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Gilberto Freyre – Brasis Brasil Brasília

Brasil “sendo uno, é também plural; sendo um só Brasil é também uma constelação de Brasis” p. 11

“uma extraordinária convergência de contribuições culturais de procedências diversas, ajustando-se


a um ambiente tropical” p. 260

“a situação brasileira pode ser apresentada em sínteses, como uma situação em que aos critérios de
modernidade devem juntar-se os de tradicionalidade e de regionalidade” p. 19

Bachianas brasileiras, pré-mpb? “um ´específico lirismo brasileiro´, encontra-o o crítico [Eurico
Nogueira França] nas Bachianas: tentativa arrojada de transposição do ´populismo nativo´ a um
´plano depurado´ sem que essa transposição transcenda o que chama a ´voluptuosidade tropical´:
uma tropicalidade – acrescente-se – como que básica, telúrica, ecológica” p. 21

Minas luso-africana. “um complexo com diferentes ênfases regionais de expressão: mais luso-
ameríndia entre gaúchos, por exemplo; mais ameríndia na sua expressão amazônica; mais luso-
africana, entre baianos e mineiros” p. 22

o que o rural conserva. “valorizando-se o que é rural na cultura brasileira, não por ser este elemento
superior aos demais mas por vir sendo esquecido ou desprezado sob a excessiva glorificação dos
elementos urbanos de importação, valoriza-se ao mesmo tempo o que nesta mesma cultura sejam
elementos éticos e de possibilidades intelectuais e estéticas, melhor conservados pela gente rural do
que pela gente urbana” p. 90

traçar relação com Sérgio Buarque. “Esse elemento raiz [da cultura brasileira] é, em grande parte,
telúrico, rural, ligado à terra; elemento constante e não transitório, que devemos fortalecer ou
vigorar sob formas urbanas; elementos de valor permanente e não reflexo de modas ou caprichos
metropolitanos” p. 91

Crítica ao elogio desmedido do urbano cosmopolita. “como não existir esse desenraizamento
sistemático do homem rural – desenraizamento pela educação, às vezes pelo próprio cinema
ironicamente chamado educativo, pelo rádio – se tudo nessa educação, nesse rádio, nesse cinema
educativo, é glorificação de valores urbanos e só urbanos? Ou de valores apenas urbano-
industriais?” p. 104

O sonho ´rurbano´ de Gilberto Freyre. “Maior liberdade de espírito para afirmar-se, expandir-se em
arte, em cultura, em recreação, como será com certeza o caso do brasileiro quando a civilização do
nosso país, hoje desorientada e desajustada pela excessiva glorificação dos valores urbanos
exaltadas quase sempre sobre os rurais, equilibrar-se em civilização saudavelmente rurbana” p .113

O sentimento de uma época interdependente. “Vivemos, os homens de hoje, num mundo cada dia
mais interdependente. Mais interdependente nas relações entre culturas ou economias rurais e
urbanas, dentro de um conjunto nacional; e mais interdependentes nas relações entre economias e
culturas nacionais. Tal interdependência não deixa espaço para purismos ou exclusivismos de
espécie alguma: nem étnico nem econômico; nem político nem cultural” p. 122

Boa epígrafe. “A renda social é renda tecida com o que há de mais delicado na natureza humana.
Juntando-se contrários. Harmonizando-se extremos. Lançando-se pontes sobre abismos” p. 124

O homem e a terra. Cita Henrique de Barros “conhecer os homens, conhecer a terra, conhecer as
ligações profundas, simbióticas, dos homens com a terra” p. 161
San Vicente e nueva canción. “está a moderna cultura brasileira apta a comunicar-se de modo mais
íntimo com as demais culturas do continente americano, transmitindo-lhe valores já acumulados
pela sua experiência e delas absorvendo outros valores; e apta, também, a comunicar-se de modo
igualmente íntimo com as demais culturas ou civilizações modernas situadas nos trópicos.
Especialmente com as hispano-tropicais e, de modo ainda mais especial, com as luso-tropicais, das
quais é hoje o líder” p . 166

modernidade e tropicalidade. “vários têm sido os valores recebidos pela cultura brasileira de outras
culturas americanas ou tropicais. Da cultura indiana, por exemplo. De algumas das culturas
africanas. Da cultura anglo-americana. Hoje, o Brasil está em posição de retribuir algumas dessas
contribuições orientais, africanas e americanas para o desenvolvimento da sua civilização tropical”
p. 167

resistência ao imperialismo cultural. “o dever de nos articularmos inter-regionalmente,


interamericanamente e intertropicalmente, para, articulados, formarmos melhor resistência que
dispersos aos imperialismos culturais que nos ameaçam” p. 171

