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Transferência

de Calor

Felipe Delapria Dias dos Santos

Unidade 3

Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autor
FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS
O AUTOR
Felipe Delapria Dias dos Santos
Olá! Me chamo Felipe Delapria, sou formado em Engenharia
Mecânica pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Além disso, também sou formado em administração pela Faculdade de
Paraíso do Norte (FAPAN). Possuo uma especialização em Engenharia de
Segurança do Trabalho (UCAM) e uma especialização em Processos da
Qualidade (UniFCV). Sou Mestre em Engenharia Mecânica com ênfase
em materiais poliméricos pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Possuo experiência na área metalúrgica como Engenheiro Mecânico
projetista, responsável por grandes projetos e liderança de obras. Além
da experiência na indústria, possuo também experiência na docência em
ensino superior. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA IMPORTANTE
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS REFLITA
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE RESUMINDO
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES TESTANDO
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Trocadores de Calor.........................................................................................10
Tipos básicos de trocadores de calor................................................................................ 11

Coeficiente Global de Transferência de Calor............................................................. 15

Análise de trocadores de calor: uso da média log das diferenças


de temperatura................................................................................................... 19
O Trocador de Calor com escoamento Paralelo...................................................... 20

O trocador de calor com escoamento contracorrente........................................26

Análise de trocadores de calor: o método da efetividade-nut..28


Cálculo de projeto e de desempenho de trocadores de calor.....................32

Melhoria no sistema de trocador de calor............................................36


Melhorias de transferência de calor.................................................................................. 39

Aplicações............................................................................................................................................ 40

Análise das técnicas de melhoria........................................................................................42

Trocadores de calor em microescala................................................................................43


Transferência de Calor 7

03
UNIDADE
8 Transferência de Calor

INTRODUÇÃO
Nessa terceira unidade, faremos uma introdução ao assunto de
trocadores de calor. Começaremos explicando o que é um trocador
de calor e como se ocorre seu funcionamento. Falaremos também das
equações que regem esse sistema e como se da sua divisão. Veremos
que há diversas formas de dividir e subdividir os trocadores de calor. No
segundo capitulo, aprenderemos o método da média log das diferenças de
temperatura. Veremos que para a aplicação desse método, é necessário
conhecer todas as temperaturas de entra e de saída dos fluidos quente
e frio que envolvem o sistema. Aprenderemos, no terceiro capitulo,
um novo método conhecido como método da efetividade-NUT. Nesse
método, ao contrário da média Log das diferenças de temperatura, não é
necessário conhecer todas as temperaturas. Veremos em quais situação
cada um dos métodos deve ser utilizado e apresentaremos aplicações
reais e exercícios palpáveis para uma boa fixação do conteúdo. Por fim,
no último capítulo, aprenderemos como podemos melhorar e otimizar
um sistema de trocador de calor. Vamos aprender que existem dois tipos
principais de técnicas, as ativas e as passivas. Aqui, nessa apostila, iremos
focar nas técnicas passivas, uma vez que são as mais utilizadas. Por fim,
finalizaremos apresentando uma tecnologia relativamente recente a
respeito dos trocadores de calor. Ao longo desta unidade letiva você vai
mergulhar neste universo. Preparado (a)?
Transferência de Calor 9

OBJETIVOS
Olá! Seja muito bem-vindo à Unidade III. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Compreender como funciona os trocadores de calor.

2. Analisar os trocadores de calor e entender o método da média


Log das diferenças de temperatura.

3. Identificar e solucionar problemas relacionados ao método da


efetividade-NUT.

4. Executar os procedimentos relacionados a melhoria em sistemas


trocadores de calor.

Pronto para aprender ainda nesse grande universo da Transferência


de Calor? Muitos conceitos que serão discutidos aqui com certeza serão
uteis na trajetória profissional de vocês. Bons estudos a todos!
10 Transferência de Calor

Trocadores de Calor
INTRODUÇÃO

Esta unidade irá abordar a análise térmica dos tipos mais


comuns de trocadores de calor entre fluidos encontrados
no mercado e na indústria. Serão apresentados métodos
para prever o desempenho do trocador de calor industrial e
técnicas de cálculo para estimar o tamanho necessário e a
configuração necessário que um determinado trocador de
calor deve ter para a realização de uma tarefa específica.
Quando um sistema de trocador de calor é colocado junto
a um sistema de transferência térmica, faz-se necessário
uma queda na temperatura para que o processo de
transferência aconteça.

O processo de troca de calor que acontece entre dois fluidos (gás-


gás ou líquido-gás) ocorre devido a diferença de temperatura que ambos
os fluidos se encontram estando separado por uma barreira (parede sólida).
O equipamento utilizado para efetuar essa troca de calor é conhecido
como trocador de calor. E suas aplicações são as mais variadas, como:
aquecimento de ambiente, produção de potência, recuperação de calor,
entre outras.

O tamanho da queda de temperatura pode ser regulado, e caso


seja muito pequeno, implicará no aumento de custo do trocador. Para
a realização de um bom projeto envolvendo trocadores de calor, o
engenheiro responsável deve pensar em fatores como: economia
financeira, desempenho térmico, bombea-mento de energia e economia
de energia. No mundo atual, a utilização dos trocadores de calor vem
aumentando cada vez mais uma vez que o mundo está dando cada
vez mais importância ao uso correto e eficiente de energia, desejando
sempre otimizar os processos e projetos, não só pensando no retorno
econômico do investimento e na análise térmica, mas também no retorno
de energia que o próprio sistema pode gerar. Logo, além de fatores
com disponibilidade, quantidade de energia e quantidade de matéria
prima para a efetivação de uma determinada tarefa, temos também a
importância da economia a ser considerada.
Transferência de Calor 11

Os trocadores de calor normalmente são dispositivos ou sistema


que transferem calor de um fluido no estado de escoamento, para outro
fluido. Podemos ter diversas variações desse sistema, os fluidos podem
estar no estado líquido ou no estado gasoso e é possível ainda que exista
mais de dois fluidos envolvidos no processo. Trocadores de calor podem
ter uma estrutura tubular ou estrutura em forma de placas empilhadas,
como aletas de placa, placas e outros. É possível ainda apresentar outras
configura-ções, porém menos usuais.

As aplicações mais evidentes e de fácil visualização estão presentes


em usina de energia, como geradores de vapor, caldeiras, condensadores
de vapor por água resfriada, aquecedores de água de alimentação
da caldeira, regeneradores de ar por combustão e outras dezenas de
possíveis aplicações. No dia a dia, podemos encontrar exemplos de
aplicação nos aquecedores de água quente a gás, aparelhos de ar-
condicionado e motores de veículos que possuem o radiador e um óleo
refrigerante.

