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Módulo Tributo e Segurança Jurídica

SEMINÁRIO III - FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO

Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. São Paulo:
Noeses, Capítulo III.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. São
Paulo: Noeses, Segunda Parte, Capítulo II, itens 2.1.2 (Hierarquia das leis
complementares: hierarquia formal e hierarquia material) e 2.3 (Fontes do
direito) até 2.3.6 (Fonte do direito e fonte da Ciência do Direito) da
segunda parte do livro.
• MOUSSALLÉM, Tárek. Fontes do direito tributário. São Paulo: Noeses.
Capítulos 5, 7 e 9.

Vídeo básico

• MOUSSALLEM, Tárek. Canal PPGD UNIMAR. Constructivismo Lógico-


Semântico e Fontes do Direito. Disponível em:
https://www.youtube.com/live/FxI60h98Gbs?si=FPcicD8F7Wsg6RHM.
Acesso em 01 de fevereiro de 2024.

Leitura complementar

• MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Revogação em matéria tributária. São


Paulo: Noeses. Capítulo II, item 2.5; Capítulo V, itens 5.3 e 5.4.
• IVO, Gabriel. A relação entre lei complementar e lei ordinária. In:
CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET, v.10,
São Paulo. Sistema tributário brasileiro e as relações internacionais. São
Paulo: Noeses, 2013, p. 363 a 380.
• IVO, Gabriel. Norma jurídica, produção e controle. São Paulo: Noeses.
Introdução, item 6.
• MCNAUGHTON, Charles William. Hierarquia e Sistema Tributário. São
Paulo: Quartier Latin. Capítulo VIII.
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Aluno: Mateus Padovan Siviero

Questões
1. Defina sua concepção de “direito” e a de “fontes do direito” pela
perspectiva do Constructivismo Lógico-Semântico e indique qual a utilidade do
estudo das fontes do direito. Por essa ótica, pode-se afirmar que leis, doutrina,
jurisprudência, costumes e fato jurídico são fontes do direito?

RESPOSTA:
Para formar um entendimento claro sobre o direito e suas origens, é fundamental definir
o que são fontes, ou seja, a sua origem, o começo. Portanto, o direito surge da análise
inicial das fontes e pode ser considerado como um sistema linguístico antecessor.
Assim, é relevante destacar a perspectiva de Paulo de Barros Carvalho, que afirma que
“a pesquisa das fontes do direito tem como enfoque principalmente a análise dos fatos”.
Ele as considera como elementos fundamentais que iniciam a criação de normas legais
preliminares, indicando que tais fatos somente satisfazem essa condição ao serem
estabelecidos em outras disposições legais. Portanto, fica evidente que, a importância de
estudar as fontes do direito está na prática de promulgação, em relação aos
acontecimentos sociais, que permite a formação de regras jurídicas.
Ademais, a teoria adotada por Paulo de Barros Carvalho, aduz que as normas entram no
sistema jurídico através de diferentes instrumentos legais, tais como leis, decretos,
portarias, entre outros, os quais são fundamentais para o estudo do nosso sistema social,
no entanto, tais normas são consideradas regras, e neste sentido não se podem ser
consideradas como fontes.

2. Defina os termos/expressões: (a) enunciação, (b) enunciação-


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enunciada, (c) enunciado-enunciado. Como esses termos se relacionam com o


tema “fonte do direito” e com o próprio “direito positivo”?

RESPOSTA:
A expressão enunciação refere-se à atividade social e interacional por meio da qual a
língua de determinada sociedade é colocada em funcionamento por um “enunciador”
este que é aquele que fala ou escreve algo para um “enunciatário” ou seja, aquele que
escuta ou lê o texto narrado ou escrito pelo enunciador. Ainda, o conceito de
enunciação, segundo Bakhtin/Voloshinov (2006, p. 126), é visto como “um puro
produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação
imediata ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de
uma determinada comunidade linguística”.
Já ao que se refere à enunciação – enunciada esta é o conjunto de enunciados, que
servem de informação para o processo, motivo, local, datas e os agentes, são portanto o
conjunto possível de identificar o documento normativo em si, nas palavras de
KATHERINE KERBART-ORECCHIONI a enunciação – enunciada se denomina
“fatos enunciativos”, isto é, as unidades lingüísticas, qualquer que seja sua natureza, que
funcionam como índices da inscrição no seio do enunciado dos protagonistas do
discurso e da situação de comunicação, inseridas as coordenadas espaço–temporais”.
Por fim, o enciado – enunciado é o texto desprovido dos sinais marcativos da
enunciação, ou seja, o enunciado é transmitido pela enunciação – enunciada, sendo,
portanto, o texto composto por uma oração a qual deixará marcas ou pistas que podem
ser recuperadas pelo enunciador e pelo enunciatário.
Neste sentido, a enunciação-enunciada não pode ser considerada fonte do direito, e sim
é produto da enunciação que está é fonte de normas jurídicas, a enunciação-enunciada é
o conjunto de enunciado como citado acima, e este é parte do composto do direito
positivo.

