TCC Gestão de Cooperativas Mylena, Corrigido 29.01.2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO DE GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA
EM GESTÃO DE COOPERATIVAS

DISCUTINDO A EDUCAÇÃO DO CAMPO NO ASSENTAMENTO ROSÁRIO

ALUNA: MYLENA ARAÚJO DA CRUZ


ORIENTADOR: JUAREZ AZEVEDO DE PAIVA, DR.

NOVEMBRO/2019
NATAL
INTRODUÇÃO
Sabendo que a Educação do Campo tem um papel fundamental no processo de formação do indivíduo,
é preciso fazer uma análise das perspectivas e desafios da Educação do Campo para que se possa projetar as
lutas pela educação neste contexto, tendo como objetivo a formulação de políticas públicas que tenham
efetividade, e que se possa ter continuidade dessas políticas, de forma que a mesma possa viabilizar escolas de
qualidade para todos os níveis de ensino no meio rural.
Como aluna do Curso de Gestão de Cooperativas/PRONERA, é de suma importância que se possa
fazer uma análise no que se diz respeito e Educação do Campo, levando em conta os pontos positivos e
negativos da mesma, considerando as necessidades da comunidade, que essa analise possa ser repassada a
comunidade para que assim se possa compreender a importância da Educação do Campo na formação do
indivíduo, considerando assim a educação como uma força impulsora para o crescimento das pessoas que
fazem parte do meio rural, tendo o campo como um lugar prospero, provedor de mudança de vida e de valor
cultural e social. É objetivo deste trabalho de intervenção analisar perspectivas e desafios da Escola Estadual
Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco no contexto da educação do campo.

