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André Brasil, Formas de vida na imagem: da indeterminação à inconstância:

*(pg. 191) “A subjetividade contemporânea se cria como exterioridade, constitui-se no ato mesmo
de sua publicização”.

“A imagem tem cada vez mais ressaltada sua dimensão performativa”.

*(pg. 192) “Não estamos, então, no domínio da pura representação, mas da representação tornada
performance, da performance tornada jogo e, por fim, do jogo generalizado como estratégia de
gestão”.

“Viver o real como artifício e o artifício como real, passando circunstancialmente de uma situação a
outra, nos permite desvencilhar estrategicamente do enfrentamento das contradições inerentes a
uma e outra”.

“seria preciso ‘não apenas identificar quais poderes emolduram tal visibilidade e por meio de quais
estratégias, mas também descobrir o que é deixado de fora’ (os resíduos impensáveis, os dejetos
intratáveis, os gestos invisíveis)”.

*(pg. 196) “cinismo, tido como forma de racionalidade”.

“uma crítica à temporalidade homogênea e hegemônica do capitalismo avançado passaria por


considerar esta e outras coabitações –suas manifestações precárias, residuais, anacrônicas”.

*
Bruno Latour, como retomar a tarefa de descobrir associações:

*(pg. 22) Social: “é aquilo que outros tipos de conectores [ciência, direito, economia]
amalgamam”.

Também a estética pode ser compreendida como as formas expressivas desse amálgama.

*(pg. 33) “a sociologia não passa de uma espécie de interpsicologia”.

*
Elton Antunes e Paulo Bernardo Vaz, Mídia: um aro, um halo e um elo:

*(pg.45) “a mídia é, então, algo capaz de transmissão que permite uma modalidade de experiência
assentada no transporte e deslocamento incessante de signos (...) a melhor tradução de seu
processo é a de um fluxo onde se dão as operações, onde se mesclam e entrecruzam mundos
simbólicos e materiais que têm os meios à montante e à jusante, e que em seu curso carreia
grande parte das narrativas na contemporaneidade: cotidianas e institucionais, corriqueiras e
especializadas, midiáticas e não midiáticas”.
*(pg. 47) “busca-se compreender, pois, como a mídia ou os meios de comunicação se dão a ver
como dispositivos midiáticos que articulam 1- uma forma específica de manifestação material dos
discursos, de formatação de textos; 2- um processo de produção de significação, de estruturação
do sentido; 3- uma maneira de modelar e ordenar os processos de interação”.

- “Agenda pessoal e agenda midiática se imiscuem, se recombinam numa conversa comum”.

- “os tempos que vivemos na atualidade não são, necessariamente, contemporâneos entre si”.

- “a mídia curto-circuita os tempos: ao mesmo tempo em que ela é padronizadora do tempo atual
–ritma e ordena cronologicamente o cotidiano--, ela põe também em circulação representações de
relações temporais diversas, fazendo emergir outros tempos de outros estratos”.

*
Sérgio Buarque de Holanda
Prefácio, Antônio Cândido
- pg. 9 “então, registrar o passado não é falar de si; é falar dos que participam de uma certa ordem
de interesses e de visão do mundo, no momento particular do tempo que se deseja evocar”.
- pg. 13 “a história jamais nos deu o exemplo de um movimento social que não contivesse os
germes de sua negação”.
- “trabalho e aventura; método e capricho; rural e urbano; burocracia e caudilhismo; norma
impessoal e impulso afetivo –são pares que o autor destaca no modo-de-ser ou na estrutural
social e política, para analisar e compreender o Brasil e os brasileiros”.
- pg.19 “os acontecimentos do nosso tempo na América Latina se orientam para esta ruptura do
predomínio das oligarquias, com o advento de novas camadas, condição única para vermos
“finalmente revogada a velha ordem colonial e patriarcal, com todas as consequências morais,
sociais e políticas que ela acarretou e continua a acarretar”.
- pg. 24 “o estudo do passado, longe de ser operação saudosista, modo de legitimar as estruturas
vigentes, ou simples verificação, pode ser uma arma para abrir caminho aos grandes movimentos
democráticos integrais, isto é, os que contam com a iniciativa do povo trabalhador e não o
confinam ao papel de massa de manobra, como é uso”.

