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Williams
https://cbd0282.files.wordpress.com/2013/02/williams-raymond-cultura-e-
materialismo.pdf
"a arte é muitas vezes mais acessível, por ser especificamente formada e porque, quando
é realizada, é a seu próprio modo completa e mesmo autônoma e, sendo o tipo de
trabalho que é, pode ser transmitida e comunicada além de sua situação e circunstâncias
originais" pg 30.
"Se estivermos buscando as relações entre literatura [ou a música] e sociedade, não
poderemos nem separar essa prática de um corpo formado por outras práticas, nem, ao
identificarmos uma prática particular, deveremos estendê-la como possuindo uma relação
uniforme, estática e a-histórica com algumas formações sociais abstratas" pg 44
Zumthor
file:///C:/Users/LEANDRO/Downloads/94045692-ZUMTHOR-Paul-Performance-Recepcao-
Leitura.pdf
[os meios auditivos, como a escrita] “também saem do puro presente cronológico, porque a
voz que transmitem é reiterável, indefinidamente, de modo idêntico” pg. 7
Retorno da presença? “É possível ver nos meios auditivos uma espécie de revanche [à cultura
da escrita], de retorno forçado da voz” pg. 7
“Os signos dessa ressurgência (melhor dizer insurreição?) estão em toda parte, do desdém dos
jovens pela leitura até à proliferação da canção a partir dos anos 50” pg. 7
“performance implica competência (...) É um saber que implica e comanda uma presença e
uma conduta, um Dasein comportando coordenadas espaço-temporais e fisiopsíquicas
concretas, uma ordem de valores encarnada em um corpo vivo” pg. 15
“A performance se situa num contexto ao mesmo tempo cultural e situacional: nesse contexto
ela aparece como uma "emergência", um fenômeno que sai desse contexto ao mesmo tempo
em que nele encontra lugar. Algo se criou, atingiu a plenitude e, assim, ultrapassa o curso
comum dos acontecimentos” pg. 15
“Tudo se passa como se a poesia tivesse, entre os poderes da linguagem, a função de acusar o
papel performativo desta” pg. 23
“Comunicar (não importa o quê: com mais forte razão um texto literário) não consiste
somente em fazer passar uma informação; é tentar mudar aquele a quem se dirige; receber
uma comunicação é necessariamente sofrer uma transformação” pg. 26
“Todo texto poético é, nesse sentido, performativo, na medida em que aí ouvimos, e não de
maneira metafórica, aquilo que ele nos diz. Percebemos a materialidade, o peso das palavras,
sua estrutura acústica e as reações que elas provocam em nossos centros nervosos. Essa
percepção, ela está lá. Não se acrescenta, ela está. É a partir daí, graças a ela que, esclarecido
ou instilado por qualquer reflexo semântico do texto, aproprio-me dele, interpretando-o, ao
meu modo; é a partir dela que, este texto, eu o reconstruo, como o meu lugar de um dia. E se
nenhuma percepção me impele, se não se forma em mim o desejo dessa (re)construção, é
porque o texto não é poético; há um obstáculo que impede o contato das presenças. Esse
obstáculo pode residir em mim ou provir de hábitos culturais (tal como chamamos o gosto) ou
de uma censura ...” pg. 27
“Por isso, porque ela é encontro e confronto pessoal, a leitura é diálogo. A "compreensão" que
ela opera é fundamentalmente dialógica: meu corpo reage à materialidade do objeto, minha
voz se mistura, virtualmente, à sua” 31
“A imaginação faz funcionar no nosso espaço lúdico o objeto que capturou. Por aí, ela o
transforma em estatuto; o que foi documento se torna "realidade partilhada", segundo uma
outra expressão de Winnicott.” 53
“Mas apropriando-me dela, eu a vivo, e ao vivê-Ia lhe dou, muito além de todas as significa-
ções recuperadas, um sentido. Posso dizer seu sentido? Ou é o meu?” 53
“Procuro minha própria história na singularidade do meu objeto; e ele encontra em mim,
como em prospectiva, a sua. Encontra uma paixão: a minha; aquela em que meu discurso
conseguirá talvez comunicar à minha volta”. 54
M. Sodré
file:///C:/Users/LEANDRO/Downloads/217009473-As-Estrategias-Sensiveis-Muniz-Sodre-cap-
1-e-2.pdf
“Kant sustenta que uma sensação só se torna comunicável quando há acordo (Einstimmgkeit,
eufonia) de afetos, o que pressupõe uma comunidade afetiva ou comunidade de gosto”. Pg. 8
Parei na página 65
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/VCSA-8UCQDQ/
tese_de_luiz_henrique_assis_garcia.pdf?sequence=1
“tomar a cultura como um lugar de embates, que não se presta meramente a reproduzir o
social, mas o constitui e transforma.” Pg. 16
“As escolhas dos sons, escalas e melodias feitas por certa comunidade são produto de opções,
relações e criações culturais e sociais, e ganham sentido para nós na forma de música” pg. 20
“ressaltar que elas não atendem a uma lógica independente e abstrata, mas correspondem a
intencionalidades, escolhas, estratégias adotadas por sujeitos em seu cotidiano, como forma
de posicionamento em relação aos contextos históricos em que estão inseridos” pg. 21
“os meios de comunicação participam da mediação desde sua influência decisiva na formação
dos músicos à organização do circuito de produção, reprodução e consumo.” Pg. 23
“a cidade passa a encarnar uma limiaridade, na qual a dinâmica cultural se apresenta das mais
variadas formas e procedências.” Pg. 40
“O que significa, para um músico popular, a possibilidade de superação das limitações espaço-
temporais permitidas pelos meios de comunicação de massa, intensificando o contato com
produtos de culturas diversas e distantes e convivendo com sua formação de tradição oral?