Tipos básicos de trocadores de calor


Como já discutimos, um trocador de calor é basicamente um
dispositivo no qual acontece a transferência de calor entre uma substância
mais quente para uma outra substância mais fria, os trocadores de calor
são divididos em três categorias, vejamos:

• Recuperadores: nesse primeiro tipo de trocador a ser apresentado,


os fluidos frios e quentes estão separados por uma parede e a
transferência de calor acontece por meio de uma combinação de
convecção para e da parede, e de condução através a parede.
Podemos citar como exemplo as aletas.

• Regeneradores: nos regenerados, os fluidos frios e quentes


ocupam o mesmo espaço no centro do trocador de forma
alternada. Nos regeneradores, o centro, também conhecido como
matriz do trocador, tem a função de armazenamento do calor que e
periodicamente aquecido pelo fluido mais quente e depois transfere
o calor para o fluido mais frio. Na maioria dos regeneradores, os
fluidos quente e frio passam por um trocador estacionário de forma
12 Transferência de Calor

alternada. Para uma operação, contínua, é fundamental possuir


duas ou mais matrizes, como mostra a Figura 1.
Figura 1 – Regenerador ou sistema de camada dupla fixa.

Fonte: Autoria Própria, (2020).

Temos também a configuração de regeneradores por rotação,


na qual uma matriz circular gira e expõe uma porção de sua superfície
ao fluido quente e logo em seguida ao fluido frio, de forma alternada,
mostrado na Figura 2. Paulo Cesar Mioralli, em 2005, durante seu Mestrado
em Engenharia mecânica na UNICAMP, aprofundou os estudos em
regeneradores por rotação. Aqui esta parte do resumo de sua dissertação:

Este estudo concentra-se na análise térmica de um


regenerador rotativo, no qual o processo de trans-ferência de
calor é investigado numericamente. Através das simulações
numéricas, foi possível obter a distribuição de temperatura ao
longo de um canal do regenerador em diferentes posições
angulares. Conhecendo essa distribuição de temperatura, é
possível obter um dimensionamento adequado para o sistema
de selagem acoplado na matriz do regenerador. Foi visto
neste trabalho que o perfil de temperatura na direção axial é
determinante no dimensionamento do sistema de selagem do
regenerador. (Mioralli, pag. 8, 2005.)
Transferência de Calor 13

SAIBA MAIS

Deixo esta sugestão como material de apoio a leitura da


dissertação: Repositório da Produção Científica e Intelectual
da Unicamp. Analise térmica de um regenerador rotativo:
https://bit.ly/2K41cQi. Acessado em: 03 de Fev de 2020.

Figura 2 – Regenerador por rotação.

Fonte: Autoria Própria, (2020).

• Trocadores de calor por contato direto: neste último tipo de trocador


de calor, os fluidos quentes e frios se misturam. Como exemplo,
podemos citar a torre de resfriamento, o processo envolve um jato
de água frio que é jogado de cima para baixo, entrando em contato
com o fluxo de quente, provocando o resfriamento do mesmo.

Devido a grande variedade de trocadores de calor e sua alta gama


de aplicações e configurações construtivas, torna-se viável a elaboração
de um esquema de classificação para auxiliar no processo de seleção:

1. Tipo de trocador de calor: (a) regenerador e (b) recuperador.

a. No regenerador, ambos os fluidos (quente e frio) fluem de forma


alternada pelo trocador, que age de forma a armazenar energia
transiente e unidade de dissipação.

b. Conforme já discutido, um recuperador é um tipo de trocador de


calor convencional, onde o calor pode ser recuperado, a partir do
fluxo do fluido quente, pelo escoamento do fluido frio. Nesse caso,
os dois fluxos de fluido movem-se simultaneamente, por meio do
trocador de calor.
14 Transferência de Calor

2. O tipo de processo de troca de calor entre os fluidos: (a) contato


indireto ou transmural, e (b) contato direto.

a. No tipo de trocador de calor com processo indireto ou transmural,


os fluidos frios e quentes estão separados por uma parede
(material sólido), normalmente essa parede possui uma geometria
de placa ou tubular.

b. Já no trocador de calor com processo direto, os fluidos percorrem


o mesmo espaço, sem a existência de um material separando.

3. A fase termodinâmica ou o estado dos fluidos: (a) fase única; (b)


evaporação ou ebulição; (c) condensação.

Aqui é referente ao estado das fases dos fluidos envolvidos. Durante


o processo, os fluidos podem estar ambos em um único estado ou um
dos dois passa por evaporação ou por condensação durante o processo.

4. Tipo de construção ou geometria: (a) superfície tubular; (b)


superfície plana e (c) superfície estendida ou aletada.

a. Um exemplo de superfície tubular seria um trocador de calor de


carcaça e tubo.

b. Um exemplo de superfície plana seria um trocador de calor de


estrutura e placa.

c. O trocador do tipo estendido ou aletado é o menos usual, e pode possuir


a geometria tubular (tubo-aleta) ou ainda geometria de placa (placa-
aleta). Por vezes, é chamado de trocador de calor compacto, uma vez
que pode possuir uma razão relativamente grande da área de superfície
de transferência de calor para o volume.

Com base no esquema apresentado, podemos citar como


exemplo de recuperador transmural o radiador automotivo, que possui
fluxo de fluidos de fase única e uma superfície aletada (do tipo tubo-
aleta). Além de ser categorizado como transmural, ele pode também ser
caracterizado como compacto, devido a sua elevada densidade de área.
Da mesma forma, podemos citar um aquecedor de caldeira alimentado
por água, como sendo um recuperador transmural com construção
tubular com condensação em um fluido, uma vez que a água do sistema
Transferência de Calor 15

de alimentação é aquecida pelo processo de condensação do vapor


que é extraído da turbina. No entanto, vale ressaltar que os esquemas
de classificação servem apenas como uma diretriz. Um projeto real de
trocador de calor, pode envolver muitos outros fatores que iremos ver ao
decorrer da apostila.

Coeficiente Global de Transferência de Calor


Uma das principais etapas da transferência de calor é a
determinação do coeficiente global de transferência de calor. Já vimos em
outras unidades que esse coeficiente é definido em função da resistência
térmica total à transferência de calor entre dois fluidos. Nas primeiras
apostilas, nós utilizávamos a resistência condutiva entre fluidos separados
por paredes compostas planas, aqui, para uma parede que separa dois
fluidos, o coeficiente global de transferência de calor será escrito da
seguinte forma:

Onde “f” é referente ao fluido frio e “q” ao fluido quente.

