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PRINCIPAIS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS NA

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA – PARTE 1

CAIO BORBA CASELLA


EPIDEMIOLOGIA DOS
TRANSTORNOS MENTAIS
NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA
Prevalências:
▸transtornos mentais: 13,4%
▸tr ansioso: 6,5%
▸tr depressivo: 2,6%
▸41 estudos realizados entre ▸TDAH: 3,4%
1985-2012 em 27 países ▸tr disruptivos: 5,7%
▸TOD: 3,6%
▸TC: 2,1%
1.504 crianças 7-14 anos
Matriculados em escolas em
Taubaté (SP)
83% coletaram informações
completas (DAWBA)
EPIDEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA


▸ TDAH
▸ TEA
▸ transtornos disruptivos (TOD, TC)
▸ transtornos ansiosos
▸ transtorno obsessivo-compulsivo
▸ transtornos de humor (depressão, transtorno afetivo bipolar)
▸ esquizofrenia
▸ transtorno de tiques
TRANSTORNO
OPOSITIVO
DESAFIADOR E
TRANSTORNO DE
CONDUTA
TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR E TRANSTORNO DE CONDUTA

INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
▸ Problemas comportamentais além das normas socialmente aceitas
▸ prevalência de 3 a 10%
▸ TOD costuma iniciar-se no período pré-escolar ou começo do
período escolar
▸ surgimento de TC é posterior (meio da infância/ adolescência)
▸ Gênero:
▸ TOD - 2 meninos: 1 menina
▸ TC - 3-7 meninos: 1menina

Scott, S. Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR E TRANSTORNO DE CONDUTA

TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR


▸Pelo menos 4 dos seguintes, por pelo ▸frequentemente questiona figuras
menos 6 meses (em interação com de autoridade
pelo menos um indivíduo que não ▸frequentemente desafia/ recusa a
seja um irmão) obedecer regras/ pedidos de
Humor Raivoso/ Irritável figuras de autoridade
▸com frequência perde a calma ▸frequentemente incomoda
▸com frequência é deliberadamente outros
sensível/facilmente incomodado ▸frequentemente culpa outros por
▸com frequência é raivoso/ seus errros
ressentido Índole Vingativa
Comportamento ▸foi malvado/ vingativo pelo menos
Questionador/Desafiante 2x nos últimos 6 meses

APA, 2013
TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR E TRANSTORNO DE CONDUTA

TRANSTORNO DE CONDUTA
▸ Pelo menos 3 nos últimos 12 meses Falsidade ou Furto
Agressão a Pessoas e Animais ▸ invadiu casa, edifício ou carro de outro
▸ provoca/ ameaça/ intimida outros ▸ mente para obter bens materiais/ favores/
▸ inicia brigas físicas evitar obrigações
▸ usou arma que pode causar danos físicos ▸ furtou intens de valor considerável sem
graves (ex: bastão, tijolo, faca…) confrontar
▸ fisicamente cruel com pessoas Violações Graves de Regras
▸ fisicamente cruel com animais ▸ fica fora de casa à noite, apresar de proibição
dos pais (início < 13 anos)
▸ roubou durante confronto com a vítima
▸ fugiu de cassa, passando a noite fora, por
▸ forçou alguém à atividade sexual pelo menos 2x (ou uma vez se longo período
Destruição de Propriedade fora de casa)
▸ provocação deliberada de incêndio ▸ com frequência cabula as aulas (início < 13
anos)
▸ destruiu deliberadamente prorpiedade de
outras pessoas (exceto incêndios)

APA, 2013
Fairchild et al., 2019
regiões cerebrais menos responsivas/ ativas nas pessoas com transtorno de
conduta
Fairchild et al., 2019
TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR E TRANSTORNO DE CONDUTA

EVOLUÇÃO
Predizem pior evolução: Associação na vida adulta
▸ histórico familiar: ▸ criminalidade, tr
criminalidade, alcoolismo personalidade antissocial
▸ violência interparental ▸ quadros de humor e de
ansiedade (TOD)
▸ parentagem “dura"
▸ uso de substâncias
▸ maiores níveis de
descontrole do ▸ piores resultados
comportamento da criança acadêmicos e profissionais
▸ sintomas graves antes dos 8
anos de idade
▸ emoções pró-sociais
limitadas
Scott, S. Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015
TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR E TRANSTORNO DE CONDUTA

TRATAMENTO
▸ Abordagem Comportamental
▸ treino parental
▸ escola: capacitar professores para lidar com
comportamentos opositores; acompanhamento
terapêutico
▸ com a criança: técnicas de manejo de raiva, treino de
habilidades sociais
▸ reforçar comportamentos saudáveis
Scott, S. Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015
TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR E TRANSTORNO DE CONDUTA

TRATAMENTO
Medicamentos
▸ tratamento de comorbidades
▸ melhora de comportamentos opositores se
tratamento do TDAH comórbido
▸ risperidona

Fairchild et al., 2019; Scott, S. Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015
TRANSTORNOS
ANSIOSOS
Morris & Kratochwill,
1991
TRANSTORNOS ANSIOSOS

EPIDEMIOLOGIA
▸ Prevalência: 5 a 20%
▸ grupo mais frequente em PIA
▸ 1 menino: 2 meninas

Costello et al., 2004; Rapee et al., 2009


TRANSTORNOS ANSIOSOS

CLÍNICA
▸ Medos e preocupações que muitas vezes não são
reconhecidos como excessivos
▸ Queixas somáticas: cefaleia, dor de barriga…
▸ Chorro, irritabilidade, crises de birra podem acompanhar
quadros ansiosos e serem confundidos com sintomas de
oposição, mas podem ser apenas formas de esquiva de
situações ansiogênicas.
TRANSTORNOS ANSIOSOS

FATORES DE RISCO E DE MANUTENÇÃO


▸ Sexo feminino: risco ~2x maior
▸ diferenças principalmente a partir da puberdade
▸ Condição socioeconômica ruim
▸ Urbanização: em geral não se correlaciona com grau
de ansiedade
▸ Maus tratos/abuso
▸ Principal: abuso sexual
Craske et al., 2007; Rappee, RM. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNOS ANSIOSOS