3. Quais são os elementos que diferenciam o conceito de fontes do Direito


adotado pela doutrina tradicional e a doutrina de Paulo de Barros Carvalho?
Relacione o conceito de fontes do Direito segundo Paulo de Barros Carvalho
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com a atividade da autoridade administrativa que realiza o lançamento de


ofício. Quando o crédito é constituído pelo contribuinte a fonte do direito é
modificada?

RESPOSTA:
Segundo Hans Kelsen, a fonte do direito é o próprio direito, que é o seu próprio
regulador criativo, ou seja, todas as normas têm outra norma como base jurídica,
Norberto Bobbio já afirmou ali que as fontes do direito são os fatos ou ações necessárias
para a formação das normas jurídicas e, portanto, o direito será a fonte suprema do
direito. No mesmo sentido, o entendimento de Tércio Sampaio Ferraz Júnior, o qual
narra que as fontes ajudam a indicar como foram criadas as normas jurídicas, sendo este
pensamento como na majoritário na doutrina tradicional.
Já nas palavras de Paulo de Barros Carvalho, as fontes do direito são “os originadores
das normas jurídicas, ou seja, as instituições que estão sistematicamente autorizadas a
criar normas em organizações interligadas, e as próprias atividades realizadas por essas
entidades, cuja finalidade é criar normas", isto é, quando a fonte do direito é uma norma
criando outra norma sem mencionar a origem da primeira norma.
Neste contexto, afirma Paulo de Barros Carvalho, “o átimo da ciência marca o instante
preciso em que a norma ingressa no ordenamento do direito positivo”, ou seja, a norma
jurídica necessita da publicidade para ter a condição de validade, portanto, a publicidade
é uma das etapas da enunciação, pois marca a positivação das normas jurídicas, o
ingresso no ordenamento jurídico. Assim, no caso do crédito constituído pelo
contribuinte, somente terá validade quando apresentar todos os documentos necessários
para a sua construção.

4. Que posição ocupa, no sistema jurídico, norma inserida por lei


complementar que dispõe sobre matéria de lei ordinária? Existe algum vício
quando ocorre de lei complementar dispor sobre matéria de lei ordinária? E o
contrário? Para sua revogação é necessário o mesmo veículo introdutor? (Vide
anexos I, II, III e IV)

RESPOSTA:
A lei complementar desempenha diferentes e importantes funções, assim, a lei
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complementar serve como base para outras normas e cumpre também as suas próprias
funções constitucionais sem precisar da criação de novas leis. É por meio dessas
funções que a Lei Complementar, pode parecer ter uma posição hierarquicamente
superior à uma lei ordinária em questões de fundamento jurídico, embora não exista
hierarquia quando o fundamento jurídico está diretamente ligado à Constituição Federal.
No caso explanado acima, não há hierarquia entre os as leis, posto que ambas ocupam a
mesma posição, ou seja, não se fala em formalmente complementar ou materialmente
ordinária, a Lei enquanto veículo introdutor é complementar, não possuindo outro
caractere definitório.
Por fim, para que ocorra a regovação de uma destas leis é necessário a utilização e
produção de veículo idêntico, pois, para que a norma veiculada seja por lei
complementar, uma vez promulgada na Constituição Federal, esta prescreve que a
matéria pode ser veiculada por lei ordinária, porém, estaremos diante de uma lei
complementar.

