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Os textos e a vida em sociedade

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Por que escrever? Como escrever?

Linguagem: socialização e enunciação


Por que escrever? Como escrever?

“Mas que ao escrever – que o nome


real seja dado às coisas. Cada coisa é
uma palavra. E quando não se a tem,
inventa-se-a. Esse vosso Deus que nos
mandou inventar.
Por que escrevo? Antes de tudo porque
captei o espírito da língua e assim às
vezes a forma é que faz o conteúdo.”
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

 Escrever é fazer uso de uma linguagem, é retratar e/ou reconstruir o mundo ao nosso
redor, com suas coisas, ideias, emoções (conteúdo), por meio de palavras (forma).

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Por que escrever? Como escrever?
 Escrever... Por quê?

“Nas longas noites de insônia e nos dias de desânimo,


aparece uma mosca que fica zumbindo dentro da cabeça
da gente: ‘Vale a pena escrever? Será que as palavras
sobreviverão em meio aos adeuses e aos crimes?’”
GALEANO, Eduardo. Vozes e crônicas. São Paulo: Global, 1978.
? ?

? ? ?
? Fazer uma boa redação é escrever “certinho”,
As palavras sobreviverão? sem cometer erros de gramática?
? ? ?
? ? ? ?
?
? Por que escrever? Faz sentido ter sempre um único interlocutor?
? ? ?
Escrevo apenas para cumprir uma burocracia escolar? ? ? ?
?

 O objetivo primeiro da modalidade escrita: a interação


 Para algumas das interrogações acima, Eduardo Galeano nos fornece material de reflexão ao
afirmar que:
As pessoas escrevem a partir de uma necessidade de
comunicação e de comunhão com os outros, para denunciar
aquilo que machuca e compartilhar o que traz alegria.
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Por que escrever? Como escrever?
O que escrever? Como escrever?

 O ato de escrever é a etapa final de um processo de reflexão.

 Escrever é colocar uma ideia no papel.

 Para ter ideias é preciso ler, ler e ler.

 A leitura deve ser ativa (interativa); levar à reflexão.

 A leitura é fundamental para a produção de um texto porque nos permite o contato com
uma variedades de conteúdos (culturas, áreas de conhecimento, informações em geral).

 Por meio dos conhecimentos adquiridos pela leitura, é possível encontrar a melhor
forma de expressar uma ideia e desenvolver um estilo de escrita sem perder de vista os
elementos do processo de interação, a intencionalidade e a adequação. Assim,
adquirimos também os conhecimentos de forma: variedade de gêneros textuais e
variedade de registros e modalidades da língua.

“Ninguém é capaz de escrever bem, se


não sabe bem o que vai escrever.”
Matoso Camara Jr.

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Por que escrever? Como escrever?
A produção de textos e a gramática

Organiza o pensamento

Esqueleto da língua; um
Sem ela não há texto Gramática
texto sem esqueleto
desmorona

Regras retrógradas são dispensáveis

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Por que escrever? Como escrever?
A produção de textos e a gramática
Uma boa redação não é
imprescindivelmente aquela que não apresenta Comentando os trechos ao lado, o
nenhum erro de gramática. A esse respeito, professor Celso Luft assim se manifesta:
vejamos alguns trechos da crônica “O gigolô de
palavras”, de Luis Fernando Verissimo:
Sim; muitas regras, regras demais,
perfeitamente dispensáveis.
[...] a linguagem, qualquer linguagem, é
um meio de comunicação e deve ser julgada Por exemplo: regras de colocação
exclusivamente como tal. lusitana de pronomes no Brasil, regências
obsoletas, todas as miudezas normativas de
Escrever bem é escrever claro, não um purismo rançoso.
necessariamente certo. Dispensáveis todas as regras que não
contribuem para a eficiência comunicativa,
Respeitadas algumas regras básicas da as que embaraçam e atravancam a
gramática, para evitar os vexames mais comunicação, que dão ao aluno a ideia de
gritantes, as outras são dispensáveis. que a aula de português “é uma chateação”,
não serve para nada. Todas as regras inúteis
e retrógradas deveriam ser eliminadas,
proibidas.
VERISSIMO, Luis Fernando. In: LUFT, Celso Pedro. Língua e
liberdade. São Paulo: Ática, 2002.

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Por que escrever? Como escrever?
Texto escrito é sinônimo de texto “certinho”

 Embora o texto escrito apresente características que o diferencie do texto oral, como a
possibilidade de “maior planejamento”, nem todo texto escrito tem de ser “certinho”. Um
fator importante a ser considerado é a adequação a determinadas circunstâncias:

 sobre o que vai se falar (assunto);

 o meio utilizado( suporte);

 o contexto (ambiente espaço-temporal);

 o nível cultural de quem escreve;

 e, o mais importante, para quem se


escreve (interlocutor).

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Linguagem: socialização e enunciação

Agência:Intercontinental Press
King Features Syndicate/
Ipress
Na tira, observamos os recursos do cachorro e do papagaio para se comunicar: o
cachorro rosna, mostra os dentes e altera seu olhar; o papagaio imita sons, reproduz
palavras que houve dos humanos com quem convive. Até aqui tudo muito convencional.
Porém, no último quadrinho, construindo o humor da tira, o papagaio, diante da ameaça do
cachorro, é capaz de, racionalmente, criar uma frase de acordo com sua necessidade,
assumindo uma característica exclusiva do ser humano: produzir enunciados. Daí a sensação
de estranhamento que toma conta de Hagar (observe a expressão de seu rosto) e de nós,
leitores.