FATORES DE RISCO E DE MANUTENÇÃO


Temperamento: inibição comportamental
▸ Crianças mais retraídas; sorriem menos;
menos contato visual; menor exploração
do ambiente
▸ Grande sensibilidade frente a novos
estímulos
▸ Esquiva de situações não familiares
Craske et al., 2007; Rappee, RM. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNOS ANSIOSOS

FATORES DE RISCO E DE MANUTENÇÃO


Antecedente familiar
▸ Genética
▸ Herdabilidade: 30-40%
▸ Gene mais estudado: transportador de serotonina
▸ Comportamento dos pais
▸ Superproteção à interação cíclica com comportamento inbido da criança
▸ Intrusividade
▸ Negatividade
▸ Pais: modelo; tradução dos estímulos como periogosos ou não
▸ Depressão paterna/materna também é fator de risco

Rappee, RM. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNOS ANSIOSOS

FATORES DE RISCO E DE MANUTENÇÃO


Eventos de Vida
▸ Eventos negativos
▸ Menos estudos em crianças do que em adultos
▸ Crianças ansiosas relatam mais eventos negativos: causa ou consequência
(viés de cognições negativas)?
▸ Separação parental: associação com TAG
▸ Morte parental: associação com quadros fóbicos
▸ Bullying, rejeição por pares
▸ Também via de mão dupla

Rappee, RM. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNOS ANSIOSOS

FATORES DE RISCO E DE MANUTENÇÃO


Viés cognitivo
▸ Expectativas de ameaças mais presentes
▸ Correlação com o diagnóstico (ex: fobia social: “as outras
crianças não vão gostar de mim”)
▸ Viés atencional para ameaça
▸ Tendem a interpretar estímulos ambíguos ou neutros como
ameaçadores
▸ Diminuem com o tratamento
Rappee, RM. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNOS ANSIOSOS

PRINCIPAIS TRANSTORNOS ANSIOSOS


▸ transtorno de ansiedade de separação
▸ mutismo seletivo
▸ fobia específica
▸ transtorno de ansiedade social (fobia social)
▸ transtorno de pânico
▸ agorafobia
▸ transtorno de ansiedade generalizada
APA, 2013
TRANSTORNOS ANSIOSOS

IDADE MÉDIA DE INÍCIO


▸ inibição comportamental: primeiros anos de vida
▸ fobia a animais, ansiedade de separação, mutismo seletivo:
infância
▸ transtorno de ansiedade social: início da adolescência (11-
13 anos)
▸ transtorno de ansiedade generalizada: adolescência/ início
da vida adulta
▸ transtorno de pânico: início da vida adulta (20-24 anos)
Rappee, RM. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNOS ANSIOSOS

TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO


▸ Medo ou ansiedade impróprios e excessivos envolvendo a
separação daqueles com quem o individuo tem apego
▸ Parte normal do desenvolvimento (sugere formação de
relações de apego seguras): ~ 1 ano de idade
▸ Transtorno de ansiedade mais frequente nos primeiros
anos de vida
▸ Em geral o transtorno se inicia na pré-escola
▸ Diminuição da prevalência com o envelhecimento
▸ Muitas vezes inicia-se após evento traumático (morte de
alguém próximo, divórcio dos pais etc).

APA, 2013
TRANSTORNOS ANSIOSOS

TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO


▸ Quando separadas das figuras importantes de apego: retraimento social,
apatia, tristeza ou dificuldade de concentração no trabalho ou nos
brinquedos
▸ Recusa de ir à escola é frequente: dificuldades acadêmicas e isolamento
social
▸ Quando sozinhas, em especial à noite ou no escuro, as crianças pequenas
podem relatar experiências perceptuais incomuns (p. ex., ver pessoas
espreitando no quarto, criaturas assustadoras tentando agarrá-las, sentir
que estão sendo observadas).
▸ Podem ser descritas como exigentes, intrusivas e com necessidade de
atenção constante

APA, 2013
TRANSTORNOS ANSIOSOS

TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO


Apresentação clínica ao longo da vida:
▸ Crianças menores: esquiva de ir para escola; ansiedade quando
separação é vivenciada
▸ Crianças maiores: preocupações com perigos específicos (acidentes,
sequestro, assalto, morte) ou preocupações vagas acerca de um não
reencontro com as figuras de apego
▸ Adultos: dificuldade em enfrentar mudanças circunstanciais (sair da
casa dos pais, casar-se); grande preocupação com filhos e cônjuges;
necessidade de checar várias vezes o paradeiro de alguém
significativo

APA, 2013
TRANSTORNOS ANSIOSOS

MUTISMO SELETIVO
▸ Fracasso persistente para falar em situações sociais especificas nas quais existe a
expectativa para tal (p. ex., na escola), apesar de falar em outras situações.
▸ Timidez excessiva, retraimento social, traços obsessivos
▸ Pode haver transtorno de counicação comórbido, mas em geral as habilidades de
linguagem são preservadas
▸ Quase sempre com outro tr ansioso comórbido (fobia social é o mais frequente: 90%).
▸ Uso de comunicação não-verbal é variável de paciente para paciente
▸ RARO: 0,03-1%
▸ Em geral início antes dos 5 anos de idade

APA, 2013 APA, 2013


TRANSTORNOS ANSIOSOS

FOBIA ESPECÍFICA
▸ Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou
situação (p. ex., voar, alturas, animais, tomar uma injeção, ver
sangue).

▸ 75% teme mais de uma situação/objeto


▸ Pode iniciar após evento traumático (vivido ou observado)
▸ Maioria dos casos se inicia até os 10 anos (média de início: 7-11
anos)

▸ Medos excessivos são muito comuns em crianças pequenas,


mas em geral são transitórios e pouco prejudiciais
APA, 2013; Taylor et al., Lewis Child and Adolescent Psychiatry, 2018
TRANSTORNOS ANSIOSOS

TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL (FOBIA SOCIAL)


▸ Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais
situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível
avaliação por outras pessoas.