5. Considere o fragmento de direito positivo abaixo e responda, em


seguida, as questões:
LEI N. 10.336, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2001, D.O.U. 20/12/2001

Institui Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico


incidente sobre a importação e a comercialização de petróleo e
seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico
combustível (Cide), e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso


Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica instituída a Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico incidente sobre a importação e a comercialização de
petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico
combustível (Cide), a que se refere os arts. 149 e 177 da Constituição
Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 11
de dezembro de 2001.
§ 1º O produto da arrecadação da Cide será destinada, na forma da lei
orçamentária, ao:
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I - pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool


combustível, de gás natural e seus derivados e de derivados de
petróleo;
II - financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria
do petróleo e do gás; (Redação dada pela Lei nº 14.237, de 2021)
III - financiamento de programas de infraestrutura de transportes;
e (Redação dada pela Lei nº 14.237, de 2021)
IV - financiamento do auxílio destinado a mitigar o efeito do preço do
gás liquefeito de petróleo sobre o orçamento das famílias de baixa
renda. (Incluído pela Lei nº 14.237, de 2021)
(...)
Art. 2º São contribuintes da Cide o produtor, o formulador e o
importador, pessoa física ou jurídica, dos combustíveis líquidos
relacionados no art. 3º.
Parágrafo único. Para efeitos deste artigo, considera-se formulador de
combustível líquido, derivados de petróleo e derivados de gás natural,
a pessoa jurídica, conforme definido pela Agência Nacional do Petróleo
(ANP) autorizada a exercer, em Plantas de Formulação de
Combustíveis, as seguintes atividades:
I - aquisição de correntes de hidrocarbonetos líquidos;
II - mistura mecânica de correntes de hidrocarbonetos líquidos, com o
objetivo de obter gasolinas e diesel;
III - armazenamento de matérias-primas, de correntes intermediárias e
de combustíveis formulados;
IV - comercialização de gasolinas e de diesel; e
V - comercialização de sobras de correntes.
Art. 3 º A Cide tem como fatos geradores as operações, realizadas
pelos contribuintes referidos no art. 2º, de importação e de
comercialização no mercado interno de:
I – gasolinas e suas correntes;
II - diesel e suas correntes;
III – querosene de aviação e outros querosenes;
IV - óleos combustíveis (fuel-oil);
V - gás liqüefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e de
nafta; e
VI - álcool etílico combustível.
§ 1º Para efeitos dos incisos I e II deste artigo, consideram-se
correntes os hidrocarbonetos líquidos derivados de petróleo e os
hidrocarbonetos líquidos derivados de gás natural utilizados em mistura
mecânica para a produção de gasolinas ou de diesel, de conformidade
com as normas estabelecidas pela ANP.
§ 2º A Cide não incidirá sobre as receitas de exportação, para o
exterior, dos produtos relacionados no caput deste artigo.
§ 3º A receita de comercialização dos gases propano, classificado no
código 2711.12, butano, classificado no código 2711.13, todos da
NCM, e a mistura desses gases, quando destinados à utilização como
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propelentes em embalagem tipo aerossol, não estão sujeitos à


incidência da CIDE-Combustíveis até o limite quantitativo autorizado
pela Agência Nacional do Petróleo e nas condições estabelecidas pela
Secretaria da Receita Federal. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004)
Art. 4º A base de cálculo da Cide é a unidade de medida adotada nesta
Lei para os produtos de que trata o art. 3º, na importação e na
comercialização no mercado interno.
Art. 5º A Cide terá, na importação e na comercialização no mercado
interno, as seguintes alíquotas específicas: (Redação dada pela Lei nº
10.636, de 2002)
I – gasolina, R$ 860,00 por m³; (Redação dada pela Lei nº 10.636, de
2002)
II – diesel, R$ 390,00 por m³; (Redação dada pela Lei nº 10.636, de
2002)
III – querosene de aviação, R$ 92,10 por m³; (Redação dada pela Lei
nº 10.636, de 2002)
IV – outros querosenes, R$ 92,10 por m³; (Redação dada pela Lei nº
10.636, de 2002)
V – óleos combustíveis com alto teor de enxofre, R$ 40,90 por t;
(Redação dada pela Lei nº 10.636, de 2002)
VI – óleos combustíveis com baixo teor de enxofre, R$ 40,90 por
t; (Redação dada pela Lei nº 10.636, de 2002)
VII – gás liqüefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e da
nafta, R$ 250,00 por t; (Redação dada pela Lei nº 10.636, de 2002)
VIII – álcool etílico combustível, R$ 37,20 por m³. (Incluído pela Lei nº
10.636, de 2002)
(...)
§ 7º A Cide devida na comercialização dos produtos referidos
no caput integra a receita bruta do vendedor.
Art. 6º Na hipótese de importação, o pagamento da Cide deve ser
efetuado na data do registro da Declaração de Importação.
Parágrafo único. No caso de comercialização, no mercado interno, a
Cide devida será apurada mensalmente e será paga até o último dia
útil da primeira quinzena do mês subseqüente ao de ocorrência do fato
gerador.
Art. 7º Do valor da Cide incidente na comercialização, no mercado
interno, dos produtos referidos no art. 5o poderá ser deduzido o valor
da Cide:
I – pago na importação daqueles produtos;
II – incidente quando da aquisição daqueles produtos de outro
contribuinte.
Parágrafo único. A dedução de que trata este artigo será efetuada pelo
valor global da Cide pago nas importações realizadas no mês,
considerado o conjunto de produtos importados e comercializados,
sendo desnecessária a segregação por espécie de produto.
(..)
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Art. 9º O Poder Executivo poderá reduzir as alíquotas específicas de


