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Sociedades Comerciais - Resumos
Sociedades Comerciais - Resumos
SOCIEDADES COMERCIAIS
NOÇÃO DE SOCIEDADE
Nos termos do art 980.º CCivil e do art 1.º n2, a sociedade é a entidade que, composta
por um ou mais sujeitos, tem um património autónomo para o exercício de atividade
económica, a fim de obter lucros e atribuí-los aos sócios, ficando estes todavia sujeitos
a perdas.
Nos termos do art 7.º n2, a regra é a de a sociedade ser constituída por duas pessoas.
Excecionalmente admite-se que a sociedade possa ser:
• constituída por mais que duas pessoas – art 273.º n1 para a sociedade anónima
Ser sócio é ter uma posição jurídica na relação com a sociedade, sendo detentor de
direitos e de obrigações. Os direitos do sócio encontram-se no art 21.º enquanto que as
suas obrigações resultam do art 20.º.
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O art 20.º a) consagra a obrigação de entrada. Os sócios podem realizar uma entrada
de capital, em espécie ou de indústria. As entradas de capital consistem na entrega de
dinheiro. As entradas em espécie consistem na entrega de bens, móveis ou imóveis,
diferentes de dinheiro, e encontram-se reguladas no art 28.º. As entradas de indústria
consistem na prestação de um serviço. Estas últimas apenas são permitidas nas
sociedades em comandita pelo que na prática quase não existem sócios de indústria,
não são admitidas nas sociedades anónimas, art 277.º n1, nem nas sociedades por
quotas, art 202.º n1.
O objeto social da sociedade é, nos termos do art 11.º n2, a atividade económica que
os sócios se propõe a exercer mediante a sociedade.
Para ser atividade é necessariamente exigido que seja uma reiteração de atos, não
sendo possível que a sociedade seja constituída para a prática de um ato isolado.
Uma vez que tem de ser económica, não podendo ser de mera fruição/simples
desfrute/mera perceção de frutos, não é permitido que a atividade seja politica,
desportiva, cultural, etc. Considera-se atividade económica qualquer atividade de
produção ou comercialização de bens ou prestação de serviços.
Nos termos do art 21.º n1 a), os sócios têm um direito de participação nos lucros. Esta
participação é no lucro subjetivo uma vez que, nos termos do art 33.º, nem sempre o
lucro objetivo é suscetível de repartição. Os sócios têm também o dever de participar
nas perdas da sociedade.
É assim proibido o pacto leonino, tal como resulta do art 994.º CCivil e do art 22.º n3,
sendo nula a cláusula que afaste um sócio dos lucros ou das perdas da sociedade.
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• sociedade anónima
FIGURAS AFINS
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TIPOS DOUTRINAIS
1. SOCIEDADE DE PESSOAS
2. SOCIEDADE DE CAPITAIS
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• a firma social não tem de ter qualquer nome ou firma de sócios, sendo
normalmente firma denominação
TIPOS LEGAIS
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• transmissão entre vivos – transmissão pode ser livre ou pode estar sujeita ao
consentimento dos restantes sócios
e) Firma
b) Estrutura organizatória
Para o órgão deliberativo, art 189.º. O regime de voto consta do art 190.º.
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Para o órgão executivo, art 191.º. Salvo estipulação em contrário, a gerência é composta
por todos os sócios. Por deliberação unânime dos sócios, podem ser designadas
gerentes/administradores pessoas que não sejam sócias.
Por morte, pode ocorrer uma das três situações previstas no art 184.º n1 e n2: (1)
continuação da sociedade com os sucessores do falecido, sendo necessário
consentimento expresso tanto dos sócios sobreviventes como dos sócios sucessores
no prazo de 90 dias a contar da data em que tomam conhecimento da morte do sócio;
(2) dissolução da sociedade, dissolução esta deliberada e comunicado aos sucessores
dentro do mesmo prazo de 90 dias; (3) liquidação da parte do sócio falecido, com
pagamento aos sucessores do respetivo valor. Se dentro dos 90 dias após a morte do
sócio nenhuma das vias anteriormente explanadas for escolhido, considera-se que a
liquidação da parte do sócio se impõe. Este regime acautela em primeira linha o
interesse dos sócios sobreviventes, não se lhes impondo a entrada de estranhos na
sociedade nem a continuação da mesma, e ainda o interesse dos sucessores, não se
lhes impondo a entrada na sociedade.
