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Lições sumárias de

Direito Constitucional Moçambicano

Por: Dr. António Salomão Chipanga, Mestrado em Ciências Jurídicas.

Tema: Organização do Poder Politico

A matéria de que nos vamos debruçar tem a sua sede constitucional nos artigos
133 e seguintes da CRM

Abrange fundamentalmente os seguintes itens:

a) Princípios gerais, do artigo 133 ao artigo 145;


b) Presidente da República, artigo 146 a 167;
c) Assembleia da República, artigo 168 a 199;
d) Governo, artigo 200 a 211;
e) Tribunais, artigo 212 a 233;
f) Conselho Constitucional, artigo 241 a 248

1. Princípios gerais

Os princípios gerais relativos aos órgãos do Estado constam dos artigos 133 e
seguintes e neles se destacam os seguintes:

1.1. Órgãos de soberania do Estado

Vejamos primeiro qual é o conceito de órgão. Entende-se por órgão “o centro


autónomo institucionalizado de emanação de uma vontade que lhe é atribuída,
sejam quais forem a relevância, o alcance, os efeitos (externos ou mesmo
internos) que ela assuma; o centro de formação de actos jurídicos do Estado (e
no Estado); a instituição, tornada efectiva através de uma ou mais de uma
pessoa física, de que o Estado carece para agir (para agir juridicamente).”1

No caso vertente, estamos a debruçarmo-nos de órgãos de soberania do Estado


na ordem jurídica Moçambicana.

Órgãos de soberania do Estado são aqueles que na sua actuação agem em nome
do Estado moçambicano praticando os actos decorrentes do exercício da
soberania, nomeadamente, a emanação das leis com vigência geral e abstracta
em todo o território nacional, sob a jurisdição do Estado, cumprindo e fazendo
cumprir, garantem a representação do Estado e celebram contratos
internacionais com outros Estados soberanos, no quadro das relações
diplomáticas, nos domínios políticos, económicos, sociais e culturais.

1
Jorge Miranda, Manual de Direito Constitucional, Tomo V, Actividade Constitucional do Estado,
Coimbra, 1997, pag. 45.

1
Os órgãos de soberania do Estado são os arrolados no artigo 133 da CRM,
designadamente, o Presidente da República, a Assembleia da República, o
Conselho de Ministros, os Tribunais e o Conselho de Ministros.

1.2. Separação de poderes e Interdependência

Os órgãos do Estado regem-se pelo principio da separação de poderes, em que


cada um realiza as suas atribuições e competências constitucionalmente
estabelecidas na base do principio da divisão dos poderes e das
responsabilidades o que nos conduz para o principio da especialidade em que o
órgãos realiza tão-somente as funções que especialmente lhe foi confiado e
não outras, vide artigos 146 para o Presidente da República, artigo 169 e 179
para a Assembleia da República, artigo 203 para o Conselho de Ministros, artigo
212 e 213 para os Tribunais e artigo 241 e 244 para o Conselho Constitucional.

Enquanto as atribuições forem as fixadas, os órgãos do Estado não podem


exercerem outras que não sejam as previstas para a sua esfera de
competências e âmbito no mesmo ordenamento jurídico.

Havendo conflitos de competências quer de natureza positiva, quer de


natureza negativa, o conflito será dirimido pelo Conselho Constitucional, nos
termos do artigo 244, n.˚1, al. b).

Porém, o funcionamento por especialidade não afasta o inter-relacionamento


entre os órgãos nem a colaboração, a coordenação ou articulação necessária
entre os diferentes órgãos por forma a estabelecer uma relação institucional sã
entre os órgãos. A articulação pode ser vertical ou horizontal, conforme os
casos.
Assim, temos para o exercício das atribuições, por força do disposto no artigo
134 e demais disposições da CRM temos as seguintes normas de articulação
imperativa que se impõem para cada um dos órgãos do Estado: artigo 159, b),
c), g), e), artigo 150, 151, n.˚2, 153, n.˚3, artigo 163, 164, n.˚2, artigo 179,
n.˚ 2, al. f), g), h), j), k), l), m,) n), p), n.˚3, artigo 183, 195, al. f), artigo
205, n.˚ 2, al. a) e b), artigo 206, 207, 208, 209, artigo 210, n.˚3, artigo 220,
232, artigo 239, n.˚2, artigo 240, n.˚ 2, artigo 242, n.˚ 1, artigo 268 e 285.

1.3. Órgãos centrais do Estado

Aos órgãos de soberania que são órgãos centrais do Estado, acresce-se os


demais órgãos que se situam no plano constitucional que também são órgãos
centrais, aqueles cujo âmbito de actuação é a totalidade do território nacional
e compreendem o conjunto dos órgãos governamentais e as demais instituições
do Estado com âmbito nacional, incluindo as áreas sob jurisdição do Estado
Moçambicano no estrangeiro (Embaixadas, consulados, agencias e outras
formas de representação do Estado).

2
As funções dos órgãos de soberania são as seguintes: no geral de garantir a
prevalência do interesse nacional e a realização da política unitária do Estado,
cabendo em especial ao Presidente da República o desempenho da função
política e executiva do Estado no exercício do poder político, a Assembleia da
República, a função de legislar sobre as questões básicas da política interna e
externa do país, ao Conselho de Ministros, desempenhar as funções
executivas, nomeadamente a gestão e administração do país e garantir o bem
estar social dos cidadãos, Tribunais, a função jurisdicional e finalmente ao
Conselho Constitucional a função de fiscalização da constitucionalidade e da
legalidade.

Os demais órgãos do Estado do plano Constitucional são os seguintes:

Conselho Superior da Comunicação Social, artigo 50, Comissão Nacional de


Eleições, artigo 135, n.˚3, Conselho de Estado, artigo 164, Ministério,
Secretarias de Estado e Comissões Nacionais, Banco de Moçambique, artigo
160, Ministério Público, artigo 234 e segs.; Conselho Superior da magistratura
do Ministério Público, artigo 238; Administração Pública, artigo 249 e segs;
Policia da República, artigo 254; Provedor de Justiça, artigo 256 e segs; Forças
de Defesa e segurança, artigo 266 e seg; Conselho Nacional de Defesa e
Segurança, artigo 268 e segs.

Aos órgãos centrais cabe-lhes em exclusividade o exercício das funções de


soberania, a normação das matérias do âmbito da lei, a definição das políticas
nacionais, a representação do Estado a definição e organização do território, a
defesa nacional e ordem pública, a fiscalização das fronteiras, a emissão da
moeda e as relações diplomáticas, conforme se pode constatar dos artigos 138
e 139, 146, 169 e 179, 203, 212, 213, 241 e 244, todos da CRM.

1.4. Órgãos não centrais do Estado

São os órgãos do Estado com âmbito territorial – Governos Provinciais,


Assembleias provinciais, Administrações Distritais, Secretaria provincial e
distrital, Postos Administrativos Localidades e povoações.

Estes órgãos do Estado a sua jurisdição corresponde a área territorial


compreendido pelo espaço físico da província, distrito, Postos Administrativos
Localidades ou povoação.