Henri Bergson – Matéria e memória

http://charlezine.com.br/wp-content/uploads/Mat%C3%A9ria-e-Mem%C3%B3ria-Bergson.pdf

“a lembrança representa precisamente o ponto de interseção entre o espírito e a matéria” pg. 5

“chamo de matéria o conjunto das imagens, e de percepção da matéria essas mesmas imagens
relacionadas às ação possível de uma certa imagem determinada, meu corpo” p. 17

“A memória, praticamente inseparável da percepção, intercala o passado no presente, condensa


também, numa intuição única, momentos múltiplos da duração” pg. 80

Milton Santos

file:///C:/Users/LEANDRO/Downloads/Espacio%20Social%20(Milton%20Santos).pdf

O espaço deve ser considerado como um conjunto de relações realizadas por meio de funções e
formas que se apresentam como testemunho de uma história escrita por processos passados e
presentes. Isto é, o espaço se define como um conjunto de formas representativas das relações
sociais do passado e do presente. O espaço é um verdadeiro campo de forças cuja aceleração é
desigual” p. 138.

Cita Henri Lefebvre: “o espaço não é uma coisa mais entre as coisas, um produto qualquer entre
outros produtos; ele envolve as coisas produzidas, compreende suas relações, suas existências e
simultaneidades” 168.

Benedict Anderson – Comunidades imaginadas


Ernest Renan: “ora, a essência de uma nação consiste em que todos os indivíduos tenham muitas
coisas em comum, e também que todos tenham esquecido muitas coisas” p. 32

“as comunidades se distinguem não por sua falsidade/autenticidade, mas pelo estilo em que são
imaginadas” p. 33

“ela é imaginada como uma comunidade porque, independentemente da desigualdade e da


exploração efetivas que possam existir dentro dela, a nação sempre é concebida como uma profunda
camaradagem horizontal” p. 34

nacionalismo oficial. el "nacionalismo oficial" fue desde el principio una política consciente, de
autoprotección, íntimamente ligada a la conservación de los intereses estatales ante todo. p. 223

amnésia nacional. Relacionar com a república e a mudança da capital mineira Todos los cambios de
conciencia profundos. por su naturaleza misma. traen consigo amnesias características. De tales
olvidos brotan. en circunstancias históricas específicas. las narrativas. p. 283

nasce a identidade nacional. La conciencia de estar formando parte de un tiempo ~ecular, .serial con
todo lo que esto implica de contmUldad, y sm embargo de "olvidar" la experiencia de esta
continuidad -producto de las rupturas de finales del siglo XVtll- da lugar a la necesidad de una
narración de "identidad". 285

file:///C:/Users/LEANDRO/Downloads/31500868-Anderson-Benedict-Comunidades-
Imaginadas.pdf

CANCLINI

https://monoskop.org/images/7/75/Canclini_Nestor_Garcia_Culturas_hibridas.pdf

do que se trata o híbrido. No se trata sólo de estrategias de las instituciones y los sectores
hegemónicos. Las hallamos también en la "reconversión" económica y simbólica con que los
migrantes campesinos adaptan sus saberes para vivir en la ciudad, y sus artesanías para interesar a
consumidores urbanos; cuando los obreros reformulan su cultura laboral ante las nuevas tecnologías
productivas sin abandonar creencias antiguas, y los movimíentos populares insertan sus demandas
en radio y televisión. p. 14