Entre vivos, nos termos do art 182.º n1, a transmissão da quota de um sócio requer
consentimento unânime dos restantes sócios.
Para a constituição desta sociedade exige-se um mínimo de dois sócios, não se aplica
a exceção da unipessoalidade do art 7.º n2.
f) Firma
A firma adotada por esta sociedade deve ser uma firma nome, identificando um ou mais
que um sócio e fazendo o aditamento dos restantes (como por exemplo “e companhia”
ou “e filhos”), nos termos do art 177.º.
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Internamente, art 197.º n1. Cada sócio responde pela sua entrada e solidariamente
pelas entradas dos outros sócios.
Externamente, a regra é o art 197.º n3. Apenas o património social responde perante os
credores pelas dívidas da sociedade. O art 198.º consagra uma exceção: é possível
inserir no contrato uma cláusula que dite que um ou mais sócios podem responder, de
forma limitada até determinado montante, solidária ou subsidiariamente, perante os
credores. A falta de determinação do montante resulta na nulidade da cláusula.
b) Estrutura organizatória
Para o órgão deliberativo, art 246.º e seguintes e 270.º-E. O regime de voto consta dos
art 250.º e 251.º.
Para o órgão executivo, art 252.º. A gerência é composta por um ou mais gerentes, que
podem ou não ser sócios da sociedade, desde que sejam pessoas singulares com
capacidade jurídica plena.
Para o órgão de fiscalização, art 262.º. A existência deste órgão é facultativa. Torna-se
necessária a designação de um ROC nas situações descritas no n2 e n3, por uma
questão de necessidade de proteção dos credores pela dimensão da sociedade. O ROC
não pode ser sócio, podendo os restantes membros do Conselho Fiscal ser ou não.
Exige-se contudo que sejam pessoas singulares com capacidade jurídica plena, salvo
nos casos previstos, art 413.º n1, n2 e n3.
Por morte, a regra é a de que a quota do sócio falecido se transmite aos seus
sucessores. Pode contudo o contrato social determinar a impossibilidade de
transmissão da quota ou condicioná-la a certos requisitos, art 225.º n1. Quando por
força de cláusulas de proibição ou de condicionamento a quota não possa ser
transmitida, a sociedade pode tomar uma de três posições nos termos do art 225.º n2:
(1) amortizar a quota, art 232.º e seguintes; (2) adquirir a quota, art 220.º; (3) fazer a
quota ser adquirida por sócio ou por terceiro. Se a sociedade não tomar nenhuma destas
medidas, dentro dos 90 dias subsequentes ao conhecimento pelo gerente da morte do
sócio falecido, a quota considera-se transmitida para os sucessores.
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Entre vivos, a regra do art 228.º n2 in fine é a de que a transmissão é livre quando
realizada entre cônjuges, ascendentes, descendentes ou sócios. Fora destes casos, a
regra é a de que a transmissão apenas é eficaz para com a sociedade quando for
consentida por esta, bastando maioria dos votos emitidos nas deliberações para que tal
consentimento seja prestado nos termos do art 230.º n2, n5 e n6 e 250.º n3. Esta norma
do art 228.º n2 é supletiva e pode ser derrogada por cláusula ao abrigo do art 229.º,
podendo o estatuto:
O capital social é livremente fixado pelos sócios nos termos do art 201.º. O valor nominal
das quotas não pode contudo ser inferior a 1€, por força do art 219.º n3.
f) Firma
A firma adotada por esta sociedade deve ser uma firma nome ou mista, com o
aditamento “Lda” nos termos do art 200.º.
3. SOCIEDADE ANÓNIMA
Nos termos do art 271.º, o capital da sociedade é dividido em ações, com um valor fixo,
e cada sócio subscreve as ações que entender.
