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17/05/2024, 19:56 · TJPB - 1º Grau - Processo Judicial Eletrônico

Poder Judiciário da Paraíba


2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital

INQUÉRITO POLICIAL (279) 0805221-42.2023.8.15.2002

DECISÃO

Vistos.

A denúncia não é manifestamente inepta, pois estão preenchidos os


requisitos legais (artigo 41 do CPP), uma vez que contém a exposição do fato
criminoso, com todas as suas circunstâncias, as qualificações dos acusados, a
classificação do crime e rol de testemunhas.
Ademais, não lhe falta pressuposto processual (demanda judicial,
competência do Juízo, capacidade processual e de ser parte, ausência de
litispendência ou coisa julgada) ou condição (tipicidade em tese da conduta
descrita, legitimidade ativa e passiva e interesse processual) para o exercício da
ação penal, bem como não lhe falta justa causa, pois há indícios suficientes de
autoria e prova da existência de crime.
A ilação é que a denúncia deve ser recebida.
Quanto à representação pelas prisões dos denunciados, constante no
relatório da Autoridade Policial (ID 87271957), insta esclarecer que a segregação
preventiva poderá ser decretada em qualquer fase do inquérito policial ou da
instrução criminal, desde que presentes seus pressupostos (fumaça do bom
direito) – prova de existência do crime e indícios suficientes de autoria – e
fundamento(s) (periculum in mora) – garantia da ordem pública ou econômica,
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal
(artigos 311 e 312 do CPP).
Analisando o acervo probatório até o momento vertido ao álbum, verifica-
se que há demonstração da existência do crime e indícios suficientes de autoria,
pois os indivíduos denunciados são líderes da facção auto denominada “Faixa
Preta/Okaida, ORCRIM com atuação na Ilha do Bispo e bairros adjacentes, e que
nos anos de 2022/2023 ordenou ataques naquela localidade. Uma das armas
utilizadas no assassinato de Emerson, em 04 de janeiro de 2023, também foi
usada na execução de Emerson Tadeu Fortunato dos Santos, vítima nestes
autos, em 04 de janeiro de 2023, o que só reforça os indícios dos crimes terem
sido cometidos pelo mesmo grupo criminoso.

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Quanto ao fundamento, infere-se que o relatório cronológico dos crimes


ocorridos na Ilha do Bispo, além do relatório conclusivo do inquérito policial,
elaborado pela autoridade policial mostra o modus operandi do grupo liderado
pelos denunciados e as mortes por eles encomendadas
Há notícias de que os indigitados teriam praticado o delito por disputas
entre facções rivais e comércio de drogas.
Tais fatos evidenciam a gravidade concreta dos atos praticados e
periculosidade social dos denunciados. Em casos como o dos autos, o modus
operandi, os motivos, a repercussão social, dentre outras circunstâncias, em
crime grave como um homicídio, são indicativos, como garantia da ordem
pública, da necessidade de segregação cautelar, dada a afronta a regras
elementares de bom convívio social_.
Ante o exposto, DECIDO:
não havendo causa para rejeição da peça acusatória, recebo a denúncia (ID
88329297) em todos os seus termos.
Com esteio nos artigos 311 e seguintes do CPP, visando garantir a ordem pública,
decreto as prisões preventivas de Alcidézio da Costa e Silva, vuldo "Dezi", Leandro dos
Santos Silva Cavalcanti, vulgo "Maguila", Hercules Gomes da Silva, vulgo "Equinho",
Lucas Camelo da Silva Pinto, conhecido como "Kisuco", Pedro Ramalho de Oliveira,
Diogo Vital da Silva, Magno Denis Henrique da Silva, conhecido como "Denis", José
David Henrique da Silva, conhecido como "Júnior", Jefferson Ribeiro da Silva Lacerda,
conhecido como "Fefeu" e Emerson da Silva Trigueiro, conhecido como "Mersinho",
devidamente qualificados nestes autos.
Adote as seguintes providências:
Cite os acusados para, em dez dias, responderem à denúncia, apresentando defesas
escritas (artigo 406 do CPP);
Expeça mandados de prisão em desfavor de Alcidézio da Costa e Silva, vuldo "Dezi",
Leandro dos Santos Silva Cavalcanti, vulgo "Maguila", Hercules Gomes da Silva, vulgo
"Equinho", Lucas Camelo da Silva Pinto, conhecido como "Kisuco", Pedro Ramalho de
Oliveira, Diogo Vital da Silva, Magno Denis Henrique da Silva, conhecido como
"Denis", José David Henrique da Silva, conhecido como "Júnior", Jefferson Ribeiro da
Silva Lacerda, conhecido como "Fefeu" e Emerson da Silva Trigueiro, conhecido como
"Mersinho", com prazo de validade do mandado (provável prescrição) até em 16 de
maio de 2044;
Acoste as certidões de antecedentes criminais dos denunciados e da vítima.
Defiro os pedidos de habilitação constantes no ID 88162339 e ID 88327862.
Providências necessárias.

JOÃO PESSOA, 17 de maio de 2024.

Aylzia Fabiana Borges Carrilho

Juíza de Direito

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Assinado eletronicamente por: AYLZIA FABIANA BORGES CARRILHO


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ID do documento: 90632217

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