagem, e a partir desse momento, ele passou a
trabalhar com grupos maiores e com Constelação Familiar.

Já no ano de 1995, lança o primeiro livro, “A Simetria Oculta do Amor”, editado por
Gunthard Weber. Neste trabalho, Hellinger formula pela primeira vez as três leis da
vida, que ele chamou de ordens do amor e da ajuda.
Em 2003, já divorciado, Hellinger se casa com Sophie. Juntos, fundaram a
HellingerSchulle.

Em 2004, Hellinger recebe o Nobel alternativo de Medicina Integrativa.

No ano de 2005, estabeleceu-se a HellingerSciencia, com aplicação dos conhecimentos


sistêmicos em diversas áreas da vida, como pedagogia, saúde, política, entre muitos
outros.

04
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Em 2008, foi condecorado Doutor Honoris Causes em Medicina Integrativa,


recebendo um prêmio no mesmo ano em Nova Iorque pela sua contribuição através
dos conhecimentos da Constelação Familiar.

"O aspecto mais importante foi reconhecer que o amor atua por trás de todos os
comportamentos, por mais estranhos que nos pareçam, e também de todos os sintomas
de uma pessoa. Por esse motivo, é fundamental na terapia que encontremos o ponto onde
se concentra o amor. Então chegamos à raiz, onde se encontra também o caminho para a
solução, que sempre passa também pelo amor.”
Bert Hellinger

Bert Hellinger escreveu e publicou mais de 108 livros, já tendo sido traduzidos
para 38 línguas. Lançou seu último livro, uma autobiografia, em 2018 na Alemanha.
Faleceu em 19 de setembro de 2019, aos 93 anos em sua residência.

E seria tua própria morte, mestre, o nascimento de tantas outros!


Sérgio Silveira

Fontes:
Ordens do Amor, Bert Helliger. Editora Cultrix
Meu Trabalho Minha Vida, Bert Helliger. Editora Cultrix

05
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases.

O Primeiro Circulo do Amor - Os nossos Pais


Completamos o Primeiro Círculo quando nos preenchemos com o amor de nossos pais,
então finalmente temos o amor o suficiente para transbordar ao mundo.
Bert Hellinger

A filosofia de Bert Hellinger, desenvolvida a partir de seus trabalhos com as


Constelações Familiares, propõe um novo olhar para a Vida.
No livro, Um Lugar para os Excluídos, Hellinger descreve os 5 Círculos do Amor,
através do qual nos mostra a jornada que nos leva a encontrar o seu lugar no mundo.
Cada Círculo é um passo fundamental a ser dado, para que possamos ser cada vez
mais inteiros e plenos, e assim, mais capazes de alcançar todo nosso potencial e
recursos, em prol da realização e do sucesso.
Como em toda jornada, só podemos alcançar um ponto depois de termos
percorrido todo o caminho até ele, e dessa forma cada Círculo contém uma realização
essencial que deve ser feita antes de se poder tomar plenamente o Círculo
subsequente, em outras palavras, somente quando nos preenchemos de um Círculo,
estamos aptos a avançar e nos preenchermos do Círculo que vem a seguir.

Nossa vida começa com nossos pais


Nossa vida nesse mundo, só foi possível porque um certo homem e uma certa
mulher se encontraram e nos conceberam, nenhuma outra combinação de homem
e/ou mulher teria resultado em nós. Assim nosso pai é sempre o pai certo para nós e
nossa mãe é sempre a mãe certa para nós.

Enquanto pais eles são perfeitos, porque o objetivo máximo do encontro de um


homem e uma mulher é o de gerar uma nova vida, e nisso eles foram muito bem
sucedidos. Nada é maior que a vida, e ela nos foi dada por meio de nossos pais, assim
eles ocupam para nós um lugar especial. Esse é um movimento essencial para nos
sentirmos plenos e podermos tomar nossos pais: o de ser capaz de reconhecer que
enquanto aqueles que nos trouxeram à vida eles ocupam uma instância quase
sagrada.
Como se não bastasse, o fato de nos dar a vida, os pais (sempre que isso é possível a
eles) se dedicam a cuidar dos filhos, provendo e cuidando para que os pequenos
tenham o melhor que eles são capazes de dar.

06
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases.

Os pais também erram


Aqui muitas vezes começam os conflitos, porque olhamos para nossos pais (com os
olhos de crianças) e temos a ilusão de que eles podem tudo, de que eles são maiores
que a própria realidade e nos esquecemos de que nossos pais são humanos, simples
seres humanos que tentam fazer seu melhor com aquilo de que dispõe.

A humanidade de nossos pais é outro presente que eles nos dão, porque dessa
maneira, eles nos preparam para o mundo e para a vida, e ao invés de diminuir-los o
fato de serem humanos aumenta em muito sua própria grandeza, porque então
vemos do que duas pessoas comuns são capazes.
Muitas vezes olhamos para nossos pais e esquecemos que eles também são filhos,
de que assim como nós, eles carregam suas dores, seus sonhos não realizados e suas
culpas. Esquecemos também de que nossos pais, normalmente, tiveram uma vida
mais pesada que a nossa e que (cada um a seu jeito) se esforçaram para que
tivéssemos condições de ir mais longe, para que nossa vida fosse mais leve.
Aqui também se encontra a grandeza de nossos pais, que são capazes de suportar
uma vida e destinos mais pesados, tão pesados que jamais seríamos capazes de fazer
o mesmo nas condições em que fizeram.

A recusa em tomar os pais


Negar os pais, é fechar o portal que nos conecta à fonte da própria vida. É cortar
aquilo que nos conecta a tudo e todos que vieram antes deles, nossos antepassados,
cada homem e cada mulher que a custo de suor, lágrimas e muitas vezes até sangue,
fizeram o que era possível para a vida que receberam de seus pais pudesse continuar
através de seus filhos.
O que nós fazemos, na prática, para negar nossos pais?
Nós negamos nossos pais quando:
Reclamamos
Julgamos
Criticamos
Queremos ensiná-los como serem melhores pais para nós
Fazemos exigências a eles

Tomar nossos pais


É concordar que eles são perfeitos exatamente da maneira que são, que
independente do que tenham feito, ainda assim, diante da vida que eles nos deram,
eles são os únicos pais que podemos ter, então eles são os únicos certos para nós.

07
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases.

Os Grandes não precisam dos Pequenos


Reconhecer a grandeza de nossos pais, significa sermos capazes de reconhecer uma
verdade:nossos pais não precisam de nós.
Aqui é importante fazer uma distinção entre as necessidades decorrentes das
limitações impostas pela própria idade, e as necessidades que derivam da sensação de
que temos que alegrar nossos pais ou preencher os vazios dos mesmos.

Ainda que nosso pai ou nossa mãe possa dizer que precisa de nossa presença para
que sejam mais felizes ou completos, no fundo não é de nós que eles precisam,
porque só existem duas pessoas no mundo capazes de nos preencher e completar, e
elas são nossos pais. Então, assim como nós precisamos de nossos pais para nos
sentirmos completos, nossos pais também precisam de seus próprios pais, para se
preencherem.

Nossos pais, por serem humanos, também carregam suas próprias questões
familiares, suas dores e culpas, e quanto a isso não há nada que possamos fazer
enquanto filhos, a não ser permanecer pequenos diante de nossos pais.
Você já reparou como os pais se alegram em fazer algo pelos filhos? Como os pais
muitas vezes esquecem dos próprios problemas para cuidar dos filhos?
Então, aqui vai uma dica: Dar a oportunidade de fazer algo por nós, para os pais é uma
forma de permanecer pequeno diante deles. E isso pode ser feito, por exemplo,
pedindo ajuda para o pai para resolver alguma questão do carro ou da casa, ou
pedindo para a mãe fazer algum prato que você gosta.
Vale também pedir para que o vovô e a vovó (ainda que não estejam vivos) ajudem
o papai ou a mamãe, porque somente eles podem de fato ajudar nossos pais.

O primeiro círculo do amor começa com o amor recíproco de nossos pais, como um
casal. Foi desse amor que nascemos. Eles nos geraram e nos acolheram como seus
filhos. Eles nos nutriram, abrigaram e protegeram por muitos anos. Tomar deles
amorosamente esse amor é o Primeiro Círculo de Amor. Ele é a condição para todas as
outras formas de amor. Como poderá alguém, mais tarde, amar outras pessoas, se não
experimentou esse amor? Faz parte desse amor que amemos também os
antepassados de nossos pais. Eles também foram crianças e receberam de seus pais e
avós o que depois transmitiram a nós. Também eles, através de seus pais e avós,
vincularam-se a um destino especial, assim como nós nos vinculamos a seu destino. A
esse destino também nós assentimos com amor. Então olhamos para nossos pais e
nossos antepassados e dizemos amorosamente a eles: “Obrigado”.
Este é o Primeiro Círculo do Amor.
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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases.

As Grandes Bases Terapeuticas das


Constelações Familiares
As Constelações Familiares são uma postura terapêutica breve, idealizada pelo
psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, como vimos no capitulo anterior. Ela tem
como função "tratar" e equilibrar os emaranhamentos que ocorrem quando uma das
três Leis da Vida, ou Ordens do Amor, como nomeadas por Bert, que regem os
sistemas são infringidas ou não respeitadas.

As Constelações Familiares, como técnica, podem ser aplicadas em diversas áreas,


na medicina, na saúde, nas empresas, no direito, na pedagogia indo além do sistema
familiar. Atualmente, estão sendo utilizadas também na medicina veterinária de
forma Sistêmica.

