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Diretoria de Tecnologias na Educação - DTED

Disciplina: Politica Educacional Inclusiva III (2023-2)


Professor: Dr. Felipe Sávio Cardoso Teles Monteiro
Licenciatura em Matemática
PARA PENSAR NO ASSUNTO

• Agora pense quando você frequentou a faculdade. Naquele


ambiente, de todos as/os professoras/es, quantos destas/es
são negras/os? E as/os alunas/os? E as/os funcionárias/os do
admin
administrativo? E as/os funcionárias/os da
limpeza e da segurança?
• Em seu ambiente de trabalho: Você vê mais
pessoas brancas ou negras? Em quais funções
ou cargos elas estão?
Fonte: SOUZA, 2015.
PARA PENSAR NO ASSUNTO

• Nos programas de TV, conte quantos apresentadores,


jornalistas ou âncoras de jornal, artistas em estado de estrelato
são negros. Onde as crianças negras se veem representadas?

• No seu cotidiano e vivências, quem são as


pessoas que ocupam lugares de destaque e
liderança?
Fonte: SOUZA, 2015.
O Brasil foi
• A segunda maior nação escravista da era moderna
• O último país do mundo ocidental a abolir a
escravidão (1888)
• O penúltimo país da América a abolir o tráfico de
escravos (1850)
• O maior importador de toda a história do tráfico
atlântico
• O Brasil tem hoje
• A segunda maior população negra
(afrodescendente) do mundo, com cerca de 80
milhões de indivíduos, só sendo superado pela
Nigéria
• A propriedade de escravos era amplamente disseminada

• (muito mais que nos Estados Unidos ou no Caribe)

• A Igreja Católica nunca combateu a escravidão negra

• Não havia clivagens regionais, como nos EUA : a escravidão era aceita
e praticada em todo o território brasileiro

• No censo do Império (1872) havia escravos em todos os 643


municípios brasileiros

• Ter escravos ou traficar com escravos era um sinal de status,

• Até depois da Guerra do Paraguai quase não se encontra nenhuma


oposição ao regime servil na literatura, na imprensa, na
jurisprudência ou no parlamento

• O movimento abolicionista, quando surgiu, foi inteiramente secular -


a Igreja Católica não participou dele
A construção da negação

• Do mito da “escravidão cordial” ao mito da “democracia racial”

• A ideia de que a escravidão no Brasil era “mais branda” ou “mais suave”


do que nos EUA ou no Caribe tem suas raízes no próprio período
escravista

• Foi retomada por alguns historiadores no século XX (Oliveira Viana,


Carolina Nabuco, Artur ramos, Gilberto Freyre (1922, 1933),

• Totalmente desmoralizada hoje (Roger Bastide, Fernando Henrique


Cardoso, Octavio Ianni, Florestan Fernandes [UNESCO]), mas teve papel
importante na fixação do mito da democracia racial no Brasil
• Da visão da escravidão mais branda e mais humanizada os
defensores dessa tese inferiram vários corolários sobre as relações
raciais no Brasil pós-abolição.

• Depois da abolição os ex-escravos adquiriram cidadania imediata,


fundindo-se na população livre com plenos direitos, sem restrições
legais e sem segregação

• Visões como essas, junto com a afirmação formal da igualdade


(inexistência de aparato legal de segregação) e a ausência de
violência interracial, criaram, e mantém até hoje, a mentira da
democracia racial, ou seja a ideia de que a sociedade brasileira
oferece oportunidades iguais para todos, independentemente de
sua raça ou cor
POLÍTICA DE BRANQUEAMENTO
• Racismo cientifico: negro como obstáculo ao desenvolvimento
(século XIX)

• Nina Rodrigues (Faculdade de Medicina da UFBA): mestiçagem


enfraquece a raça

• Silvio Romero: mestiçagem como diluição do fator negativo, o


negro

• Política de branqueamento via imigração

• 4,5 milhões de imigrantes brancos – europeus, japoneses


(poucos) – impedindo hindus e chineses, de 1870 a 1930
• Igualdade na diferença: valorizar a humanidade que provém de todo e qualquer
indivíduo, base da ideia de direitos humanos. Mesmo em casos graves de deficiência a
pessoa deve ter garantido seu direto de livre escolha e convívio social.