cada produto, bem assim restabelecê-las até o valor fixado no art. 5º.
(...)
Art. 11. É responsável solidário pela Cide o adquirente de mercadoria
de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua
conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora.
Art. 12. Respondem pela infração, conjunta ou isoladamente,
relativamente à Cide, o adquirente de mercadoria de procedência
estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem,
por intermédio de pessoa jurídica importadora.
Art. 13. A administração e a fiscalização da Cide compete à Secretaria
da Receita Federal.
(...)
Art. 15. Os Ministérios da Fazenda e de Minas e Energia e a ANP
poderão editar os atos necessários ao cumprimento das disposições
contidas nesta Lei.
Art. 16. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação,
produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2002, ressalvado o
disposto no art. 14.

Brasília, 19 de dezembro de 2001; 180º da Independência e 113º da


República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Pedro Malan
José Jorge

a) Identifique os seguintes elementos da Lei n. 10.336/01: (i) enunciação,


(ii) enunciados-enunciados, (iii) enunciação-enunciada, (iv) instrumento
introdutor de norma, (v) fonte material, (vi) fonte formal, (vii) procedimento, (viii)
sujeito competente, (ix) preceitos gerais e abstratos e (x) norma geral e
concreta.

RESPOSTA:
I - Enunciados-enunciados: Na Lei 10.336/01 cada artigo, parágrafo e suas disposição
são enunciados-enunciados.
II - Enunciação-enunciada: São as informações que a Lei 10.336/01 trás, portanto, a
enunciação-enunciada está constante em todos os artigos, haja vista que estes trazem
informações como, motivo, local, etc.
III–Instrumento introdutor de norma: É a própria Lei 10.336/01.
IV–Fonte formal: Na referida Lei é o processo legislativo de elaboração e aprovação das
leis.
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V–Procedimento: O procedimento da Lei depende de sua tramitação e aprovação.


VI–Sujeito competente: Autoridade, Congresso Nacional.

b) Os enunciados inseridos na Lei n. 10.336/2001 pelas Leis n.


10.636/2002, n. 10.865/2004 e n. 14.237/2021 passam a pertencer à Lei n.
10.336/2001 ou ainda são parte integrante dos veículos que os introduziram no
ordenamento? No caso de expressa revogação da Lei n. 10.336/2001, como
fica a situação dos enunciados veiculados pelas Leis n. 10.636/2002, n.
10.865/2004 e n. 14.237/2021? Pode-se dizer que também são revogados,
mesmo sem a revogação expressa dos veículos que os inseriram?

