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a
comunicação: a engenharia
das emoções, o autômato
espiritual e um campo de
conhecimento que se
constitui
Ciro Marcondes
Filho
Comunicação como fenônomeno
insondável
Tipos de fenômenos comunicacionais, a partir do
ponto de vista do produto.
Abertos
Exemplos 1: “são as matérias jornalísticas realizadas como live transmission; os
programas que transformam seguindo as reações do outro ( programas de auditório ou
de entrevistas, rádio ao vivo, shows, palestras, aulas, diálogos diretos ou por
computador)” p.60.
“Os abertos são os fenômenos que se
transformam enquanto estão sendo
realizados, exibidos, produzidos.
Eles são considerados “vivos”” p.60.
Comunicação como fenônomeno
insondável
Fechados
Abertos Fechados
“Há um acontecimento comunicacional não terminado “[...]os que sofrem ação deparam-se
– proponente(s) e as pessoas a quem se dirige com formas prontas e podem reagir
consideram as reações uns dos outros e participam ou não a elas”p.61.
conjuntamente no desenvolvimento do
fenômeno”p.61.
Abertos Fechados
1
“Nos processos “ao vivo”, há a provocação por parte de um agente que joga com a comunicação
observando o público, sentindo-o, capturando suas mais sensíveis mudanças, adaptando-se às menores
oscilações”p.62.
“A comunicação aqui é um fenômeno que opera com o tempo, que pode se estender e exigir sempre
novos reinícios”p.62
Estamos mais num jogo entre olhares, expectativas, alterações de falas e de condutas.
EXEMPLO: DONA XEPA (https://www.youtube.com/watch?v=SNXKWeZAEhc)
Dois tipos de comunicação desenvolvidas
para grandes públicos sincronicamente e para formas indivíduais
não sincrônica:
“Geralmente procuramos uma exposição, um filme, um programa de TV cujas informações anteriores nos
tenham chamado a atenção. A indústria da divulgação trabalha para isso: para nos instigar a ir a um
espetáculo porque este ou aquele especialista nos aconselhou. Esse fato faz com que a apreciação imediata,
espontânea, livre e pessoal é quase impossível”p.63
A função de um crítico sobre determinado assunto. A pessoa que é especialista e conduz a interpretação.
Há também um valor atribuído sobre a pessoa que tem grande referência na comunidade (Interpretação
minha) Ex: Beyoncé e as peças do museu do Louvre – Quebra de recordo em 2018 (mais de 10 milhões de
pessoas registradas).
A obra já vem pronta – “Há sérias dúvidas de que isso é comunicação. Principalmente porque,
especialmente para esses objetos, a sensação nos aparece quase como “de encomenda” p.64
O tempo é um fator importante para pensar uma leitura da obra.
A percepção pode ser “rápida”, mas ao mesmo tempo entramos em cena para contemplar.
Ex: filme. “Eu estou nessa cena. Nisso ele se assemelha às formas de comunicação do primeiro tipo: alguém
está realizando alguma coisa e eu estou acompanhando. Naturalmente, essa pessoa não me vê nem altera seu
comportamento por eu estar ali. Esse detalhe não existe. Mas o fato de eu fazer a imersão na cena me coloca
simuladamente num contexto em que eu vivencio os humores, os temores, as angústias e as alegrias dos
personagens. De alguma forma, sou contaminado por eles, por todos esses sentimentos e emoções.”p.64
Do ponto de vista técnico, a percepção
funciona de dois lados:
”o da produção esteticamente elaborada de uma peça artística ou
cultural, que dispensa a presença de um ser humano para trabalhá-la
junto aos que a fruem e o da vontade destes mesmos em fazer a imersão nela”p.64.
“O primeiro eixo dessa dualidade, a qualidade intrínseca da produção (fílmica, radiofônica ou televisiva)
usa-se de recursos de edição para administrar as sensações daquele que a recebe”p.64.
“Esse lado da comunicação não depende de nós. É parecido com o que Deleuze chama de automatismo da imagem
cinematográfica, que o cinema faz acoplar com nosso autômato espiritual, enquanto seres humanos preceptores.
(DELEUZE, 1984, 1990)”p.65
“Mas Deleuze aposta que o cinema faz mais do que isso, que ele avance também na produção de novos pensamentos, o
que, entretanto, é mais discutível, visto que, para isso, não se trata agora apenas de um jogo maquinal com supressão e
estimulação de sensações, como pressupõe a psicologia comportamental, mas de evocação de algo que transcende essa
mera engenharia técnica e entra no campo metafísico das questões existenciais. A nós nos parece que isso precisa do
concurso do próprio recipiente [...]”p.66
“Um filme, uma peça de TV, um radioteatro nos comandam. Nós seguimos. A comunicação, se ocorrer, se
dará no durante, na nossa exposição ao tempo de exibição ou apresentação”p.66.
“Uma conexão precisa surgir entre uma produção construída de forma tecnicamente aprimorada e uma expectativa,
conexão que interfira efetivamente na sensibilidade daquele que está assistindo. O produto tem que mexer de fato com
aquele que o recebe, mas a qualidade da comunicação está exatamente nos efeitos possíveis, alcançáveis dessa
conexão, a saber, se eles foram só aparentemente penetrantes ou se, de fato, provocaram resultados inovadores; se eles
não só fizeram sentir, mas também mexeram com a cabeça, subvertendo padrões”p.66.
NA COMUNICAÇÃO VIVA, ABERTA “a comunicação acontece na própria vivência, no estar junto através de
insistências e persistências por parte do elaborador, do incitador, do realizador. Ele sente e vê resultados”p.67
NA COMUNICAÇÃO FECHADA, “comunicação acontece apenas no lado dos que recebem, em conjunto ou
isoladamente. É uma experiência interior específica, pessoal, única, intransferível”p.67
COMO
PESQUISAR A
COMUNICAÇÃO?
DIREÇÃO PARA OS ACADÊMICOS (centralidade da discussão)
“Como trabalhar os processos de comunicação ou quase comunicacionais que nos interessam? Como estudar
efetivamente o fenômeno comunicacional por meio de um procedimento específico, particular, não cumulativo, sem
pretensões a generalizações ou inferências?”p..67
“[...] a contemporaneidade evidencia um flagrante paradoxo epistemológico: enquanto a comunicação é campo
emergente que habita todos os espaços e levanta indagações e questões absolutamente atuais, carentes de
trabalhos investigativos imediatos, são os saberes constituídos em outros contextos e em outras épocas, que
atendiam a demandas sociais outras, que se colocam na condição de estudá-los. Ora, é preciso virar essa
mesa, dotar os estudos comunicacionais stricto sensu da precedência que lhes cabe. A hora é de nos dedicarmos
aos fenômenos comunicacionais e à sua emergência como o grande fenômeno da contemporaneidade com
estatuto de campo próprio e autônomo.” p.68
O que é um fenômeno comunicacional?
PESQUISADOR transmitindo.
Há uma estrutura que permite a comunicação no ambiente (sons, imagens, luz, etc.).
“O livro é uma espécie de diálogo em que o leitor apenas ouve e o redator ou escritor
tem tempo, espaço e circunstância para expor longamente sua visão de mundo. Ele se
contrapõe a um hábito contemporâneo de não ouvir o outro ou ouvi-lo de forma
fragmentária e rudimentar”p.75
Obrigado!
dbsadanilo@gmail.com