Você está na página 1de 53

Energias

Renováveis
Unidade I
Energia nuclear e as termoelétricas
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
RAFAELA FILOMENA ALVES GUIMARÃES
AUTORIA
Rafaela Filomena Alves Guimarães
Olá. Sou graduada e mestra em Engenharia Elétrica pela
Universidade Estadual Paulista (UNESP), com uma experiência técnico-
profissional de 20 anos na área de Engenharia. Passei por empresas
como Telefônica S. A., Combustol Indústria e Comércio Ltda. e lecionei
disciplinas relacionadas à Engenharia Elétrica por mais de 6 anos. Ainda,
publiquei livros nas áreas de Engenharia Elétrica e de Produção. Sou
apaixonada pelo que faço e adoro transmitir conhecimento àqueles que
estão iniciando em suas profissões. Por conta disso, fui convidada pela
Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.
Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de apresentar um
de uma nova novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Relação entre a energia e a economia mundial............................. 10
Aspectos gerais sobre energia.....................................................................................................................10

Energia e Economia.................................................................................................................................................15

Centrais termoelétricas........................................................................................................................................ 18

Tipos de combustíveis............................................................................... 21
Combustíveis e termoelétricas.....................................................................................................................21

Combustíveis não renováveis........................................................................................................................23

Carvão mineral................................................................................................................26

Gás natural.........................................................................................................................27

Combustíveis renováveis...................................................................................................................................27

Energia nuclear............................................................................................. 31
Aspectos básicos e características da energia nuclear........................................................31

Aspectos negativos da geração termoelétrica............................................................................36

Precauções e segurança na usina nuclear......................................................................................37

Usinas nucleares no Brasil e no mundo..............................................................................................39

Importância da geração termoelétrica.............................................. 41


A história da eletricidade no Brasil.............................................................................................................41

Energia no Brasil.........................................................................................................................................................45

Bandeiras de energia.............................................................................................................................................47
Energias Renováveis 7

01
UNIDADE
8 Energias Renováveis

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área de Energias Renováveis é uma das que
mais cresce no Brasil e já gerou até 2017 mais de 10 milhões empregos
no mundo todo? Isso mesmo. A área de Energias Renováveis faz parte
da cadeia de geração de energia limpa e renovável do Sistema Elétrico
de Potência (SEP) de um país e é compreendida pelos combustíveis
renováveis, vento, sol e quedas de água.

A exaustão das reservas de combustíveis fósseis, além dos conflitos


em muitos países produtores, juntamente com os problemas ambientais
causados pelos poluentes emitidos por estes combustíveis, evidencia
que esses recursos energéticos não poderão continuar a ser fontes
principais de energia utilizadas pelo homem. Essas matrizes, baseadas
em gases oriundos de petróleo e carvão, são responsáveis pela emissão
de gás carbônico na atmosfera, o que aumenta o efeito estufa e eleva
a temperatura da Terra. Daí a importância fundamental da utilização de
matrizes renováveis como fontes para a produção de energia elétrica, pois
esses combustíveis não poluem o Meio Ambiente e não dependem de
fatores geopolíticos. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai
mergulhar neste universo!
Energias Renováveis 9

OBJETIVOS
Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Energia nuclear e as
termoelétricas. Nosso objetivo é auxiliar você no alcance dos seguintes
objetivos até o término desta etapa de estudos:

1. Identificar a relação entre a energia elétrica e o desenvolvimento


de um país.

2. Compreender como funciona a geração de energia termoelétrica


a partir de combustíveis renováveis.

3. Identificar os diferentes tipos de geração de energia termoelétrica.

4. Identificar os diferentes tipos de geração de energia termoelétrica,


como biomassa, energia nuclear e combustíveis fósseis.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
10 Energias Renováveis

Relação entre a energia e a economia


mundial
OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos compreender a importância da


obtenção de energia elétrica a partir de fontes renováveis
e como funciona a geração de energia elétrica a partir de
um processo térmico. Isto será primordial para o exercício
de sua profissão. No processo de geração de energia, a
fundamental o entendimento sobre como a energia térmica
é transformada em energia elétrica. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Avante!

Aspectos gerais sobre energia


A energia elétrica é um bem de consumo que vem apresentando
um aumento na sua utilização e importância ao longo do tempo. Dessa
forma, a eletricidade é considerada como um insumo básico presente
nos processos de produção industrial e que também exerce impactos no
campo da prestação de serviços e no comércio como um todo, também
sendo responsável por fornecer um certo conforto para o âmbito domiciliar.

Assim, verificou-se que houve um aumento considerável no


âmbito do consumo mundial de energia, a partir da Era Industrial, o qual
foi incentivado nos últimos 200 anos. A energia elétrica é considerada
a base do desenvolvimento das indústrias e, por meio dela, diversos
andamentos e avanços quanto à produção social podem ser alcançados.
Diante disso, todos os países industrializados que contam com a taxa de
desenvolvimento do setor da energia, para tanto, é necessário que a taxa
de desenvolvimento elétrico seja adequada para que essas questões
sejam observadas.

O uso da energia elétrica é de extrema importância para a prática de


diversas atividades cotidianas, sendo de extrema relevância no alcance
do desenvolvimento das sociedades presentes na atualidade. Através do
uso da eletricidade, é possível que ela seja convertida com a intenção de
Energias Renováveis 11

gerar luz, força para movimentar motores e fazer funcionar vários produtos
elétricos e eletrônicos que possuímos em nossas residências, assim, é
por meio da utilização da energia que podemos usar o computador, a
geladeira, o chuveiro elétrico, entre outros equipamentos.
Figura 1 – Uso das geladeiras depende de energia elétrica

Fonte: Pixabay.

Pare e pense um pouco sobre as atividades que você executa no


seu dia a dia e imagine como seria efetuá-las sem a energia elétrica.
A partir dessa reflexão, podemos entender o quanto a energia elétrica
se faz presente em todas as esferas da atividade humana, assim, são
fundamentais no âmbito da indústria, agricultura, ciência e espaço,
perante as questões no âmbito do cotidiano.

Entre as propriedades específicas do uso da energia elétrica,


precisam ser citadas:

• Capacidade de transformação em todos os tipos de energia.

• Capacidade de transmissão com a intenção de gerar facilidades


por longas distâncias em grandes quantidades.

• Grandes velocidades relativas ao processo eletromagnético.

• Capacidades voltadas para a adaptação da energia.


12 Energias Renováveis

• Fontes de energia, como é o caso da energia nuclear e da energia


solar.

A energia elétrica presente no âmbito industrial é usada com


a intenção de impulsionar os mecanismos relativos aos processos
tecnológicos, assim, sem a energia, os meios de comunicação
sofreriam impactos marcantes, pois através dessa utilização houve o
desenvolvimento da cibernética, tecnologia da computação e tecnologia
presente no âmbito espacial; sem ela, tais avanços não seriam possíveis.

A energia também é importante para o uso da eletricidade, assim, a


eletricidade desempenha um papel de extrema relevância na indústria de
transporte. Diante disso, o transporte elétrico emite um menor índice de
poluição, assim, entre as modalidades de transportes, pode-se mencionar
o transporte ferroviário eletrificado.

A energia elétrica também apresenta uma relação com as questões


ambientais, podendo promover impactos positivos, mas também atinge
negativamente, sendo assim, a eletricidade é responsável por afetar
âmbitos como:

• Atmosfera – consumo de oxigênio, emissões de gases, umidade


e partículas sólidas.

• Hidrosfera – consumo de água, criação de reservatórios artificiais,


descargas de água poluída.

• Biosfera –menção às emissões das substâncias tóxicas.

• Litosfera – mudança de paisagem e consumo de combustíveis.

Atualmente, o tipo de energia elétrica utilizada com mais frequência


é a de origem hidráulica, sendo que essa energia faz uso do potencial
hidráulico relativo a um rio, como as questões envolvendo os seus
desníveis naturais e as suas quedas d’água, bem como a construção de
barragens, para que a energia possa ser gerada.

Assim, a geração hidráulica relaciona-se à vazão do rio, em outras


palavras, a energia hidráulica depende da quantidade de água disponível,
o período em que ela se faz presente e a altura da queda atrelada a ela,
Energias Renováveis 13

assim, é a composição desses parâmetros e aspectos que indicam o


potencial de energia elétrica que pode ser aproveitado.