As Constelações Familiares acontecem no campo da fenomenologia, sendo este


conceito criado pelo filósofo alemão Edmund Husserl (1959 – 1938).
A palavra fenomenologia vem do grego, phainesthai aquilo que se apresenta ou que
se mostra - e logos - explicação, estudo ou seja é o estudo daquilo que se apresenta
ou se mostra.
Segundo Husserl, todos os fenômenos devem ser pensados a partir de percepções
mentais de cada um.
A ciência a que se refere aqui não é algo experimental, mas uma ideia, um conjunto
de preposições teóricas que se relacionam e que buscam assumir a forma de uma
totalidade.
Para Husserl, os valores de uma cultura ou sociedade estão em constante
mudança, o que pode ser a base do pensamento de Bert Hellinger referente ao não
julgar, pois as verdades são sempre temporais e ligadas à cultura do momento em
que estamos.
Outro filósofo que contribuiu com esse pensamento foi o Manuel Kant (1724 - 1804)
que quebrou paradigmas ao observar que não temos como definir o que está externo
a nós, exceto pela mente e pelos sentidos, dessa forma, tudo vivenciamos é apenas
uma interpretação e não a realidade. Esta visão é a base da gestalt-terapia.

“Toda terapia como eu a compreendo,


tem que ir em direção a fonte.”
Bert Hellinger

09
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Gestalt-terapia:
É uma abordagem terapêutica que tem a proposta de oferecer uma tomada de
consciência global ao paciente para que ele possa perceber tudo o que está dentro e
fora dele.
Ela sugere amplificar os gestos inconscientes considerados reveladores ao processo
em curso e muitas vezes imperceptíveis para o paciente, tornando mais explícito o
que está implícito e projetando na cena exterior aquilo que ocorre na cena interior.
O gestaltista está atento a todas as alterações físicas do paciente tais como
contrações do maxilar, alterações respiratórias ou da deglutição, coloração do rosto,
mudanças no tom de voz e na direção do olhar, além de gestos involuntários das
mãos, pés e dedos.

Terapia Primal:
O representante desta técnica é Arthur Janov (1924 – 2017), psicoterapeuta
americano que ficou famoso na década de 1970 por atender celebridades, entre eles
John Lennon, através desta técnica que entende que as neuroses tem como base o
trauma do nascimento.
A cura ocorre através da catarse, a partir da repetição da experiência ao ato de
nascer, liberando-se dos traumas deste momento, na medida em que o paciente é
incentivado a dar o grito primal.
Bert Hellinger foi paciente de Janov e conheceu a técnica, e a impressão que teve
desta, está na frase:
"Desde que fiz uma terapia primal não fiquei
mais abalado com fortes explosões emocionais."
Bert Hellinger
Análise Transacional:
O representante desta técnica foi o psiquiatra Eric Berne (1910 - 1970) bacharel em
medicina em 1935 e em seguida iniciando residência na clínica de psiquiatria da
Escola de Medicina da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, onde trabalhou por
dois anos.
Como criador da abordagem da psicologia chamada Análise Transacional, sofreu
forte influência da psicanálise, no entanto começou a perceber que não pensava
como psicanalista e na realidade estava criando algo novo, uma variação da
psicanálise.
Defendia a ideia de que são circunstâncias externas, e não fraquezas internas, que
levam as pessoas a se transformarem em pacientes psiquiátricos.

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Seus pacientes eram tratados como iguais e com igual responsabilidade pelo
processo terapêutico, não achando correto tratá-los como se não pudessem
compreender o que se passava com eles, e dizia: "Qualquer coisa que não se deva
dizer na frente de um paciente, não merece ser dita em geral.”.
A Análise Transacional tem como foco psicoterapêutico uma atitude mais proativa
em relação ao seu paciente, o que foi bastante discordado pela psicanálise da época.

“Um analista transacional tentará curar seu paciente na primeira sessão,


se não conseguir passará a semana seguinte pensando e tentando curá-lo
na segunda sessão e assim por diante até que se obtenha êxito”.
Eric Berne

Esta pro-atividade surgiu em 1945 como psiquiatra do exército, foi obrigado a


realizar um exame psiquiátrico em 25 mil soldados, onde dispunha em média de 1
minuto para cada candidato.
- "Você é nervoso?"
- "Você alguma vez já procurou um psiquiatra?"
Com estas duas perguntas ele dizia que poderia saber a resposta que os candidatos
dariam.
Posteriormente, ele percebeu que poderia aperfeiçoar a técnica, por exemplo,
adivinhando a ocupação dos soldados, o que lhe rendeu também muitos acertos,
descobrindo assim que era possível intuir sem que houvesse uma explicação para tal
fenômeno, passando então a valorizar o que ele chamou de imagem intuitiva.

Em 1949, surgiu a primeira publicação sobre o assunto seguido de outros cinco


artigos e o último impresso em 1962. A definição da intuição de Berne era:

"O conhecimento baseado na experiência que é adquirida através do contato


sensorial com um sujeito, sem a qual a pessoa que intuiu seja capaz de formular para
si própria e para os outros exatamente como ela chegou as suas conclusões."

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Psicodrama:
Psicodrama é uma técnica psicoterapêutica cujas origens se acham no
teatro, na psicologia e na sociologia, sendo seu número a dramatização,
segundo Rojas-Bermudez em 1970.
Iniciou-se com o Dr Jacob Levy Moreno (1889 - 1974), médico fundador em
1921 do teatro da espontaneidade, que tinha como ideia fazer uma
apresentação espontânea sem decorar falas, sendo tudo no improviso.
Este teatro passou a se chamar teatro da espontaneidade ou teatro
terapêutico e posteriormente psicodrama, sendo a primeira sessão realizada
em um evento em 1921 em Viena na Áustria.
Moreno morreu nos Estados Unidos aos 85 anos de idade, em sua sepultura
está gravada a seguinte frase:
"Aqui jaz aquele que abriu as portas da psiquiatria, a alegria"

Script:
Script é um plano de vida baseado em decisões que limitam a habilidade da pessoa
resolver problemas e se relacionar intimamente com as pessoas. Uma visão
integrativa da terapia de cura do Script enfatiza mudanças no comportamento
público e interno, o processo cognitivo, experiências emocionais e restrições físicas e
carregadas (impressas) no corpo.
A Análise Transacional, como uma psiquiatria social, tem enfatizado os
aspectos da mudança comportamental da cura no Script. Dentro dos limites,
esta cura de estrutura é definida como uma interrupção do comportamento
sintônico com o Script. Ainda para muitas as pessoas, mudança apenas não é
suficiente para efetuar reestrutura geral nos seus Scripts, sendo necessário
ocorrer mudanças no nível intrapsíquico do Script também, isto é, mudanças
nos níveis cognitivos e afetivos da existência.
Além do mais, em todos os casos de formação de Script, seja em resposta a
introjeção, experiências traumáticas ou processos de decisão para
sobrevivência, há uma reação de inibição fisiológica correspondente; e, para
muitas pessoas, também é necessário uma mudança a nível fisiológico do
Script. Esta visão integrativa da cura do Script implica que a mudança precisa
ocorrer em três dimensões: comportamental, intrapsiquica (afetiva e cognitiva)
e fisiológica.
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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Psicanálise:
Esta abordagem trata profundamente o inconsciente, responsável pelas atitudes
que temos “em modo automático”. Estas podem chegar a desafiar a lógica e o bom
senso. Para exemplificar, pense em todas as vezes que você disse “a partir de
amanhã não vou mais fazer X coisa” e se pegou repetindo o comportamento sem
perceber. Ou quando falou algo que não queria e emendou um “é brincadeira” no fim
para não parecer rude. O inconsciente é responsável por isso.

Sigmund Freud
Freud (1856 - 1939) foi fundador desta abordagem e talvez o psicanalista mais
conhecido, mas há outras escolas de pensamento que contribuíram para o
movimento psicanalítico.
O inconsciente é a chave da psicanálise. Freud descobriu que muitos
comportamentos conscientes são influenciados por forças inconscientes, como
memórias, impulsos e desejos reprimidos. Estes podem ser desagradáveis ou
inaceitáveis socialmente, pois podem causar sofrimento e brigas.
Por exemplo, quando um indivíduo é vítima de um comportamento grosseiro no
trabalho, ele sente raiva e vontade de responder, revidar ou até de agredir o outro
fisicamente. Em sua mente, cria cenários fantasiosos nos quais pode responder com
grosseria para compensar as emoções negativas geradas pelo ocorrido.
Porém, não é possível agir conforme deseja, pois isso acarretará em diversas
consequências negativas que poderão prejudicar a carreira. Mesmo assim, algum dia,
ele poderá transformar a fantasia em realidade “sem querer”, motivado por desejos
inconscientes.
Tudo o que está armazenado em nosso inconsciente afeta as nossas vidas. O modo
como pensamos, agimos e expressamos opiniões é resultado de uma memória,
crença ou desejo que não está na superfície do psiquismo.

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Por isso, podemos entrar em conflito conosco ou com pessoas sem compreendera
razão. A psicanálise, então, busca as causas da infelicidade das pessoas nos
esconderijos do inconsciente.

Você já deve ter ouvido falar sobre o ego, certo? Na psicanálise Freudiana, o ego é a
parte do sistema psíquico que lida diretamente com a realidade. Embora seja visto
como um vilão por aí, o ego é o mediador entre os impulsos do id e as exigências do
superego. Ele nos ajuda a ter um comportamento realista e aceitável de acordo com
as demandas da sociedade. Basicamente, o ego regula o nosso desejo de apenas
satisfazer as nossas necessidades primitivas e alimentar paixões.
O id armazena os desejos inconscientes, os quais não são totalmente lógicos e às
vezes não seguem as regras estabelecidas pela sociedade. É o ego que coordena o
que o id pode ou não fazer, permitindo ou inibindo a sua satisfação.