É importante destacar que a equação do coeficiente global de


transferência de calor (representada logo acima) só deve ser aplicada em
casos de superfícies limpas e sem aletas. Com frequência, iremos nos
deparar com problemas de superfícies sujeitas a deposição de impurezas
dos fluidos, como a formação de ferrugem ou ainda a formação de uma ou
camada sobre a superfície, que faz com que haja o aumento da resistência a
transferência de calor entre os fluidos. Para tal, podemos alterar a equação,
adicionando o efeito do aumento da resistência térmica aumentando um
termo na equação, o termo da resistência térmica adicional, também
conhecido como fator de deposição Rd, seu valor depende da temperatura
de operação, da velocidade do fluido e do tempo de serviço do trocador
de calor. Além disso, sabemos também que na aplicação na vida de um
profissional da área, frequentemente são adicionadas aletas às superfícies
expostas a um ou até mesmo para os dois fluidos, ao adicionar a aleta,
aumenta-se a área superficial, no entanto, reduz a resistência térmica
a transferência de calor por convecção. Dito isso, podemos escrever o
coeficiente global de transferência de calor como:
16 Transferência de Calor

A Tabela 1, abaixo, traz alguns valores representativos para o fator


de deposição (R”f):
Tabela 1 – Fatores de deposição representativos

Fluido R”d (m².K/W)


Água do mar e água tratada para
0,0001
alimentação de caldeira (abaixo de 50ºC)
Água do mar e água tratada para
0,0002
alimentação de caldeira (acima de 50ºC)
Água de rio (abaixo de 50ºC) 0,0002-0,001
Óleo combustível 0,0009
Líquido de refrigeração 0,0002
Vapor de água (sem arraste de óleo) 0,0001
Fonte: Adaptado de KREITH, 2016.

A grandeza ηo, na equação do coeficiente global de transferência


de calor, é tida como eficiência global da superfície ou ainda efetividade
da temperatura em uma superfície aletada e pode ser encontrado a partir
da equação:

Onde A é a área superficial total (aletas + base exposta). Aa é a área


superficial de toadas as aletas. ηηa é a eficiência de uma única aleta.

Veremos agora, na Tabela 2, alguns valores representativos do


coeficiente global.
Transferência de Calor 17

Tabela 2- Valores representativos do coeficiente global de transferência de calor.

Combinação de Fluido U (W/(m².K))


Água para água 850-1700
Água para óleo 110-350

Condensador de vapor de água (água nos tubos) 1000-6000

Condensador de amônia (água nos tubos) 800-1400

Condensador de álcool (água nos tubos) 250-700


Trocador de calor com tubos aletados (água nos
25-50
tubos, ar em escoamento cruzado)
Fonte: Adaptado de KREITH, 2016.

Por fim, ainda sobre o equacionamento do coeficiente global de


transferência de calor já apresentado, para casos em que o trocador de
calor seja tubular e não aletado, a equação será reduzida para:

Temos que os subscritos “i” e “e” se referem às superfícies internas e


externas do tubo (Ai = πDiL e Ae= πDeL), respectivamente. Essas superfícies
podem ainda estar expostas tanto ao fluido quente quanto ao fluido frio.
18 Transferência de Calor

RESUMINDO

Nessa terceira unidade, começamos apresentando um


assunto novo: os trocadores de calor. Vimos que os
trocadores podem e são aplicados no nosso dia a dia em
equipamentos para aquecimento do ambiente, produção
de potência em usinas de energia e em máquinas
recuperadores de calor na indústria química. Vimos que
eles normalmente são dispositivos ou sistemas que
transferem calor de um fluido no estado de escoamento,
para outro fluido. Podemos ter diversas variações desse
sistema, os fluidos podem estar no estado líquido ou no
estado gasoso e é possível ainda que exista mais de dois
fluidos envolvidos no processo. Estudamos os tipos básicos
de trocadores de calor, que são: trocadores de calor por
contato direto, recuperadores e regeneradores sendo que
dentro dos regeneradores, temos ainda os de camada
dupla fixa e os regeneradores por rotação. Vimos que
devido à grande variedade de trocadores de calor e suas
aplicações, podemos subdividir ainda mais esse sistema,
em categorias como: tipo de trocador; tipo de processo de
troca de calor entre os fluidos; a fase termodinâmica ou o
estado dos fluidos e o tipo de construção ou geometria.
Sendo que para cada uma das subcategorias apresentadas
há mais divisões dentro delas. Por fim, estudamos também
como determinar o coeficiente global de transferência de
calor. Já estudamos, em apostilas passadas, sua definição e
aplicação do conceito, nessa apostila apenas aprimoramos
seu uso para o caso de trocadores de calor, uma vez que há
uma parede sólida separando os fluidos.
Transferência de Calor 19

Análise de trocadores de calor:


uso da média log das diferenças de
temperatura
INTRODUÇÃO

Para um projeto que envolva a transferência de calor e


trocadores de calor, é fundamental fazer a ligação da
taxa total de transferência de calor à grandezas como as
temperaturas de entrada e de saída dos fluidos envolvidos,
o coeficiente global de transferência de calor e a área
superficial total disponível para a transferência de calor.
Para tal, apresentaremos no decorrer desse capitulo, as
relações fundamentais.

Começaremos apresentando duas das relações, que podem ser


obtidos de imediato, com a aplicação de balanços globais de energia nos
fluidos quente e frio, como mostra a Figura 3. Consideraremos “q” como
sendo a taxa total de transferência de calor entre os fluidos quente e frio
e consideraremos também a transferência de calor entre o trocador e a
vizinha como sendo desprezível, teremos então:

q = mq (iq,ent – iq,sai) ou q = mf (if,sai – if,ent)

Sendo que “i” é a entalpia do fluido enquanto que os subscritos “q”


e “f” são referentes aos fluidos quente e frio, “ent” e “sai” referem-se as
condições de entrada e saída do fluido. Caso o processa não modifique a
fase do fluido, as equações acima podem ser escritas da seguinte forma:

q = mqcp,q (Tq,ent – Tq,sai) ou q = mfcp,f (Tq,sai – Tq,ent)


20 Transferência de Calor

Figura 3 – Balanços de energia globais para os fluidos quentes


e frios presente em um trocador de calor contendo dois fluidos diferentes.

Fonte: Autoria Própria, (2020).

Outra expressão útil pode ser destacada ao relacionarmos a taxa de


transferência de calor total “q” com a diferença de temperatura ∆T entre
os fluidos quentes e frio:

∆T = Tq – Tf

No entanto, como ∆T é uma variável que depende da posição no


trocador de calor, é necessário trabalhar com uma equação para a taxa
na forma: q = UA∆Tm

Onde temos que ∆Tm significa a média apropriada da diferença de


temperatura. Essa equação pode ser utilizada com as outras equações
expostas nesse capitulo para analisarmos o trocador de calor, no entanto,
∆Tm deve ser estabelecido previamente.

O Trocador de Calor com escoamento


Paralelo
As distribuições de temperaturas nos fluidos quente e frio
relacionados a um trocador de calor com escoamento paralelo estão
ilustradas na Figura 4 abaixo. A diferença de temperatura começa com
um elevado ∆T, no entanto, há a redução do mesmo com o aumento de x.

Vale lembrar que nesse tipo de trocador de calor (com escoamento


paralelo), a temperatura de saída do fluido frio não deve ser superior à
temperatura de saída fluido quente.
Transferência de Calor 21

Figura 4 – Distribuições de temperaturas em um


trocador de calor com escoamento do tipo paralelo.