▸ Idade média de início: 13 anos


▸ 75%: 8-15 anos
▸ Prevalência cai com o envelhecimento
▸ em crianças: deve envolver situações com os pares (e não
apenas com os adultos)

APA, 2013
TRANSTORNOS ANSIOSOS

TRANSTORNO DE PÂNICO
▸ Ataques de pânico recorrentes e inesperados; medo de novos ataques
▸ ataque de pânico: pico em 10-15 minutos
▸ raro em crianças (0,4% em < 14 anos)
Pelo menos 4 dos seguintes
palpitação/ coração acelerado/
dor/ desconforto torácico parestesias
taquicardia
desrealização/
sudorese náusea/ desconforto abdominal
despersonalização
medo de perder o controle/
tremores tontura, vertigem, desmaio
enlouecer
falta de ar/ sufocamento calafrios/ ondas de calor medo de morrer

asfixia
APA, 2013
TRANSTORNOS ANSIOSOS

AGORAFOBIA
▸ Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou mais) das cinco situações
seguintes:
1. Uso de transporte público (p.ex., automóveis, ônibus, trens, navios, aviões).
2. Permanecer em espaços abertos (p.ex., áreas de estacionamentos,
mercados, pontes).
3. Permanecer em locais fechados (p.ex., lojas, teatros, cinemas).
4. Permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão.
5. Sair de casa sozinho.
▸ idade média de início: 17 anos

APA, 2013
TRANSTORNOS ANSIOSOS

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA


▸ Ansiedade e preocupação excessivas com pelo menos 3 dos abaixo (1 se criança):
• Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.
• Fatigabilidade.
• Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco" na mente.
• Irritabilidade.
• Tensão muscular.
• Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono
insatisfatório e inquieto).

APA, 2013
TRANSTORNOS ANSIOSOS

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA


▸ Idade média de início: 30 anos
▸ Raro início antes da adolescência
▸ Crianças/adolescentes: preocupação principalmente com
escola e desempenho esportivo
▸ Preocupação excessiva com pontualidade é comum
▸ Crianças conformistas, perfeccionistas e inseguras
▸ Busca constante de aprovação e de garantias quanto a seu
desempenho
APA, 2013
TRANSTORNOS ANSIOSOS

COMORBIDADES
▸ 80-90% dos casos
▸ Grande sobreposição com outros transtornos de ansiedade (75% dos
casos: mais de um transtorno)
▸ 10-30%: transtorno de humor (principalmente adolescentes)
▸ Maior risco para quadros depressivos: maior número de
diagnósticos de tr de ansiedade, maior nível de prejuízo pelo
quadro ansioso, ocorrência de ataques de pânico
▸ 25%: alteração comportamental (pré-escolares/escolares)
▸ Abuso de substâncias (álcool): fim da adolescência/idade adulta

APA, 2013
TRANSTORNOS ANSIOSOS

TRATAMENTO
Invervenções não-farmacológicas ▸habilidade de resolução de problemas
▸Psicoterapia: TCC ▸prevenção de recaídas
▸psicoeducação ▸12-20 semanas
▸monitoramento de emoções e
sintomas somáticos de ansiedade ▸Treino de Habilidades Sociais
▸técnicas de relaxamento ▸Treino Parental
▸exposição gradual ▸Contato com escola
▸identifcação de pesnamentos
negativos e reestruturação cognitiva

Pine & Klein, Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015; Rappee, RM. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018; Taylor et al., Lewis Child and Adolescent Psychiatry, 2018
TRANSTORNOS ANSIOSOS

TRATAMENTO
Inibidores Seletivos da Recaptura de Serotonina
▸ Sem evidência de diferença entre os ISRS
▸ Estudos: 10-15 semanas
▸ 50-60% de resposta X 30% placebo
▸ 7% descontinua por efeitos colaterais
▸ Monitorar suicidabilidade
▸ tratamento combinado (ISRS + farmacoterapia): maior eficácia
Benzodiazepínicos

Pine & Klein, Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015; Rappee, RM. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018; Taylor et al., Lewis Child and Adolescent Psychiatry, 2018
TRANSTORNO
OBSESSIVO-
COMPULSIVO
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

CLÍNICA
▸ Obsessão:
▸ Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e
persistentes
▸ experimentados como intrusivos e indesejados
▸ Compulsão:
▸ Comportamentos repetitivos ou atos mentais que o
indivíduo realiza para aliviar uma obsessão ou de acordo
com regras rígidas
APA, 2013
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

CLÍNICA
▸ Medos de contaminação seguidos de compulsões de limpeza
(evitar utilizar o banheiro da escola ou da casa de um amigo
por considerar contaminado/sujo, lavagens excessivas e
ritualizadas das mãos);
▸ Dúvidas seguidas de verificações, perguntas repetidas,
necessidade de confirmação (ex. ligar várias vezes para os pais
quando estes saem de casa para se certificar de que nada de
horrível aconteceu);
▸ Verificar portas e janelas para ter certeza que estão trancadas;
verificar materiais na mochila.
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

CLÍNICA
▸ Preocupações com simetria, alinhamento, exatidão
(sensação de que as coisas não estão no devido lugar),
seguidas pela necessidade de refazer algo várias vezes,
para que fique perfeito ou completo (passar a limpo
anotações, reler página ou parágrafo para ter certeza de que
captou tudo).
▸ Pensamentos de conteúdo indesejado (medo de dizer
algo obsceno ou de xingar outras pessoas, medo de ser
responsável por desgraças, como desastre de carro ou
queda de avião, por ter pensado/sonhado).
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

INFÂNCIA
▸ Rituais e superstições: parte do desenvolvimento normal da criança
▸ pré-escolares —> rituais nos horários de dormir, comer e tomar banho
▸ pico: 2 a 4 anos
▸ 2 a 6 anos: superstições carregadas de fantasia
▸ repetições do mesmo video/ história
▸ comportamentos semelhantes a questões sensoriais/ just-right: ex -
batatas só em determinada parte do prato, sem tocar nos outros
alimentos
▸ escolares: rituais nos jogos (regras rígidas), coleções

Evans et al., 1997; Mercadante et al., 2004


TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

EPIDEMIOLOGIA
▸ 0,5-1% em crianças; 4% na adolescência
▸ Incidência bimodal do TOC:
Início precoce (7-12 anos): 2-3H: 1M
Início mais tardio (21 anos): 1H: 1,3M
▸ Idade média de início: 19,5 anos