Cap. 1 – fronteiras da Europa


- pg. 31 “Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias,
e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda
hoje uns desterrados em nossa terra”.
- pg. 32 “para eles [ibéricos], o índice do valor de um homem infere-se, antes de tudo da extensão
em que não precise depender dos demais”.
- pg. 33 “A frouxidão da estrutura social, à falta de hierarquia organizada devem-se alguns dos
episódios mais singulares da história das nações hispânicas”.
- “os decretos dos governos nasceram em primeiro lugar da necessidade de se conterem e de se
refrearem as paixões particulares momentâneas, só raras vezes da pretensão de se associarem
permanentemente as forças ativas”.
- “a falta de coesão em nossa vida social não representa fenômeno moderno. É por isso que erram
profundamente aqueles que imaginam na volta à tradição, a certa tradição, a única defesa possível
contra nossa desordem”.
- pg. 36 “não terá sido o próprio bom êxito dessa transformação súbita [a formação dos estados
nacionais ibéricos], e talvez prematura, uma das razoes da obstinada persistência, entre eles, de
hábitos de vida tradicionais?”.
- “Por isso, porque não teve excessivas dificuldades a vencer, a burguesia mercantil não precisou
adotar um modo de agir e pensar absolutamente novo, ou instituir uma nova escala de valores,
sobre os quais firmasse permanentemente seu domínio. Procurou, antes de associar-se às antigas
classes dirigentes, assimilar muitos dos seus princípios, guiar-se pela tradição, mais do que pela
razão fria e calculista. Os elementos aristocráticos não foram completamente alijados”.
- pg. 38 “E assim, enquanto povos protestantes preconizam e exaltam o esforço manual, as nações
ibéricas colocam-se ainda largamente no ponto de vista da antiguidade clássica. O que entre elas
predomina é a concepção antiga de que o ócio importa mais que o negócio e de que a atividade
produtora é, em si, menos valiosa que a contemplação e o amor”.
- pg. 39 “onde prevaleça uma forma qualquer de moral do trabalho dificilmente faltará ordem e a
tranquilidade entre os cidadãos, porque são necessárias, uma e outra, à harmonia dos interesses.
O certo é que, entre espanhóis e portugueses, a moral do trabalho representou fruto exótico. Não
admira que fossem precárias, nessa gente, as ideias de solidariedade”.
- “a bem dizer, essa solidariedade, entre eles, existe somente onde há vinculação de sentimentos
mais do que relações de interesse”.
- pg. 40 “a experiência e a tradição ensinam que toda cultura só absorve, assimila e elabora em
geral os traços de outras culturas, quando estes encontram uma possibilidade de ajuste aos seus
quadros de vida”.

Cap. 2 - trabalho & aventura


- pg. 44 “as qualidades do aventureiro --audácia, imprevidência, irresponsabilidade, insatabilidade,
vagabundagem– tudo, enfim, quanto se relacione com a concepção espaçosa do mundo,
característica deste tipo”.
- “nada lhes parece mais estúpido e mesquinho que o ideal do trabalhador”.
- pg. 46 “e, no entanto, o gosto da aventura, responsável por todas essas fraquezas, teve influencia
decisiva em nossa vida nacional”.
- pg. 49 “sem braço escravo e terra farta, terra para gastar e arruinar, ela [a colonização de tipo
português] seria irrealizável”.
- “o que o português vinha buscar era, sem duvida, a riqueza, mas riqueza que custa ousadia, não
riqueza que custa trabalho”.
- pg. 52 “o contraste entre as condições normais da lavoura brasileira, ainda na segunda metade do
século passado, e as que pela mesma época prevaleciam no sul dos Estados Unidos é bem mais
apreciável do que as semelhanças, tão complacentes assinaladas e exageradas por alguns
historiadores”.
- pg. 60 “na expectativa de auxilio recíproco, tanto quanto na excitação proporcionada pelas ceias,
as danças, os descantes e os desafios que acompanham obrigatoriamente tais serviços (...) “mais
animados do espírito da caninha do que do amor ao trabalho”.”
- “o que há de excêntrico e mais ostentoso na verdade: realismo do traço grosso e da caricatura”.
- Pg. 61 “uma suavidade dengosa e açucarada invade, desde cedo, todas as esferas da vida
colonial”.
Nós lá no Brasil
A nossa ternura
A açúcar nos sabe,
Tem muita doçura.
Oh! Se tem! Tem.
Tem mel mui saboroso
É bem bom, é bem gostoso
Ah nhanã, venha escutar
Amor puro e verdadeiro,
Com preguiçosa doçura,
Que é amor de brasileiro.
- pg. 62 “sinuosa até na violência, negadora de virtudes sociais, contemporizadora e narcotizante
de qualquer energia realmente produtiva, a “moral das senzalas” veio a imperar na administração,
na economia e nas crenças religiosas dos homens do tempo. A própria criação do mundo teria sido
entendida por eles como uma espécie de abandono, um languescimento de Deus”.
- pg. 65 “importante é que, ao oposto do catolicismo, a religião reformada, trazida pelos invasores,
não oferecia nenhuma espécie de excitação aos sentidos ou à imaginação dessa gente”.