Fonte: Autoria Própria (2020).

Na figura, os subscritos 1 e 2 indicam as extremidades opostas do


trocador de calor, é uma convenção utilizada para facilitar para quem é da
área de trocadores de calor.

Temos então, para o escoamento paralelo:

Tq,ent=Tq,1; Tq,sai=Tq,2; Tf,ent=Tf,1 e Tf,sai=Tf,2.

Como já havíamos discutido, a forma de ∆Tm deve ser previamente


determinado pela aplicação de um balanço de energia em elementos
diferenciais nos fluidos quente e frio. Assim como ilustra a Figura 4,
cada elemento possui um comprimento dx e uma área onde ocorre a
transferência de calor dA, para a realização do balanço de energia,
devemos assumir as seguintes hipóteses:
22 Transferência de Calor

1. O trocador de calor está isolado termicamente da vizi-nhança e


a única troca de calor que acontece é entre os fluidos quentes
e frios.

2. A condução de calor axial é desprezível ao longo dos tubos.

3. São desprezíveis as mudanças que ocorrem na energia cinética


e na energia potencial.

4. Os calores específicos do fluido são constantes.

5. O coeficiente global de transferência de calor é constante.

De forma natural, os calores específicos podem sofrer variações


conforme a mudança de temperatura, além de poder variar também com
mudanças nas propriedades dos fluidos e nas condições de escoamento.
No entanto, como muitas das vezes, as variações não são significativas,
é aceitável trabalhar com valores médios de cp,f, cp,q, e U no trocador de
calor. Ao aplicarmos o balanço de energia em cada um dos elementos
diferenciais da Figura 4, obtemos:

dq = –mqcp,qdTq = –cqdTq e dq = –mfcp,fdTf = –cfdTf

Onde temos Cq e Cf representando a taxa de capacidade calorifica


do fluido quente e do fluido frio, respectivamente. Essas equações podem
ser integradas, ao longo do trocador e fornecer o balanço de energia
global, se integrarmos através da área, obteremos: dq = U∆TdA

Sendo que ∆T é a diferença de temperatura local entre os fluidos


quente e frio. Ao aplicarmos uma série de modelamento matemático, que
não são viáveis a apresentação aqui, obteremos que: q = UA∆Tlm

Onde ∆Tlm é dado por:

Um trocador de calor bitubular (tubos concêntricos) com


configuração contracorrente é utilizado para resfriar o óleo lubrificante para
um grande motor de turbina a gás industrial. A vazão mássica da água de
resfriamento través do tubo interno (Di = 25 mm) é de 0,2 kg/s, enquanto a
vazão do óleo através da região anular (De = 45 mm) é de 0,1 kg/s. O óleo
Transferência de Calor 23

e a água entram a temperaturas de 100 e 30°C, respectivamente. Qual


deve ser o comprimento do trocador, para se obter uma temperatura de
saída do óleo de 60°C?

Propriedades:

• Óleo de motor não usado: Tq=80ºC=353 K; cp=2131 J(kg.k), μ=3,25x10-2


N.s/m²; k=0,138 W/(m.K).

• Água: Tf=35ºC; cp=4178 Jkg.k), µ=725x10-6 N.s/m²; k=0,625 W/(m.K),


Pr=4,85.

Caso necessário, considere o coeficiente de transferência de calor


hi=2250 W/(m².K). Caso o escoamento seja turbulento, considere Nui=5,63.
Caso o escoamento seja laminar, considere Nui=2,34W(m².K).

Dados: vazões e temperaturas de entrada dos fluidos em um


trocador de calor bitubular em contracorrente, cujos diâmetros interno e
externo são conhecidos.

Achar: Comprimento do trocador para alcançar uma temperatura


de saída do fluido quente especificada.

Esquema:
24 Transferência de Calor

Considerações:
1. Perda de calor para a vizinhança é desprezível.
2. Mudança nas energias cinética e potencial desprezíveis.
3. Propriedades constantes.
4. Resistencia térmica na parede do tubo e fatores de deposição
desprezíveis.
5. Condições de escoamento plenamente desenvolvido na agua e
no óleo (U independente de x).

Análise: A taxa de transferência de calor requerida pode ser obtida


em um balanço de energia global no fluido quente.

Por meio da equação de balanço de energia global do fluido frio,


obtemos:

O comprimento do trocador de calor pode ser obtido da seguinte


forma:
Transferência de Calor 25

O coeficiente global de transferência de calor é:

Para o escoamento da água ao longo do tubo:

Para o escoamento do óleo através da região anular, o diâmetro


hidráulico é dado por: Dh=De-Di = 0,02m e o número de Reynolds é:

Re D = (4m” q)/(π(D e + D i)µ) = (4 x 0,1 kg/s)/(π(0,045 + 0,025) m x


3,25 x [10] (–2) kg/((s.m)) = 56,0

O escoamento na região anular, de acordo Reynolds, é laminar.


Portanto, Nui = 5,63. Logo:

Com isso, o coeficiente global e transferência de calor por


convecção será de:

A partir da equação para a taxa de transferência de calor (Equação


da Taxa), temos que:
26 Transferência de Calor

O trocador de calor com escoamento


contracorrente
As distribuições de temperatura nos fluidos quente e frio associados
a um trocador de calor com escoamento do tipo contracorrente estão
ilustradas na Figura 5. Diferentemente do trocador de calor com
escoamento paralelo, esse sistema possibilita a transferência de calor
entre as parcelas mais quentes dos dois fluidos em uma extremidade,
bem como a parcela mais fria na extremidade oposta.

Perceba que nessa situação, a temperatura de saída do fluido frio


pode ser mais quente que a temperatura de saída do fluido quente, coisa
que não pode acontecer no escoamento do tipo paralelo.

As equações de trocador de calor apresentadas no tópico 2.1 (tópico


anterior) são válidas para essa situação também, assim, não gastaremos
tempo explicando e deduzindo-as novamente.
Figura 5 – Distribuições de temperaturas em um trocador
de calor com escoamento do tipo paralelo.

Fonte: Autoria Própria, (2020).