Enfim, o superego é o aspecto final da personalidade. Contém nossos valores e


ideias bem como as lições aprendidas com os pais e com a sociedade. É uma espécie
de juiz que determina o comportamento de acordo com esses aspectos morais.
Quando muito severo, o superego anula as escolhas do ego e causa conflito psíquico.
Além da descoberta desses três elementos da personalidade, Freud desenvolveu
técnicas psicanalíticas à medida que tratava seus pacientes. Uma delas é a
associação livre (método em que o terapeuta fala uma série de palavras e o paciente
responde com o que vier à mente para despertar memórias reprimidas).
Trabalhou também a análise dos sonhos (Freud acreditava que os sonhos eram a
“estrada para o inconsciente”).
O estudo da sexualidade da criança (complexo de Édipo), o conceito da dualidade
no psiquismo (o conflito resulta de forças contrárias), e o fenômeno das resistências
foram algumas das contribuições de Freud para formar o alicerce da psicanálise.

Carl Jung
Fundador da psicologia analítica, também chamada de psicoterapia junguiana.
Amigo de Sigmund Freud, mas não por muito tempo. Em 1914, rompeu com o
camarada austríaco por divergências teóricas, principalmente sobre a natureza do
inconsciente. De um lado, Jung defendia a existência de um inconsciente coletivo,
que afeta as emoções e os comportamentos do consciente com o peso das origens e
dos valores sociais da humanidade.
Já Freud, preconizava a presença do inconsciente pessoal, impulsionador do desejo
sexual, dentro de uma ideia de busca de prazer.
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Módulo 1 – As Grandes Bases

Jung era suíço, nascido em 26 de julho de 1875 na cidade Kesswill. Entrou na


faculdade de medicina aos 20 anos, na Basileia. Ao longo do curso, tinha dúvidas
sobre fazer especialização em cirurgia ou em medicina interna. Mas os sonhos e
fenômenos psicológicos experimentados durante um período de férias, somados a
seu interesse pelo ocultismo, o levaram a buscar a psiquiatria e a psicopatologia.
Cinco anos mais tarde, o psiquiatra suíço já era um profissional bem-sucedido, que
se dividia entre o papel de conferencista de psiquiatria na Universidade de Zurique, a
clínica particular e a função de médico-chefe na clínica psiquiátrica do hospital. Era lá
que ele mantinha um laboratório para investigar as reações psíquicas dos doentes
mentais.
Os estudos empregavam o método da associação de palavras, em que uma lista de
termos é apresentada ao paciente, que precisa responder com a primeira coisa que
lhe vem à cabeça. O método ajuda a identificar complexos por meio das reações e da
demora para cumprir a tarefa de acordo com o que é dito. Esse tipo de levantamento
soava familiar à psicanálise, o que o levou a se aproximar de Freud.
Mesmo não concordando totalmente com o analista, Jung via nesse contato a
possibilidade de confirmar hipóteses sobre associações verbais, ideias fixas no
inconsciente e os complexos, que se assemelhavam a seus próprios estudos. Com o
tempo, Freud passou a ver em Jung o seu sucessor na psicanálise. Mas o psiquiatra
suíço queria levar adiante uma linha própria de pensamento, o que foi reforçado com
o lançamento do livro Símbolos de Transformação (1912), decisivo para o rompimento
da amizade entre os dois.
As divergências com Freud foram analisadas pelo próprio Jung no livro Tipos
Psicológicos, de 1921, publicação que descreveu os tipos de caráter, estabelecendo a
distinção entre extroversão e entre pensamento e sentimento.

Lacan
A abordagem lacaniana enfatiza a estrutura linguística. O indivíduo é formado
através da linguagem. O mundo em que vivemos, de acordo com o psicanalista, é
construído de símbolos e de significantes, conceito que define que um objeto,
imagem ou situação pode representar outra coisa. O indivíduo, portanto, consegue
identificar esses símbolos por conta da linguagem. Jacques Lacan (1901-1981) também
era filósofo, por isso, seu modo de pensar a psicanálise tende a se apoiar em conceitos
mais filosóficos.
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Módulo 1 – As Grandes Bases

Segundo Lacan, a construção do “eu” é formada no interior. O que reside no íntimo


de cada um tem ligação direta com o exterior. Para compreender uma pessoa como
um todo, é necessário pensar em ambos os aspectos, e não apenas julgá-la sobre uma
única ótica. Caso contrário, a análise do outro fica incompleta. Neste contexto, Lacan
estabelece a relação entre o “eu” e o outro, sendo a linguagem o instrumento de
mediação entre eles. .

Winnicott
O foco de Donald Winnicott (1896-1971) é a relação entre a criança e a mãe. Segundo
ele, todos nós nascemos indefesos, porém, com grande potencial. Para que este possa
se desenvolver propriamente, o ambiente precisa ser acolhedor e garantir a satisfação
das necessidades básicas.
O ambiente familiar, econômico e social influenciam diretamente a formação do
indivíduo. Mas a mãe é o fator principal. O seu relacionamento e interações com o
bebê são essenciais para que ele cresça bem. Assim, nasce o conceito da “mãe
suficientemente boa”, referente à figura que satisfaz todas as necessidades e carências
do bebê.
Consequentemente, os transtornos mentais seriam resultado tanto de um
relacionamento defeituoso com a mãe quanto de um ambiente desfavorável.
A criança não desenvolve apropriadamente o seu lado emocional, resultando em uma
série de complicações na vida adulta. O ambiente deficiente exerce influência até
mesmo em bebês recém-nascidos.

Melanie Klein
Melanie Klein (1882-1960) dedicou-se a estudar a mente das crianças para descobrir
seus medos, fantasias e angústias.
Ela desenvolveu a análise do comportamento delas por meio da brincadeira para ter
acesso ao inconsciente da criança, já que a associação livre de Freud dificilmente seria
usada com indivíduos de pouca idade.
Diferente de Freud, Klein apontou a agressividade como elemento primordial no
desenvolvimento da criança em vez dos aspectos sexuais. Este é resultante de um ego
primitivo existente desde o nascimento.

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Módulo 1 – As Grandes Bases

Além disso, fundou uma teoria da psicanálise referente às fantasias do inconsciente.


Estas são elaboradas pelas crianças sobre suas mães, geralmente criando uma
imagem mais malvada do que a realidade. As fantasias são inatas porque representam
os instintos mais primitivos da criança.
Para ter acesso a essas fantasias, o psicanalista precisa inserir o lúdico no tratamento
com a criança e estimular brincadeiras para encorajar determinados comportamentos.

Wilfred Bion
Wilfred Bion (1897-1979) desenvolveu a Teoria do Pensar. O ato de pensar surge
como uma forma de lidar com a frustração, criando novas realidades para satisfazer os
desejos não satisfeitos.
Quando o ódio oriundo da frustração é grande demais para a pessoa suportar, este
sentimento encontra alívio na descarga imediata por meio de agitações motoras.
Segundo ele, o pensar depende de dois fatores: os pensamentos propriamente ditos
e a faculdade de pensar. O pensamento vazio acontece quando uma pré-concepção
do indivíduo não é realizada. Consequentemente, a frustração aparece, sendo esta
definida como uma “ausência”. Logo, a pessoa se abre para um universo simbólico
construído ao longo de sua existência através de pensamentos e interpretações do
mundo, de seus sentimentos e das pessoas.
Neste contexto, o pensamento precede o conhecimento já que o indivíduo cria o
que não existe ou não conhece (pré-concepção). Bion também desenvolveu a Teoria
do Conhecimento a qual afirma que a formação do conhecimento da criança é
proporcional à capacidade do ego de tolerar a frustração. Desse modo, ela pode criar
mecanismos para evitá-la.

O que é psicanálise contemporânea?


Há diversas tendências presentes na psicanálise contemporânea. Uma delas é a
investigação das situações clínicas resultantes das regressões para as etapas primitivas
do desenvolvimento emocional, como a primeira infância.
A proposta contemporânea é aquela que vai de encontro às emoções reprimidas
para achar caminhos para novos encontros e, eventualmente, libertá-las. A questão do
setting analítico, caracterizado pela relação entre o analisa e o analisado, é muito
evidente nesse modo de pensar. O paciente pode ser ele mesmo no momento da
análise, sem medo de encontrar julgamentos ou pré-conceitos. O analista, então,
desempenha a escuta analítica para deixar o analisado falar à vontade.
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Módulo 1 – As Grandes Bases

Neste caso, a linguagem não-verbal também é considerada para realizar uma


avaliação mais completa.
Outra tendência é a compreensão dos fatores hereditários no aparecimento dos
transtornos mentais. Sabe-se agora que filhos de pais depressivos ou ansiosos têm
maior chance de desenvolvê-los, portanto, há uma grande influência genética.
Além disso, a análise das funções do ego abriu-se para outras ciências, como a
neurociência, a linguística e a psicofarmacologia.
Um resultado desta expansão é a noção de que o paciente, através da psicanálise,
consegue pensar as suas experiências emocionais e decide se tornar consciente delas
e aceitá-las ou ignorá-las.
Desta forma, depois de pesquisar e entender cada uma das terapias acima, Hellinger
finalizou seus estudos e iniciou pequenos grupos de Constelação Familiar. Em 1992,
em Garmisch-Paterkirchen, mais de 300 pessoas mostraram interesse nesta
abordagem, e a partir desse momento, ele passou a trabalhar com grupos maiores e
com Constelação Familiar.