Aos órgãos não centrais a sua função é de garantir a execução, ao nível


territorial, da política governamental centralmente definida, bem assim a
fiscalização das actividades do Governo local e a realização de tarefas e
programas económicos, culturais e sociais de interesse local e nacional,
conforme os artigos 141, 142, 262 e 264.

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Os órgãos não centrais do Estado não se podem confundir com os órgãos do
poder local, que são as autarquias locais que compreendem os Conselhos
Municipais para as cidades e vilas e povoações. A estes órgãos é lhes reservado
a função de organizar a participação dos cidadãos na solução dos problemas
próprios da sua comunidade e promover o desenvolvimento local, o
aprofundamento e a consolidação da democracia, artigo 271 e seguintes.

1.5. Intervenção directa dos dirigentes e agentes dos órgãos


centrais

Os titulares dos órgãos do Estado de nível central podem, querendo, exercer as


competências que lhes foi confiada, directamente ou por intermédio de
dirigentes ou agentes da administração publica nomeados.

O exercício das competências reservadas aos titulares dos órgãos centrais pelas
pessoas indicadas e nos termos do artigo 140, corresponde a desconcentração
das competências do Estado acto que se pratica no quadro da delegação de
competências

1.6. Representação dos órgãos centrais

Os órgãos centrais do Estado, ao nível da província fazem-se representar pelo


Governador Provincial respectivo, nos termos do artigo 141, n.º 1, da CRM e
nos termos do artigo 145,ao nível do Distrito, pelo Administrador Distrital, nos
termos do artigo 38, n.º 1 da lei n.º 8/2003, de 19 de Maio, o Posto
Administrativo, pelo respectivo Chefe do Posto, nos termos do artigo 54, n.º 2
da lei citada, a localidade, pelo respectivo Chefe de Localidade, conforme o
artigo 61, n.º 1, da que se vem citando.

1.7. Incompatibilidades

A efectiva separação de poderes princípio e doutrina constitucional passa


necessariamente pelo estabelecimento de regras que materialmente não
permitem aos titulares dos órgãos do Estado exercerem as funções em regime
de acumulação dos cargos públicos, simultaneamente.

O princípio das incompatibilidades é o que garantem que na ordem jurídica o


titular do cargo público ocupa apenas uma função deixando as demais para que
sejam exercidas pelos outros titulares, conforme o disposto no artigo 137.

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1.8. Sistema eleitoral

O princípio consagrado no sistema eleitoral em vigor determina que os titulares


dos órgãos de soberania, das assembleias provinciais e das autarquias locais,
ascendem aos cargos públicos por via de eleições livres, justas e transparentes
que se realizam por sufrágio universal, directo, igual, secreto, pessoal e
periódico, cujos proponentes dos candidatos sejam os cidadãos moçambicanos
organizados em grupos de eleitores proponentes, partidos políticos ou em
coligações de partidos políticos.

O sistema eleitoral para a escolha do Presidente da República ou do Presidente


do Conselho Municipal é o de maioria dos votos expressos, artigo 148 e em caso
de não se apurar o vencedor nas referidas eleições o acto de votação é
repetido e diz-se segunda volta, participando na eleição os dois candidatos
mais votados.

Para a escolha dos candidatos a deputados da Assembleia da República, ou a


membros da assembleia provincial ou municipal, o sistema eleitoral é o de
representação proporcional, conforme o disposto no artigo 135, n.˚2.

1.9. Designação dos titulares do poder

O Estado é uma criação dos Homens com vista a satisfação de interesses


comuns que são o bem-estar económico, social, político e cultural, a segurança
e a justiça de todos os membros da comunidade estadual.

A prevalência do interesse geral sobre o interesse individual pressupõe a


existência de poder efectivo de impor a vontade alheia a todos os membros da
sociedade e para o efeito, o Estado possui órgãos próprios pelos quais
manifesta a sua vontade que se sobrepõe a vontade individual ou grupos
políticos, sociais, económicos ou culturais.

Os titulares dos órgãos e agentes detentores das faculdades ou parcelas do


poder politico pertence à comunidade estadual e é desta que são designados
segundo as regras e procedimentos estabelecidos na Constituição e na lei.

O Estado moçambicano tal como os demais Estados modernos fixa no n.˚ 1 do


artigo 135 o principio geral que se deve obedecer para a designação dos
titulares do poder na República de Moçambique, sendo proibido o usos de
outros meios para a aquisição do poder politico, conforme o artigo 77.

Os titulares do poder e agentes detentores das faculdades ou parcelas do poder


politico são designados dentre os membros da comunidade politica do Estado
ou organização a que se refere o órgão em constituição. Assim, os titulares dos
órgãos de soberania provêm do Estado Moçambicano, os das províncias, da
respectiva província e da autarquia da área municipal.

5
A este propósito o Professor Jorge Miranda2 “Para lá da criação do Estado, só
deve falar-se em principio democrático (distinto, por exemplo, do principio
monárquico) quando o povo é titular do poder constituinte como poder de
fazer, decretar, alterar a Constituição positiva do Estado. E só deve falar-se
em governo democrático, soberania do povo, soberania nacional ou soberania
popular, quando o povo tem meios actuais e efectivos de determinar ou influir
nas directrizes políticas dos órgãos das várias funções estatais (legislativa,
administrativa, etc); ou seja, quando o povo é o titular (ou o titular último)
dos poderes constituídos.”

O regime de designação dos titulares do poder compreende duas modalidades:

a) Por eleição directa pelo próprio povo em relação aos órgãos electivos,
o Presidente da República, os deputados da Assembleia da República, os
membros da assembleia provincial, o Presidente do Conselho Municipal e
os membros da assembleia Municipal, artigo 135, n.º 1; 147, n.º 1; 170,
n.º 1; 142, n.º1 e 275, n.º 2 e 3.

b) Por eleição indirecta, através da Assembleia da República que


representa todos os cidadãos moçambicanos e cujo deputado
representa todo o país. Artigo 168, Membros do Conselho de Estado,
artigo 164, n.º 2, al. g); Provedor da Justiça, artigo 257; Membros do
Conselho Superior da Magistratura Judicial, artigo 221, n.º 1, al. d);
Juízes Conselheiros do Conselho Constitucional, artigo 242, n.º 1, al. b).

c) Por concurso com outros órgãos de soberania ou constitucionais:

i. Presidente da República na qualidade de Chefe de Estado: nomeia


o Presidente do Tribunal Supremo, o Presidente do Conselho
Constitucional, o Presidente do Tribunal Administrativo e o Vice-
Presidente do Tribunal Supremo, ouvido o Conselho Superior de
Magistratura Judicial, sendo o acto ratificado pela Assembleia da
República, artigo 159, al. g), artigo 226, n.˚ 2, artigo 229, n.˚2 e
artigo 179, n.˚2, al. h);
ii. O Presidente da República nomeia os membros do Governo e
outros dirigentes governamentais, sob conselho do Primeiro
Ministro, artigo 160, n.˚ 2 e artigo 205, n.˚2, al. b);
iii. O Presidente da República nomeia os Juizes Conselheiros do
Tribunal Supremo, do Tribunal Administrativo e os Procuradores-
Gerais Adjuntos, sob proposta dos respectivos Conselhos
Superiores de Magistraturas, artigo 226, n.˚3; artigo 229, n.˚ 3;
artigo 240, n.˚2;

2
Manual de Direito Constitucional, Tomo III, Estrutura Constitucional do Estado, 3.ª edic. Coimbra
Editora, 1996, pagina 163 e seguinte.