Internamente, cada sócio responde pelo valor das ações que subscreveu.
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b) Estrutura organizatória
Para o órgão deliberativo, art 373.º e seguintes. A Assembleia Geral tem competências
residuais, reunindo uma vez por ano para análise de contas, distribuição e aplicação de
lucros. O regime de voto consta do art 384.º.
Para o órgão executivo e para o órgão de fiscalização, art 278.º. Pode contudo existir
uma de três modalidades, nos termos do n1:
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Por morte, em regra a quota transmite-se pelo disposto no art 2024.º e seguintes CCivil
para o direito das sucessões. Não é aqui possível excluir a transmissibilidade.
Entre vivos, a regra do art 328.º n1 é a da liberdade da cessão de quotas, não podendo
esta liberdade ser limitada além do que a lei permite. O estatuto pode contudo, ao abrigo
do art 328.º n2:
Para a constituição desta sociedade exige-se um mínimo de cinco sócios, art 273.º n1.
Permite-se contudo que seja constituída por apenas dois sócios, nos termos do art 273.º
n2, desde que um destes seja o Estado, uma empresa pública ou outra entidade a ele
equiparada por lei para o efeito. Permite-se ainda que seja constituída por apenas um
sócio, nos termos do art 488.º, desde que este sócio seja igualmente uma sociedade.
O capital social mínimo é, pela regra do art 276.º n5, de 50 mil €. No setor da banca
existem contudo situações em que o capital mínimo é de 3, 5 e 15 milhões €.
As contribuições são necessariamente de capital uma vez que, pelo art 277.º n1, não se
admitem sócios de indústria nesta sociedade. As ações ao portador do art 299.º in fine
não são permitidas. São contudo permitidas as ações nominativas da 1.ª parte do
mesmo art, em que se sabe a cada momento qual o seu titular.
f) Firma
A firma adotada para esta sociedade deve ser uma firma nome, denominação ou mista,
com o aditamento “SA” nos termos do art 275.º.
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4. SOCIEDADE EM COMANDITA
A sociedade em comandita pode ser simples ou por ações, art 1.º n2 in fine.
Na prática estas sociedades não funcionam, o disposto no art 465.º n1 mostrou não ser
viável.
Por força do art 478.º, às sociedades em comandita por ações aplicam-se as normas
anteriormente vistas para as sociedades anónimas.
PROCESSO TRADICIONAL
1. ATO CONSTITUINTE
A forma do contrato resulta do art 7.º n1, sendo que em regra este se faz por documento
escrito com reconhecimento de assinaturas. A lei apenas exige forma mais solene para
o contrato quando tal forma for exigida para a transmissão dos bens com que os sócios
entram para a sociedade. A inobservância da forma consiste num vício de forma que
implica a nulidade do contrato, art 42.º n1 e).
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• o tipo de sociedade
• a firma da sociedade
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• o objeto da sociedade
• a sede da sociedade
Nos termos do art 12.º, a sociedade deve ser estabelecida num local
concretamente definido. A sede releva não só para efeitos de notificação
mas também para o exercício do direito à informação dos sócios, que tem
de ser exercido de forma física na sede da sociedade – art 214.º n1 para
as sociedades por quotas, art 288.º n1 para as sociedades anónimas –.
Apesar de tendencial, a norma supletiva do art 377.º n6 a) estabelece
que as reuniões da assembleia geral funcionam na sede.
• o capital social
Estabelece o art 14.º que o capital social da sociedade deve ser sempre
e apenas expresso em moeda com curso legal em Portugal, em €.
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c) Menções facultativas
• art 22.º n1 – estabelecer que a participação dos sócios nos lucros e nas
perdas não será na proporção das respeitas quotas
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O ato constitutivo da sociedade tem obrigatoriamente de ser inscrito no registo, art 3.º
n1 a) CRC. Este registo é constitutivo pelo que a sociedade apenas adquire
personalidade jurídica após o mesmo, art 13.º n2 CRC e art 5.º. Antes do registo a
sociedade não pode ser invocada, tanto nas relações internas como nas relações
externas.