A grande distinção entre arte popular e arte moderna. Tanto los tradicionalistas como los
modernizadores quisieron construir objetos puros. Los primeros imaginaron culturas nacionales y
populares "auténticas"; buscaron preservarlas de la industrialización, la masificación urbana y las
influencias extranjeras. Los modernizadores concibieron un arte por el arte, un saber por el saber,
sin fronteras territoriales, y confiaron a la experimentación y la innovación autónomas sus fantasías
de progreso. Las diferencias entre esos campos sirvieron para organizar los bienes y las
instituciones. Las artesanías iban a ferias y concursos populares, las obras de arte a los museos y las
bienales. p. 17

encenação e performance da liberdade. Hay rituales para confirmar las relaciones sociales y darles
continuidad (las fiestas ligadas a los hechos "naturales": nacimiento, matrimonio, muerte), y existen
otros destinados a efectuar en escenarios simbólicos, ocasionales, transgresiones impracticables en
forma real o permanente. pg. 44
definição sintética da nova configuração do culto. La interacción de lo culto con los gustos
populares, con la estructura industrial de la producción y circulación de casi todos los bienes
simbólicos, con los patrones empresariales de costos y eficacia, está cambiando velozmente los
dispositivos organizadores de lo que ahora se entiende por "ser culto" en la modernidad. p. 61

questionamentos latinos. ¿Por qué nuestros países cumplen mal y tarde con el modelo metropolitano
de modernización? ¿Sólo por la dependencia estructural a que nos condena el deterioro de los
términos del intercambio económico, por los intereses mezquinos de clases dirigentes que resisten
la modernización social y se visten con el modernismo para dar elegancia a sus privilegios? p. 69

modernidade e modernismo na América Latina. Si el modernismo no es la expresión de la


modernización socioeconómica sino el modo en que las élites se hacen cargo de la intersección de
dijeren tes temporalidades históricas y tratan de elaborar con ellas un proyecto global, ¿cuáles son
esas tcmporalidades en América Latina y qué contradicciones genera su cruce? ¿En qué sentido
estas contradicciones entorpecieron la realización de los proyectos emancipador, expansivo,
renovador y democratizador de la modernidad? p. 71

adoção imprópria que encontra lugar também na política (liberalismo, clientelismo, etc). Ese modo
de adoptar ideas extrañas con un sentido impropio está en la base de gran parte de nuestra literatura
y nuestro arte, en el Machado de Assis analizado por Schwarz; en Arlt y Borges, según lo revela
Piglia en su examen que luego citaremos; en el teatro de Cabrujas, por ejemplo El día que me
quieras, cuando hace dialogar en una casa caraqueña de los años treinta a una pareja fanatizada por
irse a vivir a un koljós soviético frente a un visitante tan admirado como la revolución rusa: Carlos
Gardel. pg. 75

o que quer o modernista latino (exemplo de tarsila amaral). Querían instaurar un nuevo arte,
representar lo nacional ubicándolo en el desarrollo estético moderno. p. 76

outras questões latinas. Las principales polémicas se organizan en torno de ejes semejantes a los de
otras sociedades latinoamericanas: cómo articular lo local y lo cosmopolita, las promesas de la
modernidad y la inercia de las tradiciones; cómo pueden alcanzar los campos culturales mayor
autonomía y a la vez volver esa voluntad de independencia compatible con el desarrollo precario
del mercado artístico y literario; de qué modo el reordenamiento índustríal de la cultura recrea las
desígualdades. p. 79

anos 50/70 na América Latina. Entre los años cincuenta y setenta al menos cinco clases de hechos
indican cambios estructurales: a) El despegue de un desarrollo económico más sostenido y
diversificado, que tiene su base en el crecimiento de industrias con tecnología avanzada, en el
aumento de importaciones industriales y de empleo de asalariados; b) La consolidación y expansión
del crecimiento urbano iniciado en la década de los cuarenta; e) La ampliación del mercado de
bienes culturales, en parte por las mayores concentraciones urbanas, pero sobre todo por el rápido
incremento de la matrícula escolar en todos los niveles: el analfabetismo se reduce al 10 o 15 por
ciento en la mayoría de los países, la población universitaria sube en la región de 250 000
estudiantes en 1950 a 5 380 000 al finalizar la década de los setenta; d) La introducción de nuevas
tecnologías comunicacionales, especialmente la televisión, que contribuyen a la masificación e
internacionalización de las relaciones culturales y apoyan la vertiginosa venta de los productos
"modernos", ahora fabricados en América Latina: autos, aparatos electrodomésticos, etcétera; e) El
avance de movimientos politicos radicales, que confían en que la modernización pueda incluir
cambios profundos en las relaciones sociales y una distribución más justa de los bienes básicos. pg.
81