Fontes:
Vittude – Psicologia e Psicanálise
Instituto de Psicoterapia Integrativa
As Ordens da Ajuda – Bert Hellinger- Colpix
As Ordens do Amor – Bert Hellinger - Atman
Constelações Familiares – Marcos Fernades - Ibra

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Estrutura Tri Partida do Ego


Os Estados do Eu (Pai-Adulto-Criança)

Vivemos como se fôssemos três pessoas em uma, cada uma com sua personalidade
completa, e o surpreendente é que, quando estamos em uma delas, nos esquecemos
do que vivemos nas outras duas... A essas personalidades, a Análise Transacional (AT) as
denomina Estados do Eu. Um estado do Eu é um conjunto coerente – sistêmico – de
comportamentos, sentimentos e pensamentos.
Quando alguém age, sente ou pensa movido por uma memória antiga do
comportamento de uma pessoa que teve muita influência sobre ele durante sua
infância: está em seu Estado do Eu Pai, está em um comportamento emprestado.
Eu Pai tem alguém atrás de você. Imitação de um ancestral.
Eu Pai necessita da criança, é tomado pelas polaridades e pela presença dos
campos mórficos.
Eu Pai é crítico.
Eu Pai autoritário e aquele que necessita da criança submissa. Pois a criança
submissa não quer desagradar o outro.
Eu Pai imita os ancestrais sem os conhecê-los, com a sua maneira de pensar, de
sentir e de agir

Quando alguém age, sente ou pensa de acordo com o aqui e agora, com o
momento presente, externo e interno: está em seu Estado do Eu Adulto.
O Eu Adulto, decide, não se opõe, diz “sim”, mas não é resignação, também não é
submissão, mas sim a própria criatividade.
O Eu Adulto, tem autonomia, pois é guiado por si mesmo, sendo responsável pelo
seu futuro, vivendo as ordens do amor e que está sempre no seu lugar. Pertence a
todos e todos lhe pertence.
O Eu Adulto, transcede, observa tudo ( sem emoção), mas com respeito e
agradecimento. Dessa maneira inclui tudo principalmente os lados opostos.
O Eu Adulto não cria as polaridades e sim a unicidade. Com isso equilibra tudo.
Também tem uma conexão com algo maior, “o vazio criador”. Quando o Eu Adulto
resolve um conflito, une as polaridades.
O Eu Adulto como não se opõe. Mas quem faz isso o Estado Criança Rebelde
O Eu Adulto acolhe a si mesmo e completa que faltam a ele.
O Eu Adulto é amo

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Módulo 1 – As Grandes Bases

Quando alguém age, sente ou pensa movido por uma memória antiga de uma
emoção do passado: está em seu Estado do Eu Criança, está em um comportamento
arcaico. Esta emoção pode ter sido sua ou é adotada de um antepassado.
Eu Criança se atrai pelo Eu Pai. Pois um precisa do outro, são complementares.
Eu Criança a emoção não é autêntica, é secundária, tem algo por trás que é
primário.
A pessoa deprimida se encontra no Eu Criança.

O equilíbrio chega quando o Estado do eu Adulto está no comando e os outros dois


Estados se sentem reconhecidos, escutados e têm seu lugar na vida do Adulto.

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Módulo 1 – As Grandes Bases

Campos Morfogenéticos - Ruppert Sheldrick


Biólogo, bioquímico e pesquisador inglês das universidades de Harvard nos Estados
Unidos e Cambridge no Reino Unido, mais conhecido por sua teoria dos Campos
Morfogenéticos, autor de 80 trabalhos científicos e 10 livros.
Entre seus livros estão:

- A new science of Life


- O renascimento da natureza
- Cães sabem quando seus donos estão chegando
- A sensação de estar sendo observado

Sheldrick, eclético que é, publicou artigos sobre: produção de hormônios em plantas,


diferenciação celular, envelhecimento e morte de células, fisiologia de culturas
agrícolas, ressonância mórfica, efeitos do experimentador sobre o experimentado, a
sensação de estar sendo observado, poderes inexplicados dos animais e telepatia. Em
suas teorias defendia que os animais têm habilidades que nós humanos perdemos.
Para nós, a principal pesquisa de Sheldrake são os Campos Morfogenéticos. A palavra
mórfico vem do grego, morphe, que significa forma, e genética vem de gênesis que
significa origem.
Campos Morfogenéticos ou Campos Mórficos são considerados campos de
informação, ou seja, é como se todos os indivíduos de uma mesma espécie estivessem
conectados pela mente, sendo que este campo afeta estes indivíduos e cada indivíduo
também afeta o campo.
Este campo é não físico e leva informações, não energia, e são utilizáveis através do
espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois de terem sido criados.
É uma espécie de memória integrada nos Campos Morfogenéticos de cada
organização, por exemplo: cristais, vegetais, animais, a própria sociedade.
Um Campo Morfogenético não é uma estrutura inalterável, mas que muda ao mesmo
tempo que muda o sistema com o qual está associado, por exemplo, o Campo
Morfogenético de uma roseira tem a mesma estrutura que os Campos Morfogenéticos
de roseiras anteriores.
Um modo simples para demonstrá-lo é criando um novo Campo Mórfico para logo
observar seu desenvolvimento. Uma das primeiras experiências realizadas por
Sheldrake, quando ele começou a estudar, foi a do labirinto dos ratos. Ensinando um
grupo de ratos determinada aprendizagem, por exemplo, a sair de um labirinto.

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Observou-se que na medida em que os ratos aprendem como sair, outros ratos em
outros lugares diante do mesmo labirinto, conseguem também sair sem terem sido
ensinados.
Uma forma mais simples de compreendê-lo é pensar como se o Campo fosse
sinônimo de inconsciente coletivo ou memória coletiva ao qual todos estão ligados
utilizando uma linguagem mais atual seria o iCloud ou nuvem, ou seja, um local
empírico onde guarda-se todas as informações existentes no planeta.
Os Campos Morfogenéticos não envolvem transmissão de energia, sendo que a sua
intensidade não diminui com o tamanho da distância, como ocorre com os campos
gravitacional e eletromagnético.
Segundo Sheldrake, o que define um Campo Morfogenético são os hábitos, ou seja,
estes são fatores que originam os Campos Morfogenéticos, pois através deles vão
variando sua estrutura dando causa deste modo as mudanças estruturais dos
sistemas em que estão associados.
Por exemplo, em uma floresta de eucaliptos é gerado o hábito de estender as raízes
mais profundamente para absorver mais parênteses entre parênteses (e/ou melhores)
nutrientes. O Campo Morfogenético do eucalipto assimila e armazena essa
informação que era dada não só por exemplares no seu entorno, mas em florestas de
eucalipto em todo o planeta.

"Eu concebo as regularidades da natureza como hábitos mais que por causas governados
por leis matemáticas eternas que existem de algum modo fora da natureza "
Rupert Sheldrake 1981

Sheldrake + Campos Morfogenéticos + Constelações Familiares = “Campo”


É comum que, em um primeiro contato, novos clientes da Constelação Familiar se
impressionem com o processo que se desenvolve em um atendimento.
Isso acontece porque o cliente traz seu tema e com pouquíssimas (ou mesmo
nenhuma palavra) o terapeuta constelador coloca a questão do cliente no campo e
passa a olhar o “desenredar” da dinâmica que traz dificuldades a ele.
O cliente, por sua vez, se vê conectado com a verdade de sua história que agora se
passa na sua frente, onde pessoas que fazem parte do grupo terapêutico, mas que
não se conhecem ou sabem algo de sua história de vida, assumem papéis e trazem
informações do campo sistêmico familiar dele.
Dessa forma é possível, através da Constelação Familiar, acessar aquilo que causa a
dificuldade que conduziu o cliente até esta terapia, permitindo que essas novas
informações atuem no cliente e o conduzam a um novo movimento.

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

A Constelação Familiar também permite ao campo se desemaranhar e


experimentar uma nova expressão dos vínculos e afetos contidos no sistema. Como
veremos adiante, esta nova informação passa a ser parte do campo e ela influencia a
todos que pertencem a ele. Esta é uma das razões desta forma de terapia ser tão
produtiva e gerar tantos resultados.
Rupert Sheldrake sugeriu em 1981 no livro “Uma nova ciência da vida – A hipótese da
causa formativa e os problemas não resolvidos da biologia” que existem campos de
informações não materiais que são transmitidos por ressonância.
Essa ressonância mórfica é o processo no qual acontecimentos e comportamentos
de organismos no passado influenciam organismos no presente.
Por sua vez, essa ressonância acontece dentro de sistemas que compartilham
características semelhantes em sua formação. Quanto maior a similaridade de
características, maior a ressonância e, por fim, maior a influência desse campo
imaterial de informação.
Da mesma forma, a teoria dos campos morfogenéticos diz que, da mesma maneira
que dentro de um sistema com informações similares os indivíduos deste sistema são
influenciados, seus comportamentos, descobertas e aprendizados também passam a
influenciar este campo.
Nesse sentido, essas informações passam a fazer parte do campo que influencia a
todos que pertencem a determinado grupo de características semelhantes.
A teoria proposta por Sheldrake é um dos principais embasamentos científicos que
traz a luz da ciência para o campo das constelações familiares. Outros conhecimentos
também relevantes seriam a neurociência e a epigenética.
No atendimento desta terapia, o cliente e todos os participantes são capazes de
perceber as dinâmicas que atuam em sua questão a partir dos representantes, sem a
necessidade da interpretação do terapeuta. Está visível, sem intermediários.

Essas informações surgem a partir dos campos mórficos do sistema do cliente e


ressoam nos representantes que passam a ter sensações em seu corpo que incitam
movimentos. O conjunto de movimentos e as interações entre os representantes se
tornam imagens claras com significados profundos para o cliente.