O registo pode ser pedido por qualquer pessoa que tenha interesse no mesmo, art 29.º
n1 CRC, nomeadamente pelos sócios ou pelos membros do órgão de administração e
representação da sociedade. O pedido de registo deve ser feito no prazo de 2 meses a
contar da data do título de constituição da sociedade, art 15.º n2 CRC. O pedido deve
ser acompanhado pelo documento que legalmente comprove a constituição da
sociedade (contrato) e pelo certificado de admissibilidade da firma.
Não havendo motivo legal de recusa do pedido, nos termos do art 48.º CRC, dita o art
54.º n1 e n2 CRC que este deve ser efetuado no prazo de 10 dias ou no prazo máximo
de 1 dia útil quando o apresentante requeira tal urgência.
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Por força do art 70.º n2 CRC e do disposto na Portaria 590-A/2005, a publicação deve
ser feita online no site do Ministério da Justiça.
PROCESSO NA HORA
Dita o art 1.º que este regime se aplica apenas a sociedades por quotas e a sociedades
anónimas. O art 2.º estipula as sociedades que não se sujeitam a este regime:
sociedades anónimas europeias.
No que respeita ao ato constituinte, pressupõe-se que os sócios optem por um estatuto
de modelo previamente aprovado, art 3.º n1 a). No que respeita à firma, é comum que
seja escolhida uma das listadas, art 3.º n3 b) e 15.º.
PROCESSO ONLINE
Dita o art 1.º que este regime se aplica apenas a sociedades por quotas e a sociedades
anónimas. O art 2.º estipula as sociedades que não se sujeitam a este regime:
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sociedades cujo capital seja realizado com recurso a entradas em espécie de bens para
cuja transmissão seja exigida forma mais solene que a escrita e sociedades anónimas
europeias.
No que respeita ao ato constitutivo, os sócios podem optar por um modelo prévio base
ou por um elaborado por si, art 6.º n1 c). O primeiro tem a vantagem de ser mais barato,
o segundo a desvantagem da demora no processo pela necessidade de averiguação da
legalidade do mesmo. No que respeita à firma, é comum que seja escolhida uma das
listadas, art 6.º n1 a).
Este procedimento de constituição concretiza-se pela entrega dos estatutos online pelos
interessados na constituição, pelo registo e pela publicação dos mesmos por parte do
serviço competente.
ATIVIDADE ECONÓMICA
O art 19.º n1 c) permite que a sociedade assuma, após o registo, negócios celebrados
antes da sua constituição desde que estes sejam especificados e ratificados no contrato
da sociedade.
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O art 40.º n1 determina que respondem ilimitada e solidariamente todos os sócios que
no negócio agirem em representação da sociedade, bem como os sócios que
autorizarem tais negócios. Os restantes sócios respondem até às importâncias das
entradas a que se obrigaram, acrescidas das importâncias que tenham recebido a título
de lucros ou de distribuição de reservas.
O art 19.º n2 permite que a sociedade assuma, após o registo, negócios celebrados
entre a sua constituição e o seu registo desde que tal assunção derive de decisão da
administração, comunicada à contraparte nos 90 dias posteriores ao registo.
• falta do número mínimo de dois sócios fundadores, salvo quando a lei permita
a criação da sociedade unipessoal
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Para as sociedades em nome coletivo, o art 43.º n1 acrescenta, além dos vícios
explanados, as causas gerais de invalidade dos negócios jurídicos segunda a lei civil.
A ação de nulidade pode ser proposta nos termos do art 44.º n1 e n2. Têm legitimidade
os membros do órgão de administração e representação ou de fiscalização, qualquer
sócio, qualquer terceiro que tenha interesse relevante e sério na procedência da ação e
o Ministério Público. O prazo para a proposição da ação é de 3 anos a contar do registo,
podendo o Ministério Público intentá-la a todo o tempo. Quando o vício seja sanável, a
ação não pode ser proposta antes de decorridos 90 dias sobre a interpelação da
sociedade para a sanação.