RESPOSTA:FA

Sugestão para pesquisa suplementar


• CARVALHO, Aurora Tomazini de. Curso de teoria geral do direito: o
constructivismo lógico-semântico. São Paulo: Noeses. Capítulo XVI.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito
tributário. v.1. São Paulo, Noeses. Tema I (O Preâmbulo e a
prescritividade constitutiva dos textos jurídicos).
• LINS, Robson Maia. Curso de Direito Tributário Brasileiro. São Paulo:
Noeses. Capítulo 4 primeira parte.
• Itens 1.3 e 1.4, do Capítulo 1 do livro Decadência e prescrição no direito
tributário, de Eurico Marcos Diniz de Santi. São Paulo: Saraiva.
• Capítulo III – “Fontes da interpretação do direito tributário” do livro
Compêndio de legislação tributária, de Rubens Gomes de Sousa. São
Paulo: Resenha Tributária.
• Capítulo V – “Tridimensionalidade e fontes do direito tributário” do Curso
de direito tributário, de Ruy Barbosa Nogueira. São Paulo: Saraiva.
• Capítulos XII, XIII e XIV do livro Lições preliminares de direito de Miguel
Reale. São Paulo: Saraiva.
• MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Classificação dos tributos: uma visão
analítica. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS –
IBET, v.4, São Paulo. Tributação e processo. São Paulo: Noeses, 2007, p.
601-637.
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Anexo I
AI 702.533/RJ

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.


TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA
SEGURIDADE SOCIAL – COFINS. ISENÇÃO. SOCIEDADE CIVIL DE
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. REVOGAÇÃO. HIERARQUIA DE NORMAS. LEI
COMPLEMENTAR Nº 70/91. LEI Nº 9.430/96. SOBRESTAMENTO
REVOGADO. ALEGAÇÃO DE NÃO ESGOTAMENTO DE INSTÂNCIA.
INOCORRÊNCIA. ACÓRDÃO DA ORIGEM EM HARMONIA COM A
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO. PRECEDENTE DA REPERCUSSÃO
GERAL JULGADA NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 377457.
DESPROVIMENTO. 1. A exigência contida na norma do artigo 102, inciso III,
alínea a, da Constituição Federal, no que diz respeito à ultima instância de
julgamento, refere-se ao pronunciamento de órgão colegiado de Tribunal ou
Turma Recursal, sendo cabível a interposição do extraordinário contra acórdão
de embargos de declaração, ainda que a apelação, recurso ordinário ou
inominado tenham sido decididos, antes, monocraticamente. 2. O Plenário do
Supremo Tribunal Federal, no julgamento de mérito da repercussão geral
reconhecida no Recurso Extraordinário nº 377457, Relator Ministro Gilmar
Mendes, assim se pronunciou: EMENTA: Contribuição social sobre o
faturamento - COFINS (CF, art. 195, I). 2. Revogação pelo art. 56 da Lei
9.430/96 da isenção concedida às sociedades civis de profissão regulamentada
pelo art. 6º, II, da Lei Complementar 70/91. Legitimidade. 3. Inexistência de
relação hierárquica entre lei ordinária e lei complementar. Questão
exclusivamente constitucional, relacionada à distribuição material entre as
espécies legais. Precedentes. 4. A LC 70/91 é apenas formalmente
complementar, mas materialmente ordinária, com relação aos dispositivos
concernentes à contribuição social por ela instituída. ADC 1, Rel. Moreira
Alves, RTJ 156/721. 5. Recurso extraordinário conhecido mas negado
provimento. 3. O pronunciamento exarado pelo Tribunal de origem não divergiu
desse entendimento. 4. Agravo regimental desprovido.
(AI 702533 AgR, Relator(a): LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 02-04-
2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-078 DIVULG 25-04-2013 PUBLIC 26-04-
2013)
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Anexo II
ARE 69.072/MG

EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. COFINS E CSLL.


