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TOD: entenda o que é o transtorno opositivo-desafiador

O Transtorno Desafiador de Oposição, ou Transtorno Opositivo-


Desafiador (TOD), ou ainda Transtorno de Oposição
Desafiante, é uma condição comportamental que afeta
principalmente as crianças. 
Crianças extremamente desafiadoras, teimosas ou
respondonas podem ter desenvolvido esse padrão de
comportamento em razão do TOD. Apesar de adultos
associarem essas condutas à sua personalidade, podem ser
sintomas deste transtorno e revertidas com o tratamento
psicológico. 
Como o TOD levanta muitas dúvidas e preocupações nos pais
acerca do comportamento dos filhos, é fundamental que eles
busquem ajuda de especialistas para não fazerem
especulações errôneas. 
O que é Transtorno Desafiador de Oposição?
O Transtorno Desafiador de Oposição é uma condição caracterizada
por padrões recorrentes de comportamento negativo. Normalmente,
são direcionados a figuras de autoridade na vida da criança, como
pais, professores, familiares e outros adultos.
A criança com esse transtorno tem temperamento volátil e conduta
desafiante. Por vezes, pode ser considerado uma versão menos
intensa do transtorno de conduta. Existem, contudo, diferenças entre
eles. Crianças com transtorno de conduta não aparentam ter uma
consciência ou sentir empatia por quem é alvo de suas atitudes
impróprias. 
As crianças com TOD sentem remorso, além de reagirem com muita
emoção. Elas podem chorar, se irritar e fazer birra facilmente quando
são contrariadas. Com a frequência dessas condutas, as relações
interpessoais da criança na escola, o seu desempenho escolar e o
convívio com a família são impactados negativamente. 
Por causa de seu comportamento explosivo, essas crianças
sofrem bullying com mais frequência, são discriminadas por
seu jeito de ser, perdem oportunidades acadêmicas e
sociais, e não conseguem manter amizades. 
Não raro as suas personalidades fortes são justificativas
para retirá-los de eventos sociais na escola. Na família, são
vistas como as “ovelhas negras” e comparadas a irmãos ou
parentes da mesma faixa etária com comportamento
exemplar. 
As reações alheias aumentam a sensação de inadequação
e rejeição dessas crianças, corroborando para que
alimentem ainda mais seus comportamentos negativos. 
Sinais de TOD

Os sintomas de transtorno desafiador de


oposição são variados. Para que eles sejam
associados ao TOD e não a comportamentos
ocasionais típicos da infância e da adolescência,
devem persistir por, pelo menos, seis meses ou
mais. 
A criança opositiva-desafiante tem dificuldades
para compreender regras e opiniões de terceiros,
não lida bem com frustração e expressa o seu
desconforto de modo agressivo. É evidente a
ausência de controle emocional. 
Outros sintomas de transtorno desafiador de oposição são:
 Discutir com adultos;
 Perder a calma com facilidade;
 Desafiar regras e instruções;
 Importunar outras pessoas;
 Provocar adultos e outras crianças; 
 Reagir a repreensões ou regras com agressividade ou
manha exagerada;
 Não saber expressar emoções intensas sem gritar;
 Responder à frustração com choro, birra ou agressividade;
 Transferir a culpa de seus atos para terceiros;
 Brigar com amiguinhos na escola;
 Ficar ressentido com facilidade; 
 Ser cruel ou vingativo ocasionalmente;
 Sentir-se culpado e chorar após ter uma atitude ruim. 
Influência do ambiente familiar no TOD

A qualidade do ambiente dentro de casa possui grande


influência na conduta das crianças com transtorno
desafiador de oposição. Embora as causas exatas do
TOD sejam desconhecidas, a reincidência de casos em
lares cujos adultos não possuem paciência é
expressiva. 
Logo, acredita-se que quanto mais desagradável o
ambiente familiar for para a criança, mais chances ela
possui de desenvolver essa condição. Se os adultos,
os indivíduos que ditam regras e exemplos de
comportamento para os pequenos, agem com
impaciência e agressividade, é provável que a criança
faça isso também.
Em uma família onde os conflitos são resolvidos com
base na comunicação não-violenta e na compreensão
dos sentimentos alheios, a criança se sente acolhida e
segura. 
Gritos, expressões de raiva e repreensões hostis, por
outro lado, são vistas como assustadoras. A criança fica
acuada e, aos poucos, internaliza esses
comportamentos como normais. Assim, começa a
desafiar, gritar e expressar emoções de modo doentio. 
O ambiente familiar ideal é formado por tranquilidade,
empatia, compreensão e amor. Quando a criança
comete erros, é ensinada a fazer o correto com calma.
Quando ela precisa de repreensão, essa atitude é feita
com cautela e firmeza. 
Critérios para o diagnóstico