• Vícios da vontade, art 45.º n1 – não afetam uma cláusula mas sim
determinados sócios
• Cláusulas contrárias à lei – cláusulas são nulas e dão-se por não escritas
Exemplos: art 22.º n3; art 22.º n4; art 74.º n1; art 408.º n3
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ACORDOS PARASSOCIAIS
O acordo parassocial consiste num contrato celebrado entre todos ou alguns sócios (ou
entre estes e terceiros), produtor de efeitos atinentes à posição jurídica dos pactuantes
sócios e eventualmente, atinentes também a outros pactuantes e à vida societária, mas
que não vinculam a própria sociedade.
Resulta do art 17.º n1 que a conduta objeto do acordo tem de ser permitida por lei, que
este apenas produz efeitos entre os intervenientes, não sendo oponível à sociedade, e
que o seu incumprimento não se reflete societariamente, dando origem a
responsabilidade civil contratual. Este acordo segue o princípio da liberdade de forma,
art 219.º CCivil, não sendo em geral exigido registo ou publicação.
Exemplos: violem a proibição do pacto leonino, art 22.º n3; obriguem alguns
sócios a votar no sentido determinado de um sócio impedido de votar, art 251.º
e 384.º n6
• acordos que visem permitir dar instruções aos membros dos órgãos de
administração e de fiscalização
Serão sempre nulos os acordos de voto, nos termos do art 17.º n3:
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Matérias como os direitos especiais do art 24.º não podem ser objeto de acordo
parassocial.
PERSONALIDADE JURÍDICA
De acordo com o art 5.º, as sociedades gozam de personalidade jurídica a partir da data
do seu registo constitutivo, sendo sujeitos de direito autónomos dos seus sócios. Apenas
é possível aos sócios limitarem a sua responsabilidade porque a sociedade tem
autonomia, jurídica e patrimonial, relativamente aos mesmos.
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CAPACIDADE JURÍDICA
Exemplo de direitos vedados por lei: direito de uso e habitação, reservado para as
pessoas humanas nos art 1484.º e seguintes
O fim social é o escopro lucrativo, o intuito de obter lucros para os atribuir aos sócios.
Nos termos do n4, o objeto social não limita a capacidade da sociedade, sendo esta
limitada pelo fim societário. Os órgãos da sociedade encontram-se adstritos ao dever
de não excederem o objeto da sociedade, podendo haver destituição por justa causa
caso o excedam – art 257.º n6 para as sociedades por quotas; art 403.º n4 para as
sociedades anónimas –.
Os órgãos que violem tal dever respondem para com a sociedade nos termos da
responsabilidade civil contratual, art 72.º n1. Externamente, os credos encontram-se
protegidos – art 270.º para as sociedades por quotas; art 409.º para as sociedades
anónimas –.
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V. O SÓCIO E A SOCIEDADE
PARTICIPAÇÃO SOCIAL
O valor nominal é aquele atribuído nos estatutos, art 9.º n1 g). Este valor nominal não
pode exceder o valor da entrada do sócio, nos termos do art 25.º n1. As ações sem valor
nominal têm valor de emissão, sendo este calculado pela divisão do capital social pelo
número total de ações, art 25.º n2. O valor nominal mínimo das quotas é de 1€ pelo art
219.º n3. O valor nominal ou de emissão de uma ação não pode ser inferior a 1 cêntimo
e todas as ações devem representar a mesma fração do capital social, art 276.º n3 e
n4.
O valor de subscrição é o valor da entrada do sócio. Este valor pode ser igual ou
superior ao valor nominal mas nunca inferior, art 25.º n1 e 298.º n1. O mesmo se aplica
ao valor das ações sem valor nominal, art 25.º n2 e 298.º n1.
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a) Direitos gerais, art 21.º – direitos que em regra pertencem a todos os sócios da
sociedade, podendo haver casos em que um sócio esteja afastado de algum
b) Direitos especiais, art 24.º – direitos atribuídos a certos sócios no contrato social,
em função da sua categoria ou das circunstâncias da sociedade, conferindo-lhes uma
posição privilegiada em relação aos restantes sócios
Estes direitos apenas existem se resultarem do contrato social, n1. É possível que algum
direito especial seja atribuído durante a vida da sociedade, sendo necessária
unanimidade para alteração do contrato social, art 85.º n1.