COMPENSAÇÃO. REVOGAÇÃO MEDIANTE MEDIDA PROVISÓRIA.
AUSÊNCIA DE HIERARQUIA ENTRE LEI COMPLEMENTAR E LEI
ORDINÁRIA. CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A
JURISPRUDÊNCIA CRISTALIZADA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 5º, II, LIV E LV, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. LEGALIDADE. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. DEVIDO
PROCESSO LEGAL. NATUREZA INFRACONSTITUCIONAL DA
CONTROVÉRSIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ARTIGO
93, IX, DA CARTA MAGNA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. RAZÕES DE
DECIDIR EXPLICITADAS PELO ÓRGÃO JURISDICIONAL. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE TRÂNSITO. ACÓRDÃO
RECORRIDO PUBLICADO EM 16.3.2011. 1. O entendimento adotado pela
Corte de origem, nos moldes do assinalado na decisão agravada, não diverge
da jurisprudência firmada no âmbito deste Supremo Tribunal Federal, no
sentido da inexistência de reserva de lei complementar para dispor sobre
isenção pertinente à Cofins, bem como ausente relação hierárquica entre lei
complementar e lei ordinária (art. 59 da Constituição) porquanto, em matéria
tributária, a reserva de lei complementar é definida em razão da matéria. 2.
Obstada a análise da suposta afronta aos incisos II e LV do artigo 5º da Carta
Magna, porquanto dependeria de prévia análise da legislação
infraconstitucional aplicada à espécie, procedimento que refoge à competência
jurisdicional extraordinária desta Corte Suprema, a teor do art. 102 da Magna
Carta. 3. Inexiste violação do artigo 93, IX, da Constituição Federal. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que o referido
dispositivo constitucional exige a explicitação, pelo órgão jurisdicional, das
razões do seu convencimento, dispensando o exame detalhado de cada
argumento suscitado pelas partes. 4. As razões do agravo regimental não se
mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada.
5. Agravo regimental conhecido e não provido.

(ARE 669072 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 04-
08-2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-170 DIVULG 28-08-2015 PUBLIC
31-08-2015)
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Anexo III
REsp 371.214/MG

TRIBUTÁRIO. COFINS. ISENÇÃO. SOCIEDADES CIVIS PRESTADORAS DE


SERVIÇOS. PRECEDENTES.
1. A Lei Complementar nº 70/91, de 30/12/1991, em seu art. 6º, II, isentou,
expressamente, da contribuição do COFINS, as sociedades civis de que trata o
art. 1º, do Decreto-Lei nº 2.397, de 22/12/1987, sem exigir qualquer outra
condição senão as decorrentes da natureza jurídica das mencionadas
entidades.
2. Em conseqüência da mensagem concessiva de isenção contida no art. 6º, II,
da LC nº 70/91, fixa-se o entendimento de que a interpretação do referido
comando posto em Lei Complementar, conseqüentemente, com potencialidade
hierárquica em patamar superior à legislação ordinária, revela que será
abrangida pela isenção do COFINS as sociedades civis que, cumulativamente,
apresentem os seguintes requisitos:
- seja sociedade constituída exclusivamente por pessoas físicas domiciliadas
no Brasil;
- tenha por objetivo a prestação de serviços profissionais relativos ao exercício
de profissão legalmente regulamentada; e - esteja registrada no Registro Civil
das Pessoas Jurídicas.
3. Outra condição não foi considerada pela Lei Complementar, no seu art. 6º, II,
para o gozo da isenção, especialmente, o tipo de regime tributário adotado
para fins de incidência ou não de Imposto de Renda.
4. Posto tal panorama, não há suporte jurídico para se acolher a tese da
Fazenda Nacional de que há, também, ao lado dos requisitos acima elencados,
um último, o do tipo de regime tributário adotado pela sociedade. A Lei
Complementar não faz tal exigência, pelo que não cabe ao intérprete criá-la.
5. É irrelevante o fato de a recorrente ter optado pela tributação dos seus
resultados com base no lucro presumido, conforme lhe permite o art. 71, da Lei
nº 8.383/91 e os arts. 1º e 2º, da Lei nº 8.541/92. Essa opção terá reflexos para
fins de pagamento do Imposto de Renda. Não afeta, porém, a isenção
concedida pelo art. 6º, II, da Lei Complementar nº 70/91, haja vista que esta,
repita-se, não colocou como pressuposto para o gozo da isenção o tipo de
regime tributário seguido pela sociedade civil.
6. A revogação da isenção pela Lei nº 9.430/96 fere, frontalmente, o princípio
da hierarquia das leis, visto que tal revogação só poderia ter sido veiculada por
outra lei complementar.
7. Recurso provido.
(REsp n. 371.214/MG, relator Ministro José Delgado, Primeira Turma, julgado
em 5/2/2002, DJ de 18/3/2002, p. 188.)
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Anexo IV
RE 851108

EMENTA Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tributário.