Diante disso, é preciso que a usina hidrelétrica seja composta por


alguns aspectos que envolvem questões como:

• Barragens.

• Sistemas de captação.

• Adução de água.

• Casa de força.

• Comportas.

Cada um desses impactos vai significar e implicar em alguma


modalidade de obra e de instalação que precisam ser projetadas para
que unidas possam funcionar de forma adequada. A água é a responsável
por fazer a turbina girar e dessa forma a energia mecânica é convertida e
transformada em energia elétrica.

Contudo, essa não é a modalidade de energia elétrica que merece


atenção, tendo em vista que a energia pode ser gerada e atrelada a
outros fatores e aspectos. Dessa forma, o sol e o vento são enquadrados,
assim como a água, como fontes de energia limpa, já que através da
utilização desses, um baixo índice de produção de poluente será gerado
em todas as suas fases, sejam essas vinculadas ao âmbito da produção,
distribuição e do consumo, além disso, essas também devem e precisam
ser enquadradas como fontes renováveis.

Essas fontes renováveis são enquadradas dessa maneira, pois


através delas não há a liberação de dióxido de carbono na atmosfera
durante o processo em que a energia é gerada.

Entre os tipos de energia elétrica, podem ser citados:

• Energia hidrelétrica.

• Energia eólica.

• Energia solar.

• Energia biomassa.
14 Energias Renováveis

• Energia maremotriz.

• Energia geotérmica.

• Combustíveis fósseis.

• Energia nuclear.

Além disso, menciona-se que assim como existem fontes


renováveis, também é necessário que uma certa atenção e destaque
seja dado para as fontes de energia não renováveis, que são aquelas
que podem se esgotar, como é o caso do petróleo, gás natural e carvão
mineral.

Quando se fala nos aspectos gerais acerca da energia, é de extrema


importância que seja dado ênfase a uma distinção específica atrelada às
energias. Diante disso, destaca-se a energia convencional e a energia
incentivada.

A primeira, ou seja, a denominada energia convencional, será aquela


produzida em ambientes como usinas hidrelétricas e termelétricas, sendo
essas as modalidades de geração elétrica tidas como mais comuns e
frequentes no território brasileiro.
Figura 2 – Energia solar

Fonte: Pixabay.
Energias Renováveis 15

Por sua vez, a energia incentivada é aquela através da qual são


utilizadas as fontes renováveis de energia, e são dotadas e provocadoras
de pouco impacto ambiental, como é o caso da energia solar, da biomassa
e do biogás.

Energia e Economia
Na maioria dos países, nos quais o consumo de energia comercial
per capita está abaixo de uma tonelada equivalente de petróleo (TEP) por
ano, as taxas de analfabetismo, mortalidade infantil e fertilidade total são
altas, enquanto a expectativa de vida é baixa. Ultrapassar a barreira de
1 TEP/capita parece ser, portanto, essencial para o desenvolvimento. À
medida que o consumo de energia comercial per capita aumenta para
valores acima de 2 TEP/capita (ou mais), como é o caso dos países
desenvolvidos, as condições sociais melhoram consideravelmente. O
consumo médio per capita nos países industrializados da União Europeia
é de 3,22 TEP/capita, enquanto a média mundial é da ordem de 1,66 TEP/
capita.

As energias renováveis neste cenário terão um papel fundamental


no futuro para que o aumento desta geração de energia nos países em
desenvolvimento ocorra de forma sustentável. O Brasil é pioneiro neste
campo, pois mais de 55% da nossa matriz energética é oriunda de fontes
renováveis, enquanto somente 14% tem a mesma fonte no resto do mundo.

O modelo que definiu o sistema elétrico como é utilizado


atualmente foi estabelecido por Samuel Insull (1859–1938) a partir da
empresa Chicago Edison Company. Podemos dizer, a respeito da indústria
de energia elétrica, que ela é baseada em quatro pilares fundamentais:

• Consumo de massa – fornecer energia elétrica a consumidores


conectados em uma grande rede elétrica interconectada
economicamente vantajoso, uma vez que há um aumento na
confiabilidade. O sistema possui várias empresas gerando energia
através de diferentes fontes para garantir que sempre haverá
disponibilidade de eletricidade.
16 Energias Renováveis

• Economia de escala – aumento na produção de energia elétrica


resulta na diminuição dos custos por unidade de energia
produzida, bem como garantia de entrega da energia elétrica;
quanto mais energia se produz, mais barata se torna sua produção,
o maior custo se concentra na construção das usinas e não na sua
operação.

• Estratégia de Marketing – descontos proporcionais ao consumo de


energia elétrica (sell more and charge less – vender mais e cobrar
menos). Quanto mais consumidores atendidos, menor será o valor
da energia, e, quem consumir mais paga menos por kWh.

• Regulação – estabilidade de investimentos a uma indústria


de capital intensivo e grande interação política. As agências
reguladoras tem o papel de definir o valor do kWh e de regular
o mercado (qual composição da matriz energética será utilizada,
qual turbina está parada para manutenção, se devemos utilizar
mais usinas térmicas na produção de energia elétrica devido
à pouca quantidade de chuvas e poupar a água existente nos
reservatórios). No Brasil, este papel é feito pelo ONS (Operador
Nacional do Sistema).

É importante ressaltar que o sistema é just in time, ou seja, a energia


gerada é utilizada quase que instantaneamente, não sendo possível
o armazenamento de energia para uso posterior (é claro que se pode
armazenar uma pequena quantidade de energia em baterias, mas não
no Sistema Elétrico de Potência – SEP - como um todo, geralmente se
armazena água para se aumentar a produção). Isto quer dizer que deve
ser um sistema preciso (devemos calcular qual é a quantidade de energia
necessária para ser produzida ao longo do dia) e qual modalidade de
geração deve ser introduzida na matriz energética primeiro (a energia
mais barata, ou seja, aquela usina que já está amortizada no sistema, ou a
mais nova a entrar em operação? Pois temos que proporcionar o retorno
do investidor que injetou dinheiro na construção de uma nova usina para
termos um ciclo em constante expansão).
Energias Renováveis 17

Qualquer sistema elétrico deve garantir o suprimento de energia aos


consumidores, de forma confiável e ininterrupta, respeitando os limites de
variação de frequência e tensão (é claro que temos outros indicadores
de qualidade de energia, mas estes são os principais). Neste contexto,
os grandes desafios técnicos dos sistemas elétricos interligados residem
nas etapas de especificação, projeto e operação, de modo a garantir sua
integridade nas mais diversas situações:

• Na presença de variações instantâneas no consumo de energia:


conexão e desconexão de cargas. A inserção de grandes cargas
no sistema pode afetar a rede ou um grande evento (por exemplo
o capítulo final de uma novela, a final de um evento esportivo).

• Na eventualidade de distúrbios: curtos-circuitos nos equipamentos


que compõem os sistemas, perdas de grandes blocos de carga
(geralmente estes eventos ocorrem por condições atmosféricas
como tempestades ou acidentes que possam derrubar uma rede
de energia, erros de operação).

A quantidade de energia consumida é chamada de carga e é


calculada ao longo de 24 horas. Quando usamos este período, temos
um gráfico e a ele damos o nome de curva de carga. As curvas de carga
variam dependendo do dia (dia de semana, final de semana), estação
do mês (inverno, verão) e setor que está utilizando a energia (indústria,
comércio, residências). Na maior parte do tempo, o pico deste consumo é
à noite, quando as pessoas chegam do trabalho e ligam vários aparelhos
eletrônicos ao mesmo tempo (período entre 18h a 21h na maior parte do
país), mas algumas vezes, devido ao calor intenso, este pico acontece
durante o dia por volta das 14h, quando a temperatura está muito elevada
e todos ligam o ar condicionado ou ventiladores.
18 Energias Renováveis

Figura 3 – Curvas de carga

Fonte: Ilumina (2019).

Centrais termoelétricas
A energia não pode ser criada, apenas transformada de uma forma
para outra. Essa lei é conhecida como a 1ª Lei da Termodinâmica ou Lei da
conservação de energia. Utilizamos uma fonte mecânica (vapor, hidráulica,
vento, luz solar) de energia (térmica, gravitacional, eólica, fotovoltaica)
para transformarmos este tipo primário de energia em energia elétrica,
pois esta energia pode ser transportada de um ponto para outro e a
convertamos novamente em energia mecânica, luminosa e calorífica para
sua utilização em nossa vida cotidiana. Nesta unidade, estudaremos a
geração de energia termoelétrica.