• Direito especial à gerência, art 257.º n3 para as sociedades por quotas – este
direito não é possível ser atribuído a um gerente que não seja sócio
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• Direito a ações preferenciais sem voto, art 341.º para as sociedades anónimas
– direito à atribuição prioritária nos lucros em contraposição com a falta de
direito de voto
a) Direitos patrimoniais
b) Direitos de participação
• Direito de participação nas deliberações sociais, art 21.º n1 b), 248.º n5 e 251.º
para as sociedades por quotas, 384.º n5 para as sociedades anónimas
c) Direitos de controlo
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anónimas –. Nas assembleias gerais é titular deste direito qualquer sócio que
nelas participe, em qualquer tipo de sociedade, art 290.º n1 e n2.
O art 214.º n2 permite que o direito à informação, em qualquer uma das suas
modalidades, seja regulamentado no contrato social de uma sociedade por
quotas, não sendo contudo permitido que impeça o seu exercício efetivo ou
injustificadamente limite o seu âmbito.
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1. OBRIGAÇÕES GERAIS
a) Obrigação de entrada
Nos termos do art 20.º n1 a), todo o sócio é obrigado a entrar para a sociedade com
bens suscetíveis de penhora ou, nos tipos de sociedade em que tal seja permitido, com
indústria. Esta obrigação de entrada é a primeira e fundamental obrigações dos sócios.
Podemos ter:
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A regra do art 26.º n1 é a de que os sócios devem realizar a sua entrada até ao momento
da celebração do contrato de sociedade. No ato constitutivo, os sócios devem declarar,
sob sua responsabilidade, as entradas que já realizaram – art 202.º n4 para as
sociedades por quotas; art 277.º n4 para as sociedades anónimas –. Esta regra admite
contudo várias exceções. Nos termos do n2, a entrada pode ser realizada até ao termo
do primeiro exercício económico, a contar da data do registo do contrato social – art
202.º n4 para as sociedades por quotas –. É possível que as entradas em espécie sejam
realizadas antes da celebração do contrato. É ainda possível que as entradas em
dinheiro sejam diferidas, art 26.º n3. Nas sociedades por quotas admite-se o diferimento
desde que seja cumprido pelo menos 1€ por cada entrada enquanto que na sociedades
anónimas é possível o diferimento de 70% do valor nominal ou de emissão – art 199.º
b) para as sociedades por quotas; art 277.º n2 para as sociedades anónimas –. No que
respeita às entradas em indústria, uma vez que são de execução continuada, óbvio que
não se aplica o disposto no art 26.º n1.
Todos os sócios têm a obrigação de atuar de forma compatível com o interesse social.
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Esta obrigação, não existindo nenhuma norma legal que a consagre, deduz-se do dever
de lealdade.
Importa então definir “interesse social”. Para tal existem duas teorias, a teoria
contratualista e a teoria institucionalista. A teoria contratualista define o interesse social
como o interesse na obtenção e repartição de lucros, o interesse dos sócios, tendo em
conta o elemento teleológico da sociedade. A teoria institucionalista define o interesse
social como um interesse comum, não apenas aos sócios mas também a outros sujeitos,
nomeadamente trabalhadores e credores sociais. Esta segunda teoria encontra-se no
art 64.º n1 b) para os gerentes/administradores.
O sócio que atue em violação do interesse social sujeita-se a exclusão – art 248.º para
as sociedades por quotas –.
2. OBRIGAÇÕES EVENTUAIS
a) Prestações acessórias
Exige-se pelo n1 que, de forma a ser válida, a cláusula esteja inscrita no contrato de
sociedade e que fixe:
• o conteúdo da obrigação
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A cláusula que não contenha algum destes elementos obrigatórios é nula nos termos do
art 294.º CCivil.