6
d) Por iniciativa e conclusão própria, em termos de identificação da
pessoa, nomeação definitiva e posse

i) Primeiro-Ministro, artigo 160, n.˚1, al. b);


ii) Procurador-Geral e Vice-Procurador-Geral da República, artigo
239, n.˚1;
iii) Chefe e o Vice-Chefe do Estado-Maior-General, o Comandante-
Geral e Vice-Comandante-Geral da Polícia, os Comandantes de
Ramo das Forças Armadas de Defesa de Moçambique e outros
oficiais das Forças de Defesa e Segurança, artigo 161, al.e);
iv) Embaixadores e enviados diplomáticos da República de
Moçambique, artigo 162, al. c).

e) Outros titulares de nomeação presidencial por força de lei ordinária

i) Presidente da Comissão Nacional de Eleições, sob proposta dos


membros da Comissão Nacional de Eleições;

ii) Presidente do Conselho Superior de Comunicação Social;

iii) Presidente do Instituto Nacional de Estatística;

1.10. Referendo

As formas de exercício do poder pelo povo moçambicano consagram três


modalidades, que são: eleições directas, permanente participação democrática
dos cidadãos na vida da nação e o referendo sobre as grandes questões
nacionais, artigo 73.

O referendo consiste na consulta ao povo sobre as grandes questões da vida da


nação e o acto ocorre sempre que se pretende operar alteração a qualquer das
matérias constitucionais que consta do artigo 292 n.˚ 1.

O Povo é chamado a pronunciar-se em referendo, obedecendo o regime


jurídico que consta do artigo 136 da CRM e no acto os eleitores recenseados
declaram sim ou não a pergunta que lhes é colocado sobre uma determinada
questão de interesse nacional, cujo legislador constituinte material não se
dispõe de poderes bastantes para aprovar a lei constitucional que procede a
revisão constitucional.

O referendo difere do acto de votar pelo facto de ser aquele em que o cidadão
no boletim referendário colocar no espaço reservado a manifestação da
vontade o sim ou não sobre a questão fundamental que pretende ver decidido
pelo povo.

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O referendo só é válido e vinculativo quando preenche os elementos previstos
no artigo 136, n.˚ 6 e 7, designadamente: votarem mais de metade dos
eleitores inscritos no recenseamento eleitoral e a assembleia da República
aprovar uma lei especial que determina as condições de formulação e de
efectivação de referendo.

1.11. Actos normativos

Os actos normativos são os actos jurídico-constitucionais, que se definem


segundo duas perspectivas, sendo:

a) a primeira, a perspectiva formal – actos cujo estatuto pertence, a


título principal, ao Direito Constitucional, isto é, os que, além de previstos, são
regulados por normas constitucionais, embora não necessariamente de forma
completa, ou os actos provenientes de órgãos constitucionais com a sua
formação sujeita a normas constitucionais.

b) a segunda a perspectiva material – actos de relevância


constitucional, ou actos de concretização imediata da Constituição, ou actos de
realização e de garantia das normas constitucionais

2. Os actos jurídico-constitucionais

Das duas perspectivas resulta de forma conjugada a seguinte definição: são


actos jurídico-constitucionais apenas os actos da função política-legislativa e
os actos da função política-governativa.

A esta definição se inclui em complemento, os actos jurídico-constitucionais,


designadamente, os actos da garantia jurisdicional da constitucionalidade das
leis e da legalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado.

Características comuns dos actos jurídicos-constitucionais:

a) São os únicos que a Constituição especifica e visa disciplinar em


articulação com as competências próprias dos órgãos e dos
colégios eleitorais que institui;

b) Estão directa e imediatamente subordinados à Constituição;

c) Através deles se projectam, desde logo, as opções político-


constitucionais ou a ideia de Direito apoiada na Constituição;

d) É a respeito deles que se suscitam fundamentalmente os


problemas de inconstitucionalidade.

A previsão legal dos actos normativos consta do artigo 143 e 144 da CRM

8
Assim, os actos normativos na ordem jurídica Moçambicana são praticados pela
Assembleia da República nos termos previstos no artigo 169 e 179 e o Conselho
de Ministros em relação aos Decretos-Leis, conforme os artigos 179, n.˚ 3 e 180
e seguintes.

1.12. Publicidade dos actos

O artigo 144 da CRM impõe que os actos legislativos só podem ter eficácia
jurídica se forem publicados no Boletim da República, (BR) que é o jornal
oficial do Governo.

A publicação é assim uma formalidade essencial sem a qual o acto é ineficaz,


isto é, não produz efeitos jurídicos desejados.
A publicação fica porém, condicionado a existência material na pratica do acto
de todos os elementos essenciais que conferem a qualidade de Lei,
designadamente, que seja o órgão competente para a pratica do acto do ponto
de vista formal, material e orgânico e tenha ainda sido respeitados todos os
procedimentos previstos na lei para a conclusão do acto.
 A título de exemplo, a lei constitucional impõe os seguintes
procedimentos para a aprovação da lei ordinária:
 Período de funcionamento da Assembleia, artigo 186;
 Iniciativa de lei, artigo 183;
 Iniciativa da lei de revisão constitucional, artigo 291;
 Regime de discussão e votação, artigo 184;
 Quorum e deliberação, artigo 187, 257 e 295.
 Forma, (PR) artigo 158; (AR) artigo182; (CM) artigo 210.
 Promulgação, artigo 163

Todos os actos legislativos são assim assinados, pelos respectivos titulares do


cargo, nomeadamente pelo Presidente da República, pelo Presidente da
Assembleia da República e pelo Primeiro-Ministro.

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Órgãos do Estado
Dos órgãos do Estado, o primeiro de que nos vamos debruçar é o Presidente da
República, pelo lugar privilegiado que ocupa no ordenamento jurídico.

2. Presidente da República

Figura historicamente existente no nosso país a partir da Constituição da


República Popular de Moçambique, promulgada em 25 de Junho de 1975, data
da proclamação da independência de Moçambique.

Foi nesta data que pela 1.ª vez na história do país existiu como figura jurídico-
constitucional, o Presidente da República de Moçambique.
O PR de Moçambique foi à data da proclamação da independência o Presidente
da Frelimo, Frente de Libertação de Moçambique (movimento político que
desencadeou a luta armada e celebrou o Acordo de Lusaka, aprovou a 1.ª
Constituição da República e proclamou a independência de Moçambique.

O titular do cargo, o cidadão Samora Moisés Machel ocupou o cargo de


Presidente da República, desde o dia 25 de Junho de 1975 até ao dia 19 de
Outubro de 1986, data em que perdeu a vida num acidente aéreo. Ascendeu ao
cargo por inerência de funções, por força do artigo 47 da Constituição da
República Popular de Moçambique, que dispõe o seguinte:
“O Presidente da República Popular de Moçambique é o Presidente da
FRELIMO.
O Presidente da República Popular de Moçambique é o Chefe do Estado.
Simboliza a unidade nacional e representa a Nação no plano interno e
internacional.”