Que impacto tem a mútua permeabilidade destas linguagens, facilitada pelo avanço técnico
sintetizado no estúdio de gravação?” pg. 43
“a “ausência do volume do corpo”, da presença física do intérprete, é “a única dimensão da
performance que desaparece na mediatização técnica” pg. 47
“Claro que a história da música popular no século XX passa pela influência do capitalismo e da
própria indústria cultural, mas resumi-la a isto seria negligenciar uma série de significações
sociais por ela desempenhados nas diversas sociedades” pg. 49
“Para BASTOS, a definição de “música popular” opera com a negação de outras duas
categorias: a “música artística” (erudita, acadêmica ou de concerto), da qual questiona o
elitismo dos mestres compositores cultivados e geniais, e a “folclórica”, a qual se opõe pela
falta de compromisso com a tradição e a autenticidade do “povo” anônimo do campo, na
medida em que responde às demandas do mercado pela novidade, inserindo-se na ciranda
efêmera das modas.” Pg. 77
“vários foram os modos de assimilar que acabaram compondo o painel múltiplo que veio a ser
chamado de MPB.” Pg. 80
“As afinidades e diferenças entre os trabalhos de Caetano, Gil, Chico, Edu e Milton são
reveladoras tanto dos elementos compartilhados em seu período de formação quanto da
emergência histórica de um ambiente comum – a MPB – suficientemente largo para abarcar
diferentes soluções dos problemas de criação através de práticas transculturais.” Pg. 119
“Para alcançar a “conscientização das massas” seria preciso uma estratégia alternativa. Foi a
partir desta necessidade que se estruturou o CPC (Centro Popular de Cultura), como grupo
autônomo de artistas e intelectuais que defendia a utilização da arte para propósitos
educacionais e políticos” pg 130
O engajamento do Clube da Esquina, por sua vez, é mais estético que político. “O
“engajamento” do artista implicava uma adesão política mais do que estética, a própria
submissão de suas qualidades “criativas” aos seus anseios políticos” pg. 131
Mário de Andrade: ‘A reação contra o que é estrangeiro deve ser feita espertalhonamente pela
deformação e adaptação dele, não pela repulsa. O artista não deve ser exclusivista, nem
unilateral. O compositor brasileiro tem que se basear quer como documentação, quer como
inspiração no folclore.”