Da mesma forma, o campo se apresenta como a imagem que move o cliente em


seu interior, no seu inconsciente. O atendimento em constelação familiar permite
observar essas informações, sem que o cliente precise dar detalhes e elas também não
dependem do terapeuta para trazer o significado para o cliente.

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Qual o conceito de campo? O campo foi introduzido nos anos 40 por Faraday, na
sua pesquisa por campos elétricos e magnéticos. Campo é aquilo que é imaterial,
capaz de causar influência em outros corpos. Os gregos antigos chamavam isto de “a
alma” da matéria.
Uma observação clara deste conceito seria dos campos magnéticos. É possível
perceber a atração ou afastamento causado pelos pólos magnéticos dependendo de
sua posição em relação a outro corpo magnético.

É possível também perceber que essa influência não se dá por nenhum meio físico,
por exemplo, não há nada físico que puxe um imã em direção ao outro quando eles
se atraem.

Os campos mórficos exercem essa influência com base na forma e na composição


dos corpos e não por meio de influência magnética, como nos imãs. Assim, corpos de
composição e características semelhantes se tornam mais capazes de ressoar estas
informações do campo morfogenético. É isto que percebemos nas constelações
quando pessoas que não tem conhecimento do sistema familiar do cliente são
capazes de sentir os acontecimentos do campo.

É importante ressaltar algo que todos que conhecem este trabalho reconhecem
instintivamente: mesmo os grupos que se formam no trabalho de constelação
geralmente possuem integrantes com assuntos em comum, mesmo sem ter havido
qualquer tipo de combinação anterior ao tema que seria tratado no grupo.
Da mesma forma, é possível perceber que a postura do cliente (de ter mais ou menos
atenção durante o atendimento, de estar menos ou mais conectado ao tema que ele
traz) influencia na qualidade da fluência do campo do seu atendimento.

Por isso um atendimento de constelação familiar só pode acontecer em toda sua


força quando o cliente verdadeiramente deseja passar por este processo.
É preciso que sua busca e suas motivações sejam verdadeiras e extremamente
conectadas com sua vivência interior profunda.
A busca sincera potencializa o campo e permite movimentos profundos em direção a
uma boa solução de todo o sistema.
Por isso que esse trabalho é valioso e precisa ser respeitado tanto na postura do
cliente quanto na postura dos profissionais que aplicam este conhecimento.

Fontes:
Queli Rodrigues – Essencialmente
Uma nova ciência da vida – Rupert Shaldreke – Culpix
Constelações Familiares – Marcos Fernadnes - Ibra
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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

A boa e a má consciência
A consciência pessoal é vivida como um sentido por meio do qual percebemos
diretamente o que é necessário para pertencermos à família ou a um grupo. É como
o senso de equilíbrio: assim que nos afastamos do equilíbrio, sentimos tontura. Essa
sensação nos leva a tentar corrigir nossa postura de imediato, para que possamos
recuperar o equilíbrio e a estabilidade. Algo semelhante faz a consciência pessoal.

Quando alguém se afasta do que é validado em sua família ou em seu grupo, ou


seja, quando percebe que poderá ser excluído do grupo devido à suas ações oe
escolhas, fica com a consciência pesada. Como essa situação é muito desagradável,
sua consciência pesada o leva a mudar seu comportamento, para que ele possa
voltar a fazer parte do grupo.

Desse modo, vivenciamos a consciência pessoal como boa e má consciência. Na


boa nos sentimos bem, e na má nos sentimos mal. Ficamos com má consciência
quando pensamos, sentimos e fazemos alguma coisa que não corresponde às
expectativas nem às exigências daquelas pessoas e daqueles grupos aos quais
queremos e muitas vezes até precisamos pertencer e que são importantes para
nosso bem-estar e nossa sobrevivência.

A sensação de proteção que esse pertencimento nos proporciona é boa e nos faz
bem. Não precisamos nos preocupar em ficar sozinhos e desprotegidos de um
momento para outro. Portanto, de certo modo, nossa consciência fica atenta para
que continuemos ligados a essas pessoas e a esses grupos. Quando percebe que
esse pertencimento é ameaçado e nos afastamos dos outros, nossa consciência
reage com um sentimento de medo. Por isso, a significação da consciência pessoal
não pode ser suficientemente estimada. É o que também revela sua elevada
importância na sociedade e na cultura.

Por nos unir apenas a determinados grupos e pessoas, excluindo outros, essa
consciência é limitada. Por conseguinte, as distinções entre bem e mal também
valem para ela. Sentimos como boa consciência tudo o que assegura nosso
pertencimento. De nosso próprio ponto de vista, não refletimos muito sobre se ela é
realmente boa ou se pode até ser ruim para nós ou para os outros. Sem pensar,
sentimos e defendemos o que consideramos bom, uma vez que só é percebido
como boa consciência – mesmo quando, para um observador fora desse campo
espiritual, pareça estranho ou até ameaçador à vida de muitos.
25
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

A mesma coisa vale para o mal. Porém, nesse caso, ele é sentido por nós com mais
intensidade do que o bem, pois está ligado ao medo de perdermos nosso
pertencimento e, com ele, nosso direito à vida. A diferenciação entre bem e mal
serve, portanto, à sobrevivência do indivíduo em seu grupo.

A consciência pessoal nos une com mais força quando nos encontramos em uma
posição inferior em um grupo e dependemos dele. Porém, assim que ganhamos
poder nesse grupo ou nos tornamos independentes dele, esse vínculo é afrouxado e,
com ele, também a consciência.

Contudo, os fracos são conscienciosos e permanecem fiéis porque estão ligados.


Em uma família, são as crianças; em uma empresa, os funcionários de baixo escalão;
em um exército, os soldados rasos; e em uma igreja, os fiéis. Para o bem dos fortes,
arriscam conscienciosamente a saúde, a inocência, a felicidade e a vida, mesmo
quando os fortes os exploram, sem nenhum escrúpulo, por aquilo que chamam de
“fins superiores”. São os pequenos que se responsabilizam pelos grandes; os
carrascos que fazem o trabalho sujo; os heróis em uma batalha perdida; as ovelhas
que seguem o pastor que as leva ao abatedouro; e as vítimas que pagam a conta.

Quando a consciência une, ela também restringe e exclui. Por isso, quando
queremos permanecer em nosso grupo, muitas vezes temos de negar ou recusar
aos outros o pertencimento que reivindicamos para nós, só porque eles são
diferentes. Portanto, quem sempre segue a própria consciência acaba rejeitando
outras pessoas.
Para poder pertencer à sua família ou ao seu grupo, necessariamente menospreza
os que são diferentes por terem outra consciência e considera-se melhor do que
eles. Assim, por meio da consciência, tornamo-nos temíveis para os outros, pois o
que tememos para nós mesmos como a pior consequência de uma culpa e a
máxima ameaça, acabamos desejando ou fazendo aos outros em nome da
consciência, só por eles serem diferentes: a exclusão do grupo.

No entanto, o que fazemos com eles, outros fazem conosco em nome da


consciência. Assim, para o bem, estabelecemos mutuamente uma fronteira, e para o
mal a removemos em nome da consciência. Todas as diferenciações entre bem e
mal, entre eleito e rejeitado ou entre céu e inferno vêm da consciência.

Desse modo, culpa e inocência não são a mesma coisa que bem e mal, pois muitas
vezes realizamos ações ruins com boa consciência e ações boas com má
consciência. Realizamos ações ruins com boa consciência quando elas servem para
nos unir ao grupo importante para nossa sobrevivência, e realizamos ações boas
com má consciência quando elas ameaçam a união a esse grupo.

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Assim, a boa consciência de um e a boa consciência de outro tornam-se o pomo


da discórdia que separa pessoas, povos e religiões. A boa consciência deles coloca
uns contra os outros. Justifica as piores crueldades contra os semelhantes, por
exemplo nas guerras religiosas. Com isso, a consciência se opõe ao respeito e ao
amor por quem é diferente.

Portanto, o critério para a consciência é o que vale no grupo ao qual pertencemos.


Por isso, pessoas provenientes de grupos diferentes também têm consciências
diferentes, e quem pertence a vários grupos tem uma consciência específica para
cada um. A consciência nos mantém no grupo assim como o cão mantém as
ovelhas no rebanho. Porém, quando mudamos de ambiente, como um camaleão,
ela também muda de coloração para nos proteger. Nesse sentido, com a mãe
temos uma consciência diferente daquela que apresentamos em relação ao pai. A
consciência na família não é a mesma que temos na profissão. A que
demonstramos na igreja tampouco é igual à que revelamos entre amigos. No
entanto, sempre se trata de vínculo, do amor de vínculo e do temor da separação e
da perda.

Quando se considera a consciência pessoal com mais profundidade, constata-se


que ela segue três necessidades. No fundo, chega a ser idêntica a elas:

1. A necessidade já descrita de pertencimento.

2. A necessidade de equilíbrio entre dar e receber. Essa necessidade possibilita o


intercâmbio entre os membros do sistema. Como está ligada à necessidade de
pertencimento, em geral manifesta-se do seguinte modo: quando recebo algo
bom, tenho a necessidade de compensar.
Porém, como me sinto parte integrante do grupo e amo, dou um pouco mais do
que recebi. No outro ocorre algo semelhante: ele também restitui um pouco mais.
Assim, o equilíbrio aumenta e o relacionamento se aprofunda.