Transferência de Calor 27

RESUMINDO

No capítulo dois, fizemos a correlação entre a taxa total de


transferência de calor com grandezas fundamentais para
a transferência de calor como a temperatura de entrada
e temperatura de saída dos fluidos envolvidos. Fizemos
também correlações envolvendo o coeficiente global
de transferência de calor e a área superficial disponível
para que ocorra a transferência de calor. Vimos que a
aplicação do balanço global de energia é fundamental não
apenas para a dedução de fórmulas, mas também para a
resolução da maioria dos problemas. Aprofundamos nosso
conhecimento em trocadores de calor do tipo paralelo e
do tipo contracorrente. A principal diferença entre ambos
os fluidos é que no trocador de calor com escoamento
paralelo, a temperatura de saída do fluido frio não deve
ultrapassar a temperatura de saída do fluido quente, o
contrário acontece no trocador de calor em contracorrente,
em que a temperatura de entrada do fluido frio, pode ser
superior a temperatura de saída do fluido quente. Além
disso, estabelecemos um conjunto de cinco hipóteses que
devemos analisar e considerar na resolução do exercício
para uma boa aplicação. Por fim, colocamos em prática
o conhecimento aprendido desta unidade por meio da
resolução de exercícios. Vale lembrar que, a essa altura
da disciplina, não podemos mais pensar na aplicação
dos conceitos isolados, e estamos começando a juntar
conceitos aprendidos em outras unidades e apostilas em
um único exercício.
28 Transferência de Calor

Análise de trocadores de calor: o método


da efetividade-nut
INTRODUÇÃO

Nosso objetivo nesta unidade é definir a efetividade de um


trocador de calor. Com alguns exemplos elaborados, será
possível aprender com segurança o conteúdo.

É importante que você saiba que é uma tarefa relativamente fácil


utilizar o método aprendido no capítulo anterior (MLDT – Média Logarítmica
das Diferenças de Temperatura) para a análise de trocadores de calor
quando as temperaturas dos fluidos ne entrada são valores conhecidos
e as temperaturas dos fluidos na saída podem ser determinado via
balanço de energia ou são informadas. No entanto, se apenas uma das
temperaturas de entrada for conhecida, torna-se complicado a utilizado
do método MLDT. Nesse caso, é recomendado a utilização de um método
alternativo, conhecido como método ε-NUT (Método da Efetividade-NUT).

Sabemos que para definir a efetividade de um trocador de calor,


é necessário primeiramente conhecer a taxa de transferência de calor
máxima (qmáx) do trocador. Teoricamente, a taxa máxima de transferência
de calor pode ser alcançada por um trocador de calor em contracorrente
com comprimento L infinito. Nesse trocador, um dos fluidos iria apresentar
a maior diferença possível de temperatura Tq,ent – Tf,ent. O fluido frio, iria ter
a maior variação de temperatura, como o comprimento tende ao infinito
(L → ∞) o fluido seria aquecido até a temperatura inicial de entrada do fluido
quente, ou seja, Tf,sai = Tq,ent.

Logo, teríamos: Cf < Cq: qmáx = Cf(Tq,ent – Tf,ent)

Se fizermos o contrário, (Cq < Cf), o fluido quente iria ter a maior variação
de temperatura, sendo ele o resfriado até a temperatura de entrado do
fluido frio (Tq,sai = Tf,ent). Teríamos então: Cq < Cf: qmáx = Cq(Tq,ent – Tf,ent)

Com base no que foi discutido, podemos apresentar a equação


geral, dada por: qmáx = Cmín(Tq,ent – Tf,ent)
Transferência de Calor 29

Onde temos que o Cmín é o menor valor entre Cf e Cq.


A equação acima serve para determinar a taxa de transferência de
calor máxima que um trocador pode alcançar quando conhecemos as
temperaturas de entrada dos fluidos quente e frio.

Podemos então definir a efetividade (ε) como sendo a razão entre


a taxa de transferência de calor real em um trocador de calor e a taxa de
transferência de calor máxima possível.

Podemos, ainda, abrir a equação na forma:

Se analisarmos as equações apresentadas, veremos que a


efetividade é uma propriedade adimensional e sempre estará no intervalo
de 0 ≤ ε ≤ 1. Se temos conhecimento da efetividade, da temperatura
do fluido quente que entra e da temperatura do fluido frio que entra,
podemos então, calcular a taxa de transferência de calor real pela seguinte
expressão:

Podemos ainda, generalizar, para qualquer trocador de calor, a


seguinte fórmula:

Onde Cmín/Cmáx irá depender dos valores das taxas de capacidades


caloríficas dos fluidos quentes e frios, havendo duas possibilidades
Cf/Cq ou Cq/Cf. E NUT é conhecido como um número de unidade de
transferência de calor (NUT), é um parâmetro adimensional e muito
utilizado no meio calorifico, sendo definido como:
30 Transferência de Calor

Gases quentes de exaustão, a uma temperatura de 300°C, entram


em um trocador de calor com tubos aletados e escoamento cruzado e
deixam esse trocador a 100°C, sendo usados para aquecer uma vazão
de 1 kg/s de água pressurizada de 35°C a 125°C. O coeficiente global de
transferência de calor com base na área superficial no lado do gás é igual
a Uq = 100 W/(m².K). Utilizando o método de ε-NUT, determine a área
superficial no lado do gás, Aq, necessária para a troca térmica especificada.
Propriedades: Água Tf = 80ºC; cpf = 4197 J/(kg.K). NTU = 2

Solução: Dados: Temperaturas de entrada e de saída dos gases


quentes e da água utilizados em um trocador de calor com escoamento
cruzado e tubos aletados. Vazão mássica da água e coeficiente global de
transferência de calor com base na área da superfície no lado do gás.

Achar: Área superficial requerida no lado do gás.

Esquema:

Considerações:

1. Perda de calor para a vizinhança e variações nas energias cinéticas e


potencial desprezíveis.

2. Propriedades constantes.

Análise: A área superficial requerida pode ser obtida a partir do


conhecimento do número de unidade de transferência, o qual, por
sua vez, pode ser obtido com o conhecimento da razão entre as taxas
de capacidade caloríficas e da efetividade. Para determinar a taxa de
capacidade calorífica mínima, iniciamos calculando:
Transferência de Calor 31

Como mq não é especificado, Cq será obtido a partir da combinação


dos balanços globais de energia:

Substituindo os valores, temos:

Sabemos então que o nosso Cmín será o Cq, por ser menor que o Cf
encontrado.

qmáx = Cmin (Tf,sai – Tf,ent)

Substituindo os valores:

qmáx = 1889 W/K (300 – 35)ºC

qmáx = 5 . 105 W

Temos que a taxa de transferência de calor real é dada por:

q = Cf(Tf,sai – Tf,ent)

q = 4197 W/K (125 – 35)ºC

q = 3,78 c 105 W

Logo, temos que a efetividade será:

Com:
32 Transferência de Calor

Como NTU é 2, temos que:

Isolando Aq, obtemos:

Cálculo de projeto e de desempenho de


trocadores de calor
Engenheiros e profissionais da área de ciências térmicas costumam
lidar geralmente com dois tipos de problemas envolvendo trocadores de
calor e sua eficiência. Esses problemas são conhecidos como: “O problema
de projeto de trocador” e “problema de cálculo de desempenho de calor”.

No primeiro problema relacionado a projeto de trocadores, o


profissional responsável possui as temperaturas de entrada dos fluidos e
suas vazões, assim como as temperaturas de saída desejadas dos fluidos
frio e quente, que são previamente especificados. O problema aqui é
especificar o tipo de trocador de calor a ser utilizado e qual a dimensão
ideal, ou seja, a área da superfície de transferência de calor, necessária
para que a temperatura desejada seja alcançada. Normalmente, esse
problema surge quando o projeto demanda a criação de um trocador de
calor específico para uma atividade especifica.