Alvarenga et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

PARTICULARIDADES NA INFÂNCIA
▸ 40% do TOC de início na infância/adolesc pode remitir na vida adulta
▸ Padrão de sintomas é mais variável nas crianças
▸ Quanto mais novo:
▸ maior a chance de compulsão sem obsessão
▸ menor a chance de perceber como egodistônico
▸ Compulsões tique-like: semelhantes a tiques complexos (principalmente rituais de tocar);
podem ser precedidas de fenômenos sensoriais
▸ Fenômenos sensoriais: sensações desconfortáveis que precedem ou acompanham
comportamentos repetitivos (compulsões ou tiques). Ex:
▸ Lavar as mãos até sair uma sensação de oleosidade
▸ Desconforto até que todos os itens na prateleira estejam colocados just-right

Alvarenga et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

PARTICULARIDADES NA INFÂNCIA
TOC de início precoce (~10
anos): ▸Mais comorbidade com tiques
▸Maior gravidade e persistência de ▸Sintomas mais graves nas
sintomas na vida adulta seguintes dimensões:
▸Pior resposta ao tratamento ▸Agressividade
▸Menos obsessões ▸Sexual/Religioso
▸Mais sintomas tique-like ▸Simetria/ordenamento
▸Mais fenômenos sensoriais

Alvarenga et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

COMORBIDADES
▸ 76%: transtorno de ansiedade
▸ 63%: transtorno de humor
▸ Tr de tiques: 30%
▸ Principalmente se sexo masculino e TOC de início na
infância

Alvarenga et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

CURSO
▸ Abrupto ou insidioso
▸ Em geral o dx é feito 2,5 anos após início dos sintomas
▸ Vergonha: esconder sintomas
▸ Alguns comportamentos são parte do desenvolvimento
normal da criança —>rotinas rígidas ao dormir, acordar, ir para
escola
▸ Principal preditor de persistência: duração da doença
Alvarenga et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

QUESTÕES DE RASTREAMENTO
Seu filho já apresentou:
▸ preocupações sobre pegar uma doença depois de tocar em algo,
levando a lavar as mãos de forma muito repetitiva?
▸ preocupação tão intensa com organização e arrumação que
estava atrapalhado com sua vida normal?
▸ uma necessidade de que as coisas pareçam ou tragam uma
sensação just right?
▸ preocupações ou medos excessivos com pensamentos agressivos,
sexuais ou religiosos?

Alvarenga et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

FATORES DE RISCO E DE MANUTENÇÃO


▸ Genética
▸ Herdabilidade 45-65%
▸ neurotransmissão serotoninérgica e glutamatérgica
▸ perinatais: ganho excessivo de peso na gestação, trabalho de parto
prolongado, parto pré-termo, icterícia, uso de substâncias na
gestação
▸ Infecção por estreptococo beta-hemolítico do grupo A*
▸ Déficits neuropsicológicos
▸ Acomodação familiar: pior prognóstico
Alvarenga et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018. ;Rapoport & Shaw; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

TRATAMENTO
Terapia Cognitivo-Comportamental
▸ Tamanho de efeito: 1,25
▸ Isolada para casos leves; em combinação com medicação para casos moderados a
graves
▸ Componentes
▸ Exposição
▸ Prevenção de resposta
▸ Reestruturação cognitiva
▸ 12-15 sessões
▸ Melhores resultados se envolvimento familiar

Alvarenga et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

TRATAMENTO
Tratamento Farmacológico
▸ Tamanho de efeito: 0,46
▸ Primeira linha: ISRS
▸ Fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina: 8 anos
▸ Sertralina: 6 anos
▸ Citalopram, escitalopram: sem aprovação da FDA
▸ Tricíclicos
▸ Clomipramina: 5 anos
▸ Maiores efeitos se combinada com TCC
▸ Potencialização: risperidona, quetiapina, haloperidol
Alvarenga et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
PRINCIPAIS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS NA
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA – PARTE 2

CAIO BORBA CASELLA


DEPRESSÃO
UNIPOLAR
DEPRESSÃO UNIPOLAR

PERSPECTIVA DESENVOLVIMENTAL
▸ antes dos anos 1980: idéia de que depressão seria um
transtorno de adultos
▸ pré-púberes: muito imaturos para experienciar
depressão
▸ adolescentes: humor deprimido considerado como
parte da reatividade normal
▸ visão atual: depressão presente mesmo em pré-escolares
DEPRESSÃO UNIPOLAR

PERSPECTIVA DESENVOLVIMENTAL - DIFERENÇAS DA INFÂNCIA


▸ menor prevalência (1-2%)
▸ sem diferença entre gêneros (pré-púbere)
▸ baixa continuidade em vida adulta
▸ baixa herdabilidade
▸ tricíclicos: sem eficácia na infância ou adolescência
DEPRESSÃO UNIPOLAR

PERSPECTIVA DESENVOLVIMENTAL - ADOLESCÊNCIA


▸ período de RISCO para surgimento de depressão
▸ prevalência em 12 meses: 4-5% (~adultos)
▸ prevalência acumulada: 20%
▸ continuidade significativa com vida adulta: recorrência de
50-70% em 5 anos
▸ início da diferença de prevalência entre gêneros
Pré-púbere Adolescentes Adultos
✍ irritabilidade (crises de ✍ irritabilidade (crises de ✍ anedonia
birra, oposição) raiva, comportamento ✍ afeto não reativo
✍ afeto reativo hostil, facilmente ✍ agitação ou lentificação
✍ comorbidade frequente frustrado) psicomotora
com sintomas ansiosos, ✍ afeto reativo ✍ alteração circadiana do
comportamentos ✍ hipersonia humor (pior pela
disruptivos e TDAH ✍ aumento de apetite e manhã)
✍ sintomas somáticos ganho de peso ✍ despertar precoce
✍ sintomas somáticos
✍ extremamente sensíveis
à rejeição (ex: percebem
críticas onde não há)

Rey et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
DEPRESSÃO UNIPOLAR

EPIDEMIOLOGIA
Prevalência
▸ pré-púberes: 1-2%
▸ adolescentes: 3-8%
▸ prevalência cumulativa ao longo da adolescência: 20%
Gêneros
▸ pré-púbere: 1M : 1F
▸ pós-púbere: 1M : 2F
Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015
DEPRESSÃO UNIPOLAR