“Já de cara, alguns detalhes: além das letras impressas e compositores apontados, cada canção
é acompanhada de uma listagem relacionando músicos e instrumentos. Além de ser um
procedimento comum em discos de jazz, importante influência para os músicos do Clube, tal
preocupação satisfaz uma expectativa do público (e estamos no campo da indústria cultural),
indicando que as músicas se dirigem majoritariamente a pessoas que se interessam por estes
detalhes” pg. 208
“Esse aspecto conceitual é ressaltado em Clube da Esquina pela interligação das faixas através
de recorrências melódicas e uso de temas incidentais.” Pg. 212
“A idéia é que este compositor de qualidade acrescenta canções ao repertório cultural dos
ouvintes, de forma a viabilizar não só o consumo a longo prazo do LP, mantido em catálogo,
mas também a produção de regravações, execuções em rádio e ao vivo. Isto contribuiria para
perenizar o músico como autor de uma obra. Basta examinar as particularidades do direito
autoral156 quanto a estes pontos para perceber que o “prestígio” se converteria também
numa segura fonte de renda para as gravadoras (MORELLI, 1991; 2000). Mas esta situação
também liberava os músicos de quaisquer compromissos com uma estética que visasse
consumo imediato”. 226
“Pra que alguém possa fazer qualquer coisa assim como ‘Jóia’ é preciso que as gravadoras
tenham Odair [José] e Agnaldo [Timóteo]: o universitário que tenta me entrevistar e salvar a
humanidade fica indignado diante do meu absoluto respeito profissional e interesse estético
pelo trabalho de colegas meus como Odair e Agnaldo. Centenas de novos compositores e
cantores e dezenas de velhos músicos não encontram lugar no mercado.” (VELOSO, 1977:
174)” pg. 227
“Ela [jornalista do Globo] observa inclusive que seu último disco lançado naquele momento,
Minas (EMI, 1975), já estava alcançando a casa das 32 mil cópias vendidas: “Com as platéias,
cresceram as vendas de seus discos, até então considerados mais um investimento para
prestígio do que um produto rentável para sua gravadora” (BAHIANA, 1979: 47)” pg. 234
Abrindo a caixa-preta. “Até os anos 1940, o uso da expressão “música popular” era marcado
pelo viés folclorista, remetendo ao mundo rural. Mesmo Mário de Andrade, pioneiro no
estudo da música urbana, costumava denominá- la “popularesca”, em contraste com a
anterior”. 243
Mpb. “Em alguns momentos, ela aparece identificada a uma certa geração de compositores e
intérpretes, em outros a um gênero, e, ainda, enquanto categoria que abarca literalmente
todo a música considerada popular e brasileira”. 243
Do rural ao urbano – migra a população, migra também a música. “Entretanto, com o ganho
de relevância social da música urbana veiculada por rádio e disco a partir dos anos 1930,
motivando uma nova forma de produção intelectual sobre a música, realizada por autores “do
meio” como Almirante, Ari Barroso e Francisco Guimarães, o Vagalume. Seriam estes, nas
palavras de SANDRONI, “os primeiros intelectuais orgânicos da música popular urbana no
Brasil” (SANDRONI, 2004:27). Com eles o uso do qualificativo “popular” passou a ser aplicado à
produção musical urbana” 244
Mpb nasce massiva e mediada. “Essa concepção se consolidaria inclusive pela aceitação do
próprio movimento folclórico desenvolvido entre os anos 1940-1960, estabelecendo uma
distinção analítica entre “folclore” e “popular”: a primeira, rural, anônima e não-mediada; a
segunda, urbana, autoral e mediada”. 244
A era das siglas. “Durante a década de 1960, a expressão música popular brasileira, em meio
ao intenso debate ideológico do período, acabou sendo transformada (ou seria melhor,
transmutada?) na sigla MPB” 244.
Mais controvérsias. “(ULHÔA, 2000: 5). Ela entende ser um elemento complicador o fato do
termo MPB ser aplicado por um grupo sonoro restrito que distinguiria sua “linha evolutiva” e
pela indústria fonográfica para referir-se a um segmento de mercado, com prestígio mas
menor índice de vendas. SANDRONI também observa que, ao final dos anos 1990, a sigla MPB
tornara-se uma etiqueta mercadológica (SANDRONI, 2004:30)”. 245
Alguma luz. “(...) nos anos 1960s emerge a categoria eclética do que seria denominado
posteriormente como MPB, uma categoria que identifica não mais um ritmo específico, mas
uma postura estética, ligada a um projeto de modernização da música popular” (ULHÔA, 2002:
4)” 245
Os inimigos do Lobão. “Indica ainda a relação ideológica da MPB com as “classes médias”,
inclusive pela origem da maioria dos compositores. Imagens de “liberdade”, “modernidade” e
“justiça social” impregnaram as canções, a MPB “(...) foi um pólo fundamental na configuração
do imaginário sócio-político da classe média progressista submetida ao controle do Regime
Militar” (NAPOLITANO, 2002: 3).” Pg. 246
Caetano falou: “Nós, compositores da classe média, não fazemos uma arte erudita mas
também não fazemos uma arte popular – ‘popular’ entendido como algo que sai do povo. O
povo é tido como uma espécie de produtor puro de coisas não contaminadas por algo que não
seja a sua essência. Ver o povo dentro desses moldes é uma atitude medieval.” 199. Pg. 253
Boa. “MARTÍN-BARBERO propõe deslocar o foco dos meios para as mediações, a fim de
entender a comunicação a partir da experiência e das práticas dos sujeitos sociais. Foi em
razão desse deslocamento que busquei entender os músicos como mediadores, mostrando
como sua formação musical passou a se articular de formas variadas com as informações
disponíveis num ambiente cosmopolita em que precisavam atuar”. 267