Por força deste dispositivo, o PR exerceu o cargo mais alto do Estado


Moçambicano acumulando as funções de Presidente do movimento, por
inerência.

As vias que se tem adoptado para a ascendência ao cargo público


modernamente podem ser qualquer das seguintes modalidades:

Por via pacifica:

 Sucessão;
 Nomeação;
 Cooptação;
 Eleições;
 Inerência

10
Por via violenta:

 Golpe de Estado;
 Revolução;
 Insurreição.

Para a situação jurídica e politica de Moçambique, a modalidade adoptada em


20 de Junho de 1975, pelo poder constituinte material e formal no acto da
aprovação da Primeira Constituição da República foi a de inerência, conforme
já vimos atrás pelas seguintes razões de Direito:

Não se podia adoptar a modalidade de sucessão por que não há tradição de


monarquia em Moçambique. Há sucessão quando o titular do poder politico tem
a passibilidade legal de indicar o seu sucessor e essa sua vontade vincular o
Estado, tal como sucede na Grã-bretanha e na Suazilândia. Por outro lado, o
Estado colonial de cuja administração se estava a herdar era uma República.

Não podia ser por nomeação, por que para o efeito, deve existir o órgão
competente para a pratica do acto, isto é, um órgão supra Presidente da
República para o nomear no exercício do cargo.

A modalidade de cooptação só se pode adoptar quando o sistema de


designação do membro seja por esta via e ocorre em órgãos colegiais em que os
pares para completarem a sua composição têm a possibilidade de escolherem
um ou mais cidadãos para fazerem parte do órgão a que pertencem desde que
reúnem os requisitos previstos na lei.

No caso vertente, o cargo de Presidente é singular e assim não há outro que


tem a possibilidade de cooptar.

Eleições, pressupõem a existência de uma lei que estabelece direitos, deveres


e os respectivos procedimentos e só ocorre em Estados independentes e
soberanos.

Nas eleições deve haver partidos políticos, coligações de partidos e associações


civis que em defesa de uma ideologia politica determinada promovem a sua
imagem e estratégia de governação, isto é, promovem a campanha e
propaganda eleitoral e a educação cívica aos cidadãos no interesse da
democracia.

Em 1975, no território de Moçambique sob domínio colonial, não havia partidos


políticos nem coligações de partidos políticos e muito menos uma lei eleitoral
elaborado no contexto Moçambicano.

11
Moçambique não era efectivamente um Estado independente nem soberano a
realizarem-se as eleições antes da proclamação da independência tinham que
ser segundo o Direito Português ou de qualquer outro Estado que não seja
Moçambique.

A independência de Moçambique foi marcada para o dia 25 de Junho de 1975 e


nesta data não se podia de forma alguma receber a soberania do país do Estado
Português e em seguida condicionar a manutenção e o exercício do poder a
criação de uma Assembleia legislativa, a formação do Governo e dos Tribunais
sem existência material de um Presidente da República.

De alguma forma tinha que se iniciar a vida politica em Moçambique pós-


colonial e o legislador constituinte optou pela inerência das funções de
Presidente da República por parte do Presidente da FRELIMO que era o líder do
movimento de libertação nacional e internacionalmente reconhecido como
sendo o representante legitimo do povo Moçambicano, enquanto se criam as
condões para o estabelecimento de todas as instituições do Estado, tal como
veio a suceder.

A acumulação de funções por parte do Presidente da República tem também a


ver com a experiencia de direcção durante a luta de libertação nacional em
que o Presidente da FRELIMO era simultaneamente o Presidente das forças
populares de libertação de Moçambique (FPLM), braço armado da Frelimo,
Presidente do Comité central, órgão de direcção politica que durante o
intervalo entre dois Congressos da FRELIMO, assume a direcção politica do
movimento, preside o comité executivo e representa o movimento no plano
interno e externo.

Desta feita, a experiencia da direcção politica individual e sobretudo o papel


pessoal do Presidente da FRELIMO no movimento manteve-se, mas adicionada
com a direcção do Estado.

O regime de acumulação das funções de Presidente da FRELIMO e do Estado


Moçambicano perpetuou-se até a realização das primeiras eleições gerais
multipartidárias de 1994, conforme o artigo 210 da Constituição de 1990.

É importante notar que esta realidade política de acumulação de funções do PR


com o cargo de Presidente da Frelimo foi reconhecida politicamente pelo
movimento de resistência nacional Moçambicana, Renamo, no Acordo Geral de
Roma, tal como se pode constatar da lei n.º11/92, de 8 de Outubro3, emenda
pontual à Constituição da República, que decorre da aplicação do Acordo Geral
de Paz, de 4 de Outubro de 1992.

3
Publicado no Boletim da República n.º

12
Esta lei veio acrescentar ao artigo 212, a seguinte disposição:

“3.O disposto no artigo 204, n.º 2, só será aplicável após a realização


das próximas eleições presidenciais e legislativas.”

Com este acréscimo a redacção do artigo passou a ser seguinte:


Artigo 210
1. Até à realização das eleições gerais, o Presidente da República de
Moçambique é o Presidente do Partido Frelimo.

2. O disposto no artigo 118 quanto à eleição e ao mandato do Presidente


da República entra em vigor aquando da realização das próximas eleições
presidenciais.

3. O disposto no artigo 204, n.º 2, só será aplicável após a


realização das próximas eleições presidenciais e legislativas.

O PR no quadro jurídico-constitucional acumula as funções de PR, de Chefe do


Estado, de Chefe de Governo, de Comandante-Chefe das Forças de Defesa e
Segurança, conforme o artigo 146.

Na Constituição de 1975 acumulava ainda as funções de Presidente da


Assembleia Popular, nos termos do artigo 42.

O acto de acumulação não é uma prática corrente dos Estados modernos, mais
sim uma realidade jurídica constitucional da maioria dos Estados Africanos que
decorre das tradições e cultura africana, sobre a figura de Chefe, em que o
cidadão pretende ver naquele que se qualifica de Chefe a capacidade de tomar
a decisão fundamental sempre que se mostrar necessário.

Em Africa não se compreende que aquele que seja Chefe possa ficar
condicionado a decidir, por aguardar a reuniões dos demais membros.

Aquele que for chefe deve ter a capacidade de tomar a decisão certa para a
solução do problema que lhe for colocado pelo seu povo. Não tem que esperar
pelos membros do Governo ou pela Assembleia para decidir.

Todos querem ver o chefe a falar e a decidir. Dele esperam a decisão final
diversa dos que o antecederam.

O Chefe tem que ter a plenitude de decidir. Artigo 146, 159 e 160 e seguintes.

13
Competências do Presidente da Republica:

O Presidente da Republica pode ser visto sob quatro ângulos:


1.º Chefe de Estado
2.º Presidente da Republica “strictu sensu”
3.º Chefe do Governo
4.º Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança

O regime jurídico que regula esta figura constitucional consta no artigo 146.