CURSO DO TRANSTORNO
▸ duração de 5-8 meses (sem tratamento) em amostras referidas à clínica
▸ recorrência:
▸ 40% em 2 anos
▸ 60% na vida adulta
▸ risco alto mesmo nos tratados
▸ maior risco de depressão (continuidade homotípica) e ansiedade
(continuidade heterotípica) na vida adulta

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015; Rey et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
DEPRESSÃO UNIPOLAR

CURSO DO TRANSTORNO
Preditores de recorrência:
▸resposta ruim ao tratamento ▸estilo cognitivo negativo
▸gravidade ▸conflitos familiares
▸cronicidade ▸nível socioeconômico ruim
▸episódios prévios ▸exposição a maus tratos
▸desesperança

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015; Rey et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
DEPRESSÃO UNIPOLAR

FATORES DE RISCO E DE MANUTENÇÃO


Genético:
▸ herdabilidade: 40% (maior para depressão na adolescência do
que na pré-adolescência)
▸ gene mais estudado: variação do gene do transportador de
serotonina
▸ associação com depressão de início precoce em casos de
eventos de vida estressantes, abuso ou bullying

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


DEPRESSÃO UNIPOLAR

FATORES DE RISCO E DE MANUTENÇÃO


Distorção Cognitiva e Ruminação:
▸ teoria cognitiva: depressão causada por atenção enviesada para
estímulos negativos
▸ essa distorção cognitiva gera estresse, que por sua vez reforça
essa distorção
▸ ruminação: tendência a ficar pensando demais em materiais
emocionalmente negativos; prediz o início e piora de sintomas
deprimidos
▸ fator de risco com maior peso para meninas

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


DEPRESSÃO UNIPOLAR

FATORES DE RISCO E DE MANUTENÇÃO


Ansiedade
▸ genética em comum com depressão (em especial ansiedade social)
Transtornos Comportamentais e Irritabilidade
▸ rejeição por pares, envolver-se em situações negativas
Alterações de Sono
▸ insônia: relação bidirecional com depressão
▸ privação de sono: maior labilidade emocional e maior atenção a
estímulos negativos

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


DEPRESSÃO UNIPOLAR

FATORES DE RISCO E DE MANUTENÇÃO


Doenças Clínicas
▸ restrição de atividades prazerosas
▸ efeitos sistêmicos de doenças - afetar SNC (ex: epilepsia), inflamação
(doenças reumatológicas)
▸ efeito depressogênico de medicações (ex: interferon,
corticosteróides)
Depressão materna
▸ fator genético e ambiental
▸ tratar depressão materna pode melhorar sintomas no filho
Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015
DEPRESSÃO UNIPOLAR

FATORES DE RISCO E DE MANUTENÇÃO


Maus Tratos
Bullying
Minoria sexual
▸ rejeição de pares, da família etc
Perda de alguém próximo
▸ fator de risco principalmente em quem já teve depressão

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


DEPRESSÃO UNIPOLAR

NEUROBIOLOGIA
Neuroimagem estrutural
▸ diminuição da espessura cortical
▸ hipoplasia da substância branca frontal e parietal
▸ volume diminuído de hipocampo: fator de risco (principalmente se
interação com eventos adversos precoces)
Neuroimagem funcional
▸ maior reatividade a estimulação emocional negativa na amígdala, córtex
cingulado dorsal anterior e ínsula
▸ menor modulação pré-frontal sobre funcionamento límbico

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


Otte et al., 2016
DEPRESSÃO UNIPOLAR

COMORBIDADES
▸ Costello et al, 2003 - em 3 meses, jovens com depressão:
▸ 28% tr de ansiedade
▸ 7% TDAH
▸ 3% TC
▸ 3% TOD
▸ 1% tr uso de substâncias
▸ traços de personalidade ficam exacerbados durante episódio depressivo:
▸ ansioso: mais sintomas de ansiedade, esquiva e sintomas somáticos
▸ externalizantes: irritabilidade, hostilidade
▸ borderline: mais disforia e sensibilidade à rejeição
DEPRESSÃO UNIPOLAR

QUANDO SUSPEITAR
▸ irritabilidade, mau humor
▸ tédio crônico ou perda de interesse em atividades (ex: parando atividades esportivas, aula de
piano etc)
▸ isolamento social/ não quer mais sair com amigos
▸ evitando escola
▸ queda no rendimento acadêmico
▸ alteração do ciclo sono-vigília
▸ queixas frequentes de sintomas clínicos, como cefaleia e dor de estômago
▸ surgimento de problemas comportamentais: fugir de casa, bullying
▸ abuso de substâncias
▸ MUDANÇA NO PADRÃO

Rey et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
COMPORTAMENTO ADOLESCENTE NORMAL X DEPRESSÃO

Adolescente "normal" Adolescente deprimido


- pode ter algum grau de angústia e irritabilidade, mas não - há uma alteração em relação a um padrão prévio de
tem uma alteração persistente do humor comportamento
- pode ficar triste e chorar, mas em geral é reativo a - os sintomas centrais (tristeza e/ou anedonia) estão
alguma situação e a duração é pequena presentes todos os dias, a maior parte do dia, por pelo
menos duas semanas
- sem alteração de funcionamento - queda no padrão de funcionamento: queda no
rendimento escolar, parada de atividades anteriormente
prazerosas; fazer lição de casa requer mais esforço; maior
retraimento, preferindo atividades solitárias, em
comparação com uma sociabilidade prévia maior
- pensamentos de morte/suicídio são infrequentes - pensamentos de morte/suicídio, incluindo tentativas,
podem ocorrer
- comportamentos de risco, como dirigir de forma - comportamentos de risco podem se tornar mais
imprudente e sexo desprotegido, podem ocorrer, mas intensos e frequentes
dentro de determinados limites
Rey et al. Iacapap e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health, 2018.
DEPRESSÃO UNIPOLAR

INFORMANTES
▸ pais/ professores: subestimam problemas internalizantes
▸ diferença entre os relatos de informantes diferentes é muito
comum
▸ valorizar principalmente relato do paciente
DEPRESSÃO UNIPOLAR