Já o segundo problema, que os profissionais da área precisam lidar,


é relacionado ao cálculo de desempenho de trocador de calor, como já
foi dito. Sabemos que trocadores de calor são utilizados para determinar
a taxa de transferência de calor e as temperaturas de saída dos fluidos
para condições muito especificas de vazões e temperaturas de entrada.
O cálculo a ser realizado do desempenho está normalmente relacionado
ao uso de diferentes tipos e tamanhos de trocadores de calor que estão
fora dos padrões disponíveis de mercado. Nos problemas de projeto de
trocadores de calor, é possível ser utilizado o método de ε-NUT para a
Transferência de Calor 33

efetividade e, posteriormente, realizar o cálculo do NUT e concluir com o


cálculo da área necessária. No entanto, aqui no cálculo de desempenho
de trocador de calor, o valor de NUT deve ser calculado primeiro para
que, em seguida, possa se obter a efetividade ε por meio de equações
apropriadas.

Considere o projeto do trocador de calor anterior, ou seja, de um


trocador de calor com tubos aletados e escoamento cruzado, com um
coeficiente global de transferência de calor e área no lado do gás 100
W/(m².K) e 40 m², respectivamente. A vazão mássica e a temperatura
de entrada da água permanecem iguais a 1 kg/s e 35°C. Entretanto, uma
mudança nas condições operacionais do gerador de gases quente faz
com que os gases passem a entrar no trocador de calor a uma vazão de
1,5 kg/s e a uma temperatura de 250°C. Qual a taxa de transferência de
calor no trocador e quais são as temperaturas de saída do gás e da água?

Dados: considere a efetividade do sistema igual a 82%.

Solução: Dados: condições de entrada dos fluidos quente e frio em


um trocador de calor com tubos aletados e escoamento cruzado, com
área de transferência de calor e coeficiente global de transferência de
calor conhecidos.

Achar: taxa de transferência de calor e temperatura de saída dos


fluidos. Esquema:

Considerações:

1. Perda de calor para a vizinhança e variações nas energias cinética


e potencial desprezíveis.
34 Transferência de Calor

2. Propriedades constantes (as mesmas do exercício-exemplo


anterior).

Análise: O problema pode ser classificado como um problema de


cálculo de desempenho de um trocador de calor. As taxas de capacidade
caloríficas são:

Portanto, tempos que o número da unidade de transferência será


dado por:

Assim, com base nas definições de ε, a taxa de transferência de


calor real é dada por:

Agora, torna-se uma questão simples a determinação das


temperaturas de saída a partir dos balanços de energia globais.
Transferência de Calor 35

SAIBA MAIS

O professor Roberto Gomes da Universidade Federal


do Rio Grande, campus Santo Antônio da Patrulha - RS
(FURG-SAP), ministra as disciplinas de Operações Unitárias
para os cursos de Engenharia Agroindustrial Indústrias
Alimentícias e Engenharia Agroindustrial Agroquímica. Em
seu canal no Youtube, há uma série de vídeos resolvendo
problemas relacionados a trocadores de calor. O link abaixo
é um dos vídeos com resolução de problemas, o vídeo
é muito interessante uma vez que todos os exercícios
resolvidos abordam conceitos e equações aprendidos
e desenvolvidos ao longo dessa unidade. https://www.
youtube.com/watch?v=ON0pEW2IFFw

RESUMINDO

Aqui, nesse terceiro capítulo, aprendemos a aplicação e


o conceito do método da efetividade-NUT. No capítulo
anterior havíamos aprendido sobre o método da média
logarítmica das diferenças de temperatura, em que para a
utilização do mesmo, era necessário ter o conhecimento
de todas as temperaturas de entrada e saída do fluido. Aqui
nesse método, essas informações não são necessárias.
Aprendemos que a efetividade é a razão entre a taxa de
transferência de calor real em um trocador e a taxa de
transferência de calor máxima possível. Aprendemos a
fórmula necessária para cálculo de efetividade, bem como
as equações que envolve a transferência real e máxima de
calor. Ao longo deste capitulo, foi discutido também os dois
principais problemas de cálculo de projeto e desempenho
de um trocador de calor: 1- “o problema de projeto de
trocador” e 2- “o problema de cálculo de desempenho do
trocador de calor”. Vimos como esses problemas surgem e
quais as situações mais comuns onde iremos nos deparar
com eles, além de solucionar exercícios em que pelo
menos um dos problemas estava presente.
36 Transferência de Calor

Melhoria no sistema de trocador de calor


INTRODUÇÃO

Levando em conta os vários tipos de trocadores de


calor apresentados nesta unidade, durante os capítulos
anteriores, apreendemos que existe uma equação que
pode ser usada quando todas as temperaturas terminais
necessárias para a avaliação da temperatura média
adequada são conhecidas, tal equação é:
q = UA∆Tmédio

Depois dessa observação, temos como objetivo principal o estudo


e a análise de resolução de alguns problemas encontrados pelos
profissionais que atuam na área de trocador de calor.

Dando continuidade aos nossos estudos, sabemos que há vários


momentos em que o desempenho de um trocador de calor (U) já é
conhecido, dado ou estimado, contudo, as temperaturas do fluido não são
conhecidas. Esse é o tipo de problema encontrado quando um profissional
da área atua na seleção de um trocador de calor ou quando a unidade
foi testada em uma determinada taxa de escoamento, mas as condições
reais de trabalho do equipamento são diferentes das testadas. Podemos
chamar esse problema como problema de classificação ou problema de
estimativa, onde, as temperaturas de saída precisam ser estimadas, dado
o tamanho (A) e o desempenho convectivo (U) da unidade.

Para nos ajudar na solução deste problema, apresentaremos uma


equação para a taxa de transferência de calor que não envolva nenhuma
das temperaturas de saída. A equação a ser apresentada é conhecida
como “eficiência do trocador de calor (ε)”. Podemos definir a eficiência como
sendo a razão da taxa real de transferência de calor em um dado trocador
para a maior taxa de troca possível. Em outras palavras, a eficiência nada
mais é que uma comparação da taxa de transferência de calor real para a
taxa de transferência de calor máxima em que o único limite é a Segunda
Lei da Termodinâmica. Temos duas possibilidades, dependendo apenas
de qual das taxas de capacidade de calor for menor, a eficiência será:
Transferência de Calor 37

Teremos que Cmín será o menor valor dentre as possibi-lidades: mqc,q


e mfc,f. Observemos que o numerador da equação acima é a transferência
de calor real obtida na unidade. Já o denominador da equação nada mais
é do que a transferência de calor máxima entre os fluidos quente e frio no
escoamento pelo trocador de calor, dada sua temperatura de entrada e a
taxa de fluxo de massa correspondente, ou a energia máxima disponível.
Desta forma, representamos a eficiência que significa o desempenho
termodinâmica do trocador de calor.