2.1. Chefe do Estado

O Presidente na sua qualidade de Chefe do Estado tem como função no quadro


do exercício do poder politico proteger o Estado, a sociedade e o cidadão.
Trata-se de uma qualidade tradicional que se acha presente em quase todas as
sociedades modernas. Nesta qualidade ele representa o Estado, a nação
moçambicana no plano interno e internacional.

É de todo o interesse para quem quer que seja conhecer quem é o Chefe do
Estado neste ou naquele Estado. Ele simboliza o Estado.

O Presidente nesta qualidade exercer as competências previstas no artigo 159 e


239, n.º 2.

2.2. Presidente da Republica

O Estado constitui-se de vários órgãos por meio dos quais manifesta a vontade
suprema. Não só existem órgãos como também instituições do Estado que se
preocupam das diferentes funções do Estado, conforme os artigos 133, 138 e
139, relativos aos órgãos de soberania, órgãos centrais e das atribuições dos
órgãos centrais respectivamente.

Todos estes órgãos e instituições necessitam de um líder, de uma direcção


politica que garante a sua unidade, coesão, estabilidade, funcionamento
normal e o cumprimento das suas atribuições nos termos estritamente previstos
na Constituição e na lei.

A figura constitucional que exerce esta função é o Presidente da República que


assegura o funcionamento pleno de toda a maquina politica e governamental
do país, exercendo as competências previstas nos artigos 160, 162 e 163 e
demais previstas na lei.

14
2.3. Chefe do Governo

O Presidente da República nesta qualidade ocupa-se da direcção politica


máxima da maquina governamental estabelecendo o contacto directo com as
instituições, com o povo assegurando o bem estar dos cidadãos, promovendo e
assegurando o comprimento da politica unitária do Estado no plano interno.
Age nesta qualidade quando exerce as competências previstas no artigo 201,
n.º1, 202 n.º 3, 205 n.º 2 a), b) e c) e 210 n.º 3.

2.4. Comandante chefe das forças de defesa e segurança

Na qualidade de Comandante-Chefe, o Presidente da República é a entidade


suprema das forças de defesa e segurança do pais, e nesta qualidade o
Presidente exerce as competências previstas no artigo 161 e 268, n.º 2, .

Mandato

É o período dentro do qual o titular exerce o cargo. Para o caso de


Moçambique, a duração do mandato do titular do cargo de Presidente da
República é de 5 anos podendo ser reeleito por mais um mandato perfazendo
10. artigo 147 n.º 3, 4 e 5.

Conselho de Estado

No período mono-partidário de 1975 a 1990 e ainda de 1990 até as primeiras


eleições gerais presidenciais e legislativas de 1994, o Presidente da República é
por definição legal o Presidente do Partido FRELIMO. O Presidente da República
na sua qualidade de Presidente da FRELIMO dirige o órgão superior do Partido
no intervalo entre as sessões do Comité Central da FRELIMO.

Este órgão que actualmente chama-se Comissão Politica, antes chamava-se


Bureau politico e reúne os quadros superiores do Partido FRELIMO engajados e
temperados na luta de libertação nacional e na consolidação da independência
nacional. São indivíduos bastante equilibrados com muita experiência politica,
de governação e de luta, sendo por isso, merecedores da confiança do Partido.

Assim o Presidente da República em relação a todas as questões de fundo


relacionadas com a governação do país, submete à apreciação deste órgão
politico que analisa e elabora recomendações e conselhos ao Presidente da
República, em todas as matérias de decisão politica.

15
No período multipartidário e depois das eleições de 1994, surge então um vazio
legal. Pois constitucionalmente o Presidente da Republica não é o Presidente
da FRELIMO nem de qualquer outro partido politico, mas sim o candidato que
vencer as eleições que tanto pode ser de um partido politico ou um
independente, desde que tenha sido proposto por um mínimo de dez mil
eleitores, artigo 147, n.º2 al. c).

Quem aconselha constitucionalmente o Presidente da Republica no domínio das


funções de Chefe do Estado, de Presidente da Republica e de Comandante-
Chefe. É assim que a Constituição de 2004 reserva para esta função o Conselho
de Estado, prevista no artigo 164 cujo estatuto, competências e funcionamento
constam dos artigos 165 e seguintes.

O processo de designação do Presidente da República

O Presidente da República é um órgão singular de soberania, artigo 133, eleito


por sufrágio universal, artigo nos termos do artigo 135 n.º 1, 147, n.º 1 e 148.

De entre os vários candidatos que concorrem nas eleições para o cargo de


Presidente da República é eleito aquele que obter mais de metade dos votos
expressos. Artigo 148.

ASSEMBLEIA DA REPUBLICA

É o órgão de soberania, artigo 133. É por excelência o órgão que na Republica


de Moçambique ocupa-se da função legislativa, artigo 169 n.º 1 e 2. Representa
na sua actuação todo o cidadão nacional em nome do qual legisla sobre o
funcionamento do Estado, a vida dos cidadãos nos domínios económicos,
sociais, culturais e politico de forma absoluta e genérica.

A Assembleia da Republica é no quadro da organização politica do Estado o


mais alto órgão legislativo, o que pressupõe a existência de outros órgãos que
se ocupam da função legislativa, nomeadamente Conselho de Ministros, sob
forma de decretos-leis, artigo 179 n.º 3 e 180.

Porém, os decretos-leis aprovados pelo Conselho de Ministros por autorização


da Assembleia da Republica nos termos do artigo 179 n.º 3, são considerados
ratificados se na sessão seguinte da Assembleia da República não forem postos
em causa. Pelo menos por 15 deputados significa que os decretos-leis são
considerados automaticamente ratificados pela Assembleia da República, salvo
quando haja uma solicitação por parte dos deputados em número de 15.

Em outros sistemas políticos, ou seja, anglo-saxónico, sistema britânico, o


parlamento constitui-se de duas ou mais câmaras e cada uma com função e
denominação distinta.

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A título de exemplo, nos sistema de Governo americano, o órgão legislativo
denomina-se Congresso.

O Congresso é bicamaral: Tem um Senado e uma Câmara dos representantes do


Povo por cada Estado da União.

O Senado é o órgão decisório. É composto por dois senadores de cada um dos


cinquenta Estados da União. Cada Senador é eleito por sufrágio universal
direito para um mandato de seis anos, renovávei sem limites. De dois em dois
anos realiza-se eleições para renovar um terço dos lugares.

A representaçao de cada um dos Estados da União é assim garantida de igual


modo, diferente da camara dso representantes do povo cuja representaçao
varia consoante o numero de habitantes de cada Estado.

É presidido pelo Vice-Presidente da União.

Câmara dos Representantes é constituído por um conjunto de 435


representantes do povo dos Estados Unidos (deputados).

Os representantes do povo são eleitos por sufrágio universal directo, segundo o


sistema maioritário, uninominal a uma volta, com base em distritos e de acordo
com o número de habitantes de cada Estado. Cada membro tem um mandato
de dois anos e a eleição dos membros coincide com a eleição do Presidente da
União e no meio do mandato deste elegem os outros que cessarão ao mesmo
tempo que o Presidente da União cessar o seu mandato.

É presidido pelo "speaker" eleito pela própria câmara entre os membros do


Partido maioritário .