explicação bem mais sofisticada sobre as origens do cosmopolitismo estético. Junto con este cambio
en las relaciones de la "alta" cultura con el consumo masivo, se modifica el acceso de las diversas
clases a las innovaciones de las metrópolis. No es indispensable pertenecer a los clanes familiares
de la burguesía o recibir una beca del extranjero para estar enterado de las variaciones del gusto
artistico o politico. El cosmopolitismo se democratiza. En una cultura industrializada, que necesita
expandir constantemente el consumo, es menor la posibilidad de reservar repertorios exclusivos
para minorías. No obstante, se renuevan los mecanismos diferenciales cuando diversos sujetos se
apropian de las novedades. pg. 85

trecho para reforçar argumentos. o las interpretaciones de la historia que ponen todo el peso en las
intenciones conspirativas y las alianzas maquiavélicas de los dominadores empobrecen la
complejidad y los con flictos de la modernización. p. 87
pg. 87

http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/93265/sbernijunior_c_me_fran.pdf?sequence=1

INÍCIO DO SÉCULO XX. As gravações mecânicas eram efetuadas com a instalação de um cone
similar ao de um gramofone, para onde os sons seriam direcionados, para assim, por meio de um
mecanismo captador das vibrações sonoras, transferi-las para uma matriz de cera. Para tanto, o
intérprete deveria se colocar bem defronte à abertura do cone e gritar a plenos pulmões, para que
sua voz sobressaísse aos instrumentos da orquestra, que ficava colocada logo atrás. Os instrumentos
menos potentes vinham à frente, assim como aqueles que desempenhariam o papel de solista, ou
fariam a introdução (CUNHA, 2004, p. 89). p. 27

JOSÉ ROBERTO ZAN. Certos tipos e instrumentos, ou formações instrumentais, eram escolhidos
de acordo com a sua melhor adequação às condições técnicas de gravação. Até mesmo o
desempenho vocal dos intérpretes deveriam ter certos pré - requisitos para propiciar os melhores
resultados possíveis das gravações no sistema mecânico (2001, p. 108). pg. 28

ARY VASCONCELOS. Em 1927, com a vinda das primeiras vitrolas elétricas e o lançamento dos
primeiros discos elétricos, iniciava-se uma segunda fase da musica popular brasileira. Esse
progresso estendeu-se, em pouco tempo, também ao radio até então de galena: surgiu o microfone e
o alto falante. Já não havia mais necessidade de gritar nem de se apurar o ouvido: podia-se cantar e
ouvir naturalmente (p. 21, 1964). p. 29

A partir dessas novas condições de produção, os intérpretes desenvolveram novos estilos de canto
popular, por vezes distanciando-se da maneira habitual de canto cheio de traços operísticos das
gravações das décadas precedentes, e ao mesmo tempo, essas gravações começaram a contemplar
novas formas instrumentais projetando os nomes de arranjadores como Pixinguinha e Radamés
Gnatalli. p. 29

1940 e poucos. Dessa forma, dentro do projeto de resgate da obra de Noel Rosa, capitaneado por
Almirante, seu parceiro e radialista de enorme popularidade, a gravadora Continental lança três
discos de 78 rpm, com oito canções de Noel Rosa cantadas por Aracy de Almeida, incluídas em um
“álbum único”, com capa de Di Cavalcanti, textos de Lúcio Rangel e Fernando Lobo, arranjos de
Vadico. Esse álbum foi o primeiro de seu gênero no Brasil, lançado com a supervisão de seu diretor
na época, João de Barro, e foi um empreendimento considerado audacioso. p. 30

Antes só dava pra gravar 4 minutos por lado. Serviu bem ao rock e ao jazz. O LP como principal
suporte permitiu que as músicas se aproximassem cada vez mais da própria performance de
gravações, havendo espaço para as improvisações em sua forma mais coletiva e liberdades de
tempo para a construção do arranjo da música. p. 35

Aproximando-se da experiência da música erudita. Com o LP, há a possibilidade de execuções mais


longas, criando intersecções e intertextos musicais, citações que se repetem, timbres, o
prolongamento de um clima proposto pelas construções de arranjos. pg. 38

o prestígio do formato álbum, segundo Dylan. “Eu estava ansioso para fazer um disco, mas não
queria fazer um compacto de 45 rpm – canções que tocavam no rádio. Cantores folks, artistas de
jazz e músicos clássicos faziam LP, discos longos (...)”, escreve Dylan (2005, p. 44)”.