DESCRIÇÃO DO ASSENTAMENTO
O Assentamento Rosário está localizado no município de Ceará-Mirim/RN e teve início em junho de
1997 com a ocupação da fazenda Santa Maria, onde moravam por volta de 25 famílias de agricultores,
originários de Dom Marcolino (distrito do Município de Barra de Maxaranguape), Punaú (distrito de Rio do Fogo)
e de Ceará-Mirim.
A articulação das famílias para a realização das ocupações pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST), além do Sindicato do Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Ceará-Mirim (STTRCM). O
funcionamento organizativo do acampamento era realizado pelo MST e pelas famílias ali presentes, as quais
organizadas em grupos decidiam em reuniões a melhor forma de manter a limpeza do local e de como manter a
segurança dos oradores, as famílias tiveram acesso a estudos sobre formas de organização coletiva a partir de
debates sobre a luta pela terra e como garantir a subsistência no campo e nos assentamentos através da
produção na agricultura familiar.
A desapropriação da Fazenda Santa Maria ocorreu no dia 18 de março de 1998, ano no qual, ao dia 10
de Junho, foi dada a emissão de posse para as famílias acampadas. O Projeto de Assentamento Rosário está
localizado no município de Ceará-Mirim, nordeste do Estado do Rio Grande do Norte, a área disponível para o
uso dos assentados é de 994,1468 hectares, excluída as áreas de reservas, o tamanho médio disponível para o
cultivo familiar é de 8,28 hectares. As 120 famílias do assentamento são em sua grande maioria de origem
camponesa, porém, alguns trabalhadores tem experiências em outras atividades, a maioria das famílias
permanecem desde o início do acampamento, mas algumas poucas saíram do assentamento em busca de
outras maneiras de construção de vida.
O assentamento conta com a Associação Nova Esperança que foi fundada no dia 03 de Agosto de
1999, onde conta com um número de 40 famílias associadas, onde seus produtos são comercializados via
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e são
também destinados para os acampamentos do MST. O fortalecimento da participação dos assentados em
associações pode proporcionar a mobilização de outros segmentos sociais na produção de suas próprias
atividades políticas e econômicas, como a organização de jovens e mulheres para a formação de grupos que
busquem a participação em programas com vistas ao desenvolvimento de ações em projetos de educação e
formação profissional, tendo como objetivo a discussão sobre a importância de estudos que comtemplem os
conteúdos necessários para a atuação e desenvolvimento da Agricultura Familiar.
DISCUTINDO A EDUCAÇÃO NO CAMPO
A educação do campo surge através dos movimentos sociais, na luta do trabalhadores por acesso à
terra, a condições de vida digna e pela transformação social buscando uma educação de qualidade e que se
adapte a vida rural, criados por e com os sujeitos do mundo rural, surgindo como contraparte a educação rural
tradicional, que seria a educação urbana tradicional, que seria a educação urbana dirigida através de escolas
nas comunidade rurais, surge como uma proposta pedagógica de ensino de também transformação social,
partindo da realidade concreta das pessoas do campo, visando qualificar cada vez mais qualificar o modo de
vida rural que beneficia toda a sociedade, onde o fazer e o saber estão conectados, considerando o meio de vida
rural, e não baseando-se apenas no limite geográfico urbano
É importante ressaltar que o campo tem sido um grande gerador de riquezas para o nosso país, por isso
não pode ser desvalorizado, diante disto não é difícil notar a ausência de políticas públicas que garantam direitos
ao povo do campo, principalmente em relação a educação, o que poderia contribuir no trabalho agrícola melhor
qualificado e mais inserido na produção de mercadorias que tato se defende. A dificuldade de acesso à
Educação do Campo resulta de um processo econômico, social, cultural e de políticas educacionais em nosso
país, que deixou como herança a precariedade no funcionamento das escolas rurais, a infraestrutura, a falta de
formação dos professores formados no meio urbano que não conhecem as especificidades do meio rural, os
espaços físicos inadequados, entre outros fatores.
Partindo deste contexto, pode-se perceber que trabalhar com a Educação do Campo é algo desafiador
para todos que fazem parte da comunidade escolar. Com a Escola Estadual Marta Maria Castanho Almeida
Pernambuco não é diferente pois ela surgiu através de muita luta em busca de uma educação de qualidade para
a escola do campo, sendo assim surgiu a escola, que está situada no assentamento rosário, zona rural de ceara-
mirim, tendo como data de fundação o dia 31 de dezembro de 2018 sendo a primeira no estado a trabalhar a
Educação do Campo, iniciando suas atividades no 1º trimestre do ano de 2019, atendendo series do ensino
fundamental- anos finais e ensino médio com faixa etária de 12 aos 57 anos, atendendo a um total de 320
alunos. A comunidade escolar sempre esteve presente, desde o seu processo de idealização até chegar a sua
concretização. Atualmente grande parte de seus funcionários são do próprio assentamento, contribuindo ainda
mais na construção da identidade da escola do campo.

CARACTERIZANDO O ESPAÇO DA INTERVENÇÃO


O nome da escola foi escolhido em assembleia, pelas pessoas que fazem parte do assentamento, em
homenagem a professora Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco, que faleceu em 14 de Maio de 2018,
professora titular do Centro de Educação da UFRN, e construiu uma valorosa história na luta por uma educação
libertadora, do qual integrou de 1989 a 1992, a equipe de assessores do Movimento de Reorientação curricular
concebido durante a gestão de Paulo Freire na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Há 34 anos,
Marta Pernambuco dedicou-se ao Departamento de Educação e na Pós Graduação de Educação, e entre 2002 e
2006, junto ao MST, foi a grande impulsora da I Tuma de Pedagogia da Terra Nordeste – Turma Bernardo Marin,
através do Programa Nacional de Educação na Reforma Agraria (PRONERA), compondo a Coordenação
Política e Pedagógica, e dando o ponta pé inicial para a abertura de várias outras parcerias e construção de
cursos como o Magistério, Enfermagem e Controle Ambiental no Rio Grande do norte. Homenagem muito justa,
pois ela contribuiu de forma significativa para a educação do Campo, e acompanhou todo o processo de
idealização da escola que hoje tem seu nome.
Escola Estadual Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco, foto de MYLENA ARAÚJO DA CRUZ