O transtorno desafiador de oposição é diagnosticado


com base na análise dos comportamentos e dos
sintomas. Além da permanência de seis meses dos
mesmos, eles devem ser suficientemente graves
para interferir no funcionamento das crianças. 
O seu aproveitamento na escola, em casa, com as
amizades e com seus interesses particulares deve ter
reduzido consideravelmente desde o aparecimento
dos sintomas. 
Primeiramente, o psicólogo ou o médico investiga a
conduta da criança à procura de sintomas de
depressão, ansiedade ou TDAH. Isso porque muitos
sintomas dessas condições psicológicas são similares aos
de TOD. 
Por exemplo, a irritabilidade é muito presente em crianças
opositoras. Como é um sintoma comum da depressão, o
psicólogo precisa analisar com cuidado o histórico
comportamental da criança para chegar à um diagnóstico
exato. 
O Transtorno de Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH) também possui alguns sintomas
similares que exigem uma investigação profunda. 
Tratamentos possíveis para o Transtorno Desafiador de Oposição

O tratamento do TOD é feito de modo multidisciplinar, incluindo


terapia comportamental, medicamentos e suporte escolar.
1. Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)
O transtorno desafiador de oposição responde melhor à terapia
cognitivo comportamental. Essa abordagem da psicologia é
centrada em mudanças de comportamento, logo é a mais
eficiente para modificar como a criança administra e expressa
as suas emoções.
Além disso, a família também deve estar disposta a fazer
mudanças comportamentais. Elas são igualmente essenciais
para o tratamento da criança com transtorno desafiador de
oposição. 
Como a forma como os adultos agem influencia
diretamente o comportamento das crianças, os pais e
outros cuidadores que interagem com a criança com
frequência devem modificar a forma como se comportam. 
Reações mais amenas, sem gritos ou acessos de raiva,
influenciam positivamente o tratamento. A criança deixa
de sentir que precisa reagir com intensidade ou ficar
acuada na própria casa e ainda aprende que os
comportamentos serenos adotados pelos pais são mais
saudáveis para ela. 
2. Medicamentos psiquiátricos
Dependendo do quadro clínico da criança, medicamentos
podem ajudar a controlar os sintomas e promover o bem-
estar. Essa possibilidade deve ser recomendada pelo
médico ou psicólogo, que fará o encaminhamento ao
psiquiatra. 
O ideal, entretanto, é que o uso dos medicamentos seja
uma adição ao tratamento psicoterapêutico, um não
substitui o outro!
3. Suporte escolar
Como a experiência da criança no ambiente escolar é
afetada consideravelmente, também é necessário que
seja feito o acompanhamento das mesmas durante o
tratamento. 
Ela pode ter brigado com amiguinhos, ter criado uma
reputação de difícil entre os colegas de turma, ter sido
rotulada como “criança-problema” pelos professores,
ter tirado notas baixas, entre outros.
Consequentemente, as suas experiências na escola
tendem a ser, em sua maioria, negativas. 
À medida que o tratamento avança, é importante
ajudar a criança se reinserir no ambiente
escolar para que ela consiga construir laços de
amizade, adquirir conhecimento durante as aulas,
aproveitar os eventos escolares sem se estressar e
melhorar a compreensão às regras escolares. 
Em alguns casos, a criança com TOD manifesta
comportamento desafiante mais na escola que em
casa. Isso acontece porque ela interage com algum
elemento estressor, como um colega que faz bullying,
ou apresenta dificuldade extrema de aprender.
Postura dos pais e dos familiares para ajudar o filho

Além de participar ativamente do tratamento do transtorno


desafiador de oposição, a família pode ajudar a criança a
lidar com os sintomas do TOD em casa. 
Ao mesmo tempo que repreensões intensas não são
recomendadas, passar a mão na cabeça da criança
também não é. Os pais devem desenvolver métodos de
repreensão e de educação adequados ao perfil do filho
com TOD. 
Alguns desses métodos são:
1. Diálogo
O diálogo paciente, por exemplo, é uma das táticas
que podem ser utilizadas para ensinar o filho a ter
uma conduta adequada. 
Como muitas crianças com TOD tem dificuldade para
compreender instruções, esse método pode demorar
a surtir efeito. Pais podem ficar tentados a perder a
paciência com o filho. No entanto, conversas francas
são melhores que expressões intensas de raiva.
2. Estímulos positivos

Condutas adequadas devem ser elogiadas de forma


expressiva para que a criança compreenda que tipo de
comportamento é adequado. Pais podem elogiar o filho
com transtorno desafiador de oposição de forma bem
enfatizada sempre que ele tiver atitudes corretas. 
3.Controle de emoções

Pais, cuidadores e outros parentes próximos podem ensinar a


criança sobre controle emocional e modos sadios de expressar
frustração. Por exemplo, respirar profundamente, contar até 10
antes de explodir, expressar o que sente em palavras e pedir
ajuda de adultos quando estiver se sentindo mal. 
A reincidência do TOD é alta, atingindo cerca de 60% das
crianças.

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