TRATAMENTO
▸ objetivo: atingir remissão completa e retorno aos níveis de
funcionamento pré-mórbido (recuperação)
▸ reavaliar risco de suicídio regularmente

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


DEPRESSÃO UNIPOLAR

PSICOEDUCAÇÃO - PONTOS-CHAVE
1. depressão não é culpa do paciente nem da família
2. como reconhecer e monitorar sintomas depressivos, para
detectar cedo recaída e recorrência
3. tempo de duração do tratamento e possibilidade de
recorrência (ajustar expectativas)
4. analisar riscos e benefícios de cada opção de tratamento
5. como colaborar no desenvolvimento de um plano para
prevenção de recaída e para o tratamento de manutenção

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


DEPRESSÃO UNIPOLAR

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)


premissas:
▸ humor deprimido está associado a pensamentos e comportamentos do indivíduo
▸ mudança de padrões cognitivos e comportamentais vai levar a uma redução em
sentimentos depressivos e melhorar funcionamento
▸ indivíduos deprimidos apresentam respostas automáticas excessivamente negativas
a estressores (“ninguém gosta de mim”; “não sirvo para nada”), que geram uma
espiral negativa
objetivo do tratamento: reverter essa espiral, ensinado o paciente:
▸ que sentimentos, pensamentos e ações estão interconectados
▸ a desenvolver estratégias para padrões mais positivos de pensamentos e
comportamentos, o que levam a sentimentos mais positivos
▸ Ativação comportamental

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


DEPRESSÃO UNIPOLAR

MEDICAÇÕES
▸ maior efeito placebo na infância e adolescência
▸ medicação não é superior a placebo em depressões leves
▸ Discutir com paciente e família:
▸ riscos X benefícios da medicação
▸ efeitos adversos possíveis (ex: irritabilidade, instabilidade
emocional, suicidabilidade)
▸ necessidade de tomar as medicações da forma correta
▸ demora para início da ação

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


DEPRESSÃO UNIPOLAR

INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTURA DE SEROTONINA


▸ poucos efeitos colaterais; poderiam aumentar suicidabilidade
▸ fluoxetina: maiores evidências; aprovado pela FDA (> 8 anos)
▸ sertralina, citalopram, escitalopram: menos evidências; podem
ser efetivos em quem não respondeu à fluoxetina. Escitalopram
é aprovado pela FDA (>12 anos)
▸ paroxetina: parece não ser efetivo para depressão em jovens;
risco teórico maior de suicidabilidade; mais efeitos colaterais
▸ menor meia-vida: mais sintomas de retirada.

Brent & Maalouf; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


DEPRESSÃO UNIPOLAR

CASOS ESPECIAIS - DEFICIÊNCIA INTELECTUAL


▸ mais difícil de avaliar
▸ quadro clínico: expressão triste, irritabilidade, perda de
interesse nas atividades habituais, alterações de apetite e
sono, piora do auto-cuidado
▸ tratamento semelhante ao do paciente sem DI
TRANSTORNO
AFETIVO BIPOLAR
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

INTRODUÇÃO
▸ quadro de humor envolvendo uma alteração da linha de base
para humor elevado, expansivo e/ou irritado, associado a
alterações comportamentais
▸ algumas formas de TAB exigem episódios depressivos para o
diagnóstico
▸ importante: alterações de humor devem constituir episódios e
irem além do que seria esperado para idade/contexto

Leibenluft & Dickstein; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

EPIDEMIOLOGIA
▸ prevalência na infância e adolescência ao redor de 1,8% (1,1-
3%) (Van Meter et al., 2011)
▸ TAB SOE: até 6% (Van Meter et al., 2011)
▸ aumento de prevalência com idade
▸ (2x em 17-18 anos do que em 13-14 anos) (Merikangas et
al.,2012)
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

CLASSIFICAÇÃO
▸ TAB I: pelo menos um episódio maníaco
▸ TAB II: pelo menos um episódio hipomaníaco e um episódio depressivo
▸ TAB SOE

APA 2013
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

MANIA - CRITÉRIOS DSM 5


▸ Humor persistentemente elevado, expansivo ou irritável
▸ Duração mínima: 7 dias
▸ Associado a pelo menos 3 dos abaixo (ou 4 se humor irritável):
▸ autoestima inflada/grandiosidade Hipomania:
▸ redução da necessidade de sono ‣ duração mínima: 4 dias
▸ pressão para falar
‣ menor impacto
▸ fuga de ideias/ pensamentos acelerados
▸ distratibilidade
▸ aumento da atividade dirigida a objetos/ agitação psicomotora
▸ envolvimento excessivo em atividades potencialmente danosas (ex: compras excessivas)

APA 2013
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

DIFICULDADES NO DIAGNÓSTICO NA INFÂNCIA


▸ irritabilidade X euforia no episódio maníaco
▸ irritabilidade: presente em diversos quadros
▸ irritabilidade preditora de TAB?
▸ duração do episódio maníaco
▸ episódico X crônico com ciclagem ultradiana
▸ sobreposição com outros quadros
▸ ex: TDAH: falar excessivamente, distratibilidade
▸ reações esperadas da infância

Birmaher, 2013; Leibenluft & Dickstein; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015
631 adolescentes (idade média 13,8 anos) avaliados quanto à irritabilidade e reavaliados 20 anos depois
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

IRRITABILIDADE
Leibenluft et al., 2016:

▸ irritabilidade episódica: associação com TAG, fobias e mania ao final da


adolescência

▸ irritabilidade crônica: associado a comportamentos disruptivos no final


da adolescência e episódios depressivos na vida adulta

Krieger et al., 2013; Leibenluft et al., 2006


TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

MANIA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA


▸ euforia: deve exceder o que seria esperado pela idade/contexto
▸ grandiosidade X oposição e fantasia normal da idade
▸ devem representar mudança do basal da criança e virem
acompanhadas dos outros sintomas (diminuição da necessidade
de sono, aumento de atividade etc.)
▸ comportamento sexual inapropriado: tocar outros, masturbação
excessiva, desenhos com conteúdo sexual etc.
▸ ponto-chave: mudança episódica do padrão basal