cap.3 – herança rural


- pg. 74 “não é por simples coincidência cronológica que um período de excepcional vitalidade nos
negócios e que se desenvolve sob a direção e em proveito de especuladores geralmente sem raízes
rurais tenha ocorrido nos anos que se seguem imediatamente ao primeiro passo dado para a
abolição da escravidão, ou seja, a supressão do tráfico negreiro”.
- pg. 79 “formam, assim, como um todo indivisível, cujos membros se acham associados, uns aos
outros, por sentimentos e deveres, nunca por interesses ou ideias”.
- pg. 82 “o resultado era predominarem, em toda a vida social, sentimentos próprios à
comunidade doméstica, naturalmente particularista e antipolítica, uma invasão do publico pelo
privado, do Estado pela família”.
- pg. 83 “não significa forçosamente, neste caso, amor ao pensamento especulativo (...) mas amor
à frase sonora, ao verbo espontâneo e abundante, à erudição ostentosa, à expressão rara”.

cap. 4 – O semeador e o ladrilhador


- pg. 108 “uma aversão congênita a qualquer ordenação impessoal da existência”.
- pg. 110 “`desleixo` --palavra que o escritor Aubrey Bell considerou tão tipicamente portuguesa
como `saudade` e que, no seu entender, implica menos falta de energia do que uma íntima
convicção de que `não vale a pena`”.
- pg. 112 “e é característico dessa circunstância o sentido depreciativo que se associou em
português a palavras tais como traficante e sobretudo tratante”.
- pg. 113 “o que prezam acima de tudo os fidalgos quinhetistas são as aparências ou exterioridades
por onde se possam distinguir da gente humilde”.
- pg. 116 “de tristezas nam se pode contar nada ordenadamente, porque desordenadamente
acõtecem ellas”.
- “a fúria centralizadora, codificadora, uniformizadora de Castela (...) vem de um povo
internamente desunido e sob permanente ameaça de desagregação”.
- pg. 117 “o amor exasperado à uniformidade e à simetria surge, pois, como um resultado da
carência de verdadeira unidade”.
- pg. 128 “não faltam, ao contrário, casos em que nomes ou apelidos de genuína procedência lusa
recebem o sufixo aumentativo do tupi, como a espelhar-se num consorcio às vezes pitoresco, de
línguas tão dessemelhantes, a mistura assídua de duas raças e duas culturas”.
- pg. 131/132 “mas se é verdade que, sem o índio, os portugueses não poderiam viver no planalto,
com ele não poderiam sobreviver em estado puro. Em outras palavras, teriam de renunciar a
muitos dos seus hábitos hereditários, de suas formas de vida e de convívio, de suas técnicas, de
suas aspirações e, o que é bem mais significativo, de sua linguagem. E foi, em realidade, o que
ocorreu”.
- pg. 135 “a simples ganância, o amor às riquezas acumuladas à custa de outrem, principalmente
de estranhos, pertence, em verdade, a todas as épocas e não caracteriza a mentalidade capitalista
se desacompanhada de certas virtudes econômicas que tendem a contribuir decisivamente para a
racionalização dos negócios. Virtudes como a honorabilidade e a exatidão, diversas da lealdade
devida a superiores, amigos e afins”.
- pg. 137 “o que principalmente os distingue é, isto sim, cerca incapacidade que se diria congênita,
de fazer prevalecer qualquer forma de ordenação impessoal e mecânica sobre as relações de
caráter orgânico e comunal, como o são as que se fundam no parentesco, na vizinhança e na
amizade”. A

cap. 5. O homem cordial


- pg. 141 “a ordem familiar, em sua forma pura, é abolida por uma transcendência”.
- pg. 142 “entre o trabalhador manual e o derradeiro proprietário –o acionista—existe toda uma
hierarquia de funcionários e autoridades representadas pelo superitendente da usina, o diretor-
geral, o presidente da corporação, a junta executiva do conselho de diretoria e o próprio conselho
de diretoria. Como é fácil que a responsabilidade por acidentes do trabalho, salários inadequados
ou condições anti-higiênicas se perca de um extremo ao outro dessa série.”

cap. 7 – Nossa revolução


- pg. 179 “em verdade o racionalismo excedeu os limites somente quando, ao erigir em regra
suprema os conceitos assim arquitetados, separou-os irremediavelmente da vida e criou com eles
um sistema lógico, homogêneo, a-histórico”.
- pg. 188 “mas há de restar um mundo de essências mais íntimas que, esse, permanecerá sempre intato,
irredutível e desdenhoso das invenções humanas”.
*
R. Williams

https://cbd0282.files.wordpress.com/2013/02/williams-raymond-cultura-e-materialismo.pdf
Estruturas do sentimento: "as categorias que organizam simultaneamente a consciência empírica de
um determinado grupo social e do mundo imaginário criado pelo autor" pg 29

