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Psicometria

Teoria da medida
PROF. ESP. PAULO RICARDO
Em psicologia e em educação, existe um ramo de
saber que assume o modelo quantitativista em ciência,
denominado geralmente de psicometria.
Psicometria – tem como objeto de estudo fenômenos
psicológicos que podem ser apresentados
numericamente.
Assim como a ciência procura responder a questões
de quem, quando, onde e como em relação ao
universo.
A medida psicológica se preocupa com essas
mesmas questões no que diz respeito ao ser humano.
O ser humano tem se preocupado em saber quem ele é e por que
existe. A resposta a essas preocupações têm variado muito na
história da humanidade.

A medida em ciência psicossociais, notadamente na psicologia,


deveria ser chamada puramente de psicomotria, contudo, tem
sido abusivamente utilizada dentro de um contexto muito restrito,
referindo-se a testes psicológicos e escalas psicométricas.
De qualquer forma, a psicometria ou medida em
psicologia se insere dentro da teoria da medida em geral que
desenvolve uma discussão epistemológica em torno da
utilização do símbolo matemático (o número) no estudo
científico dos fenômenos naturais.
Ciência X Matemática

A matemática e a ciência empírica são sistemas teóricos (ou


de conhecimento) muito diferentes. Na verdade, os dois
sistemas têm objetos e metodologias próprias, distintas e
irreversíveis entre si.
Ciência Matemática
 A ciência tem como objeto  A matemática tem como
de estudo os fenômenos da objeto de estudo o símbolo
realidade. numérico.
 A metodologia da ciência é A metodologia da
a observação sistemática. matemática é a dedução.
 O critério de verdade é o  O critério de verdade é a
teste empírico. consistência interna do
argumento.
A natureza da medida

Apesar dessa distância epistemológica com a matemática, a ciência se


aproveitou das vantagens consideráveis que ela pode obter ao se utilizar
da linguagem da matemática para descrever o seu objeto próprio de
conhecimento.
O uso do número da descrição dos fenômenos naturais constitui o
objeto da teoria da medida. Essa teoria está razoavelmente formalizada
somente nas ciências físicas, aparecendo ainda lacunar nas ciências
psicossociais, em que ainda se discute a viabilidade epistemológica da
própria medida.
A natureza da medida implica alguns problemas básicos:

* Problema da representação (isomorfismo): é justificável


expressar fenômenos através de número, somente se for
preservado as propriedades estruturais dos números e também as
características dos atributos dos fenômenos empíricos. Trata-se
do teorema da representação, isto é, representar com números
(objeto da matemática) as propriedades dos fenômenos naturais
(objeto da ciência).
* Problema da unicidade da representação: Será que o
número é a única ou a melhor representação das propriedades
dos objetos naturais para fins de conhecê-los pelo ser humano?
A problemática da unicidade da representação gera os níveis
da escala de medida, ou seja, define se a escala obtida será
ordinal, intervalar, razão ou nominal;
Características das escalas básicas de medição

Escala Características
NOMINAL Identidade,
Definição única de números
ORDINAL Ordem dos
números

Comparação de
INTERVALAR intervalos
Comparação de medidas
RAZÃO absolutas,
Comparação de proporções
ESCALA DE MEDIDA - NOMINAL

•Identificação do objeto por um rótulo/número.


Ex.: Estado civil - CLASSIFICAÇÃO
(1)casado (2)solteiro (3)divorciado.
É necessário que a condição de IDENTIDADE seja resguardada.

ESCALA DE MEDIDA – ORDINAL

•Classificação e ordenação. Mantém as características da escala nominal,


mas tem a capacidade de ordenar os dados, existe uma hierarquia.
Ex.: escala social: (1)miserável (2)pobre (3)classe média (4)rico.
De maior pobreza -> menor pobreza.
ESCALA DE MEDIDA - INTERVALAR
•Contém todas as características das escalas ordinais e além disso
conhecem-se as distâncias entre a posição do número desta escala.
Ex.: idade 30, 34, 36anos

ESCALA DE MEDIDA - RAZÃO


•Classificação, ordenação e intervalos iguais entre os números da escala.
Regularidade entre os números.
Por ex.: Sujeitos Peso(kg) 1 30 - 2 60 - 3 90 - 4 120
• Erro: A observação dos fenômenos empíricos é
sempre sujeita a erros devidos tanto ao instrumental
de observação quanto as diferenças individuais do
observador, além de erros aleatórios, sem causas
identificáveis.

Toda e qualquer medida deve vir acompanhada de


erros, e portanto, o nº que descreve o fenômeno
deve vir acompanhado de algum indicador de erro
provável.
A base axiomática da medida

Esta parte visa fundamentar a legitimidade epistemológica da medida


em ciências, isto é, a legitimidade do uso do número como descritor de
fenômenos naturais.

Axiomas: são verdades inquestionáveis universalmente válidas,


muitas vezes utilizadas como princípios na construção de uma teoria ou
como base para uma argumentação.
Exemplo: Um sujeito responde corretamente ao maior número de
problemas que outro: diz-se que é mais inteligente. Assim pode-se
estabelecer uma escala de inteligência. Quanto mais axiomas do número
a medida salvaguardar, maior será o seu nível – mais se aproximará da
escala numérica e maior será o isomorfismo entre o número e as
operações empíricas.
Deve haver isomorfismo estrito - representação de número - (relação de 1
para 1) entre propriedades do número e aspectos dos atributos da realidade
empírica.
São propriedades básicas do sistema numérico: a identidade, a ordem e a
aditividade. A medida deve resguardar pelo menos as duas primeiras.
Axiomas do sistema numérico:
Identidade: um número é idêntico somente a si mesmo.
Ex.: o número da camisa dos jogadores é específico para identificar a
posição em que eles jogam.

Ordem: todo número é diferente do outro – não só em qualidade, mas em


magnitude (maior que outro).
Ex.: Avaliação de alunos segundo a habilidade de redação:
Nota de João 8 > Nota de Maria 6 > Nota de Antônio 3

Aditividade: os números podem ser somados o que produz um resultado


diferente dele próprio. Apresenta aspectos úteis para a medida: origem,
intervalo e distância.
Axiomas da medida
Quando somente o axioma da identidade é salvo (escala
nominal), a operação não chega a ser uma medida, mas uma
classificação. A medida acontece quando se salvam pelo menos
o axioma da ordem;

O isomorfismo defendido na medida é que os diferentes


atributos de um mesmo objeto não diferem em termos de
quantidade e sim de qualidade (sobretudo axiomas da ordem e
aditividade).

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