Competência suplementar dos estados e do Distrito Federal. Artigo 146, III, a,
CF. Normas gerais em matéria de legislação tributária. Artigo 155, I, CF.
ITCMD. Transmissão causa mortis. Doação. Artigo 155, § 1º, III, CF. Definição
de competência. Elemento relevante de conexão com o exterior. Necessidade
de edição de lei complementar. Impossibilidade de os estados e o Distrito
Federal legislarem supletivamente na ausência da lei complementar definidora
da competência tributária das unidades federativas.
1. Como regra, no campo da competência concorrente para legislar,
inclusive sobre direito tributário, o art. 24 da Constituição Federal dispõe caber
à União editar normas gerais, podendo os estados e o Distrito Federal
suplementar aquelas, ou, inexistindo normas gerais, exercer a competência
plena para editar tanto normas de caráter geral quanto normas específicas.
Sobrevindo norma geral federal, fica suspensa a eficácia da lei do estado ou do
Distrito Federal. Precedentes.
2. Ao tratar do Imposto sobre transmissão Causa Mortis e Doação de
quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD), o texto constitucional já fornece certas
regras para a definição da competência tributária das unidades federadas
(estados e Distrito Federal), determinando basicamente duas regras de
competência, de acordo com a natureza dos bens e direitos: é competente a
unidade federada em que está situado o bem, se imóvel; é competente a
unidade federada onde se processar o inventário ou arrolamento ou onde tiver
domicílio o doador, relativamente a bens móveis, títulos e créditos.
3. A combinação do art. 24, I, § 3º, da CF, com o art. 34, § 3º, do ADCT dá
amparo constitucional à legislação supletiva dos estados na edição de lei
complementar que discipline o ITCMD, até que sobrevenham as normas gerais
da União a que se refere o art. 146, III, a, da Constituição Federal. De igual
modo, no uso da competência privativa, poderão os estados e o Distrito
Federal, por meio de lei ordinária, instituir o ITCMD no âmbito local, dando
ensejo à cobrança válida do tributo, nas hipóteses do § 1º, incisos I e II, do art.
155.
4. Sobre a regra especial do art. 155, § 1º, III, da Constituição, é importante
atentar para a diferença entre as múltiplas funções da lei complementar e seus
reflexos sobre eventual competência supletiva dos estados. Embora a
Constituição de 1988 atribua aos estados a competência para a instituição do
ITCMD (art. 155, I), também a limita ao estabelecer que cabe a lei
complementar – e não a leis estaduais – regular tal competência em relação
aos casos em que o “de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou
teve seu inventário processado no exterior” (art. 155, § 1º, III, b).
5. Prescinde de lei complementar a instituição do imposto sobre
transmissão causa mortis e doação de bens imóveis – e respectivos direitos -,
móveis, títulos e créditos no contexto nacional. Já nas hipóteses em que há um
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elemento relevante de conexão com o exterior, a Constituição exige lei


complementar para se estabelecerem os elementos de conexão e fixar a qual
unidade federada caberá o imposto.
6. O art. 4º da Lei paulista nº 10.705/00 deve ser entendido, em particular,
como de eficácia contida, pois ele depende de lei complementar para operar
seus efeitos. Antes da edição da referida lei complementar, descabe a
exigência do ITCMD a que se refere aquele artigo, visto que os estados não
dispõem de competência legislativa em matéria tributária para suprir a ausência
de lei complementar nacional exigida pelo art. 155, § 1º, inciso III, CF. A lei
complementar referida não tem o sentido único de norma geral ou diretriz, mas
de diploma necessário à fixação nacional da exata competência dos estados.
7. Recurso extraordinário não provido.
8. Tese de repercussão geral: “É vedado aos estados e ao Distrito Federal
instituir o ITCMD nas hipóteses referidas no art. 155, § 1º, III, da Constituição
Federal sem a edição da lei complementar exigida pelo referido dispositivo
constitucional”.
9. Modulam-se os efeitos da decisão, atribuindo a eles eficácia ex nunc, a
contar da publicação do acórdão em questão, ressalvando as ações judiciais
pendentes de conclusão até o mesmo momento, nas quais se discuta: (1) a
qual estado o contribuinte deve efetuar o pagamento do ITCMD, considerando
a ocorrência de bitributação; e (2) a validade da cobrança desse imposto, não
tendo sido pago anteriormente.
(RE 851108, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em
01/03/2021, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-074 DIVULG 19-04-2021 PUBLIC 20-04-2021)

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