Birmaher, 2013; Birmaher et al., Lewis Child and Adolescent Psychiatry, 2018; Leibenluft & Dickstein, Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

PARTICULARIDADES DO TAB NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA


▸ mais sintomas subclínicos entre os episódios do que no adulto —>
Birhmaher et al., 2009 (COBY; seguimento de 4 anos):

▸ 60% do tempo pacientes com sintomas (clínicos ou subclínicos,


principalmente depressivos ou mistos)

▸ 2.5x mais de tempo com sintomatologia subclínica do que clínica


▸ mais mudanças rápidas de polaridade de humor
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
▸ TDAH
▸ transtorno disruptivo da desregulação de humor
▸ comportamentos disruptivos
▸ transtorno de personalidade borderline (adolescentes)
▸ esquizofrenia
▸ intoxicação por substâncias
▸ mania induzida por medicações (antidepressivos, corticoesteróides,
estimulantes)
▸ alterações tireoidianas
Birmaher et al., Lewis Child and Adolescent Psychiatry, 2018; Leibenluft & Dickstein, Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015
TAB X TDAH

‣ elação
‣ grandiosidade
‣ fuga de ideias/pensamento
acelerado

‣ diminuição da necessidade
de sono

‣ hipersexualidade
TAB e TDAH

‣ irritabilidade
‣ hiperatividade
‣ fala acelerada
‣ distratibilidade
Transtorno Disruptivo da
Desregulação de Humor
‣ explosões de raiva
persistentes e graves (pelo
menos 3x/sem)
‣ humor persistentemente
irritável entre as crises
‣ sintomas presentes por
pelo menos 1 ano e
iniciados antes dos 10 anos
de idade
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

FATORES DE RISCO
▸ parente de 1o grau com TAB: risco 10x maior (Hodgins et al., 2002;
Smoller & Finn, 2003).
▸ herdabilidade >60%
▸ risco genético associado a diminuição de densidade de substância
cinzenta no giro frontal medial, giro precentral e ínsula, e diminuição
de densidade em substância branca no fascículo longitudinal
superior
▸ genes: sinalização e crescimento celular (Geller et al., 2004).
▸ Depressão pré-púbere (Harrington et al., 1990; Kovacs et al., 1994;
Rao et al., 1995; Weissman et al., 1999).
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

DEPRESSÃO UNIPOLAR X DEPRESSÃO BIPOLAR


▸ até 30% da população pediátrica com sintomas de
depressão já tiveram sintomas de mania/hipomania (Geller
et al., 1994)
Prediz depressão bipolar
▸ maior número de comorbidades psiquiátricas
▸ TOD, tr conduta, ansiedade, uso de substâncias
▸ maior incidência de quadros psiquiátricos em familiares de 1o grau
▸ principalmente TAB
▸ maior intensidade da sintomatologia depressiva
▸ maior prejuízo
Encontrado em alguns estudos, mas sem relevância estatística:
▸ maior nível de irritabilidade
▸ início mais precoce dos sintomas depressivos
▸ cerca de 1,5 anos antes
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

TRATAMENTO
Psicoeducação
▸ sintomas e curso do quadro
▸ importância da adesão ao tratamento
▸ higiene do sono
Quadro agudo:
▸ para quadros maniformes: antipsicóticos 2a geração, lítio,
anticonvulsivantes
▸ doses semelhantes às dos adultos

Diler & Birmaher; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

TRATAMENTO
▸ Depressão bipolar
▸ poucos estudos
▸ FDA: aprovado combinação fluoxetina + olanzapina e lurasidona (10-17 anos)
▸ extrapolando evidência de TAB em adultos:
▸ lítio, lamotrigina, valproato, carbamazepina
▸ antipsicótico 2a geração/anticonvulsivante + antidepressivo
▸ Manutenção:
▸ menos estudos
▸ manter medicação da fase aguda por pelo menos 6-12 meses (pelo menos 12-24
meses se recorrente)

Diler & Birmaher; Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015


ESQUIZOFRENIA
ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

ALUCINAÇÕES
▸ prevalência de 8% na infância
porém:
▸ 50-95% dos casos elas param após alguns meses a semanas
▸ em geral associadas a períodos de ansiedade/estresse e
melhoram com a resolução dessa situação
▸ tendem a diminuir após os 6 anos de idade

Driver et al, 2013; Jardri et al., 2014


ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

ALUCINAÇÕES
▸ alucinações hipnagógicas e hipnopômpicas
▸ 25 e 18% da população geral, respectivamente
▸ diminuem de frequência com o crescimento
▸ presentes também na narcolepsia

Jardri et al., 2014


Amigos imaginários:

‣ presentes em 28-65% das crianças com idade entre 5 a 12 anos


‣ associação com marcadores positivos de desenvolvimento, como
performance em testes de teoria da mente

‣ podem ser “chamados” de acordo com a vontade da criança e


estão associados a emoções positivas

Jardri et al., 2014


ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

ALUCINAÇÕES E ESQUIZOFRENIA
▸ A maioria dos quadros alucinatórios NÃO evolui para esquizofrenia
Sugere MENOR chance de esquizofrenia:
▸ ausência de dificuldades pré-mórbidas
▸ alucinações auditivas não bizarras e relacionadas a estressores pontuais
▸ menor interação da criança com a alucinação (ex: ela as apresenta sem
isso prejudicar suas atividades diárias)
▸ ausência de delírio associado
▸ manutenção do funcionamento acadêmico e social
▸ não associadas a sintomas negativos

Abidi, 2013; Jardri et al., 2014


ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

ESQUIZOFRENIA - CRITÉRIOS DSM 5


▸ Dois ou mais dos seguintes:
1. delírios
2. alucinações
3. discurso desorganizado
4. comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico
5. sintomas negativos (avolia, expressividade emocional diminuída etc)
▸ Queda importante de funcionalidade
▸ Sintomas por pelo menos 6 meses (incluindo sint. prodrômicos e residuais)

APA 2013
ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

ESQUIZOFRENIA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA


▸ Esquizofrenia de início precoce: < 18 anos
▸ < 4% de todos os casos de esquizofrenia
▸ Esquizofrenia de início na infância: < 13 anos
▸ prevalência ~ 1/30.000-1/10.000
▸ 1,75-2,5 meninos : 1 menina
▸ prognóstico ruim —> quadro grave, pervasivo, com pouca remissão

