3.código de Processo Penal - Prisões - Prisão em Flagrante Parte 2

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SUMÁRIO
DA PRISÃO ......................................................................................................................................................... 2
PRISÃO EM FLAGRANTE................................................................................................................................. 2
CONCEITO .................................................................................................................................................. 2
FUNÇÕES.................................................................................................................................................... 2
SUJEITO ATIVO DA PRISÃO EM FLAGRANTE .............................................................................................. 3
ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE ............................................................................................................ 3
FLAGRANTE PRÓPRIO, PERFEITO, REAL OU VERDADEIRO (ART. 302, INCISO I E II) .................................. 4
FLAGRANTE IMPRÓPRIO, IMPERFEITO, IRREAL OU QUASE-FLAGRANTE (ART. 302, INCISO III) ............... 4
FLAGRANTE PRESUMIDO, FICTO OU ASSIMILADO (ART. 302, IV) ............................................................. 6
ESPÉCIES DE PRISÃO ESQUEMATIZADAS ................................................................................................... 6
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7

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DA PRISÃO
PRISÃO EM FLAGRANTE
CONCEITO
Para Renato Brasileiro, prisão em flagrante é uma medida de autodefesa da sociedade,
consubstanciada na privação da liberdade de locomoção daquele que é surpreendido em
situação de flagrância, a ser executada independentemente de prévia autorização judicial 1.
FUNÇÕES
É importante frisar que a função da prisão em flagrante não é o encarceramento daquele
que praticou uma conduta delituosa.
Ao contrário, a doutrina aponta 04 funções principais da prisão em flagrante:

PRISÃO EM
FLAGRANTE

Evitar a fuga
do infrator

Facilitar a
colheita de
provas

Impedir a
consumação
do delito

Preservar a
integridade
física do preso

OBS: Em relação aos crimes de menor potencial ofensivo, no âmbito do JECRIM, não se
lavra o auto de prisão em flagrante, mas o termo circunstanciado de ocorrência (TCO), nos
termos do art. 69, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95.
Art. 69, Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do
termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o
compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em
flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o
juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do
lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.

1
Brasileiro, Renato. Manual de Processo Penal. 2016, pág. 895.

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SUJEITO ATIVO DA PRISÃO EM FLAGRANTE


O art. 301 do CPP aponta quem são os indivíduos que podem prender em flagrante, nos
seguintes termos:
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus
agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
flagrante delito.
Da leitura do dispositivo legal há duas espécies de prisão em flagrante, a depender de
quem é o sujeito ativo:

FLAGRANTE FLAGRANTE
OBRIGATÓRIO FACULTATIVO

Autoridade ou Qualquer do
agente policial povo

DÚVIDA: É ilegal a prisão em flagrante realizada por guarda municipal?

A resposta é NÃO.
Segundo o STJ, nos termos do art. 301 do CPP, qualquer pessoa pode prender quem esteja
em flagrante delito, razão pela qual a prisão efetuada por guarda municipal não é ilícita 2.

ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE


O art. 302 do CPP traz as espécies de flagrante delito, nos seguintes termos:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
De forma que a doutrina trouxe uma classificação baseada em 03 espécies distintas:

2
HC 421.954/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca

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ESPÉCIES DE
PRISÃO EM
FLAGRANTE

Próprio
(incisos I e II)

Impróprio
(inciso III)

Presumido
(inciso IV)

FLAGRANTE PRÓPRIO, PERFEITO, REAL OU VERDADEIRO (ART. 302,


INCISO I E II)
Inicialmente, é importante frisar que as bancas de concurso público costumam cobrar os
nomes das espécies de flagrante, por tal razão orienta-se a tomar certo cuidado com as
expressões adotadas nos títulos dos tópicos.
O flagrante próprio pode ocorrer em dois momentos distintos: o agente é surpreendido
durante o cometimento da infração penal (inciso I) ou quando acaba de cometê-la (inciso II).

FLAGRANTE
PRÓPRIO

No momento
da prática do
crime

Logo após a
prática do
crime

Em suma, é a prisão em flagrante comum que ocorre concomitantemente com a prática


da conduta delituosa, daí se chamar flagrante próprio ou real.
FLAGRANTE IMPRÓPRIO, IMPERFEITO, IRREAL OU QUASE-FLAGRANTE
(ART. 302, INCISO III)
O flagrante impróprio é aquele que ocorre quando o agente é perseguido logo após
cometer a infração penal, em situação que faça presumir ser ele o autor do ilícito.
Não há dúvidas de que é a PERSEGUIÇÃO a principal característica do flagrante
impróprio.

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DÚVIDA: Caso a perseguição dure algumas horas, é possível falar em prisão


em flagrante na captura do agente?

A resposta é SIM.
O Código de Processo Penal não dispõe sobre a duração máxima da perseguição do agente
infrator, razão pela qual não há como falar em descaracterização do flagrante por conta das
várias horas necessárias para a captura.
Por outro lado, tanto doutrina quanto jurisprudência afirmam que não pode haver a
descontinuidade temporal, ou seja, a perseguição deve ser ininterrupta e contínua.
Por exemplo, Pedro, após praticar um homicídio, foge para outra cidade e é capturado
horas depois pela equipe policial que iniciara as buscas logo após uma testemunha ligar para a
emergência.
A situação descrita acima configura uma hipótese de flagrante impróprio ou quase-
flagrante, pois não se trata de prisão efetuada no momento ou logo após o cometimento da
conduta ilícita.

