UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão.

CAMPUS DE IMPERATRIZ
Avaliação de aprendizagem 1
Curso: Jornalismo/ CCSST/ UFMA Imperatriz
Disciplina: Jornalismo, Cultura e Sociedade
Profa: Dra. Leila Sousa
Data: 17/11/2021
Aluna: Anna Maria Fonseca Roma

“Os ninguéns”
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.
Eduardo Galeano em “O livro dos abraços”

1. No livro “Veias abertas da América Latina”, escrito por Eduardo Galeano, o autor discute
sobre os efeitos das políticas capitalistas e do processo de colonização na construção do que
ele denomina de “Sub-América” - uma América Latina que é inventada através de lógicas de
subordinação e de empobrecimento. Com base nas discussões levantadas a partir do texto
usado na disciplina tente fazer uma conexão colocando em diálogo o poema “Os ninguéns”,
citado acima. (VALOR DA QUESTÃO: 2.0).

A conexão está presente na marginalização das pessoas e de seus territórios, Galeano

descreve o território latino americano que por serem consideradas terras virgens foram
brutalmente usurpadas pelos europeus. A pessoa retratada no poema pode ser comparada ao
indígena que por não ter conhecimento europeu sofre a manipulação dos brancos que
invadem seu território e impõe sua cultura europeia que perpetua até o momento atual
juntamente com a cultura norte-americana. Os mesmos invadem a América para extrair seus
recursos minerais e suas especiarias, com o intuito de comercializar os produtos em solo
europeu, já que era presente o capitalismo na comercialização de recursos que
movimentavam o comércio. Esse processo causou a invisibilidade latino-americana que teve
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seus ideais mascarados pelas ideologias de culturas que são consideradas superiores
mundialmente e que para possuir sua riqueza desigual, precisaram transformar territórios
conhecidos como abundantes em recursos minerais em uma sociedade empobrecida que vive
à margem de uma cultura que favorece os detentores de riquezas financeiras e se apropria
cada vez mais das culturas inferiorizadas.

2. Das problematizações que Eduardo Galeano traz sobre o Capital Internacional podemos
também estabelecer um diálogo necessário com o que Manuel Castells discute no livro
“Sociedade em Rede” sobre a construção de uma “Sociedade informacional” e o papel
determinante do Estado no desenvolvimento tecnológico e informacional dessas sociedades.
Como podemos compreender a “Sociedade da informação”? Quais as características
principais dessa sociedade? (Obs: Manuel Castells e também Sally Burch foram
utilizados na discussão sobre o termo) (VALOR DA QUESTÃO: 1.5).

A “Sociedade da informação” pode ser compreendida a partir do avanço tecnológico que

agrega a sociedade e a economia em um elemento central de toda a atividade humana
(CASTELLS,2001), essa revolução tecnológica gera uma valorização exacerbada do
conhecimento que é adquirido por meio dos processos tecnológicos que acontecem ao longo
do tempo e torna esse conhecimento algo destinado à elite, aos que possuem capital e que
consequentemente tornam-se influência para os que não possuem tanto o conhecimento
quanto o capital. Essa “Sociedade da informação pode ser caracterizada pela integração
global dos mercados, acentuação da desigualdade e processos discriminatórios na mão de
obra, pois o conhecimento ao se tornar elitizado faz com que os detentores desse saber
ocupem os melhores espaços no mercado de trabalho e excluam os que não o possuem,
causando a desigualdade.

3. Em relação à questão anterior, um contraponto necessário à Sociedade da Informação é

incentivado a partir da década de 1990, através da nomenclatura “Sociedade do
Conhecimento”. Sally Burch explicita no texto debatido em sala de aula como o termo é
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utilizado e o que se propõe a explicar. Descreva onde o termo é mais utilizado e a que se
refere. (VALOR DA QUESTÃO: 1.5).

O termo “Sociedade do Conhecimento” é utilizado para expressar melhor as

transformações que ocorrem, sendo importante para o crescimento econômico e para o
desenvolvimento dos setores econômicos. A “Sociedade do Conhecimento” avançou
conforme a tecnologia progredia, sendo responsável pelas mudanças sociais, culturais,
econômicas, política e institucional (GORZ, ).