Chan, 2017; David et al., 2011; Hafner et al., 1995; Jardri et al., 2014
ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

PARTICULARIDADES DA ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO NA INFÂNCIA


▸ início mais insidioso
▸ delírios menos sistematizados. Podem envolver monstros, fantasmas e
outros objetos assustadores para crianças
▸ em < 16 anos são raros delírios complexos (como os de perseguição)
▸ com frequencia associados às alucinações - ex: acreditar que a alucinação
quer machucar a si ou a seus familiares
▸ maior desorganização (de pensamento, de senso de self…)
▸ mais sintomas negativos
▸ alta proporção de sintomas ansiosos

Frazier et al., 2007; Gonthier & Lyon, 2013; Hafner & Nowotny, 1995; Stentebjerg-Olesen et al., 2016; Sikich, 2013; Werry et al., 1994
117 pacientes com esquizofrenia de
início na infância (idade média: 13,6
anos)

‣ 94,9% com al. auditivas


‣ 80,3% com al. visuais
‣ 60,7% com al. somáticas/táteis
‣ 29,9% com al. olfativas
‣ al. visuais —> menor QI, início mais
precoce, quadro mais grave
ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

ALTERAÇÕES PRÉ-MÓRBIDAS
▸ 20% dos casos com atrasos significativos de linguagem e motricidade
▸ x 10% nos casos de EQZ de início na vida adulta
▸ ~30% com alterações de sociabilidade (isolamento social)
▸ ~30% com QI < 70
▸ QI médio menor do que em EQZ de início na vida adulta (10-15 pontos) e que em
crianças que desenvolverão TAB
▸ diagnósticos pré-mórbidos são comuns: TDAH, transtorno de conduta, ansiedade,
depressão, TEA…
▸ atrasos ainda mais marcantes nos casos de início < 13 anos
▸ 67% com alterações pré-mórbidas em domínios social, motor, linguagem e
aprendizagem

Driver et al., 2013; Hollis & Palaniyappan, Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015; MClellan et al., 2013; Nicolson et al., 2000; Ordonez & Gogtay, Lewis Child
and Adolescent Psychiatry, 2018
ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

PRÓDROMO
Deterioração funcional prévia ao início da psicose
▸ maior isolamento social
▸ declínio marcado no funcionamento acadêmico
▸ piora no autocuidado
▸ interesses, preocupações e comportamentos pouco usuais; sensação de estranhamento do
mundo
▸ ex: passar horas olhando-se no espelho por achar que seu reflexo não parece mais familiar
▸ experiências perceptuais bizarras
▸ alterações em sono e apetite
▸ deterioração insidiosa antes do início da psicose prediz esquizofrenia (X psicoses em quadros
de humor)

Gonthier & Lyon, 2013; Hollis & Palaniyappan, Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015; McClellan et al., 2013; Ordonez & Gogtay, Lewis Child and Adolescent
Psychiatry, 2018
ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

FATORES DE RISCO
▸ alterações genéticas
▸ TEA
▸ menor nível cognitivo
▸ idade parental avançada
▸ migração
▸ Familiares:
▸ quadros do transtornos do espectro da esquizofrenia (incluindo tr esquizoafetivo,
esquizofrenia, tr de personalidade esquizotípico…)
▸ déficits cognitivos sutis - alterações de atenção, função executiva, memória operacional…
▸ complicações obstétricas: controverso

Hollis & Palaniyappan, Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015; Ordonez & Gogtay, Lewis Child and Adolescent Psychiatry, 2018
ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

FATORES DE RISCO
Deleção 22q11.21 (Síndrome Velocardiofacial/ Síndrome de DiGeorge)
▸ presente em 1:2.000 a 1:4.000 nascidos vivos
▸ em1-2% dos casos de EQZ
▸ marcado por alterações em palato (incl. insuficiencia velofaringea),
hipoparatireoidismo, dismorfismos faciais, alteracoes CV, imunodeficiência,
quadros psiquiatricos diversos..)
▸ 25-35% desenvolve quadros psicóticos ao longo da vida
▸ idade média de início: 17,7 anos
▸ mutação que confere maior risco isoladamente a EQZ
▸ Fatores de risco:
▸ QI inicial < 75
▸ declínio cognitivo a partir dos 11 anos de idade

Botto et al., 2003; Bertran et al., 2018; Gothelf et al, 2013; Sickich, 2013; Tang et al., 2016; Vortsman et al. 2015
ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

FATORES DE RISCO
TEA e Esquizofrenia
▸ TEA em 27-50% dos casos de EQZ de início na infância
▸ até 7,8% das pessoas com TEA podem desenvolver esquizofrenia
▸ em algumas crianças com TEA: sintomas psicóticos episódicos, sem os sintomas
negativos e o declínio progressivo vistos na EQZ
Pensar no diagnóstico comórbido de EQZ em TEA
▸ delírios/alucinações > 1 mês
▸ desorganização de pensamento/comportamento marcadamente maior do que o
visto no baseline
▸ queda significativa do funcionamento global prévio

Cochran et al., 2013; Driver et al., 2013; Hollis & Palaniyappan, Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015
ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
▸ Transtorno Afetivo Bipolar
- Esquizofrenia: início insidioso,
▸ Depressão Psicótica sintomas negativos
▸ TEA - Remissão completa de episódio
psicótico em 6 meses sugere
▸ TOC
psicose de humor
▸ TEPT
▸ epilepsia
▸ sintomas psicóticos em crises temporais e frontais (ictais e interictais)
▸ psicose na epilepsia: em geral com menos sintomas negativos

Driver et al., 2013; Hollis & Palaniyappan, Rutter’s Child and Adolescent Psychiatry, 2015; Ordonez & Gogtay, Lewis Child and Adolescent Psychiatry, 2018
ESQUIZOFRENIA DE INÍCIO PRECOCE

TRATAMENTO
▸ psicoeducação
▸ antipsicóticos de 2a geração
▸ clozapina: se falha de tratamento com pelo menos 2
antipsicóticos
▸ TCC

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