A energia é gerada através da transformação da energia térmica em


energia mecânica e depois em energia elétrica. A conversão da energia
térmica em mecânica se dá através do uso de um fluido que produzirá
trabalho em seu processo de expansão. O acionamento mecânico de
um gerador elétrico acoplado ao eixo da turbina permite a conversão de
energia mecânica em elétrica
Energias Renováveis 19

A geração de energia a partir de uma fonte térmica engloba várias


fontes, como por exemplo: gás natural, biomassa (no Brasil utilizamos
principalmente o bagaço de cana-de-açúcar), nuclear e carvão mineral.
Todos esses materiais, com exceção da nuclear, são queimados para
alimentar uma caldeira que gera vapor para alimentar uma turbina a vapor
(ciclo utilizado na cogeração), ou alimentar diretamente uma turbina a gás,
e o que não for utilizado deste vapor alimenta uma turbina de recuperação
de calor que alimenta a caldeira e ela alimenta a turbina a vapor (este ciclo
é chamado de ciclo combinado). Na geração de energia nuclear existe a
liberação do calor por meio da fissão do átomo (quebra do átomo) e este
calor alimenta a turbina.

Nessa perspectiva, a energia das termoelétricas são geradas por


meio da obtenção de calor que partem de uma determinada fonte, e na
atualidade, essa modalidade de energia corresponde a um quarto da
potência elétrica que está instalada em nosso país

A energia termoelétrica é aquela eletricidade que se obtém por


meio da conversão da energia térmica em energia elétrica, e para que
esse processo ocorra e seja caracterizado, é preciso que se efetue, dentro
das usinas termoelétricas, a queima de um determinado material para
que o calor seja obtido

Essa modalidade de energia é tida como uma forma bastante


viável, principalmente nas hipóteses em que se verifica a escassez de
outras fontes de energia. Uma outra característica positiva das usinas
termoelétricas envolve a fácil localização dessas usinas. Contudo, como
ponto negativo, cita-se o seu alto custo e a emissão de gases que poluem
a atmosfera.
20 Energias Renováveis

RESUMINDO:

Ao longo do presente capítulo, pudemos discutir alguns dos


aspectos que são tios como fundamentais para a energia
elétrica. Diante disso, aprendemos que existem diversas
modalidades de energia, sendo algumas produzidas a
partir de fontes renováveis de energia, enquanto outras
partem de fontes não renováveis, assim, entre os principais
tipos de energia, podem ser citados: a energia hidrelétrica,
a energia eólica, a energia solar, a energia biomassa, a
energia geotérmica, a energia nuclear e combustíveis
fósseis, dentre outras.
Também aprendemos qual a relação que pode ser firmada
e que é estabelecida entre energia e eletricidade. Além
disso, também aprendemos que a energia termoelétrica
é aquela que é gerada por meio da obtenção de calor,
sendo que essa será retirada de uma fonte determinada.
Destaca-se que no âmbito do Brasil, essa modalidade de
energia ocupa o quarto lugar da potência elétrica presente
no território nacional.
Energias Renováveis 21

Tipos de combustíveis
OBJETIVO

Neste capítulo, vamos entender como funciona a geração de


energia termoelétrica a partir da utilização de combustíveis
renováveis. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então, vamos lá. Avante!

Combustíveis e termoelétricas
A produção de energia térmica pode se dar pela transformação de
energia química dos combustíveis por meio do processo da combustão,
ou da energia nuclear dos combustíveis radioativos, com a fissão nuclear.
As centrais, cuja geração é baseada na combustão, são conhecidas como
termoelétricas; as centrais termoelétricas baseadas na fissão nuclear são
chamadas de centrais nucleares.

Os combustíveis mais usuais das centrais termoelétricas são:

• Derivados de petróleo.

• Carvão mineral.

• Gás natural.

• Nucleares.

• Biomassa.

Nesse cenário, pode ser citado o aproveitamento da energia


geotérmica renovável, assim como o da energia solar, que além de
poder ser diretamente utilizada para geração de energia elétrica, como
ocorre no caso dos painéis fotovoltaicos, pode ser fonte direta de calor
para uma usina termoelétrica, nas denominadas centrais heliotérmicas ou
termossolares.

Os combustíveis podem ser classificados como:

• Renováveis.

• Não renováveis.
22 Energias Renováveis

Uma fonte não renovável é definida como uma fonte que demora
muito mais tempo para se formar do que nós levamos para consumi-
la. O petróleo levou milhares de anos para ser produzido a partir da
decomposição de matéria orgânica (restos de animais e plantas) coberta
por extensas camadas de solo (utilizamos seus derivados como o gás
natural, carvão mineral, gás de xisto). Também podemos incluir nesta
categoria os combustíveis radioativos (utilizamos o urânio, tório e plutônio).

Já as fontes renováveis são aquelas que se renovam mais


rapidamente do que nossa capacidade de as consumirmos. Os melhores
exemplos dessas fontes são: as águas, o vento, a incidência de raios
solares e até a biomassa (material que sobra de um processo industrial,
como o bagaço da cana, que é a sobra da produção de açúcar e álcool,
ou material advindo de florestas manejadas, como o carvão vegetal ou o
tratamento de lixo urbano).

Os combustíveis renováveis e não renováveis serão estudados


separadamente devido a suas características conflitantes quanto ao
aquecimento global e a construção de um modelo de geração sustentável.
Figura 4 – Usina térmica a gás natural com produção de CO2.

Fonte: Freepik.
Energias Renováveis 23

EXPLICANDO MELHOR:

O principal problema das centrais termelétricas a


combustíveis fósseis é a emissão de gás carbônico (CO2)
na atmosfera, gás causador do efeito estufa. Essa geração
de energia é a segunda maior produtora dos gases que
causam o efeito estufa, perdendo apenas para o setor de
transportes. Uma desvantagem desse tipo de geração é
o valor do MW (lemos Mega Watt). A geração de energia
a partir de combustíveis fósseis, gás natural e carvão
mineral é mais cara do que a geração de energia a partir
de energias renováveis. A vantagem é que esta usina
pode ser construída mais rapidamente do que uma usina
hidroelétrica.

Combustíveis não renováveis


Atualmente, a grande maioria dos combustíveis utilizados no mundo
é fóssil, com participação do petróleo (1º lugar), carvão mineral (2º lugar) e
gás natural (3º lugar), na faixa de 80% do total da energia primária ofertada.
Na produção de energia elétrica, o carvão tem sido mais utilizado que o
petróleo. A participação do petróleo é majoritária no setor de transportes.
Outro aspecto importante a ser considerado é que as reservas mundiais
de petróleo, gás natural, carvão mineral e xisto na matriz energética
mundial ainda pode durar um longo tempo se não ocorrerem mudanças
drásticas devido à pressão popular resultante dos problemas ambientais
que estes combustíveis causam ao meio ambiente.

Nesse contexto, há considerações de que uma transição maciça


para as fontes primárias renováveis, se e quando ocorrer, terá como
ponte de conexão o gás natural. Algumas tecnologias desenvolvidas
atualmente, como a captura de CO2 da atmosfera e seu armazenamento
em cavernas ou poços já utilizados de combustível fóssil, podem diminuir
o impacto ambiental desses materiais, mas o custo elevado ainda impede
sua utilização de forma significativa.

No Brasil, a participação do petróleo e do gás natural têm


aumentado na participação da matriz energética brasileira como energia
24 Energias Renováveis

complementar ou de reserva, com vistas a aumentar a segurança (de


suprimento) do sistema elétrico brasileiro em época de estiagem de
chuvas.
Figura 5 – Plataforma de exploração de petróleo

Fonte: Freepik.