No sistema de Governo Britanico, o órgão legislativo chama-se Parlamento.

Neste sistema, o parlamento é composto por três câmaras:

a) Coroa. É a instituição que individualiza a unidade do Estado. É presidido


pelo Rei.
b) Câmara dos Lordes. È constituida por um número de pares temporais
(senhores nobres e eclesiásticos que herdaram as funçoes judiciais.

Actualmente tem cerca de 900 membros (trata-se de membros


provenientes das comunidades inglesas, escoçês ou da Grã-Bretanha em
virtude de neles terem sido considerados sucessores hereditários ou de
terem sido agraciados pelo Rei e, mais dois arcebispos e 24 Bispos da
igreja anglicana, o que totaliza 26 lordes espirituais a acrescentar aos
900.

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È Presidido pelo Ministro da Justiça.

O título de nobreza é por consequência uma qualidade especial e


privilegiada da qual o titular pertence aos Lordes lugar que é atribuido
pelo Rei aos cidadãos que mais se tenham distinguido na política, na
administração pública, na guerra, nas ciênciais, nas letras, nas artes, na
vida económica ou nas profissões liberais.

A nobreza é constituida por uma eleite do País, pela sua posição


politica, social, económica e cultural distinta dos demais cidadãos
Britânicos.

c) Câmara dos Comuns – È formada por um total de 630 deputados eleitos


por sufrágio directo e universal por circulos territoriais para um mandato
de cinco anos.

O pluralismo político e a democracia Britânica manifesta-se


essencialemnte na câmara dos Comuns onde temos a
reepresentatividade politica e a presença dos partidos politicos
britanicos. É onde efectivamente reside o poder politico do parlamento
britânico.

Por conseguinte, a Assembleia da República consoante a história e tradição


politica pode aparecer com o nome de:

 Órgão Legislativo
 Parlamento
 Assembleia da República
 Assembleia Nacional;
 Congresso ou
 Outra denominação.

Moçambique adoptou um sistema parlamentar unicamarária o que quer dizer


que só há uma única câmara, o Plenário da Assembleia da Republica, onde se
manifesta e se exerce a politica, através da confrontação das ideias sobre cada
uma das opções política de governação do País.

Historicamente Moçambique teve a sua Assembleia legislativa denominada


Assembleia Popular na vigência da primeira Constituição da República Popular
de Moçambique, promulgada em 25 de Junho de 1975 e surge pela primeira
vez, no culminar de um processo eleitoral que foi desencadeado no dia 25 de
Setembro de 1977, ao abrigo da Lei n.˚ 1/77, de 1 de Setembro (lei eleitoral) e

18
terminado no dia 4 de Dezembro de 1977 com a constituição da Assembleia
Popular.

Na Assembleia legislativa criada ao abrigo da CRPM de 1975 havia um órgão


com funções legislativas que se chamava Comissão Permanente da Assembleia
Popular, com poderes previstos nos artigo 44 e 45, dirigido pelo Presidente da
República.

Ao abrigo das funções legislativas cometidas a este órgão, a Comissão


Permanente da Assembleia Popular no intervalo das sessões da Assembleia
Popular tomava as decisões em nome da Assembleia Popular cabendo ao
Plenário na primeira sessão seguinte ratificar as leis aprovadas.

A questão jurídica que se coloca em face dos poderes conferidos, que efeito
jurídico terá uma eventual decisão da Assembleia Popular que negar ratificar
uma lei aprovada pela Comissão Permanente da Assembleia Popular, tomada ao
abrigo das competências previstas no artigo 45.

As leis vigoram para o futuro, ou seja, a improcedência da lei aprovada pela


Comissão Permanente da Assembleia Popular, produz efeito a partir da data em
que a Assembleia Popular negar ratificar e qual é o efeito jurídico em relação
aos efeitos jurídicos produzidos pela lei não ratificada.

Estas e outras razões levaram o legislador constituinte de 1990 a revogar as


competências legislativas da Comissão Permanente da Assembleia Popular e
fixar para a Comissão Permanente da Assembleia da República de 2004, as que
se resumem na atribuição de que a Comissão Permanente da Assembleia da
República é a mesa da Assembleia da Republica, que tem por função coordenar
as actividades do Plenário, das Comissões de Trabalho e dos grupos
parlamentares criados, exercendo as funções constantes no artigo 195. Vide
ainda o artigo 193 e 194.

A Assembleia da República, órgão legislativo moçambicano goza de


legitimidade popular, por quanto é eleita por sufrágio universal, directo, igual,
secreto, pessoal e periodicamente, conforme os artigos 73, 135 e 170.

Na Assembleia da Republica concorrem os candidatos provenientes de partidos


políticos ou coligações de partidos em listas plurinominais, o que significa que
na Assembleia da Republica de Moçambique não é admitido candidatos
independentes ou individualmente ou por via de grupos de cidadãos eleitores
proponentes, pese embora não sejam proibidos de existirem. Havendo
candidatos independentes devem estes filiarem-se a um partido politico ou a
uma coligação, conforme determina o artigo 170 n.º 3.

A Assembleia da Republica em vigor compõe-se de 250 deputados, conforme o


disposto no artigo 170.

19
Critérios de definição do número de deputados no parlamento

Em cada sistema politico, os critérios de definição do número de deputados a


assembleia é variável e não existe critérios que sejam comuns a todos os
Estados. Em geral adopta-se como critérios básicos, a população habitante, a
sua distribuição territorial pelas regiões, províncias, distritos, postos
administrativos, localidades, povoação, cidades e vilas, o número de eleitores,
a riqueza, os recursos disponíveis em cada área territorial dos deputados, a
influência ou importância politica, económica, social e cultural da região para
justificar a sua representatividade no parlamento, a capacidade económica do
pais em suportar as despesas de manutenção e funcionamento do órgão e ainda
o grau de mobilidade dos deputados eleitos.

Os deputados eleitos representam todo o pais e não o círculo eleitoral pelo


qual foi eleito e muito menos os interesses egoístas ou não do partido político
ou coligação de partidos políticos pelo qual foi eleito.

O deputado, representante de todo o povo tem um mandato parlamentar de 5


anos que coincide com o mandato da Assembleia da Republica, que é de 5
anos. Artigo 168 n.º 2 e 171.

Organização e funcionamento

O parlamento organiza-se e funciona em Plenário e em Comissões de Trabalho,


não havendo câmaras ou outra forma de funcionamento com poder de decisão
legislativa que não seja a própria assembleia quando reunida em sessão
Plenário.

Para o seu funcionamento, a Assembleia da República tem um Presidente eleito


pelos pares dentre os deputados, artigo 190, sendo coadjuvado por dois vices-
presidentes, artigo 192.

Os Vices-presidentes são provenientes das duas bancadas com maior


representatividade parlamentar, artigo 192, n.˚1, sendo o primeiro vice o da
bancada maioritária e o segundo vice o da segunda bancada mais votada.

A Assembleia da República no seu funcionamento apoia-se em bancadas, artigo


196.

As bancadas são forma de organização interna dos deputados eleitos, por via de
partidos ou coligações dos partidos e não necessariamente o modo de
funcionamento da Assembleia da Republica.