Para compreender melhor o processo educacional da Escola Estadual Marta Maria Castanho Almeida
Pernambuco foi realizada uma entrevista com o Gestor Ramiro Teixeira da Silva Junior e as Coordenadoras
Pedagógicas Oziane de Farias Pontes e Cleane Ângelo de Oliveira, onde eles informaram que a comunidade
escolar participa das atividades desenvolvidas desde o início de construção, da escolha no nome e do quadro de
funcionários, que em grande parte foi formado pelas pessoas do próprio assentamento, também através do
conselho escolar e de associações. Quanto as atividades desenvolvidas, estão sendo construídas de acordo
com que se entende sobre Educação do campo, com a participação dos alunos na construção das atividades e
os professores como orientadores, tentando fazer um vínculo com a proposta de educação do campo, pois o
Projeto Político e Pedagógico (PPP) da escola ainda encontra-se em construção, sendo que a maioria das
dificuldades estão relacionadas a falta de referência de um PPP votado para a educação do campo, a falta de
apoio do estado, a real participação de todos da escola, a falta de logística, pois eles tem que buscar referencias
de outra escolas fora do estado. No que se diz respeito a formação dos professores no início foi difícil por falta de
professores para a própria escola, não se ofereceu uma formação direta voltada para a Educação do Campo,
fazem apenas encontros pontuais, sendo que recentemente aconteceu o 1º encontro da escola com relação a
Educação do Campo. Com relação as medidas implementadas para diferenciar a Marta Pernambuco das demais
escola do município um fator importante citado foi a gestão compartilhada, a participação da comunidade e dos
movimentos sociais. Mesmo não tendo disciplinas voltadas para o meio rural alguns professores aos poucos
tentam inserir de alguma forma temas que comtemplem essa realidade. Os alunos participaram de um momento
inicialmente foram orientados sobre o funcionamento da escola. Nas duas primeiras semanas traçaram o perfil
da comunidade, como Educação do Campo na prática, buscando a interação de interação de todos da
comunidade. Foram muitos os desafios nesse primeiro ano de funcionamento, entre eles a estrutura da escola, a
busca por professores que compreendam a ideia de educação do campo e a luta para convencer o estado por
uma melhor estrutura. No início não tinham funcionários do quadro e algumas pessoas da comunidade
trabalharam como voluntários para que fosse possível iniciar o ano letivo, mas existem pontos positivos que
merecem destaque, entre eles a gestão compartilhada, participação de movimentos sociais na escola, e uma
nova demanda que a escola passou a atender, alunos do ensino fundamental - anos finais e ensino médio.
RELATO DE INTERVENÇÃO
No dia 19 de novembro de 2019 ocorreu na Escola Estadual Marta Maria Castanho Almeida
Pernambuco, localizada no Assentamento Rosário, zona rural de Ceará-Mirim o 1º Encontro sobre Educação do
Campo, atividade de intervenção, tendo como palestrante Maria Rosineide Pereira, coordenadora do Núcleo de
Educação do Campo e Diversidade (NECAD), para falar sobre e importância e os desafios da Educação do
Campo. Além do corpo docente da escola estavam presentes gestores, coordenadores e professores
representando as escolas convidadas, tais como: a Escola Municipal Pedro Justino dos Santos, Escola Municipal
Maria do Céu, Escola Municipal Dom Marcolino, Escola Municipal Ilca Miranda Pacheco, Escola Estadual Don
Eugenio Soler, além de
representantes das seguintes instituições, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
Diretoria Regional de Educação (DIREC), Associação Nova Esperança, Movimento dos Trabalhadores Rurais

Sem Terra (MST) representantes do coletivo de Educação do MST Ceará, e representantes da comunidade
local.
1º Encontro sobre Educação do Campo, foto de MYLENA ARAÚJO DA CRUZ