DEFINIÇÃO:

O petróleo, também conhecido como óleo cru, é o produto


do material orgânico decomposto através de milhares de
anos e geralmente se situa em depósitos subterrâneos dos
quais é retirado por meio de poços. É formado basicamente
por hidrocarbonetos, de fórmula geral CnHn, dos quais saem
seus inúmeros derivados por destilação nas refinarias de
petróleo. Sua utilização como combustível implica danos
ambientais atmosféricos, pois emite óxidos de enxofre,
nitrogênio e carbono, contribuindo para o efeito estufa,
além de outros danos socioambientais relacionados a
vazamentos tanto de petroleiros como de oleodutos.
Energias Renováveis 25

No Brasil, as reservas de petróleo têm se expandido fortemente


nas duas últimas décadas. Hoje somos autossuficientes na produção
de petróleo, ou seja, produzimos todo o petróleo que necessitamos. A
bacia que mais produz petróleo e gás natural localiza-se no município de
Santos (SP), seguida da bacia localizada no munícipio de Campos (RJ). O
Brasil ainda importa petróleo, pois a maioria das suas refinarias é feita para
óleos leves, e produzimos óleos pesados que são exportados, gerando
um saldo positivo na balança comercial.

A geração de energia elétrica, em sua maioria, é feita a partir do


gás natural. A geração de energia elétrica com base no diesel ocorre
principalmente em áreas rurais e mesmo urbanas em regiões isoladas.
Os geradores a diesel são utilizados como energia de reserva para
emergências em praticamente todas as unidades de consumo de médio
ou grande porte, por exemplo: hospitais, shopping centers, subestações
elétricas, indústrias e prédios confiam na geração a diesel no caso de falta
de energia elétrica.
Figura 6 – Gerador a diesel utilizado como emergência

Fonte: Pixabay.
26 Energias Renováveis

Carvão mineral
O carvão mineral ocupa a segunda posição na matriz energética
mundial em razão de seu baixo custo, que varia de região para região, em
função principalmente do peso que o transporte tem no seu custo final.
Por se tratar de um combustível sólido, o carvão apresenta maiores custos
de transporte que o petróleo, que é líquido e pode ser transportado por
meio de oleodutos, e que o gás natural, transportado nos gasodutos.
Essa diferença de custos e a característica rígida da produção de carvão
fazem com que apenas uma pequena parcela da produção mundial seja
comercializada internacionalmente.

O carvão mineral é altamente poluente e grande parte do seu


consumo mundial é voltado para a geração de energia termoelétrica.
Embora as emissões de NOx e SOx possam ser reduzidas, a grande
quantidade de CO2 emitida traz enormes impactos sobre o Meio Ambiente,
ao contrário da biomassa, que absorve o CO2 emitido. A geração com
queima em leito fluidizado e a gaseificação do carvão são técnicas que
foram desenvolvidas para mitigar estes efeitos nocivos.

No Brasil, o carvão mineral é encontrado em cinco grandes regiões:


Alto Amazonas, Rio Fresco, Tocantins-Araguaia, Piauí Ocidental e Região
Sul. O carvão mineral tem uma participação de aproximadamente 5,7% na
geração de energia elétrica no país por conta de sua pouca ocorrência,
das características pobres do carvão disponível (baixo poder calorífico)
e dos impactos negativos. As usinas termoelétricas se localizam no Rio
Grande do Sul e em Santa Catarina. Observe o Quadro 1, a seguir.
Quadro 1 – Diferença entre carvão mineral e carvão vegetal

O carvão vegetal é proveniente da queima


O carvão mineral é extraído de minas.
de madeira.
Fonte: Elaborado pela autora (2022).
Energias Renováveis 27

Gás natural
Basicamente composto por metano (seu principal componente),
etano, propano, butano e outros mais pesados, o gás natural é o
nome dado a uma mistura de hidrocarbonetos e impurezas. Estas e os
contaminantes (dióxido de carbono e gás sulfídrico) são removidos antes
de sua utilização comercial.

VOCÊ SABIA?

O gás natural é hoje o terceiro combustível na matriz


energética mundial e pode, com exceção do querosene de
aviação, substituir qualquer combustível sólido, líquido ou
gasoso. Embora seja uma fonte não renovável, apresenta
vantagens ambientais relevantes quando comparado ao
petróleo e ao carvão mineral, pois sua composição faz
com que seja pouco poluente, restringindo seus efeitos
basicamente à emissão de CO2. O maior entrave à sua
utilização é o alto custo inicial da construção da malha de
gasodutos, que o encarece frente aos preços do petróleo
e do carvão mineral. Sua chama é azul, diferente do gás de
cozinha, que tem a chama amarela-vermelhada.

ACESSE:

Faça a leitura do artigo Um novo pré-sal do gás brasileiro,


sobre a última reserva descoberta na costa do Nordeste,
que pode reduzir o preço do gás e atrair 200 bilhões em
investimentos para a expansão do mercado no Brasil nos
próximos anos. Acesse clicando aqui.

Combustíveis renováveis
A biomassa é aproveitada energeticamente por meio do uso do
etanol, bagaço de cana, carvão vegetal, óleo vegetal, lenha e outros
resíduos (além do lixo urbano). Fonte de energia renovável, a biomassa
plantada apresenta a vantagem de não emitir óxidos de nitrogênio e
enxofre, e o CO2, lançado na atmosfera durante a queima da biomassa
28 Energias Renováveis

para a produção de vapor, é absorvido na fotossíntese para crescimento


das plantas, resultando em um balanço praticamente nulo de emissões.
Seu maior oponente é uma discussão que começa a surgir sobre o fato
de a produção de combustíveis renováveis concorrer com a produção de
alimentos; alguns ambientalistas têm se questionado o que seria mais
viável

No Brasil, a biomassa utilizada para a produção de energia é


proveniente de:

• Alguns setores industriais de grande porte (como as usinas de


produção de açúcar e álcool, de papel e celulose).

• Biomassa florestal do carvão vegetal.

• Aproveitamento de resíduos agrícolas.

• Resíduos provenientes do lixo urbano.

O bagaço de cana é o resíduo proveniente do processo de


moagem da cana-de-açúcar para a extração da sacarose. Esses resíduos
apresentam baixa densidade energética e são utilizados em processos
de cogeração (produzem vapor para o funcionamento da usina) e o
excedente é usado na geração de energia elétrica. A vantagem é que
a produção desta cultura ocorre principalmente na época de estiagem,
ou seja, nos períodos de pouca chuva e reservatórios das hidroelétricas
baixos. A colheita mecanizada aumenta a produção de energia elétrica,
devido ao fato de a cana ser colhida sem a necessidade da queima da
área plantada, permitindo, assim, que esta planta tenha um nível mais
elevado de açúcar

A geração de energia a partir dos restos da produção de papel e


celulose também é feita no esquema de cogeração. Existem usinas que
utilizam a gaseificação da madeira proveniente de plantações de espécies
vegetais de curto tempo de rotação agrícola. Um pé de eucalipto no Brasil
se desenvolve entre 5 e 7 anos e entre 10 e 12 anos no restante do mundo

Também podemos citar o potencial de geração de energia que


outras culturas apresentam, como o arroz, a mandioca, o amendoim, o
Energias Renováveis 29

milho, a soja, o dendê, o girassol, tanto podendo ser queimado o bagaço


como a palha resultante do beneficiamento da produção destas culturas.

A energia elétrica também pode ser produzida a partir do biogás,


um biocombustível com conteúdo semelhante ao gás natural e produzido
naturalmente por meio da ação de bactérias em materiais orgânicos
(como o lixo doméstico, resíduos industriais de origem vegetal ou esterco
de animal), ou de forma artificial, com a instalação de um biodigestor
anaeróbico. Este sistema já é utilizado quando a criação dos animais ocorre
em regime de confinamento. A vantagem da utilização deste processo é
que o Brasil recicla somente 10% do lixo urbano (geralmente metal, vidro,
papel) e o lixo orgânico restante é depositado em lixões a céu aberto, que
atrai animais e gera o chorume (resíduo líquido que polui lençóis freáticos
– rios subterrâneos)

Essas tecnologias não são comercialmente viáveis se não levarmos


em conta a redução dos impactos ambientais que elas nos proporcionam,
porque a cada dia a legislação se torna mais rigorosa quanto ao descarte
irregular de materiais no solo. Isoladas, elas são ainda mais caras que a
produção de energia a partir de fontes convencionais.