Entretanto, essa necessidade de equilíbrio também tem seu lado negativo:


quando alguém me faz um mal, tenho a necessidade de revidar. Assim, o equilíbrio
aumenta em sentido negativo. Essa necessidade de justiça e vingança é tão forte
que sua necessidade de pertencimento acaba sendo sacrificada. Mesmo entre os
povos, o excesso de desavença e hostilidade tem a ver com essa necessidade de
justiça e vingança. O verdadeiro e, por assim dizer, correto equilíbrio seria fazer ao
outro um mal menor do que ele nos causou.
3. A necessidade de ordem. Valem certas regras que têm de ser cumpridas. Quem
as segue sente-se consciencioso; quem não as segue sente que terá de pagar um
preço por elas, por exemplo por meio de uma punição.

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Entretanto, por trás da consciência que sentimos atua outra consciência. Ela é
poderosa e, por seu efeito, muito mais forte do que a pessoal. Contudo, do ponto de
vista do sentimento, permanece amplamente inconsciente. Essa segunda
consciência, chamada de coletiva ou de clã, é mais extensa. Também defende os
interesses dos excluídos pela consciência pessoal. Por isso, costuma entrar em
conflito com ela.
A razão para tanto é o fato de que, em nosso sentimento, a consciência pessoal
tem prioridade em relação à coletiva. Uma vez que a consciência coletiva atua de
modo inconsciente, não podemos sentir sua força especial, apenas constatar seus
efeitos em nossa vida. No entanto, só conseguimos fazer isso quando conhecemos
as leis férreas da consciência coletiva, as ordens do amor. Posteriormente, Sophie
nomeou-a “princípios básicos da vida”. Tenho de admitir que essa expressão
corresponde bem mais ao significado das leis, pois de sua observância depende
nossa felicidade, nosso sucesso e até nossa saúde. Para dizer sem meias-palavras, o
conhecimento acerca das ordens do amor decide sobre a vida e a morte.

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Ordens do Amor
São leis universais que regem os relacionamentos familiares.
Essas leis são conhecidas como:
Lei da Ordem, Lei do Pertencimento e Lei do Equilíbrio.

As Leis Sistêmicas, são leis naturais que se encontram em todas as relações


humanas e consideradas como parâmetros necessários para a boa saúde dos
relacionamentos. Elas atuam sem que haja uma hierarquia entre elas, sendo assim,
são igualmente importantes.
Conscientes ou não da presença destas leis, todos somos submetidos à elas. Bert
Hellinger observou que assim como a lei da gravidade atua independente de nossa
vontade ou controle, as Leis Sistêmicas atuam onde há pessoas se relacionando. Ele
nomeou como: Leis da Vida ou Leis do Amor. São elas, Ordem, Pertencimento e
Equilíbrio.
Seguindo suas percepções, desenvolveu um trabalho terapêutico denominado
inicialmente como “colocar a família na posição”. Na tradução para outras línguas
passou a ser conhecido como “Constelações Familiares”. Com o progresso de suas
percepções, tais princípios eram experienciados em outras áreas das relações
humanas, obtendo os mesmos resultados e revelando as dinâmicas ocultas,
lealdades invisíveis e padrões estabelecidos nos sistemas, proporcionando assim,
sucesso quando apreciados e fracassos quando transgredidos.

Segundo esta abordagem, todas as relações são regidas por essas leis que moldam
a vida humana, fazendo-a fluir, porém quando uma delas passa por algum
rompimento, transgressão ou quebra, há uma forte tendência de gerar tensão entre
os membros de um mesmo sistema familiar, que pode ser facilmente observada
através das dificuldades que começam a surgir. Estar ciente de como elas
funcionam e sua importância é essencial para construir relacionamentos mais
fluidos.

Esse conhecimento também pode ser a chave para entendermos os


acontecimentos e desdobramentos difíceis em nossas vidas. O porque de
repetirmos os mesmos erros, a falta de foco e também como nos tornamos cada
vez mais parecidos com as pessoas da nossa família que desejávamos ser diferentes.
Tudo isso à medida em que lança luz sobre as dinâmicas ocultas que atuam nos
sistemas.
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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

A PRIMEIRA ORDEM DO AMOR: O DIREITO AO PERTENCIMENTO

A consciência coletiva ou de clã é uma consciência de grupo, pois todo ser


humano está ligado aos seus pais e ao seu clã em uma comunidade de destino. Com
nossos pais também partilhamos seus clãs e passamos a pertencer a um clã, no qual
o do pai e o da mãe se uniram. Um clã se comporta como se fosse mantido coeso por
uma força que une todos os membros e por um senso de ordem e equilíbrio que, de
certo modo, influi em todos os membros. Quem é unido e guiado por essa força e
quem é contemplado por esse senso pertence ao clã. De modo geral, trata-se das
seguintes pessoas:
1. Todas as crianças, incluindo as abortadas, as que partiram, as natimortas, as
entregues para adoção e as esquecidas. Meios-irmãos também contam como
membros integrais da família.
2. Os pais e seus irmãos de sangue, incluindo os abortados, os que partiram, os
natimortos, os entregues para a adoção e os esquecidos.
3. Ex-companheiros dos pais.
4. Os avós, mas sem seus irmãos, embora haja exceções nesse sentido.
5. Em casos excepcionais, também os ex-companheiros dos avós.
6. Todos cuja morte ou perda precoce proporcionou algum benefício aos membros
da família e se desse modo contribuíram para a sobrevivência da família atual e de
seus descendentes.
7 Se membros da família foram culpados pela morte de outras pessoas, suas
vítimas também pertencem à família.
8. O contrário também é verdadeiro: se na família houve vítimas de assassinos
externos, estes também pertencem à família.
9. Se a família obteve alguma vantagem em detrimento de outrem, o prejudicado
também pertence à família.

Enquanto a consciência pessoal é sentida pelo indivíduo e serve ao seu


pertencimento e à sua sobrevivência pessoais, a consciência coletiva ou de clã
considera a família como um todo, pois a preservação da integridade no clã, ou seja,
sua plenitude, depende estreitamente do vínculo do destino.

Por isso, de acordo com a primeira ordem servida por essa consciência, todo
membro da família tem igual direito de pertencimento.
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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

No entanto, em muitas famílias e em muitos clãs esse direito é negado aos


membros.
Por exemplo, se um homem casado tem um filho ilegítimo, às vezes sua mulher diz:
“Não quero saber dessa criança nem da mãe dela; elas não pertencem a nós”.

Ou quando um membro da família teve um destino difícil, por exemplo, quando a


primeira esposa do avô morreu após o parto, seu destino amedronta os outros, que
não mencionam o fato, como se a mulher não tivesse existido. Crianças mortas
precocemente ou natimortas também costumam ter esse direito negado, por
exemplo ao serem esquecidas. Às vezes também acontece de os pais darem ao filho
seguinte o nome do filho morto. Desse modo, é como se dissessem ao primeiro:
“Você já não está entre nós, encontramos um substituto”. A criança morta nem
sequer pode manter seu nome.

Com frequência, diz-se a um membro da família que demonstra um


comportamento desviante: “Você nos envergonha, por isso o estamos excluindo”. Na
prática, a moral muito arrogante nada mais significa do que uns dizerem aos outros:
“Temos mais direito de pertencer a esse grupo do que vocês”. E: “Vocês têm menos
direito de pertencer a esse grupo do que nós”. Ou ainda: “Vocês perderam seu direito
de pertencimento”. Nesse sentido, o bem nada mais significa além de: “Tenho mais
direitos”. E o mal: “Você tem menos direito”.

Quando os membros de um clã recusam a um membro anterior seu direito ao


pertencimento – seja porque o desprezam, porque temem seu destino, seja porque
não querem reconhecer que ele abriu espaço para os descendentes – ou quando não
reconhecem algo pelo qual, ao contrário, deveriam ser-lhe gratos, um descendente se
identifica com ele e o imita sem perceber nem conseguir evitá-lo, pressionado que é
pelo senso de compensação da consciência de clã. Muitas vezes, ele nem sequer
conhece o excluído e nada sabe de sua existência. Esse membro assume, então,
como representante, o destino do excluído.

Pensa como ele, tem sentimentos semelhantes, vive de maneira análoga e chega a
ter uma morte parecida. Portanto, esse membro da família encontra-se a serviço da
pessoa excluída e defende seus direitos. É como se fosse possuído pela pessoa
excluída sem perder seu próprio self. 31
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Sempre que a um membro for negado o pertencimento, haverá no clã um ímpeto


irresistível para restabelecer a integralidade perdida e compensar a injustiça ocorrida.
A esse respeito, dou um exemplo: um homem casado conhece outra mulher e diz à
primeira: “Não quero mais saber de você”. Se tiver filhos com sua nova esposa, um
deles representará a primeira mulher abandonada e combaterá o pai talvez com o
mesmo ódio que ela. Ou, então, se afastará dele com a mesma tristeza que ela. Mas
esse filho não sabe que está rememorando e legitimando a excluída.

Isso significa que um poderoso senso de ordem, que de certo modo age em todos os
membros, zela para que todos os pertencentes ao clã perdurem além da morte. Pois
o clã abrange tanto os vivos quanto os mortos, em geral até a terceira e às vezes até a
quarta e quinta geração anterior. Ninguém quer ser separado de sua família pela
morte. Sobretudo, a consciência coletiva quer até mesmo trazer os membros de volta
para a família. Em outros termos, embora com a morte percamos a vida atual, nunca
perdemos nosso pertencimento à família.

Não é que a pessoa excluída queira espontaneamente ser representada desse modo.
Em primeiro lugar, é a consciência coletiva a provocar essa representação. Chamo
isso de envolvimento. Com frequência, ele explica o comportamento estranho de um
membro da família.