• Diferença na igualdade: as peculiaridades das pessoas devem ser reconhecidas, na


medida em que impliquem em adaptações para que sua participação social seja
efetivada. Esta ideia está na base do surgimento do conceito de diversidade.
EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA

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O que é uma educação antirracista?

Aplicação das legislações e


normativas

Reconhecimento do racismo
estrutural e seus impactos

Práticas que desconstruam


preconceitos e discriminações

Valorização da diversidade
Educação antirracista: Características

Uma educação antirracista precisa:


Reconhecer as desigualdades raciais;
Refletir de forma contínua sobre o racismo e seus derivados no
ambiente escolar;
Repudiar atitudes preconceituosas e
discriminatórias, tanto na sociedade quanto nos
espaços escolares;

©Pixabay Cuidar para que as relações entre adultos e


crianças, negros e brancos, sejam sempre
respeitosas; Fonte: CAVALLEIRO, 2021, p. 158.
Educação antirracista: Características

Uma educação antirracista precisa:


Valorizar a diversidade e promover a igualdade no cotidiano da escola;
Abordar uma visão crítica da história sobre os diferentes grupos que
constituem a nossa história;
Utilizar materiais que contemplem a diversidade racial
e a temática das relações étnico-raciais;
Educar para o reconhecimento positivo da diversidade
racial;

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Desenvolver práticas que fortaleçam a autoestima dos
estudantes pertencentes a grupos discriminados.
Fonte: CAVALLEIRO, 2021, p. 158.
EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA E A EDUCAÇÃO
DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: NORMATIVAS

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LEI 10.639/2003 E LEI 11.645/2008

• Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para


incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade
da temática da história e cultura afro-brasileira e indígena.
• Alteraram a Lei de Diretrizes e Bases.

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LEI 10.639/2003 E LEI 11.645/2008

• Incluir [...] o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos


negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena
brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional,
resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e
política, pertinentes à história do Brasil.
(BRASIL, 2003)

• Ministrados no âmbito de todo o currículo escolar,


em especial nas áreas de educação artística e de
literatura e história brasileiras. (BRASIL, 2008)
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E PARA O
ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E
AFRICANA (2004)
Objetivo: Regulamentar a alteração trazida à Lei
9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
pela Lei 10.639/2000.

(BRASIL, 2004) ©Pixabay


DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E PARA O
ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E
AFRICANA (2004)
Princípios:
• Consciência política e histórica da diversidade;
• Fortalecimento de identidades e
de direitos;
• Ações educativas de combate ao
racismo e a discriminações.

(BRASIL, 2004)
Consciência política e histórica da
diversidade
Este princípio deve conduzir:
[...]
• À superação da indiferença, injustiça e
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desqualificação com que os negros, os povos indígenas e
também as classes populares às quais os negros, no
geral, pertencem, são comumente tratados;
• À desconstrução, por meio de questionamentos e
análises críticas, objetivando eliminar conceitos, ideias,
comportamentos veiculados pela ideologia do
branqueamento, pelo mito da democracia racial, que
tanto mal fazem a negros e brancos. (BRASIL, 2004)
Fortalecimento de identidades e de direitos

Este princípio deve conduzir:


• O desencadeamento de processo de afirmação de ©Pixabay
identidades, de historicidade negada ou distorcida;
• O rompimento com imagens negativas forjadas por
diferentes meios de comunicação, contra os negros e
os povos indígenas;
• Os esclarecimentos a respeito de equívocos quanto
a uma identidade humana universal.
(BRASIL, 2004)
Ações educativas de combate ao racismo
e a discriminações

Este princípio deve conduzir:


• A crítica pelos coordenadores pedagógicos, orientadores
educacionais, professores, das representações dos negros e
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de outras minorias nos textos, materiais didáticos, bem
como providências para corrigi-las;
• A Educação patrimonial, aprendizado a partir do
patrimônio cultural afro-brasileiro, visando a preservá-lo e
a difundi-lo; – o cuidado para que se dê um sentido
construtivo à participação dos diferentes grupos sociais,
étnico-raciais, na construção da nação brasileira, aos elos
culturais e históricos entre diferentes grupos étnico-raciais, às
alianças sociais. (BRASIL, 2004)
PRINCIPAIS DESAFIOS
PEDAGOGIA DE EVENTOS

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Questão racial colocada como algo específico para
o dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra)
e não como um conteúdo transversal presente
na escola nos diferentes componentes e ao longo
de todo o ano letivo.

EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES


ÉTNICO-RACIAIS É CURRÍCULO!
PRINCIPAIS DESAFIOS

Visão conservadora e Resistência verificada


autoritária de alguns em alguns
profissionais e/ou profissionais e/ou
comunidade escola. comunidade escolar.

Práticas Intolerância religiosa.


individualizadas
restritas apenas aos
diretamente Ausência da temática
envolvidos. na formação inicial.
(GOMES, 2012)
PRINCIPAIS DESAFIOS

Experiências escassas Desconhecimento


e não coordenadas de acerca da temática e
formação continuada. das legislações.

Não transversalização da temática em


diferentes componentes, sobretudo aqueles
como matemática, química, geografia, biologia
etc.
(GOMES, 2012)
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES
ÉTNICO-RACIAIS E CURRÍCULO

Imagens:
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Incorporação da diversidade étnico-racial
nos currículos e nas práticas educativas

“O resgate da memória coletiva e da história da

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comunidade negra não interessa apenas aos
alunos de ascendência negra. Interessa também
aos alunos de outras ascendências étnicas,
principalmente branca, [...] essa memória não
pertence somente aos negros. Ela pertence a
todos [...].” (MUNANGA, 2005, p. 16)
Valores civilizatórios afro-brasileiros

Construção de uma memória social


própria.

Avaliação crítica da memória social


herdada pela supremacia branca,
reproduzida e reiterada nas relações
sociais, baseada na inferioridade.
Rever nosso passado a partir de um
“[...] projeto político e civilizacional
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contemporâneo, ao mesmo tempo
emancipador e antirracista”.
(MATTOS, 2003, p. 231)
Apagamento histórico

Desvalorização
da diversidade Falta de
Visão étnica e reconhecimento
eurocêntrica cultural identitário e de
humana pertencimento
Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria Especial de Políticas da promoção da Igualdade Social. Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, 2004. Disponível em:
https://www.gov.br/inep/pt-br/centrais-de-conteudo/acervo-linha-editorial/publicacoes-diversas/temas-interdisciplinares/diretrizes-curriculares-
nacionais-para-a-educacao-das-relacoes-etnico-raciais-e-para-o-ensino-de-historia-e-cultura-afro-brasileira-e-africana. Acesso em: 19 ago. 2021.
________. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 19 ago. 2021.
_______. Ministério da Educação/ Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Orientações e
Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais, 2006. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/orientacoes_etnicoraciais.pdf. Acesso em: 19 ago. 2021.
______. Ministério da Educação. Contribuições para implementação da lei 10.639/2003: Proposta de plano
nacional de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação das Relações Étnico-Raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana – Lei 10.639/2003. Brasília: MEC/UNESCO, 2008.
BRASIL. Ministério da Educação/ Conselho Nacional da Educação. Resolução CNE/CP nº 1, de 27 de outubro de
2020. Dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Continuada de Professores da Educação
Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica (BNC-
Formação Continuada). Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-cne/cp-n-1-de-27-de-outubro-
de-2020-285609724. Acesso em: 19 ago. 2021.
CAVALLEIRO, Eliane. Educação antirracista: compromisso indispensável para um mundo melhor. In: _______. (Org.).
Racismo e antirracismo na educação: repensando nossa escola. São Paulo: Selo Negro, 2021.

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