EXPLICANDO MELHOR:

O vídeo Como funciona uma usina de biogás mostra como


funciona uma usina de biogás instalada no estado de Santa
Catarina para a extração do gás metano proveniente de
um aterro sanitário utilizado para gerar energia para uma
cidade de 15.000 habitantes. Acesse clicando aqui .
30 Energias Renováveis

RESUMINDO:

Ao longo do presente capítulo, pudemos compreender


que as fontes de energia são entendidas como as matérias-
primas, que de forma direta ou indireta, produzem energia.
Assim, existem duas modalidades de energia que precisam
de destaque, sendo essas denominadas como energia
renovável e não renovável.
Nessa perspectiva, as energias renováveis são aquelas que
se regeneram de forma espontânea ou por meio da prática
da intervenção e das ações humanas, assim, esse tipo de
energia é encarada como forma de energia limpa, tendo
em vista que os resíduos que são deixados na natureza
são mínimos; alguns exemplos de energias renováveis
que merecem ser citados são: hidrelétricas, energia solar,
energia eólica, energia geotérmica, entre outras.
Já quanto às energias não renováveis, são enquadradas
nessa categoria aquelas que podem ser esgotadas, ou seja,
isso implica dizer que, ao serem utilizadas, não poderá mais
ser regeneradas, já que é necessário um longo período de
tempo para que sejam formadas e que se façam presentes
novamente na natureza. Mesmo nos casos de serem
encontradas em grande quantidade, são finitas. Essa forma
de energia acaba sendo mais poluente que as renováveis,
pois promove danos ao Meio Ambiente; alguns exemplos
de energia não renováveis envolvem os combustíveis
fósseis e a energia nuclear.
Também estudamos que a energia termoelétrica, ainda
que seja considerada maléfica ao Meio Ambiente em
decorrência de sua própria natureza, pode fazer uso
dos combustíveis renováveis, assim, os danos ao Meio
Ambiente serão menores. Contudo, em regra, a geração de
energia termoelétrica acontece por meio da utilização de
materiais não renováveis, como é o caso dos combustíveis
fósseis.
Energias Renováveis 31

Energia nuclear
OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos identificar os diferentes tipos


de geração de energia termoelétrica, como biomassa,
energia nuclear e combustíveis fósseis. Nessa perspectiva,
destinaremos foco e atenção especial para as características
e aspectos específicos da energia nuclear. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então,
vamos lá. Avante!

Aspectos básicos e características da


energia nuclear
A energia nuclear aproveita a propriedade de certos isótopos de
urânio que se dividirem, liberando grande quantidade de energia térmica
em um processo chamado de fissão nuclear. Existe um outro processo
chamado de fusão nuclear, baseado não na quebra, mas na junção de
núcleos atômicos, que liberam uma quantidade maior de energia. Este
processo ainda se encontra em fase de testes e requer um maior avanço
tecnológico para que possa ser viável comercialmente.

As centrais nucleares têm as seguintes características:

• Refrigerador e moderador à água leve pressurizada – ­


este
equipamento é responsável por esfriar o sistema de fissão nuclear,
mas não entra em contato com a parte radioativa).

• Combustível – pastilhas de urânio ligeiramente enriquecido (3%) –


este é o átomo que sofrerá o processo de fissão nuclear.

• Gerador turbo – no caso de Angra II, o gerador é de 1.800 rpm e


857 MW.

• Condensador – no caso de Angra II, a água do mar é utilizada em


circuito aberto.
32 Energias Renováveis

A Figura 7 mostra a planta esquemática da usina de Angra II.


Esta usina refrigera os reatores com a água do mar e sua tecnologia de
geração é chamada de PWR, um aprimoramento do sistema LWR que
utiliza refrigeração por água no estado líquido à alta pressão. No caso
brasileiro, é muito seguro porque o Brasil não sofre com terremotos e nem
tsunamis e a água do mar não entra em contato com o material radioativo.
Figura 7 – Usina Nuclear de Angra II

1
2
7

3
4
6
8
5

Ilustração mostra como é a estrutura de uma usina PWR: 5- Reator, 6- piscina de


combustível usado, 7- barreira de contenção de aço, 8- barreira de contenção de concreto,
1,2,3 e 4- turbinas e geradores.
Fonte: Wikimedia Commons

A vantagem desse tipo de usina é sua capacidade de gerar sempre


a mesma energia sem depender de nenhum fator climático. Esse tipo de
geração é essencial para compor a base do nosso sistema de geração, ou
seja, esta usina garante o funcionamento do sistema mesmo em períodos
de baixa carga e, assim, pode poupar a água dos reservátorios em época
de estiagem.

Esta energia é considerada limpa por não emitir gases poluentes,


mas seus resíduos nucleares, por manterem sua radioatividade de forma
quase permanente, são um risco constante ao Meio Ambiente. Esse tipo
de geração não causou acidentes que mais mataram no mundo, mas
três acidentes nucleares de grandes proporções deixaram a humanidade
Energias Renováveis 33

com muitas preocupações ambientais quanto a esse tipo de produção de


energia elétrica. Pela ordem de importância, área e população afetada.
São eles:

• Acidente na usina de Three Miles Island em 1979, nos Estados


Unidos, com um derretimento parcial do núcleo de uma unidade
da usina.

• Acidente na usina de Fukushima no Japão em 2011, causado por


um terremoto de magnitude 9 na escala Richter que provocou
um tsunami, atingindo o sistema de segurança em três reatores e
provocando o desligamento do sistema de refrigeração.

• Acidente na usina de Chernobyl em 1986, causado por sucessivos


erros de operação e de projeto, que provocaram a explosão do
núcleo e despejaram uma imensa nuvem tóxica na atmosfera.
Figura 8 – Reator que explodiu Usina Nuclear de Chernobyl, confinado em um imenso
sarcófago de concreto

Fonte: Freepik.
34 Energias Renováveis

ACESSE:

A série Chernobyl (2019), produzida pela HBO, aborda o


desastre atômico ocorrido na Usina Nuclear de Chernobyl. A
produção realista mostra o efeito devastador da radiação em
áreas próximas à usina. Leia mais sobre isso clicando aqui .

No Brasil, nós temos as usinas de Angra I (capacidade de 640 MW) e


Angra II (capacidade de 1350 MW) e a previsão do término da construção
da usina de Angra III. A França e o Japão são os países onde ainda existem
um apoio mais forte deste tipo de geração de energia pelos moradores.

O Brasil, junto com os Estados Unidos e a Rússia, são os únicos


países que dominam a tecnologia para atuar em todo o processo de
enriquecimento de urânio, além de termos uma das maiores reservas do
mundo, localizada na Bahia

Nessa perspectiva, a energia nuclear, também denominada como


energia atômica, é obtida por meio da fissão do núcleo átomo de urânio
enriquecido, sendo liberada a grande quantidade de energia. Dessa
forma, a energia nuclear é aquela que vai manter unidas as partículas
dos núcleos pertencentes a um átomo. Assim, ao ser efetuada a divisão
do núcleo em duas partes, ocorre a promoção da liberação das grandes
quantidades de energia

Diante dos acidentes que já envolveram as questões relativas à


energia nuclear, uma desconfiança e falta de credibilidade está atrelada
a diversas polêmicas e desconfianças, assim, isso ocorre em decorrência
da falta de segurança, da destinação do lixo atômico, bem como acerca
das probabilidades que giram em torno de acidentes relativos às usinas.
Diante disso, grande parte da população reprova a utilização dessa
modalidade de energia

Ainda que a energia nuclear seja relacionada a aspectos negativos,


alguns aspectos positivos podem estar presentes quanto a utilização
dessa modalidade de energia. Dentre os pontos positivos da energia
nuclear destaca-se:
Energias Renováveis 35

• Reservas de energia nuclear são grandes em comparação as


reservas de combustíveis fósseis.

• É positivo para o efeito estufa, já que não promove contribuições


para os impactos negativos que podem afetar tais efeitos.

• Quando comparada a usina de combustíveis fósseis, a usina


nuclear necessita de uma área menor.

• As usinas nucleares são responsáveis por atribuir uma maior


independência energética para os países que são tidos como
importadores de petróleo e gás.

Entre os pontos negativos mais comuns, é importante que seja


mencionado:

• Custos da construção e operação das usinas são elevados.

• Possibilidade da construção relativa às armas nucleares.

• Destinação do lixo atômico.

• Acidentes resultam na liberação de material radioativo e os


impactos desses acidentes geram danos a vários aspectos e
setores presentes no cotidiano.

A central nuclear pode ser compreendida como a instalação


industrial própria para produção da eletricidade por meio da energia
nuclear. Dessa forma, é marcada através da utilização de materiais
radioativos que produzem calor por meio de suas reações.