"devemos estudar as categorias organizadoras - as estruturas essenciais - que dão a essas obras sua
unidade, seu caráter estético específico e sua qualidade estritamente literária [ou musical], e que, ao
mesmo tempo, revela-nos o grau mais elevado possível da consciência de um grupo social - que, afinal,
criou-as nos seus autores individuais, bem como por meio deles" pg. 29
*
Zumthor

file:///C:/Users/LEANDRO/Downloads/94045692-ZUMTHOR-Paul-Performance-Recepcao-
Leitura.pdf

“Necessariamente, parece-me, a voz viva tem necessidade – uma necessidade vital – de revanche,
de ´tomar a palavra´, como se diz. Mas essa tomada, apesar de violenta (e como seria ela, senão
sob a forma de grito?), poderia realizar-se sob o aspecto de um discurso social cada vez mais
psicótico, uma esquizo-oralidade (no sentido em que um etnólogo falou de ´esquizo-cultura´)”. Pg.
8

“relaciono-a [a ideia de performance] ao momento decisivo em que todos os elementos cristalizam


em uma e para uma percepção sensorial – um engajamento do corpo.” Pg. 9

“performance implica competência (...) É um saber que implica e comanda uma presença e uma
conduta, um Dasein comportando coordenadas espaço-temporais e fisiopsíquicas concretas, uma
ordem de valores encarnada em um corpo vivo” pg. 15

“a performance realiza, concretiza, faz passar algo que eu reconheço, da virtualidade à realidade”
pg. 15

“A performance se situa num contexto ao mesmo tempo cultural e situacional: nesse contexto ela
aparece como uma "emergência", um fenômeno que sai desse contexto ao mesmo tempo em que
nele encontra lugar. Algo se criou, atingiu a plenitude e, assim, ultrapassa o curso comum dos
acontecimentos” pg. 15

“A performance e o conhecimento daquilo que se transmite estão ligados naquilo que a natureza
da performance afeta o que é conhecido. A performance, de qualquer jeito, modifica o
conhecimento. Ela não é simplesmente um meio de comunicação: comunicando, ela o marca.” Pg.
16

“Tudo se passa como se a poesia tivesse, entre os poderes da linguagem, a função de acusar o
papel performativo desta” pg. 23
“performance designa um ato de comunicação como tal; refere-se a um momento tomado como
presente. A palavra significa a presença concreta de participantes implicados nesse ato de maneira
imediata. Nesse sentido, não é falso dizer que a performance existe fora da duração. Ela atualiza
virtualidades mais ou menos numerosas, sentidas com maior ou menor clareza. Elas as faz "passar
ao ato", fora de toda consideração pelo tempo. Por isso mesmo, a performance é a única que
realiza aquilo que os autores alemães, a propósito da recepção, chamam de "concretização".” Pg.
25

“A performance é então um momento da recepção: momento privilegiado, em que um enunciado


é realmente recebido” pg. 25

“a introdução dos meios auditivos e audiovisuais, do disco à televisão, modificou


consideravelmente as condições da performance. Mas eu não creio que essas modificações
tenham tocado na natureza própria desta.” Pg. 25

“Comunicar (não importa o quê: com mais forte razão um texto literário) não consiste somente em
fazer passar uma informação; é tentar mudar aquele a quem se dirige; receber uma comunicação é
necessariamente sofrer uma transformação” pg. 26
*
M. Sodré

file:///C:/Users/LEANDRO/Downloads/217009473-As-Estrategias-Sensiveis-Muniz-Sodre-cap-1-e-
2.pdf

“Kant sustenta que uma sensação só se torna comunicável quando há acordo (Einstimmgkeit,
eufonia) de afetos, o que pressupõe uma comunidade afetiva ou comunidade de gosto”. Pg. 8

“Estética ou estesia são de fato designações aplicáveis ao trabalho do sensível na sociedade. É um


tipo de trabalho feito de falas, gestos, ritmos e ritos, movido por uma lógica afetiva em que
circulam estados oníricos, emoções e sentimentos” pg. 33

entender o funcionamento da mpb numa indústria em que “valores simbólicos e afetos ganham o
primeiro plano tanto na economia quanto na cultura codificada”. p. 56

compreender e entender: diferença é de grau do vínculo com a coisa. Compreender significa


agarrar a coisa com as mãos, abarcar com os braços (do latim cum-prehendere), isto é, dela não se
separar, como acontece no puro entendimento (do latim in-tendere, penetrar) intelectivo, em que
a razão penetra o objeto, mantendo-se à distância, para explicá-lo. (…) O requisito essencial da
compreensão é, assim, o vínculo com a coisa que se aborda, com o outro, com a pluralidade dos
outros, com o mundo.” p. 68

Parei na página 65
*

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