Uma vez que temos conhecimento da eficiência do trocador,


podemos então determinar a taxa de transferência de calor pela equação:
q = εCmin(Tq,ent – Tf,ent)

A equação apresentada é a relação básica nesta análise, expressa


a taxa de transferência de calor nos termos de eficiência, menor taxa de
capacidade de calor e a diferença entre as temperaturas de entrada,
podendo ser utilizada em projetos, vejamos um exemplo:

Um trocador de calor (condensador) usando vapor da exaustão de


uma turbina na pressão de 10cmHg (13,2kPa) será usado para aquecer
3,15kg/s de água do mar (c = 3,98kJ/kgK) de 16°C para 44°C. O trocador
precisa ser dimensionado para uma passagem pela carcaça e quatro
passagens pelo tubo com 60 circuitos tubulares paralelos de 2,49cm
de diâmetro interno e 2,81cm de diâmetro externo de tubos de latão (k =
100W/mK). Para um trocador limpo, os coeficientes de transferência de
calor médios nos lados de vapor e água são estimados como sendo 3,4 e
1,7kW/m²K, respectivamente. Calcule o comprimento necessário do tubo
para serviços de longo prazo.
38 Transferência de Calor

Dados:

• Caso necessário, utilize 0,00009 como fator de incrustação;

• Para o equacionamento da transferência de calor por área externa


da unidade do tubo, utilize:

Com:

Ud= coeficiente geral de projeto de transferência de calor, W/m²,


baseado na área unitário da superfície do tubo externo;

ho = coeficiente médio de transferência de calor do fluido do lado


externo da tubulação, W/m²K;

hi = coeficiente médio de transferência de calor do fluido dentro da


tubulação, W/m²K;

Ro= resistência à incrustação unitária do lado externo da tubulação,


m²K/W;

Ri= resistência à incrustação unitária do lado interno da tubulação,


m²K/W;

Rk= resistência térmica unitária da tubulação, m²K/W, baseado na


área da superfície externa do tubo;

Ao/Ai = razão entre a área superficial externa e a interna do tubo.

Solução: em 10cmHg, a temperatura do vapor condensando será


de 52°C, então a eficiência necessária do trocador é de:

Substituindo os valores, teremos:


Transferência de Calor 39

Dada a equação para o coeficiente de transferência de calor por


área externa da unidade do tubo, teremos:

A área total Ao é de 60π DoL, e como UdAo/Cmín=1,4, o comprimento


do tubo será de:

Logo, o comprimento será de L=3,86m.

Melhorias de transferência de calor


A melhoria de transferência de calor se resume na modifi-cação de
uma superfície de transferência ou numa seção cruzada do fluxo com
o intuito de aumentar o coeficiente de transferência de calor entre a
superfície e um fluido ou ainda para aumentar a área da superfície para
aguentar cargas maiores de calor com uma diferença de temperatura
menor.

Podemos citar como técnica de melhoria de melhoria de


transferência de calor a introdução de aletas no sistema, o aumento da
rugosidade na superfície, a inserção de fita torcida e tubo em espiral.
Essas técnicas são conhecidas como técnicas passivas de melhoria
de transferência de calor. Agora veremos as técnicas ativas. Podemos
melhorar a transferência de calor pela vibração da superfície ou do fluido,
por campos eletrostáticos ou misturadores mecânicos, essas técnicas
são conhecidas como técnicas ativas justamente por necessitaram a
aplicação de uma força externa.

Neste capítulo, focaremos nas técnicas passivas, uma vez que são
as mais disseminadas no meio industrial, devido a sua facilidade e custo
baixo.
40 Transferência de Calor

A ampliação na transferência de calor, como já dito, pode ser


aumentada com o aumento da turbulência e da área de superfície,
melhorar a mistura ou espiralar o fluxo. Esses efeitos implicam diretamente
no aumento na queda de pressão e na transferência de calor. Contudo,
com um trabalho em paralelo da avaliação de desempenho adequado e
otimização, é possível atingir uma melhoria significativa da transferência
de calor nominal, sendo a base para uma imensa variedade de aplicações.
As vantagens das técnicas de melhoria de transferência de calor são:

• Reduzir a área de superfície de transferência de calor necessária


para determinadas aplicações;

• Reduzir o tamanho e o custo do trocador de calor;

• Aumentar a carga de calor do trocador;

• Permitir uma abordagem mais próxima às temperaturas;

Toda e qualquer aplicação prática irá requerer uma análise completa


para determinar com precisão o grau do benefício que será trazido a níveis
econômicos e de melhoria de processo. Há alguns itens fundamentais
que o profissional deve sempre levar em conta: possível aumento do custo
inicial devido a implantação de um novo processo ou alteração de um
processo já existente; aumento do desempenho da transferência de calor
do trocador; o efeito nos custos operacionais e os custos de manutenção.

Aplicações
Foram desenvolvidos critérios de classificação das diversas formas
de melhoria e suas aplicações. Para tal, foi considerado basicamente
a condição de escoamento do fluido (convecção natural, convecção
forçada, ebulição em vaso, ebulição do fluxo, condensação, condução,
etc.), além de ser classificado também pelo tipo de técnica de melhoria,
entre as que já foram citadas, temos: superfície áspera (rugosidade),
superfície estendida, dispositivo de melhoria deslocada, fluxo em espiral,
aditivos de fluidos, vibrações e outras. A Tabela 3 explica melhor como
cada técnica de melhoria é aplicada aos diferentes tipos de fluxo:
Transferência de Calor 41

Tabela 3 – Aplicações das técnicas de melhoria aos diferentes tipos de fluxos.

Convecção Convecção Recipiente


Ebulição Conden-
natural de forçada de de
de fluxo sação
fase única fase única ebulição
Superfícies estendidas c c c o c
Superfícies rugosas o c o c c
Dispositivos de melhoria
n o n o n
deslocados
Dispositivos de fluxo em espiral n c n c o
Superfícies tratadas n c c o c
c: praticados comumente.
o: praticados ocasionalmente.
n: não praticado.
Fonte: Adaptado de KREITH, 2016.

Vejamos agora a discussão individual de cada uma das categorias


da tabela acima.

• As superfícies estendidas normalmente possuem forma de aleta


quando o objetivo é forçar o redesenvolvimento da camada limite.
Esse tipo de técnicas é utilizado em aplicações como radiadores
automotivos e em regeneradores de turbina a gás.

• As superfícies rugosas estão relacionadas a pequenos elementos


de aspereza relativamente alta. Há diversos materiais que são
utilizados como elementos de aspereza estruturada. É importante
lembrar que esses elementos não implicam no aumento da área
superficial, e caso isso venha a ocorrer, a classificação deixa
de ser superfície rugosa para se tornar superfície estendida. Os
elementos ásperos podem ter diversos tamanhos e formatos,
como uma superfície coberta de área, ou uma superfície com
estrias ou pirâmides usinadas. A principal utilização é para auxiliar
na transferência de calor em uma convecção forçada de fase única.