Quanto ao uso da fusão nuclear, essa modalidade direcionada para


a produção de energia ainda não foi totalmente dominada. Por meio da
fusão, ela irá consistir na liberação de enormes quantidades de energia
por meio da fusão dos núcleos de átomos, sendo que isso é feito por meio
da aceleração dos átomos em alta velocidade.

Já o processo de fissão nuclear é entendido como o principal


mecanismo promotor do funcionamento da usina nuclear. Dessa forma,
por meio dele serão gerados o calor através da rotação das turbinas locais
e da evaporação da água. Diante disso, o calor promovido é uma premissa
básica para que ocorra a geração da energia nuclear. Sendo assim, a fissão
36 Energias Renováveis

irá ocorrer a partir do choque dos átomos, que terão o seu núcleo dividido
em um ambiente que seja controlado e que tenha sido criado com essa
intenção. Assim, uma grande quantidade de energia será produzida nas
centrais nucleares.

A energia nuclear também se faz presente no Brasil. Diante disso,


em 1967, o Programa Nuclear Brasileiro teve início. Já em 1985, foi
inaugurada a primeira usina termonuclear, sendo equipada com um reator
norte-americano.

Aspectos negativos da geração


termoelétrica
A geração de energia elétrica pelas centrais termoelétricas é a
segunda maior produtora de gases estufa e, portanto, possui grande
influência no aquecimento global. Os países desenvolvidos são os
principais responsáveis por este fenômeno. Dentre os gases emitidos
neste processo de geração, o dióxido de carbono (CO2) é o principal
gás produzido, seguido de óxido de enxofre (SO). Esse gás oxida-se na
atmosfera dando origem a sulfatos e gotículas de ácido sulfúrico e pode
causar chuva ácida.

Na geração de energia a base de carvão, o teor de material


particulado é mais alto do que nas centrais a óleo e a gás natural devido
às cinzas resultantes da queima do carvão. Também pode haver a
produção durante o processo da combustão de óxidos de nitrogênio, que
provoca o fenômeno conhecido como smog (fumaça em inglês, camada
de névoa escura altamente tóxica que provoca problemas respiratórios).
Finalmente, temos o monóxido de carbono, que pode ser produzido pela
queima parcial dos combustíveis fósseis em processos não monitorados
e que reduzem a eficiência das caldeiras.

O lixo radioativo da usina nuclear é proveniente das pastilhas


enriquecidas de urânio usadas para gerarem energia. Este lixo é deposto
perto do processo de fissão porque é muito reativo até mesmo para
ser manuseado. Esta deposição ocorre em piscinas debaixo do núcleo
(tecnologia adotada mundialmente). A vantagem deste processo é que
Energias Renováveis 37

ele não emite os gases que provocam o efeito estufa, apesar de que
teremos de desenvolver um tratamento adequado para este material
radioativo no futuro.

Precauções e segurança na usina nuclear


Considerando as desvantagens e os riscos que estão atrelados
à energia nuclear, é importante que se destaque a necessidade de
determinados cuidados para que os impactos que possam ser promovidos
pela produção do lixo nuclear não gerem apenas prejuízos para o mundo
e a região na qual a usina está localizada.

Nesse sentido, a energia nuclear, de forma específica, tanto no que


se refere às operações realizadas nessas usinas quanto ao lixo radioativo,
necessita que certos cuidados sejam feitos. Diante disso, as centrais
nucleares precisam contar, estabelecer e aplicar mecanismos voltados
para coibição do processo de fissão nuclear. Dessa forma, será preciso
que sejam buscados casos específicos, assim, os riscos poderão ser
devidamente identificados e, consequentemente, combatidos e dirimidos.

É importante que as usinas nucleares sejam criadas com uma


infraestrutura bastante resistente e que nessa infraestrutura se façam
presentes diversas ferramentas e mecanismos voltados para a segurança,
tendo como intenção que se evite qualquer tipo de vazamento de material
radioativo. Diante do exposto, os centros de produção de energia também
precisam passar por constantes e regulares vistorias a serem efetuadas
por equipes capacitadas. Além disso, é preciso que sejam realizados
vários testes com a intenção de que se detecte possíveis problemas
operacionais.

Diante do exposto, as regiões em que as usinas nucleares são


localizadas precisam ser devidamente resguardadas, e para tanto, é
preciso que levem em consideração tanto questões relacionadas ao Meio
Ambiente quanto aquelas vinculadas ao meio geopolítico

No que se refere à segurança e às precauções atreladas às


usinas nucleares, é tido como imprescindível que a população tenha as
informações adequadas acerca das usinas nucleares e dos impactos que
38 Energias Renováveis

elas podem causar principalmente para a população que habita a região


próxima a usina. Essas pessoas devem receber orientações constantes,
bem como precisam passar por treinamentos e capacitações para que
saibam lidar com emergências perante acidentes que possam atingir as
centrais nucleares

Diante disso, destaca-se que as defesas relativas a uma usina


nuclear podem ser de tipos distintos. As modalidades relativas a essa
segurança estão presentes na Figura 9.
Figura 9 – Tipos de defesa nas usinas nucleares

Defesas de Projeto Defesas Físicas

Defesas de Processo Defesas Organizacionais

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

A defesa pode ser de projeto, sendo que essa irá envolver uma
série de barreiras acerca dos cuidados destinados para a escolha do local
em que a usina será construída. Diante disso, é necessário que sejam
analisados todos os riscos relativos ao empreendimento, incluindo os que
são entendidos como improváveis.

Já quanto às defesas físicas, destinam-se atenção para a redução


dos níveis de radiação que são inerentes ao funcionamento do reato
nuclear. Assim, as barreiras irão envolver a estrutura molecular da pastilha
de combustível, até mesmo as grossas paredes de aço e concreto que
se façam presentes no circuito primário da usina. Por sua vez, as defesas
de processo são as responsáveis por garantir a segurança do trabalho
humano, bem como a interação que se firma com as máquinas, buscando-
se o estabelecimento de rotinas de trabalho e procedimentos de caráter
administrativos e operacionais. Como exemplos do que se apresenta
nessa categoria, é válido que se mencione aspectos como a realização
de testes periódicos e de processos acerca da avaliação interna e externa
Energias Renováveis 39

Por fim, a defesa organizacional faz menção aos controles legais e


institucionais acerca da segurança, assim, são incluídas questões como as
leis específicas de âmbito nacional e internacional, bem como as normas
relativas a um órgão regulador específico e os acordos de caráter nacional
e internacional.

Usinas nucleares no Brasil e no mundo


Quando se pensa na presença das usinas nucleares a nível mundial,
verifica-se que não são muitos os países que contam com a presença
dessas, ainda que essa modalidade energética ocupe papel importante
na matriz mundial de energia. Assim, as maiores usinas nucleares a nível
mundial e a sua respectiva localização são:

• Usina Nuclear Kashiwazaki-Kariwa – Japão.

• Usina Nuclear Bruce – Canadá.

• Usina Nuclear de Kori – Coreia do Sul.

• Usina Nuclear de Hanul – Coreia do Sul.

• Usina Nuclear de Hanbit – Coreia do Sul.

• Usina Nuclear de Zaporizhia – Ucrânia.

• Usina Nuclear de Gravelines – França.

No Brasil existem duas usinas nucleares que estão em operação e


a terceira usina nuclear do país se encontra em processo de construção.
As mencionadas usinas estão localizadas no litoral do Rio de Janeiro, na
cidade de Angra dos Reis, da qual derivam as suas nomenclaturas, quais
seja Usina Nuclear Angra I, II e III

Salienta-se que a Usina Nuclear Angra III enfrenta problemas


relativos ao seu licenciamento ambiental. Diante disso, as obras relativas à
sua construção estiveram interrompidas por um tempo, para que no futuro
o seu compromisso e a sua segurança não sejam atingidos e afetados.

A primeira usina nuclear de Angra começou a ser operada no Brasil


em 1985, sendo dotada de um potencial importante quanto a geração de
energia, tendo capacidade de atender cerca da 10 milhões de pessoas.
40 Energias Renováveis

Por sua vez, a Usina Nuclear de Angra II entrou em operação no ano de


2001, sendo considerada como a maior e mais moderna no território
nacional e é a responsável por abastecer uma população de cerca de 20
milhões de habitantes.