4. As sociedades são estruturadas em torno de instituições que se interseccionam e que surgem/

são estruturadas no sentido de suprirem as necessidades cotidianas dos indivíduos. Com base
no que discutimos em aula, com suas próprias palavras, explique o que é uma instituição
social e quais os principais elementos que as caracterizam. Complemente a resposta trazendo
exemplos de instituições sociais. (VALOR DA QUESTÃO: 1.5).

As instituições sociais são as regras e normas sociais que formam uma padronização social,
em que servem para manter a ordem na sociedade. Essas regras e normas nos antecede como
ser humano, visto que já nascemos inseridos em um corpo social que é regido por esses
padrões comportamentais da sociedade e todos que não cumprem essas normas sociais são
punidos conformes as leis estabelecidas. Os principais elementos que caracterizam as
instituições sociais são os modelos comportamentais, elementos culturais de cada sociedade e
instituição social, ideologias, leis, doutrinas, entre outras. Pode-se chamar de instituições
sociais as igrejas, famílias, o Estado, empresas e as escolas, pois todos têm como princípio
básico a regras que estabelecem o convívio social dentro de cada instituição.

5. No texto “O jornalismo como instituição social”, de Guilherme Guerreiro Neto, é defendido

o argumento de que o jornalismo é/pode ser compreendido como uma instituição social. Que
fatores são levantados pelo autor para defender a ideia? Quais as principais características do
jornalismo enquanto uma instituição social? (VALOR DA QUESTÃO: 1,5).

O autor defende a ideia de que o jornalismo é uma instituição social secundária, em que por
intermédio do meio de comunicação aproxima indivíduo com a sociedade e o indivíduo com
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outras instituições, essa instituição também exerce uma orientação social e que no campo
desenvolvem diferentes relações entre si. O jornalismo possui a função de vigiar, controlar e
denunciar a sociedade, pois possui uma legitimidade social que o faz ter poder parar ser
considerado uma instituição de orientação de sentido. As principais características presentes
no jornalismo como instituição social são o campo de poder em que o jornalismo possui uma
credibilidade com a sociedade, a mediação do corpo social com o mundo, pois o papel do
jornalista é ligar o indivíduo com as instituições sociais como a linguagem, família e até
mesmo o próprio indivíduo.

6. Através de um texto livre em formato discursivo-argumentativo de, no mínimo 10 linhas,

trace um diálogo possível entre o que fora discutido nos textos de Eduardo Galeano, Sally
Burch, Manuel Castells e Guilherme Guerreiro Neto, na tentativa de construir um debate
sobre sociedade, instituições sociais e jornalismo. (VALOR DA QUESTÃO: 2.0).

Manuel Catells e Sally Burch associam a sociedade com o desenvolvimento tecnológico em

que trata o conhecimento como elemento central existente em um corpo social, como a
sociedade da informação e a sociedade do conhecimento estão relacionadas a partir de um
elemento que é o conhecimento, que mesmo sendo responsável pela integração global dos
mercados torna desigual o mercado de trabalho e obsoleta a mão de obra dos desfavorecidos
desse conhecimento até então “elitizado”. Eduardo Galeano vê a sociedade como
desfavorável ás culturas “menores”, visto que existe uma relação de dominador e dominado
em que territórios como a América Latina tiveram sua identidade cultural roubada e
mascarada pela cultura europeia que se tornou juntamente com a norte-americana um estilo
de vida global, territórios considerados desconhecidos são colonizados por dominadores e
têm sua cultura marginalizada pelos “opressores” que favorecem os detentores do capital e
excluem os demais. Guilherme Guerreiro Neto aponta a instituição social como o conjunto de
regras e normas que organizam a sociedade a partir de uma maneira padronizada que satisfaz
as necessidades individuais, pois essas regras e normas antecedem o ser humano, o que faz
com que os indivíduos assinem ao adentrar a sociedade um contrato, pois para cada violação
dos padrões sociais existe uma punição. O jornalismo está presente como instituição social,
pois ele possui o papel de orientador de sentido que vigia, controla e denuncia aspectos da
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sociedade e a partir do momento em que ele é legitimado socialmente passa a ser responsável
pela mediação do indivíduo com a sociedade e do indivíduo com as outras instituições
sociais.