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Linguagem: socialização e enunciação

emissão
de sons
comportamentos emissão de sons
determinados comportamentos
determinados

permite a permite a
sobrevivência sobrevivência
e perpetuação Linguagem e perpetuação
Linguagem da espécie humana da espécie
animal
estática e
condicionada fruto do
raciocínio
não consciente consciente e
intencional
instintiva
capaz de
produzir
enunciados

dinâmica
e criativa

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Linguagem: socialização e enunciação

Linguagem e socialização

Todo sistema que, por meio da organização de sinais, permite a


expressão ou a representação de ideias, desejos, sentimentos e
emoções.
Linguagem humana
Capacidade inerente ao homem de aprender uma língua e fazer
uso dela.

 Linguagem verbal e linguagem não verbal

Quando pensamos em linguagem como sistema organizado de sinais, associamos essa


palavra à noção de linguagem verbal, ou seja, de língua.
Linguagem tem um conceito mais amplo: é todo sistema que permite a expressão ou
representação de ideias e se concretiza em um texto.
Cientes disso, podemos perceber a existência de diferentes linguagens à nossa volta;
linguagens que apelam a todos os nossos sentidos.

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Linguagem: socialização e enunciação

Linguagem verbal e linguagem não verbal

 Linguagem verbal: aquela que utiliza a língua falada ou escrita.

 Linguagem não verbal: aquela que utiliza qualquer código que não seja a palavra, como
a pintura e a linguagem de gestos, criada para facilitar a comunicação de surdos.

ALFABETO MANUAL

Reprodução
DOS SURDOS

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Linguagem: socialização e enunciação
Os signos visuais
 São componentes básicos dos códigos que possibilitam a expressão de uma ideia substituindo
determinados objetos.
 Pode assumir diferentes representações do real. Destacamos três:

ícone índice símbolo

Signo que apresenta Signo que mantém uma Signo que mantém
relação de semelhança relação natural, casual, uma relação
com o objeto com o objeto(fumaça, convencional com o
(foto,diagrama) pegada) objeto(signo
linguístico,cor
vermelha)
 Os signos linguísticos
 São as próprias palavras e são responsáveis pela representação das ideias.
 Signo linguístico = significante + significado: significante = sequência sonora:/papagaio/ (ou
representação gráfica do papagaio) / significado (conceito) = ave da espécie dos
psitaciformes ou psitacídeos geralmente de penas verdes, que imita bem a voz humana.
 O signo linguístico (palavra) não é o objeto. A palavra “papagaio” não é o papagaio, mas
quando a pronunciamos , imediatamente nos vem a ideia da ave conhecida como papagaio.

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Linguagem: socialização e enunciação

Linguagem Língua
Linguagem língua e fala verbal Código verbal Fala
sistema de uma Uso individual
composto de determinada do código
signos comunidade verbal
linguísticos

 Gramática natural e gramática normativa

 A soma dos conhecimentos da língua chamamos gramática.


 Gramática natural: conjunto de regras gerais e internas da língua, que permite entender
enunciados e nos fazer entender por meio deles.
 Gramática normativa: conjunto de regras que impõe um padrão de linguagem, que tenta
estabelecer um determinado uso da língua, chamado uso culto, norma culta ou norma-padrão.

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Linguagem: socialização e enunciação
Linguagem e enunciação

 A linguagem se realiza na Assunto


enunciação, isto é, na situação Ambiente
Código
real de comunicação. A espaço
enunciação engloba o processo temporal
de comunicação como um
Processo de
todo, abrangendo diversos Meio comunicação Participantes
elementos que o condicionam utilizado
e modificam:

 A adequação
 Um enunciado pode ser considerado adequado quando é apropriado aos elementos presentes
no processo de comunicação.
Situação Enunciado Adequação
Texto de um e-mail enviado E aí cara? Vamos no cinema à Adequado (contradiz algumas
por uma adolescente a um noite? Me responda logo. regras normativas, mas é
amigo. Bj. Ju. adequado).
Fala de uma adolescente ao Boa-tarde. Como você está? Inadequado (não contradiz as
telefone direcionada a uma Gostaria de saber se regras da gramática
amiga. poderíamos ir ao cinema no normativa, mas é
sábado. Divertiremo-nos inadequado).
muito.
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Linguagem: socialização e enunciação

A adequação

 De maneira geral, podemos distinguir dois tipos de registro de língua:


 o padrão coloquial: emprego das formas da língua de forma espontânea e funcional.
 o padrão culto: emprego das estruturas da língua de forma mais cuidada e tradicional.

apresentação de
bate-papo
relatório à direção
com os pais Língua
da empresa

bate-papo bate-papo
com amigo com o
professor defesa de tese
Padrão em ambiente
acadêmico Padrão
coloquial
culto

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Linguagem: socialização e enunciação
Escrita e oralidade
 Podemos efetivar o processo de comunicação num enunciado falado ou escrito. Portanto,
distinguimos duas modalidades para interação social pela linguagem: a falada e a escrita.
 As modalidades falada e escrita têm características particulares na produção do enunciado, o
que permite reconhecer marcas da escrita e marcas da oralidade. Compare-as:

Modalidade falada

• Forte dependência contextual. Modalidade escrita

• Pouco planejamento, ou planejamento • Pouca dependência contextual.


simultâneo à produção da fala: espontânea,
• Permite planejamento cuidadoso: fluxo
fluxo fragmentado, mudança abrupta de
não fragmentado e contínuo.
construção, frases quebradas.
• Coesão por meio de conectivos, de
• Coesão por meio de recursos
estruturas sintáticas, etc.
paralinguísticos (entonação, gestos,
olhares, etc.). • Períodos longos com muita subordinação
e frases com estrutura complexa.
• Predomínio de frases curtas, ordem direta,
período simples e coordenação. • Forte influência das convenções.
• Presença de elementos que mantêm a
conversação aberta: “Entende?”, “tá claro?”.

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