• Dispositivo de melhoria deslocada estão inseridos no canal do


fluxo para aumentar a mistura que acontece entre o fluxo e a
superfície de transferência de calor.

Podemos citar como exemplo o misturador estático na forma de


uma série de laminas corrugadas que servem para auxiliar na mistura de
escoamento bruto. Normalmente, o dispositivo de melhoria deslocada é
42 Transferência de Calor

utilizado na convecção forçada de fase única. Outro exemplo que podemos


citar é na indústria química no processo térmico em meio viscoso, utilizado
para aumentar a mistura dos fluidos envolvidos, aumentando também a
transfe-rência de calor e/ou de massa.

• Dispositivo de fluxo espiral: nessa categoria, a melhoria acontece


devido aos fluxos de espiral secundária ou helicoidal que se formam
devido a geometria do escoamento em espiral e ao aumento do
comprimento do trajeto do fluxo no tubo. São geralmente utilizados
em fluxo forçado de fase única e em sua ebulição.

Como exemplo, podemos citar a inserção de fita torcida muito


utilizado dentro de tubos de um trocador de calor.

• Superfície tratada consistem em estruturas de superfície muito


pequenas. Na condensação, o efeito pode ser melhoria ao
estimular a formação de pequenas gotículas ao invés de um filme
na superfície (que é o que normalmente acontece). Esse efeito
é alcançado ao cobrir a superfície com um material que torna a
mesma impermeável.

Análise das técnicas de melhoria


Já foi explicada, no decorrer das apostilas, a necessidade de uma
boa análise para a aplicação de qualquer técnica de melhoria. A análise
profunda vai determinar os benefícios potenciais da técnica a ser aplicada.
Não existe uma comparação de técnicas, uma vez que a transferência
de calor pode ser usada para atingir diversos objetivos, não sendo
possível, portanto, realizar a comparação. No entanto, existem fatores
de melhoramento que podem ser generalizados como desempenho
hidráulico e térmico da superfície.

Na Tabela 4 abaixo, estão ilustrados os principais fatores a serem


analisados. Os fatores que podem variar precisam ser levados em conta
na análise e serem ajustados para o alcance do objetivo, esse objetivo
pode ser, por exemplo, aumentar a carga de calor, a área de superfície
mínima ou reduzir a queda de pressão.
Transferência de Calor 43

Tabela 4 – Variáveis de análise da melhoria de transferência de calor.

Símbolo Descrição Comentários


- Tipo de técnica de aprimoramento -
Desempenho térmico da técnica Determinado pela escolha da
Nu
de aprimoramento técnica
Desempenho hidráulico da técnica Determinado pela escolha da
f
de aprimoramento técnica
Provavelmente uma variável
Re Número de Reynolds do fluxo
independente
Diâmetro hidráulico de passagem Pode ser determinado pela escolha
Dh
do fluxo da técnica
Comprimento da passagem de Geralmente uma variável
L
fluxo independente com limites
Pode ser determinado pela escolha
- Arranjo de fluxo
da técnica
Pode ser determinado pela
LMTD Temperaturas de fluxo terminal
aplicação
Provavelmente uma variável
Q Taxa de transferência de calor
independente
Área da superfície de transferência Provavelmente uma variável
As
de calor independente
Provavelmente uma variável
Δp Queda da pressão
independente
Fonte: Adaptado de KREITH, 2016.

Trocadores de calor em microescala


Com o grande avanço tecnológico na área da microele-
trônica e dispositivos trocadores e dissipadores de fluxo de calor, uma
vasta gama de novos trocadores em microescala tem sido pesquisados
e desenvolvidos para atender as necessidades tecnológicas que temos
hoje. Tem-se em sua estrutura, a incorpo-ração de canais em microescala
que exploram os benefícios de coeficientes de transferência de calor de
alta convecção.

As aplicações dos trocadores de calor em microescala incluem


sumidouros de calor por meio de micro canais; micro trocadores de calor
e micro tubos de calor, além de dispositivos médicos, sondas espaciais,
satélites entre outras aplicações.
44 Transferência de Calor

Figura 6 – Ilustração de microchips onde podem


ser aplicados os trocadores de calor em microescala.

Fonte: Freepik
Transferência de Calor 45

RESUMINDO

Para finalizar a terceira apostila, no quarto capítulo


trabalhamos com as melhorias possíveis de serem
realizadas em um sistema trocador de calor. Aprendemos
algumas técnicas existentes que podem auxiliar na melhoria
do sistema, entre elas, temos as técnicas ativas, que
recebem esse nome por necessitarem de uma aplicação
de força externa. Podemos citar como exemplo a vibração
da superfície ou do fluido por campo eletroestático ou
por misturador mecânica. Temos também as técnicas
passivas que não necessitam de uma força externa, como
o aumento da rugosidade na superfície, a inserção de fita
torcida e tubo em espira. Aprendemos também algumas
das vantagens que as técnicas de melhoria de transferência
de calor proporcionam, como a redução da área de
superfície de calor necessária para a aplicação, redução
do tamanho e do custo do trocador de calor, aumento da
carga de calor do trocar, entre outras. Enfatizamos, aqui, o
que um profissional da área deve levar em conta na hora de
otimizar um processo de trocador e calor: possível aumento
do custo inicial devido a implantação de um novo processo
ou alteração de um processo já existente; aumento do
desempenho da transferência de calor do trocador; o
efeito nos custos operacionais e os custos de manutenção.
Ainda nesse capítulo, foram apresentadas uma série de
aplicações e foram tabeladas as variáveis de melhoria
da transferência de calor. Para finalizar, apresentamos a
tendência do mercado que é o trocador de calor em mini
escala, uma tecnologia relativamente nova que ainda tem
muito a crescer e evoluir.
46 Transferência de Calor

BIBLIOGRAFIA
SEARS, F. W., ZEMANSKY, M. W. Física. Brasília, v. 2, Ed. Universidade
de Brasília, 1973.

KREITH, F., MANGLIK, R. M., BOHN, M. Princípios de Transferencia


de Calor. São Paulo, v. 1, Sétima Edição. Cengage Learning, 2016.

INCROPERA, F. P., WITT, D. P., Fundamentos de transfe-rência de


calor e massa, 6ª edição, Rio de Janeiro, LTC, 2012.

CENGEL, Y. A., GHAJAR, A. J. (2012) Transferência de Calor e Massa,


4ª edição, McGraw-Hill/Bookman, São Paulo.{Bibliography}

A. BEJAN; Transferência de calor, Ed. markon, 1995.

MORAES, M. B. S. A. Convecção. Página inicial. Disponível em:


<https://bit.ly/2UXaeF4. Acesso em: 20 de jan. de 2020.
Transferência de Calor
Felipe Delapria Dias dos Santos

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