*
Paulo Nacif

contradizer a versão oficial com a dos desclassificados. Concorreu em tanto concurso a natural
necessidade de alimentos; e porque na altura da região a penúria delas subiu o preço, uns fizeram da
agricultura sustento e interesse, outros agenciaram no ouro dos seios da terra juntamente o sustento
e as riquezas: assim, com suavidade e facilidade, estas terras agrestes e nem ainda de feras habitadas
ficaram dignas de habitação; abundantes de alimentos para a humana necessidade, copiosas de ouro
para os desejos da cobiça. p. 26 apud Machado, Simão Ferreira, O triunfo eucarístico: exemplar da
cristandade lusitana, Lisboa, 1734

ser mineiro é erguer cidades, fixar-se. naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire: Nota-se que na
província de Santa Catarina não se usa, como em Minas, o termo arraial para designar os povoados,
mas freguesia. Arraial, propriamente dito, significa acampamento, e acampar era o que realmente
faziam os primeiros mineiros. A grande quantidade de ouro, porém, que eles encontravam em certos
lugares decidia-os a aí se fixarem, e a palavra arraial foi pouco a pouco perdendo a sua significação.
Nada de parecido ocorrera em Santa Catarina, onde não existiam minas a explorar. Apud SAINT-
HILAIRE, Auguste. Viagem à província de Santa Catarina (1820). São Paulo: Companhia editora
nacional, 1936, p. 30. p. 28

toda cidade mineira tem na praça + igreja seu centro virtual. A instituição das paróquias era uma
forma de organizar – não só religiosamente – o território e as pessoas que neles residiam.
Consistiam na menor fração de enquadramento espacial das populações dos reinos católicos. No
dicionário de D. Raphael de Bluteau, freguesia é definida como “a igreja paroquial ou a paróquia” e
“o lugar da cidade, ou campo em que vivem os fregueses”. Consiste num local onde ocorre um
misto de organização eclesiástica e unidade territorial.58 A razão de ser de uma freguesia era o
oferecimento de assistência sacramental aos seus fregueses pois, afinal, tratava-se de uma sociedade
essencialmente religiosa.59 Mas cabe ressaltar que essas também prestavam-se a fins
administrativos puramente seculares, os quais nos serão caros à presente discussão. p. 35

cruzar com a ideia do ritual de escuta. Na clássica obra As formas elementares da vida religiosa, de
Émile Durkheim, o rito é considerado como um fato social capaz de suscitar, manter ou refazer
determinados estados mentais de grupos humanos. p. 60

a verdadeira e tradicional família mineira. Nos setecentos, ser familiar de alguém era o mesmo que
ser seu amigo. Esclarece Antônio Morais e Silva, no final do século, que os termos “familiar” e
“familiaridade” designava: caseiro, doméstico, íntimo, sem cerimônia, usual, habitual, acostumado,
amigo de convivência. p. 90

amizade e sociedade. Em meio à cultura política do Antigo Regime, os afetos e as relações de


amizade, por consistirem em elementos inerentes aos códigos culturais dessa sociedade, assumiam
sentidos e dimensões que lhes eram específicos. Vigorava a ótica de que o amor e a amizade eram
elementos-chave para a cristalização dos laços societários e das formas de normatização da vida
comunitária. Era algo que ultrapassava o nível discursivo oriundo dos saberes teológico e jurídico –
na época, os mais habilitados na produção de reflexões sistemáticas sobre a sociedade e a sua ordem
imanente – e que possuía uma dimensão social concreta, com raízes profundamente vincadas na
vida cotidiana; estava no âmago da constituição da própria sociedade. Tais saberes sublinhavam o
poder dos afetos e viam o amor como o sentimento fundador da vida comunitária, capaz de gerar
laços espirituais entre os indivíduos, impelindo-os à colaboração e à entreajuda, materializando-se
na troca de bens e serviços. P 91

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