No caso de a cláusula ser válida e de o sócio a ela adstrito não cumprir, dita o n4 que,
salvo disposição contratual em contrário, tal incumprimento não afeta a situação do
sócio como tal. Isto significa que, salvo disposição em contrário, não há causa legal de
exclusão. O sócio responde nos termos da responsabilidade civil contratual, tal como
ela resulta dos art 790.º e seguintes CCivil.
b) Prestações suplementares
Resulta do art 210.º n2 que o objeto destas prestações tem de ser sempre dinheiro. A
prestação consiste portanto num empréstimo feito pelo sócio à sociedade, facto que
leva a que não vença juros, n5.
Nos termos dos n3 e n4, para que a cláusula que prevê tal prestação seja válida, exige-
se que fixe:
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O art 211.º fixa o regime da exigibilidade da obrigação. Nos termos do n1, a exigibilidade
desta prestação depende sempre da deliberação dos sócios, cabendo a estes a fixação
do montante tornado exigível e do prazo da prestação, não podendo este ser inferior a
30 dias a contar da comunicação aos sócios. Na falta de tais fixações, existe um vício
de conteúdo e a deliberação será nula.
Em caso de incumprimento, o sócio fica sujeito a exclusão, art 204.º ex vi art 212.º.
Em caso de cumprimento, poderá haver lugar a restituição desde que a deliberação dos
sócios a autorize, art 213.º. Pode ser autorizada a restituição total ou parcial da
prestação suplementar efetuada pelo sócio, n2. Para que tal restituição seja possível é
necessário, além da aprovação em deliberação, que:
c) Suprimentos
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Este contrato pode ser negociado caso a caso entre o sócio e a sociedade, sendo dada
liberdade ao sócio para a celebração pontual do contrato e para a recusa do mesmo.
DELIBERAÇÃO
1. FORMAS DE DELIBERAÇÃO
A deliberação dos sócios apenas pode ser tomada por alguma das formas admitidas por
lei para cada tipo de sociedade, art 53.º n1.
Das quatro espécies de deliberação existentes, todas são possíveis nas sociedades em
nome coletivo e nas sociedades por quotas enquanto que se exclui a deliberação
tomada por voto escrito nas sociedades anónimas – art 189.º n1 para as sociedades em
nome coletivo; art 247.º n1 para as sociedades por quotas; art 373.º n1 para as
sociedades anónimas –.
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No âmbito das sociedades por quotas, art 248.º n3. A convocação da assembleia geral
compete a qualquer gerente, devendo ser feita por carta registada expedida com uma
antecedência mínima de 15 dias.
Adotada fora da assembleia geral de sócios e consagrada no art 54.º n1 1.ª parte, pode
dar-se esta forma de deliberação quando haja urgência para a tomada de uma decisão,
impossibilidade ou inconveniência da assembleia ou outras circunstâncias.
2021/2022
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Adotada fora da assembleia geral de sócios e consagrada no art 247.º, esta forma de
deliberação apenas é permitida nas sociedades em nome coletivo e nas sociedades por
quotas. Pode contudo a lei ou o contrato social proibir a adoção desta deliberação.
A inexistência da deliberação não tem consagração legal mas é adotada pela doutrina.
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A ação de nulidade consta do art 57.º. A legitimidade ativa cabe a todos os sócios,
mesmo àqueles que votaram a favor de uma deliberação nula, e ainda ao órgão de
fiscalização ou ao gerente quando a sociedade não tenha órgão de fiscalização. O prazo
para invocar a nulidade resulta do art 286.º CCivil, podendo esta ser invocada a todo o
tempo.
A ação de anulação consta do art 59.º. A legitimidade ativa cabe aos sócios que não
tenham estado presentes ou que tenham votado contra a deliberação anulável e ainda
ao órgão de fiscalização ou ao gerente quando a sociedade não tenha órgão de
fiscalização. O prazo para a proposição da ação de anulação é de 30 dias.
Uma deliberação que esteja a ser alvo de uma ação de nulidade ou de anulação pode
ser suspensa através do procedimento cautelar de suspensão de deliberação social
previsto nos art 380.º a 392.º CPC.
Quando se admite que o sócio tem uma participação social entende-se que a este
corresponde um direito de voto. A participação do sócio pode contudo ser plena ou
limitada, art 21.º n1 b).