20
Os deputados organizam-se por bancadas quando assim desejarem, não sendo
um acto de carácter obrigatória. A experiencia parlamentar Moçambicana
revela-nos que os partidos políticos ou coligações de partidos políticos com
assento na assembleia da República organizam-se me bancadas parlamentares e
assim gozam dos direitos por via desta forma de organização.

Neste momento, decorrente das eleições gerais legislativas de 28 de Outubro


de 2009, os partidos políticos com a assento parlamentar por deputados são os
seguintes:

FRELIMO……………… ..191 deputados


RENAMO…………………..51 deputados
MDM…………………………..8 deputados
Total……………………….250 deputados

A composição da Assembleia da República não é estática. Varia de cada


legislatura.

Desde que Moçambique tornou-se independente da dominação colonial, a


composição da Assembleia da República foi a que se nos apresenta no mapa
abaixo.

Ano das Força política Número de Poder legislativo


eleições Período deputados
legislativo
1975 - 1977 FRELIMO Conselho de
----- ----------------- Ministros
1977 1977 - 1986 FRELIMO 230 Assembleia
Popular
1986/1987 1987 - 1994 FRELIMO 230 Assembleia
Popular
FRELIMO 129
RENAMO 112 Assembleia da
1994 1995 - 1999 UDM 9 República
Total 250
FRELIMO 133
RENAMO – União 117 Assembleia da
1999 2000 - 2004 Eleitoral República
Total 250
FRELIMO 160
2004 2005 - 2009 RENAMO – União 90 Assembleia da
Eleitoral República
Total 250
FRELIMO 191
2009 2010 - 2014 RENAMO 51 Assembleia da
MDM 8 República
Total 250

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A Assembleia da República reúne-se ordinariamente duas vezes por ano e,
extraordinariamente, sempre que a sua convocação for requerida pelo
Presidente da República, pela Comissão Permanente ou pelo menos, por um
terço dos deputados, artigo 186.

As sessões da Assembleia da República são públicas e realizam-se durante o


primeiro semestre e no segundo semestre de cada ano, sendo a primeira sessão
no mês de Março e a segunda no mês de Outubro, cabendo à Comissão
Permanente da Assembleia da República fixar as datas em função do rol de
matérias a discutir.

A Assembleia da República tem as seguintes Comissões de trabalho:

a) Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de


Legalidade;
b) Comissão do Plano e Orçamento;
c) Comissão dos Assuntos Sociais, do Género e Ambientais;
d) Comissão da Administração Pública, Poder Local e Comunicação Social;
e) Comissão de Agricultura, Desenvolvimento Rural, Actividades Económicas
e Serviços;
f) Comissão de Defesa e Ordem Pública;
g) Comissão das Relações Internacionais;
h) Comissão de Petições.

O Plenário cria, por resolução, comissões ad-hoc e comissões de inquérito


destinadas a atender a questões específicas não cobertas pelas comissões de
trabalho.

A resolução que cria a comissão Ad-hoc define a composição, competência,


área de actuação, duração e concede as prerrogativas necessárias para o seu
funcionamento normal.

As Comissões de inquérito são criadas mediante proposta de, pelo menos, dez
por cento dos deputados, por solicitação da Comissão Permanente, de uma
Comissão de Trabalho, de uma Bancada Parlamentar ou do Governo.

As comissões de inquérito gozam dos poderes de investigação próprios das


autoridades judiciárias.

22
CONSELHO DE MINISTROS

É um órgão de soberania cujo regime jurídico vem estabelecido no artigo 200 e


seguintes.

O Conselho de Ministros é o Governo da Republica de Moçambique livremente


criado pelo Presidente da Republica eleito por sufrágio universal.

O Conselho de Ministros na ordem jurídica desempenha as funções previstas no


artigo 203, 202, n.º3, 206, 207.

O Conselho de Ministros exerce as competências previstas no artigo 204.

Na sua composição o Conselho de Ministros integra:

1- O Presidente da República, que preside.


2- O Primeiro Ministro que dirige as sessões do Conselho de Ministros, por
delegação do Presidente da Republica.
3- Os Ministros que dirigem os departamentos do Governo (Ministérios) de
que se estrutura o governo, prestam contas pelas suas actividades ao
Presidente da Republica e ao Primeiro-Ministro pela aplicação das
decisões do Presidente da Republica, do Conselho de Ministros e do
Primeiro-Ministro, sendo esta a responsabilidade política que recai sobre
cada um deles por área que dirige.

Os membros do Conselho de Ministros tem responsabilidade política nos termos


previstos no artigo 209 e recai sobre cada um deles a solidariedade constante
do artigo 209.

Os actos que pratica são revelados sob forma determinada no artigo 210.

Ao Primeiro Ministro cabe-lhe exercer as competências previstas no artigo 205


e 206.

O Conselho de Ministros para determinados assuntos específicos em cada área


de que se estrutura pode se assim entender, o Presidente da Republica ou o
Primeiro- Ministro convidar um ou mais Vices-Ministros ou Secretário do Estado
para participarem no debate, pois estes não são membros do Governo.

Diferente é a situação do Conselho de Ministros na vigência da Constituição da


Republica de 1975 e de 1990 em que os Vice Ministros eram membros do
Conselho de Ministros.

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VICE MINISTRO

Coadjuva o Ministro na direcção, administração e gestão do Ministério que


superintende.

O Vice-Ministro é nomeado e empossado pelo Presidente da Republica e


intervêm na área política.

Ao nível do Ministério, poderá lhe ser confiado, pelo Presidente da Republica,


pelo Primeiro-Ministro, ou pelo Ministro respectivo, uma área específica pela
qual responde perante o Ministro da área, Primeiro-Ministro ou perante o
Presidente da Republica.

O Vice-Ministro não sendo membro do Governo não se encontra abrangido pelos


artigos 206, n.º 2, 208, 209 e 211, respectivamente, intervir na Assembleia da
República em nome do Governo, responsabilidade política perante o Presidente
da República e perante a Assembleia da República, a solidariedade
governamental e imunidades.

SECRETÁRIO DO ESTADO

É nomeado e empossado pelo Presidente da Republica. Dirige uma área


específica que pela sua natureza requer uma certa autonomia de direcção
política, administrativa e gestão própria. Em conformidade com o decreto da
criação pode ter uma subordinação directa ao Presidente da Republica, ao
Primeiro-Ministro ou ao Ministro que for designado para o efeito. Goza de uma
certa autonomia administrativa.
SECRETÁRIO PERMANENTE

É um alto funcionário da administração pública. É titular do cargo


administrativo que pelas suas qualidades técnico profissionais, sua experiência
e categoria profissional é confiado a tarefa de secretário permanente pelo
Primeiro Ministro, sob proposta do Ministro que superintende a área em que vai
prestar o seu trabalho.

A componente politica não é posta de lado na sua designação, porquanto:

O Conselho de Ministros e um órgão Politico do Estado que exerce as suas


actividades Governativas e de administração publica, em obediência à
Constituição, ás leis, ao Programa quinquenal do Governo, ao Presidente da
República e a Assembleia da República.

A função essencial do Governo é de garantir a gestão da vida administrativa do


Pais e de assegurar a implementação da política governativa do Partido no
poder.