RESUMINDO:

Neste capítulo, vimos que a energia nuclear é obtida por


meio da fissão do núcleo do átomo de urânio enriquecido.
Essa modalidade de energia é denominada como energia
atômica, assim, a energia nuclear mantém unida as
partículas relativas ao núcleo de um átomo. Também
aprendemos que diversos e importantes já foram os
acidentes relativos à energia nuclear e aos seus resíduos
em todo o mundo; contudo, essa modalidade de energia
não pode ser atrelada apenas a pontos negativos, tendo
em vista que aspectos positivos também podem ser
relacionados à produção da energia nuclear. Diante disso,
algumas das vantagens são as usinas combustíveis fósseis.
As reservas de energia nuclear são maiores quando
comparadas às reservas de combustíveis fósseis. Já a
principal desvantagem é a produção de lixo nuclear.
Energias Renováveis 41

Importância da geração termoelétrica


OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos entender a importância da


geração termoelétrica e compreender os aspectos e as
características relacionadas ao seu funcionamento. E
então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então, vamos lá. Avante!

A história da eletricidade no Brasil


A energia elétrica é de extrema importância para que diversas
práticas presentes no cotidiano possam ser executadas, assim, até
tarefas mais simples sem a presença da eletricidade seriam mais difíceis
de serem alcançadas e cumpridas. Diante disso, é importante que
possamos compreender qual foi o processo e a evolução enfrentada
pela eletricidade para que ela se tornasse aquilo que conhecemos na
atualidade. Destinaremos a nossa atenção para os avanços da eletricidade
e da sua utilização no Brasil

Verifica-se que a eletricidade teve início a partir do século VI,


momento em que Tales de Mileto descobriu uma resina, que quando
atritada com a pele e com a lã, produzia a atração de outros objetos. A
partir dessa observação, passou-se a estudar a atração em questão

Os avanços da descoberta de Tales de Mileto foram estudados


por várias outras personalidades, sendo que por volta de 1600 passou-
se a denominar a atração dos corpos como eletricidade. Já em 1730, o
físico inglês Stephen Gray foi o incumbido por identificar que além da
eletrização por atrito, também é preciso que os corpos sejam eletrizados
através do contanto, conforme apontado por Talita Alves dos Anjos. A
partir disso, foram descobertos materiais que conduzem a eletricidade
com uma maior ou menor eficiência e esses receberam a nomenclatura
de condutores e isolantes elétricos.
42 Energias Renováveis

Um pouco mais a frente, em 1733, Charles Dufay apresentou


dois tipos de eletricidade: vítrea e resinosa. Essas modalidades foram
responsáveis por fortalecer a existência de fluídos elétricos.

Outro marco importante para o avanço das questões relativas à


eletricidade deu-se em 1750, período em que Benjamim Franklin foi o
responsável por propor teoria acerca dos fluídos, contudo, ele passou
a ser compreendido como uma única modalidade de fluído e esses
passaram a ser baseados como os pontos ou polos positivos e negativos
da eletricidade (OKA, 2000).

Diante disso, as contribuições relativas à eletricidade receberam


atenção também no século XIX, período em que a eletricidade passou a
ser vista como dotada de determinadas partículas de caráter elementar,
sendo essas compostas por elétrons, prótons e nêutrons. Por sua vez, em
1960, houve a proposição da carga elétrica denominada como quarks

No Brasil, a eletricidade assume seus próprios contornos quanto


à sua chegada no território do nosso país. Em 1879, ano em que houve
a invenção da lâmpada, Thomas Edison permitiu que elas fossem
implementadas nos países com a intenção e finalidade atrelada à
iluminação pública (JANNUZZI, 2007).
Figura 10 – A chegada da eletricidade se relacionou com a criação da lâmpada

Fonte: Pixabay.
Energias Renováveis 43

No Brasil, o primeiro espaço a receber a luz elétrica foi a Estação


Central da Estrada de Ferro D. Pedro II, localizada no Rio de Janeiro.
Como curiosidade, destaca-se que a eletricidade era gerada por meio
de um dínamo acionado por meio de locomóveis, máquinas a vapor e
direcionadas para o transporte de cargas pesadas. Nessa perspectiva, a
primeira iluminação pública de caráter externo a merecer destaque foi
registrada em 1881 na Praça da República, também localizada no Rio de
Janeiro (JANNUZZI, 2007).

Considerando os avanços da energia elétrica presente no Brasil,


apenas em 1883 é que tivemos a inauguração em Campos dos Goytacazes
no estado do Rio de Janeiro, sendo esse o primeiro serviço público de
iluminação pública presente tanto na América do Sul quanto no Brasil.
Nesse período, a eletricidade era gerada por meio das caldeiras à lenha.

Levando em consideração o exposto, a primeira termelétrica


instalada no Brasil foi implementada em 1883, sendo que essa possuía
uma capacidade total de 52kW, com a intenção de que cerca de 29
lâmpadas fossem iluminadas no âmbito público. Assim, a primeira usina
foi construída em Arroio dos Ratos, localizada no Rio Grande do Sul, e
funcionou durante os períodos de 1924 e 1956 (JANUZZI, 2007).

Atualmente, uma das modalidades mais importantes de energia


elétrica no Brasil são aquelas produzidas por meio da energia hidrelétrica.
A primeira central começou a operar em 1883 em um afluente do Rio
Jequitinhonha, com a intenção de que fossem atendidos os serviços de
mineração em Diamantina, localizado no estado de Minas Gerais.
44 Energias Renováveis

Figura 11 – Hidrelétrica

Fonte: Pixabay.

A primeira usina de grande porte, com 250 kW de potência, foi a


denominada como Marmelos-Zero, que foi inaugurada em 1889 e era
localizada em Juiz de Fora, em Minas Gerais, tendo em vista o disposto
por Jannuzzi (2007). Esse foi o início da história do Brasil acerca do
aproveitamento da força das águas com a intenção de que a eletricidade
fosse gerada no país. Atualmente, essa é a maior fonte de matriz energética
presente na atualidade, sendo que no âmbito do Brasil, ela representa
mais de 60% da eletricidade produzida nesse país.

Uma outra usina de grande importância foi registrada em 1984,


tendo esse sido o ano em que a Usina de Itaipu foi inaugurada. Essa usina
durante muito tempo foi considerada como a maior usina hidrelétricas,
sendo esse um empreendimento de caráter mundial quando o assunto é
a produção de energia limpa e renovável.

Atualmente no Brasil, verifica-se a presença de uma matriz


energética diversificada. Mesmo que no Brasil a energia, que tem como
ponto de partida as usinas hidrelétricas, seja a de maior destaque em
decorrência do próprio potencial hídrico presente no país, isso não implica
Energias Renováveis 45

dizer que outras modalidades de energia não foram abordadas e não


receberam atenção no Brasil.

Diante disso, em 1985, houve a instauração da primeira usina nuclear


no Brasil, localizada em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Já em 1994,
registrou-se a primeira usina de energia eólica conectada ao Sistema
Elétrico Integrado do país, sendo localizada no Estado de Minas Gerais. Já
em 2011, houve o registro da inauguração e da implementação da primeira
usina solar, localizada no município de Tauá, no Ceará (JANNUZZI, 2007).

Energia no Brasil
Durante muito tempo, vivemos como se a energia elétrica fosse
ilimitada até que surgiram as crises de energia. A pior crise de energia
ocorreu na região oeste dos Estados Unidos, na qual os cidadãos
americanos tiveram que gastar aproximadamente U$ 40 bilhões de
dólares a mais com a conta de energia elétrica do que nos 12 anteriores,
ainda por cima, enfrentando blackouts e cortes no fornecimento. A tarifa
de energia mudava de valor várias vezes ao longo de um mesmo dia.
No Brasil, nossa pior crise aconteceu em 2001, quando foi adotado o
racionamento de energia em todo o país.

Em nosso sistema, foi permitido acionar primeiro as usinas com


o custo operacional mais baixo e, à medida que a carga aumentava,
recorreu-se às usinas com custo operacional mais elevado, a fim de
manter os índices de confiabilidade e as tarifas baixas.

Consultando a página da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a


nossa geração de energia no ano de 2020, com resultados publicados em
2021, foi assim dividida:
46 Energias Renováveis

Quadro 2 – Geração de energia elétrica por fonte no Brasil em 2020

Hidráulica 65,2%

Gás natural 8,3%

Biomassa 9,1%

Solar e eólica 10,5%

Carvão 3,1%

Nuclear 2,2%

Derivados de Petróleo 1,6%

Total 100%
Fonte: Elaborado pela autora, com base em EPE (2021).