Comparada com a consciência pessoal, a coletiva se mostra como totalmente imoral


ou amoral. Não faz distinção entre o bem e o mal nem entre a culpa e a inocência. Por
isso, não se pode imaginar essa consciência como uma pessoa que persegue
objetivos pessoais após uma reflexão amadurecida. Ela age, antes, como uma pulsão,
uma pulsão de grupo, que só quer uma coisa: salvar e restaurar a integralidade. Desse
modo, é cega na escolha de seus meios. Praticamente se apropria de um membro
inocente da família e o vincula ao destino do excluído. Por outro lado, a consciência
de clã protege todos do mesmo modo, uma vez que pretende restaurar seu
pertencimento quando este é negado.
É extremada e trágica a maneira como a consciência de clã relembra, ao longo de
várias gerações, um membro esquecido da família por meio de outro, que atua como
seu representante.

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

É o que veremos no exemplo a seguir, relato descrito por Bert Hellinger:


A bisavó do cliente casou-se com um jovem agricultor, de quem engravidou. Ainda
durante a gestação, seu marido morreu aos 27 anos, no dia 31 de dezembro, de febre
tifoide.
A partir dessa época, acontecimentos consistentes indicavam que, já durante o
casamento, a bisavó teria tido um relacionamento com aquele que viria a ser seu
segundo marido e que a morte do primeiro estaria relacionada a esse fato. Chegou-se
a suspeitar de que ele teria sido assassinado.
A bisavó se casou com o segundo marido (o bisavô do cliente) em 27 de janeiro. Esse
bisavô sofreu um acidente fatal quando seu filho tinha 27 anos. Nesse mesmo dia, 27
anos depois, um neto do bisavô morreu do mesmo modo. Outro neto desapareceu
aos 27 anos. Exatamente cem anos após a morte do primeiro marido da bisavó, um
bisneto morreu aos 27 anos no dia 31 de dezembro; portanto, com a mesma idade e
na mesma data em que morrera o primeiro marido da bisavó. Esse bisneto havia
enlouquecido e se enforcou no dia 27 de janeiro, dia do casamento da bisavó com o
segundo marido. Nessa época, sua esposa estava grávida, tal como a bisavó, quando
seu primeiro marido morrera.
Um mês antes de entrar em contato com Bert, o filho do homem que se enforcara,
portanto o tataraneto da bisavó do cliente, completara 27 anos. O cliente estava com
o mau pressentimento de que poderia acontecer algo com esse filho, mas achava
que o perigo recairia no mesmo dia da morte do pai dele, ou seja, 27 de janeiro.
Procurou o rapaz para protegê-lo e com ele visitou o túmulo de seu pai. Em seguida,
a mãe do rapaz contou que no dia 31 de dezembro ele havia perdido a cabeça,
manuseado um revólver e tomado todas as providências para se matar. Todavia, ela e
seu segundo marido conseguiram dissuadi-lo. Esse fato ocorreu exatamente 127 anos
depois que o primeiro marido da bisavó morrera aos 27 anos no dia 31 de dezembro.
Vale notar aqui que esses familiares nada sabiam do primeiro marido da bisavó.
Portanto, nesse caso, um acontecimento ruim repercutiu de modo trágico até a
quarta e a quinta gerações. Contudo, a história ainda não terminou. Alguns meses
após escrever, o cliente o procurou em pânico, pois tinha pensamentos suicidas, que
já não conseguia evitar. Bert então disse-lhe para imaginar-se diante do primeiro
marido da bisavó. Deveria olhar para ele, curvar-se diante dele, até o chão, e dizer-lhe:
“Concedo-lhe a honra. Você tem um lugar em meu coração. Por favor, abençoe-me se
eu ficar”. Em seguida, pediu-lhe que dissesse o seguinte à bisavó e ao bisavô: “Não
importa qual foi sua culpa, deixo-a com vocês. Sou apenas um filho”.

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Pediu também para que ele se imaginasse tirando sua cabeça de uma corda com
cuidado, andando devagar para trás e deixando a corda pendurada. Foi o que ele fez.
Em seguida, sentiu-se aliviado e liberto de seus pensamentos suicidas. Desde essa data,
o primeiro marido da bisavó é um amigo que o protege.
Com esse exemplo, também mostrei uma solução que, por meio da cura, cumpre o
que é exigido pela consciência de clã. Os excluídos são reconhecidos e recebem o lugar
e o estatuto que lhes cabem. Assim, ninguém mais precisa imitá-los. E os pósteros
deixam a culpa e suas consequências no local a que pertencem, retirando-se delas com
humildade. Em linha de princípio, esse é um processo interior. Desse modo, chega-se a
um equilíbrio que traz reconhecimento e paz para todos.

Como esse processo é produzido na constelação familiar? Como um membro da


família que imita um excluído pode ser libertado do envolvimento? Tomemos
novamente o caso da mulher abandonada. Na constelação, a segunda mulher diria, por
exemplo, à primeira: “Você é a primeira, sou a segunda. Reconheço que cedeu espaço
para mim”. Se a primeira mulher sofreu uma injustiça, a segunda pode acrescentar:
“Reconheço que você foi injustiçada e que consegui meu marido à sua custa”. E ainda
pode dizer: “Por favor, seja amigável comigo se aceito e mantenho meu marido como
meu, e seja amigável com meus filhos”. Nas constelações familiares é possível ver que o
rosto da primeira mulher se descontrai e concorda, pois recebeu atenção. A ordem é
restabelecida, e nenhum filho terá mais de representá-la.

Onde as ordens do amor prevalecem, cessa a corresponsabilização familiar por uma


injustiça ocorrida, pois a culpa e suas consequências permanecem em seu devido
lugar, e em vez da vaga necessidade de compensação no mal, que gera continuamente
o mal a partir do mal, ocorre o equilíbrio no bem. Esse equilíbrio dá certo quando os
pósteros recebem os antepassados, independentemente do preço pago, e quando os
honram, independentemente do que tenham feito. O equilíbrio também se dá quando
os fatos já ocorridos, tenham sido bons ou ruins, podem ficar no passado. Os excluídos
recebem, então, o direito à hospitalidade e, em vez de nos aterrorizarem, trazem a
bênção. E quando também lhes concedemos em nossa alma o lugar que lhes cabe,
ficamos em paz com eles e nos sentimos plenos e completos, pois temos conosco
todos que nos pertencem.

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Módulo 1 – As Grandes Bases


A SEGUNDA ORDEM DO AMOR: A HIERARQUIA

Outra lei fundamental atua na consciência coletiva: em toda família ou em todo


grupo predomina uma ordem arcaica e hierárquica, que se orienta pelos antepassados
ou pelos pósteros. Portanto, é determinada pelo tempo do pertencimento. Quem já foi
membro da família tem preferência em relação aos que vêm depois. Assim, os que vêm
primeiro estão em posição mais elevada, e os que vêm depois, em posição inferior.
Desse modo, um avô tem precedência sobre seu neto, assim como os pais têm
precedência sobre seus filhos, e o primogênito, sobre seu irmão mais novo, e assim por
diante. Na consciência de clã, os pósteros e os antepassados não estão em pé de
igualdade.

Muitas dificuldades manifestadas por crianças, como um comportamento agressivo


ou estranho e até mesmo algumas doenças, estão relacionadas ao fato de elas se
encontrarem no lugar errado. Quando se acha o lugar certo para elas na constelação
familiar, elas acabam mudando. Assim, cada membro da família tem o lugar que lhe
cabe. Ninguém pode nem está autorizado a disputá-lo, por exemplo, querendo
ultrapassá-lo ou suprimi-lo. Muitas vezes a hierarquia é violada em nossa cultura, pois é
desconsiderada por muitos que evocam a liberdade pessoal e o direito de se
desenvolverem segundo os próprios conceitos.

No entanto, para os que violam a hierarquia, as consequências são devastadoras. Por


isso, quando há um comportamento autodestrutivo em uma família e alguém,
perseguindo objetivos aparentemente nobres, encena seu fracasso e sua ruína de
maneira deliberada, em geral o agente é um sucessor que, com seu fracasso,
finalmente sente-se como que aliviado por honrar seu antecessor. Desse modo, o poder
usurpado termina como impotência; o direito usurpado, como injustiça, e o destino
usurpado tem um fim trágico.

A consciência coletiva não permite que os pósteros se intrometam nos assuntos de


seus antepassados, mesmo que as intenções sejam as melhores. Como já descrito, há
na alma dois movimentos que se opõem: a consciência pessoal e a coletiva. Por
exemplo, quando um filho assume algo por seu pai, ele tem uma boa consciência
pessoal. Sente que ama seu pai e que é inocente. Ao mesmo tempo, viola a hierarquia
da consciência coletiva, pois esta é poderosa e pune a violação com o fracasso e a
morte. Por isso, as grandes tragédias terminam com a morte daqueles que pensam
estar fazendo o bem. 35
Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Quando alguém diz interiormente esse tipo de frase, peço-lhe que a repita na
constelação familiar diante da pessoa em questão, substituída por um representante.
Ao olhar nos olhos dessa pessoa, o cliente já não consegue dizer as frases, pois
reconhece que ela também o ama e rejeitaria tal oferta. O próximo passo seria ele lhe
dizer: “Você é grande, e eu sou pequeno. Curvo-me diante do seu destino e tomo o
meu, tal como me foi dado. Por favor, abençoe-me se eu ficar e deixá-la ir – com amor”.
Desse modo, ele se une a essa pessoa em um amor muito mais profundo do que se
a seguisse ou tomasse o destino dela para si como representante. A partir de então, a
pessoa velará por ele com amor, em vez de ameaçar sua felicidade, como talvez ele
tivesse temido.
Ou quando alguém quer seguir um parente que morreu, por exemplo, uma criança
que deseja seguir um irmão recém-falecido, pode dizer-lhe: “Você é meu irmão (ou
minha irmã), respeito-o como meu irmão (ou minha irmã). Em meu coração, você
sempre terá um lugar. Curvo-me diante do seu destino, seja ele qual for, e defendo
meu destino, tal como me foi determinado”. Em vez de os vivos se dirigirem aos
mortos, são os mortos que vão até os vivos e velam por eles com amor.
Ou quando uma criança se sente culpada por viver, enquanto seu irmão morreu, ela
pode dizer-lhe: “Querido irmão, querida irmã, você se foi, eu ainda vou viver por um
tempo, depois também morrerei”. Desse modo, a usurpação em relação ao morto
cessa e justamente por isso a criança que sobreviveu pode viver sem se sentir culpada.