24
Articulação entre a função de direcção política e a função da administração
pública

A qualidade de titular investido da função política e o de servidor público


profissional tem uma fronteira muito pequena que não permite facilmente
separar as duas realidades públicas:

por um lado a função de direcção política consiste em submeter opções de


políticas públicas aplicando a lei na solução de problemas concretos e
individualizados, com base em políticas elaboradas visando a satisfação de
grupos profissionais, sociais, económicos e interesse geral.

A função administração pública consiste no essencial em levar a cabo de forma


eficaz e eficiente as políticas públicas definidas em sede essencialmente
política.

Independentemente da sua filiação partidária o administrador público, tem de


estar empenhado com os grandes objectivos políticos do Estado – no caso de
Moçambique, os fixados na Constituição em matéria de desenvolvimento,
político social, correcção de desequilíbrios regionais e sociais, concretizado no
programa quinquenal do Governo.

A função eminentemente política de escutar e dialogar com a opinião publica e


com os cidadãos, trabalhar em todo o país e não apenas no seu gabinete,
explicar-se no Parlamento, cabe em primeiro plano aos dirigentes
governamentais. A função de dirigente político é por isso incompatível com a de
chefe executivo do respectivo departamento governamental, o Ministério ou
Comissão Nacional.

Figura de Secretário Permanente

O Secretário Permanente é uma figura que no nosso ordenamento jurídico foi


criado em 1975, pelo Decreto n.º 8/75, de 26 de Agosto, mas que entretanto,
não foi de imediato materializado tendo ficado cerca de cinco anos sem
designação dos seus titulares.

A sua criação resulta da constatação de que é necessário assegurar a


estabilidade do funcionamento do órgão central, nomeadamente através da
garantia de continuidade e profissionalismo no exercício das actividades
administrativas de modo a que a administração fique relativamente imune às
mudanças de titulares.

Pretende-se ainda com esta figura que a sua função seja interpretada como de
charneira entre a política e administração, que se traduzirá, nomeadamente na
conversão das políticas e programas governamentais em planos de acção
lealmente executados, partindo do pressuposto de que os Secretários

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Permanentes não se irão acantonar no papel de super-chefes da administração
e finanças.

A sua selecção é orientada pelos critérios de profissionalismo, seu


comprometimento com os grandes objectivos da Administração pública e não
da empatia com o corrente titular do cargo político.

Os membros do Governo ao nível dos Ministérios de que são pelouros,


desempenham funções governativas que consistem nas atribuições de natureza
politica e co-legislativas e decisão fundamental.

As funções administrativas compreendem a intervenção, o fomento e serviços


publico.

Os Secretários Permanentes têm competência própria e competências


delegadas: as competências próprias referem-se a responsabilidade pela
organização dos planos, gestão de recursos, controlo interno da execução de
programas aprovados e garantia da segurança interna e adequada organização
protocolar. Trata-se de uma função de direcção horizontal: as competências
delegadas são as que o Ministro lhes pode confiar em matéria de direcção do
Ministério na sua ausência, na representação do Ministério perante outros órgãos
e na área da cooperação internacional.

De uma forma geral pode-se caracterizar a acção do Secretário Permanente


como agindo essencialmente na base de normas preestabelecidas.

Caberá ao dirigente político (Ministro) a emissão de normas genéricas sobre as


matérias de sua competência. Ao Secretário Permanente caberá implementar em
cada situação as normas estabelecidas. Questões que relevam do julgamento
político ou de ausência de normas e precedentes deverão ser submetidos a
decisão do Ministro.

Pode assim dizer-se que a área de discricionariedade política está reservada ao


Ministro sendo o Secretário Permanente o aplicador das regras já definidas.

O Secretário Permanente é assim como um ponto de encontro e garantia de


estabilidade entre a governação e a administração. Importa que na sua
implementação se encontre um equilíbrio para que ao excesso de governação se
não venha a substituir o excesso de administração, como acontece em certos
casos em que é a administração que condiciona a política da governação.

Numa fórmula, se ao Ministro compete a função governamental, ao Secretário


Permanente cabe a função administrativa. Não por acaso o decreto do Conselho
de Ministros estabelece que os Secretário Permanente são regidos
metodologicamente pelos Ministérios mais caracterizadamente administrativos
que são o Ministério de Administração Estatal e o Ministério das Finanças.

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TRIBUNAIS, vide artigos 212, 213, 214, 215

1. Os tribunais são órgãos de soberania que têm como objectivo garantir e


reforçar a legalidade como factor da estabilidade jurídica, garantir o
respeito pelas leis, assegurar os direitos e liberdades dos cidadãos, assim
como os interesses jurídicos dos diferentes órgãos e entidades com
existência legal.

2. Os tribunais penalizam as violações da legalidade e decidem pleitos de


acordo com o estabelecido na lei.

3. Podem ser definidos por lei mecanismos institucionais e processuais de


articulação entre os tribunais e demais instâncias de composição de
interesses e de resolução de conflitos.

4. Os tribunais educam os cidadãos e a administração pública no cumprimento


voluntário e consciente das leis, estabelecendo uma justa e harmoniosa
convivência social.

5. As decisões dos tribunais são de cumprimento obrigatório para todos os


cidadãos e demais pessoas jurídicas e prevalecem sobre as de outras
autoridades.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO, artigos 228, 234,

O Tribunal Administrativo é o órgão superior da hierarquia dos tribunais


administrativos, fiscais e aduaneiros.
O controlo da legalidade dos actos administrativos e da aplicação das normas
regulamentares emitidas pela Administração Pública, bem como a fiscalização
da legalidade das despesas públicas e a respectiva efectivação da
responsabilidade por infracção financeira cabem ao Tribunal Administrativo.

CONSELHO CONSTITUCIONAL, artigo 241, 244, 245 e 248


1. O Conselho Constitucional é o órgão de soberania, ao qual compete
especialmente administrar a justiça, em matérias de natureza jurídico-
constitucional.

2. A organização, funcionamento e o processo de verificação e controlo da


constitucionalidade, da legalidade dos actos normativos e as demais
competências do Conselho Constitucional são fixadas por lei.

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Compete ao Conselho Constitucional:

a) apreciar e declarar a inconstitucionalidade das leis e a ilegalidade


dos actos normativos dos órgãos do Estado;
b) dirimir conflitos de competências entre os órgãos de soberania;
c) verificar previamente a constitucionalidade dos referendos.
3. O Conselho Constitucional aprecia e declara, com força obrigatória
geral, a inconstitucionalidade das leis e a ilegalidade dos demais actos
normativos dos órgãos do Estado, em qualquer momento da sua vigência.

4. Os acórdãos do Conselho Constitucional são de cumprimento obrigatório


para todos os cidadãos, instituições e demais pessoas jurídicas, não são
passíveis de recurso e prevalecem sobre outras decisões.

5. Em caso de incumprimento dos acórdãos referidos no presente artigo, o


infractor incorre no cometimento de crime de desobediência, se crime
mais grave não couber.

6. Os acórdãos do Conselho Constitucional são publicados no Boletim da


República.

Maputo, Setembro de 2011

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