Durante a palestra foram abordados alguns pontos da realidade escolar, tais como: a importância da
Educação do Campo, o que é uma escola do campo, desafios e perspectivas e a construção do PPP da escola,
com a finalidade de compreender o processo educacional e suas complexidades, levado em consideração a
realidade cotidiana e do meio em que vive. O ponto principal debatido nesta paleta foi a importância da
Educação do Campo para a formação do indivíduo, formação essa que necessita ser assegurada e reconhecida
politicamente pelo estado e pelos governos. A Educação do Campo precisa ser assumida como política pública
de forma mais clara para que se possa receber o apoio dos órgãos públicos responsáveis fazendo com que
esses cidadãos se sintam valorizados social e culturalmente e que tenham uma educação de qualidade para que
possam viver dignamente com suas especificidades. Também foi possível esclarecer sobre o que é a Educação
do Campo e quem são seus sujeitos, precisamos diferenciar a escola do campo das demais escolas para
compreender melhor seu Funcionamento e os sujeitos que fazem parte dela.
A Escola do Campo surgiu da necessidade das comunidades para ter acesso a terra, condições de vida
digna e para transformação social em busca de uma educação voltada para o meio rural que atendesse os
anseios desses indivíduos. Em síntese a Escola do Campo é aquela que considera o território camponês como
produção de vida, leva em consideração o sujeito do campo, sua luta, cultura e modo de vida. Os maiores
beneficiados pela Educação do Campo são: os quilombolas, indígenas, ribeirinhos, atingidos por barragens,
extrativistas, pescadores artesanais e agricultores.
Outro ponto debatido durante a palestra foi o Projeto Político e Pedagógico da escola do campo, uma
vez que se concebe a proposta educacional serve como instrumento de referência da escola, pois nele deve
estar contido as principais regras e normas para o bom funcionamento da escola. Como a Escola do Campo se
diferencia das demais escolas o PPP deve ser construído coletivamente de acordo com as necessidades da
instituição e das comunidades, respeitando as especificidades que a escola possui, e desta forma construir a
identidade da Educação do Campo.
O Projeto Político e Pedagógico deve ser pautado pelos seguintes princípios:

● A formação humana vinculada ao campo como projeto emancipador

● Educação como exercício da evolução das temporalidades aos sujeitos

● Educação vinculada ao trabalho e a cultura

● Educação como instrumento de participação coletiva

Para que o PPP da Educação do Campo se concretize no âmbito escola, um dos lugares mais
apropriados seria a própria escola, levando em consideração as especificidades da Educação do campo e a
forma como se é construído esse projeto, pois em algumas escolas do campo não existe um modelo de projeto,
tem que tomar como base os projetos de outra escolas do campo que já funcionam a mais tempo e assim
construir o seu próprio projeto. Não podemos deixar de falar de um ponto bastante relevante os desafios e as
perspectivas que a escola do campo vem passando.
Tendo como desafios:

● Construções de escola do campo que atendam todos os níveis de ensino;

● A formação diferenciada para professores que atuam na escola do campo;

● A priorização das escolas do campo;

● Um calendário flexivo que respeite a realidade do aluno;

● O trabalho com turmas multisseriadas;

● A falta de interesse do poder público na manutenção das escolas;

● Ampliar a luta e o debate constante.

E as perspectivas:

● Construção de escolas de qualidade no meio rural;

● Preparação de professores para atuar nas escolas do campo;

● Garantir que todos os alunos possam concluir os estudos;

● Diminuir o índice de evasão escolar;

● A continuação dos projetos já conquistados.


1º Encontro sobre Educação do Campo, foto de MYLENA ARAÚJO DA CRUZ

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir este trabalho posso dizer que ele contribuiu de forma bastante significativa para a minha
formação, pois falar sobre Educação do Campo ainda é bastante complexo, são muitos os desafios a
serem enfrentados, mas tudo isso só me motivou ainda mais a pesquisar e compreender melhor a
realidade das escolas do campo em especial a Escola Estadual Marta Maria Castanho Almeida
Pernambuco, onde pude ver de perto a realidade da escola. A partir das atividades realizadas através de
palestras, questionário e até mesmo conversas informais com as pessoas que vivenciam o dia a dia da
escola, foi fácil perceber que a escola do campo não se resume apenas a estrutura de uma escola
construída no meio rural, e sim, a estrutura é fundamental, porém não o suficiente, o investimento em
professores e a capacitação voltada a ideia de Educação do Campo, a manutenção e ampliação das
escolas, a participação da comunidade e a conquista de políticas públicas para a Educação do Campo são
pontos fundamentais na construção de uma educação de qualidade.

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