Apenas dentro de sistemas fechados a lei da hierarquia é oposta. Nesse caso, quem
vem depois tem preferência em relação a quem vem antes. Por conseguinte, isso vale
para família do presente em relação à família de origem, e para a nova família, por
exemplo, devido ao segundo casamento da primeira família, mas apenas quando
houver pelo menos um filho.
Nesse caso, apenas a hierarquia no nascimento dos filhos é mantida. Exemplo: pela
hierarquia, o primeiro e o segundo filho da primeira família vêm antes dos filhos da
segunda família. Portanto, o primogênito daquela vai para o terceiro lugar, e os outros
filhos, respectivamente, para os lugares sucessivos.
A violação de uma hierarquia se revela na constelação familiar. Ao se constelar, a
ordem é restaurada e, assim, obtém-se o pré-requisito espiritual para o sucesso na
vida. No entanto, é o próprio cliente quem tem de implementar essa ordem, pois a
constelação não substitui a própria ação.

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A TERCEIRA ORDEM DO AMOR: O EQUILÍBRIO ENTRE DAR E RECEBER

A ordem de dar e receber nos é determinada por meio de nossa consciência.


Quando tomamos ou recebemos alguma coisa de alguém, sentimo-nos obrigados a
compensá-lo de maneira correspondente. Somente depois que fazemos isso é que
nos sentimos livres novamente. A dependência deixa de existir, e ambos podem
seguir seu caminho.
Porém, quando a restituição é insuficiente, a relação continua a existir em duplo
sentido: o primeiro beneficiário sente-se em dívida com o segundo, que, por sua vez,
ainda espera algo dele.
Porém, a compensação ocorre não apenas no bem, mas também no mal.
Curiosamente, ambos os lados contam com ela, e não apenas a vítima, que planeja
vingança. O culpado quer se livrar de sua culpa expiando-a. Mas o que acontece
quando a vítima lhe faz algo pior? O culpado sente que ela foi longe demais, pensa
em vingar-se e, por sua vez, retribui-lhe com algo ainda pior. Assim, a compensação
vai se agravando.
Algo diferente ocorre no relacionamento de um casal, pois além da necessidade de
compensação, nesse caso o amor desempenha um papel. Isso significa que quando
recebo algo de alguém que amo, restituo-lhe mais do que o equivalente. Assim, o
outro se sente novamente em dívida comigo e me restitui um pouco mais. Surge um
movimento crescente positivo, e o relacionamento ganha profundidade e amor.
Contudo, ocorre uma desordem quando sempre dou mais ao outro do que ele
pode restituir. Desse modo, a relação perde seu equilíbrio. Como consequência,
aquele que recebeu em excesso se aborrece e deixa a relação com desculpas
esfarrapadas.
A compensação no campo do mal também é necessária no relacionamento de um
casal. Quem sempre perdoa o parceiro por uma ação ruim, sem compensação,
ameaça o relacionamento. Mais do que isso: intimamente, quer se livrar do outro sem
ter consciência disso.
O outro já não se sente em pé de igualdade, mas inferior. Qual seria a boa solução?
Aquele que sofreu um mal vinga-se com amor, ou seja, restitui com algo menos ruim.
Como não quer perder o outro, é menos malvado. De repente, o outro se surpreende.
Ambos se olham e se lembram de seu antigo amor. Assim, o círculo vicioso é
rompido por violações cada vez mais recíprocas. Essa compensação tem outra
vantagem: graças a ela, ambos se tornaram mais cuidadosos e lidam com o outro de
maneira mais cautelosa.

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Módulo 1 – As Grandes Bases

O resultado dessa compensação é o aprofundamento do amor deles. Apenas na


relação entre pais e filhos a compensação entre dar e receber é anulada.
Os filhos não podem compensar o que os pais lhes dão. Realizam essa compensação
mais tarde, dando a seus próprios filhos. Porém, pode acontecer de um dos pais
sobrecarregar o filho com coisas materiais.
A ordem de dar e receber na família é invertida quando quem vem depois, em vez de
receber de quem veio antes e honrá-lo por isso, quer dar-lhe algo, como se fosse igual
ou até superior a ele. Isso ocorre, por exemplo, quando os pais recebem dos filhos e
estes querem dar aos pais o que estes não recebem de seus pais ou de seu parceiro.
Nesse caso, os pais querem receber como filhos, e os filhos querem dar como pais. Em
vez de fluir de cima para baixo, o dar e receber flui de baixo para cima, contra a força da
gravidade. Contudo, esse dar vem como um riacho que quer correr montanha acima,
em vez de montanha abaixo, escolhendo seu próprio destino.

Uma exceção é quando os filhos cuidam dos pais na velhice. Nesse caso, são os filhos
que dão aos pais e, com razão, estes exigem e recebem de seus filhos. Isso porque pais
e filhos formam uma comunidade de destino, na qual cada um deve contribuir de
acordo com seu patrimônio para o bem-estar comum. Nela todos dão e todos recebem.
Entretanto, quando um filho infringe a prioridade do ato de dar e receber, é fortemente
penalizado, em geral com o fracasso e a ruína, sem que tenha noção da culpa e do
contexto.
Quando ele dá ou recebe o que não lhe diz respeito, viola a ordem do amor. Não
percebe essa usurpação e acha que está tudo bem. No entanto, a ordem não pode ser
superada pelo amor, pois antes de todo amor, atua na alma um senso de equilíbrio que
ajuda a ordem do amor a alcançar a justiça e a compensação mesmo à custa da
felicidade e da vida. Por isso, a luta do amor contra a ordem também é o início e o fim
de toda tragédia, e só há um meio de escapar: conhecer a ordem e segui-la com amor.
Conhecer a ordem é sabedoria, e segui-la com amor é humildade.

Fontes:
As Ordens do Amor - Bert Hellinger - Atman
A Simetria Oculta do Amor - Bert Hellinger - Atman
Meu Trabalho Minha Vida - Bert Hellinger - Culpix
A cura - Bert Hellinger - Atman
Para que o Amor de Certo - Culpix

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Curso de Formação

Módulo 1 – As Grandes Bases

Referências Bibliograficas
Bradshaw, John. Volta ao Lar – Bradshaw, John.
Rocco. Como resgatar e defender a sua criança interior. 1993.
Justino, Mônica da Silva. Um novo olhar na transmissão da memória familiar /1. ed. –
Curitiba : Artêra : Appris 2017.
Hellinger, Bert. Um lugar para os excluídos - Atman
Hellinger, Bert. Liberados Somos Concluídos - Atman
Ravizza, Maura Saita. Psicogenealogia e Constelações Familiares -
Hellinger, Bert. As Ordens do Amor - - Atman
Hellinger, Bert. A Simetria Oculta do Amor - Atman
Hellinger, Bert. Meu Trabalho Minha Vida - Culpix
Hellinger, Bert. A cura - Atman
Hellinger, Bert. Para que o Amor de Certo Bert Hellinger - Culpix
Rodrigues Queli – Essencialmente
Shaldreke, Rupert. Uma nova ciência da vida – Culpix
Shaldreke, Rupert. A Presença do Passado - Instituto Piaget
Fernadnes Marcos. Constelações Familiares - Ibra
Psicologia e Psicanálise - Vittude, Instituto de Psicoterapia Integrativa
Revista SuperInteressante - Editora Abril Publicado em 16 jul 2020, 22h11
Vídeo Retrospectiva Vida e Obra: Bert Hellinger: Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=jtnu5f0DO0I&t=95s
Os Quatro Sentidos Básicos - O Brincar e o Brinquedo - Pilar Tetilla Manzano Borba
Rita de Cássia Federzoni Simone Dantas
A PEDAGOGIA WALDORF: CAMINHO PARA UM ENSINO MAIS HUMANO. São Paulo:
Ed. Antroposofia, 2003 LANZ, Rudolf.
FEBRE revista Arte Médica, Ano III, No. 3, novembro de 2002, da Sociedade Brasileira
de Médicos Antroposóficos (SBMA)
A IMPORTÂNCIA DA FEBRE PARA A CRIANÇA Dra. Zélia Beatriz Ligório Fonseca
O RITMO PARA O AMBIENTE PROPÍCIO À CRIANÇA Luiz Lameirao
www.fewb.org.br/covid_artigo_ritmo.html
Dr. Hew Len: Meditação Da Criança Interior Ho'oponopono –
Franco, Divaldo - Autodescobrimento – uma busca interior
O PRIMEIRO SETÊNIO COMO BASE DO DESENVOLVIMENTO HUMANO. Amanda
Rocha disponível em https://www.youtube.com/watch?v=TDsiuf0hF2E
A prática das constelações familiares - Jakob Robert Schneider; tradução de Newton
A. Queiroz. - Patos de Minas: Atman, 2007.

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Curso de Formação

Este material faz parte do curso de Formação em Constelação Familiar e


Terapeuta Sistêmico do Instituto Gastronomia da Alma.

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fundamentadas.
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