FLAGRANTE
IMPRÓPRIO

Perseguição, logo
após a prática do
crime

Perseguição deve
ser ininterrupta e
contínua

Perseguição pode
durar várias horas

MUITO IMPORTANTE

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um indivíduo, próximo a uma boca-de-fumo, ao avistar uma equipe


policial corre para dentro de casa. Os policiais, desconfiando da situação, entram na residência
sem autorização judicial ou do morador. No local, encontram grande quantidade de drogas 3.
DÚVIDA: O ingresso da polícia, na situação descrita acima, é legítimo?

A resposta é NÃO.
Segundo o STJ, o ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em
caso de flagrante delito, para que seja válido, necessita de que haja justa causa que sinalize a
ocorrência de crime no interior da residência.

3
CAVALCANTE, MÁRCIO ANDRÉ LOPES. MERA INTUIÇÃO DE QUE ESTÁ HAVENDO TRÁFICO DE DROGAS NA CASA NÃO AUTORIZA O INGRESSO SEM
MANDADO JUDICIAL OU CONSENTIMENTO DO MORADOR. BUSCADOR DIZER O DIREITO, MANAUS. DISPONÍVEL EM:
<HTTPS://WWW.BUSCADORDIZERODIREITO.COM.BR/JURISPRUDENCIA/DETALHES/037A595E6F4F0576A9EFE43154D71C18>. ACESSO EM: 04/03/2020

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A mera intuição acerca da eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse
autorizar abordagem policial em pública para averiguação, não configura, por si só, justa causa
a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação judicial 4.
Em suma, a exceção da inviolabilidade do domicílio exige justa causa prévia, ainda que a
justificativa seja apresentada posteriormente pela autoridade policial.
FLAGRANTE PRESUMIDO, FICTO OU ASSIMILADO (ART. 302, IV)
O flagrante presumido ocorre quando o agente é preso logo após cometer a infração, com
INSTRUMENTOS (armas, objetos, etc) que façam presumir ser ele autor do crime.
Por exemplo, após a explosão de uma agência bancária, um indivíduo, próximo ao local, é
abordado por equipe policial, a qual encontra diversas notas de dinheiro chamuscadas e sujas
com tinta de detecção.
Na situação acima descrita, a prisão em flagrante será da espécie ficta ou presumida.
ESPÉCIES DE PRISÃO ESQUEMATIZADAS
Como dito anteriormente, é bastante comum que as provas de concurso público exijam o
conhecimento da classificação acima apresentada.
Diante disso, para facilitar sua compreensão, apresenta-se um esquema simples, mas que
auxiliará num momento de apuro.

FLAGRANTE EXECUÇÃO DA
PRÓPRIO INFRAÇÃO

FLAGRANTE
IMPRÓPRIO PERSEGUIÇÃO

FLAGRANTE
PRESUMIDO INSTRUMENTOS

DÚVIDA: A exceção prevista no art. 5º, XI, da Constituição Federal,


inviolabilidade do domicílio é aplicável para qual modalidade de flagrante?

Segundo doutrina e jurisprudência, já que a Constituição Federal não dispôs,


restritivamente, quais modalidades de flagrante autorizariam a violabilidade do domicílio, é
admissível quaisquer delas.
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial;

4
STJ. 6ª TURMA. RESP 1.574.681-RS, REL. MIN. ROGÉRIO SCHIETTI CRUZ, JULGADO EM 20/4/2017

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EXERCÍCIOS
1. (CESPE/2019 – PRF – Policial Rodoviário Federal) – Com relação aos meios de prova e
os procedimentos inerentes a sua colheita, no âmbito da investigação criminal, julgue o
próximo item. A entrada forçada em determinado domicílio é lícita, mesmo sem mandado
judicial e ainda que durante a noite, caso esteja ocorrendo, dentro da casa, situação de
flagrante delito nas modalidades próprio, impróprio ou ficto.
Certo ( ) Errado ( )
2. (CESPE/2019 – PRF – Policial Rodoviário Federal) – Em decorrência de um homicídio
doloso praticado com o uso de arma de fogo, policiais rodoviários federais foram
comunicados de que o autor do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja
placa e características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais rodoviários
federais em um ponto de bloqueio montado cerca de 200 km do local do delito e que os
policiais acreditavam estar na rota de fuga do homicida. Dada voz de prisão ao condutor
do veículo, foi apreendida arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente,
tinha sido utilizada no crime. Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte
item. De acordo com a classificação doutrinária dominante, a situação configura hipótese
de flagrante presumido ou ficto.
Certo ( ) Errado ( )
COMENTÁRIO DA QUESTÃO 01: A assertiva está certa.
Ao tratar sobre a inviolabilidade do domicílio, a CF/88 não restringiu para qual
moralidade de flagrante (próprio, impróprio ou presumido) autorizaria a entrada na
residência.
Dessa forma, a questão encontra-se de acordo com entendimento da doutrina
e jurisprudência.

COMENTÁRIO DA QUESTÃO 02: A assertiva está certa.


De fato, considerando que o indivíduo foi abordado e preso na posse de
INSTRUMENTO do crime, a modalidade do flagrante é ficta ou presumida.

GABARITO
1. Certo
2. Certo

MUDE SUA VIDA!


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