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Existem contudo situações em que o sócio se encontra impedido de exercer o seu direito
de voto – art 251.º e 248.º n5 para as sociedades por quotas; art 384.º n6 para as
sociedades anónimas –. Nas sociedades unipessoais nunca se verificaram
impedimentos uma vez que apenas existe um sócio.
A participação do sócio será portanto limitada quando este não tenha direito de voto ou
se encontre impedido de votar.
Nas sociedades em nome coletivo o sócio pode fazer-se representar pelo seu cônjuge,
por ascendente, por descendente ou por outro sócio. O mesmo se aplica para as
sociedades por quotas, salvo se o contrato social permitir expressamente outros
representantes além dos enumerados. Nas sociedades anónimas o acionista pode
fazer-se representar por qualquer pessoa.
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A aquisição de quotas próprias consta do art 220.º, não sendo possível a sociedade
adquirir uma quota própria que não tenha ainda sido liberada/integralmente cumprida.
• a título gratuito
• não transmissão aos sucessores do sócio por morte deste, art 225.º n2
Para que a amortização seja possível, nos termos dos art 232.º n3 e 236.º, é necessário
que a quota tenha sido liberada e que a situação liquida da sociedade não fique inferior
à soma do capital social e da reserva legal, a não ser que a sociedade delibere a redução
do seu capital.
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• cessão da quota do sócio é proibida pelo que o sócio tem direito de exoneração
após 10 anos do seu ingresso na sociedade, art 229.º n1
• sócio entra para a sociedade com a sua vontade viciada, art 45.º
Quando houver lugar à exclusão do sócio por força do contrato, dita o art 241.º n2
que se aplicam os preceitos anteriormente vistos para a amortização das participações.
A exclusão judicial do sócio segue o disposto no art 242.º, podendo o sócio ser excluído
por decisão judicial sempre que o fundamento seja o seu comportamento desleal ou
gravemente perturbador do funcionamento da sociedade, tendo-lhe causado ou
podendo vir a causar-lhe prejuízos relevantes.
Nas sociedades que sejam constituídas por dois sócios aplica-se analogicamente o art
257.º n5, ficando a exclusão sujeita a decisão judicial.
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REMISSÕES
“exceto quando a lei exija número superior” do art 7.º n2 remete para art 273.º n1, ambos do
CSC
“permita que a sociedade seja constituída por uma só pessoa” do art 7.º n2 remete para art 270.º-
A (Lda) + 488.º, tudo do CSC
art 481.º remete para art 488.º, ambos do CSC – dupla remissão
art 994.º CCivil remete para art 22.º n3 CSC – dupla remissão
“conselho de administração” do art 278.º n2 remete para art 390.º n2 + 424.º n2, tudo CSC
“conselho fiscal” do art. 278.º n2 remete para art 413.º, ambos do CSC
“comissão de auditoria” do art 278.º n1 b) remete para art 423.º-B, ambos CSC
“conselho geral e de supervisão” do art 278.º n1 c) remete para art 434.º, ambos CSC
art 9.º n1 g) remete para art 26.º + 202.º n4 (Lda) + 277.º n4 (SA), tudo CSC
art. 9.º remete para art 176.º + 199.º + 272.º + 466.º, tudo do CSC
art 252.º n2 remete para art 391.º n1, ambos CSC – dupla remissão, como igual
art 229.º remete para art 328.º n2, ambos CSC – dupla remissão, como igual
art 3.º n3 b) remete para art 15.º, ambos do Decreto-Lei n.º 111/2005
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art 6.º n4 remete para art 257.º n6 (Lda) + 403.º n4 (SA) + 72.º, tudo CSC
art 21.º n1 b) remete para art 251.º e 248.º n5 (Lda) + 384.º n6 (SA), tudo CSC
art 209.º remete para art 287.º, ambos CSC – dupla remissão, como igual
“reserva legal” do art 213.º n1 remete para art 218.º, ambos CSC ––> NOTA: FAZER REMISSÃO
PARA O ART 218.º CSC SEMPRE QUE ENCONTRAR A EXPRESSÃO “RESERVA LEGAL”
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