O Quadro 2 pode ser representado através de um gráfico em


formato de pizza (Figura 12).
Figura 12 – Matriz energética brasileira: participação em 2020

Carvão e derivados Solar

Nuclear Eólica

Derivados de petróleo Biomassa

Gás natural Hidráulica

Fonte: EPE (2021).

As termelétricas foram instaladas para aumentar a robustez do


sistema de geração e diminuir nossa dependência das usinas hidrelétricas
e consequentemente das chuvas. Elas são acionadas em períodos secos
ou quando o índice pluviométrico (índice que mede a quantidade de
chuva) permanece abaixo do esperado. Podemos saber se estamos
Energias Renováveis 47

utilizando ou não a geração termoelétrica de forma maciça na nossa


matriz energética através das bandeiras de energia.

Bandeiras de energia
Todos que fazem uso da energia elétrica precisam efetuar
um determinado pagamento mensal para que a sua utilização fique
caracterizada. Contudo, poucas são as pessoas que param para analisar
aquilo que está contido em sua conta de energia, assim, não fazem ideia
a que se refere o valor ao quão estão efetuando o pagamento.
Figura 13 – Fatura de energia elétrica

Fonte: Wikimedia Commons.

As tarifas de energia elétrica incluem custos relativos à geração,


à transmissão e à distribuição, englobando, também, as questões
vinculadas aos encargos setoriais. Quando ocorrer reajustes das tarifas
das distribuidoras, caberá à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
efetuar uma previsão acerca do quanto será gasto com a intenção de que
a energia seja gerada.

Diante disso, cumpre-se salientar que as contas de energia contam


com a presença de bandeiras da conta de luz, sendo que cada uma delas
48 Energias Renováveis

apresenta um significado quanto ao valor que estará presente na conta


de energia elétrica. Esse sistema foi criado com a intenção de cobrar
tarifas adicionais a conta, com o objetivo de repor gastos extras acerca
da utilização das termelétricas presentes e referentes a um determinado
período. Nessa perspectiva, a bandeira tarifária é classificada em três
cores, sendo essas:

• Vermelho.

• Verde.

• Amarelo.

Assim, as bandeiras em questão serão definidas a cada mês e


serão as responsáveis por indicar se haverá ou não acréscimo ao valor
da conta de energia elétrica, e esse aumento possuirá relação com o
uso das termelétricas. Para que a bandeira seja determinada, é preciso
que outros critérios sejam levados em consideração. Dessa forma, nos
casos em que o nível dos reservatórios das hidrelétricas está mais baixo, a
produção de energia também passará por uma redução. Para que ocorra
a compensação, se faz necessário que a tarifa relativa a energia elétrica
seja aumentada

No Brasil, todos os estados fazem parte do sistema de bandeiras. O


único que não está incluso nessa sistemática é o estado de Roraima, que
não faz parte do Sistema Interligado Nacional

É importante destacar que o percentual de reajuste relativo às


bandeiras tarifárias não significa que haverá um aumento no valor total
da conta, contudo, implica no aumento da parte que faz menção à
bandeira. Salienta-se, ainda, que entre as funções atreladas à bandeira,
pode-se mencionar que elas servirão como uma forma de sinalizar para o
consumidor quais são os custos gerais da geração no momento em que a
energia estiver sendo consumida.

Além das tarifas, desde 2015 a Agência Nacional de Energia Elétrica


(ANEEL) adotou um sistema de bandeiras de energia:
Energias Renováveis 49

• Bandeira verde: não há cobrança de excedentes e indica que o


sistema de geração está operando principalmente com a matriz
hidrelétrica.

• Bandeira amarela: sinaliza que é preciso tomar cuidado. O custo de


geração está crescendo, ou seja, as usinas térmicas já começaram
a ser acionadas e o nível de água nos reservatórios das usinas
hidrelétricas é preocupante.

• Bandeira crítica: também é chamada de bandeira vermelha. Ela


sinaliza que as térmicas estão operando e a demanda está alta. O
nível dos reservatórios está entrando na região crítica. A bandeira
vermelha é dividida em dois níveis (crítico e muito crítico).
Figura 14 – Bandeiras de energia

Bandeira Verde

Bandeiras de
Bandeira Verde
Energia

Patamar 1

Bandeira Verde

Patamar 2

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

Para cada bandeira de energia, o valor do kWh sofre um


acréscimo, variando de zero para a bandeira verde, R$ 1,50 a cada 100
kWh consumidos para a bandeira amarela, R$ 3,00 a cada 100 kWh
consumidos para a bandeira vermelha nível I e R5,00 para a vermelha
nível II. A geração de energia termoelétrica é mais cara porque devemos
pagar pelos combustíveis, diferentemente da geração de energia através
de hidroelétricas, eólicas ou fotoelétricas, em que não pagamos pelo uso
da água, vento ou sol
50 Energias Renováveis

A vantagem da diversificação da matriz energética é que episódios


traumáticos, como o “apagão” de energia, ocorrido em 2001, ficam cada
dia mais distantes e impossíveis de se repetirem. Entende-se que, em
decorrência da aplicação dessas bandeiras, a conta de energia elétrica
pode assumir um valor mais elevado. Existem algumas dicas com a
intenção de que seja gerada economia e uma quantidade menor de
tarifas acerca do consumo de energia elétrica, como:

• Diminuir o tempo do banho.

• Usar o chuveiro elétrico apenas quando o clima estiver mais frio.


Também recomenda-se que a temperatura do chuveiro seja
modificada em conformidade com o clima, afinal, quanto mais
quente, maior será o consumo de energia.

• Abrir a geladeira apenas quando for necessário pegar algum


alimento.

• Apagar a luz dos cômodos que não estiverem sendo utilizados.

• Manter o ambiente fechado quando o ar-condicionado estiver


sendo utilizado, pois assim o consumo será reduzido.
Energias Renováveis 51

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido que o consumo de energia de
um país determina seu nível de desenvolvimento, pois
quanto mais energia ele consome, mais desenvolvido ele
é. Você também teve a oportunidade de aprender sobre
a geração termoelétrica a partir de combustíveis fósseis
(gás natural e carvão), que utilizamos os geradores à diesel
para emergências e que no Brasil utilizamos a geração de
energia a partir de fontes renováveis, como a biomassa
proveniente do bagaço da cana-de-açúcar e do lixo.
Você também estudou sobre a geração de energia nuclear
e os problemas quando ocorre um acidente na planta de
geração. Finalmente, pudemos analisar a importância
das usinas térmicas na estabilidade do sistema elétrico
brasileiro, assim como estudamos alguns aspectos nocivos
ao Meio Ambiente deste tipo de geração.
52 Energias Renováveis

REFERÊNCIAS
ANJOS, T. A. A história da eletricidade. Mundo Educação, [s. d.].
Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/a-historia-
eletricidade.htm#:~:text=A%20Hist%C3%B3ria%20da%20eletricidade%20
tem,objetos%20leves%20como%20palhas%2C%20fragmentos. Acesso
em: 22 de jun. 2022.

GÓMEZ, A. E.; CONEJO, A. J.; CAÑIZARES, C. Sistemas de energia


elétrica: análise e operação. Rio de Janeiro: LTC, 2015.

JANNUZZI, A. C. Regulação da qualidade de energia elétrica sob


o foco do consumidor. Orientador: Marco Aurélio Gonçalves de Oliveira.
2007. 234 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) – Departamento
de Engenharia Elétrica da Faculdade de Tecnologia. UNB. Brasília. 2007.
Versões impressa e eletrônica.

OKA, M. M. História da eletricidade. Laboratório de Sistemas


Integráveis – USP, 2000. Disponível em: https://www.lsi.usp.br/~dmi/
manuais/HistoriaDaEletricidade.pdf. Acesso em: 22 jun. 2022.

REIS, L. B. Geração de energia elétrica. 3. ed. São Paulo: Manole,


2017.

STEVENSON JR., W. D. Elementos de análise de sistemas de


potência. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.

ZANETTA JR., L. C. Fundamentos de sistemas elétricos de


potência. São Paulo: Livraria da Física, 2005.

Você também pode gostar