Você está na página 1de 21

Bem-vindos!

Cumbuca #9
Comissão de heteroidentificação racial
Participação especial: Nilton Santos
OABSP: 308888
Introdução
Objetivo
Detalhar trilha de aprendizado da temática racial, incorporando momentos de disseminação para o time e
fora da Falconi.

Regras do Jogo (premissas):

1. Focar os estudos no panorama “Racismo Brasil”.


2. As cumbucas serão guiadas pelos mediadores, porém todos podem participar, a fim de criar um momento de
aprendizado e insights.
3. Após a cumbuca, os mediadores devem resumir os principais pontos e incorporá-los no material oficial e no
Finder/Degreed.
Palavras Chave
Conjunto de características
Ciências
visíveis: pele, nariz, boca,
Raça humanas Fenótipo cabelos
e sociais

genótipo Pretos Pardos Negros


Ações afirmativas é Gênero.
Cotas Raciais Espécie
As Ações Afirmativas são necessárias quando o Estado operou, em algum momento na sua história,
ações negativas em detrimento de determinado grupo social. No Brasil isso ocorreu em determinados
momentos com o grupo negro:
• No ano de 1835 ficou estabelecida a proibição dos escravos frequentarem as escolas. A Resolução
Imperial nº 382 datada de 1º de julho de 1854 determinava:
• Art. 35 – Os professores receberão por seus discípulos todos os indivíduos, que, para aprenderem
primeiras letras, lhe forem apresentados, exceto os cativos, e os afetados de moléstias contagiosas.
• O Decreto nº 7.967, artigo 2º, de 18 de setembro de 1945: "atender-se-á, admissão dos imigrantes, a
necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais
convenientes da sua ascendência europeia, assim como a defesa do trabalhador nacional".
Nossa “morenidade” foi projeto de Estado
• Darwinismo social e o racismo científico
• A inferioridade do negro “comprovada pela ciência”
• Europeus escrevem sobre o Brasil – Um país de “mulatos”, um país de “macacos”
• O desespero dos intelectuais e políticos brasileiros em relação ao futuro da nação
• O branqueamento como solução para o Brasil: um racismo institucional
• A resposta de Gilberto Freire: a ideia de democracia racial
A redenção de
Cam –
Modesto
Brocos
O diálogo com as teorias raciais do
século XIX que fundamentam o
branqueamento da nação brasileira.
Para quê uma banca de heteroidentificação racial?

• Fruto das lutas e discussões do Movimentos Negros e estudantis

• Existe um grupo de pessoas que possui privação de direitos baseados em seu fenótipo

• Para proteger da falsidade da autodeclaração

• Para fiscalizar a política, algo raro nesse país.


O que é ser negro?
Pardo ou Moreno
A intervenção da banca

[...] no exercício de sua tarefa heteroidentificatória, a comissão deve corrigir eventual autoatribuição
identitária equivocada, à luz dos fins da política pública, iniciativa que não se confunde com lugar para
a confirmação de percepções subjetivas ou satisfação de sentimentos pessoais, cuja legitimidade não se
discute nem menospreza, mas que não vinculam, nem podem dirigir, a política pública;
(Roger Raupp Rios, 2018 p. 215)
A intervenção da banca
Esse procedimento é regulamentado pela portaria a Portaria Normativa n º 4, de 6 de abril de 2018, que
instaura as bancas heterogêneas (formadas por pessoas de diversas cores, gênero e naturalidade distintas)
como dispositivo complementar à autodeclaração, para fins de preenchimento das vagas reservadas para
candidatos negros nos concursos públicos federais.
A intervenção da banca
• O objetivo da heteroidentificação racial é garantir que os candidatos que ingressarem nas vagas
reservadas para pessoas negras sejam realmente negras.

• A entrada de candidatos não reconhecidos socialmente como negros através das cotas raciais gerou a
necessidade de assegurar os direitos da população negra ao ensino superior, na graduação e na pós-
graduação, e aos empregos públicos através da confirmação da sua etnia/cor por uma comissão,
qualificada e que usa critérios rigorosos, criada especificamente para este fim.
Então quais são os sinais?
• Para reconhecer uma pessoa socialmente como negra as bancas de heteroidentificação utilizam o
conceito de raça social, que é explicado pelo antropólogo Kabengele Munanga como uma categoria
construída a partir das diferenças fenotípicas como a cor da pele, o tipo do cabelo e outros critérios
morfológicos que denotem o indivíduo como afro-brasileiro (largura dos lábios e do nariz).

• Não são consideradas as características biológicas, genéticas ou a sua ascendência, ou seja, se tem
pais ou avós negros. Essas características são estigmatizantes e dão base ao preconceito de marca e à
discriminação pela aparência aqui no Brasil, como ensinou o sociólogo Oracy Nogueira.
Reflexões que podem orientar o debate em caso de dúvidas

• O candidato seria alvo de discriminações devido à sua aparência?

• O candidato transitaria em ambientes de prestígio como uma pessoa negra?

• A aparência do candidato é incomum no serviço público federal, principalmente na alta direção?

• A representatividade dos negros em ambientes de prestígio seria ampliado com a presença desse
candidato?

• Nesta dinâmica, já aceitamos a autodeclaração de servidores com características fenotípicas


semelhantes?
Armadilhas
• Confundir social com racial

• Considerar sinais de prestígio como elementos “embranquecedores”

• Ser mais severo com pessoas bonitas (e vice-versa)

• Ser mais benevolentes com mulheres

• Considerar o aspecto subjetivo da autodeclaração para a decidir (não importa se o indivíduo se acha
ou não negro ou se já sofreu discriminação)

• Inserir o entrevistado em um ambiente diferente do brasileiro (“nos EUA seria negro”)


Considerações finais
• Diferentes maneiras de ser fenotipicamente negro(a)

• O genótipo não é o alvo da política afirmativa

• Dialogar com os próprios coletivos

• Grande desafio e responsabilidade da banca de heteroidentificação


Referências
• RIOS, Roger Raupp . Pretos e pardos nas ações afirmativas: desafios e respostas da
autodeclaração e da heteroidentificação. In: Heteroidentificação e cotas raciais: dúvidas,
metodologias e procedimentos/ Gleidson Renato Martins Dias e Paulo Roberto Faber
Tavares Junior, organizadores. – Canoas: IFRS campus Canoas, 2018. 267p.

• CEFET, Minas Gerais. Ações afirmativas no CEFET-MG - Bancas para verificação


étnica e racial. [3min 39s]. Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v
=A4_moyN265A&list=PLKVIWx2UXHx_31g_Ve2W59Swh_4nbmzut&index=47&t=0s>
Acesso em 28/10/2019.

• GOMES, N. L. Educação cidadã, etnia e raça: o trato pedagógico da diversidade.


Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola. São Paulo: Selo Negro,
p. 83-96, 2001.
Sugestão de Leituras
• Onda negra medo branco
MARIA CÉLIA AZEVEDO

• Uma história do negro brasileiro


WLAMIRA RIBEIRO DE ALBUQUERQUE

• O plano e o pânico- os movimentos sociais da década da abolição


MARIA HELENA MACHADO

• Transição e exclusão
RAMATIS JACINO

• O branqueamento do trabalho
RAMATIS JACINO
Obrigado!

Você também pode gostar